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Play-to-earn: os

problemas dos
jogos para lucrar, e
não mais se divertir.
 outubro 19, 2022
 Sociedade

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Play-
to-earn: os problemas dos jogos para lucrar e não
mais se divertir”, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.  
TEXTO I
Especulação e trabalho precarizado

Irmãos contam que bater as metas diárias sem a


possibilidade de folgar por um dia tem sido uma fonte de
angústia. “Eu estou treinando o pessoal em
uma scholarship (a scholarship é uma proprietária de
múltiplas contas cada uma com no mínimo três
personagens, no caso do Axie Infinity, distribuindo-as
temporariamente para jogadores que não têm condições
financeiras de fazer essa entrada no jogo ou que querem
aprender a jogar antes de fazer um investimento inicial) e
tem gente que fica muito estressada porque não consegue
bater meta”, conta Luís. “Gente ficando muito cansada e
estressada. Eu fiquei com tendinite nas duas mãos,
dedão, cotovelo, ombro. A gente joga todo dia. Uma
hora seu corpo começa te cobrar.”

Embora seja um jogo estratégico envolvendo cartas de


batalhas entre personagens, Axie Infinity é baseado em
muita repetição – o que não significa que as partidas não
exigem uma boa dose de atenção. “O jogador põe as
cartas dele, finaliza a jogada, aí você põe as suas cartas,
os axies se batem. Depois a mesma coisa. Então é
extremamente repetitivo e desgastante. Não é divertido”,
afirma Luís. “Você pode achar divertido durante, no
máximo, uma semana.”

Para João, o maior impacto tem sido nos estudos. “Eu


nunca tive tanta dificuldade em ler texto da faculdade
quanto eu tenho hoje. É mentalmente desgastante.”
Tanto que ele tem levado a questão para a terapia. “Você
ganha R$ 400 reais para gastar R$ 100 com psicólogo
toda semana. A minha questão com a psicóloga nas
últimas semanas era a minha ansiedade para comprar
uma conta própria e não ter que bater meta todo dia às
21h.”

A discussão sobre a relação entre jogo e trabalho é mais


antiga do que os próprios videogames, e aparece em
algumas obras seminais do estudo de jogos, como em
Homo Ludens, do historiador holandês Johan Huizinga,
publicado originalmente em 1938. Porém, com os
videogames e, agora, com os jogos em blockchain, essa
relação vem se estreitando.

“O que a gente vê acontecer nesses jogos já acontece há


décadas, só que fora do hype do blockchain”, afirma
Thiago Falcão, professor na Universidade Federal da
Paraíba, doutor em comunicação e cultura
contemporânea e pesquisador de jogos.

“E acontece de uma forma obscura que não é do


interesse das pessoas que seja chamada atenção para ela.
Tem dois lugares onde essas mecânicas de trabalho
precarizado e comodificação de propriedade intelectual
acontecem. O primeiro está no trabalho do escritor Julian
Dibbell, que é essa coisa da mineração de ouro em
MMOs em geral. Então tinha um monte de gente
trabalhando nisso.” Thiago lembra que até mesmo o ex-
assessor de Donald Trump e aliado de Jair Bolsonaro,
Steve Bannon, investiu em uma empresa de mineração
de ouro no World of Warcraft, que empregava
trabalhadores chineses para executar tarefas repetitivas
no jogo e gerar itens, que depois seriam vendidos a
jogadores ricos, especialmente nos EUA.

Disponível
em: https://www.overloadr.com.br/especiais/2021/12/jog
os-blockchain-play-to-earn-criam-cenario-propicio-para-
trabalho-informal-e-precarizado(Adaptado)

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