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6ª Edição
Americana
Lançamento 2007
ISBN: 9788521204060
Páginas: 1216
Formato: 21x28 cm
Peso: 2.948 kg
CONTEÚDO|VII
RESUMODO
CONTEÚDO
| |
PARTEI ESTRUTURADE PARTEIV VIASMETABÓLICASESEU
MACROMOLÉCULAS CONTROLE
1EstruturadaCélulaEucariótica,1
2DNAeRNA:ComposiçãoeEstrutura,23 14BioenergéticaeMetabolismoOxidativo,521
3ProteínasI:ComposiçãoeEstrutura,73 15MetabolismodeCarboidratosI:PrincipaisVias
MetabólicaseSeuControle,572
16MetabolismodeCarboidratosII:ViasEspeciais
eGlicoconjugados,626
|
PARTEII TRANSMISSÃODA 17MetabolismodeLipídeosI:Síntese,Armazena-
INFORMAÇÃO mentoeUtilizaçãodeácidosGraxoseTriacilgli-
ceróis,650
18 MetabolismodeLipídeosII:ViasdoMetabolis-
4Replicação,RecombinaçãoeReparodoDNA,132 modeLipídeosEspeciais,683
5RNA:TranscriçãoeProcessamento,172 19 Metabolismodeaminoácidos,725
6SíntesedeProteínas:TraduçãoeModificações 20 MetabolismodePurinaePirimidinaNucletíde-
Pós-Tradução,197 os,770
7DNARecombinanteeBiotecnologia,241 21 MetabolismodoHemeedoFerro,803
8RegulaçãodaExpressãoGênica,287 22 Inter-RelaçõesMetabólicas,829
|
PARTEV PROCESSOS
|
PARTEIII FUNÇÕES
DEPROTEÍNAS
FISIOLÓGICOS
APÊNDICEREVISÃODEQUÍMICA
ORGÂNICA,1094
GLOSSÁRIO,1107
ÍNDICE,1134
CONTEÚDO
PREFÁCIO,XXI BIBLIOGRAFIA,69
PREFÁCIOPARAAEDIÇÃOBRASILEIRA,XXIII QUESTÕESERESPOSTAS,70
AGRADECIMENTOS,XXV CORRELAÇÕESCLÍNICAS
TRADUTORECO-AUTORES,XXVII 2.1 VacinasdeDNA,25
2.2 UsoDiagnósticodeMatrizes(Ar-
rays)deDNAemMedicinaeGené-
|
PARTEI ESTRUTURADE
MACROMOLÉCULAS
tica,38
2.3 AntibióticosAntitumoraisqueMu-
damaFormadoDNA,42
2.4 PersistênciaHereditáriadeHemo-
1|ESTRUTURADACÉLULAEUCARIÓTICA,1 globinaFetal,45
2.5 TelomerasecomoAlvoparaAgen-
1.1 VISÃOGERAL:CÉLULASECOMPARTI- tesAnticâncer,46
MENTOSCELULARES,2 2.6 ExpansãodeTripletesdeDNAre-
1.2 ÁGUA,PHESOLUTOS:OAMBIENTE petitivosemDoençaHumana,48
AQUOSODASCÉLULAS,3 2.7 TopoisomerasesnoTratamentode
1.3 COMPOSIÇÃODECÉLULASEUCARIÓTI- Doença,52
CAS:PAPÉISFUNCIONAISDEORGANE- 2.8 ResistênciadeStaphylococcusà
LASSUBCELULARESESISTEMASDE Eritromicina,65
MEMBRANAS,11
1.4 INTEGRAÇÃOECONTROLEDASFUN-
ÇÕESCELURES,19
BIBLIOGRAFIA,20 |
3 PROTEÍNASI:COMPOSIÇÃOEESTRUTURA,
73
QUESTÕESERESPOSTAS,20
CORRELAÇÕESCLÍNICAS 3.1 PAPÉISFUNCIONAISDEPROTEÍNASNO
1.1 ConcentraçãoSangüíneadeBicar- HOMEM,74
bonatonaAcidoseMetabólica,10 3.2 COMPOSIÇÃOEMAMINOÁCIDOSDE
1.2 DoençasMitocondriais,15 PROTEÍNAS,75
1.3 EnzimasLisossomaiseGota,16 3.3 PROPRIEDADESDECARGASEQUÍMICAS
1.4 DeficiênciadeLipaseÁcida DEAMINOÁCIDOSEPROTEÍNAS,81
Lisossomal,18 3.4 ESTRUTURAPRIMÁRIADEPROTEÍNAS,88
1.5 DoençasdaBiogênesedePeroxis- 3.5 NÍVEISSUPERIORESDEORGANIZAÇÃO
somos(PBDs),19 PROTEÍCA,90
3.6 OUTROSTIPOSDEPROTEÍNAS,97
3.7 DOBRAMENTO(FOLDING)DEPROTEÍ-
|
2 DNAERNA:COMPOSIÇÃOEESTRUTURA,
23
NASDEESTRUTURASALEATÓRIAS
PARASINGULARES:ESTABILIDADEDA
PROTEÍNA,108
2.1 VISÃOGERAL,24 3.8 ASPECTOSDINÂMICOSDAESTRUTURA
2.2 COMPONENTESESTRUTURAISDOSÁCI- DEPROTEÍNAS,115
DOSNUCLÉICOS:NUCLEOBASES,NU- 3.9 CARACTERIZAÇÃO,PURIFICAÇÃOE
CLEOSÍDEOSENUCLEOTÍDEOS,26 DETERMINAÇÃODAESTRUTURAEOR-
2.3 ESTRUTURADODNA,28 GANIZAÇÃODEPROTEÍNAS,116
2.4 ORDEMSUPERIORDAESTRUTURADO BIBLIOGRAFIA,128
DNA,47 QUESTÕESERESPOSTAS,129
2.5 SEQÜÊNCIAEFUNÇÃODODNA,57 CORRELAÇÕESCLÍNICAS
2.6 ESTRUTURADORNA,61 3.1 ProteínasPlasmáticasnoDiagnósti-
2.7 TIPOSDERNA,64 codeDoenças,86
3.3 UmaMutaçãoNão-Conservativa
OcorreemAnemiaFalciforme,90 5.1 VISÃOGERAL,173
3.4 DoençasdesíntesedeColágeno,98 5.2 MECANISMOSDETRANSCRIÇÃO,173
3.5 Hiperlipidemias,103 5.3 TRANSCRIÇÃOEMEUCARIOTOS,178
3.6 Hipolipoproteinemias,105 5.4 PROCESSAMENTODERNA,184
3.7 HemoglobinaGlicosilada,HbA1c , 5.5 EXPORTAÇÃODORNAECONTROLEDE
108 QUALIDADE,191
3.8 ProteínasComoAgentesInfeccio- 5.6 RNAsPEQUENOSINIBITÓRIOS,192
sos:PríonseEncefalopatiasEspon- 5.7 REPARODODNAACOPLADOÀTRANS-
giformesTransmissíveisHumanas CRIÇÃO,192
(TSEs),110 5.8 NUCLEASESETURNOVERDORNA,193
3.9 UsodeAnálisedeAminoácidosem BIBLIOGRAFIA,194
DiagnósticodeDoenças,121 QUESTÕESERESPOSTAS,195
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
5.1 AntibióticoseToxinasQueTêm
|
PARTEII TRANSMISSÃODA
INFORMAÇÃO
RNAPolimeraseComoAlvo,176
5.2 SíndromedoXFrágil:UmaDoença
deRNA-Cromatina?,179
5.3 EnvolvimentodeFatoresTranscrip-
cionaisemCarcinogênese,182
|
4 REPLICAÇÃO,RECOMBINAÇÃOEREPARO
DODNA,132
5.4 TalassemiaDevidoaDefeitosna
SíntesedeRNAMensageiro,188
5.5 Auto-ImunidadeemDoença
4.1 CARACTERÍSTICASCOMUNSDAREPLI- doTecicoConjuntivo,189
CAÇÃO,RECOMBINAÇÃOEREPARO, 5.6 SíndromedeCockayne,193
133
4.2 REPLICAÇÃODODNA,133
4.3 RECOMBINAÇÃO,151
4.4 REPARO,156
|
6 SÍNTESEDEPROTEÍNAS:TRADUÇÃOE
MODIFICAÇÕESPÓS-TRADUÇÃO,197
|
7 DNARECOMBINANTEEBIOTECNOLOGIA,
241
7.10ModelosdeAnimaisTransgênicos,
277
7.11 CamundongosKnockoutpara
DefinirumPapelparao
7.1 VISÃOGERAL,242
PurinoceptorP2Y1,279
7.2 AREAÇÃODEPOLIMERASEEMCADEIA
7.12AnáliseporMicroarraydeCâncer
(POLYMERASECHAINREACTION),243 deMama,280
7.3 ENDONUCLEASESDERESTRIÇÃOE
MAPASDERESTRIÇÃO,243
8|REGULAÇÃODAEXPRESSÃOGÊNICA,287
7.4 SEQÜENCIAMENTODEDNA,245
7.5 DNARECOMBINANTEECLONAGEM,
248 8.1 VISÃOGERAL,288
7.6 SELEÇÃODEUMDNAESPECÍFICO 8.2 UNIDADEDETRANSCRIÇÃOEM
CLONADOEMBIBLIOTECAS,252 BACTÉRIAS:OOPERON,288
7.7 DETECÇÃOEIDENTIFICAÇÃODE 8.3 OPERONLACTOSEDEE.COLI,288
ÁCIDOSNUCLÉICOSEPROTEÍNASQUE 8.4 OPERONTRIPTOFANODEE.COLI,293
LIGAMDNA,254 8.5 OUTROSOPERONSBACTERIANOS,297
7.8 DNACOMPLEMENTAREBIBLIOTECAS 8.6 TRANSPOSONSBACTERIANOS,299
DEDNACOMPLEMENTAR,260 8.7 EXPRESSÃOGÊNICAEMEUCARIOTOS,
7.9 BACTERIÓFAGO,COSMÍDEOEVETORES 300
DECLONAGEMEMLEVEDURA,262 8.8 COMPLEXODEPRÉ-INICIAÇÃOEM
7.10 ANÁLISEDELONGASSEQÜÊNCIASDE EUCARIOTOS:FATORESDETRANSCRI-
DNA,265 ÇÃO,RNAPOLIMERASEIIEDNA,303
7.11 VETORESDEEXPRESSÃOEPROTEÍNAS 8.9 REGULAÇÃODAEXPRESSÃOGÊNICA
DEFUSÃO,265 EUCARIÓTICA,308
7.12 VETORESDEEXPRESSÃOEMCÉLULAS BIBLIOGRAFIA,312
EUCARIÓTICAS,267 QUESTÕESERESPOSTAS,312
7.13 MUTAGÊNESESÍTIO-DIRIGIDA,269 CORRELAÇÕESCLÍNICAS
7.14 APLICAÇÕESDATECNOLOGIADODNA 8.1 ResistênciaTransmissívelaMúltiplas
RECOMBINANTE,272 Drogas,300
7.15 GENÔMICA,PROTEÔMICAEANÁLISE 8.2 SíndromedeRubstein-Taybi,302
MICROARRAY,279 8.3 TamoxifenoeReceptorde
BIBLIOGRAFIA,283 EstrógenocomoAlvo,309
QUESTÕESERESPOSTAS,284 8.4 FatoresdeTranscriçãoeDoença
CORRELAÇÕESCLÍNICAS Cardiovascular,310
7.1 ReaçãodePolimeraseemCadeia
(PolymeraseChainReaction),245
PARTEIII|FUNÇÕESDEPROTEÍNAS CORRELAÇÕESCLÍNICAS
10.1 MutaçãodeumSítiodeLigaçãode
CoenzimaResultaemDoençaClínica,
371
|
9 PROTEÍNASII:RELAÇÕESESTRUTURA-
10.2 UmCasodeGotaDemonstraDuasFases
FUNÇÃOEMFAMÍLIASDEPROTEÍNAS, noMecanismodeAçãoEnzimática,382
315 10.3 EfeitoFisiológicodeMudançasnos
ValoresdeKmdeEnzimas,383
10.4 LabilidadeTérmicadaGlicose-6-
9.1 VISÃOGERAL,316 FosfatoDesidrogenaseResultaem
9.2 MOLÉCULASDEANTICORPOS: AnemiaHemolítica,386
SUPERFAMÍLIADEPROTEÍNAS 10.5 IsoenzimasdaÁlcoolDesidrogenase
IMUNOGLOBULINAS,316
comDiferentespHsÓtimos,386
9.3 PROTEÍNASCOMUMMECANISMO
10.6 InibidoresdeXantinaOxidaseIsolados
CATALÍTICOCOMUM:SERINO
dePlantas,388
PROTEASES,324
10.7 PlanejamentodeumInibidorSeletivo,
9.4 HEMOGLOBINAEMIOGLOBINA,334
390
9.5 OCOMPLEXOPROTÉICODALÂMINA
10.8 UmCasodeEnvenenamento,393
BASAL,347
10.9 CogumeloseMetabolismodeÁlcool,
BIBLIOGRAFIA,355
393
QUESTÕESERESPOSTAS,355
10.10UmCasodeGotaDemonstraaDife-
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
9.1 AsProteínasdoComplemento,319 rençaentreumSítioAlostéricoeum
9.2 FunçõesdeDiferentesClassesde SítiodeLigaçãodeSubstrato,394
Anticorpos,319 10.11IdentificaçãoeTratamentodeuma
9.3 Imunização,320 DeficiênciaEnzimática,400
9.4 FormaçãodeFibrinaemumInfartodo 10.12AmbigüidadenoEnsaiodeEnzimas
MiocárdioeUsodeAtivadorde Mutadas,401
PlasminogênioTecidualRecombinante
(rt-PA),326
9.5 EnvolvimentodeSerinoProteasesem
MetástasedeCélulasTumorais,326 |
11 CITOCROMOSP450EÓXIDONÍTRICO
SINTASES,407
9.6 Hemoglobinopatias,335
11.1 VISÃOGERAL,408
11.2 CITOCROMOSP450:PROPRIEDADESE
|
10 ENZIMAS:CLASSIFICAÇÃO,CINÉTICAE
CONTROLE,358
FUNÇÃO,408
11.3 CICLODEREAÇÃODOCITOCROMO
P450,409
10.1 VISÃOGERAL,359 11.4 SISTEMASDETRANSPORTEDE
10.2 CLASSIFICAÇÃODEENZIMAS,360 ELÉTRONSDOSCITOCROMOSP450,410
10.3 CONCEITOSGERAISDEMECANISMOS 11.5 CITOCROMOP450:NOMENCLATURAE
ENZIMÁTICOS,363 ISOFORMAS,412
10.4 SÍTIOATIVODEUMAENZIMA,368 11.6 CITOCROMOSP450:SUBSTRATOSE
10.5 COENZIMAS,CO-SUBSTRATOSE FUNÇÕESFISIOLÓGICAS,413
COFATORES,371 11.7 CITOCROMOSP450PARTICIPAMDE
10.6 CINÉTICADEREAÇÕESQUÍMICAS,376 SÍNTESEDEHORMÔNIOSESTERÓIDES
10.7 CINÉTICAENZIMÁTICADEREAÇÕESDE EDEOXIGENAÇÃODECOMPOSTOS
UMSUBSTRATO,379 ENDÓGENOS,414
10.8 CINÉTICADEREAÇÕESDEDOIS 11.8 INDUÇÃOEINIBIÇÃODECITOCROMO
SUBSTRATOS,387 P450,423
10.9 INIBIDORES,388 11.9 ASÓXIDONÍTRICOSINTASES:
10.10REGULAÇÃODEATIVIDADEENZIMÁ- PROPRIEDADESEFUNÇÃO,425
TICA,394 11.10ISOFORMASDEÓXIDONÍTRICO
10.11REGULAÇÃODEVIASMETABÓLICAS, SINTASESEFUNÇÕESFISIOLÓGICAS
398 428
10.12APLICAÇÕESCLÍNICASDEENZIMAS,399 BIBLIOGRAFIA,432
BIBLIOGRAFIA,404 QUESTÕESERESPOSTAS,434
QUESTÕESERESPOSTAS,404
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
11.1HiperplasiaAdrenalCongênita:
DeficiênciadeCYP21A2,416
|
13 FUNDAMENTOSDATRANSDUÇÃODE
SINAL,483
|
12 MEMBRANASBIOLÓGICAS:ESTRUTURAE
TRANSPORTEEMMEMBRANAS,436
13.12TRANSDUÇÃODESINALBASEADAEM
FOSFOLIPÍDEOS,514
BIBLIOGRAFIA,517
12.1 VISÃOGERAL,437 QUESTÕESERESPOSTAS,518
12.2 COMPOSIÇÃOQUÍMICADE CORRELAÇÕESCLÍNICAS
MEMBRANAS,438 13.1FamíliadeReceptoresTirosina
12.3 MICELAS,BICAMADASLIPÍDICASE QuinasesErbB/HERcomoAlvos
LIPOSSOMOS,445 paraQuimioterapiadoCâncer,498
12.4 ESTRUTURADEMEMBRANAS 13.2ReceptoresdeQuimiocinas
BIOLÓGICAS,447 AcopladosaProteínaGcomoAlvos
12.5 MOVIMENTODEMOLÉCULASATRAVÉS paraoVírusdaImunodeficiência
DEMEMBRANAS,456 Humana(HIV),502
12.6 CANAISDEMEMBRANAS,458 13.3MutaçõesemProteínaGGsαem
12.7 TRANSPORTADORESDEMEMBRANA, TumoresdeGlândulaPituitáriae
466 DoençasEndócrinas,504
12.8 TRANSPORTEPASSIVO,468 13.4AlteraçõesemProteínas
12.9 TRANSPORTEATIVO,469 SinalizadorasdeReceptorβ-
12.10IONÓFOROS,478 AdrenérgicoemInsuficiência
BIBLIOGRAFIA,479 CardíacaCongestiva,507
QUESTÕESERESPOSTAS,480 13.5EixosSinalizadoresÓxidoNítrico/
CORRELAÇÕESCLÍNICAS cGMPcomoAlvosTerapêuticosem
12.1LipossomoscomoCarregadoresde DoençasCardíacaseVasculares,511
DrogaseEnzimas,447
12.2AnomaliasnaFluidezde
MembranasCelularesemDoenças,
454
12.3FibroseCísticaeoCanaldeCl –,460
12.4ORimdeMamíferose
Aquaporinas,462
12.5DoençasEnvolvendoaSuperfamília
deTransportadoresABC,475
12.6DoençasqueseDevemàPerdade
SistemasdeTransportede
Membranas,476
|
PARTEIV VIASMETABÓLICASESEU 15.6 GLICOGENÓLISEEGLICOGÊNESE,609
BIBLIOGRAFIA,623
CONTROLE QUESTÕESERESPOSTAS,623
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
15.1 ÁlcooleBarbituratos,584
|
14 BIOENERGÉTICAEMETABOLISMO
OXIDATIVO,521
15.2 EnvenenamentoporArsênico,585
15.3 IntolerânciaàFrutose,587
15.4 DiabetesMellitus,589
14.1 SISTEMASDEPRODUÇÃOEDE 15.5 AcidoseLáctica,591
UTILIZAÇÃODEENERGIA,522 15.6 “Picles”dePorcoeHipertermia
14.2 RELAÇÕESTERMODINÂMICASE Maligna,592
COMPONENTESRICOSEMENERGIA,524 15.7 AnginaPectoriseInfartodo
14.3 FONTESEDESTINOSDAACETIL- Miocárdio,593
COENZIMAA,529 15.8 DeficiênciadePiruvatoQuinasee
14.4 CICLODOSÁCIDOSTRICARBOXÍLICOS, AnemiaHemolítica,598
534 15.9 HipoglicemiaeCriançasPrematu-
14.5 ESTRUTURAECOMPARTIMENTALI- ras,599
ZAÇÃOPORMEMBRANASMITOCON- 15.10 HipoglicemiaeIntoxicação
DRIAIS,540 Alcoólica,608
14.6 CADEIADETRANSPORTEDEELÉTRONS, 15.11 DoençasdeArmazenamentode
542 Glicogênio, 612
14.7 FOSFORILAÇÃOOXIDATIVA,553
14.8 MEMBRANAMITOCONDRIALINTERNA
|
CONTÉMSISTEMASDETRANSPORTEDE 16 METABOLISMODECARBOIDRATOSII:
SUBSTRATO559 VIASESPECIAISEGLICOCONJUGADOS,
14.9 GENESMITOCONDRIAISEDOENÇAS, 626
563
14.10ESPÉCIESREATIVASDEOXIGÊNIO(ROS), 16.1 VISÃOGERAL,627
565 16.2 VIADASPENTOSESFOSFATO,627
BIBLIOGRAFIA,568 16.3 INTERCONVERSÕESDEAÇÚCARES
QUESTÕESERESPOSTAS,569 EFORMAÇÃODENUCLEOTÍDEO-
CORRELAÇÕESCLÍNICAS AÇÚCAR,631
14.1DeficiênciadePiruvato 16.4 BIOSSÍNTESEDECARBOIDRATOS
Desidrogenase,533 COMPLEXOS,637
14.2DeficiênciadeFumarase,537 16.5 GLICOPROTEÍNAS,638
14.3EnvenenamentoporCianeto,552 16.6 PROTEOGLICANOS,642
14.4NeuropatiaÓpticaHereditáriade BIBLIOGRAFIA,647
Leber,564 QUESTÕESERESPOSTAS,647
14.5MiopatiasMitocondriaisDevidoa CORRELAÇÕESCLÍNICAS
MutaçõesemGenesdetRNA,564 16.1 Glicose6-FosfatoDesidrogenase:
14.6IntolerânciaaExercício DeficiênciaGenéticaoupresença
emPacientescomMutaçõesno deVariantesGenéticasem
Citocromob,565 Eritrócitos,629
14.7LesãoporIsquemia/Reperfusão, 16.2 SíndromedeWernicke-Korsakoff:
567 DeficiênciaouPresençadeVarian-
tesGenéticosdeTranscetolase,
629
|
15 METABOLISMODECARBOIDRATOSI: 16.3 SíndromesdeGlicoproteínas
PRINCIPAISVIASMETABÓLICASESEU DeficientesemCarboidratos
CONTROLE,572 (CDGS),632
16.4 FrutosúriaEssencialeIntolerância
àFrutose:DeficiênciadeFrutoqui-
15.1 VISÃOGERAL,573 naseedeFrutose1-FosfatoAldo-
15.2 GLICÓLISE,574 lase,633
15.3 VIAGLICOLÍTICA,577 16.5 Galactosemia:Incapacidadede
15.4 REGULAÇÃODAGLICÓLISE,584 TransformarGalactoseemGlicose,
15.5GLUCONEOGÊNESE,597 634
|
16.6 Pentosúria:DeficiênciadeXilitol 18 METABOLISMODELIPÍDEOSII:VIASDO
Desidrogenase,635 METABOLISMODELIPÍDEOSESPECIAIS,
16.7 ÁcidoGlucurônico:Significado 683
FisiológicodaFormaçãode
Glucuronídeos,635
18.1 VISÃOGERAL,684
16.8 SubstânciasdosGruposSangüí-
18.2 FOSFOLIPÍDEOS,684
neos,638
18.3 COLESTEROL,694
16.9 CarboidratoMarcadorComumdo
18.4 ESFINGOLIPÍDEOS,706
DirecionamentoLisossomale
18.5 PROSTAGLANDINASETROMBOXANES,
DoençadaCélulaI,640
714
16.10Aspartilglicosilaminúria:Ausência
18.6 LIPOXIGENASEEÁCIDOS
de4-L-AspartilglicosaminaAmido-
OXIEICOSATETRAENÓICOS,718
hidrolase,641
BIBLIOGRAFIA,721
16.11 DoençasdeGlicolipídeos,642
QUESTÕESERESPOSTAS,722
16.12HeparinaéumAnticoagulante,
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
643
18.1SíndromedoDesconforto
16.13CondrodistrofiasDevidasa
Respiratório,687
DefeitosdeSulfatação,645
18.2TratamentodaHipercolesterolemia,
16.14Mucopolissacaridoses,646
703
18.3Aterosclerose,704
|
18.4DiagnósticodaDoençadeGaucher
17 METABOLISMODELIPÍDEOSI:SÍNTESE,
emumAdulto,713
ARMAZENAMENTOEUTILIZAÇÃODE
ÁCIDOSGRAXOSETRIACILGLICERÓIS,650 19|METABOLISMODEAMINOÁCIDOS,725
17.1 VISÃOGERAL,651
17.2 NATUREZAQUÍMICADEÁCIDOS 19.1 VISÃOGERAL,726
GRAXOSEACILGLICERÓIS,652 19.2 INCORPORAÇÃODENITROGÊNIOEM
17.3 TRANSPORTEINTERÓRGÃOSDEÁCIDOS AMINOÁCIDOS,727
19.3 TRANSPORTEDENITROGÊNIOPARA
GRAXOSESEUSPRODUTOSPRIMÁRIOS,
FÍGADOERIM,732
656
19.4 CICLODAURÉIA,733
17.4 SÍNTESEDEÁCIDOSGRAXOS:
19.5 SÍNTESEEDEGRADAÇÃODE
LIPOGÊNESE,657 AMINOÁCIDOSINDIVIDUAIS,736
17.5 ARMAZENAMENTODEÁCIDOSGRAXOS BIBLIOGRAFIA,766
COMOTRIACILGLICERÓIS,665 QUESTÕESERESPOSTAS,767
17.6 UTILIZAÇÃODEÁCIDOSGRAXOSPARA CORRELAÇÕESCLÍNICAS
PRODUÇÃODEENERGIA,667 19.1 DeficiênciasdeCarbamoilFosfato
17.7 REGULAÇÃODOMETABOLISMODE SintetaseeN-Acetilglutamato
LIPÍDEOS,679 Sintetase,736
BIBLIOGRAFIA,680 19.2 DeficiênciasdeEnzimasdoCiclo
QUESTÕESERESPOSTAS,681 daUréia,738
CORRELAÇÕESCLÍNICAS 19.3 DoençasdoMetabolismode
17.1Obesidade,654 Prolina,739
17.2PapeldoMetabolismodeÁcidos 19.4 Selenoproteínas,740
GraxosemDiabetesTipo2,655 19.5 HiperglicinemiaNão-Cetótica,741
17.3CicloTriacilglicerol/ÁcidoGraxo, 19.6 DeficiênciadeÁcidoFólico,743
668 19.7 Fenilcetonúria,745
17.4DeficiênciasGenéticasno 19.8 DoençasdoMetabolismode
TransporteporCarnitinaouna Tirosina,747
CarnitinaPalmitoilTransferase,670 19.9 MaldeParkinson,748
19.10Hiper-homocisteinemiae
17.5DeficiênciasGenéticasdasAcil-CoA
Aterogênese,751
Desidrogenases,672
19.11DoençasdeAminoácidos
17.6DoençadeRefsum,675
queContêmEnxofre,752
17.7CorposCetônicoscomoCombustí- 19.12AcidúriaGlutárica,756
veis:ADietaAtkins,677 19.13EsquizofreniaeOutrasDoenças
AssociadasaNeurotransmissores
DerivadosdeTriptofano,757
19.15DoençasdoMetabolismode
PropionatoeMetilmalonato,760 21.1 METABOLISMODOFERRO:VISÃO
19.16DoençasEnvolvendoLisinae GERAL,804
Ornitina,762 21.2 PROTEÍNASQUECONTÊMFERRO,804
19.17Histidinemia,762 21.3 ABSORÇÃOINTESTINALDEFERRO,807
19.18DoençasdoMetabolismode 21.4 REGULAÇÃOMOLECULARDA
Folato,764 UTILIZAÇÃODEFERRO,808
21.5 DISTRIBUIÇÃOECINÉTICADOFERRO,
811
21.6 BIOSSÍNTESEDEHEME,813
|
20 METABOLISMODEPURINAEPIRIMIDINA
NUCLEOTÍDEOS,770
21.7 CATABOLISMODEHEME,821
BIBLIOGRAFIA,826
QUESTÕESERESPOSTAS,827
20.1 VISÃOGERAL,771 CORRELAÇÕESCLÍNICAS
20.2 FUNÇÕESMETABÓLICASDOS 21.1 SobrecargadeFerroeInfecção,
NUCLEOTÍDEOS,771 805
20.3 METABOLISMODEPURINA 21.2 PatogenicidadeMicrobianae
NUCLEOTÍDEOS,772 Ferro,805
20.4 METABOLISMODEPIRIMIDINA 21.3 SíntesedoGrupoFerro-Enxofree
NUCLEOTÍDEOS,783 DoençaHumana,807
20.5 FORMAÇÃODEDESOXIRRIBONUCLEO- 21.4 AtaxiadeFriedreich,807
TÍDEOS,786 21.5 AbsorçãoDuodenaldeFerro,809
20.6 NUCLEOSÍDEOENUCLEOTÍDEO 21.6 ElementosdeRespostaaoFerro
QUINASES,789 Mutante,811
20.7 ENZIMASQUEMETABOLIZAM 21.7 DeficiênciadeCeruloplasmina,812
NUCLEOTÍDEOSCOMUMAFUNÇÃO 21.8 AnemiaporDeficiênciadeFerro,
EMCICLOCELULARETAXADEDIVISÃO 812
CELULAR,790 21.9 HemocromatoseTipoI:Genética
20.8 SÍNTESEDECOENZIMASNUCLEOTÍDEOS, MoleculareaQuestãodasDietas
791 EnriquecidasemFerro,814
20.9 SÍNTESEEUTILIZAÇÃODE5-FOSFOR- 21.10HemocromatoseTipoIII,814
RIBOSIL-1-PIROFOSFATO,791 21.11PorfiriaIntermitenteAguda,817
20.10AGENTESQUIMIOTERÁPICOSQUE 21.12PapelCitoprotetordeHeme
INTERFEREMCOMMETABOLISMODE Oxigenase,822
PURINAEPIRIMIDINANUCLEOTÍDEOS, 21.13HemóliseIsoimuneNeonatal,824
793 21.14DeficiênciadeBilirrubinaUDP-
BIBLIOGRAFIA,799 Glucuronosiltransferase,824
QUESTÕESERESPOSTAS,800 21.15ElevaçãodeBilirrubinaConjugada
CORRELAÇÕESCLÍNICAS noSoro,825
20.1Gota,777
20.2SíndromedeLesch-Nyhan,779
20.3AtividadeAumentadada5’- 22|INTER-RELAÇÕESMETABÓLICAS,829
NucleotidaseCitosólica,781
20.4DoençascomImunodeficiências 22.1 VISÃOGERAL,830
AssociadascomDefeitosna 22.2 CICLOJEJUM-ALIMENTAÇÃO,830
DegradaçãodePurinaNucleo- 22.3 MECANISMOSENVOLVIDOSNA
sídeos,782 MUDANÇADOMETABOLISMOHEPÁ-
20.5PacientescomCâncerem TICOENTREOSESTADOSBEM-
TratamentoporRadiaçõesou ALIMENTADOEDEJEJUM,843
Quimioterapia,783 22.4 INTER-RELAÇÕESMETABÓLICASDE
20.6SubclassesdePacientescom TECIDOSEMVÁRIOSESTADOS
Autismo,783 NUTRICIONAISEHORMONAIS,852
20.7AcidúriaOróticaHereditária,785 BIBLIOGRAFIA,866
QUESTÕESERESPOSTAS,868
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
22.1 Obesidade,831
22.2 SubnutriçãoProtéica,832
|
24 BIOLOGIAMOLECULARDASCÉLULAS,
925
22.3 Jejum,833
22.4 SíndromedeReye,837 24.1 VISÃOGERAL,926
22.5 ComaHiperglicêmico, 24.2 TECIDONERVOSO:METABOLISMOE
Hiperosmolar,841 FUNÇÃO,926
22.6 HiperglicemiaeGlicaçãode 24.3 OLHO:METABOLISMOEVISÃO,938
Proteínas,841 24.4 MOTORESMOLECULARESEPROTEÍNAS
22.7 DiabetesMellitusTipo2,855 ASSOCIADAS,952
22.8 DiabetesMellitusTipo1,857 24.5 MECANISMODACOAGULAÇÃODO
22.9 ViadoPolioleComplicaçõesdo SANGUE,967
Diabetes,857 BIBLIOGRAFIA,983
22.10CaquexiadoCâncer,858 QUESTÕESERESPOSTAS,984
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
|
24.1 SíndromeMiastênicadeLambert-
PARTEV PROCESSOS Eaton,933
FISIOLÓGICOS 24.2 MiasteniaGravis:UmaDoença
Neuromuscular,935
24.3 DegeneraçãodaMáculaePerda
23|BIOQUÍMICADEHORMÔNIOS,870 deVisão,942
24.4 DoençadeNiemann-Picke
RetinitePigmentosa,942
23.1 VISÃOGERAL,871
23.2 HORMÔNIOSEOSISTEMADECASCATA 24.5 RetinitePigmentosaporMutação
HORMONAL,872 doGenedaPeriferina,944
23.3 SÍNTESEDEHORMÔNIOS 24.6 AmauroseCongênitadeLeber:
POLIPEPTÍDICOSEHORMÔNIOSDERI- DistrofiadaRetinaLevandoa
VADOSDEAMINOÁCIDOS,875 Cegueira,949
23.4 PROTEÍNASDESINALIZAÇÃO 24.7 GlicaçãoeEstruturaeFunçãode
HORMONAL,883 Miosina,956
23.5 RECEPTORESDEHORMÔNIOSDE 24.8 CardiomiopatiasHipertróficas
MEMBRANA,891 FamiliareseMutaçõesem
23.6 CASCATAHORMONALINTRACELULAR: ProteínasMusculares,957
PROTEÍNASQUINASES,894 24.9 CardiomiopatiaDilatadae
23.7 HORMÔNIOSESTERÓIDES,902 MutaçõesemActina,958
23.8 RECEPTORESDEHORMÔNIOS 24.10 SubunidadesdaTroponinacomo
ESTERÓIDES,914 MarcadoresdeInfartodo
BIBLIOGRAFIA,921 Miocárdio,961
QUESTÕESERESPOSTAS,922 24.11 CanelopatiasdeÍonsVoltagem-
CORRELAÇÕESCLÍNICAS Dependentes,962
23.1TestandoaAtividadedaPituitária 24.12 CanaisIônicoseDoençado
Anterior,875 MúsculoCardíaco,962
23.2Hipopituitarismo,879 24.13 MutaçõesAfetandoPigmentação:
23.3AtividadeReduzidadoReceptor ExisteumaConexãocomMotor
deInsulinaQuinasenoDiabetes Molecular?,965
MellitusGestacional,897 24.14 DefeitosdaViaIntrínseca:
23.4ContracepçãoOral,913 DeficiênciadePré-calicreína,970
23.5SíndromedoExcessoAparentede 24.15 HemofiliaClássica,974
Mineralocorticóide,917 24.16 UsodeFatorVIIaRecombinante
23.6MutaçãonoReceptorde paraControlarSangramento,975
