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Afasia total

(POR A. TISSOT)

Estereotipias verbais:

_fazer o paciente calar-se, colocando a mão sobre sua boca;


_servir-se de nossa própria mímica: índex sobre os lábios, som “pssst” articulado de maneira vigorosa;
_gesto de negação repetido até que se estabeleça o silêncio.

Estereotipias motoras: (o mais freqüente consiste em levar tudo à boca)

_interromper o gesto, segurando a mão do paciente;


_colocar nossa mão de maneira a perturbar a seqüência gestual.

Manipulação de objetos:

Um só objeto: _dar corda num relógio;


_colocar e retirar uma rolha;
_colar um selo no envelope;
_utilizar moedor de carne, um ferro de passar roupa, uma escova de cabelos, uma
tesoura, uma borracha.

Dois objetos: _colocar uma escova de dentes em seu estojo;


_utilizar uma vassoura e uma pá;
_apontar um lápis;
_acender uma vela;
_pregar um prego;
_grampear duas folhas de papel;
_abrir ou fechar um cadeado com uma chave (ou qualquer outro tipo de fechadura;
_abrir um envelope com um corta papel.

Quando o paciente começar a manipular os objetos correta e espontaneamente, deve-se iniciar os exercícios de
agrupamento e associação, com o objetivo de reestruturar o aspecto “significado” dos signos (campo semântico).

Primeira fase dos exercícios de agrupamento:

Agrupamento:

_de cores(agrupar placas pequenas de formas semelhantes, de acordo com as cores, limitando-se as cores
fundamentais);
_de formas geométricas simples;
_de objetos idênticos;
_de imagens idênticas, evitando-se a semelhança de formas( não colocar imagens de lápis ao lado de imagens de
cigarros);
_de objetos com suas imagens correspondentes( colocar um lápis sobre a imagem de um lápis).

Segunda fase:
Tem como objetivo promover a identificação de um significado, apresentado sobre diferentes formas.

Agrupamento:

_ de objetos idênticos apresentados sob diferentes formas,( agrupar as chaves de diferentes tamanhos e
diferentes formas, _diversas moedas ,_lápis preto e de cor, canetas,_ miniaturas de carros: caminhão, ambulância,
carro de bombeiros, carro de passeio);
_exercício semelhante com imagens(agrupar imagens, introduzindo o maior número de dessemelhanças possível
na mesma classe: relógios: relógio de pulso de mulheres, de homens, relógios antigos e modernos, despertador,
pêndulos, relógios de parede; escovas para todos os usos e tamanhos; barcos: desde lanchas até navios;
lâmpadas: desde a lanterna de bolso até o lustre de cristal).

Terceira fase:
Ainda infraverbal, refere-se a exercícios de associação de objetos e, em seguida, de imagens, de acordo com
relações funcionais e relações de uso.

Associação de acordo com as relações funcionais:

_associação de pares de objetos que apresentem uma relação de contiguidade(carne-moedor/chave-fechadura /


martelo-prego / compasso-transferidor);
_exercício semelhante com imagens.

Associação de acordo com relações de uso:

_classificar objetos segundo paradígmas: objeto de higiene pessoal, de costura, diferentes objetos de mesa,
material do fumante;
_exercícios semelhantes com imagens;

Ao passar por esta fase pedimos ao paciente que designe os diferentes objetos que ele utilizou e que nós
colocamos diante dele(inicialmente seis a oito objetos).É freqüente que um par de objetos ainda não esteja
dissociado e que se obtenha a designação da fechadura, se pede: "mostre-me a chave”. Neste caso, é preciso
dissociar os pares e deixar apenas objetos sem relação semântica estreita( martelo-escova-compasso-moedor de
carne).Pouco a pouco, são reintroduzidos objetos que estejam incluídos no mesmo campo semântico( martelo-
chave de fenda- lima- pua/ prato- xícara—faca-garfo- colher).
Quando a designação começa a ser possível, exercitam-se ordens simples (dê-me o martel, pegue a escova,
coloque a faca com o garfo).
Afasia de broca:

Os primeiros exercícios de linguagem referem-se ao uso de fórmulas automáticas da vida cotidiana( obrigado , até
logo, boa noite etc.),trabalhadas com o apoio de uma lista mimeografada.. Paralelamente, tenta-se fazer ressurgir
o vocabulário usual com o auxílio de imagens isoladas. Pode-se recorrer a dois critérios principais:

_agrupar as imagens por campo semântico(roupas, alimentos, profissões);


_agrupar as imagens por fonemas, o que nos aproxima dos exercícios de articulação(várias imagens cujo
significante se inicia por p, por f, ou t, por exemplo).
Exemplos: ela coloca uma saia, um mantô um suéter- campo semântico- ou você come uma pêra, estamos
assando um pato, ele pinta com um pincel – fonemas)
As imagens dos verbos(Le Boeuf) permitem a execução de exercícios fáceis de conjugação (por exemplo, andar: as
crianças andam tranqüilamente- nós andamos na calçada- você anda depressa- vocês andam devagar- este bebê
anda bem).As imagens dos adjetivos(Le Boeuf) serão dadas sempre que possível aos pares (por exemplo: forte-
fraco; bom- mau; comprido- curto; rápido- lento: o caracol é lento, mas o avião e o avestruz são rápidos).

A leitura e a escrita assim que possível deverão ser associadas a outras tarefas.

Primeiros exercícios de leitura:

_colocar as palavras nas imagens correspondentes e inversamente;


_colocar as imagens nas palavras correspondentes;
_ler as palavras isoladas, escritas em letras grandes, e depois frases curtas.

Primeiramente, a leitura será exercida de maneira global. Apenas posteriormente é que se pode passar para a
decomposição em letras isoladas.

