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O MESMO O MESMO

Sua experiência diária é bastante repetitiva: você acorda, se veste, vai trabalhar,
ou seja, a maioria dos dias tem “o mesmo” conteúdo. Mas o fato de que eles são o
mesmo também é o mesmo a cada dia. Portanto é o mesmo o mesmo a cada dia. Mas
espere: em que sentido exatamente as coisas são as “mesmas” todo dia?
Ontem você escovou os dentes: seis movimentos para cima e para baixo, seis
escovadas horizontais etc. Hoje você faz o “mesmo”, mas essas ações diferem de muitas
maneiras: uma foi na terça, a outra na quarta; algumas de suas escovadas eram um
pouco mais rápidas do que outras. Então, por que a consideramos o “mesmo”?
Na verdade, como duas coisas quaisquer poderiam ser consideradas o
“mesmo”? Ser o mesmo é ser a mesma coisa; é ser uma coisa única. Toda a noção de
que duas coisas são o “mesmo” não faz nenhum sentido!
Ou imagine dois frascos de ketchup exatamente iguais em todos os sentidos.
Normalmente não hesitamos em dizer que “esses dois objetos são a mesma coisa”, uma
vez que essa noção está em todos os lados! Novamente, se o mesmo significa “um”,
como podem duas coisas ser o mesmo?
Talvez os dois frascos sejam o mesmo, pois possuem as mesmas propriedades:
tamanho, forma, cor etc., mas aqui está o “mesmo” problema.
Esse frasco tem essa cor vermelha, aquele frasco tem aquele vermelho; como
esses dois “vermelhos” podem ser o “mesmo”? Ou às vezes falamos que os frascos
“compartilham” suas propriedades, mas duas pessoas podem dividir um apartamento, ou
um nome, ou (se combinarem) até um rim: em cada caso há uma coisa à qual os dois
têm acesso. Se os frascos de ketchup compartilham a propriedade de ser vermelhos,
existe literalmente uma coisa – o “vermelho” – a qual os dois têm acesso? Mas como
poderia ser isso? Os dois frascos podem estar separados no espaço, até quilômetros ou
continentes de distância. Como poderia uma única coisa, um “vermelho”, literalmente
estar presente nos dois frascos?
O “mesmo” é inconcebível. Então, na verdade, todo dia é o mesmo: algo
completamente único.

Filosofia em 60 Segundos - Andrew Pessin

1: ‘Carpem Die’, aproveite o dia. Essa frase poderia ser um resumo do texto acima. Nosso dia é
único, e deve ser aproveitado até o fim. Mas como podemos fazer com que nosso dia não seja
o mesmo? Como podemos torná-lo único? Ou melhor, o mesmo ‘único’ de sempre?

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