MineralocorticóideResultaem 24.17 Trombose:DefeitosnaViada
HipertensãoeToxemiadaGravidez, ProteínaCeNíveisAumentados
919 deFatoresdaCoagulação,979
|
25 CICLOCELULAR,MORTECELULAR
PROGRAMADAECÂNCER,987 |
27 PRINCÍPIODENUTRIÇÃOI:
MACRONUTRIENTES,1043
|
26 DIGESTÃOEABSORÇÃODE CORRELAÇÕESCLÍNICAS
CONSTITUINTESNUTRICIONAISBÁSICOS, 27.1DietasVegetarianaseNecessidades
1009 Protéico-EnergéticasparaCrianças,
1047
27.2IngestãodeProteínasnaDietae
26.1 VISÃOGERAL,1010
DoençaRenal,1048
26.2 CONSIDERAÇÕESGERAIS,1012
27.3OferecendoProteínaseCalorias
26.3 TRANSPORTEEPITELIAL,1016
AdequadasaPacientesHospitali-
26.4 DIGESTÃOEABSORÇÃODEPROTEÍNAS,
zados,1049
1024
27.4CargadeCarboidratoseResistência
26.5 DIGESTÃOEABSORÇÃODE
Atlética,1052
CARBOIDRATOS,1028
27.5DietasRicasemCarboidratosVersus
26.6 DIGESTÃOEABSORÇÃODELIPÍDEOS,
DietasRicasemGorduraspara
1031
Diabéticos,1053
26.7 METABOLISMODEÁCIDOSBILIARES,
27.6ÁcidosGraxosPoliinsaturadose
1037
FatoresdeRiscoparaDoença
BIBLIOGRAFIA,1040
Cardíaca,1055
QUESTÕESERESPOSTAS,1040
27.7AdaptaçãoMetabólica:
CORRELAÇÕESCLÍNICAS
RelaçãoentreIngestãodeCarboi-
26.1CloridorréiaFamiliarCausaAlcalose
dratoseTriacilgliceróisnoSoro,
Metabólica,1017
1059
26.2FibroseCística,1020
26.3DiarréiasToxigênicasBacterianase
TerapiadeReposiçãodeEletrólitos,
1021
26.4AminoacidúriaNeutra:Doençade |
28 PRINCÍPIODENUTRIÇÃOII:
MICRONUTRIENTES,1063
Hartnup,1026
26.5DeficiênciadeDissacaridases,1030 28.1 VISÃOGERAL,1064
26.6IntervençõesFarmacológicaspara 28.2 AVALIAÇÃODEMÁNUTRIÇÃO,1064
EvitarAbsorçãodeGordurae 28.3 INGESTÃODIETÉTICASDEREFERÊNCIAS,
Obesidade,1033 1064
26.7CálculosdeColesterol,1036 28.4 VITAMINASLIPOSSOLÚVEIS,1066
26.8A-β-Lipoproteinemia,1038 28.5 VITAMINASHIDROSSOLÚVEIS,1073
28.6 VITAMINASHIDROSSOLÚVEIS
LIBERADORASDEENERGIA,1074
28.7 VITAMINASHIDROSSOLÚVEIS
HEMATOPOIÉTICAS,1079
28.8 OUTRASVITAMINASHIDROSSOLÚVEIS,
1082
28.9 MACROMINERAIS,1084
28.10MINERAISTRAÇOS,1084
28.11DIETAAMERICANA:FATOEFALÁCIA, 28.5ConsideraçõesNutricionaisem
1087 Alcoólatras,1076
28.12AVALIAÇÃODOESTADONUTRICIONAL 28.6NecessidadesdeVitaminaB6em
NAPRÁTICACLÍNICA,1087 UsuáriosdeContraceptivosOrais,
BIBLIOGRAFIA,1089 1078
QUESTÕESERESPOSTAS,1091 28.7PolimorfirmosGenéticose
CORRELAÇÕESCLÍNICAS NecessidadesdeÁcidoFólico,1081
28.1ConsideraçõesNutricionaisna 28.8DietaeOsteoporose,1085
FibroseCística,1068 28.9NecessidadesNutricionaisde
28.2OsteodistrofiaRenal,1069 Idosos,1089
28.3ConsideraçõesNutricionaisem
Recém-Nascidos,1073 APÊNDICE
28.4DrogasAnticonvulsivantese REVISÃODEQUÍMICAORGÂNICA,1094
NecessidadesVitamínicas,1074 GLOSSÁRIO,1107
ÍNDICE,1134
PARTE1ESTRUTURASDEMACROMOLÉCULAS
1
�–
H H
�+
104.5o �+
ESTRUTURADACÉLULA
EUCARIÓTICA
ThomasM.Devlin
Cromatina
ER
Ribossomos
livres Vacúolo
M Retículo
endoplasmático
ER Mitocôndria
Membrananuclear
Centríolos
Núcleo
BioQ.01 11 Complexo 22.01.07 16:09:57
CAPÍTULO1ESTRUTURADACÉLULAEUCARIÓTICA|15
CORRELAÇÃOCLÍNICA1.2
DoençasMitocondriais
Aprimeiradoença(doençadeLuft)envolvendoes- tiaÓpticaHereditáriadeLeber,quelevaaceguei-
pecificamentetransduçãodeenergiamitocondrial rasúbitanoiníciodaidadeadulta.Muitasdoenças
foirelatadaem1962.Umapacientede30anosde mitocondriaisenvolvemmúsculoesqueléticoesis-
idade apresentava fraqueza generalizada, transpi- temanervosocentral.LesõesnoDNAmitocondrial
ração excessiva, alta ingesta calórica sem ganho podemocorrer,devidoaradicaislivres(superóxi-
depesoetaxademetabolismobasalmuitoelevada dos) formados nas mitocôndrias. Anomalias nas
(umamedidadautilizaçãodeoxigênio).Elatinha mitocôndriastêmsidoimplicadasnapatofisiologia
umdefeitonomecanismoquecontrolaautilização de esquisofrenia, doença bipolar e doenças dege-
de oxigênio pela mitocôndria (ver Capítulo 14). nerativas relacionadas com idade, como a doença
Desde então, várias centenas de anomalias gené- deParkinson,deAlzheimerecardiomiopatias.Re-
ticas foram identificadas que levam a alterações centemente,sugeriu-sequeumaúnicamutaçãoem
em enzimas, ácidos ribonucléicos, componentes um tRNA mitocondrial levaria a uma constelação
dotransportedeelétronsesistemasdetransporte desintomas,incluindohipertensão,colesterolele-
demembranasmitocondriais.MutaçõesnomtDNA vadonosangueeníveisbaixosdeMg 2+noplasma.
bemcomonoDNAnuclearlevamadoençasgené- VerasseguintesCorrelaçõesClínicasparadetalhes
ticasmitocondriais.Aprimeiradoençaidentificada dedoençasmitocondriais:6.5,p.217;14.4,p.564;
quesedeveaumamutaçãonomtDNAfoiNeuropa- 14.5,p.564;14.6,p.565;e14.7,p.567.
Fonte:Luft,R.Thedevelopmentofmitochondrialmedicine.Proc.Natl.Acad.Sci.USA91:8731,1994;Chalmers,
R.M.eSchapira,A.H.V.Clinical,biochemicalandmoleculargeneticfeaturesofLeber’shereditaryopticneuropathy.
Biochim.Biophys.Acta1410:147,1999;Wallace,D.C.MitochondrialDNAinaginganddisease.Sci.Am.280:40,1997;
eWallace,D.C.Mitochondrialdiseasesinmanandmouse.Science283:1482,1999.
CORRELAÇÃOCLÍNICA1.5
DoençasdeBiogênesedePeroxissomos(PBDs)
Fonte:Wanders,R.J.,Schutgens,R.B.,eBarth,P.G.Peroxissomaldisorders:Areview.J.Neuropathol.Exp.Neu-
rol.54:726,1995;FitzPatrick,D.R.,Zellwegersyndromeandassociatedphenotypes.J.Med.Genet.33:863,1996;e
Warren,D.S.,Wolfe,B.D.eGould,S.J.Phenotype-genotyperelationshipsinPEX10-deficientperoxisomebiogenesis
disorderpatients.Hum.Mutat.15:509,2000.
|
1.4 INTEGRAÇÃOECON- celular em células normais só ocorre quando os pro-
cessos necessários à divisão celular são ativados (ver
TROLEDASFUNÇÕES p. 989). Então, e somente então, ocorre uma série de
CELULARES reaçõesordenadaseintegradas,culminandonadivisão
deumacélulaemduascélulasfilhas.Umprocessofas-
cinante é apoptose, morte celular programada, tam-
Umacélulaeucarióticaéumaestruturacomplexaque bém chamada suicídio celular (ver p. 993). Esse pro-
mantém um ambiente intracelular que permite que cesso cuidadosamente regulado ocorre em células de
muitas reações complexas e funções ocorram com a todosostecidosdemamíferos,masetapasindividuais
máximaeficiênciapossível.Célulasdeorganismosmul- doprocessovariamdetecidoparatecido.Muitasdoen-
ticelularestambémparticipamdamanutençãodobem- çasdevem-seaerroemmecanismosespecíficosdecon-
estardetodooorganismo,exercendoinfluênciasumas trole. À medida que alguém amplia sua compreensão
sobreasoutrasparamanterequilíbrioentreatividades dacomplexidadedecélulasbiológicas,essealguémfica
tissulares e celulares. Processos intracelulares e vias admirado de que não ocorram muito mais erros e de
metabólicas são muito bem controlados e integrados quenãoexistammuitomaisindivíduoscomcondições
para conseguir esse equilíbrio. Pouquíssimas funções anormais.Assim,àmedidaqueprosseguimosparaoes-
operam de modo totalmente independente; mudanças tudodecomponentesquímicosseparadoseatividades
emumafunçãopodemexercerumainfluência,positiva decélulasemcapítulossubseqüentes,éimportantenão
ounegativa,sobreoutrasfunções.Comoserádescrito esquecerasatividadesconcomitantesevizinhas,limi-
aolongodestelivro,controlesdefunçãosãomediados tações e influência do ambiente. Só conciliando todas
emmuitosníveis,desdeaexpressãodeumgenepara asparteseatividadesdeumacélula–istoé,montando
alteraraconcentraçãodeumaenzimaouproteínaefe- oquebra-cabeça–équeapreciaremosamaravilhadas
tora, até mudanças em níveis de substrato ou coenzi- célulasvivas.
maparaajustaravelocidadedeumareaçãoenzimática
específica.Aintegraçãodemuitosprocessoscelulares
écontroladaporproteínasquefuncionamcomoativa-
dores ou inibidores, que mantêm homeostase celular.
Muitosprocessoscelularessãoprogramadosparaocor-
rerem em condições específicas; por exemplo, divisão
PARTE1ESTRUTURASDEMACROMOLÉCULAS
2
DNAERNA:COMPOSIÇÃO
EESTRUTURA
StephenA.WoskieFrancisJ.Schmidt
CORRELAÇÃOCLÍNICA2.3
AntibióticosAntitumoraisqueMudamaFormadoDNA
A estrutura local tridimensional do DNA é impor- citotoxicidade da cisplatina é um processo compli-
tante em interações com proteínas envolvidas em cadomediadoporinteraçõesespecíficascomessas
reparo, transcrição, recombinação e condensação proteínas. Processos celulares como transcrição e
dacromatina.Foipropostoqueantibióticospossam apoptose são afetados e os complexos aducto-pro-
induzirformaçãodeestruturasdeDNAquepodem teína provavelmente interferem com transcrição.
recrutaressasproteínascomresultadoscitotóxicos. ProteínasNERsãorecrutadaspararepararalesão,
O exemplo melhor estudado é a droga antitumoral masreparoporexcisãoestásujeitoaintroduzirque-
cisplatina, um complexo tetracoordenado de plati- brasdefitanoDNA.Acúmulodessasquebrasindu-
na [cis-Pt(NH2)2CL2]. Cisplatina é usada sozinha zirá,finalmente,apoptose,quandooDNAsetornar
ouemcombinaçãocomoutrosagentesantitumorais danificado demais para funcionar. Mecanismos se-
para tratar uma variedade de tumores, incluindo melhantesforampropostoscomoresponsáveispela
câncertesticular,ovariano,ósseoepulmonar.For- citotoxicidadedeoutrasdrogasqueligamaoDNA,
ma ligações cruzadas inter- e intra-fitas em DNA comoditercalinium,umamoléculabifuncionalque
dupla-fitacomoúltimoaductocompreendendo90% forma aductos não-covalentes com DNA que tam-
daslesõesdoDNA.Essasligaçõessurgemdodeslo- bémficafortementedobrado.Acredita-sequecito-
camentodecloretosligadosàplatinaporátomosN7 toxicidadesurjadainduçãodaviadereparoaborti-
deduasguaninasvizinhas.Estudosestruturais de vo,quelevaaquebrasdafitadeDNA.Interaçõesdo
DNAcomaductofazendoligaçãocruzadaintra-fita aductocisplatina-DNAcomproteínasHMGtambém
mostraqueaduplahéliceéfortementedobradaem podem contribuir para sua citotoxicidade. Ligação
direçãoàfendamaior. de proteínas HMG pode sinalizar incorretamente
EstruturasdobradasdeaductosDNA-cisplatina que a região danificada do DNA é transcripcional-
sãoreconhecidasespecificamenteporváriasproteí- mente ativa e impedir condensação em estruturas
nasqueseligamaoDNA,taiscomoproteínasdore- de cromatina enovelada. Esses complexos também
paroporexcisãodenucleotídeos(NER)eproteínas perpetuamalesão,porquebloqueiamoaductoDNA-
não-histonasqueseligamaoDNAcomoHMG-1.A cisplatinaimpedindoreparo.
��
��� ���
Fonte:Zamble,D.B.eLippard,S.J.Theresponseofcellularproteinstocisplatin-damagedDNA.In:B.Lippert
(Ed.)Cisplatin:ChemistryandBiochemistryofaLeadingAnticancerDrug.NewYork:Wiley-VCH,1999,pp.73-
134;eLambert,B.,Segal-Bendirjian,E.,Esnault,C.,LePecq,J.-B.,Roques,B.P.,Jones,B.eYeunf,A.T.Recognition
bytheDNArepairsystemofDNAstructuralalterationsinducedbyreversibledrug-DNAinteractions.Anti-Cancer
DrugDes.5:43,1990.
mente300pbdecomprimentoesãorepetidasmaisde
500.000vezes.Asestruturasdasrepetiçõesdispersas
2.6|ESTRUTURADORNA
curtas, incluindo família Alu, são remanescentes de
transposons.
Aproximadamente1-15%doDNAgenômicoeucari- RNAéumPolímerode
óticoconsistedeseqüênciastipicamentemenoresdo Ribonucleosídeo5’-Monofosfatos
que 20 nucleotídeos reiteradas milhares ou milhões
de vezes. A maioria das seqüências altamente reite- RNA é um polímero linear de ribosídeos monofosfatos.
radas tem uma composição em bases característica, AsbasespúricasdoRNAsãoadeninaeguanina;aspiri-
eelaspodemserisoladasfragmentando-seoDNAem mídicassãocitosinaeuracil.Excetoporuracil,quesubs-
segmentosdealgumascentenasdenucleotídeosese- tituitimina,sãoasmesmasbasesencontradasnoDNA.
parando-se os fragmentos por centrifugação em gra- Nucleotídeos de A, C, G e U são incorporados no RNA
dientededensidade.Essesfragmentossãochamados durantetranscrição.MuitosRNAstambémcontêmnu-
DNA satélite, porque aparecem como satélites das cleotídeosmodificados,quesãoproduzidosporproces-
bandasquecontêmamaiorpartedoDNAapóscentri- samento. Nucleotídeos modificados são especialmente
fugação.Outrasseqüênciasaltamentereiteradas,que característicosdeespéciesdeRNAsestáveis(i.é,tRNA
nãopodemserisoladasporcentrifugação,podemser e rRNA); contudo, alguns nucleotídeos metilados estão
identificadas por sua propriedade de rápido reanela- tambémpresentesemmRNAeucariótico.Nasuamaior
mento.EssesDNAsaltamentereiteradossãotambém parte, nucleotídeos modificados no RNA têm papel no
chamados DNAs de seqüência simples. Seqüências “ajustefino”,enãofunçõesindispensáveisnacélula.
simplesestãotipicamentepresentesnoDNAdamaio- Asligações3’,5’-fosfodiésterdoRNAformamumes-
riadoseucariotos,senãodetodos.Emalgumasespé- queleto,apartirdoqualasbasesseestendem(Figura
cies,umaseqüênciaprincipalestápresente,enquanto 2.51). RNAs eucarióticos variam de aproximadamente
emoutras,váriasseqüênciassimplessãorepetidasaté 20nucleotídeosdecomprimentoamaisde200.000nu-
um milhão de vezes. DNAs de seqüência simples po- cleotídeos. Cada RNA é complementar à seqüência de
demfreqüentementeserisolados,comoDNAsatélite. basesdeporçõesespecíficasdeapenasumadasfitasdo
Oencontradonocentrômerodeeucariotossuperiores DNA.Portanto,aocontráriodacomposiçãoembasesdo
consistedemilharesdecópiasemseqüênciadeuma DNA,asrelaçõesmolares(A+U)e(G+C)noRNAnão
oudealgumaspoucasseqüênciascurtas.Seqüências sãoiguais.RNAcelularélinearedefita-única,masRNA
satélitestêmapenas5-10pbdecomprimentoesãoum fita-duplaestápresenteemcertosgenomasvirais.
constituinte dos telômeros, onde têm um papel bem Quimicamente, RNA é semelhante a DNA. Ambos
definido na replicação do DNA. Alguns DNAs de se- contêm ligações fosfodiéster carregadas negativamen-
qüência simples mais longos foram identificados. Por te,easbasessãoquimicamentemuitosemelhantes.As
exemplo, no genoma do macaco verde africano, um diferençasquímicasentreDNAeRNAdevem-seprin-
segmento de 172 pb que contém algumas repetições cipalmenteadoisfatores.Primeiro,RNAcontémribose
deseqüênciaséaltamentereiterado. emlugarde2’-desoxirribosecomoaçúcarcomponente
Repetições invertidas são motivos estruturais do do nucleotídeo, e segundo, RNAs geralmente são fita-
DNA.Repetiçõesinvertidascurtas,consistindodeaté únicaemlugardedupla-fita.
seisnucleotídeosdecomprimento(p.ex.,aseqüência O grupo 2’-hidroxila torna as ligações fosfodiéster
palindrômicaGAATTC),ocorremporacasoumaveza de uma molécula de RNA mais susceptível à hidrólise
cada3.000nucleotídeos.Taisrepetiçõescurtasnãopo- química, especialmente em soluções alcalinas, do que
demformarumaestruturacruciformeestável,comoa asdoDNA.AinstabilidadequímicadoRNAreflete-se
formadaporseqüênciaspalindrômicasmaislongas.Se- em sua instabilidade metabólica. Alguns RNAs, como
qüênciasrepetitivasinvertidasquesãosuficientemente mRNAbacteriano,sãosintetizados,usadosedegrada-
longasparaformarcruciformesestáveis,époucoprová- dosemminutos.Outros,comorRNAhumano,sãomais
velqueocorramporacaso,edeveriamserclassificadas estáveismetabolicamente,comtempodevidamedido
comoumaclasseseparadadeseqüênciaseucarióticas. emdias.Entretanto,mesmoosRNAsmaisestáveis,são
NoDNAhumano,cercadedoismilhõesderepetições menosestáveisqueoDNA.
invertidas estão presentes, com um comprimento mé-
diodecercade200pb;entretanto,seqüênciasinverti-
dascommaisde1.000pbjáforamdetectadas.Amaio-
EstruturaSecundáriadoRNA
riadasseqüênciasrepetidasinvertidasérepetida1.000 EnvolvePareamentodeBases
oumaisvezesporcélula. Intramolecular
Como moléculas de RNA são fita-única, geralmente
não formam extensas duplas-hélices. Em vez disso, a
estrutura secundária de uma molécula de RNA resul-
taderegiõesrelativamentecurtascompareamentode
PARTE1ESTRUTURASDEMACROMOLÉCULAS
3
PROTEÍNASI:COMPOSIÇÃO
EESTRUTURA
RichardM.SchultzeMichaelN.Liebman
3.4 ESTRUTURAPRIMÁRIADEPROTEÍNAS,88
|
3.3 PROPRIEDADESDE plo,quandoumgrupoamôniocarregadopositivamente
(−NH3+)écolocadopertodeumgrupocarregadonega-
CARGASEQUÍMICAS tivamenteemumaproteína,acarganegativaestabiliza
DEAMINOÁCIDOSE aformaácidacarregadapositivamente,tornandomais
difíciladissociaçãodoseupróton.OpK�ado−NH3+terá
PROTEÍNAS umvalormaiordoqueonormalparaumgrupoamônio
naausênciadeumaestabilizaçãoporumacarganega-
tivapróxima.
Outros fatores, além da carga, que afetam o pK�a
GruposIonizáveisdeAminoácidose incluem polaridade do meio, ausência ou presença de
ProteínasSãoCríticosparaaFunção águaepotencialparaformaçãodepontesdehidrogê-
Biológica nio. Além disso, grupos ácidos (α-COOH ou α-NH3+)
nas extremidades dos polipeptídeos tipicamente têm
Grupos ionizáveis comuns a proteínas e aminoácidos umvalordepK�amaisbaixodoqueosmesmostiposde
sãomostradosnaTabela3.3.Asformasácidasestãoà gruposácidosnascadeiaslaterais(Tabela3.4).Osami-
esquerdadosinaldeequilíbrio,easformasbásicasdo noácidoscujosgruposRcontêmátomosdenitrogênio
ladodireito.Aoformarsuabaseconjugada,aformaáci- (LyseArg)sãoosaminoácidosbásicos,umavezque
daliberaumpróton.Aocontrário,aformabásicaasso- suas cadeias laterais têm valores relativamente altos
cia-secomumprótonparaformarorespectivoácido.A depK�aefuncionamcomobasesempHfisiológico.Eles
dissociaçãodeumácidoécaracterizadaporumacons- estãogeralmenteemsuaformaácidaecarregadaposi-
tantededissociaçãoácida(K�a)eseuvalordepK�a :pK�a tivamenteempHfisiológico.Aminoácidoscujascadeias
=log10(1/K�a).Tabela3.3mostraafaixadevaloresde laterais contêm um grupo carboxílico têm valores de
pK’aparacadagrupoácido,porqueopK�arealdepende pK�arelativamentebaixosquefacilmenteperdemseus
domeionoqualogrupoácidoestácolocado.Porexem- prótonsesãoaminoácidosacídicos.Estãopredomi-
TABELA3.3ValoresdepK�acaracterísticosparaosGruposÁcidosComunsemProteínas
OndeoGrupoÁcidoÉEncontrado FormaÁcida FormaBásica FaixaAproximadadepK�a
ParaoGrupo
Cadeialateraldetirosina
R— —OH R— —OH – +H +
↔ 9,5–10,5
Fenol Fenolato
ProteínasFibrosas:Colágeno, ComposiçãoemAminoácidosdo
Elastina,QueratinaeTropomiosina Colágeno
Proteínas fibrosas caracteristicamente têm quanti- A composição do colágeno tipo I de pele e das proteí-
dades maiores de estrutura secundária regular, uma nas globulares ribonuclease e hemoglobina são dadas
formacilíndricalonga(tipobastão),baixasolubilidade naTabela3.10.Colágenodepeleéricoemglicina(33%
emáguaeumafunçãoestruturalemlugardeumpapel deseusaminoácidos),prolina(13%)eaminoácidosde-
dinâmico.Exemplosdeproteínasfibrosascomessasca- rivados4-hidroxiprolina(9%)e5-hidroxilisina(0,6%)
racterísticassãocolágeno,queratinaetropomiosina. (Figura3.37).Hidroxiprolinaéexclusivadecolágenos,
sendoformadaenzimaticamenteapartirdeprolina.A
Colágeno maiorpartedashidroxiprolinastemogrupohidroxila
naposição4(carbonoγ),emboraumapequenaquanti-
Colágenoéumafamíliadeproteínaspresenteemto- dadede3-hidroxiprolinatambémsejaformada(Tabela
dos os tecidos e órgãos e fornece o arcabouço que dá 3.10). Colágenos são glicoproteínas com carboidratos
aostecidossuaformaeresistência.Aporcentagemde ligadosa5-hidroxilisinaporumaligaçãoO-glicosídica
colágenoporpesoparaalgunstecidoseórgãoshuma- pormeiodogrupohidroxiladocarbono-δ.
nos representativos é: fígado 4%, pulmão 10%, aorta
12-24%,cartilagem50%,córnea64%,ossocorticalto- SeqüênciadeAminoácidosdo
tal23%epele74%(verCorr.Clín.3.4).
Colágeno
Afamíliacolágenoécompostaporpolipeptídeosderiva-
dosde40genesconhecidosdecadeiasdecolágeno,que
produzemcercade20tiposdecolágeno.Cadamolécula
decolágenomadurooutropocolágenocontémtrêsca-
CORRELAÇÃOCLÍNICA3.4 deiaspolipeptídicas.Algunstiposdecolágenocontêm
DoençasdeSíntesede trêscadeiaspolipeptídicasidênticas.NotipoI(Tabela
Colágeno 3.11),háduascadeiasα1(I)eumaα2(I).Colágenotipo
Vcontémα1(V),α2(V)eα3(V).Colágenosdiferemem
Colágeno está presente em praticamente todos seqüênciadeaminoácidos,mashágrandesregiõesde
ostecidoseéamaisabundanteproteínadocor- seqüências homólogas entre todos os diferentes tipos
po. Certos órgãos dependem muito dele para decolágeno.Emtodosostiposdecolágenoháregiões
funcionarfisiologicamente.Sínteseouestrutura comostripeptídeosGly-Pro-YeGly-X-Hyp(ondeXe
anormaldecolágenocausadisfunçãoemórgãos Ysãoquaisqueraminoácidos)repetidosemseguidavá-
cardiovasculares(aneurismadaaortaearteriale
defeitosdeválvulascardíacas),ossos(fragilidade
efraturafácil),pele(cicatrizaçãodifíciledisten- H H
N N
sibilidade incomum), articulações (hipermobili- H2C CH COOH H2 C CH COOH
dadeeartrite)eolhos(deslocamentodocrista-
HC CH2 H2 C CH
lino).Doençascausadasporsínteseanormalde
colágeno incluem síndrome de Ehlers-Danlos, OH OH
Fonte:Aronson,D.Cross-linkingofglycatedcolla- NH2
geninthepathogenesisofarterialandmyocardialstiff-
O C CH2 CH2 CH2 C H
eningofaginganddiabetes.J.Hypertens.21:3,2003.
H COOH
Byers, P. H. Disorders of collagen biosynthesis and
structure.In:C.R.Scriver,etal.(Eds.),TheMetabolic Alisina
|
3.9 CARACTERIZAÇÃO,PU- 0
RIFICAÇÃOEDETERMI- 14 15 16 17
NAÇÃODAESTRUTURA Tempo (min)
EORGANIZAÇÃODE (a) (b)
PROTEÍNAS FIGURA3.55
Focalizaçãoisoelétricadehemoglobinasdeumpacientehete-
rozigotoparaHbSeβ-talassemia.