Primeiros exercícios de escrita:

É preciso distinguir dois aspectos:


_a linguagem escrita;
_a grafia

Inicia-se fazendo o paciente traçar linhas, semicírculos e guirlandas de maneira bem descontraída, com o auxílio de
um lápis de tamanho grande. Em seguida, passa-se a formas geométricas simples, depois ao alfabeto e então,
tenta-se dar aos exercícios um valor de comunicação escrita. Quanto a linguagem propriamente dita,
frequêntemente ela será abordada apenas muito mais tarde. No início, deve-se contentar com a cópia das palavras
trabalhadas.
Em seguida, passa-se para a fase da “cópia adiada”(mostra-se a palavra; em seguida, ela é escondida, em quanto
o paciente tenta escrevê-la. No início ,freqüentemente é preciso mostrar a palavra quase que letra por letra)antes
de se abordar a escrita sob a forma de ditado. É freqüente perceber-se na escrita distúrbio de articulação(mais
particularmente: f por v, p por v)

Da denominação de palavras isoladas , passa-se à construção de frases elaboradas pelo próprio paciente.
Inicialmente este trabalho é realizado a partir de duas palavras simples ou, preferencialmente, de duas imagens
que tenham um vínculo entre si. Deve ficar bem claro que é preciso que esta relação seja compreendida. É por
esta razão que, inicialmente, solicitamos ao paciente que agrupe as imagens, duas a duas.
Exemplo de um exercício para a construção de uma frase simples a partir de duas palavras: uma prancha em que
estejam colocadas seis imagens:

Uma garrafa;
Uma sopeira;
Um fogareiro;
Um vaso;
Uma noz;
Uma casinha de cachorro

São dadas seis imagens que devem ser correlacionadas corretamente:

Uma rolha;
Uma concha;
Uma panela;
Um buquê;
Um quebra –nozes
Um cachorro

As dose palavras escritas devem ser colocadas nas imagens correspondentes. As imagens são designadas
separadamente (mostre-me o buquê), depois aos pares (mostre-me a casinha do cachorro e o cachorro),depois
denominadas (o que é) uma a uma, separadamente, aos pares, servindo-se de facilitações de esboço oral, do
contexto e da palavra escrita. As palavras são copiadas ou ditadas, um par de palavras por linhas:

Vaso buquê
Casinha de cachorro cachorro

Enuncia-se uma frase simples, sendo o verbo e as “palavras chaves” induzidas por perguntas:
_Antes de se comer uma noz, o que se deve fazer com ela ? É preciso( quebrar).
_E para isto, qual instrumento se deve utilizar? (o quebra- nozes).
Então faz –se uma frase :
_As nozes são quebradas com o quebra-nozes.

A frase, assim formada, é repetida e, em seguida, escrita, se possível pelo paciente ( o que é raro nesta fase),
mas, mais freqüentemente , é escrita pelo reeducador: as palavras trabalhadas são escrita em vermelho. Desta
forma, são obtidas seis frases curtas escritas, eventualmente gravadas. As imagens e as palavras correspondentes
são emprestadas para o paciente durante alguns dias, para que ele possa treinar outras vezes todas as fases
descritas anteriormente. A sessão seguinte será consagrada à revisão destas frases. Em seguida, por meio de
perguntas tão rápidas quanto possível, tente-se suscitar toda uma produção verbal em contraste com o trabalho
muito lento e minucioso da preparação precedente: “do que é feito um buquê?” “Diga nomes de flores.” “Onde se
pode comprar flores?’ “Antes delas chegarem à floricultura, quem as cultivou?” “Onde são cultivadas as flores
mais delicadas ?” “Do que é feito um vaso?” “O que é preciso colocar num vaso para conservar as flores?”.
Parece-nos útil descrever este exercício, que prefigura todos os seguintes. A articulação não é evocada neste
exercício, mas é trabalhada paralelamente. Gostaríamos de insistir sobretudo, em duas modalidades da reeducação
que devem permanecer presentes em nossa mente em qualquer caso de afasia de broca:
_uma fase de grande minúcia em que todos os aspectos do enunciado são trabalhados paciente e
demoradamente, usando-se todos os meios de facilitação possíveis, incluindo o gravador. Seu objetivo é fixar as
palavras, promover sua articulação correta, restituir a prosódia da frase e chamar a atenção para a estrutura
sintática;
_uma fase rápida, eventualmente imprecisa, até mesmo feita apressadamente, durante a qual o paciente,
acossado por nossas perguntas, deve responder, encontrar as palavras sem refletir muito, apressar-se para
“soltar” tudo o que ele puder. Isto o esgota , mas, freqüentemente, lhe dá satisfações muito grande; contudo, é
exatamente nesta fase que mais freqüentemente é preciso saber parar para se evitar reações de catástrofe.
As imagens isoladas são substituídas pouco a pouco:
_pelas palavras isoladas escritas no caderno de exercícios;
_por histórias em imagem;
_por diálogos gravados,

a partir dos quais se realiza o mesmo trabalho em duas fases.


Mas quando a linguagem melhora, pouco a pouco, durante uma afasia de broca, é preciso obrigatoriamente,
passar por uma fase de reeducação, que se assemelha ao treinamento escolar e que durará meses ou até anos.
Aos exercícios do caderno mimeografado, acrescentamos progressivamente:

_ exercícios tirados de livros de gramática tradicional; sem fazer reaprender as regras de gramática , é útil rever as
noções de gênero, número, acordo dos adjetivos, derivados, etc.

_exercícios mais intensos de conjugação. Entretanto, nós nos limitamos aos quatro tempos seguintes : presente,
pretéritos perfeitos e imperfeito, e futuro do presente;

_exercícios de treinamento realizados graças a livros audiovisuais da língua e ao uso do gravador;

_leituras de texto cada vez mais longos, freqüentemente gravados, para que, primeiramente o paciente possa
acompanhar a leitura do texto, ouvindo-o e, em seguida, possa ler fragmentos do mesmo, parando o gravador,
frase após frase e, finalmente, lê-lo inteiramente sem o auxílio do gravador;

_escrita sob ditado, passando progressivamente da palavra isolada (uma flor) para a palavra acompanhada de um
adjetivo (uma bela flor, uma flor murcha) , depois as frases de comprimento crescente( a flor cresce no jardim –
nós jogamos fora as flores murchas – fiz um buquê de flores do campo);

_de conversação, escolhendo-se temas, inicialmente, muitos familiares e, depois recorrendo a idéias gerais ou
abstratas;

_de escrita espontânea, inicialmente com apoio visual : fazê-lo escrever uma história em imagens, descrever uma
imagem com numerosos detalhes; depois, sem apoio visual (descrição pessoal, resumo de um artigo de jornal ,
carta para um parente, acontecimento vivido).

Articulação:

O tempo consagrado aos exercícios de articulação, certamente, não é desprezível, mas deverá acompanhar,
paralelamente, os exercícios de linguagem propriamente ditos.

Exercícios preliminares:

Todos os exercícios devem ser executados de maneira exagerada, eventualmente, diante de um espelho.

Bochechas:
_inflar e muchar as bochechas.

Boca:
_abrir e fechar a boca, marcando um tempo de repouso em cada posição extrema.

Lábios:
_esticar os lábios e contraí-los (para pronúncia do i e u)
_colocar os lábios para dentro.
_morder ligeiramente o lábio inferior.

Língua:
_colocar a língua para dentro e para fora várias vezes.
_fazê-la passar rapidamente de uma comissura à outra.
_colocá-la alternadamente no lábio superior e inferior.
_no interior da boca colocá-la alternadamente:
1- atrás dos incisivos superiores, apoiando-a fortemente;
2- atrás dos incisivos inferiores, apoiando-a fortemente;
3- colocá-la no meio do palato, apoiando-a fortemente.

Respiração:
_inspirar pelo nariz e expirar pela boca.
_aspirar pela boca e expirar pelo nariz.
_assoprar suavemente um algodão, fazendo-o vibrar apenas.
_assoprar suavemente uma vela, deslocando a chama, sem apagá-la, durante o maior tempo possível.
_assoprar o mais fortemente possível, enviando o algodão para longe e apagando a vela de uma só vez.
_inspirar profundamente, expirar produzindo o som m-m-m-m-m-m durante o maior tempo possível.

Ruídos:
_exercitar diferentes ruídos:
1-estalar a língua;
2-chamar um gato;
3-ruído de um beijo;
4-ruído de desaprovação;
5-ruído de chamar;
6-ruído pedindo silêncio;
7-assobiar;
alternadamente: t – estalar a língua.

Mímica:
_exercitar as seguintes expressões faciais diferentes:
espanto;
raiva;
alegria;
ameaça.

Voz:
_pronunciar uma vogal durante o maior tempo possível, emitindo-a no mesmo tom: a (altura média).
_pronunciar a vogal no mesmo tom mas aumentada e diminuindo a força da voz (crescendo – decrescendo):
Pronunciando a mesma vogal, passar por vários tons diferentes, indo do grave para o agudo e do agudo para o
grave.
a
a a
a a
a a
Passar muito lentamente de uma primeira vogal para uma segunda, depois para uma terceira, numa só emissão
de voz cantante;

a o a o u

a o a i u o

a o e u e i

Pronunciando várias vogais, passar por vários tons diferentes, do grave ao agudo e inversamente;

ii aa

o u e o

a o e u
Vogais:

Vogais simples:

Quando se pronuncia uma vogal, a língua sempre está afastada do palato, nem que seja por 1 mm (i).
A:

Boca amplamente aberta, língua em posição de repouso, emitir o som a num tom contínuo.
Emitir o som (a) brevemente, várias vezes, observando-se um silêncio entre cada emissão e tomando-se o cuidado
de fechar bem aboca.
Exercitar: ah! (espanto).

O:

Lábios arredondados: língua: ápice em posição inferior elevando-se na parte posterior da língua, palato levantado.
Emitir o som (o) de maneira contínua.
Emitir o só (e) brevemente várias vezes.
Exercitar: oh! (desaprovação) e oh! (exclamação).

I:
Lábios esticados (em forma de sorriso) ; o ápice da língua apóia-se atrás dos incisivos inferiores.
Emitir o som i de maneira contínua.
Emitir várias vezes o som i (brevemente).
Exercitar: hi... (medo)

E:
Lábios: posição intermediária entre i e u: a língua toca apenas os dentes (sai levemente da posição de repouso).
Emitir o som e durante o maior tempo possível.
Emitir o som e brevemente, várias vezes.
Exercitar: e – he!

É:
Pronuncia-se com a boca aberta.
Lábios: as comissuras afastam-se uma da outra, relaxadas; a ponta da língua apoia-se apenas ligeiramente contra
os incisivos inferiores.
Emitir o som (é) durante o maior tempo possível.
Emitir o som (é) brevemente, várias vezes.
Exercitar: é... (desgosto).

U:
Lábios bastante projetados para a frente, arredondados; a língua afasta-se dos dentes e aproxima-se do palato,
posteriormente.
Emitir o som (u) durante o maior tempo possível.
Emitir o som (u) brevemente, várias vezes.
Exercitar u-u (chamado e u (grito da coruja).

à – AN:
Retomar o a; colocar um dedo sobre uma narina e emitir o som an: deve-se perceber a vibrações da narina.

ON:
Retomar (o), mesmo exercício que para na.

EM:
Retomar é, mesmo exercício que para na.
Exercitar hen? (interrogação)

UN:
Retomar u, mesmo exercício que para na.

IA:
Depois de se ter obtido o i, segundo a técnica precedente, abrir bem a boca e aplanar a língua.
Exercitar: lia – pia.

Consoantes:

Quando se pronuncia uma consoante, a língua sempre toca em um ponto do palato, ou ponto de articulação, que
varia conforme o tipo de consoante. Algumas consoantes têm o mesmo ponto de articulação. Neste caso, elas se
distinguem uma das outras por outras características. Por exemplo: as consoantes p – b – m articulam-se da
mesma maneira, estando os lábios cerrados um contra o outro ( esta é a razão pela qual são chamadas de
“bilabiais’) e a língua encosta nos incisivos inferiores. São distinguidas uma das outras graças às seguintes
diferenças:

Consoantes surdas e oclusivas : P – T – K


Consoantes sonoras e oclusivas : B - D – GU
Consoantes surdas e constritivas: F – S – CH
Consoantes sonoras e constritivas: V – Z – J
Consoantes sonoras e nasais: M – N – NH
Consoantes sonoras e laterais: R – L -LH

Exercícios preparatórios:

P:
- Abrir e fechar a boca, apertando os lábios um contra o outro;
- Inverter os lábios e depois abri-los bruscamente;
- Estufar as bochechas, reter o ar durante o maior tempo possível, e, depois, deixá-lo escapar bruscamente
a princípio, será, produzindo-se uma explosão que, muda; depois, será feito um esforço para
transformá-la, pouco a pouco, em um “p” real. Em seguida, pode-se passar para as sílabas e, depois ,
para as palavras e frases.

Sílabas:

- pa - po – pu – pi
- ap – op – up- ip
- em posição mediana entre duas vogais idênticas
- apa –opo –upu –ipi
- em posição mediana entre duas vogais diferentes
- api – upa – opa

Palavras:

Pata chapéu
Pedra lápis
Pele corpo
Pote tapa
Pular sapo
Pipa copo

Frases:

- A perna do pássaro é pequena


- A pipoca explodiu na panela
- Pedro pôs o papel na pasta

Exercícios preparatórios:

B:
Retomar os mesmos exercícios que foram propostos para o P, de um modo pouco menos enérgico.

Exercício suplementar e importante: apoiar a mão sobre a laringe ( na altura do pomo de adão ) e exercitar
sucessivamente P – B. Deve-se sentir :
- uma ausência de vibração quando se pronuncia o P;
- pequenas vibrações quando se pronuncia o B.