FiguramostraseparaçãoporfocalizaçãoisoelétricadeHbA1c
(HbAglicosiladanaextremidadeNH2,verCorr.Clín.3.7),HbA
SeparaçãodeProteínascomBase deadultonormal,HbFfetal,HbSdeanemiafalciforme(ver
Corr.Clín3.3)eHbA 2minoritáriadeadulto.(a)Focalização
emCarga isoelétricarealizadaporeletroforesecapilarcomanfólitona
faixadepHentre6,7e7,7edetecçãodebandasa415nm.(b)
Emeletroforese,proteínadissolvidaemumasolução FocalizaçãoisoelétricarealizadaemgelcomPharmaciaPhast
System;anfólitonafaixadepHentre6,7e7,7.
tampãoemumpHemparticularécolocadanumcampo DeMolteni,S.,Frischknecht,H.eThormann,W.Electrophore-
elétrico.DependendodarelaçãoentreopHdotampãoe sis15:22,1994(Figura4,partesAeB).
opIdaproteína,aproteínamove-seemdireçãoaocáto-
do(–)ouaoânodo(+)oupermaneceestacionária(pH
=pI).Suportescomogéispoliméricos(p.ex.,poliacri- R CH2 COO–
lamida),amidooupapelsãousados.Ossuportesiner-
tessãosaturadoscomsoluçãotampão,umaamostrade Ligante carregado negativamente: carboximetil
proteínaécolocadasobreosuporte,umcampoelétrico +
C2H5
éaplicadoaosuporte,eaproteínacarregadamigrano R N
C2H5
suporteemdireçãoaopólodecargaoposta. H
Umatécnicaderesoluçãoextremamentealtaéafo- Ligante carregado positivamente: dietilamino
calização isoelétrica, na qual misturas de anfolitos
poliamino-ácidos policarboxílicos com uma faixa defi- FIGURA3.56
Doisexemplosdeligantescarregadosusadosemcromatogra-
nida de valores de pI são usadas para estabelecer um fiadetroca-iônica.
gradiente de pH ao longo do campo elétrico aplicado.
Uma proteína carregada migra pelo gradiente de pH
no campo elétrico até alcançar uma região de pH no
gradienteigualaoseuvalordepI.Nesseponto,apro- demesmacargaquearesinasãoeluídasprimeiro,em
teínatorna-seestacionáriaepodeservisualizada(Fi- umaúnicabanda,seguidasdasquetêmcargaopostaà
gura3.55).Proteínasquediferemportãopoucoquanto daresina,emumaordembaseadanadensidadedecar-
0,0025emseusvaloresdepIsãoseparadasnogradien- gasdaproteína(Figura3.57).Quandoédifícilremover
teapropriadodepH. uma molécula da resina, devido à força de interação
Cromatografiadetroca-iônicaemcolunaséusada atrativa entre a molécula ligada e a resina, mudanças
paraseparaçãopreparativadeproteínasporcarga.Re- sistemáticasnopHounaforçaiônicasãousadaspara
sinasdetroca-iônicaconsistemdemateriaisinsolúveis enfraquecerainteração.
(agarose,poliacrilamida,celuloseevidro)quecontêm Porexemplo,umgradientecrescentedepHemuma
grupos carregados (Figura 3.56). Resinas carregadas resinadetrocacatiônicareduzadiferençaentreopH
negativamenteligamcátionsfortementeesãoresinas da solução e o pI da proteína ligada. Essa diminuição
detrocacatiônica.Resinascarregadaspositivamente entrepHepIreduzamagnitudedacargafinaldaprote-
ligamânionsfortementeesãoresinasdetrocaaniô- ínaediminuiaforçadainteraçãodecargasentreapro-
nica.Ograuderetardodeumaproteína(ouumamino- teínaearesina.Umgradientecrescentedeforçaiônica
ácido)porumaresinadependedamagnitudedacarga tambémdiminuiainteraçãodecargaseeluieletrólitos
daproteínanopHparticulardoexperimento.Moléculas fortementeligadosàresina.
PARTE2TRANSMISSÃODAINFORMAÇÃO
4
REPLICAÇÃO,
RECOMBINAÇÃO
EREPARONODNA
HowardJ.Edenberg
Telomerase ReplicaçãodeGenomasdeRNA
Telômeros são mantidos por telomerases, enzimas Alguns vírus têm um genoma de RNA. Tais genomas
que adicionam novas repetições de seis nucleotídeos sãoreplicadoscommuitomenorprecisãoeelespodem
àextremidade3’dostelômeros.Telomerasessãocom- acumular variações em período relativamente curto.
plexosribonucleoprotéicoscontendoumpequenoRNA Umexemploparticularmenteimportantedissoéoví-
queservedemoldeparaadiçãodeumanovarepetição rus da imunodeficiência humano (HIV), que cau-
de seis nucleotídeos (Figura 4.18). Uma telomerase saAIDS(síndromedaimunodeficiênciaadquirida).O
liga-seàextremidadedafita3’,comopartedoRNAda RNA viral do HIV é reversamente transcrito em DNA
telomeraseligadoporpontesdehidrogênioaosúltimos e, depois, o DNA integra-se ao cromossomo. A trans-
nucleotídeos do cromossomo. Uma repetição de seis criptasereversadoHIVéumalvoparaquimioterapia
nucleotídeosésintetizada,usandooRNAcomomolde. antiviral(Corr.Clín.4.4).
Então,atelomerasepodesedissociarereassociarpara TranscriçãoreversadoRNAgenômicodoHIVémui-
adicionaroutrohexâmero. tomenosprecisaquesíntesedeDNA,eaprecisãodimi-
Telômerosnãoprecisampermanecerexatamentedo nuídalevaàrápidageraçãodeumacoleçãodevírusva-
mesmotamanho;algumencurtamentonãoéproblema riantesemumindivíduo.Éprovávelqueumapequena
porqueessasrepetiçõesnãocodificamproteínas.Telô- fraçãodessesvariantessejaresistenteaqualquerdroga
merospassamporciclosdeencurtamentodasfitastar- única que esteja sendo usada para tratar a infecção.
diasdevidoaincapacidadedesíntesecompleta(Figura Essa fração pode continuar a replicar na presença do
4.17a)eadiçãodenovasrepetiçõesdeseisnucleotídeos agenteterapêuticoatésetornaravariantedominante,
àextremidade3’pelatelomerase(Figura4.18).Embo- oquelevaàperdadeeficáciadadroga.Atuaisterapias
raocomprimentodostelômerosnãopermaneçacons- combinadassãoprojetadasparareduziraprobabilida-
tante, encurtamento progressivo é evitado por adição dedeumvírusserresistentesimultaneamenteatodas
de repetições. Telomerases também restabelecem os asdrogasdacombinação.Terapiascombinadasatuais
excessos3’,característicosdostelômeros. têm como alvos tanto a transcriptase reversa do HIV
Célulasquediferenciaramesedividirãoapenasum comoaproteasedoHIV.
númerolimitadodevezes,nãoexpressamtelomerase.
Assim, os telômeros encurtam a cada divisão subse-
qüente;issolimitaonúmerodevezesquetaiscélulas
4.3|RECOMBINAÇÃO
podemsedividirantesqueaperdadostelômerosdis-
pareapoptose–istoé,mortecelularprogramada(verp. Recombinação é a troca de informação genética. Há
1020).Expressãodetelomeraseégeralmentereativada dois tipos básicos: recombinação homóloga e re-
em células tumorais, o que lhes permite continuar as combinação não-homóloga. Recombinação homó-
divisões indefinidamente, sem encurtamento cromos- loga(tambémchamadarecombinação geral)ocorre
sômico.Issotornaatelomeraseumalvoatraentepara entre seqüências idênticas ou quase idênticas – por
quimioterapiadocâncer.Deve-senotarqueinativação exemplo,entreoscromossomospaternoematernode
datelomeraseemumtumornãolevariaaumaparada umpar.Cromossomosnãosãopassadosintactosdege-
rápidanocrescimentodotumor;oefeitoseriaretarda- ração para geração (Figura 4.19); em vez disso, cada
dopormuitoscicloscelulares,atéqueasextremidades cromossomoquevocêherdadeseupaicontémporções
cromossômicas fossem encurtadas significativamente. deambosospaise,damesmaformaparaoscromosso-
Portanto,éprovávelqueinibidoresdatelomerasesejam mosherdadosdesuamãe.Estaéumapartenormaldo
úteisapenasemcombinaçãocomoutrasterapias. processo de alinhamento cromossômico e segregação
������������������
[TTAGGG]nTTAGGGTTAGGGTTAGGG 3�
��������� �
[AATCCC]nAATCCC 5�
�
��
������������������
��
��
3�
��
�–
5�
���������� k l m n o p q r
FIGURA4.18
Telomerase. �
Telomeraseéumcomplexoribonucleoprotéicocomuma � � � � � � � � � � KLMNOPQR
fitacurtadeRNA,comoparteintegral;catalisaaadiçãode
novasrepetiçõesteloméricasde6-ntàextremidade3’deuma FIGURA4.19
cadeiadeDNA.ORNAdatelomerasepareiaparcialmente Recombinaçãohomóloga.
pelasbasescomarepetiçãoteloméricaeservedemolde (a)Ocromossomopaternoémostradoemcinzacomosalelos
paraareação,enquantoocomponenteprotéicofunciona mostradosporletrasmaiúsculas.Ocromossomohomólogo
comoumatranscriptasereversa,sintetizandoDNAusandoo maternoémostradoempretocomosalelosmostradospor
RNAcomomolde.Depoisdaadiçãodeumarepetiçãodeseis letrasminúsculas.(b)Depoisdarecombinaçãohomólogaentre
nucleotídeos,aenzimapodesedissociareseligarnovamente osgenesjek,ambososcromossomoscontêmDNAdeambos
eadicionarnovasrepetiçõesde6-nt. ospais.Houveumatrocaigual,recíprocaentreeles.
Mutações Inserçõesouremoçõesdeumoumaisparesdeba-
sespodemlevaramudançasnaestruturadeleitu-
As mutações são alterações hereditárias na seqüência ra( frameshifts)(seonúmerodeparesdebasesnão
doDNA.Podemresultardeerrosnareplicação,dele- for múltiplo de 3), destruindo o código de uma pro-
sões no DNA ou de erros durante o reparo de lesões. teína (Figura 4.24c,d). Tradução de um mRNA não
Mutaçõesquesãotrocasdeumúnicopardebasessão tempontuação;aocontrário,umavezqueocódigode
chamadas mutações puntuais. Mutações puntuais iniciaçãotenhasidodeterminado,tripletessucessivos
podemserclassificadaspelanaturezadasbasesaltera- sãolidoscomocódons.Portanto,adição(oudeleção)
das.Transiçõessãomutaçõespuntuais,nasquaisuma deummúltiplodetrêsparesdebasesemumaregião
purinaésubstituídaporoutra(p.ex.,AporGouGpor codificadoraadicionaria(ousubtrairia)aminoácidosa
A)ouumapirimidinaésubstituídaporoutra(p.ex.,T umaproteína,masadiçãodeoutrosnúmerosdepares
porCouCporT).DeaminaçãodeC,senãoreparada, debasesdeslocariaaestruturadaleituradaquelepon-
levaria a uma transição. A freqüência de transições é to em diante. Mudança na estrutura de leitura ( fra-
aumentada por análogos de bases, incluindo 2-amino meshift)mudaosaminoácidoscodificadosapartirdo
purina (Corr. Clín. 4.7). Transversões são mutações pontodeinserçãoouremoção.Frameshiftsgeralmen-
puntuais,nasquaisumapurinaésubstituídaporuma televamàterminaçãoprematura(ou,maisraramente,
pirimidinaouviceversa(p.ex.,AporCouCporA). àelongação)dacadeiapolipeptídicacodificada,quan-
Mutaçõespuntuaistambémpodemsercaracteriza- do códons de terminação (stop codons) são gerados
dasporseuefeitosobreumaseqüênciacodificadora. ou removidos pela mudança na estrutura de leitura.
Mutações de sentido errado (missense) são mu- Algunsagentesquímicos,incluindoacridinasepro-
tações puntuais que trocam um único par de bases flavina,intercalam-senoDNA;istoé,inserem-seen-
emumcódon,demodoqueocódonagoracodificaum treparesdebasesadjacentes.Issogeralmentelevaa
aminoácidodiferente(Figura4.24a).Mutaçõessem inserçõesouremoçõesdeumúnicopardebases.Mu-
sentido(nonsense)sãomutaçõespuntuaisquetro- tações também podem resultar de alterações em lar-
camumúnicopardebasesemumcódonparaumcó- gaescala,incluindoinserçãodetransposons.Embora
dondeterminação(stopcodon)queterminaatradu- raras em uma geração qualquer, mutações acumula-
ção(Figura4.24b).Mutaçõessemsentidogeralmente ram-se em populações ao longo de milhões de anos,
têm efeitos mais graves do que mutações de sentido demodoqueduaspessoasdiferememcercade1pb
erradoporquelevamàsíntesedepolipeptídeostrun- por1000aolongodeseusgenomas.Muitasdessasdi-
cados (e geralmente instáveis). Mutações silenciosas ferençasgenéticasnãotêmefeito,masoutrasafetam
ou sinônimos não alteram o aminoácido codificado; nossafisiologia,susceptibilidadeadoençaseresposta
estas incluem muitas mudanças no terceiro nucleotí- atratamentos(Corr.Clín.4.8).
deodeumcódon.
CORRELAÇÃOCLÍNICA4.7
AnálogosdeNucleosídeoscomoDrogas:Tiopurinas
Fonte: Sanderson, J., Ansari, A., Marinaki, T. e Duley, J. Thiopurine methyltransferase: Should it be measured
beforecommencingthiopurinedrugtherapy?Ann.Clin.Biochem.41:294,2004.
|BIBLIOGRAFIA|
|QUESTÕES|CarolN.Angstadt
QuestõesdeMúltiplaEscolha. D. FEN1( flap endonuclease 1)estáenvolvidanare-
1. Replicação: moçãodoprimer.
A. ésemiconservativa. E. oprocessoocorreaolongodetodoociclocelular.
B. requerapenasproteínascomatividadedeDNApoli- 3. Todas as afirmativas seguintes sobre a telomerase são
merase. corretas,exceto:
C. usaatividadedepolimerase5’para3’parasintetizar A. ocomponenteRNAagecomomoldeparaasíntesede
umafita,eatividadedepolimerase3’para5’parasin- umsegmentodeDNA.
tetizarafitacomplementar. B. adiciona telômeros às extremidades 5’ das fitas de
D. requerumprimeremeucariotos,masnãoemproca- DNA.
riotos. C. forneceummecanismoparareplicarasextremidades
E. devecomeçarcomumaetapadequebra. decromossomoslineares.
2. NareplicaçãodeDNAeucariótica: D. reconheceumafitaúnicadoDNAricaemG.
A. sóumreplissomoseforma,porqueháumaúnicaori- E. éumatranscriptasereversa.
gemdereplicação. 4. Umamutaçãoportransição:
B. osfragmentosdeOkasakitêm1000a2000nucleotíde- A. ocorrequandoumapurinaésubstituídaporumapiri-
osdecomprimento. midinaouvice-versa.
C. helicase se dissocia do DNA assim que as bolhas de B. resultadainserçãodeumaouduasbasesnacadeiade
iniciaçãoseformam. DNA.
PARTE2TRANSMISSÃODAINFORMAÇÃO
PA
IIB
IID
IIA
IIF
IIE
IIH
5
RNA:TRANSCRIÇÃOE
PROCESSAMENTO
FrancisJ.SchmidteDavidR.Setzer
Sítios HSS
(setas) 5� transcrito
CORRELAÇÃOCLÍNICA5.2
Oviduto, imaturo SíndromedoXFrágil:Uma
DoençadeRNA-Cromatina?
Oviduto, maduro
Síndrome do X frágil é a forma individual mais
comum de retardo mental hereditário, afetando
Eritrócitos
1/1250homense1/2000mulheres.Umavariedade
-5 0
desintomasanatômicoseneurológicosresultade
inativaçãodogeneFMR1,localizadonocromosso-
moX.Agenéticadasíndromeécomplexa,devido
Distância no DNA do início da transcrição, em quilobases aomecanismomoleculardamutaçãodoXfrágil.
A condição do X frágil resulta de expansão
FIGURA5.5 de uma seqüência repetida de um trinucleotí-
SítioshipersensíveisàDNase(HSS)antesdopromotordo deo, CGG, encontrado na região 5’ não-traduzi-
genedelisozimadegalinha,umaunidadetranscripcional dadogeneFRM1.Normalmente,essarepetição
eucarióticatípica.
Sítioshiper-sensíveis–istoé,seqüênciaspróximasaogene está presente em 30 cópias, embora indivíduos
dalisozimaquesãoparticularmentesusceptíveisàdigestão normaispossamteraté200cópiasdarepetição.
pornucleasesmesmoquandoempacotadasemcromatina EmindivíduoscomsíndromedoXfrágil,ogene
–sãoindicadosporsetas.Éprovávelqueessessítiosfiquem
livresdenucleossomos.Notequealgunssítioshipersensíveis FRM1contémmuitomaiscópias,de200amilha-
sãoencontradosnopromotordalisozimatantoemoviduto res, da repetição CGG. A genética complexa da
madurocomoimaturo.Induçãodasíntesedelisozimaemovi- doençaresultadopotencialdarepetiçãoCGGse
dutomaduroéacompanhadapeloaparecimentodeumnovo
sítiohipersensível.Emcontraste,nenhumsítiohipersensível expandirdegeraçãoparageração.
estápresenteemeritrócitosnucleadosquenuncasintetizam Apresençadeumnúmeroanormalmenteele-
lisozima. vadoderepetiçõesCGGinduzextensametilação
AdaptadodeElgin,S.C.R.J.Biol.Chem.263:1925,1988.
doDNAdetodaaregiãodopromotordeFMR1.
DNA metilado é transcripcionalmente inativo,
demodoquemRNAdeFMR1nãoésintetizado.
Outras modificações de histonas que influenciam Ausência da proteína FMR1 leva à patologia da
atividadegênicaincluemmetilação,fosforilaçãoeubi- doença.ProteínaFMR1normalmenteselocaliza
quitinação. Combinações dessas modificações ocor- nocitoplasmadetodosostecidosdofetojovem
rendo em diferentes posições específicas em histonas e,maistarde,especialmentenocérebroetecido
podemconstituirum“códigohistona”queacoplamo- neural fetal. A proteína FMR afeta tradução de
dificaçãodehistonas,compactaçãodecromatina,mo- váriosmRNAseumahipóteseéqueessaproteí-
dificação do DNA e atividade gênica (Corr. Clín. 5.2). naajudenatraduçãoelocalizaçãodemRNAses-
Aidéiageraléquecromatinaparcialmentedesdobrada pecíficosdurantedesenvolvimento.Umapossibi-
sejanecessária,masnãosuficiente,paratranscrição. lidadedescobertarecentementeéqueaproteína
FMR1estejaenvolvidaemRNAdeinterferência
AtivaçãodeTranscriçãoOperapor esuaperdapossacausaramplaregulaçãogênica
anormal (ver Seção 5.7). É provável que várias
RecrutamentodeRNAPolimerase vias de sinalização estejam ligadas à patologia
Fatores protéicos eucarióticos, independentemente dessadoençamuitocomplexa.
daseqüênciaàqualseliguem,operamdemodofunda-
mentalmentediferentedofatorσdeE.coli.Emvezde
primeirofazerpartedeumcomplexoprotéicoedepois Fonte:Warren,S.L.eNelson,D.L.Advanceinmolecu-
procurar a seqüência relevante no DNA, os fatores se laranalysisofFragileXsyndrome.JAMA271:536,1994.
ligam a um sítio específico (seqüência) do DNA e de- Caskey,C.T.Triplerepeatmutationsinhumandisease.
poisligamRNApolimerase(comousemenvolvimento Science256:784,1992.Jin,P.,Zarnescu,D.C.,Ceman,S.,
defatoresintermediários).Essemecanismoéchamado Nakamoto, M., Mowrey, J., Jongens, T. A., Nelson, D. L.,
“recrutamento”.Recrutamentoéummeiopoucoimpor- Moses,K.eWarren,S.T.Biochemicalandgeneticinterac-
tanteemativaçãodegenesemprocariotos,eoprinci- tionbetweenthefragileXmentalretardationproteinand
palmecanismoemeucariotos. the micro RNA pathway. Nature Neurosci. 7:113, 2004.
Miyashiro,K.eEberwine,J.FragileXsyndrome:(What’s)
Enhancers lostintranslation?Proc.Natl.Acad.Sci.USA101:17329,
2004. Fragile Site Mental Retardation 1 Gene; FMR1 in
Enhancersouamplificadoresaumentammuitas Online Mendelian Inheritance in Man, http://www.ncbi.
vezesaexpressãodeumgene.Fatoresdetranscrição nlm.nih.gov/entrez/dispomim.cgi?id=309550
|
ficadosdetodososácidosnucléicos.Maisde60modifi-
5.4 PROCESSAMENTODE caçõesdiferentesnasbasesenaribose,exigindobem
RNA maisde100diferentesreaçõesenzimáticas,foramen-
contradasemtRNA.Muitassãosimples,metilaçõesde
umaetapa,masoutrasenvolvemsíntesecommúltiplas
CópiasemRNAdeseqüênciasdeDNAdevemsermodi- etapas.
ficadasemmoléculasmaduras,funcionais,emprocario- Formaçãodealgumasbasesmodificadasnarealida-
toseeucariotos.AsreaçõesdeprocessamentodoRNA derequerquebradaligaçãoβ-glicosídicaentreribose
podem incluir remoção de nucleotídeos extras, modifi- eabase.Enzimasmodificadorasproduzemasmesmas
cação de bases, adição de nucleotídeos e separação de modificações específicas em mais de uma espécie de
diferentesseqüênciasdeRNApelaaçãodenucleaseses- tRNA;entretanto,asenzimasmodificadorassãolocal-
pecíficas.Reaçõesdeprocessamentopodemocorrerco- específicas.Amaioriadasmodificaçõessecompletaan-
transcripcionalmente(enquantooRNAaindaestásen- tesdeosprecursoresdetRNAteremsidoclivadosao
do transcrito) ou pós-transcripcionalmente (depois do tamanhodotRNAmaduro.
transcritotersidoliberadopelaRNApolimerase).Final-
mente,emeucariotos,RNAssãoexportadosdonúcleo. ProcessamentodeRNARibossômico
LiberaVáriosRNAsdeumPrecursor
RNATransportadorÉModificado
MaisLongo
porClivagem,AdiçãoeModificação
deBases OprodutoprimáriodatranscriçãodogenederRNAé
umRNAlongo,chamado45SRNA,quecontémasse-
Clivagem qüências dos rRNAs 28S, 5,8S e 18S. Processamento
do 45S RNA ocorre no nucléolo, e é feito por grandes
OtranscritoprimáriodeumgenedetRNAcontémse- estruturasderibonucleoproteínas,commúltiplassubu-
qüênciasextrasdenucleotídeos,tanto5’como3’dase- nidades. Processamento dos rRNAs segue uma ordem
qüênciadotRNA.Essestranscritosprimáriostambém seqüencial(Figura5.11).
podemconteríntronsnaregiãodoanticódon.Reações Processamentodepré-rRNAemprocariotostambém
deprocessamentopós-transcripcionalocorrememuma envolveclivagemdeprecursoresdealtopesomolecular
CORRELAÇÃOCLÍNICA5.6
SíndromedeCockayne
SíndromedeCockayne(CS)éumadoençacomplexa parada por ter encontrado uma base alterada (p.
autossômicarecessivacausadaporumamutaçãoem ex., um fotodímero de timina). Transcrição pára,
umdedoisgenes.PacientescomCSapresentamalte- o transcrito parcial é degradado, e a fita molde do
raçõesdedesenvolvimentoeneurológicas,anomalias DNAéreparada.Aparentemente,aumentodatrans-
esqueléticas e de retina, e uma deformidade facial criçãopelaproteínaCSBtambémestimulaoreparo
“tipopássaro”.Mortegeralmenteocorreporvoltados doDNAacopladoàtranscrição.
20anosdeidadeeécausadapordegeneraçãoneural. Se esta fosse toda a história, síndrome de Co-
AmaioriadospacientescomsíndromedeCockayne ckayne seria uma variante do xeroderma pigmen-
sãotambémfotossensíveisepredispostosacâncerde toso; entretanto, pacientes com XP têm desenvol-
pele. vimento normal e são neurologicamente normais,
Fotossensibilidade aponta para um defeito em emboraaindasejamfotossensíveis.Oquecausaas
reparodoDNA.Porexemplo,xerodermapigmento- outrascaracterísticasdeCS?Éprovávelqueesses
so(XP)resultademutaçõesemváriosdoscompo- outros sintomas sejam devidos a uma deficiência
nentesdaviadereparodoDNA.CStambéméuma primárianaelongaçãodatranscriçãocausadapelo
deficiênciaemreparodoDNA.Surpreendentemen- fatordeelongaçãoCSBalteradopelamutação.Essa
te,umdosdoisgenesresponsáveispelasíndromeé idéiaexpandenossoentendimentodarelaçãoentre
umasubunidadedaRNApolimeraseII.Aproteína mutação e doença. Geralmente, doenças genéticas
codificada pelo gene da síndrome de Cockayne B são causadas por uma mutação em processos bio-
aumentaavelocidadedeelongaçãopelaRNApoli- químicosqueficamforadasviascentraisdeinfor-
meraseII. mação da célula. Isso faz sentido, porque inibição
ComopodeumadeficiênciadeRNApolimerase geraldasíntesedeDNA,RNAouproteínaserialetal
causarumproblemanoreparodoDNA?Aresposta numestágioprecocedodesenvolvimento.Osdefei-
équeospacientescomCSsãodeficientesnorepa- tosgeneralizadosdeCSdevemsedeveràmutação
rodoDNAacopladoàtranscrição.Reparoacoplado afetandoatranscriçãodealgunsgenesmaisdoque
à transcrição ocorre quando RNA polimerase fica adeoutros.
Fonte:Citterio,E.,Vermeulen,W.eHoeijmakers,J.H.J.Transcriptionalhealing.Cell101:447,2000;Selby,C.P.
eSancar,A.CockaynesyndromegroupBproteinenhanceselongationbyRNApolymeraseII.Proc.Natl.Acad.Sci.
U.S.A.94:11205,1997.vanGool,A.J.,vanderHorst,G.T.J.,Citterio,E.eHoeijmakers,J.H.J.Cockaynesyndrome:
defectiverepairoftranscription?EMBOJ.16:4155,1997.CockayneSyndrome,TypeI;CKN1inOnlineMendelian
InheritanceinMan,http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/dispomim.cgi?id=216400
|
5.8 NUCLEASESE Isso é mais claro para espécies de mRNA, que são
classificadas como instáveis. Entretanto, mesmo os
TURNOVERDORNA RNAsditosestáveissãoreciclados;porexemplo,ameia
vidadeespéciesdetRNAnofígadoécercade5dias.
UmameiavidabastantelongaparaummRNAdema-
As diferentes funções de RNA e DNA em expressão míferosé30h.
gênicarefletem-seemseusdestinosmetabólicos.Ore- RemoçãodeRNAsdocitoplasmaérealizadaporri-
positório de informação genética de uma célula (DNA) bonucleasescelulares.Nucleasessãodeváriostipose
deveserpreservado,explicandoassimaexistênciados especificidades.Adistinçãomaisútiléentreexonuclea-
múltiplos sistemas de reparo e edição do DNA no nú- ses,quedegradamRNAapartirdaextremidade5’ou3’,
cleo.Emboraseqüênciasindividuaisdenucleotídeosno eendonucleases,queclivamligaçõesfosfodiésterdentro
DNApossamserrecicladas,amoléculacomoumtodoé de uma molécula. Produtos de ação de RNase contêm
metabolicamenteinertequandonãoestáreplicando.As fosfatos3’-ou5’-terminal,etantoendo-comoexonucle-
váriasmoléculasdeRNA,poroutrolado,sãoindividu- ases podem ser melhor caracterizadas pela posição (5’
almente dispensáveis e podem ser substituídas por es- ou 3’), na qual o monofosfato criado pela clivagem fica
péciesrecém-sintetizadascomamesmaespecificidade. localizado.AestruturadoRNAtambémafetaaaçãoda
NãoésurpreendentequesistemasdereparodeRNAnão nuclease.Amaioriadasnucleasesémenoseficienteem
sejam conhecidos. Em vez disso, RNAs defeituosos são regiõesdeRNAcomestruturamuitoordenada.
removidos das células por degradação a nucleotídeos, Assim, tRNAs são preferencialmente clivados em
quedepoissãoreutilizadosemnovasespéciesdeRNA. regiões não-pareadas da seqüência. Por outro lado,
PARTE2TRANSMISSÃODAINFORMAÇÃO
6
SÍNTESEDEPROTEÍNAS:
TRADUÇÃOEMODIFICA-
ÇÕESPÓS-TRADUÇÃO
DohnGlitz
sintetizamproteínasqueserãosecretadasdacélulaou tico2a(eIF-2a)liga-seaGTPeaotRNAiniciador,Met-
seqüestradas e funcionam em retículo endoplasmáti- tRNA imet, para formar um complexo ternário. Nenhum
co,complexodeGolgioulisossomos.Emhomogenatos outro aminoacil-tRNA pode substituir o Met-tRNA imet
celulares, fragmentos de membranas com ribossomos iniciação-específico nessa etapa. Procariotos também
ligadosconstituemafraçãomicrossomal;detergentes utilizamumtRNAiniciadorespecífico,cujametioninaé
quedestroemmembranasliberamessesribossomos. modificadaporformilaçãodeseuaminogrupo.SófMet-
tRNA imetéreconhecidopeloIF-2procariótico.
|
6.3 BIOSSÍNTESEDE A segunda etapa requer subunidades ribossômi-
cas 40 S associadas a uma proteína muito complexa,
PROTEÍNAS eIF-3. eIF-3 de mamíferos contém oito polipeptídeos
diferentes e tem uma massa de 600-650 kDa; liga-se
àsuperfíciedasubunidade40Squefarácontatocom
TraduçãoÉDirecionaleColinearcom asubunidade60Sebloqueiafisicamenteaassociação
das subunidades. Portanto, eIF-3 é um fator antias-
mRNA sociaçãoribossômica–assimcomoeIF-6queseligaa
subunidades60S.UmcomplexoqueincluieIF-2a-GTP,
Seqüências de RNA mensageiro são escritas (e trans-
Met-tRNA i Met,eIF-3-40Sefatoresprotéicosadicionais
critas) 5’→3’, e durante tradução são lidas na mesma
agoraseforma.Naterceiraetapa,ocomplexodepré-
direção.Seqüênciasdeaminoácidossãotantoescritas
iniciaçãoéformado:mRNA,eIF-4f,tambémchamado
como sintetizadas do resíduo amino-terminal para o
complexo de ligação ao cap, eIF-4a, uma helicase
carboxi-terminal. Um ribossomo permanece ligado a
quedesenrolaestruturasecundáriadaseqüêncialíder
umamoléculademRNAesemoveaolongodocompri-
não-traduzidadomRNA,PAB,umaproteínadeligação
mentodomRNAatéquechegueaumcódondeparada.
apoliAquefazumaalçaaproximandoaextremidade3’
ComparaçõesdeseqüênciasdemRNAcomseqüências
domRNAdo5’-cap,eváriasoutrasproteínassãone-
das proteínas que codificam mostraram uma corres-
cessárias.OmRNAéentãopercorrido5´à3´atéqueo
pondênciaperfeita,colinear,semsobreposiçõesesem
primeiro triplete AUG seja encontrado. Raramente, o
falhasentreaseqüênciacodificadoradomRNAeado
primeiroAUGnãoéusadoeumAUGposterior,carac-
polipeptídeo sintetizado. (Para uma rara exceção, ver
terizadoporsuaestruturasecundárianomRNA,ése-
Corr.Clín.6.4).Defato,écomumdeduziraseqüência
lecionadoparainiciação.GTPéhidrolisadoporeIF-2a
deumaproteína,exclusivamenteapartirdaseqüência
comaajudadeeIF-5,eeIF-2a-GDPeoutrosfatoressão
de seu mRNA ou do DNA de seu gene. Entretanto, a
liberados.OeIF-2a-GDPinteragecomfatortrocadorde
seqüência deduzida pode diferir da proteína genuína,
nucleotídeo de guanina eIF-2b e GTP para regenerar
devidoamodificaçõespós-tradução.
eIF-2a-GTPparaoutrociclodeiniciação.