Sílabas: diretas, inversas, em posição mediana, entre duas vogais idênticas, entre duas vogais diferentes.

Palavras:

Bebê cabide
Babá balão
Cebola fubá
Bola abacate
Pomba beber
Oba tuba

Frases:
- o bebê brinca com a boneca.
- Bete borrou a boca com batom.
- O beija-flor bateu o bico.
M:

- abrir e fechar a boca apertando os lábios um contra o outro.


- Exercitar o fechamento e a abertura dos lábios num movimento muito mais suave, sem cerrá-los, sentindo
simplesmente o contato de um e outro e abrindo-os, em seguida, ligeiramente.
- Inspirar fortemente com os lábios cerrados. Manter o ar durante um momento nos pulmões e depois
expirar lentamente, sem descerrar os lábios, esforçando-se para produzir o som “mmm”.
- Imitar um gemido (mm – sinto dor) ou, em contraposição, um sentimento de satisfação (hum, como está
gostoso! )
- Sentir as vibrações nasais, apoiando ligeiramente o índex em uma narina.

Sílabas: diretas, inversas, em posição mediana.

Palavras:

Mapas amigo
Cama meta
Ameba pomada
Medo amuleto
Vime melão
Amarelo filme
Memória mudo
Como

Frases:
- Maria ama seu marido.
- O pijama sumiu do armário
- O mês de maio é o mês das noivas

T:

- exercitar o movimento de língua rapidamente para dentro da boca:

A- passar rapidamente de uma comissura para outra;


B- colocar a língua sucessivamente atrás dos incisivos inferiores, atrás dos incisivos superiores, elevá-la no
meio do palato.
-estando a ponta da língua apoiada fortemente contra os incisivos superiores, descolá-la bruscamente,
expirando e esforçando-se para produzir o som “t”.
-imitar o ruído de desaprovação t’t’t’.

Sílabas: diretas, inversas, em posição mediana.

Palavras:

Tatu ateu
Peteca teto
Até sentar
Tema atestado
Pente tapa
Antena pato
Tudo auto
Sapato total
Contar apito
Frases:
-o time do Tostão tornou-se campeão
-chamei o técnico da televisão
-minha tia comprou tomate, batata e biscoito na feira.

D:

Retomar os mesmos exercícios que para T.

Exercício suplementar importante : apoiar a mão na laringe e exercitar sucessivamente T – D . Como para o grupo
P –B, deve-se sentir :
- uma ausência de vibrações quando se pronuncia o T;
- pequenas vibrações quando se pronuncia o D.

Sílabas: diretas, inversas e em posição mediana.

Palavras:

Dado avenida
Balde dedo
Espada bode
Duvidar índice
Bonde doce
Almofada rede
Data adubo
Grande ducha
Cabide

Frases:
- o dedo dela doeu o dia todo.
- O desastre foi num feriado
- O dentista cuida dos dentes

N:

Exercícios preparatórios:
Fetomar os mesmos exercícios que para t.

Exercícios suplementares:
- Estando a ponta da língua colocada contra os incisivos superiores, produzir um som bastante longo que
termina bruscamente por (è) ... n.
- Sentir, como para o m, as vibrações nasais, apoiando ligeiramente o índex numa narina.

Sílabas: diretas, inversas e em posição mediana.

Palavras:
Na animal
Lona número
Canal cano
Nariz limonada
Janela navio
Anúncio modernaooooo
Anônimo canino

Frases:
- o nenê comeu uma banana nanica.
- Bruno nadou na piscina.
- Em Viena neva no inverno.

F:

Exercícios preparatórios:
a) todos os exercícios de sopro, ou seja:
- tentar produzir um som assoprando numa pequena trombeta ou num apito;
- assoprar num cata-vento, treinando a fazê-lo cada vez mais rapidamente;
- estufar o abdômen (respiração abdominal) ou a caixa torácica (respiração intercostal) e expiração ora
bruscamente, ora lentamente;
- assoprar um fósforo;
- assoprar a chama de uma vela, sem apagá-la, durante o maior tempo possível;
- fazer vibrar um pequeno pedaço de algodão colocando-o na mão ;
- depois soprá-lo o mais longe possível;
- tentar assobiar;
- suspirar profundamente ( desencorajamento, cansaço ou consolação.

b) Exercícios específicos:

- morder ligeiramente o lábio inferior com os incisivos superiores; repetir este movimento silenciosamente
várias vezes;
- quando o movimento precedente estiver bem aprendido, emitir um sopro áfono bastante forte e fazê-lo
durar o maior tempo possível;
- pouco a pouco, mantendo o sopro prolongado, fazer retornar os incisivos superiores e o lábio inferior à
posição normal;
- acrescentar, então, o som de uma vogal ao som obtido: f... a – f...o – f...i, etc.

Sílabas: diretas, inversas e em posição mediana.

Palavras :
Faca oferta
Confete falta
Alface girafa
Futuro enfim
Café fita
Afundar sofá
Foca oficial
Garrafa fubá
Estufa perfume

Frases:
- Flávio foi à fazenda com seu filho;
- Fomos à festa do Fábio
- Eles não ficaram satisfeito com a farra que fizeram.

V:

Exercícios preparatórios:

- Retomar os mesmos exercícios que para o f, ainda que de maneira mais suave.

Exercícios suplementares:
- apoiar a mão sobre a laringe e exercitar suavemente F – V; como para os grupos P – B e T – D, deve-se
sentir: uma ausência de vibrações quando se emite o f; vibrações quando emite um v;

Sílabas;

- diretas, inversas, V em posição mediana.

Palavras:

Vaca uva
Chuva vaso
Avarento neve
Vidro ovo
Cravo vela
Ouvir nervo
Voto avião
Couve vulto
Advogado móvel

Frases:

- Valéria viu a vaca e o cavalo.


- Vamos viajar de avião
- O vento levou o véu

S (= C- e – i):

Exercícios preparatórios:

- Fazer o paciente colocar a ponta da língua contra os incisivos inferiores, apoiando-a fortemente. Retomar
este movimento em silêncio, várias vezes.
- Estando a língua na posição descrita acima, inspirar profundamente, depois expirar suavemente,
produzindo um som S bastante suave. Freqüentemente ,facilita-se a emissão do som, desenhando-se o
contorno o contorno de um grande S com o dedo ou fazendo o paciente observar a analogia do signo S
com “uma serpente que cicia’.
- Fazer emitir energicamente, com a mímica correspondente, os ruídos que, às vezes , são utilizados para
chamar a atenção : tsst! e sst! Pode –se exprimir a admiração ou a estupefação SSS...!