Umahistóriapodeseranalisadaemfunçãodeseu
A etapa final requer ligação desse complexo com
início,seudesenvolvimentooupartedomeioeseufinal.
umasubunidade60Seumfatoradicional,eIF-5b-GTP.
Biossíntese de proteínas será descrita num arcabouço
GTP é hidrolisado, e eIF-5b-GDP e outros fatores são
semelhante: início do processo, elongação durante a
liberados. O complexo de iniciação completo é um
qualamaiorpartedaproteínaéformada,eterminação
ribossomo80ScomomRNAetRNAiniciadorcorreta-
da síntese e liberação do polipeptídeo completo. Va-
menteposicionadosparacomeçartradução.
mosdepoisexaminarmodificaçõespós-tradução,pelas
Procariotos usam menos fatores de iniciação para
quaisumaproteínapodepassar.
formar um complexo de iniciação similar. Suas subu-
nidades30S,complexadascomumIF-3maissimples,
IniciaçãodaSíntesedeProteínasÉ podem ligar mRNA ou um complexo ternário de IF-2,
umProcessoComplexo fMet-tRNA i met e GTP. Orientação do mRNA depende,
emparte,dopareamentodebasesentreumaseqüência
Iniciaçãorequeraproximaçãodeumasubunidaderibos- ricaempirimidinasdeoitonucleotídeosno16SrRNAe
sômicapequena(40S),ummRNAeumcomplexotRNA umaseqüência“Shine-Dalgarno”ricaempurinas,cer-
do aminoácido amino-terminal, todos em uma orienta- cade10nucleotídeosantesdocódonAUGiniciador.
çãocorreta.Segue-seassociaçãodasubunidadegrande Complementaridade entre rRNA e mRNA pode in-
(60S)paraformarumcomplexodeiniciaçãocompleto cluir vários pares errados, mas maior complementari-
emumribossomo80S.Esseprocessorequerumgrupo dadegeralmentelevaainiciaçãoqueémaiseficiente.
deproteínasligadastransitoriamente,conhecidascomo Fator de iniciação IF1 também atua na formação do
fatoresdeiniciação,quesóatuamnainiciação.Afun- complexo de pré-iniciação. Finalmente, subunidade
çãoespecíficadealgunsfatoresdeiniciaçãoeucarióticos 50Séligada,GTPéhidrolisadoaGDPeosfatoresde
permanece pouco clara, mas síntese de proteínas pro- iniciaçãosãoliberados.Éinteressantequeprocariotos
carióticaforneceummodelomaissimplesparacompa- usem pareamento de bases RNA-RNA para posicionar
ração.AiniciaçãodatraduçãoéapresentadanaFigura mRNA,enquantoeucariotosusammuitosfatorespro-
6.7.Comoprimeiraetapa,fatordeiniciaçãoeucarió- téicosparachegaraomesmoresultado.
CORRELAÇÃOCLÍNICA6.6
DeleçãodeumCódon,ModificaçãoPós-TraduçãoIncorretae
DegradaçãoPrematuradeProteína:FibroseCística
Fonte:Ward,C.,Omura,S.,eKopito,R.DegradationofCFTRbytheubiquitin-proteasomepathway.Cell83:121,
1995.Plemper,R.K.eWolf,D.H.Retrogradeproteintranslocation:Eradicationofsecretoryproteinsinhealthanddi-
sease.TrendsBiochem.Sci.24:266,1999.Egan,M.E.,Pearson,M.,Weiner,S.A.,Rajendran,V.,Rubin,D.,Glockner-
Pagel,J.,etal.Curcumin,amajorconstituentofturmeric,correctscysticfibrosisdefects.Science304:600,2004.
nanascente,aseqüênciasinalhidrofóbicaéinserida,e
traduçãoeextrusãono,ouatravésdo,transloconestão
agoraacopladas.Mesmosegmentosmuitohidrofílicosou
carregadossãodirecionadosatravésdamembranapara
olúmendoER.Opeptídeosinaléexcisadopelapepti-
dasesinal,umaproteínaintegraldemembranadaface
luminaldoER.Aproteínapodedobrar,ecomponentes
deproteínasformadaspormúltiplassubunidadespodem
seorganizar.Outrasetapaspodemincluirprocessamen-
toproteolíticoeglicosilação,queocorrenolúmendoER
edurantetrânsitodaproteínapeloaparelhodeGolgie
emvesículassecretórias.
GlicosilaçãodeProteínasOcorre
noRetículoEndoplasmáticoeno
ComplexodeGolgi
Glicosilaçãodeproteínasparaformarglicoproteínas
(verp.231)éimportantepormuitasrazões.Glicosila-
ção altera as propriedades de proteínas, modificando FIGURA6.12
sua estabilidade, solubilidade e volume físico. Além Retículoendoplasmáticorugoso.
disso, os resíduos de carboidratos atuam como sinais Trêssetasparalelasindicamtrêsribossomosdentreosmuitos
ligadosàsmembranas.Setaúnicaindicaumamitocôndria,
de reconhecimento que podem dirigir a distribuição paracomparação.
de proteínas e influenciar interações célula-célula e CortesiadeDr.U.Jarlfors,UniversityofMiami.
|
6.8 DEGRADAÇÃO peptídicasentreε-aminogruposderesíduosdelisina
daproteínaeoresíduodeglicinacarboxi-terminalda
ETURNOVERDE ubiquitina.Váriasmoléculasdeubiquitinasãoligadasà
PROTEÍNAS proteínaeumaàoutra,eaproteínapoliubiquitinadaé
levada aos proteassomos e degradada; uma isopepti-
daseliberaubiquitinaintactaparaserreutilizada.
Proteínastêmtemposdevidaquevariammuito.Célu- Proteínasdanificadas,defeituosas,dobradaserrone-
lasdocristalinonãosãosubstituídasesuasproteínas amente ou mutadas são rapidamente degradadas pela
nãosãorecicladas.Hemoglobinaemeritrócitosdurao via da ubiquitina. Uma mutação na fibrose cística que
tempodevidadessascélulas,cercade120dias.Outras resultaemdeleçãodeumaminoácidoalteramuitoaes-
proteínastêmtemposdevidamedidosemdias,horas tabilidadedeCFTR(Corr.Clín.6.6).Seleçãodeproteí-
ou até minutos. Algumas proteínas da coagulação do nasnativasparadegradaçãodependedaespecificidade
sanguesobrevivemapenasalgunsdias,demodoquehe- da enzima E3; tanto conformação como seqüência de
mofílicossóestãoprotegidosporumcurtoperíodoapós aminoácidos são importantes. Seqüências desestabili-
transfusãoouinjeçãodefatoresnecessários.Diabéticos zadorasPEST(ricasemPro,Glu,SereThr)foramiden-
requerem injeções de insulina regularmente uma vez tificadasemváriasproteínasdevidacurta,eummotivo
que o hormônio é metabolizado. Enzimas metabólicas deinteraçãocomubiquitina,queligaubiquitinaeàsve-
variamquantitativamente,dependendodenecessidade zestambémpromovepoliubiquitinação,foiidentificado.
oumudançadesituação;porexemplo,aconcentração Outrodeterminanteéaidentidadedoaminoácidoami-
deenzimasdociclodauréiamudaemrespostaàdie- no-terminal. De acordo com a regra do N-terminal,
ta.Proteínasestãotambémsujeitasadanosporoxida- proteínascomresíduosamino-terminaisdiferentessão
ção, proteólise, desnaturação ou outras modificações degradadasavelocidadescompletamentediferentes,e
irreversíveis. Erros em tradução e dobramento levam otempodevidadeumaproteínapodesermodificado
a proteínas não-funcionais, e processamento proteolí- pelaincorporaçãodeumresíduoN-terminaldesestabi-
PARTE2TRANSMISSÃODAINFORMAÇÃO
7
Plasmídeo
Promotor
���Z
Restrição
ao sítio A
Restricção
ao sítio B
Gene
resistente à
antibióticos
DNARECOMBINANTEE
BIOTECNOLOGIA
GeraldSoslau
|
α-ComplementaçãoparaSelecionar 7.7 DETECÇÃOEIDENTIFI-
BactériasqueCarregamPlasmídeos CAÇÃODEÁCIDOSNU-
Recombinantes CLÉICOSEPROTEÍNAS
Vetoresforamconstruídos(asériepUC)detalmodoque
bactérias selecionadas transformadas com esses veto-
QUELIGAMDNA
rescarregandoinsertosdeDNAestrangeiro,podemser
identificadasvisualmente(Figura7.10).Osplasmídeos
pUCcontêmasseqüênciasregulatóriasepartedaseqü- ÁcidosNucléicoscomoSondas
ência5’-codificadora(146aminoácidosN-terminais)do (Probes)paraSeqüênciasEspecíficas
genedaβ-galactosidase(genelacZ)dooperonlac(ver
p.293).OfragmentotraduzidoN-terminaldaβ-galac- deDNAouRNA
tosidaseéumpolipeptídeoinativo.E.colimutante,que
codificaaporçãocarboxi-terminalinativaquefaltada SondasdeDNAeRNAsãousadasparaseleçãodebac-
β-galactosidase, pode ser transformada usando-se os térias que abrigam DNA recombinante de interesse,
plasmídeospUC.Atraduçãodasporçõesdaβ-galactosi- paraanálisedemRNAexpressoemumacélulaoupara
dasedoplasmídeoeadacélulahospedeiraemresposta identificação de seqüências de DNA em um genoma.
aumindutor,isopropiltio-β-d-galactosídeo,secom- Contêmseqüênciascomplementaresaoácidonucléico
plementammutuamentegerandoumaenzimaativa.O alvoehibridizamcomoácidonucléicodeinteresse.O
processoéchamadoα-complementação.Quandoes- graudecomplementaridadedeterminaaforçadeliga-
sasbactériastransformadassãocrescidasempresença çãodasonda.Asondanãoprecisaconteraseqüência
de um substrato cromogênico (5-bromo-4-cloro-3-in- complementarinteiradoDNA.Asondapodesermarca-
dolil-β-D-galactosídeo [X-gal]) para a β-galactosidase, da,geralmentecom32Poucommarcasnão-radioativas
formam colônias azuis. Se, entretanto, um fragmento que dependem de substratos de enzimas acoplados a
de DNA estrangeiro for inserido na seqüência da por- nucleotídeos que, quando incorporados ao ácido nuc-
çãoN-terminaldaβ-galactosidase,aenzimaativanão léico,podemserdetectadosporumareaçãocatalisada
podeserformada.Bactériastransformadascomesses porenzima.
plasmídeosrecombinantesecrescidasemX-galdãoco- Sondas marcadas podem ser produzidas por nick
lônias brancas e podem ser selecionadas visualmente,
translation(traduçãocomcorte)doDNAdupla-fita.
dascolôniasazuisnãotransformadas.
�
interrompido α-Complementaçãoparadetecçãode
Seqüência bactériastransformadas.
codificadora DNA estranho Umvetorconstruído(pUC18)expressa
ampr pUC 18 ampr pUC 18
N-terminal inserido aseqüênciacodificadoraN-terminal
2686 bp do gene da 2686 bp
daenzimaβ-galactosidasedooperon
-galactosidase N-terminal lac.Bactériasmutantesquecodificam
do operon-��� interrompido aregiãoC-terminaldaβ-galactosidase
sãotransformadascompUC18.Essas
Promotor bactériastransformadas,crescidasem
Transformação presençadeumsubstratoespecial
paraaenzimaintacta(X-gal),resultam
Transformação emcolôniasazuis,porquecontêma
enzimaparareagircomosubstrato.
Asseqüênciascodificadorasfuncionais
Cromossomo
N-terminaleC-terminaldogene
complementam-semutuamente,
Seqüência codificadora gerandoumaenzimafuncional.Se,
� N-terminal do gene da
-galactosidase
pUC18
recombinante
entretanto,umfragmentodeDNA
estrangeiroforinserido,interrompea
do operon-��� seqüênciacodificadoraN-terminalda
pUC18 A bactéria cresce em agar
contendo X-gal a um indutor β-galactosidase,bactériastransformadas
A bactéria cresce em agar do operon���� comessamolécularecombinantenão
contendo X-gal a um indutor produzirãoenzimafuncional.Colônias
do operon���� debactériasquecontêmessesvetores
recombinantespodemserdetectadas
Colônias visualmentecomocolôniasbrancas.
brancas
contêm
pUC18
recombinante
Colônias azuis
CORRELAÇÃOCLÍNICA7.6
PolimorfismodeConformaçãodeCadeia-ÚnicaparaDetecçãode
MutaçõesEspontâneasquePodemLevaraSIDS
A síndrome da morte súbita infantil (SIDS) é uma asíndromedoQTlongocontinhaasubstituiçãode
causaimportantedemorteduranteoprimeiroano AACparaTCCnaposição2971a2972(proteínaas-
devidanosEstadosUnidos.Estudoprospectivoem sociadacomocanaldesódio),poranálisedepoli-
mais de 34.000 recém-nascidos que foram monito- morfismo de conformação de cadeia-única (SSCP)
radosporeletrocardiografiaindicouumafortecor- naamostradeDNAdacriança,masnãodospais.A
relação entre risco aumentado de SIDS e intervalo mutação substituiu um resíduo de serina por uma
QTprolongadoemseuECG.Combasenesseestudo, asparagina em uma região muito conservada da
decidiu-se procurar uma mutação em um ou mais proteína,quesepresumeparticipedafunçãodoca-
dosgenesquesesabeestaremrelacionadoscoma nal de sódio. A mutação não foi detectada em 200
síndrome do QT longo em uma criança de 44 dias indivíduoscontroles.Aconclusãofoiqueacriança
deidade,queseapresentoucianótica,apnéicaesem tinha uma mutação espontânea em um gene asso-
pulsoaopronto-socorrodeumhospital.Aarritmia ciadocomintervaloQTprolongadoeissocontribuiu
dacriançacomumintervaloQTprolongadofoiesta- paraumeventotipoSIDS.Apóstratamento,acrian-
bilizada com múltiplos eletrochoques DC, seguidos ça ficou sem nenhum sintoma por volta dos cinco
de tratamento com drogas. DNA genômico foi pre- anosdeidade.Esseestudoindicaovalorpotencial
parado a partir de linfócitos do sangue periférico doexameeletrocardiográficoneonatalparareduzir
da criança e de seus pais. Um gene associado com mortalidadeinfantilporSIDS.
Fonte:Schwartz,P.J.,Priori,S.G.,Dumaine,R.Napolitano,C.,Antzelevitch,C.,Stramba-Badiale,M.,Richard,T.
A.,Berji,M.R.eBloise,R.Amolecularlinkbetweenthesuddeninfantdeathsyndromeandthelong-QTsyndrome.
N.Engl.J.Med.343:262,2000.
Cérebro
Pulmão
Padrão
Pele
400 bp
300 bp
250 bp
|
fitadeM13étransformadoemumaE.colitipo-selva-
gem,afitacontendouracilédestruídaeafitamutada
7.14 APLICAÇÕESDA
(–)servedemoldeparaaprogênesedosbacteriófagos,a TECNOLOGIADODNA
maioriadosquaiscarregandoamutaçãodeinteresse.
OPCRtambémpodeserempregadoparamutagêne-
RECOMBINANTE
sesítio-dirigida.Estratégiasforamdesenvolvidaspara
incorporar uma base com pareamento errado em um
MétodosdeDNArecombinantesãoaplicáveisanume-
dos oligonucleotídeos que servem de primer para o
rosasdisciplinasbiológicasincluindoagricultura,estu-
PCR. Alguns desses procedimentos empregam bacte-
dosdeevolução,biologiaforenseeclínicamédica.En-
riófagoM13eseguemosprincípiosdescritosnaFigura
genharia genética pode introduzir proteínas novas ou
7.26.UmavariaçãodessesmétodosdePCR,mutagêne-
alteradas em grãos (p. ex., milho), de modo que eles
seporPCRinverso,foiaplicadaapequenosplasmíde-
contenhamaminoácidosessenciaisparaohomemmas
osrecombinantes(4-5kb)(Figura7.25).
freqüentemente ausentes de proteínas vegetais. Toxi-
Ométodoémuitorápido,com50-100%dascolônias
nasletaisainsetosespecíficos,masinócuasaohomem,
geradas contendo a seqüência mutante. Os dois pri-
podem ser introduzidas em grãos para protegerem as
merssãosintetizadosdemodoquepareiemfinal-com-
plantas,evitandoassimousodepesticidasqueagridem
finalcomumprimercontendoabaseerrada.
omeioambiente.ODNAisoladodecélulasdolíquido
amniótico de uma mulher grávida pode ser analisado
quanto a defeitos genéticos no feto. Quantidades mi-
PARTE2TRANSMISSÃODAINFORMAÇÃO
8
REGULAÇÃODA
EXPRESSÃOGÊNICA
DanielL.WeekseJohnE.Donelson
influencieaformaçãodealçasemgrampoalternativas,
uma das quais lembrando um grampo de terminação Operon Proteína Proteínas especificadas pelo operon
regulatória
seguido de vários resíduos U. Ao contrário do operon
trp,transcriçãodooperonhiséreguladaprimariamen- ��� S8 L14-L24-L5-S14-S8-L6-L18-S5-L15-L30
teporatenuação,umavezquenãopossuiumoperador
reconhecidoporumaproteínarepressora.Emvezdis- ��� L4 S10-L3-L2-L4-L23-S19-L22-S3-S17-L16-L29
so,oribossomoagecomoumaproteínareguladorapo- S12-S7-EF•G-EF•Tu
��� S7
sitiva, semelhante ao complexo cAMP-CAP no operon
lac.Seoribossomoestiverligado(i.é.,parado)nosítio � S4 S13-S11-S4-�-L17
atenuador, transcrição dos genes estruturais a seguir ��� L1 L11-L1
estará aumentada. Se o ribossomo não estiver ligado,
transcriçãodessesgenesestarámuitoreduzida. ��� L10 L10-L7-�−��
Transcriçãodealgunsoperons,mostradosnaFigu-
FIGURA8.12
ra8.11,podeseratenuadapormaisdeumaminoácido. OperonscontendogenesdeproteínasribossômicasdeE.coli.
Porexemplo,ooperonthréatenuadoportreoninaou Genesdoscomponentesprotéicosdassubunidadesribossômicas
isoleucina,enquantoooperonilvéatenuadoporleuci- pequena(S)egrande(L)deE.colificamagrupadosemvários
operons.Algunsdessesoperonstambémcontêmgenesdas
na, valina ou isoleucina. Esse efeito pode ser explica- subunidadesα,βeβ‘daRNApolimeraseefatoresdesíntese
doemtodososcasosporpausadoribossomonocódon protéicaEF-GeEF-Tu.Pelomenosumdosprodutosprotéicosde
correspondente, o que interfere com formação de um cadaoperongeralmenteregulaexpressãodesseoperon
(vertexto).
grampo de terminação. É possível que em seqüências
líderesmaislongas,apausaemmaisdeumcódonseja
necessáriaparaatingirmáximatranscriçãopelaregião
assubunidadesribossômicaseumgenedasubunidade
deatenuação.
α da RNA polimerase. O operon rif tem os genes das
subunidadesβeβ’daRNApolimeraseedeproteínas
|
8.5 OUTROSOPERONS
BACTERIANOS
ribossômicas.
Umacaracterísticacomumaosseisoperonsdepro-
teínasribossômicaséquesuaexpressãoéreguladapor
um dos produtos de seus próprios genes estruturais;
isto é, são auto-regulados. Em alguns casos, regu-
SíntesedeProteínasRibossômicasÉ laçãoocorreemníveldetradução,nãodetranscrição
ReguladadeModoCoordenado como discutido para operons lac e trp. Depois que o
mRNApolicistrônicoéfeito,aproteínaribossômica“re-
Muitosoperonsbacterianospossuemosmesmosmeca- gulatória”liga-seaessemRNAedeterminaqueregião,
nismos regulatórios gerais dos operons lac, trp e his. sealguma,serátraduzida.Emgeral,aproteínaribos-
Entretanto,cadaoperontemsuasprópriascaracterísti- sômicaqueregulaexpressãodeseuprópriooperonas-
casdistintas.Umexemploédadopelosgenesestrutu- socia-secomRNAribossômico(rRNAs)noribossomo.
raisdas70oumaisproteínasquecompõemosribosso- EssaproteínatemumaaltaafinidadeporrRNAeuma
mos(Figura8.12).Cadaribossomocontémumacópia afinidademenorporumaoumaisregiõesdeseupróprio
decadaproteína ribossômica(excetoproteínasL7- mRNA. Portanto, competição ocorre entre rRNA e o
L12,queprovavelmenteestãopresentesemquatrocó- operondomRNApelaligaçãocomaproteína.Àmedida
pias). Portanto, todas as 70 proteínas são necessárias queaproteínaseacumula,alcançandoumnívelmais
emquantidadesequimolares,efazsentidoquesuasín- altoqueoderRNAlivre,liga-seaseuprópriomRNAe
tese seja regulada de modo coordenado. Seis operons impede síntese protéica em uma ou mais das seqüên-
diferentes,contendocercademetadedosgenesdepro- ciascodificadorasdessemRNA(Figura8.13).Quando
teínasribossômicas,ocorrememdoisgruposprincipais maisribossomossãoformados,oexcessodessaproteí-
degenes.Umgrupocontémquatrooperonsadjacentes naribossômicaéusadoetraduçãodeseumRNApode
(Spc, S10, str e a) e o outro grupo tem dois operons recomeçar.
(L11erif)localizadosemoutropontodocromossomo
deE.coli.Nãohánenhumpadrãoóbviodedistribuição
dosgenesentreessesoperons.Algunsoperonscodifi- RespostaEstringenteControla
camproteínasdeumasubunidaderibossômica;outros SíntesederRNAsetRNAs
codificam proteínas de ambas as subunidades. Esses
operonstambémcontêmgenesdeoutrasproteínas(re- Bactériasrespondemdeváriasmaneirasaextremoes-
lacionadas). tressegeral.Umadessassituaçõeséquandoháamino-
Porexemplo,ooperonstrcontémgenesdefatores ácidosinsuficientesparamantersínteseprotéica.Nessas
deelongaçãodetraduçãosolúveis,EF-TueEF-G,ege- condições,acélulainvocaarespostaestringente,que
nes de algumas proteínas da subunidade ribossômica reduzsíntesederRNAsetRNAscercade20vezes.Sín-
30S.Ooperonacontémgenesdeproteínasdeambas tesedemRNAstambémdiminuicercadetrêsvezes.
CORRELAÇÃOCLÍNICA8.1
ResistênciaTransmissívela
|
8.7 EXPRESSÃOGÊNICAEM
EUCARIOTOS
MúltiplasDrogas
Transcrição de genes em organismos eucarióticos é
Umatendênciaalarmanteéquebactériaspato- também regulada para dar a resposta adequada a ne-
gênicasestãoficandocadavezmaisresistentesa cessidadesbiológicas.Alémdemodularaexpressãode
umgrandenúmerodeantibióticos.Muitoscasos genesemrespostaacondiçõesnutricionaisouambien-
foramdocumentados,nosquaisumacepabacte- tais, organismos multicelulares regulam a expressão
riana em um paciente que vinha sendo tratado degenesespecializadosquedirecionamdiferenciação
comumantibiótico,subitamentetorna-seresis- celularecaracterizamtiposcelularesespecíficos.Al-
tente a esse antibiótico e, simultaneamente, a gunsgenes(chamadosgeneszeladoresouhousekee-
váriosoutrosantibióticos,emboraessacepabac- ping)sãoexpressosnamaioriadascélulas,outrossão
teriana nunca tenha sido exposta antes a esses ativados sob demanda e outros, ainda, ficam perma-
outrosantibióticos.Issoocorrequandoabactéria nentemente inativos em todos, exceto alguns poucos
subitamente adquire, de outra cepa bacteriana, tiposdecélulas.Emcélulaseucarióticas,amembrana
um plasmídeo que contém vários transposons nuclearservedebarreiraquepermiteseletivamenteo
diferentes,cadaumcontendoumoumaisgenes acessodealgumasproteínasaoDNA,enquantoman-
deresistênciaaantibióticos.Exemplosincluem: témoutrasnocitosol.Embactérias,umaRNApolime-
osgenesquecodificamβ-lactamase,queinativa raseéresponsávelpelatranscriçãodetodososRNAs
penicilina e cefalosporinas; a cloranfenicol ace- (tRNA,rRNAemRNA).Emorganismoseucarióticos,
tiltransferase,queinativacloranfenicol;efosfo- três RNA polimerases diferentes são usadas (ver p.
transferases, que modificam aminoglicosídeos, 181).RNApolimeraseItranscreveosgenesderRNA,
comoneomicinaegentamicina. RNApolimeraseIItranscreveosgenesquecodificam
proteínas,cujostranscritossetornammRNAs,eRNA
polimeraseIIItranscreveosgenesdetRNAseamaio-
Fonte:Neu,H.C.Thecrisisinantibioticresistance. riadosoutrosRNAspequenos.Emboraalgunsprincí-
Science257:1064,1992 piosdeativaçãogênicaecontroleeucarióticosseapli-
quematodasastrêsRNApolimerases,nestaseçãoo
focoserátranscriçãoporRNApolimeraseII.RNApo-
transcritosdemododivergenteapartirdeumaregião limeraseIIécompostaporpelomenos10subunidades
decontrolede163pb,localizadaentreeles,queligao diferentes, com tamanhos entre 10 e 220 kDa. Algu-
repressor.Orepressortambémparticipadainserçãodo mas das subunidades são também parte dos comple-
novotransposon,masnãoafetatranscriçãodogenede xosdasRNApolimerasesIeIII,enquantooutrassão
resistênciaàampicilina. exclusivasdaRNApolimeraseII.Asubunidademaior
MutaçõesemtnpAqueinativamatransposasedi- da RNA polimerase II tem, dependendo da espécie,
minuem a freqüência de transposição de Tn3. Muta- até52repetiçõesdaseqüênciadeaminoácidosPTSP-
ções em tnpR que inativam o repressor aumentam a SYSemsuaregiãoC-terminal(CTD,C-terminaldo-
freqüência de transposição. Essas mutações desrepri- main).Umacaracterísticaprópriadessasrepetiçõesé
memtnpA,resultandoemmaismoléculasdetransposa- quetreonina(T),serina(S)etirosina(Y)podemser
se;issoaumentaaformaçãodemaiscópiasduplicadas fosforiladas.
dotransposon.TambémdesreprimetnpR,mascomoo Paraentendermelhoraregulaçãodatranscriçãoem
repressoréinativo,issonãotemefeito. eucariotos,éútilrelembraraorganizaçãodoDNAem
Transposonslocalizadosemplasmídeosbacterianos cromatinaeopapeldemodificaçãonoDNA,especial-
sãodeimportânciacrescenteemusoclínicodeantibi- mentemetilaçãodecitosina,sobreativaçãogênica.
óticos.Plasmídeosbacterianosquenãoforamalterados Alémdisso,vamosconsiderarcomoRNApolimerase
para uso experimental geralmente contêm genes que II é posicionada no ponto correto do promotor de um
facilitamsuatransferênciadeumabactériaparaoutra. geneparatranscreveressegenepelaformaçãodeum
Quandoessesplasmídeossetransferementrediferen- complexodepré-iniciação,queenvolveorganizaçãode
tes cepas bacterianas infecciosas, seus transposons fatoresdetranscriçãogerais(TFs)comRNApoli-
contendo genes de resistência a antibióticos são meraseII.Aseguir,vamosvercomoatividadedegenes
transportados para as novas cepas bacterianas. Uma específicospodeserreguladapelousodeenhancers,
vezdentrodeumanovabactéria,otransposonpodese sítiosdeligaçãodefatoresdetranscriçãoesítios
duplicar no cromossomo e ficar permanentemente es- de organização de RNA polimerase. Finalmente,
tabelecidonaquelalinhagemcelular.Oresultadoéque vamosdiscutiraativaçãodatranscriçãoporfatoresde
maisemaiscepasdebactériaspatogênicastornaram- transcrição específicos, algumas de suas característi-
seresistentesaumnúmerocrescentedeantibióticos. casgeraisecomosãoregulados.
|
ProteínasbZIPtêmumdomíniodeligaçãoaoDNA
compostoporumaregiãobásica,definidapelapresença
8.9 REGULAÇÃODA
deargininaelisina,localizadaaseteaminoácidosantes EXPRESSÃOGÊNICA
daprimeiraleucinaeα-hélice.Osaminoácidosbásicos
estabilizam a associação DNA-proteína por interações
EUCARIÓTICA
eletrostáticascomoesqueletocarregadonegativamen-
tedoDNA,alémdeformarpontesdehidrogênionafen-
Como indicado acima, uma região relativamente pe-
damaior.Sítiosdeligaçãodehomodímerostêmsime-
quenadeumaproteínaregulatóriapodeserdedicadaà
triadíade,enquantoessasimetrianãoéencontradaem
ligaçãoseqüência-específicaaoDNA,enquantooutros
sítiosdeligaçãodeheterodímeros.
domíniosestãoenvolvidoseminteraçõesproteína-pro-
Aclassehélice-alça-hélicedefatoresdetranscrição
teínaouligante.Váriosdomíniosdeativaçãocaracte-
inclui myoD, myc e max. Dois segmentos de α-hélice
rísticosforamidentificados,incluindodomíniosácidos
anfipáticaseparadosporumaalçaintervenientecarac-
(altaconcentraçãodeaminoácidoscomcadeiaslaterais
terizamproteínashélice-alça-hélice.