Sílabas:
Diretas e inversas, S em posição mediana.

Palavras:

Sabão alça
Assalto sirene
Inseto massa
Sapo aço
Vassoura selo
Estória passeio
Solo urso
Fóssil sono
Osso

Frases:

- o samba sacudiu a saia da moça.


- Aos sábados, o açougueiro e o sapateiro não trabalham.
- O sapo saltou no sapato da sogra.

Z (=S):

Exercícios preliminares:

- retomar os exercícios feitos para o S, mas, em vez de criar uma analogia com a serpente, tome como
exemplo o zumbido da abelha.
- Como para os grupos P – B, T – D, F – V, procede-se ao exercício suplementar habitual : colocar a mão na
laringe e emitir sucessivamente os sons S e Z para tomar consciência, no primeiro caso, da ausência de
vibrações e de sua presença no segundo. Chamar a atenção do paciente para o fato da letra Z ser utilizada
raramente, mas dizer que o som Z é muito freqüente , visto que é assim que são pronunciados todos os
S colocados entre duas vogais.

Sílabas:

Diretas e inversas, Z em posição mediana.

Palavras:
Zero mesa
Rosa zona
Casa onze
Zebra José
Doze zíper
Casaco treze
Liso Brasil
Vaso base

Frases:

- a rosa estava na mesa ao lado do cinzeiro


- Zé se zangou com o casamento de Neusa e Orozimbo.
- Rosana era muito chorosa.

CH:

- partir do som “T” bem nítido e energético. Dar novamente consciência da posição da ponta da língua
fortemente apoiada contra os incisivos superiores. Fazê-la recuar contra a arcada dentária ( ela não toca
mais nos dentes ), afastando-a muito ligeiramente. Fazer aspirar, depois expirar lentamente, fazendo
imitar o ruído de uma locomotiva a vapor “ch...” prolongando a emissão do som. Se o som correto não
for diretamente obtido, pode-se recorrer à seguinte emissão : de t-tch... t-tch onde o primeiro t é muito
breve , enquanto se prolonga o tch.... expirando-se, como no caso de um suspiro que acompanha o
relaxamento . Tendo-se conseguido isto, faz-se emitir uma imitação de um trem (ou de uma panela de
pressão ): tch – tch – tch, depois, suprime-se progressivamente o t para chegar ao ch... exato, cuja
emissão é mantida pelo maior tempo possível.

Exercícios preliminares:

Freqüentemente é útil recorrer aos automatismos “chhh” e “atchim”, com a mímica correspondente.

Sílabas:

Diretas e inversas, CH em posição mediana.

Palavras:

Chapéu abacaxi
Queijo chalé
Ameixa baixo
Cheque rocha
Lixo chaminé
Peixe macho
Choque bicho
Rancho chocolate
Cachorro

Frases:

- a chave do chaveiro caiu no chão.


- O chato do Chico machucou o queixo e chorou.
- Esta cachorra se chama Xuxa.

J (= G –e-i ):

Exercícios preliminares:

Retomar os mesmos exercícios preliminares que para o “ch”, mas partindo-se de D em vez do T. Como para os
grupos P – B, T – D, F – V e S – Z, procede-se ao exercício suplementar habitual ( mão sobre a laringe, emitindo-
se sucessivamente ch e j ) com o objetivo de fazer o paciente tomar consciência do caráter sonoro deste fonema.
Como automatismo, pode-se recorrer à imitação mais ou menos aproximada de um ruído de sirene (jjjj....), indo
em decrescendo. O som j será quase sempre obtido mais facilmente na posição final e permanecerá
freqüentemente ensurdecido na posição final e mediana. Por esta razão, é preferível começar o estudo do
fonema por palavras como anjo, beijo, etc.

Sílabas:

Diretas e inversas, j em posição mediana.

Palavras :

Já tigela
Anjo giz
Pijama queijo
Jarra página
Beijo jaca
Mágico sujo
Gema jipe
Cujo argila
Brejo

Frases:

- o general lisonjeou o seu sargento.


- na loja do João tem giz.
- Rangeu ao longe o relógio enferrujado.

NH:

Exercícios preliminares:

- fazer emitir o som “n”, a língua posicionando-se mais posteriormente ( com T e D ), prolongá-la
aproximando pouco a pouco a parte mediana da língua contra o palato, como para o lh. Fazer sentir as
vibrações nasais, colocando ligeiramente o índex sobre uma narina.

Sílabas: eventualmente diretas e inversas, NH em posição mediana.

Palavras:

Vinho lenha
Vinhedo ninho
Banho engenheiro
Pinho minhoca
Ganho fanhosa
Manha carinhoso

Frases:

- ganhei um garrafão de vinho e um quilo de sardinha.


- A rainha ganhou um diamante.

L:
Este som é pronunciado elevando-se energicamente a ponta da língua no meio do palato.

Exercícios preliminares:

- fazer subir e descer a língua.


- Em seguida, tendo-a elevado até o palato, afastá-la bruscamente, emitindo um èl (e) ( primeiro è
acentuado, energético, para terminar num e mudo pronunciado mais suavemente) .
- Automatismos: oh lala ! eventualmente, emitir la – la – la – la com uma melodia conhecida. Tirar o
telefone do gancho e fazer responder “alô”.

Sílabas:
Diretas e inversas, L em posição mediana.

Palavras:

Lama aluguel
Ele leve
Aluno gelo
Lixo alumínio
Nulo loja
Envelope guarda-sol
Lobo elástico
Bolo luva
Sólido pílula

Frases:

- Lúcia lavou a louça logo


- O lenhador levou a lenha para seu lar
- Ele foi de lancha pescar lagosta

LH:

Mostrar a posição do L em seguida fazer pronunciar “lie”, até chegar mais rapidamente ao som exato.

Sílabas : LH em posição mediana.

Palavras :

Velha velho
Malha espelho
Calha coelho

Frases:

- a malha é velha.
- A colheta do milho foi boa este ano.
- A chuva molhou todo o meu vestido novo de malha.

R:

Exercícios preliminares:
Fazer “rolar” um “r” no fundo da garganta; como por brincadeira fazer o paciente gargarejar, imitar o arrulhar do
pombo ou o ronronar do gato.

Automatismo: boa-tarde

Um –dois –três –quatro

Dó –ré – mi insistindo-se sobre o ré.

Sílabas:
Diretas e inversas, R em posição mediana.

Palavras:

Carne discurso
Partir barco
Urgente cerveja
Porco concurso
Caderno porque
Curtume cobertor
Curva borboleta
Árvore turco
Círculo apontador

Frases:

- Carlota abriu a porta.


- Ela comprou um colar, um perfume, uma gargantilha.
- A armadura do armador argentino foi perdida no mar.

K (= C –a – o – u – ou = QU )

É o som mais articulado posteriormente. Trata-se de uma oclusiva surda.

Exercícios preliminares:

- Imitar um gesto de estrangulamento, apoiando a mão sobre a laringe;


- Fazer limpar a garganta como se quisesse escarrar . Como o som K é muito breve, é preciso recomeçar
os exercícios várias vezes.

Automatismo: ok, cocoricó!

Sílabas:

Diretas e inversas. Deve-se observar que o som K é sempre mais facilmente obtido na posição final.

K em posição mediana: prolongar a vogal inicial, depois exagerar o fechamento rápido na sílaba final,
pronunciada muito energicamente: ( a ... ka-o ....ko, é...ké-i...ki-a ...ko-o ...ki-i...ko-é ...kou. Isto é válido para a
reeducação da disartria, se tentar reeducar uma disartria do tipo pseudobulbar com ressonância nasal acentuada.

Palavras:

Cama leque
Saco carro
Queda barco
Taco banquete
Moleque quilo
Cola disco
Banco pequeno
Esquilo colar
Cubo médico

Frases:

- Carlos comeu caramelo e pé- de – moleque.


- Carmo cortou o cabelo curtinho.
- O cachorro atacou o moleque.

GU (= G- a – o –u ) :

- Deve-se fazer o paciente percebê-las pelo método habitual, colocando a mão contra a laringe, fazendo-o
articular alteradamente K – GU.

Automatismos : (garçon! – Gool! ):

Palavras :

Gado legume
Jogo guerra
Esgoto sigo
Guiar agradável
Digo gole
Egoísta perigo
Gota apagar
Régua guri
Figura sagu

Frases:

- a agulha está na gaveta.


- Guilherme mergulhou no lago.
- Guarde o guarda- chuva no guarda- roupa.

Encontros consonantais :

PL:

- Retomar separadamente a articulação do P e do L. trabalhá-las paralelamente com as vogais : pa-la ou


ap- la. Indo cada vez mais depressa.
- À medida que a articulação silábica se suaviza , tornar as vogais elípticas e aproximar cada vez mais a
emissão das consoantes, recorrendo, eventualmente, à representação gráfica e espacial que se segue:
P - l - a ap - - la
P– l - a a - p - l - a
pla pla

- Retomar a mesma técnica com as outras vogais.


- Assim que o grupo puder ser emitido, trabalhá-lo sistematicamente por silabas, por palavras e por frases,
como foi feito para as consoantes isoladas.

Palavras:

Planta cúmplice
Duplex placa
Aplicar completo
Pluma implicante
Repleto plural
Diploma amplo
Planeta platéia
Complô triplo

Frases:

- jogar é simples ou complicado?


- A planta era de plástico.
- O planeta explodiu plenamente.

Grupos em L:

(PL) (BI)

placa- planta blefe- emblema-bíblia

(FL) (GL)

flor- reflexo glacê- iglu-inglês

(CL)

classe-declarar-ciclo

Grupos em R:

(PR) (BR)
prato- emprego-compra brás-abraço-abrir

(TR) (DR)

letra- estrela-quatro drama-medroso-comadre

(FR) (VR)

fraco-afro-cofre livro-palavra

(CR) (GR)

cru-acreditar-ocre grave-agrião-magro

Grupos com S:

- Retomar a articulação do S, prolongando-o;


- Acrescê-lo à consoante seguinte, marcando uma ligeira pausa que será progressivamente reduzida até que
o grupo possa ser enunciado numa só emissão de voz:
s....................p
s..............p
s……p
sp

Esta técnica aplica-se aos seguintes grupos:

Sc – sk escândalo – pesca
Sf esfarrapado
Sl islâmico
Sm smoking
Sn esnobe
Sp áspero
St estacionamento – estátua

Estes serão trabalhados apenas na posição inicial. De fato, no meio ou no fim das palavras, será mais judicioso
cindí-los. Deste modo, a palavra “espada” será articulada (es- pa- da), em três sílabas.

Encontros consonantais inversos:

Trata-se dos seguintes grupos:

Bs observar
Dm admirar- administrar

Decompor as palavras em sílabas, exemplo: “administração” será articulada: ad/mi/nis/tra/ção.

Exercícios que visam a melhorar a prosódia:

Um bom exercício consiste em se servir de um pequeno poema, onde os versos já estão divididos em sentenças,
indicando, por meio de uma curva sinusóide, as modulações da voz. Também pode-se ler um diálogo,
acentuando-se a prosódia das perguntas e respostas.
Nesta fase será útil recorrer ao gravador, registrando cuidadosamente a velocidade adquirida pelo paciente num
pequeno texto que ele ouvirá novamente em casa e relerá, em seguida, com a melhor prosódia possível.

Afasia de Wernicke com comprometimento fonêmico predominante.

Os pacientes com este distúrbio apresentam-se como se tivessem perdido o controle da manipulação dos traços
pertinentes dos fonemas e de seu uso implícito em ordens e séries . Sua fala dá a impressão de desinibição ,
“interferência radiofônica” e perda do auto controle da emissão verbal quando eles a realizam.
Devemos buscar apoio nos fonemas para reestruturar os fonemas que os compõem. Vejamos alguns exercícios
que podem ser úteis para atingirmos este objetivo , devendo ficar claro que, previamente, obtivemos a atenção
silenciosa do paciente, reduzimos uma eventual logorréia ou uma estereotipia e parcialmente vencemos a
anosognosia que a acompanha.

Estes exercícios referem-se aos dois eixos do discurso:


- escolha eletiva de um fonema (eixo vertical ou paradigmático);
- encadeamento correto de cada fonema em relação aos outros ( concatenação, eixo horizontal ou
sintagmático).

Recorremos sem cessar as noções de espaço e tempo. Portanto um trabalho prévio consiste em se assegurar de
que estas noções estão bem conservadas. EX: coloque a borracha à esquerda do lápis, o fósforo à direita da vela,
etc.
Histórias com imagens com seqüência para as noções de tempo. Se o paciente estiver em condições, ele sozinho
faria pequenas histórias em imagens, senão nós as fazemos para ele. EX: a menina joga migalhas no chão e os
passarinhos aproximam-se e ciscam. O gato aproxima-se e a menina bate na vidraça. Deste modo, ela espanta os
passarinhos e eles voam e o gato ficou a ver navios. Esta sucessão temporal nos será útil para exercitar as noções
“antes”, “depois”, “em seguida”, enquanto, do ponto de vista espacial, as imagens serão seriadas da esquerda
para a direita.