ácidas),domíniosricosemglutamina,edomíniosricos
As hélices não são responsáveis por ligação com
em prolina. Experimentalmente, superprodução de
DNA,comonasproteínasdedosdezinco,maspordi-
qualquer desses domínios por técnicas de recombina-
merizaçãocomoutraproteína.Comofoidescritopara
ção,mesmosemseusdomíniosdeligaçãoaoDNAcor-
asproteínasbZIP,osdímerosformadospodemserhomo
respondentes,podelevaràativaçãoerrôneadetrans-
ouheterodímeros.OdomíniodeligaçãoaoDNAéuma
criçãodeumavariedadedegenes.Elesparecemativar
extensãodeumadasα-hélicesqueformamofeixede
transcriçãopormeiodoaumentodataxademontagem
quatro-hélicesgeradopordimerização(Figura8.27).
do complexo de pré-iniciação. Alguns interagem dire-
tamentecomTFIID,aumentandoligaçãoaoTATAbox,
enquantooutrosinteragemcomTFIIBouTAFsquesão
partedocomplexoTFIID.Quandomúltiplosfatoresde
transcriçãoseligamaumpromotor,elespodemterum
efeito combinatório sobre a ligação e a montagem do
complexo de pré-iniciação. Domínios de ativação de
muitosfatoresdetranscriçãotêmcomoalvosasmes-
masproteínasnocomplexodepré-iniciação.
��� FIGURA8.27
Formaçãodofatordetranscriçãodiméricoé
mediadaporinteraçõeshélice-alça-hélice.
Omotivohélice-alça-héliceaproximadois
monômerosparaformarumdímeroqueseliga
aoDNA.(a)Cadamonômerotemduashélices
unidasporumaalça.Umahéliceéusadapara
interaçãoproteína-proteína,enquantoaoutra
éusadaparaligarafendamaiordoDNA.Assim,
odímeroconsistedeumfeixedequatrohélices
Seodímeroforformadopordoismonômeros
idênticos,entãoseesperaqueossítiosde
ligaçãonoDNAsejammuitosemelhantesou
idênticos;entretanto,seosmonômerosforem
proteínasdiferentes(formandoheterodímeros),
entãoossítiosdeligaçãonoDNApodem
sernão-relacionados.(b)Quandofatoresde
transcriçãoligam-secomodímeros,apresença
deummonômerotruncadopodeimpedir
ligaçãoaoDNA,mesmoempresençade
��� Homodímero HLS ativo Heterodímero HLS inativo monômeroscompletos.Porexemplo,seahélice
dedimerizaçãodaproteínaforfeitasemo
domíniodeligaçãoaoDNA,adimerizaçãocom
ummonômerocompletoproduzumproduto
incapazdeseligareficientementeaoDNA.
ModificadodeAlberts,B.,Bray,D.,Lewis,J.,
Raff,M.,Roberts,K.eWatson,J.Molecular
BiologyoftheCell.NewYork:Garland,1994.
DNA
PARTE3FUNÇÕESDEPROTEÍNAS
9
Fab 1 Fab 2
Sítio de ligação
Sítio de ligação
do anticorpo (Ag)
do anticorpo (Ag)
SS
Tuftsina C1q
CHO
Prot–A Prot–A
Fc
PROTEÍNASII:RELAÇÕES
ESTRUTURA-FUNÇÃOEM
FAMÍLIASDEPROTEÍNAS
RichardM.Schultz
|
9.3 PROTEÍNASCOMUM EnzimasProteolíticasSão
MECANISMOCATALÍ- ClassificadasporseuMecanismo
TICOCOMUM:SERINO Catalítico
PROTEASES Enzimasproteolíticassãoclassificadasdeacordocom
seu mecanismo catalítico. Além das serino proteases,
outrasclassesutilizamcisteína(cisteínoproteases),
Serino proteases são uma família de enzimas que aspartato (aspartato proteases) ou íons metálicos
usamumresíduodeserinaativadodemodosingularno (metalo proteases) para realizar sua função catalí-
sítiodeligaçãoaosubstrato,parahidrolisarcatalitica- tica.Asquehidrolisamligaçõespeptídicasnointerior
menteligaçõespeptídicas.Essaserinapodesercarac- deumpolipeptídeosãoendopeptidases,eaquelasque
terizadapelareaçãoirreversíveldeseugrupohidroxila quebramaligaçãopeptídicadeaminoácidosCOOH-ou
de cadeia lateral com diisopropilfluorofosfato (DFP) NH2-terminaissãoexopeptidases.
(Figura9.11).Detodasasserinasdaproteína,DFPre- Serinoproteasesfreqüentementeativamoutrasse-
agesócomaserinacataliticamenteativa,formandoum rinoproteasesapartirdesuaformaprecursorainativa,
ésterdefosfato. denominadaumzimogênio,porclivagemdeumaliga-
ção peptídica específica. Esse mecanismo de ativação
CORRELAÇÃOCLÍNICA9.6
Hemoglobinopatias
Há mais de 800 hemoglobinas humanas mutantes afinidade aumentada por oxigênio são freqüen-
diferentes. Mutações causam instabilidade na es- tementecaracterizadasporanemiahemolíticae
trutura da hemoglobina, afinidade aumentada ou formaçãodecorposdeHeinz.
diminuídaporoxigênio,ouumaumentonataxade Hemoglobinas mutantes que formam meta-
oxidaçãodoferroferrosodoheme(Fe2+)paraoes- hemoglobina incluem HbM Iwateα87His→Tyr e
tadoférrico(Fe3+).Umahemoglobinaférrica,não- HbM HydeParkβ92His→Tyr, onde as histidinas pro-
funcional,échamadameta-hemoglobinaeésimbo- ximais F8 das cadeias α e β, respectivamen-
lizadaporHbM. te, estão mutadas. Na HbM Bostonα58His→Tyr e na
Hemoglobinasinstáveissurgemporsubstituição HbMSaskatoonβ63His→Tyr, as histidinas distais E7
deprolinaporumaminoácidoemumaregiãodeα- estãomutadas.Mutaçõesdeaminoácidosquefi-
hélicedadobradeglobina.Prolinasnãoparticipam camjuntodohemeouformamosítiodeligação
daestruturaemα-héliceeaquebradeumsegmento comoxigêniofreqüentementelevamameta-he-
de α-hélice gera uma hemoglobina instável (exem- moglobina. Pacientes com altas concentrações
plos são HbSakiβ14Leu→Pro e HbGenova β28Leu→Pro). Ou- de meta-hemoglobina apresentam cianose (cor
trashemoglobinasinstáveissurgemporsubstituição azuladanapele).
por um aminoácido que é muito grande ou muito Duas das mutações mais prevalentes ocor-
pequenoparaestabelecercontatoscorretos,oupor remnoaminoácidodamesmaposição,oβ6Glu.
colocaçãodeumgrupocarregadooupolarnolado Quandoesseglutamatoésubstituídoporvalina,
de dentro de um domínio. Hemoglobinas instáveis o resultado é HbS β6Glu→Val; enquanto substitui-
desnaturamfacilmenteeprecipitam,formandocor- ção por lisina gera HbCβ6Glu→Lys. Homozigotos
posdeHeinz,quedanificamamembranadoeritró- comHbSexpressamanemiafalciforme,naqual
cito. Pacientes com hemoglobinas instáveis podem as moléculas de hemoglobina precipitam como
desenvolver anemia, reticulocitose, esplenomegalia tactóidesoulongascadeias,oqueproduzafor-
eurobilinúria. madefoicedoseritrócitos(verCorr.Clín.3.3).
Algumas hemoglobinas mutantes têm afinida- HbCformaumaestruturadiferentedeagregado
de aumentada por oxigênio (P50 mais baixa). Um consistindodecristalóidesdeextremidadesce-
exemplointeressanteéHbCowtownβ246His→Leu,naqual gas. Isso reduz o tempo de vida dos eritrócitos,
ahistidina,quedissocia50%dosprótonsdoefeito mascausamenoshemólisequeHbS.Estaforma
Bohr,éperdida.Essamutaçãoimpedearegulação de hemoglobinopatia apresenta efeitos patológi-
dadissociaçãodeoxigênioporconcentraçãodeíons cosmaislimitados.ComoambasHbSeHbCsão
hidrogênioedesestabilizaaconformaçãoT,emre- comumente encontradas em certas populações
lação à conformação R, causando um aumento na negrasdaÁfrica,nãoéraroencontrarindivídu-
afinidadeporoxigênioeliberaçãodiminuídadeO2 osheterozigotosparaambososgenesmutantes
para os tecidos. Mutações em hemoglobina que in- nessas populações. Indivíduos com HbSC terão
terferem com ligação de DPG também aumentam uma anemia intermediária entre as observadas
afinidade por oxigênio. Hemoglobinopatias com parahomozigotosdeHbSeHbC.
Fonte:Dickerson,R.E.eGeis,I.Hemoglobin:Structure,Function,Evolution,andPathology.MenloPark,CA:
Benjamin-Cummings,1983.Arcasoy,M.O.eGallagher,P.G.Moleculardiagnosisofhemoglobinopathiesandotherred
bloodcelldisorders.Semin.Hematol.36:328,1999.
Quatroligaçõessãocomosátomosdenitrogêniopirró- édesignadacomohistidinaproximalnasestruturas
licodaporfirina.Comoosanéispirrólicoseoscarbonos dehemoglobinaemioglobina(Figuras9.20e9.21).O2
de ligação fazem parte do mesmo sistema aromático, forma a sexta ligação; o O2 é colocado entre o átomo
essesátomosficamemumplanocomum.Oferroligado ferrosoeumsegundoimidazoldehistidina,designada
à porfirina tenderá a ficar no mesmo plano da porfiri- comohistidinadistal.Nadesoxi-hemoglobina,asex-
na.Aquintaeapotencialsextaligaçõescomferrosão taposiçãoestádesocupada.
direcionadasaolongodeumeixoperpendicularaopla- Ohemeéposicionadodentrodeumbolsãohidrofó-
nodoanelporfirínico(Figura9.20).Aquintaligaçãoé bicodecadasubunidadeglobina,comaproximadamen-
comumnitrogêniodoimidazoldeumahistidina.Esta te 80 interações fornecidas por cerca de 18 resíduos,
|
9.5 OCOMPLEXOPROTÉICO cam, o proteoglicano de heparam sulfato. Além disso,
pequenasquantidadesdetalvez50outrasproteínaspo-
DALÂMINABASAL demestarpresentes,incluindoosteopontina(também
chamadaBM-40ouSPARC),fibulina,colágenotipoXV,
colágenotipoXVIIIeoproteoglicanoagrim.Adiversi-
Umalâminabasaléumcomplexomuitoestruturado dadeeatecido-especificidadedeumamembranabasal
de proteínas de matriz extracelular observado inicial- édeterminadapelasisoformasdecolágenotipoIVela-
menteaomicroscópiocomoumaregiãoamorfadensa- mininaeostiposdeproteínasminoritáriaspresentes.
menteempacotadadecercade50a100nmdeespes- IsoformasdecolágenotipoIVsãoproduzidasporsete
sura circundando tecidos ou células (Figura 9.39). O genes diferentes de colágeno tipo IV. Essas isoformas
termo membrana basal é usado para descrever a lâ- compartilham homologia de estrutura de domínios,
minabasaleoscolágenosfibrilaresligadosaoseulado masdiferemem30-50%desuasseqüênciasdeamino-
externo.Amembranabasaldásuporteatecidosere- ácidos. Há pelo menos 12 isoformas de laminina. As
gulaacessodecélulasaoestromaintersticial.Também isoformasdecolágenotipoIVelamininaexpressassão
participa da determinação de propriedades de células característicasdotipocelularedotecidoquesintetiza
queestãoligadasaela,incluindooscríticosprocessos amembranabasalassociada.
PARTE3FUNÇÕESDEPROTEÍNAS
10
ENZIMAS:CLASSIFICAÇÃO,
CINÉTICAECONTROLE
HenryWeiner
CORRELAÇÃOCLÍNICA10.1
MutaçãodeumSítiodeLigaçãodeCoenzimaResultaemDoençaClínica
Fonte:Pascal,T.A.,Gaull,G.E.,Beratis,N.G.,Gillam,B.M.,Tallan,H.H.eHirschhorn,K.VitaminB6 -responsive
andunresponsivecystathionuria:twovariantmolecularforms.Science190:1209,1975.
|
10.5 COENZIMAS, Coenzimas
CO-SUBSTRATOSE Tabela10.2listaascoenzimasevitaminasapartirdas
COFATORES quaissãoderivadas.Coenzimasparticipamdeenzimas
catalisadasporenzimas,masnãosãooscompostospri-
máriosqueestãosendomodificados.Algumascoenzi-
masparticipamdaaçãodemuitasenzimasdiferentes,
Muitasenzimasrequeremaparticipaçãodeumacoenzi- enquanto outros participam apenas de um número li-
ma,umco-substratooucofatornareaçãocatalítica.Co- mitado de reações. Podem ter afinidades pela enzima
enzimassãomoléculasorgânicaspequenas,freqüente- semelhantes ao substrato, podem ser fortemente liga-
mentederivadosdevitaminas(verp.1074).Podemser dasoupodemsercovalentementeligadas.Algumassão
ou não modificadas (p. ex., oxidadas ou reduzidas) na modificadasduranteumareação,masestãonoseues-
reação.Asquesãoalteradassãotambémchamadasco- tado original no final da reação (modificação cíclica),
substratos.Paraalgumasreações,aenergiadehidróli- enquanto outras permanecem modificadas no fim. Se
sedeATPénecessáriasemincorporaçãodesulfatoao estiveremmodificadasnofim(p.ex.,oxidadasouredu-
produto. ATP nessas reações é um co-substrato. Íons zidas),devemparticipardeoutrareaçãopararetornar
metálicossãofreqüentementenecessáriosparareações aoseuestadooriginal.Coenzimasestãopresentesem
enzimáticasechamadoscofatores. célulasemumaconcentraçãorazoavelmenteconstante,
TABELA10.2Coenzimas
Coenzima Vitamina ReaçãoMediada
Ácidolipóico Transferênciadeacil
CORRELAÇÃOCLÍNICA10.3
EfeitoFisiológicodeMudançasnosValoresdeKmdeEnzimas
Asensibilidadeincomumdeasiáticosabebidasalco- quesuaenzimafosse50%ativa,masapresentavaati-
ólicastemumabasebioquímica.Emalgunsjapone- vidademuitobaixa.ALDHformatetrâmeroscomos
sesechineses,muitomenosálcoolénecessáriopara doismonômeros(E4,E3K,E2K2,EK3eK4),ondeE4
produzirvasodilatação,queresultaemruborfacial eK4sãoformashomotetraméricasdassubunidades
eaceleraçãodosbatimentoscardíacos,doqueone- contendo glutamato e lisina, respectivamente, e as
cessário para causar o mesmo efeito em europeus. outrassãoheterotetrâmeros.E3Ktinha50%daativi-
Osefeitosfisiológicosdevem-seaoacetaldeídogera- dadetotal,não75%,enquantoEK3praticamentenão
do pela álcool desidrogenase hepática. Acetaldeído tinha atividade, não os 25% que se poderia esperar
énormalmenteremovidoporaldeídodesidrogenase comumasubunidadeativa.AsubunidadeKerado-
(ALDH), que converte acetaldeído em acetato. Um minanteepodiainativarasubunidade,àqualestava
aminoácido na posição 487 na subunidade de 500 pareada,umavezqueoresíduodaposição487inte-
aminoácidosdaenzimatetraméricaestátrocadoem ragecomumaargininadaposição475.Quandoum
algunsdosindivíduosafetados.Aenzimaativatem glutamatoestavanaposição487,umaligaçãosalina
umglutamato,enquantoavarianteinativatemuma estávelseformava,masquandoumalisinaestavana
lisina.Descobriu-sequeavarianteasiáticatemati- posição 487, causava um movimento da arginina. O
vidade muito baixa, e o Km para NAD+ aumentado movimento rompia o bolsão de ligação a NAD, em-
de 30 μM para 7.000 μM. Embora a enzima esteja bora o resíduo 487 não estivesse em contato com a
ativa,teriamuitopoucaatividadenofígadoporque dobra de Rossmann. Este exemplo ilustra o fato de
oKmémuitoaltoekcat,muitobaixa. umamutaçãopuntualemumaenzimapoderafetar
Além disso, indivíduos afetados eram heterozi- osítioativo,emboraoresíduonãoestejaemcontato
gotos,tendogenesparaaenzimaglutamatoativae direto com essa região. Também mostra como uma
aenzimalisinaessencialmenteinativa.Esperar-se-ia subunidadepodeserdominantesobreoutra.
Fonte:ZhouJ.eWeiner,H.Basisforhalf-of-the-sitereactivityandthedominanceoftheK487orientalsubu-
nitovertheE487subunitinheterotetramerichumanlivermitochondrialaldehydedehydrogenase.Biochemistry
39:12019,2000.
|
10.10 REGULAÇÃODEATI- demodosdiferentesdeinibidorescompetitivosounão-
competitivos.Ligantespodemserativadores,atémes-
VIDADEENZIMÁTICA moossubstratosdeenzimas.Osligantesquemudama
atividadeenzimática,masnãosãomodificadosemcon-
seqüênciadaaçãoenzimática,sãochamadosefetores,
modificadoresoumoduladores.Amaioriadasenzimas
ModificaçãoCovalente sujeitasàmodulaçãoporligantessãoenzimasdetermi-
Células têm capacidade de regular a atividade de en- nantesdevelocidadedeviasmetabólicas.
zimas-chavespormodificaçãocovalenteouligaçãore- Enzimas que respondem a moduladores têm sí-
versível de ligantes. Muitos exemplos de modificação tios adicionais conhecidos como sítio(s) alostérico(s).
covalente,comofosforilação,serãodescritosemoutros Alostéricoéderivadodaraizgregaallo,significando
capítulos.Hámuitasproteínasquinasesquecatalisam “ooutro”.Umsítioalostéricoéumaregiãoespecíficada
fosforilaçãoderesíduosdeserina,treoninaoutreoni- enzima,bemdiferentedosítiodeligaçãodosubstrato.
na em proteínas e enzimas específicas (ver p. 490) e A existência de sítios alostéricos é ilustrada na Corr.
proteínafosforilasesqueremovemofosfatoporhidróli- Clín.10.10.Osligantesqueseligamasítiosalostéricos
se.Dependendodaproteína,fosforilaçãopodeaumen- sãochamadosefetoresalostéricosoumoduladores.Li-
taroudiminuiraatividadeenzimática.Outrosgrupos gaçãodeumefetoralostéricocausaumamudançacon-
além do fosfato podem ser adicionados a uma enzima formacional na enzima, de modo que a afinidade pelo
paraalterarsuaatividade,incluindosulfatoeacetato. substrato ou outros ligantes também muda. Efetores
Modificaçãocovalentedeproteínaséummodorápido alostéricospositivos(+)aumentamaafinidadedaenzi-
e eficiente de controlar atividade de uma proteína ou maporsubstratoououtroligante.Oinversoéverdade
enzima. paraefetoresalostéricosnegativos(–).Osítioalostéri-
conoqualoefetorpositivoseligaéchamadoumsítio
ativador;oefetornegativoliga-seaumsítioinibitório.
ControleAlostéricodeAtividade Enzimasalostéricassãodivididasemduasclasses,
Enzimática combasenoefeitodoefetoralostéricosobreKmeVmax.
Na classe K, o efetor altera o Km, mas não Vmax, en-
Emboraossítiosdeligaçãodesubstratoeativodeuma quantonaclasseV,oefetoralteraVmax,masnãoKm.
enzimasejamestruturasbemdefinidas,aatividadede Enzimas da classe K dão gráficos duplos-recíprocos
muitasenzimaspodesermoduladaporligantesagindo comoosdeinibidorescompetitivos,eenzimasdaclasse
CORRELAÇÃOCLÍNICA10.10
UmCasodeGotaDemonstraa A PRPP
sintetase
I
DiferençaentreumSítioAlostérico
eumSítiodeLigaçãodeSubstrato C
Adescobertadequesítiosalostéricosinibitóriossãosepara-
dosdesítiosalostéricosativadores,bemcomodossítiosde
ligaçãodesubstratoecatalítico,éilustradaporumestudo +
deumpacientecomgota,cujoníveldePRPPnoseritrócitos
estavaaumentando.Descobriu-sequeaPRPPsintetasedo
pacientetinhavaloresnormaisdeKm,Vmax,juntamentecom
sensibilidade à ativação por fosfato. Os níveis aumentados PRPP
–
dePRPPehiperuricemiasurgiramporqueosprodutosfinais Pi
davia(ATP,GTP)nãoeramcapazesdeinibirasintetaseno
sítio alostérico inibitório (I). Sugeriu-se que uma mutação ATP
nosítioinibitórioounomecanismodeacoplamentoentreo Ribose
sítioinibitórioecatalíticolevouaodefeitodomecanismode
controleporfeedback.
AMP ATP
GMP GTP
Fonte: Sperling, O., Persky-Brosh, S., Boen, P. e DeVries, A. Human erytrocyte phosphoribosyl-pyrophosphate
synthetasemutationallyalteredinregulatoryproperties.Biochem.Med.7:389,1973
PARTE3FUNÇÕESDEPROTEÍNAS
11
Adenina
Ribose Citocromo P450
Fosfato Redutase
Fosfato
Ribitol
Citocromo �5
2e- N N ?
NADPH O CH3 1e- Fosfato
N N CH3 Ribitol C N• C
O N N N Fe N
[FAD] H3C O C N C
N 1e-
H3C N
C N C
O
[FMN]
N • • •• N
C N C
Citocromo P450
CITOCROMOSP450E
ÓXIDONÍTRICOSINTASES
LindaJ.RomaneBettieSueSilerMasters
|
11.5 CITOCROMOP450: deseqüênciadeaminoácidosdosmembrosésuperiora
55%.Asubfamíliaéidentificadaporumaletramaiús-
NOMENCLATURAE cula arábica (p. ex., CYP1A, CYP1B, CYP1C, etc.). Os
ISOFORMAS membrosindividuaisdecadasubfamíliasãoentãonu-
meradosnaordememqueforamidentificados(p.ex.,
CYP1A1, CYP1A2, CYP1A3, etc.). Embora citocromos
P450 sejam enzimas, os termos “isoenzima” ou “isozi-
DevidoaograndenúmerodecitocromosP450quefo- ma”nãosãousadosparadescreveressasproteínas;em
ramidentificados(maisde4.500emjaneirode2005), verdisso,otermo“forma”ou“isoforma”éusado.
um sistema de classificação das enzimas em grupos Tabelas11.1e11.2relacionamasisoformasconheci-
funcionaisenomenclaturafoidesenvolvido.Osistema dasdecitocromosP450humanos.Há57isoformasdivi-
escolhidoébaseadoemclassificaçãodeacordocoma didasem18famíliase41subfamílias.Ogenomahumano
identidaderelativadasseqüênciasdeaminoácidosdas codifica58pseudogenesCYPquenãoformamproteína
enzimas. A superfamília dos citocromos P450 é assim ativa.Tabela11.1listaasisoformasqueutilizamprima-
divididainicialmenteemfamílias,nasquaisaidentida- riamentecompostosexógenos(p.ex.,drogasexenobió-
dedaseqüênciadeaminoácidosdosmembrosésuperior ticos);cadaisoformametabolizaumaamplavariedadede
a40%.Afamíliaédesignadapeloprefixo“CYP”,emre- substratos.Tabela11.2listaasisoformasenvolvidasem
ferênciaacytochromeP450,seguidaporumnumeral metabolismo de compostos endógenos; essas isoformas
arábico(p.ex.,CYP1,CYP2,CYP3,etc).Asfamíliassão geralmente reconhecem apenas um ou dois substratos
aindadivididasemsubfamílias,nasquaisaidentidade específicos,eestessãoapresentadosnatabela.
TABELA11.1CitocromosP450HumanosEnvolvidosemMetabolismoExógeno
Família Substrato(s) Inibidor(es) Indutor(es)
Isoformas
CYP Selecionado(s) Selecionado(s) Selecionado(s)
2A7 NC NC NC
2A13 Hexametilfosforamida NC NC
2F1 Naftaleno,estireno NC NC
2J2 Bufuralol NC NC
2R1,2S1 NC NC NC
2U1,2W1 NC NC NC
3A43 Testosterona NC NC
a
NC,nãobemcaracterizado.
CORRELAÇÃOCLÍNICA11.3
InibiçãodeCitocromoP450:InteraçõesDroga-DrogaeEfeitosAdversos
Fonte:Terfenadine:proposaltowithdrawapprovaloftwonewdrugsapplicationsandoneabbreviatednewdrug
application.Fed.Reg.62:1889,1997.(EssedocumentopodeservistonapáginadainternetdoFederalRegisterem
http://www.access.gpo.gov/su_docs/aces/aces140.html); e Desta, Z., Soukhova, N., Mahal, S. K. e Flockhart, D. A.
InteractionsofcisapridewiththehumancytochromeP450system:metabolismandinhibitionstudies.DrugMetab.
Dispos.28:789,2000.
|
11.10 ISOFORMASDE bora se localize na membrana por interações proteí-
na-proteínacomumagamadeproteínasregulatórias
ÓXIDONÍTRICO edelocalização.Éexpressaconstitutivamente,oque
SINTASESEFUNÇÕES significa que não é normalmente induzida em nível
transcripcional,eéativadapeloinfluxodecálcio.No
FISIOLÓGICAS casodeNOSI,eNOSIII,veraseguir),calmodulinanão
está ligada à enzima nos níveis intracelulares basais
de cálcio. Requer um influxo de cálcio para elevar a
HátrêsisoformasprincipaisdeNOS–neuronal(NOSI concentraçãodecálcio,permitindoligaçãodacalmo-
ou nNOS), indutível (NOSII ou iNOS) e endotelial dulina,assimativandoaformaçãodeNO.Aquantida-
(NOSIII ou eNOS) – embora variações em cada um dedeNOsintetizadonoestadoativadoémuitobaixa
dessestiposocorramemmuitosorganismosdiferentes. –istoé,picomolar.ONOproduzidofuncionacomoum
PropriedadesdessasisoformassãoresumidasnaTabe- neurotransmissornossistemasnervososcentralepe-
la11.4. riférico.Nomúsculoesquelético,NOtambémservede
MuitasdasfunçõesfisiológicasdeNOsãomediadas mediadordaforçacontrátil.
por ativação de guanilato ciclase solúvel, uma proteí- No sistema nervoso central, NO é produzido geral-
na heterodimérica (α/β) contendo heme que converte menteporNOSInoneurôniopós-sináptico,masdifun-
GTPemcGMP.cGMPéumsegundomensageiroenvol- de de volta na sinapse para o neurônio pré-sináptico.
vidoemmuitascascatasdetransduçãodesinal(verp. SíntesedeNOéreguladapeloinfluxodecálcioporca-
518). A forma inativa da guanilato ciclase solúvel tem naisdependentesdereceptor–istoé,apósestimulação
um heme penta-coordenado, ligado por uma histidina pós-sináptica de receptores de N-metil-D-aspartado
àsubunidadeβ.NOliga-seàsextaposiçãoparaformar (NMDA)peloneurotransmissorexcitatórioglutamato.
um heme hexa-coordenado e causa quebra da ligação GuanilatociclaseéativadaporNO,produzindocGMP,
heme-histidina,gerandoocomplexonitrosilativo,pen- queregulasíntesedosneurotransmissoresnorepinefri-
ta-coordenado, da guanilato ciclase solúvel (Figura na e glutamato, aumentando assim a produção de NO
11.19).Ativaçãodaguanilatociclasesolúvelcausaau- (Figura11.20).NOestáimplicadoemsinalizaçãoneu-
mentodeaté400vezesnataxadeformaçãodecGMP. ral,neurotoxicidade,plasticidadeneuronal,aprendiza-
OsníveisdecGMPsãoreguladosporumequilíbrioentre doememória,epercepçãodedor.
atividadedeguanilatociclaseefosfodiesterase(PDE), Alémdeseusdomíniosoxigenaseeredutase,NOSI
particularmentePDE5,queéespecíficaparacGMP,que temumdomínioPDZN-terminalde300aminoácidos,
hidrolisacGMPem5’-GMP,desligandoosinal. quemedeiasuainteraçãocomoutrasproteínas.Nosis-
temanervosocentral,odomínioPDZdaNOSIinterage
com a proteína de densidade pós-sináptica PSD-95. O
NOSI receptorNMDAtambéminteragecomPSD-95,aproxi-
NOSI é encontrada primariamente em músculo es- mando muito NOSI e o receptor NMDA, de modo que
quelético e em neurônios tanto do sistema nervoso NOSIficadiretamenteexpostaaocálcioentrandopelo
centralcomodoperiférico.Éumaenzimasolúvel,em- canaliônicodoreceptorNMDAativado.
TABELA11.4PropriedadesdasIsoformasdeNOS
Propriedade NOSI NOSII NOSIII
PARTE3FUNÇÕESDEPROTEÍNAS
12
MEMBRANASBIOLÓGICAS:
ESTRUTURAETRANSPORTE
EMMEMBRANAS
ThomasM.Devlin
CarboidratosdeMembranas CH2OH
O
SãoPartedeGlicoproteínasou H
H
H
Glicolipídeos OH H
HO OH
Carboidratos estão presentes em membranas como
oligossacarídeos covalentemente ligados a proteínas H HNCOCH3
(glicoproteínas)ealipídeos(glicolipídeos).Osaçú- N-Acetil-�-D-glucosamina
cares nos oligossacarídeos incluem glicose, galactose,
manose, fucose, N-acetilgalactosamina, N-acetilglu- CH2OH
|
H HO
HO OH
12.3 MICELAS,BICAMADAS
LIPÍDICASE OH
�-L-Fucose
H
LIPOSSOMOS
H
O
H O
CH3 C N HCOH COOH
LipídeosFormamEstruturas HCOH
Vesiculares CH2OH
H H H OH
Acaracterísticaestruturalbásicadasmembranasdeve-
seàspropriedadesfísico-químicasdosglicerofosfolipí- OH H
deoseesfingolipídeos.Essescompostosanfipáticos,com II
Ácido N-Acetil-D-neuramínico
umacabeçahidrofílicaeumacaudahidrofóbica(Figura
12.19a),interagememsistemasaquososinvitropara
FIGURA12.18
formaresferas,chamadasmicelas(Figura12.19b).Os Estruturasdealgunscarboidratosdemembrana.
gruposdascabeçaspolaresficamnoladodeforadaes-
fera, enquanto as caudas hidrofóbicas interagem para
excluirágua.Micelastêmapenasumasuperfíciepolar, trutura em bicamada, com duas camadas de lipídeos
queficanoladoapresentadoparaafaseaquosa.Mice- formando uma estrutura na qual há contato mínimo
las podem ser preparadas contendo um único lipídeo das cadeias hidrocarbônicas com água. Os grupos da
ouumamisturadelipídeos.Aconcentraçãodelipídeos cabeçapolarficamnainterfaceentreomeioaquosoe
necessáriaparaformaçãodemicelaséaconcentração o lipídeo, e as caudas hidrofóbicas interagem, criando
micelarcrítica.Formaçãodemicelastambémdepen- umambienteinteriorhidrofóbicoqueexcluiágua(Fi-
dedatemperaturae,seumamisturadelipídeosestiver gura12.19c).Estaconformaçãoembicamadaéaestru-
presente,darazãoentreasconcentraçõesdosdiferen- turalipídicabásicadetodasasmembranasbiológicas.
teslipídeos(verp.1062).Aestruturadamicelaémuito Bicamadaslipídicassãoextremamenteestáveis,sendo
estável,graçasàsinteraçõeshidrofóbicasentrecadeias mantidasjuntasporforçashidrofóbicasdascadeiashi-
hidrocarbônicaseatraçãodosgrupospolaresdecabe- drocarbônicaseinteraçõesiônicasdosgruposcarrega-
çapelaágua.Micelassãoimportantesemdigestãoin- dosdascabeçascomágua.Bicamadaslipídicasselam-
testinaleabsorçãodelipídeos(verp.1031). seautomaticamente,serompidas.
Uma bicamada lipídica, em condições adequadas,
BicamadasLipídicasSintéticase fechar-se-á sobre si mesma para formar uma vesícula
Lipossomos esférica que separa o ambiente externo de um com-
partimento aquoso interno. Tais vesículas, chamadas
Dependendo das condições experimentais, lipídeos lipossomos (Figura 12.19d), são preparadas usando
anfipáticos como glicerofosfolipídeos formam uma es- lipídeospurificadoselipídeosextraídosdemembranas
CORRELAÇÃOCLÍNICA12.4
ORimdeMamíferose
Aquaporinas
OpapelprimáriodoriméregularopHdosangue, emisquemiatissular.Emalgumascondições,como
eliminarprodutostóxicosdometabolismoeregular insuficiênciacardíacacongestiva,cirrosehepáticae
equilíbriodeáguadocorpo.Cadarimcontémcer- gravidez,háumaumentonaquantidadedeAQP2no
cadeummilhãodenéfrons,asunidadesfuncionais rim,levandoaumaexpansãonovolumelíquidoex-
multicelularesdotecido.Cadanéfrontemváriasre- tracelular.SereshumanossematividadedeAQP1do
giõesdistintas(verdiagrama),cadaumacomfun- rim aparentemente não têm problemas detectáveis
çõesmuitoespecíficasnoprocessamentodofiltrado emcondiçõesnormais,maspodemteremcondições
do sangue, que ocorre no glomérulo. Uma grande deestresse(desidratação).Espera-sequecondições
quantidadedesangueéfiltrada(cercade150L/dia), clínicasadicionaisvenhamaseratribuídasaaltera-
eaáguadeveserreabsorvidanonéfroneductosco- çõesnasoutrasaquaporinas.
letores, exceto cerca de 1,5 L/dia, que é excretado
comourina.Aquaporinassãoresponsáveispelare-
cuperaçãodeáguadofiltradoàmedidaquefluepelo Túbulo contornado
distal
Túbulo de
conexão
lúmendonéfron.Comoindicadonodiagrama,pelo Glomérulo
menossetediferentesisoformasdeaquaporinas,lo-
calizadasemdiferentespontosaolongodonéfrone Água
dosductoscoletores,sãoresponsáveispelareabsor-
çãodeágua. Tubo proximal +ADH
AQP 1, 7, 8 água
Existemváriasdoençasrenaisnasquaisareab-
Água
sorçãodeáguaéanormalenasquaisaexpressãoe
afunçãodasaquaporinasfoiinvestigada.Váriosmo-
delos animais dessas condições foram úteis na de-
Água
terminaçãodacausadealgumasdessascondições. Dutos coletores
Alça descendente
BaixosníveisdeAQP2epoliúria(excreçãoexcessi- AQP 2, 3, 4, 6, 8
fina
vadeurina)sãoencontradosemdiabetesinsipidus AQP 1
nefrogênicaadquirida(NDI),hipocalemiaadquirida
Água
(baixoK+sangüíneo)ehipercalcemia(Ca 2+sangü-
íneoaumentado).Emmuitoscasos,NDIécausada Alça
ascencente +ADH
por incapacidade do rim responder a vasopressina fina água
(ver p. 897); considera-se que isso leve a uma ex-
pressão diminuída e/ou incorporação de AQP2 na Urina final
membrana.EmoutroscasosdeNDI,háumdefeito
no gene da aquaporina; em alguns casos, este de-
feitolevaaumaincapacidadedomonômeroformar Localizaçãodeaquaporinasemcadasegmentodo
estruturas tetraméricas normais. Níveis de AQP1, néfroneductoscoletoresdorim.
AQP2 e AQP3 em modelos animais são reduzidos Modificadoapartirdefiguradascitaçõesabaixo.
Fonte:King,L.S.eYasui,M.Aquaporinsanddisease:Lessonsfrommicetohumans.TrendsEndocrinol.Metab.
13:355,2002.Nielsen,S.,Frokiaer,J.,Marples,D.,Kwon,T-H.,Agre,P.,eKnepper,M.A.Aquaporinsinthekidney:
Frommoleculestomedicine.Physiol.Rev.82:205,2002.King,L.S.,Kozono,K.,eAgre,P.Fromstructuretodisease:
TheevolvingtaleofAquaporinbiology.NatureRev.Mol.CellBiol.5:687,2004.
12.10|IONÓFOROS temocanalegruposhidrofóbicosficamnaperiferiado
canal, interagindo com a membrana lipídica. A estru-
turapermiteapassagemdeáguaecátionsdivalentes,
masnãoânions.Associaçãoedissociaçãodemonôme-
Um grupo interessante de compostos sintetizados e
roscontrolaataxadefluxodeíons.
excretadosporbactériasfacilitaatranslocaçãodeíons
Ionóforos têm atividade de antibiótico, porque
inorgânicos através de membranas de outras células.
rompem o equilíbrio iônico intracelular. São também
Essas moléculas, chamadas ionóforos, são membros
valiosas ferramentas experimentais em estudos de
dos canais sintetizados não-ribossomicamente (ver p.
translocação de íons em membranas biológicas e para
459)esãocompostosdepesomolecularrelativamente
manipulaçãodacomposiçãoiônicadecélulas.
baixo(atéalgunsmilharesdedaltons).Hádoissubgru-
pos principais. (1) transportadores móveis, que ligam
L-Val D-Val
umíonesedifundemfacilmenteemumamembrana,e O
(2)formadoresdecanal.Algunsionóforosimportantes O
sãolistadosnaTabela12.11. O N
N H O
O
Cada transportador móvel tem uma especificidade O O
O L L
definida para íons. Valinomicina (Figura 12.59) tem N
O K+
umaafinidadeporK+1.000vezesmaiordoqueporNa+, D-Val
O
L-Val
N H
eA23187(Figura12.60)temumaafinidadeporCa 2+ H O
O
10 vezes maior do que por Mg2+. Vários dos transpor- O L O
O N
tadoresmóveistêmumaestruturacíclica,eoíonfica N O
coordenado com átomos de oxigênio no centro da es- O
trutura;aperiferiadamoléculaconsistedegruposhi- O D-Val
L-Val
drofóbicos.Quandoumíonéqueladopeloionóforo,sua
capadeáguaéremovidaeoíonéenvolvidopelacapa FIGURA12.59
Estruturadocomplexovalinomicina-K+.
hidrofóbica.Ocomplexoionóforo-íondifunde-selivre- Abreviaturas:D-Val,D-valina;L-Val:L-valina;L,L-lactato;H,
menteatravésdamembrana.Comointeraçãodeíone D-hidroxiisovalerato.
ionóforoéumareaçãodeequilíbrio,umaconcentração
deestadoestacionário(steadystate)doíonseestabe- CH3
leceemambososladosdamembrana.
Valinomicina transporta K+ por um mecanismo ele- H3 C CH3
trogênicouniportequecriaumgradienteeletroquímico H O O
atravésdeumamembrana,vistoquetransportaumK+ H CH3
carregadopositivamente(Figura12.61a).Nigericinaé
um antiporter eletricamente neutro; seu grupo carbo- C O
N O
xila, quando dissociado, liga um íon positivo, como K+,
OH
formandoumcomplexoneutroquecruzaamembrana. NH
Transportaumprótondevoltanadifusãopelamembra- C
na,levandoaumatrocadeK+porH+(Figura12.61b). O
GramicidinaAéumpeptídeode15resíduoscom NH
D-eL-aminoácidosalternados.Emmembranas,forma CH3
umaβ-héliceepodedimerizar,formandoumlongoseg-
mentotransmembrânico(25Å)eumcanaldediâmetro FIGURA12.60
estreito (5 Å) (Figura 12.62). Resíduos polares reves- EstruturadeA23187,umionóforodeCa2+.
TABELA12.11ImportantesIonóforos
Composto ImportantesCátionsTransportados Ação
+ +
Valinomicina K ouRb Uniporte,eletrogênico
+ +
Nonactina NH4 ,K Uniporte,eletrogênico
PARTE3FUNÇÕESDEPROTEÍNAS
P P
P P
13
FUNDAMENTOSDA
TRANSDUÇÃODESINAL
GeorgeR.Dubyak
|
cie celular que são proteínas integrais de membrana
(Figura13.3b).Proteínasreceptoresdesuperfíciesão
acopladasaumavariedadedereaçõesbioquímicasin-
13.4 TRANSDUÇÃODE
tracelulareschamadascascatasouviasdetransdu- SINALINTRACELULAR
çãodesinal.
O evento mais proximal ou precoce da transdução
PORRECEPTORESDE
de sinal, desencadeado pela ligação de uma molécula SUPERFÍCIECELULAR
sinalizadoraaumreceptor,éumamudançaconforma-
cionaldoreceptorqueresultanoseguinte:(1)geração
Ligantes,ReceptoreseInterações
��� Receptor canal iônico ligante-dependente
Receptor-Ligante
Membrana Íons
Umliganteéqualquermoléculaqueseligaaumare-
plasmática ceptorprotéico.Umagonistaéumliganteque,aoseli-
Neurotransmissor
gar,ativatransduçãodesinal,enquantoumantagonis-
taéumligantequeimpedetransduçãodesinalquando
se liga ao receptor. Um agonista ou antagonista fi-
Citosol
Receptor
siológicoéumamoléculadeocorrêncianatural(como
umhormônioouneurotransmissor)queatuacomoum
��� Receptores ligados a enzimas liganteparaumreceptor.Umagonistaouantagonis-
ta farmacológico é uma molécula sintética que atua
comoumliganteparaumreceptor.Muitasdrogastera-
pêuticassãoagonistasouantagonistasdereceptores.
Certosagonistasfisiológicospodemestimularmúl-
tiplostiposdereceptoresquesãochamadossubtipos
dereceptores.Oconceito-chaveéqueamesmamolé-
Domínio catalítico inativo Domínio catalítico inativo cula extracelular sinalizadora pode se ligar a diferen-
tesreceptoresprotéicosquesãoprodutosdediferentes
��� Receptores de citocinas
genes.Porexemplo,acetilcolinapodeinteragircomum
receptor canal iônico ligante-dependente (ver p. 465)
que causa contração de músculo esquelético, ou com
receptoresacopladosaproteínaG(verp.491)quecau-
samrelaxamentodomúsculocardíaco(Figura13.5).
Enzima ativada
��� Receptores acoplados a proteína G
Neurotransmissor ou hormônio
FIGURA13.4
Principaisclassesdereceptoresde
superfíciecelularparamoléculas
sinalizadorassecretadas.
Redesenhadocombaseemfigurade
Alberts,B.,etal.EssentialCellBiology,
Proteína G Enzima Proteína G ativada Enzima ativada 2nded.NewYork:Garland,2004.
CORRELAÇÃOCLÍNICA13.1
FamíliadeReceptoresTirosinaQuinasesErbB/HERcomoAlvospara
QuimioterapiadoCâncer
O receptor de fator de crescimento epidérmico dogeneErbB2éamplificadaematéduasordensde
(EGF)foioprimeirocomatividadeintrínsecadeti- grandezaem20%dossereshumanoscomcâncerde
rosinaquinaseaseridentificadoecaracterizadoem mamainvasivo.
detalhes.Estereceptorcatalíticoémembrodeuma AexpressãoaberrantedeproteínaErbB/HERem
famíliadequatroproteínasrelacionadas,chamadas múltiploscâncereshumanostemlevadoaodesenvol-
receptoresErbB/HER,devidoàsuasemelhançacom vimentodeváriasterapiaspordrogasquetêmestes
ooncogenev-erbBdevírusdeeritroblastoseaviária, receptores como alvos. Um grupo de agentes tera-
queinduzleucemiaeritróideempássaros.Estaliga- pêuticosincluianticorposmonoclonaisqueseligam
çãoentreproteínasErbB/HERecâncertambémse adomíniosextracelularesfuncionalmentesignifica-
observanohomem.SuperexpressãodogeneErbB1 tivos de diferentes subtipos de HER. Trastuzumab
humano, que codifica o receptor humano de EGF (Herceptin® da Genentech) é um anticorpo anti-
(HER1),caracterizacânceresdebexiga,mama,rim, HER2quetemsidousado,desde1998,paraotrata-
próstataepulmãodecélulanão-pequena.Umgene mentodessescânceresdemamacaracterizadospor
ErbB1mutanteproduzumreceptorquenãotemo superexpressãodeErbB2/HER2.Omecanismopor
domínio extracelular de ligação a EGF, e é muito trás das ações antitumorais de Trastuzumab/Her-
expresso nos glioblastomas, que correspondem a ceotin®envolveorecrutamentodefatoresimunes
25%dostumoresdecérebrohumanoadulto.ErbB3 anticorpo-dependentesquematamascélulastumo-
e ErbB4 humanos, respectivamente, codificam os raiseaatenuaçãodaproteólisedoectodomíniode
receptoresHER3eHER4queseligamaproteínas HER2(pormetaloproteasesnativas)quepotencia-
extracelularespertencentesàfamíliaNRG(neurre- liza ainda mais a dimerização constitutiva desses
gulina/herregulina/neu) de fatores de crescimento receptores.Cetixumab(IMC-C225ouErbitux®da
e diferenciação. ErbB3 é freqüentemente superex- ImClone)éumanticorpoqueinteragecomodomí-
pressoemcânceresdemama,cólon,próstataeestô- nio de ligação de EGF da proteína ErbB1/HER1 e,
mago,enquantosuperexpressãodeErbB4foiobser- assim,impedeativaçãoinduzidaporligantedore-
vadaemtumoresdecélulasdagranulosaovariana. ceptor.Esteagenteestásendotestadoempacientes
OoutromembrodafamíliaéogeneErbB2,queco- comcânceresdecélulaescamosadecabeçaepes-
dificaaproteínaHER2aqual,surpreendentemente, coçooucânceresdepulmãodecélulanão-pequena.
não tem capacidade de se ligar a nenhum fator de Alémdessasterapiasbaseadasemanticorpos,uma
crescimento extracelular conhecido. Em vez disso, variedade de drogas que são moléculas pequenas
receptoresHER2possuemumaconformaçãobasal foi projetada para atingir os domínios intracelula-
quepermiteaelesformaremhomodímeroscomou- restirosinaquinasedasproteínasErbB/HER.Esses
trasproteínasHER2não-ligadasouheterodímeros reagentessãocompostosbaseadosem4-anilinoqui-
comreceptoresHER1,HER3ouHER4ocupadospor nazolina, que atuam como inibidores competitivos
fator de crescimento. Como dimerização é a etapa dossítiosdeligaçãodeATPdasquinases,particu-
críticaparaativaraatividadeintrínsecadetirosina larmentedosubtipoErbB1/HER1.Nomomento,tais
quinase dessa proteína, mesmo modesta superex- drogasestãosendotestadasempacientessofrendo
pressãodeHER2podealterarregulaçãonormalde decânceresdepulmãodecélulanão-pequenaque
crescimento celular. Significativamente, expressão nãoresponderamaoutrasquimioterapias.
Fonte:Roskowski,R.,Jr.TheErbB/HERreceptorprotein-tyrosinekinasesandcancer.Biochem.Biophys.Res.
Commun.319:1,2004.
+Ca2+
Calmodulina
+Ca2+/calmodulina
Ca2+
ADP ATP
P
Ativada
Autofosforilação
Totalmente
ativa
nal) podem fosforilar uma ampla faixa de proteínas fosfatos e diacilgliceróis como segundos mensagei-
substratos. Alterar a atividade dessas proteínas é o ros. Inositol fosfolipídeos podem ser mais fosforilados
mecanismoprimário,peloqualCa 2+aumentadoalte- por fosfoinositídeo-3-quinase (PI-3K) para produ-
raocomportamentocelular.CaM-quinaseIItambém zirfosfatidilinositol-3,4,5-trisfosfato(PIP3),outro
seautofosforilaquandoligadaacalmodulina.Embora segundomensageiro.EnzimasfosfolipasesD(PLD)
Ca 2+citosólicosejasótransitoriamenteaumentadoem hidrolisampredominantementefosfolipídeosdecolina
respostaàativaçãodereceptoresdesuperfíciecelular, ouetanolaminaparaproduzirácido fosfatídico,que
esta autofosforilação de CaM-quinase II permite que ésubseqüentementemetabolizadoporácidofosfatídico
permaneça ativa muito depois do Ca 2+ citosólico ter fosfo-hidrolases(PAP)paragerarosegundomensagei-
voltadoaoníveldelinhabasal.CaM-quinasespodem ro diacilglicerol. Enzimas fosfolipases A2 (PLA2)
fosforilaremodularumaamplafaixadeenzimas,ca- atacamváriosfosfolipídeosparaproduzirácidosgraxos
naisiônicos,proteínascontráteiseproteínasregulató- livres,comoácidoaraquidônicoeliso-fosfolipídeos.
riasdegenes.
|
RegulaçãodeFofolipaseCe
13.12 TRANSDUÇÃODE FosfolipaseD
SINALBASEADAEM
Comodescritoanteriormenteparatransduçãodesinal
FOSFOLIPÍDEOS baseada em Ca 2+, muitos receptores acoplados a pro-
teínaGereceptorestirosinaquinasesestimulamali-
beração de Ca 2+ do retículo endoplasmático por meio
MetabolismoReguladode deativaçãodaproduçãode1,4,5-inositoltrisfosfato
FosfolipídeoscomoumComponente (IP3).Estesegundomensageirosolúvelemáguaéderi-
deViasIntracelularesdeSinalização vadodahidrólisedefosfatidilinositol-4,5-bisfosfa-
to(PIP2),umfosfolipídeodemembranarelativamente
Transdução de sinal por muitos receptores de super- minoritárioqueégeradopormúltiplasfosforilaçõesdo
fície celular envolve ativação de uma ou mais fosfoli- resíduodeinositoldofosfatidilinositol.Estahidrólisede
pases que catalisam a hidrólise de diferentes classes PIP2écatalisadaporumafamíliadefosfolipasestipoC
de fosfolipídeos (p. ex., fosfolipídeos de inositol ou (PLC)comaltaseletividadeparainositolfosfolipídeos
colina). Várias importantes classes de enzimas efeto- (Figura13.32).Éimportanteapreciarqueahidrólisede
ras fosfolipases catalisam a produção de diferentes PIPsporumaPLCgeradoissegundosmensageirosdi-
produtos que atuam como segundos mensageiros ou ferentes:(1)oprodutosolúvelIP3e(2)diacilglicerol
reguladores de produção de segundos mensageiros (DAG),umsegundomensageirohidrofóbico.Enzimas
(Figura 13.32). Enzimas fosfolipases C (PI-PLC) PI-PLCβsãoativadasporinteraçãocomsubunidades
hidrolisam fosfolipídeos de inositol gerando inositol αdeproteínasGdafamíliaGq /11ouassubunidadesβγ
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
P P
P P
14
BIOENERGÉTICAE
METABOLISMOOXIDATIVO
DianaS.Beattie
H C OH
O Íon híbrido, O
H H H
4 H:–
C NH2 C NH2 + H+
...
P O
H O H H
Oxidado H H
O OH OH NH2
Lipídeo O N
N
AMP
P
–O O CH2
H C H O N N
H H
H H
OH OH
Reduzido
NADP+ contém um grupo fosforil
nessa 2�-hidroxila
FIGURA14.3 FIGURA14.4
Estadosdeoxidaçãodeátomosdecarbonotípicosem Estruturadenicotinamidaadeninadinucleotídeo(NAD +).
carboidratoselipídeos. Íonhidreto(H: -,umprótoncomdoiselétrons)transferidoparaNAD +
formaNADH.
|
14.2 RELAÇÕESTERMO- Substrato
reduzido
Produto
oxidado
DINÂMICASECOM-
PONENTESRICOSEM Catabolismo
ENERGIA
NADP+ NADPH
CORRELAÇÃOCLÍNICA14.6
IntolerânciaaExercícioemPacientescomMutaçõesnoCitocromob
Fonte:Andreu,A.L.,etal.ExerciseintoleranceduetomutationsinthecytochromebgeneofmitochondrialDNA.
N.Engl.J.Med.341:1037,1999.
|
14.10 ESPÉCIESREATIVAS Oradicalhidroxilaé,semdúvida,oradicallivremais
perigoso,umavezqueestáenvolvidoemreaçõescomo
DEOXIGÊNIO(ROS) peroxidaçãodelipídeosegeraçãodeoutrosradicaistó-
xicos. Peróxido de hidrogênio não é um radical livre,
maséconvertidopelasreaçõesdeFentonoudeHaber-
Oxigênioéessencialparaavida.Amaioriadasoxida- Weissnoradicalhidroxila,empresençadeFe2+oude
ções intracelulares resulta em transferência de dois Cu+,quesãoprevalentesemcélulas(Figura14.62).
elétrons para aceptores apropriados, como NAD + ou
FAD,quesãoentãooxidadospelacadeiadetransporte
deelétrons.Aetapafinaldestacadeiaécatalisadapor ProduçãodeEspéciesReativasde
citocromocoxidase,queligafortementeO2aocentro Oxigênio
binuclear, onde redução passo a passo do O2 ocorre,
semliberaçãodeintermediáriosnoprocessodeoxida- Embora processos oxidativos em células geralmente
ção(verSeção14.6,p.542).Aestruturaeletrônicado resultememtransferênciadeelétronsparaO2parafor-
O2,entretanto,favorecesuareduçãoporadiçãodeum marágua,semliberaçãodeintermediários,umpeque-
elétron de cada vez, levando à geração de radicais de nonúmeroderadicaisdeoxigênioéinevitavelmente
oxigênioquepodemcausardanocelular.Umradicalé formadodevidoavazamentonasreaçõesdetransferên-
umamoléculacomumelétronnão-pareadomuitoreati- cia de elétrons. A principal fonte intracelular de radi-
voemumorbitalexterno,quepodeiniciarumacadeia cais de oxigênio é a cadeia de transporte de elétrons
dereaçõesporremoçãodeumelétrondeoutramolé- mitocondrial,ondesuperóxidoéproduzidoportransfe-
culaparacompletarseupróprioorbital.Atransferência rênciadeumelétronparaO2,apartirdasemiquinona
passoapassodeelétronsparaO2resultaemformação estávelproduzidaduranteareduçãodeubiquinonape-
deânionssuperóxido(O2-),depoisperóxidodehi- loscomplexosIeII(Figura14.63).Superóxidotambém
drogênio (H2O2), e finalmente radical hidroxila li- podeserproduzidoportransferênciadeumelétronde
vre(OH•)(Figura14.61). uma flavina, como FMN. As espécies reativas de oxi-
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
Glicogênio G C
15
METABOLISMODECAR-
BOIDRATOSI:PRINCIPAIS
VIASMETABÓLICASESEU
CONTROLE
RobertA.Harris
GLICOSE OH H
HO OH
Glicólise Gluconeogênese H OH
�-D-Glicose
LACTATO
2 ADP3– + 2 Pi2–
FIGURA15.1
Relaçãodaglicosecomasprincipaisviasdometabolismode 2 ATP4–
carboidratos.
O O–
C
gulaçãoéexercidaemenzimaschavesseráenfatizado
2 HO C H
aolongodocapítulo.
Isto será particularmente verdadeiro para síntese CH3
(glicogênese) e degradação (glicogenólise) de glicogê- L-Lactato
nio.Muitascélulasarmazenamglicogênioparasuaspró- FIGURA15.2
priasnecessidadesfuturas.Ofígadoémenosegoísta,ar- Equaçãogeralbalanceadadasomadasreaçõesdaglicólise.
mazenandoglicogênioprincipalmenteparamanutenção
daglicosesangüínea,paragarantirqueoutrostecidos,
emespecialocérebro,tenhamumsuprimentoadequa- separaseusuprimentodeATP,atéqueumsuprimento
do.Regulaçãodasínteseedadegradaçãodeglicogênioé normal de oxigênio esteja disponível. Isto economiza
ummodeloparanossoentendimentodecomohormônios oxigênio para ser usado pelo cérebro, ilustrando um
funcionamecomoviasmetabólicassãoreguladas.Estes dosmuitosmecanismosqueevoluíramparaassegurara
tópicoscontribuemparanossoentendimentodacondi- sobrevivênciadotecidocerebralemmomentosdees-
ção diabética, do jejum e de como os tecidos do corpo tresse.Oxigênionãoénecessárioparaglicólise;defato,
respondemaestresse,traumaseveroelesões. oxigênio pode, indiretamente, suprimir glicólise pelo
A química e a nomenclatura dos carboidratos são efeito Pasteur, que será considerado mais tarde (p.
apresentadasnoApêndice. 589).Contudo,glicóliseocorreemcélulascomumsu-
primentoabundantedeoxigêniomolecular.Desdeque
15.2|GLICÓLISE ascélulastambémcontenhammitocôndrias,oproduto
finaldaglicóliseempresençadeoxigênioépiruvato,e
nãolactato.Piruvatoé,então,completamenteoxidado
GlicóliseOcorreemTodasasCélulas a CO2 e H2O pelo complexo piruvato desidrogenase e
enzimasdocicloTCAalojadasdentrodemitocôndrias
Humanas (Figura15.3).Glicólise,portanto,preparaparaaoxida-
çãoaeróbicadoscarboidratos.Oprocessocompletode
AviadeEmbden-Meyerhofouviaglicolíticarepre-
glicólise e oxidação mitocondrial do piruvato a CO2 e
sentaumprocessoantigo,queocorreemtodasascélu-
H2Otemaseguinteequação:
lasdocorpohumano,peloqualocorredegradaçãoana-
eróbicadeglicoseemlactato,comliberaçãodeenergia D-Glicose(C6H12O6)+6O2+32ADP3-+32Pi2-+
comoATP.Esteéumexemplodafermentaçãoana- +32H+→6CO2+6H2O+32ATP4-
eróbica, um termo usado para vias metabólicas que
organismosusamparaextrairenergiaquímicadecom- Muito mais ATP é produzido na oxidação comple-
bustíveis ricos em energia, em ausência de oxigênio. tadaglicoseaCO2eH2O(32ATP/glicose)doquena
Paramuitostecidos,glicóliseésóumaviafornecedora conversão de glicose em lactato (2 ATP/glicose). Isto
deenergiadeemergência,capazdeproduzir2molesde tem importantes conseqüências a serem consideradas
ATPapartirde1moldeglicose,emausênciadeoxi- em detalhes mais adiante. A importância da glicólise
gênio(Figura15.2).Quandoosuprimentodeoxigênio comoumaviapreparatóriaémelhorexemplificadapelo
de um tecido é interrompido, os níveis de ATP ainda cérebro,quetemumanecessidadeabsolutadeglicose.
podemsermantidospelaglicólise,pelomenosporum OpiruvatoprocessadopelaglicóliseéoxidadoaCO2em
curto período. Muitos exemplos poderiam ser dados, mitocôndrias.
mas a capacidade de utilizar glicólise como uma fon- Um cérebro humano adulto usa aproximadamente
tedeenergiaéparticularmenteimportanteduranteo 120gdeglicosepordiaparasuprirsuanecessidadede
nascimentonaturaldesereshumanos.Comexceçãodo ATP.Emcontraste,glicólisecomlactatocomoproduto
cérebro,acirculaçãodosanguediminuiparaamaioria finaléoprincipalmecanismodeproduçãodeATPem
daspartesdocorpodobebê,duranteoparto.Normal- algunsoutrostecidos.Glóbulosvermelhosnãotêmmi-
mente,océrebronãoéprivadodeoxigênioduranteo tocôndriase,portanto,sãoincapazesdeconverterpiru-
parto,masoutrostecidospassamadependerdaglicóli- vatoemCO2.Acórnea,ocristalinoeregiõesdaretina
ínaenzimaglucoquinasenofígado.Portanto,umapes-
soaqueestáconsumindoumarefeiçãograndeericaem CORRELAÇÃOCLÍNICA15.4
carboidratosterámaioresquantidadesdeglucoquinase
do que uma que não está. O fígado com glucoquinase DiabetesMellitus
induzidacontribuimaisparabaixarosníveiselevados
de glicose no sangue. A ausência de insulina torna o Diabetes mellitus é uma doença crônica que se
fígadodepacientescomdiabetesmellitusdeficienteem caracteriza por alterações no metabolismo de
glucoquinase,adespeitodosaltosníveisdeglicosesan- carboidratos, lipídeos e proteínas. Dois tipos
güínea,ediminuiacapacidadedeofígado“tamponar” principaissãoidentificadosclinicamente:tipo1
a glicose sangüínea (ver Corr. Clín. 15.4). Defeitos no (ver Corr. Clín. 22.8, p. 857) e tipo 2 (ver Corr.
genequecodificaglucoquinase,quealteramsuaS0,5e/ Clín.22.7,p.855).
ouVmaxcausamdiabetesdojovemcominícionamatu- Em pacientes sem hiperglicemia em jejum,
ridade(MODY,maturity-onsetdiabetesoftheyoung), otestedetolerânciaàglicoseporviaoralpode
umaformadediabetesmellitustipo2. serusadoparadiagnóstico.Consistenadetermi-
nação do nível de glicose sangüínea no estado
dejejumeemintervalosde30-60min.,por2h
6-Fosfofruto-1-quinaseÉuma ou mais, após consumo de sobrecarga de 100 g
EnzimaRegulatóriadaGlicólise de glicose. Em indivíduos normais, glicose san-
güínea retorna aos níveis normais em 2 h após
6-Fosfofruto-1-quinase seja um ponto regulatório ingestãodocarboidrato.Nodiabetes,glicoseno
muitoimportantedaglicólise.Catalisaaprimeiraeta- sangueatingeumnívelmaiselevadoepermane-
pa de comprometimento da glicólise porque a reação ce elevada por períodos de tempo mais longos,
catalisadapelafosfoglicoseisomeraseéreversível,ecé- dependendodagravidadedadoença.Entretanto,
lulasfazemusodeglicose6-fosfatonaviadaspentoses muitos fatores podem contribuir para um teste
fosfatoeparasíntesedeglicogênio.Citrato,ATPeíons detolerânciaaglicoseanormal.Opacientedeve
hidrogênio (baixo pH) são os efetores alostéricos ne- ter consumido uma dieta rica em carboidratos
gativos importantes, enquanto AMP e frutose 2,6-bis- nos3diasanteriores,presumivelmenteparaper-
fosfato são importantes efetores alostéricos positivos mitirinduçãodeenzimasdasviasdeutilização
(Figura15.13).Estescompostossinalizamanecessida- deglicose,porexemplo,glucoquinase,acilgraxo
dedediferentesvelocidadesdaglicóliseemrespostaa sintaseeacetil-CoAcarboxilase.Quasetodasas
mudanças em (a) estado energético da célula (ATP e infecções(atémesmoumresfriado)e“estresse”
AMP),(b)ambienteinternodacélula(íonshidrogênio), menosdefinido(presumivelmenteporefeitosso-
(c)disponibilidadedecombustíveisalternativos,como bre o sistema nervoso simpático) podem resul-
ácidosgraxosecorposcetônicos(citrato),e(d)razão tar em anormalidades transitórias no teste de
insulina/glucagonnosangue(frutose2,6-bisfosfato). tolerância à glicose. Devido a esses problemas,
hiperglicemia de jejum seria, provavelmente, o
Regulaçãoda6-Fosfofruto-1-quinasepor testesinequanonparaodiagnósticodediabe-
ATPeAMP tes.Captaçãodeglicoseportecidossensíveisain-
sulina–istoé,músculareadiposo–édiminuída
OefeitoPasteuréainibiçãodautilizaçãodeglicose noestadodiabético.Opacientediabéticoounão
e o acúmulo de lactato que ocorre quando respiração teminsulinaoudesenvolveu“resistênciaàinsuli-
(consumodeoxigênio)éiniciadaemcélulasanaeróbi- na”nestestecidos.Resistênciaàinsulinaresulta
cas.Éperfeitamentecompreensívelembasestermodi- deanomalianoreceptordeinsulinaouemetapas
nâmicas,umavezqueaoxidaçãocompletadaglicosea subseqüentes,mediadorasdosefeitosmetabólicos
CO2eH2OrendemuitomaisATPdoqueglicóliseana- dainsulina.Célulasdoparênquimahepáticonão
eróbica: requereminsulinaparacaptarglicose.Seminsu-
lina,contudo,ofígadotemcapacidadediminuída
Glicólise:
pararemoverglicosedosangue.Istoéexplicado,
D-Glicose+2ADP3–+2Pi 2 –→2L-lactato –+2ATP4–
emparte,poratividadediminuídadeglucoquina-
Oxidaçãocompleta: seeaperdadeaçãodainsulinasobreenzimas-
D-Glicose+6O2+32ADP3-+32Pi 2 –+32H+→ chavesdaglicogêneseedaviaglicolítica.