Seleção e discriminação auditivo- verbal:

Apresentamos ao paciente diferentes quadros concebidos em função das oposições fonológicas. Os fonemas são
representados por seus símbolos gráficos em caracteres grandes, podendo ser acompanhados do desenho das
posições bucolinguais correspondentes. Para estes exercícios podemos recorrer , a percepção tátil da laringe das
vibrações laríngeas ou nasais.
Quando as parafasias são tais que configuram um jargão, pode-se mostrar necessário, primeiramente, diferenciar
as vogais, opondo-se entre si. Exemplo:

- A oposto a outras vogais. Inicialmente, a uma só delas : A – O representadas em letras maiúsculas vermelhas
e acompanhadas de desenhos adequados ( boca amplamente aberta (A) e boca com os lábios arredondados
(O) ). Os sons emitidos são acompanhados de gestos : mão aberta (A), círculo com o polegar e índex (O).

Instruções:
“escute, veja, mostre A, apenas A”. Emissão de A O O A A A O O A, etc.

Acrescentar o I ( desenho de uma boca com os lábios estirados; gestos: índex elevado ).
Mesma instrução.
Emissão de A I O I A O ...

Exercícios com imagens:


A:

Sejam dois grupos de imagens, um grupo “A” ( avião, abacaxi, acordeão, an6emona), um grupo “não A”(imagens
de palavras que se iniciam com outras vogais ). Treinamos o paciente a designá-las e, depois, a classificar as
imagens que lhe são apresentadas quando nós mesmos anunciamos a palavra correspondente. Inicialmente, ele
designará e, depois reunirá num mesmo grupo as imagens das palavras que se iniciam por I, O, E, U; a seleção
refere-se apenas ao A.
Em seguida pede-se ao paciente que mostre o A nas palavras em que ele aparece em posição mediana e final
(vaso – pera) e em que ele é pronunciado diferentemente, segundo o som articulado seja o (a ) de (pata).
Procede-se da mesma maneira para cada vogal. Observamos que o grupo E engloba dois sons diferentes: o (e) de
escala, o (é) de pé. As vogais nasais são treinadas , opondo-as às vogais orais correspondentes (na – a , on – o,
in – é, um – e ) , e em seguida , opondo-as entre si. O exercício, completado progressivamente, consiste em
associar as imagens apresentadas às vogais correspondentes.

As consoantes são trabalhadas igualmente em oposição, segundo vários critérios:


Ponto de articulação, sonorização e nasalização.

1- trabalho de acordo com os pontos de articulação:

- opondo-as entre si:


as bilabiais:
P(surda) - B(sonora) - M(nasal)
P – B –M B–P–M M–P–B

- opondo-as entre si:


as linguodentais;

T - D - N

(como acima)

as lábios dentais :

F - V

As sibilantes:

S - Z

As fricativas palatais:

CH - J

As palatais:

L - NH - R

As velares:

K - GU

- Em seguida opõem-se os grupos entre si:

PBM --------TDN
CH e J--------S Z
CH JSZ ------TDN

Segundo uma gama infinita de possibilidades .

- Oposição dos traços oclusivos e constritivos


PTK--------FS CH

2- oposição dos traços de sonoridade:

PTKFS CH-----------------BD GU VZJ

3- Oposição dos traços de nasalidade:

O A É É --------------------ON NA IN UM
P B T D ---------------------M N

Descrição de um exercício padrão que serve de base para todos os exercícios que visam a selecionar um fonema
(vogal ou consoante ), e diferenciá-lo de todos os outros:

Trabalho com o F:

O paciente terá em sua frente um dos seguintes quadros :

F S CH
Ou
F V
Ou
P T K
F S CH

- Primeiramente emite-se o som F, acentuando-se o ponto de articulação labiodental ( morde-se


ligeiramente o lábio inferior), prolongando o som, que é acompanhado de um gesto horizontal, a mão
afasta-se da boca.
- O paciente escuta o som e aponta o F no quadro.
- Em seguida são introduzidos os outros fonemas, variando sua ordem de aparição.
- O paciente ouve e só aponta o F, quando ele aparece. Os fonemas vão sendo trabalhados um a um.
Mesmos exercícios para o S e CH, reportando-se se necessário aos exercícios do capitulo de “articulação” .
O paciente será, pouco a pouco treinado a apontar dois , depois três e depois os vários fonemas percebidos, para
conseguir finalmente, passar rapidamente e sem erro de um fonema para outro, tendo à sua frente quadros cada
vez mais completos.
A este reconhecimento seletivo, exercitado no interior do sistema fechado de fonema, paralelamente serão
acrescidos exercícios que se referem ao encadeamento correto de uns em relação aos outros. Trabalhamos aqui
sobre o eixo horizontal de cadeia da falada ( concatenação ),portanto sobre um sistema aberto de possibilidades
infinitas.
Inicialmente trabalharemos com palavras monossilábicas, cuja diferença seja de apenas um fonema. Com este
objetivo, estabeleceremos várias pranchas de imagens, isto é: que dão lugar a exercícios de percepção e
designação.

- mão – pão - cão – chão


- céu – mel – vú – réu
- lar – mar – par – bar
- rã – fã – sã – lã –
- bom – dom – tom – som
- torgo - trilho - tribo
- comer – colher – correr – coser
- pá – pé – pó

Começa-se a se servir do contexto, pedindo ao paciente: “mostre-me o teto” ( eventualmente, acrescentar


“da casa”) , “um carretel de linha”, “um feixe de lenha”. A esta facilitação, freqüentemente, será acrescida a
da leitura labial ou do símbolo gestual. Estas facilitações serão progressivamente abandonadas e o paciente
será treinado a designar cada vez mais rapidamente o monossílabo enunciado sem artigo ( “mostre-me: céu –
mel – véu – réu”). Se a leitura estiver conservada, o exercício poderá ser prosseguido com palavras escritas, o
que nos permite incluir palavras abstratas como lei, etc.

Repetição:

Esta etapa visa permitir ao paciente reencontrar o autocontrole de suas produções verbais e,
consequentemente, eliminar progressivamente as parafasias.
Os exercícios de seleção e designação serão retomados e completados pela repetição, inicialmente de
monossílabos e, posteriormente, de palavras de tamanho crescente. Às vezes são obtidos bons resultados,
cindindo as palavras polissilábicas e fazendo corresponder a cada sílaba um significado.

Exemplo:

A palavra “chaminé” sendo mal repetida, dá lugar a parafasias.


Procede-se assim, escrevendo no caderno:

- você toma chá


- dó – ré – mi
- ela é bonita, né?

“e agora repete-se as três: “ cha – mi –né” e escreve-se a palavra inteira “chaminé”.

- apenas uma repetição sem erro permitirá o uso do gravador, que será , então, de grande utilidade, visto
que permitirá ao paciente escutar numerosas vezes o mesmo modelo sonoro e, depois, numa fase ulterior,
controlar suas próprias produções, gravando a própria voz.

Realização:
Afora qualquer modelo sonoro, em seguida, tentar-se-á suscitar a denominação dos monossílabos trabalhados
durante as fases de seleção, designação e repetição.
Para estes exercícios de denominação, utilizam-se meios de facilitação que serão progressivamente abandonados.
Paralelamente, ou o mais rapidamente possível, são acrescidas a leitura e a escrita (cópia, ditado ou espontânea).

Frases para completar:

Inicialmente, elas são completadas oralmente, depois por escrito, e finalmente, são relidas:

- coloco um xale em volta do...


- um carro de quatro...
- abro uma garrafa de...
- você corta uma fatia de...
- o teto cobre a ...
- este vestido é de...
- ele acende a ...

Um outro exercício consiste em completar oralmente ou com letras móveis monossílabos dos quais foi retirado
o fonema inicial:

- eu vou sentar-me no ... anco


- no inverno eu uso...uvas
- sinto dor de....ente

Sucessão dos fonemas :

O paciente, tendo diante de si um dos quadros de oposição fonológica citados anteriormente, será treinado a
designar uma sucessão de dois ou vários fonemas, respeitando sua ordem de aparição. Diante do quadro de
consoantes oclusivas surdas e sonoras,

P T Q
B D GU

Ele deve chegar a apontar p / q quando enunciamos “porque”, q / p para “copo”, b / g para “bagagem”, g / b
para “gabar” , p / b para “púbere”, d / p para “depois”, p / q / b para “pacoba”. Pode-se fazer o mesmo trabalho
com as vogais, evitando-se os encontros consonantais iniciais.

Seriação :

Abaixo, damos outros exemplos que completados por numerosos exercícios de seriação referentes a :

- sucessão de ações (histórias sem imagens):


- ordens de apariação das palavras em enunciados cada vez mais longos.

Desde que se possa contar com uma repetição exata ( ver a seguir ), o gravador será de grande utilidade, pois
nos permitirá gravar lentamente frases simples que o paciente repetirá e, eventualmente, escreverá em casa e
lerá várias vezes. Duas ou três frases-modelo devem permitir que ele realize várias outras do mesmo tipo ( sujeito
– verbo – objeto ) , que serão progressivamente enriquecidas. Os exercícios comuns de gramática completam este
tipo de exercício.

Soletração:

Tem o objetivo de individualizar os fonemas e reencontrar o encadeamento adequado destes no interior de


palavras que vão do simples (café) ao complexo (extraordinário). Esta soletração mostra-se útil e se seu
objetivo não é propriamente ortográfico, ele ajuda, entretanto, a recuperar uma ortografia freqüentemente
perturbada.

Leitura em voz alta e escrita sob ditado:

Quando as parafasias orais estiverem mais ou menos superadas, não é raro ver a persistência de paralexias e
paragrafias. Deve-se, então, retomar, desta vez, a nível da frase e do texto e não mais da palavra isolada, a leitura
em voz alta, recorrendo-se eventualmente a um "cachê" , que permite descobrir apenas uma palavra e até
mesmo uma só sílaba de cada vez, e a escrita sob ditado, inicialmente de pequenas frases, repetidas palavra por
palavra, e depois passando-se progressivamente a textos mais longos e mais complexos.

Narração :

A última etapa recorre a narração. Inicialmente, escolhemos as descrições de ações, que implicam uma ordem
obrigatória : confecção de uma roupa, mudança de um pneu de carro, construção de uma casa. Pedimos ao
paciente que nos conte acontecimentos vivenciados ( estudos, viagens), respeitando a ordem cronológica. A
narração de fatos cotidianos descritos nos jornais ou, melhor ainda, o resumo de leituras mais longas são o
resultado esperado deste trabalho. Na maioria dos casos, retomamos fragmentos da narração para ditá-los,
fazendo o paciente soletrar as palavras difíceis. Quando surge uma parafasia, ela é corrigida recorrendo-se a uma
gama de exercícios de seleção e concatenação.

Reeducação das afasias de Wernicke com comprometimento semântico predominante

De acordo com a gravidade dos casos, devemos recorrer aos exercícios mais elementares descritos na
reeducação da afasia total, ou seja , os exercícios de agrupamento. Instituímos na classificação em que se
recorre ã noção de classe, sem que intervenha , ainda ,uma denominação ou designação dos elementos das
subclasses, pois, nesta fase, uma tentativa de diferenciação dos diversos elementos de um mesmo campo
semântico suscita apenas a confusão entre eles. Quando este paciente enuncia “gorgonzola , provolone e o queijo
são mussarela”, nós apreendemos a instabilidade dos signos no interior de uma classe restrita. É por esta razão
que nos parece importante praticar, durante muito tempo , as classificações feitas sem o uso da fala, antes de
passar para a emissão verbal. Quando a compreensão do paciente alcança o nível de suas realizações ainda
imperfeitas, passamos imediatamente para a verbalização dos significantes cujos significados situem-se em
campos semânticos longínquos; depois, progressivamente abordamos o enunciado de significantes cujos
significados situem-se em campos semânticos próximos (legumes / frutas ) é finalmente, no mesmo campo
semântico.
Quando tiverem sido obtidos resultados nos primeiros exercícios de agrupamento, mencionados anteriormente,
passa-se aos exercícios de classificação.

Exercícios de classificação;

Para fazer reaparecer a noção implícita e classe, escolhemos imagens ou objetos que pertençam a classe que
não tenham nenhuma relação entre si.

- diante de uma chave, uma moeda e um lápis, o paciente deve chagar a classificar, fazendo abstrações das
dessemelhanças introduzidas: (chave comum, de valise, de carro.... moedas de diferentes valores,
moedas estrangeiras... lápis, canetas...).
- classificação de imagens : flores / móveis / meios de locomoção / roupas.
- Trabalho com classes cada vez mais próximas :

Roupas - masculino
-feminino

alimentos - bebidas
-produtos comestíveis

bebidas - alcoólicas
- não alcoólicas

bebidas não alcool. –quentes


- frias

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