→ 6CO2+6H2O+32ATP4–
CélulasusamATPparaforneceraenergianecessá- Fonte:Taylor,S.I.Insulinaction,insulinresistance
riaaseusprocessosdetrabalhoinerentes.Comomuito and type 2 diabetes mellitus. Em: C. R. Scriver, A. L.
maisATPéproduzidoapartirdeglicoseempresença Beaudet,W.S.SlyeD.Valle(Eds.),TheMetabolicand
deoxigênio,muitomenosglicoseprecisaserconsumida Molecular Bases of Inherited Disease, 8th ed., New
parasatisfazerademandadeenergia.OefeitoPasteur York:McGraw-Hill,2001,p.1433.
|
15.6 GLICOGENÓLISEE CH2OH CH2OH
O O
GLICOGÊNESE O O O
���
ArmazenamentodeGlicose
CH2OH
Glicogenóliserefere-seàquebradeglicogênioemgli-
O
coseouglicose6-fosfato;glicogêneserefere-seàsíntese
deglicogênio.Estesprocessosocorrememquasetodos O O
ostecidos,masespecialmenteemmúsculoefígado.No
CH2
homem bem alimentado, o conteúdo de glicogênio no
O
fígadopoderesponderporaté10%dopesoúmidodes-
seórgão.Músculoarmazenamenosglicogênio,quando O O
expresso nas mesmas bases – um máximo de apenas
1-2%doseupesoúmido.Contudo,amaioriadaspes-
soastemmaismúsculosdoquefígado,comototaldo Ligação glicosídica -1,6
glicogêniomuscularchegandoaodobrodaquantidade ���
deglicogêniohepático.
FIGURA15.47
Grânulos de glicogênio são abundantes no fígado Doistiposdeligaçõesentreasmoléculasdeglicoseestão
deanimaisbemalimentados(Figura15.46),masestão presentesnoglicogênio.
virtualmenteausentesdesteórgãoapós24hdejejum.
Exercíciopesadocausaamesmaperdadegrânulosde
glicogênio em fibras musculares. Esses grânulos são “árvore” do glicogênio (ver Figura 15.48) é caracteri-
gruposdemoléculasindividuaisdeglicogênioquetêm zadoporramosacadaquatroresíduosglucosilnoes-
uma massa de até 2 107 Da. Glicogênio é composto queleto(core)maiscentraldamolécula,emuitomenos
de resíduos glucosil, ligados principalmente por liga- freqüentemente em regiões mais externas. Glicogênio
çõesglicosídicasα-1,4(Figura15.47).Ramificações contrasta com proteínas e ácidos nucléicos, devido a
surgem de ligações α-1,6 freqüentes. Um braço da essa ramificação, mas, é claro, é uma forma de arma-
zenamentodecombustívelenãocatalisareaçõesnem
contéminformaçãoemumacélula.
Glicogênioéestocadoemmúsculoefígadoporrazões
bem diferentes. Glicogênio do músculo é uma reserva
decombustívelparaaproduçãodeATPdentrodaquele
tecido, enquanto glicogênio hepático é uma reserva de
glicoseparaamanutençãodasconcentraçõesdeglicose
nosangue.Osníveisdeglicogêniohepáticovariam:são
altoslogoapósumarefeiçãoe,depois,diminuemlenta-
menteàmedidaqueéusadoparaajudaramanteronível
deglicosenosangue(verFigura15.49)entrerefeições
eduranteojejumnoturno.Nohomemcomonorato,o
FIGURA15.46
Micrografiaeletrônicamostrandogrânulosdeglicogênio
(materialcoradoescuro)nofígadodeumratoalimentado.
MicrografiagenerosamentecedidaporDr.RobertR.Cardell FIGURA15.48
doDepartmentofAnatomydaUniversityofCincinnati. Estruturaramificadadoglicogênio
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
16
COO– CH2OH
O –O SO O
H
H
3
H O–
OH H O H
H H H
H OH H HNCOCH3
�
Unidade repetitiva do condroitim 4-sulfato
METABOLISMODE
CARBOIDRATOSII:
VIASESPECIAISE
GLICOCONJUGADOS
NancyB.Schwartz
16.4 BIOSSÍNTESEDECARBOIDRATOSCOMPLE-
XOS,637
(6) NADP+
(6) CO2 (6) NADPH + (6)H+
Gliceraldeído 3-fosfato
FIGURA16.3
Viadaspentosesfosfato.
des,requeremequivalentesdereduçãodeNADPH.No IsomerizaçãoeFosforilaçãosão
fígado,20-30%doCO2produzidopodeserproveniente
daviadaspentosesfosfato;oequilíbrioentreglicólisee ReaçõesComunsparaInterconverter
viadaspentosesfosfatodependedasnecessidadesme- Carboidratos
tabólicasdoórgão.Emmúsculoestriadodemamíferos,
queapresentapoucasíntesedeácidosgraxoseesterói- Formação de alguns açúcares pode ocorrer direta-
des,todocatabolismodeG6Pocorreporglicóliseeciclo mente, começando com glicose, por reações de modi-
TCA,comnenhumaoxidaçãodiretadeglicose6-fosfato ficações,comoconversãodeG6Pemfrutose6-fosfato
pelaviadaspentosesfosfato. por fosfoglucose isomerase, na glicólise. Uma isomeri-
zação aldose-cetose semelhante, catalisada por fos-
|
fomanoseisomerase,produzmanose6-fosfato.De-
16.3 INTERCONVERSÕES ficiência dessa enzima leva a uma forma de síndrome
DEAÇÚCARESEFOR- de glicoproteínas deficientes em carboidratos (CDGS,
carbohydrate-deficientglycoproteinsyndrome)(ver
MAÇÃODENUCLEO- Corr.Clín.16.3).
TÍDEO-AÇÚCAR Fosforilação e transferência interna de um grupo
fosfatonamesmamoléculadeaçúcarsãotambémmo-
dificaçõescomuns.Glicose1-fosfato,resultantedagli-
A maioria dos monossacarídeos encontrados em com- cogenólise,éconvertidaemG6Ppelafosfoglucomutase.
postosbiológicosderivadaglicose.Astransformações Galactoseéfosforiladaagalactose1-fosfatoporgalac-
dosaçúcaresmaiscomunsemsistemasdemamíferos toquinase,emanoseamanose6-fosfatopormanoqui-
sãoresumidasnaFigura16.4. nase.Frutoselivre,umimportanteconstituintedadie-
ta,éfosforiladanofígadoafrutose1-fosfato,poruma
frutoquinaseespecial.Entretanto,nenhumamutasein-
terconvertefrutose1-fosfatoefrutose6-fosfato,nema
fosfofrutoquinasepodesintetizarfrutose1,6-bisfosfato
apartirdefrutose1-fosfato.Emvezdisso,frutose1-fos-
CORRELAÇÃOCLÍNICA16.11 DefeitosEnzimáticosnaDegradaçãodeGlicolipídeos
DoençasdeGlicolipídeos Doença DeficiênciaEnzimática
Fonte:Beutler,E.eG.Garabowski.Gaucherdisease.Em:C.R.Scriver,A.R.Beaudet,W.S.SlyeD.Valle(Eds.),
TheMetabolicandMolecularBasesofInheritedDisease,Vol.III,8thed.NewYork:McGraw-Hill,2001,p.3635.
16.6|PROTEOGLICANOS dasmatrizesextracelularesedassuperfíciescelulares,
eparticipamdeadesãoesinalizaçãocelular.
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
17
Fígado
METABOLISMODE
LIPÍDEOSI:SÍNTESE,
ARMAZENAMENTO
EUTILIZAÇÃODE
ÁCIDOSGRAXOSE
TRIACILGLICERÓIS
MartinD.Snider,J.DenisMcGarrye
RichardW.Hanson
|
17.3 TRANSPORTEINTER- TransportedeLipídeosnoEstado
ÓRGÃOSDEÁCIDOS Alimentado
GRAXOSESEUSPRO- Triacilgliceróis da dieta são digeridos no estômago e
intestinodelgadoporlípasesgástricaepancreática
DUTOSPRIMÁRIOS (verp.1031).Osprincipaisprodutossão2-monoacilgli-
ceróiseácidosgraxoslivres,quesãoabsorvidospe-
Emtodososmamíferos,otransporteeoarmazenamen- lascélulasepiteliaisquerevestemointestinodelgado.
todeácidosgraxossãoreguladospeloestadodietético. Estas células ligam os ácidos graxos e monoacilglice-
Triacilglicerol é armazenado no estado alimentado, róisabsorvidosemtriacilgliceróis(verp.1031),quesão
comdeposiçãoemtecidoadiposo.Durantejejum,tria- entãoempacotadosemquilomícrons,umalipoproteí-
cilgliceroldotecidoadiposoéhidrolisado,eosprodu- naplasmáticaricaemtriacilglicerol(verp.1035).Qui-
tossãodistribuídosportodoocorpoparaseremusados lomícrons são secretados na linfa e, depois, circulam
paraproduçãodeenergia.Emjejumprolongado(mais para a corrente sangüínea. O fígado é outra fonte de
de2dias),ofígadoconverteácidosgraxosemcorpos triacilgliceróisnoestadoalimentado.Ácidosgraxossão
cetônicos, acetoacetato e β-hidroxibutirato, que sintetizadosnessetecidoapartirdoexcessodecarboi-
sãoliberadosnosangueesãoumafonteimportantede dratoseaminoácidos.Essesácidosgraxossãoligados
energiaparamuitostecidos.Essesprocessossãoresu- emtriacilgliceróiseacondicionadosemlipoproteínas
midosnaFigura17.6 demuitobaixadensidade(VLDL),umasegundali-
Ácidos graxos
Ácidos graxos
���������������������
���������� Triacilglicero l
Músculo
Tecido adiposo
Glicerol
+
Ácidos graxos
Ácidos graxos (+ corpos cetô-
nicos) ��������������������
���������� Triacilglicerol
Músculo e
outros tecidos Tecido adiposo
CORRELAÇÃOCLÍNICA17.3
CicloTriacilglicerol/ÁcidoGraxo
Triacilglicerolqueéarmazenadonotecidoadiposo (PEPCK),quetemaltaatividadeemtecidoadiposo
éhidrolisadoaácidosgraxoslivres(FFA)durante pardoebranco.SeaexpressãodogenePEPCKfor
jejum para fornecer energia para tecidos como os abolidanotecidoadiposodecamundongos,glicero-
músculosesqueléticoecardíaco,etambémindire- neogêneseéinibidaeoestoquedetriacilglicerolé
tamenteparaocérebro,viacorposcetônicos.Hor- reduzido.Aocontrário,superproduçãodogenePEP-
mônios, principalmente insulina, controlam este CKnotecidoadiposodecamundongostransgênicos
processo.Àmedidaqueoníveldeinsulinacaidu- aumentaataxadegliceroneogênese,resultandoem
ranteojejum,ataxadehidrólisedetriacilglicerol obesidade.
(lipólise)aumenta,resultandoemliberaçãodeFFA Alógicametabólicadociclotriacilglicerol/ácido
dotecidoadiposo.Umaspectosurpreendentedeste graxoresideprovavelmentenaimportânciadosáci-
processoéodestinodeFFA;emsereshumanosem dos graxos como combustíveis durante jejum. Para
jejum, até 65% destes FFA são reesterificados em garantirqueexistaFFAsuficientenosangue,mais
triacilgliceróis no fígado e em outros tecidos peri- FFAéliberadodecélulasadiposasdoqueonecessá-
féricos. No fígado, aproximadamente 60% do FFA rio;oquenãoéusadoéreesterificadoatriacilglice-
captadoéreesterificadoemtriacilglicerol,liberado roleredepositadonotecidoadiposo,comumcusto
no sangue como VLDL, e enviado de volta para o energéticomínimo.Ociclotriacilglicerol/ácidograxo
tecidoadiposoparadeposiçãocomotriacilglicerol. consome3-6%daenergiaemumamoléculadetria-
Esteprocessofoichamadociclotriacilglicerol/ácido cilglicerol.Aparentemente,émelhorterocombustí-
graxo. velnecessáriodisponível,epagarporissoenergeti-
A síntese de triacilglicerol em tecidos de ma- camente,doqueficarsem!Ataxadereesterificação
míferosrequerglicerol3-fosfato,queéderivadoda deFFAnociclotriacilglicerol/ácidograxoé,muito
glicosedadietaviaglicólise,noestadoalimentado. provavelmente,umfator-chavenadeterminaçãoda
Durante jejum, quando insulina baixa inibe a uti- concentraçãodeestadoestacionáriodeFFAnosan-
lização de glicose, o glicerol 3-fosfato para a rees- gue,umparâmetroqueestádiretamenteenvolvido
terificação de FFA é gerado por gliceroneogênese, naetiologiadodiabetesTipo2.Asglitazonas,uma
umaversãoabreviadadagluconeogênese.Nestavia, classededrogasantidiabéticas,induzemaatividade
piruvato,oucompostosquepodemgerarpiruvato, dePEPCKemtecidoadiposoefígado,eaumentam
comoalaninaoulactato,éconvertidoemglicerol3- a taxa de reesterificação de FFA em triacilglicerol
fosfatoviadi-hidroxiacetonafosfato(Figura17.19). via gliceroneogênese nesses tecidos, suportando o
A enzima que controla a velocidade da via de gli- importantepapeldesteprocessonamanutençãoda
ceroneogênese é fosfoenolpiruvato carboxiquinase homeostaselipídica.
Fonte:Reshef,L.Olswang,Y.Cassuto,H.Blum,B.Croniger,C.M.KalhanS.C,Tilghman,S.M.eHansonR.W.
Glyceroneogenesisandthetriglyceride/fattyacidcycle.J. Biol. Chem.278:30413,2003.Jensen,M.D.,Ekberg,K.
eLandau,B.R.Lipidmetabolismduringfasting.Am.J.Physiol.Endocrinol.Metab.281:E7892001.Tordjman,J.
Khazan,W.Antoine,B.Chauvet,G.Quette,JFouque,F.Beale,E.G.Benelli,C.eForest,C.Regulationofglycero-
neogenesisandphosphoenolpyruvatecarboxykinasebyfattyacids,retinoicacidandthiazolidinediones.Biochimie
85:1213,2003.
repouso.Amaioriadostecidospodeusarácidosgraxos �-OxidaçãodeÁcidosGraxosde
comocombustível.Ácidosgraxossãoumaimportante
fonte de energia em músculos esquelético e cardíaco, CadeiaLinearÉumImportante
masocérebrooxidapoucoosácidosgraxosdevidoao ProcessodeProduçãodeEnergia
transportelimitadoatravésdabarreirahemato-encefá-
lica.Eritrócitossãoincapazesdeoxidarácidosgraxos, ÉsteresdeCoAdosácidosgraxossãoossubstratospara
porque não têm mitocôndrias, o local de oxidação de oxidação.Namaiorparte,aviadeoxidaçãodeácidos
ácidosgraxos.Durantejejumprolongado,ofígadocon- graxos é semelhante, mas não idêntica, ao reverso do
verteacetil-CoAgeradoporoxidaçãodeácidosgraxos processodesíntesedepalmitato.Istoé,fragmentosde
equebradeaminoácidosemcorposcetônicos,quese doiscarbonossãoremovidosseqüencialmenteapartir
tornam importantes combustíveis. A maioria dos teci- daextremidadecarboxiladoácidograxopordesidro-
dos,incluindoocérebro,adapta-seaojejumpelautili- genação,hidrataçãoeoxidação,paraformarumβ-
zaçãodestescorposcetônicos. cetoácido,queéentãoquebradoportiólise.
|
17.7 REGULAÇÃODO um aumento em epinefrina e glucagon, que elevam o
níveldecAMPeativamproteínaquinaseA.Notecido
METABOLISMODE adiposo,háumafosforilaçãoaumentadadelipasehor-
LIPÍDEOS môniosensíveleperilipina,resultandoemumaumento
na quebra de triacilglicerol e liberação de ácidos gra-
xoslivresegliceroldestetecido(verTabela17.2,p.657,
Regulaçãonoestadoalimentado paraumresumodestescontroles).
Nofígado,essasalteraçõeshormonaislevamauma
Ometabolismodelipídeosnohomemécontroladopelo diminuiçãonasíntesedeácidosgraxos,devidoàredu-
estadodietéticodoindivíduoviaumconjuntocomplexo ção nos níveis de enzimas chaves (ver Tabela 17.3, p.
desinaishormonais.Depoisdeumarefeiçãoquecon- 661). Há também inibição da enzima limitante da ve-
témlipídeos,carboidratoseproteínas,olipídeodadie- locidade,acetil-CoAcarboxilase,devidoàfosforila-
taédepositadocomotriacilglicerolnotecidoadiposo. çãocAMP-dependentedaenzima.Glicóliseétambém
Alémdisso,carboidratoeaminoácidosdadieta,emex- inibida, com diminuição no suprimento de acetil-CoA
cessoemrelaçãoaonecessárioparaenergiaousíntese paralipogênese.Ofígadocomeçaaproduzircorposce-
deproteínas,sãoconvertidosemácidosgraxosedepo- tônicos, à medida que o jejum progride, devido a um
sitados no tecido adiposo como triacilglicerol. O prin- aumentonataxadeoxidaçãodeácidosgraxoseníveis
cipal hormônio anabólico, insulina, é necessário para aumentadosdeenzimasdasíntesedecorposcetônicos.
síntesedeácidosgraxoseparaformaçãodetriacilgli- Durantejejumprolongado,cercademetadedosácidos
cerolnotecidoadiposo.Umresumodestasregulaçõesé graxosqueentramnofígadosãoconvertidosemcorpos
apresentadonasTabelas17.2,p.657,e17.3,p.661.Este cetônicoseliberadosnosangueparautilizaçãoporte-
hormônioageemdoisníveis;induzatranscriçãodege- cidoscomomúsculo,coraçãoe(após2diasdejejum)o
nesquecodificamenzimascríticasdasviasdesíntesee cérebro,economizandoassimousodeglicose.
armazenamentodelipídeos(regulaçãodelongoprazo)
econtrolaprocessoscomocaptaçãodeglicoseehidró-
lisedetriacilglicerol(regulaçãodecurtoprazo). Regulaçãodaoxidaçãodeácidos
Insulina estimula síntese de ácidos graxos por au- graxos
mentar os níveis de enzimas-chaves, incluindo ácido
graxo sintase, NADP-malato desidrogenase (enzima Ataxadeoxidaçãodeácidosgraxosemmitocôndrias
málica)eacetil-CoAcarboxilase,nofígado,porinduzir é controlada pela regulação da entrada de substratos
atranscriçãodeseusgenes.Insulinatambémestimulaa nestasorganelas.Aenzima-chaveécarnitinapalmi-
síntesedeglicose6-fosfatodesidrogenasee6-fosfoglu- toiltransferaseI(CPTI),quesintetizaacilcarnitinaa
conatodesidrogenase,asduasenzimasdaporçãooxi- partirdeacil-CoAcitosólico(Figura17.20).Nofígado,
dativadaviadaspentoses,quegerampartedoNADPH acetil-CoA carboxilase é ativada no estado alimenta-
queénecessárioparasíntesedeácidosgraxos.Oefeito do, porque os níveis de enzima são altos, fosforilação
decurtoprazodainsulinanasíntesehepáticadeácidos cAMP-dependenteébaixaeaenzimaéativadaporci-
graxoséexercidoporativaçãodeumafosfoproteína trato. A alta concentração de malonil-CoA resultante
fosfataseespecífica,queremovefosfatodaacetil-CoA estimulasíntesedeácidosgraxos,masbloqueiaoxida-
carboxilase,ativandoassimestaenzima.Fluxoaumen- ção de ácidos graxos por inibir CPT I. Esta regulação
tadopelaglicóliseétambémimportanteparafornecer impedeumciclofútil.Aocontrário,noestadodejejum,
acetil-CoAparasíntesedeácidosgraxos. aatividadedeacetil-CoAcarboxilasenofígadoébaixa,
No tecido adiposo, insulina é necessária no estado porque os níveis de enzima são baixos, a enzima está
alimentadoparacaptaçãodeglicoseviatransportador fosforiladaeoxidaçãodeácidosgraxosocorreemalta
GLUT4.Ometabolismodestaglicoseviaglicólisefor- velocidade nessas condições, devido aos baixos níveis
neceglicerol3-fosfatoparaasíntesedetriacilglicerol. demalonil-CoA.
Insulinatambémbloqueiaumciclofútil.Comonofíga- Oxidação de ácidos graxos em músculo é também
do,insulinaexerceseusefeitosdecurtoprazoporati- reguladapormalonil-CoA,emboraestetecidonãosin-
varfosfoproteínafosfatases.Issodiminuiafosforilação tetizeácidosgraxos.Músculocontémumaisoenzimada
de proteínas-chaves, incluindo lipase hormônio-sensí- acetil-CoAcarboxilase,queproduzmalonil-CoAexclu-
veleperilipina,levandoàquebradiminuídadetriacil- sivamentepararegulaçãodeCPTI.Aenzimaéativada
gliceróis. porcitratoeinibidaporfosforilação.Éfosforiladapela
proteínaquinaseAeporumaquinasedependentede
Regulaçãonoestadodejejum AMP. Fosforilação pela primeira enzima permite que
aoxidaçãodeácidosgraxossejareguladapeloestado
Jejum resulta em uma alteração dramática do meta- dietético.Noestadoalimentado,aaltaconcentraçãode
bolismo de lipídeos. À medida que a concentração de insulinaresultaembaixosníveisdefosforilação.Aen-
glicosenosanguediminui,háumdecréscimoparalelo zima produz malonil-CoA, que inibe CPT I e bloqueia
daconcentraçãodeinsulinanacirculação.Hátambém oxidaçãodeácidosgraxos.Aocontrário,noestadode
C O O CoA H2 C O P O–
H2 C OR2
1
H2 C O P O– O– R1CO–
C O O
O– O
H2C O P O–
DHAP O–
O H2 C OR2 NADPH + H+
3
R3 C O CH O
+ NADP+
H2C O P OCH2CH2 N(CH3)3
O– H2C OR2
6 CMP
Colina plasmalogênio HOCH O
H2 C O P O–
CDP-colina O–
O H2 C OR2 4 O
R3 C O CH 5 R3C CoA
O H C OR2
H2C OH 2
CoA
R3C CH O
Pi H2O
H2C O P O–
O–
FIGURA18.25
ViadebiossíntesedecolinaplasmalogênioapartirdeDHAP.
1,acil-CoA:di-hidroxiacetonafosfatoaciltransferase;2,alquil-di-hidroxiacetonafosfatosintase;3,NADPH:alquil-di-hidroxiacetona
fosfatoóxi-redutase;4,acil-CoA:1-alquil-2-liso-sn-glicero-3-fosfatoaciltransferase;5,1-alquil-2-acil-sn-glicerol-3-fosfatofosfo-
hidrolase;6,CDP-colina:1-alquil-2-acil-sn-glicerolcolinafosfotransferase.
Colesteroléumcompostoalicíclico,cujaestruturain- C D
1 9
clui (1) o núcleo peridrociclopentanofenantreno 2 10 14 15
8
com seus quatro anéis fundidos, (2) um único grupo A B
hidroxilaemC3,(3)umcentroinsaturadoentreC5e 3 5 7
C6, (4) uma cadeia hidrocarbônica ramificada de oito 4 6
membrosligadaaoanelDemC17e(5)umgrupometil
FIGURA18.26
(designadoporC19)ligadoàposiçãoC10,eoutrogrupo Oanelciclopentanofenantreno.
metil(designadoporC18)ligadoàposiçãoC13(Figu-
ras18.26e18.27).
21 22 24 26
Colesteroltemsolubilidademuitobaixaemágua;a 20 25
25oC, o limite de solubilidade é aproximadamente 0,2 17
23
18 27
mgdL -1,ou4,7mM.Aconcentraçãorealdecolesterol
noplasmadeumapessoasadiaégeralmente150a200
mgdL -1.Estevaloréquaseduasvezesaconcentração 19
normaldeglicosenosangue.Estaaltaconcentraçãode
3
colesterolnosangueépossívelgraçasàslipoproteínas
HO
plasmáticas(principalmenteLDLeVLDL),quecontêm
grandesquantidadesdecolesterol(verp.698).Apenas FIGURA18.27
cercade30%dototaldecolesterolnoplasmaestálivre Estruturadocolesterol(5-colesteno-3�-ol).
Fonte:Wick,G,Knoflach,M.eXu,Q.B.Autoimmu-
ne and inflammatory mechanisms in atherosclerosis. FIGURA18.41
Annu.Rev.Immunol.22:361,~2004. Estruturadoácidocolânico.
|
ProstaglandinasTêmMuitosEfeitos 18.6 LIPOXIGENASEEÁCI-
Fisiológicos DOSOXIEICOSATE-
Prostaglandinassãomediadoresnaturaisdainflama- TRAENÓICOS
ção.Reaçõesinflamatóriasfreqüentementeenvolvem
as articulações (p. ex., artrite reumatóide), pele (p.
ex., psoríase) e olhos, e são tratadas, freqüentemen- Ciclooxigenasedirecionaácidosgraxospoliinsaturados
te,comcorticosteróidesqueinibemsíntesedeprosta- paraaviadasprostaglandinasquetemácidoaraquidô-
glandinas.AdministraçãodePGE2ePGE1induzrubor nicocomosubstrato.Lipoxigenaseéumadioxigenase
ecalor(devidoàvasodilataçãoarteriolar),juntamente quetambématuasobreácidoaraquidônico.Diferentes
com inchaço e edema resultantes de permeabilidade lipoxigenases são específicas para a dupla ligação do
capilaraumentadacaracterísticadainflamação.PGE2 ácido araquidônico, na qual o ataque inicial do oxigê-
geradanosistemaimune(p.ex.,macrófagos,mastó- nio ocorre (p. ex., posições 5, 12 ou 15). No homem,
citos,célulasB)evocaquimiotaxiadecélulasT.PGE2 osleucotrienosmaisimportantessãoosprodutosda5-
em quantidades que não causam dor, antes da admi- lipoxigenase,quesãomediadoresdedoençasinflama-
nistração de histamina e bradicinina, aumenta a in- tórias.Lipoxigenasesocorremamplamenteemplantas
tensidade e a duração da dor causada por esses dois e fungos, bem como em animais, mas estão ausentes
agentes.Acredita-sequepirógenos(agentesindutores emlevedurasenamaioriadosprocariotos.Elascontêm
de febre) ativem a via de síntese de prostaglandinas ferronão-hemínicoesãoativasquandoesteferroestá
comliberaçãodePGE2nohipotálamo,ondeatempe- noestadoférrico.
raturadocorpoéregulada.Aspirina,umadrogaanti-
pirética,inibeaciclooxigenase.PGE2ePGF2têmsido ÁcidosMono-Hidroperoxieicosate-
utilizadasparainduzirpartoeparaterminargravidez
não-desejada,especificamentenosegundotrimestre.
traenóicosSãoProdutosdaAçãoda
Também há evidências de que as prostaglandinas da Lipoxigenase
sériePGEpossamserefetivasnotratamentodainfer-
tilidademasculina. Lipoxigenaseadicionaumgrupohidroperóxidoaoáci-
Prostaglandinas sintéticas são muito eficientes doaraquidônicoparaproduzirácidosmono-hidrope-
na inibição de secreção ácida gástrica em pacien- roxieicosatetraenóicos (HPETEs) (Figura 18.71).
tes com úlcera péptica. Parecem inibir a formação Emcontrastecomaciclooxigenasedaprostaglandina
de cAMP em células da mucosa gástrica e acelerar a endoperóxido sintase, que catalisa a bis-dioxigenação
cicatrização de úlceras gástricas. PGE, PGA e PGI 2 de ácidos graxos insaturados a endoperóxidos, lipoxi-
sãovasodilatadoresquebaixamapressãoarterialsis- genases catalisam a monodioxigenação de ácidos gra-
têmica, aumentando assim o fluxo sangüíneo local e xosinsaturadosahidroperóxidosalílicos.Substituição
diminuindoaresistênciaperiférica.TXA 2causacon- hidroperoxi de ácido araquidônico por lipoxigenases
tração da musculatura vascular lisa e do mesângio podeocorrernasposições5,12ou15.Uma15-lipoxige-
glomerular.Nofeto,PGE2mantémadesobstruçãodo nase(15-LOX)oxigenaácidoaraquidôniconocarbono
ductusarteriosusantesdonascimento.Seoductus 15. 5-HPETE é o principal produto em basófilos, leu-
permanecerabertoapósonascimento,ofechamento cócitos polimorfonucleares (PMN), macrófagos, mas-
pode ser acelerado por administração do inibidor de tócitos e qualquer órgão passando por resposta infla-
ciclooxigenaseindometacina.Embebêsnascidoscom matória; 12-HPETE predomina em plaquetas, células
anomalias congênitas, nos quais o defeito pode ser das ilhotas pancreáticas, musculatura lisa vascular e
corrigidocirurgicamente,infusãodeprostaglandinas célulasglomerulares;15-HPETEéoprincipalproduto
manteráofluxosangüíneoatravésdoductusatéquea emreticulócitos,eosinófilos,linfócitosTecélulasepite-
cirurgiasejafeita. liaisdatraquéia.As5-,12-e15-lipoxigenasesocorrem
PGI2inibeagregaçãoplaquetária,enquantoPGE2 principalmente no citosol. Como o átomo de carbono
eTXA 2promovemesseprocessodecoagulação.TXA 2 oxigenadoemHPETEséassimétrico,existemdoises-
éproduzidoporplaquetaseéresponsávelporsuaagre- tereoisômeros possíveis do ácido hidroperoxi, (R) ou
gação quando em contato com alguma superfície es- (S).Porexemplo,aestéreo-configuraçãoéespecifica-
tranha,colágenooutrombina.Célulasendoteliaisque da 12R-LOX ou 12S-LOX. Os três principais HPETEs
revestemosvasossangüíneosliberamPGI2,quepode sãodaconfiguração(S).5-LOXtemumaatividadede
responderpelanão-aderênciadeplaquetasàparededo dioxigenase que converte ácido araquidônico em 5-
vaso sangüíneo sadio. PGE2 e PGD2 dilatam os vasos HPETE,eumaatividadededesidratasequetransforma
sangüíneosrenaiseaumentamofluxosangüíneopelo 5-HPETEemLTA4.
rim.Elastambémregulamaexcreçãodesódioeorit- A atividade 5-LOX é restrita a poucos tipos celu-
modefiltraçãoglomerular. lares, incluindo linfócitos B, mas não linfócitos T. É
ativada por uma proteína acessória chamada proteína
ativadorade5-lipoxigenase(FLAP).Emleucócitoshu-
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
19
Fígado
piruvato
NH4+ glutamato
+
NH4
glutamato uréia �-cetoglutarato
glutamina
METABOLISMODE
AMINOÁCIDOS
MargueriteW.Coomes
|
COO– CH2
CH2 CH2
19.3 TRANSPORTEDE
HC
+
NH3
+
HC
+
NH3 NITROGÊNIOPARA
COO– COO– FÍGADOERIM
Aspartato Glutamina
ATP
ProteínaÉConstantemente
AMP + PPi
Degradada
Células morrem em uma base regular e programada,
NH2 COO–
umprocessochamadoapoptose(verp.993),esuasmo-
C O CH2 léculascomponentessãometabolizadas.Proteínasindi-
CH2 + CH2
viduaistambémsofremturnoverregularemcondições
+ + normais(verp.239).Emboramuitasreaçõesenvolvidas
HC NH3 HC NH3
COO– COO–
R
H2 O
+
NH4 H2 O
COO–
COO–
CH2 Aspartato
+ +
C O + NH4
HC NH3
COO–– R
FIGURA19.18 FIGURA19.19
Reaçãocatalisadapelaasparaginase. ReaçãodaL-aminoácidooxidase,umaflavoproteína.
+ tetra-hidrobiopterina di-hidrobiopterina + H
NH3 NH3 H2 N N N H H
O2 H2O
CH2 CH COO– CH2 CH COO– H
fenilalanina hidroxilase
HN
N CH CH CH3
HO H
O OH
Fenilalanina Tirosina OH
Tetra-hidrobiopterina
FIGURA19.46
Fenilalaninahidroxilase.
H
N N H H
HN
H
HN
FIGURA19.47 N CH CH CH3
Biopterina. O
OH OH
Aformadi-hidro-(quinonóide)éproduzidadurante
oxidaçãodeaminoácidosaromáticosedepoisreduzidaà
formatetra-hidroporumadesidrogenase,usandoNADH. Di-hidrobiopterina
CORRELAÇÃOCLÍNICA19.7
Fenilcetonúria
Fenilcetonúria(PKU)éadoençamaiscomumcau- cientesnasínteseounareduçãodebiopterina.Uma
sada por uma deficiência de uma enzima do meta- deficiênciadeBH4podesercausadapormutaçãona
bolismo de aminoácidos. O nome vem da excreção GTPciclo-hidrolase(GTPCH),6-piruvoiltetra-hidro-
do ácido fenilpirúvico, uma fenilcetona, na urina. biopterinasintetase(PTPS)ousepiapterinareduta-
Fenil-lactato(Figura19.47),aformareduzidadofe- se (SPR), as três enzimas que convertem GTP em
nilpiruvato, e fenilacetato são também excretados. BH4.Duasenzimassãonecessáriaspararegenera-
O último dá à urina um odor “murino”. Esses três ção de BH4: pterina-4a-carbinolamina desidratase
metabólitossãoencontradosemquantidadesmuito (PCD)edi-hidropterinaredutase(DHPR).Deficiên-
pequenasnaurinadepessoassaudáveis.Ossinto- ciadeBH4ocorreaumataxadeumemummilhão.
masderetardomentalassociadosaestadoençapo- Screening para hiperfenilalaninemia sem redução
demserevitadosporumadietapobreemfenilalani- deatividadedefenilalaninahidroxilaseinvitroin-
na.Testedetriagemderotinaédeterminadopelos dicaapossibilidadedeumadeficiênciadeBH4.Se
governosdemuitaspartesdomundo.PKUclássica a condição não for tratada, pacientes apresentam
é uma deficiência autossômica recessiva de fenila- sintomasdehiperfenilalaninemia,cabelovermelho,
lanina hidroxilase. Mais de 417 mutações no gene retardopsicomotoredeterioraçãoneurológicapro-
foramdescritas.Emalgunscasos,hásintomasneu- gressiva. Estes últimos sintomas são um resultado
rológicos graves e QI muito baixo. Estes são geral- daincapacidadedeproduzirmelanina,catecolami-
menteatribuídosaosefeitostóxicosdafenilalanina, naseserotonina.Tratamentoésuplementaçãocom
possivelmentedevidoaotransportereduzidoeme- BH4 e precursor de neurotransmissores. Distonia
tabolismodeoutrosaminoácidosaromáticosnocé- querespondeaDOPA(DRD)edeficiênciadeSRnão
rebro,devidoàcompetiçãodasaltasconcentrações podemserdetectadasemtestesdescreeningpara
defenilalanina.Acorclaracaracterísticadapelee PKU.Fibroblastosdepelesãoúteisparaodiagnós-
dosolhosdeve-seàfaltadepigmentação,devidoà tico destas condições. A descoberta da deficiência
deficiência de tirosina. Tratamento convencional é de SR levou à descoberta de vias alternativas do
porumadietasintética,pobreemfenilalanina,mas metabolismodeBH4,incluindoumpapelparadi-hi-
incluindotirosina,porcercadequatroacincoanos, drofolatoredutase(DHFR).BaixosníveisdeDHFR
seguidaderestriçãodeproteínasnadietaporvários nocérebropermitemquedi-hidrobiopterinaseacu-
anosmaisouportodaavida. muleeinibatirosinaetriptofanohidroxilases.DHP
Cerca de 3% das crianças com altos níveis de tambémdesacoplaóxidonítricosintaseepodelevar
fenilalanina têm hidroxilase normal, mas são defi- àmortedecélulaneuronal.
Fonte: Scriver, C. R. e Clow, L. L. Phenylketonuria: Epitome of human biochemical genetics. N. Engl. J. Med.
303:1336,1980.Woo,S.L.C.Molecularbasisandpopulationgeneticsofphenylketonuria.Biochemistry28:1,1989.
Shintaku, H. Disorders of tetrahydrobiopterin metabolism and their treatments. Curr. Drug. Metab. 3:123; 2002.
Blau,N.,Bonafe,L.eThony,B.Tetrahydrobiopterindeficiencieswithouthyperphenylalaninemiadiagnosisandgene-
ticsofdopa-responsivedistoniaandsepiapterinreductasedeficiency.Mol.Genet.Metab.74:172,2001.
H2 O CO2
metilglutaconil-CoA
O hidratase propionil-CoA
carboxilase
CH3 C SCoA OH
Acetil-CoA –OOC CH2 C CH2 SCoA
C
hidroximetilglutaril-CoA liase CH3
CH3 O –OOC CH C SCoA
�–Hidroxi–�–metilglutaril-CoA
O
CH3 C CH2 C O– (HMG CoA)
D–Metilmalonil-CoA
O O
Acetoacetato
metilmalonil-CoA
FIGURA19.70 racemase
Reaçõesfinaisnadegradaçãodeleucina.
–OOC CH C SCoA
ocorre, de maneira dependente de piridoxal. Reações
CH3 O
subseqüenteslevamaacetoacetil-CoA.Umaviamino-
ritáriacomeçacomremoçãodoα-amino-grupoepros- L–Metilmalonil-CoA
segueviaocompostocíclicopipecolato(Figura19.73),
parasejuntaràviaprincipalnoníveldointermediário metilmalonil-CoA
mutase
semialdeído.Estanãosubstituiaviaprincipal,mesmo FIGURA19.71
emumadeficiênciadeenzimasnaparteinicialdavia Interconversãodepropionil-
CoA,metilmalonil-CoAe
(verCorr.Clín.19.16). succinil-CoA. –OOC SCoA
CH2 CH2 C
Amutaserequer
5’-desoxiadenosilcobalamina O
paraatividade. Succinil-CoA
CORRELAÇÃOCLÍNICA19.15
DoençasdoMetabolismodePropionatoeMetilmalonato
Deficiênciadequalquerdastrêsenzimasmostradas ingeridosparaabsorção,ouperdadebiotinaholocar-
naFigura19.71contribuiparacetoacidose.Propiona- boxilase,queincorporabiotinaemenzimasbiotina-
toéformadonadegradaçãodevalina,isoleucina,me- dependentes.Acidoseemcriançaspodesercausada
tionina,treonina,cadeialateraldocolesteroleácidos poraltosníveisdemetilmalonato,quenormalmente
graxosdecadeiaímpar.Osaminoácidosparecemser não é detectado no sangue. Fígado retirado de au-
os principais precursores, uma vez que diminuição tópsia ou fibroblastos em cultura mostraram em al-
ou eliminação de proteínas da dieta minimiza ime- gunscasos,deficiênciademetilmalonil-CoAmutase.
diatamente a acidose. Um defeito na propionil-CoA Algumas amostras foram incapazes de converter
carboxilase resulta em acúmulo de propionato, que metilmalonil-CoAemsuccinil-CoAemqualquercon-
édesviadoparaviasalternativas,incluindoincorpo- dição,masoutrasamostrasexecutaramaconversão
raçãoemácidosgraxosemlugardoprimeirogrupo quando5’-adenosilcobalaminafoiadicionada.Éclaro
acetil,paraformarácidosgraxosdecadeiaímpar.A queaquelescomdefeitonosítioativodaenzima,não
extensão dessas reações é muito limitada. Em um conseguemmetabolizarmetilmalonato,masaqueles
caso,relatou-sequegrandesquantidadesdebiotina comdefeitonomanuseiodavitaminaB12respondem
produziram efeitos benéficos, sugerindo que mais a altas doses da vitamina. Outros casos de acidúria
deumdefeitodiminuaaatividadedapropionil-CoA metilmalônica têm uma incapacidade mais funda-
carboxilase. As possibilidades são: uma perda de mentaldeusarvitaminaB12,quelevaadeficiênciade
biotinidase intestinal, que libera biotina de alimen- metilcobalamina(co-enzimadarecuperaçãodeme-
to ingerido para absorção, ou uma perda de biotina tionina) e deficiência de 5’-adenosilcobalamina (co-
holocarboxilase,queincorporabiotinadealimentos enzimadaisomerizaçãodemetilmalonil-CoA).
Fonte:Mahoney,M.J.eBick,D.Recentadvancesintheinheritedmethylmalonicacidemias.ActaPaediatr.Scand.
76:689,1987.
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
20
HCO3–
Glicina
Amina de aspartato 6 7
5 N
1 N
8
2
"C1"–H4folato
4 N
"C1"–H4folato N 9
3
Amida de glutamina
METABOLISMODE
PURINAEPIRIMIDINA
NUCLEOTÍDEOS
JosephG.Cory
CORRELAÇÃOCLÍNICA20.5 CORRELAÇÃOCLÍNICA20.6
PacientescomCâncerem SubclassedePacientescom
TratamentoporRadiaçõesou Autismo
Quimioterapia
Recentementedemonstrou-sequeumasubclas-
Pacientescomcâncercomtumoresgrandes,em sedecriançascomautismoinfantilexcretaácido
tratamento por radioterapia ou quimioterapia úricoemmaisdedoisdesviospadrõesacimada
tambémapresentamconcentraçõesaumentadas médianormal.Estegrupodecriançasrepresen-
deácidoúriconosoroenaurina.Afontedeste ta aproximadamente 20% da população autis-
ácidoúricoaumentadonãoésínteseaumentada ta. Com cultura de fibroblastos destas crianças
de purina nucleotídeos, mas sim destruição de autistas,descobriu-sequeasíntesedenovode
célulastumoraisque,porsuavez,liberamácidos purinanucleotídeos,medidaporincorporaçãode
nucléicos degradados e nucleotídeos celulares, [14C]-formatoempurinanucleotídeos,estavaau-
quesãometabolizadosaácidoúrico.Muitosdos mentadaquatrovezes,emrelaçãoaoobservado
protocolosdetratamentodecâncerincluemalo- emfibroblastosdecontrolesnormais.Arazãode
purinolcomoumadasdrogas,comoúnicopro- adenina nucleotídeos para guanina nucleotíde-
pósito de limitar o acúmulo de ácido úrico nos os no pool estava alterada, sugerindo que a via
pacientes.Umanovadrogauricolítica(Rasburi- deinterconversãodepurinanucleotídeosestava
case,umaenzimabacteriana)queconverteácido comprometida.Atéomomento,abasemolecular
úricoemumcompostohidrossolúvelestásendo paraasíntesedenovoaumentadadepurinanu-
usada em crianças e adultos para lidar com os cleotídeosnestascriançasautistasnãoéconhe-
níveisaumentadosdeácidoúricoformadoapós cida.Umaspectoincomumdasínteseaumentada
célulastumoraisteremsidodestruídas.Embora de purina nucleotídeos nestas crianças é que a
ousodeuricasetercertasvantagensfarmacoló- excreçãodeácidoúricoéelevada,masaconcen-
gicassobrealopurinol,temadesvantagemdeser traçãodeácidoúriconosoroestánafaixanor-
maiscaro. mal.Emumrelatorecente,umpacientedosexo
masculinofoitratadocomumadoseoraldeuridi-
naporumperíododedoisanos.Comoresultado,
Fonte: Smalley, R. V., Guaspari, A., Haase-\break opacientetevenotávelmelhoranodesempenho
Statz,S.,Anderson,S.A.,Cederberg,D.eHohneker,J. social,cognitivo,delinguagememotor.Surpre-
A.Allopurinol:Intravenoususeforpreventionandtre- endentemente,quandoauridinafoidescontinu-
atmentofhyperuricemia.J.Clin.Oncol.18:1758,2000. ada,ossintomasdeautismovoltaram,mascomo
Ribeiro,R.C.ePui,C.H.Recombinanturateoxidase reiníciodotratamentocomuridina,ocomporta-
for prevention of hyperuricemia and tumor lysis syn- mentodomeninomelhorounovamente.
drome in lymphoid malignancies. Clin. Lymphoma
3:252,2003.Yim,B.T.,Sims-McCallum,R.P.eChong,
P. H. Rasburicase for the treatment and prevention of Page,T.eColeman,M.Purinemetabolismabnorma-
hyperuricemia.Ann.Pharmacother.37:1047,2003. litiesinahyperuricosuricsubclassofautism.Biochim.
Biophys. Acta 1500:291, 2000. Page, T. e Moseley, C.
Metabolic treatment of hyperuricosuric autism. Prog.
causa de hiperuricemia/hiperuricúria pode ser defini- Neuro-Psychopharmacol. Biol. Psychiatry 26:397,
dacomoumdefeitometabólicorelacionadocomasu- 2002.
perproduçãodepurinanucleotídeos,eoutrassituações
nasquaisnãoháalteraçõesmetabólicasdefinidas(ver
Corr.Clín.20.1,20.2,20.5e20.6). etapas.HidrólisedeATP(ouequivalente)énecessária
|
paradirecionardiversasetapasdavia.
20.4 METABOLISMO
DEPIRIMIDINA SíntesedePirimidinaNucleotídeos
NUCLEOTÍDEOS Emcontrastecomasíntesedenovodepurinanucle-
otídeos,nemtodasasenzimasparaasíntesedenovo
depirimidinanucleotídeossãocitosólicas.Reaçõesque
Asíntesede novo doanelpirimidínicoemcélulasde levamàformaçãodeUMPsãoapresentadasnaFigura
mamíferosutilizaaminoácidoscomodoadoresdecar- 20.13.Aspectosimportantesdaviadevemserobserva-
bonoenitrogênio,alémdeCO2.Uridina5’-monofosfa- dos.Oanelpirimidinaéformadoprimeiro,edepoisri-
to(UMP)ésintetizadoemumaviametabólicadeseis bose5-fosfatoéadicionadacomPRPP,sendoodoador
|
20.9 SÍNTESEEUTILIZAÇÃO
máticos, mas também alterações qualitativas (troca de
isozimas, isozyme shifts). Enquanto algumas enzimas
estão aumentadas em tecido normal de crescimento DE5-FOSFORRIBOSIL-
rápido(p.ex.,embrionárioefígadoemregeneração)e
emtumores,ospadrõesgeraisquantitativoequalitativo
1-PIROFOSFATO
paratecidosnormaletumoralpodemserdiferenciados.
5-Fosforribosil-1-pirofosfato (PRPP) é uma molé-
|
20.8 SÍNTESEDE culachavenasíntesedenovodepurinaepirimidina
nucleotídeos, na recuperação de bases púricas e piri-
COENZIMAS mídicas,enasíntesedeNAD+.PRPPsintetasecatalisa
NUCLEOTÍDEOS areaçãoapresentadanaFigura20.30.Ribose-5-fosfato
usada nesta reação é gerada a partir do metabolismo
deglicose6-fosfato,pelaviadaspentosesfosfato,ouda
Nicotinamida adenina nucleotídeo (NAD+), fla- ribose1-fosfatogeradaporfosforólisedenucleosídeos,
vina adenina nucleotídeo (FAD+) e coenzima A vianucleosídeofosforilase.PRPPsintetasetemumane-
(CoA) são importantes coenzimas ou grupos prostéti- cessidadeabsolutadefosfatoinorgânicoeéfortemente
cosdometabolismointermediário.Emboratodasessas regulada. A curva de velocidade versus concentração
H H H FIGURA20.28
Síntesedeflavinaadenina
CH2 C C C CH2OH dinucleotídeo.
OH OH OH
N N
O
H3 C
Riboflavina
H3 C NH
N
O
ATP
riboflavina quinase
ADP
H H H O
CH2 C C C CH2 O P O–
OH OH OH O–
N N
O
H3 C
Riboflavins fosfato (flavina mononucleotídeo, FMN)
H3 C NH
N
O
ATP
FAD - pirofosforilase
PPi
NH2
N
N
N N
H H H O O
Flavins adenina dinucleotídeo (FAD)
CH2 C C C CH2 O P O P O CH2 O
OH OH OH –O –O
N N
O
H3 C HO OH
H3 C NH
N
O
|
5.SíntesedeNAD +
20.10 AGENTESQUIMIOTE-
PRPP + nicotinato
nicotinato mononucleotídeo + PPi
RÁPICOSQUEINTER-
PRPP + nicotinamida
FEREMCOMMETA-
nicotinamida mononucleotídeo + PPi BOLISMODEPURINA
PRPP + quinolinato
nicotinato mononucleotídeo + PPi
EPIRIMIDINANUCLE-
OTÍDEOS
Deve-selembrarqueosníveiscelularesdepirofos-
fatasesãomuitoaltosemcélulas,levandoàhidrólise Síntese de novo de purina e pirimidina nucleotídeos
depirofosfatoafosfato,etornandoasreaçõesirrever- écríticaparareplicação,manutençãoefunçãodacé-
síveis. lulanormal.Regulaçãodestasviaséimportante,uma
vez que foram identificadas doenças que surgem de
defeitos nas enzimas regulatórias. Compostos sintéti-
cos e produtos naturais de plantas, bactérias ou fun-
gos, que são análogos estruturais das nucleobases ou
dos nucleosídeos usados em reações metabólicas, têm
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
21
M V
� �
N
M M
N Fe N
P V
N
� �
P M
Heme
METABOLISMODOHEME
EDOFERRO
WilliamM.Awad,Jr.
CORRELAÇÃOCLÍNICA21.6
ElementodeRespostaaoFerroMutante
Mutações simples foram descritas no segmento de síntese muito aumentada de ferritina no cristalino
alçadoelementoderespostaaoferrodomRNAda podelevaraumaquantidadeaumentadadereações
cadeia leve da ferritina, com uma quantidade au- catalisadasporferro,comdanolenticularoxidativo
mentadadeapoferritinasendosintetizada,massem muitobemdescrito.Umamutaçãonumafamíliaja-
umaumentonoferrototaldocorpo.Estamutação ponesaocorrenoIREdomRNAdacadeiaHdafer-
levaaumaafinidade28vezesmenorparaIRP-1,em ritina, com um marcado aumento na afinidade por
um caso. O conteúdo de L-ferritina do cristalino IRP. O seqüestro de IRPs leva à síntese diminuída
podeaumentarnovevezesemcomparaçãoaocon- decadeiaHesínteseaumentadadecadeiaL.Esta
teúdo no cristalino de indivíduos controles. Como condição está associada com aumento significativo
conseqüência,cristaisdecadeiaslevespurasdefer- noconteúdodeferrodocorpo,masaparentemente
ritinaaparecemnocristalino,levandoacatarata.A semevidênciadecatarata.
Fonte:Girelli,D.,Corrocher,R.,Bisceglia,L.,etal.Molecularbasisfortherecentlydescribedhereditaryhyperferriti-
nemia-cataractsyndrome:amutationintheiron-responsiveelementsofferritinL-subunitgene(the“Veronamutation”).
Blood86:4050,1995.Beaumont,C.,Leneuve,P.,Devaux,I.,Scoazec,J.Y.,etal.Mutationintheironresponsiveelementof
theLferritinmRNAinafamilywithdominanthyperferritinaemiaandcataract.NatureGenet.11:444,1995.Mumford,
A.D.,Cree,I.A.,Arnold,J.D.,etal.Thelensinhereditaryhyperferritinemiacataractsyndromecontainscrystalline
depositsofL-ferritin.Br.J.Ophthalmol.84:697,2000.Kato,J.,Fujikawa,K.,Kanda,M.,etal.Amutationintheiron-
responsiveelementofH-ferritinmRNA,causingautosomaldominantironoverload.Am.J.Hum.Genet.69:191,2001.
TABELA21.2SíndromesdeSobrecargadeFerro
Nome Gene Cromossomo Herança Ocorrência Proteína
Fonte:Fellman,V.TheGRACILEsyndrome,aneonatallethalmetabolicdisorderwithironoverload.BloodCellsMol.Dis.29:444,2002.
VerCorr.Clín.21.6,21.7,21.9e21.10paramaioresdetalhes.
|
21.5 DISTRIBUIÇÃOE TABELA21.3DistribuiçãoAproximadadeFerro:
Homemde70kg
CINÉTICADOFERRO g %
CORRELAÇÃOCLÍNICA21.11
PorfiriaIntermitenteAguda
Umamulherde40anosdeidadeprocurouopron- rida,eaparentementenãoexisteexpressãoheredi-
to-socorroemumestadoagitado,chorandoerecla- tária da doença. Acredita-se que uma diminuição
mandodeintensadorabdominal.Estavaconstipada naporfobilinogêniodeaminaseleveaumapequena
háváriosdiasenotoumarcadafraquezanosbraços diminuiçãonoconteúdodehemedofígado.Acon-
e nas pernas e que “as coisas não parecem estar centração menor de heme leva a uma insuficiência
completamentecorretas”.Examefísicorevelouuma na repressão da síntese e na inibição da atividade
velocidadedebatimentocardíacoligeiramenteace- daALAsintase.Quasenuncamanifestadaantesda
lerada(100/min)ehipertensãomoderada(pressão puberdade, acredita-se que a doença apareça ape-
sangüíneade160/110mmHg).Episódiosanteriores nascomainduçãoda5β-redutase,naadolescência.
de dor abdominal severa já haviam ocorrido; ope- Sem uma quantidade suficiente de 5α-redutase, o
rações realizadas em duas ocasiões não revelaram aumentoobservadonos5β-esteróidesédevidoaum
nenhumaanormalidade.Ostesteslaboratoriaisco- desviodeesteróidesparaaviada5β-redutase.Aim-
munssãonormais.Asqueixasneurológicasnãosão portânciadeanomaliasnestaúltimaviametabólica
localizadas num foco anatômico. Decide-se que os napatogênesedaporfiriaécontroversa.Adoençaé
sintomaspresentessãoamplamentedeorigempsi- umgrandeenigma:odesarranjodometabolismoda
quiátricaetêmumabasefuncional,enãoorgânica. porfirinaéconfinadoaofígado,queanatomicamen-
Apacienteésedadacom60mgdefenobarbital;um teparecenormal,enquantoachadospatológicoses-
psiquiatraconsultadoconcorda,portelefone,emver tãorestritosaosistemanervoso.Nopresentecaso,
apacienteemaproximadamente4h.Ocorpoclíni- envolvimentode(1)cérebrolevaaoestadoagitadoe
copercebeumapioranotável;fraquezageneralizada confusoeaocolapsorespiratório,(2)sistemaautô-
surgerapidamente,progredindoparaumcomprome- nomolevaàhipertensão,aumentonavelocidadede
timentodafunçãorespiratória.Estaevoluçãoruim batimentoscardíacos,constipaçãoedorabdominal,
levaàincorporaçãoimediatadeumregimedeven- e(3)sistemanervosoperiféricoemedulaespinhal
tilaçãoassistida,comtransferênciaparaunidadede levamàfraquezaedistúrbiossensoriais.
terapia intensiva para monitoração fisiológica. Sua Experimentalmente,nenhumintermediáriome-
condiçãopioraeelamorre48hdepois.Umaamos- tabólico conhecido da biossíntese do heme pode
tradeurinadapacienteérelatadamaistardecomo causar a patologia observada na porfiria intermi-
apresentando um nível muito elevado de porfobili- tenteaguda.Deveriaterhavidoumasuspeitamaior
nogênio. Esta paciente tinha porfiria intermitente dapossibilidadedeporfiria,logoapósachegadada
aguda,umadoençapoucoentendidadabiossíntese paciente.Otratamentoincluiriainfusãodeglicose,
deheme.Háumpadrãodeherançadominanteas- exclusãodequalquerdrogaquepudessecausarau-
sociadoaumasuperproduçãodeALAeporfobilino- mento de ALA sintase (p.ex., barbituratos) e, se a
gênio, os precursores de porfirina. Três anomalias doença não respondesse satisfatoriamente apesar
enzimáticasforamobservadasemcasosqueforam destas medidas, administração de hematina intra-
estudados cuidadosamente. Estas incluem: (1) um venosaparainibirasínteseeaatividadedeALAsin-
grandeaumentodeALAsintase,(2)umareduçãoà tase.Porfiriahepáticaagudaédeinteressepolítico
metadedaatividadedeporfobilinogêniodeaminase, histórico. A doença foi diagnosticada em dois des-
e(3)umareduçãoàmetadedaatividadedaesterói- cendentesdoreiGeorgeIII,sugerindoqueoúltimo
de5α-redutase.Amudançanoconteúdodasegunda tinha uma personalidade alterada antes e durante
enzimaéconsoantecomumaexpressãodominante. aRevoluçãoAmericana,quepoderiatalvezseratri-
Amudançanoconteúdodaterceiraenzimaéadqui- buídaàporfiria.
Fonte:Meyer,U.A.,Strand,L.J.,Doss,M.,etal.Intermittentacuteporphyria:demonstrationofageneticdefect
inporphobilinogenmetabolism.N.Engl.J.Med.286:1277,1972.Stein,J.A.eTscudy,D.D.Acuteintermittentpor-
phyria:aclinicalandbiochemicalstudyof46patients.Medicine(Baltimore)49:1,1970.
|
21.7 CATABOLISMODE
sensível aos efeitos de metais pesados, especialmente
chumbo,e,éclaro,àdeprivaçãodeferro.Nestesúlti-
moscasos,zincoéincorporadoemlugardoferro,for- HEME
mandoumcomplexozinco-protoporfirinaIX.Emcon-
trastecomheme,ocomplexozinco-protoporfirinaIXé
Catabolismo de proteínas contendo heme apresenta
muitofluorescenteefacilmentedetectávelempequenas
duasnecessidadesparaomamíferohospedeiro:(a)um
quantidades. Ferroquelatase procariótica não contém
meioparaprocessarosprodutoshidrofóbicosdecliva-
umgrupoprostético;enquantoaenzimademamíferos
gem do anel porfirínico e (b) retenção e mobilização
contémumgrupoFe2S2.
do ferro contido, de forma que possa ser reutilizado.
Eritrócitostêmumtempodevidadeaproximadamente
ALASintaseCatalisaaEtapa 120dias.Célulassenescentessãoreconhecidasporal-
LimitantedaVelocidadeda teraçõesemsuasmembranas,eremovidaspelosistema
retículoendotelialemlocaisextravasculares.Ascadeias
BiossíntesedoHeme deglobinadesnaturam,liberandohemenocitoplasma.
Aglobinaédegradadaatéseusaminoácidosconstituin-
ALAsintasecontrolaaetapalimitantedavelocidade
tes,quesãoreutilizadosparasuprirnecessidadesme-
desíntesedehemeemtodosostecidos.Succinil-CoAe
tabólicasgerais.
glicinasãosubstratosparaumavariedadedereações.
Figura21.12mostraoseventosdocatabolismode
AmodulaçãodaatividadedeALAsintasedeterminaa
heme.Hemeédegradadoprimariamenteporumsiste-
quantidadedesubstratosqueserádesviadaparabios-
madeenzimasdoretículoendoplasmáticoemcélulas
síntesedeheme.Hemeehematinaagemcomorepres-
retículoendoteliais,querequeremoxigêniomolecular
soresdasíntesedeALAsintaseecomoinibidoresde
eNADPH.Hemeoxigenasetemdoisisômeros;tipoI
suaatividade.Comohemenãoseassemelhanemcom
éinduzidoporsubstratoetipoIIéconstitutivo.Aen-
ossubstratosnemcomoprodutodaaçãodaenzima,é
zimacatalisaclivagemdaponteα-meteno,queuneos
provávelqueatuesobreumsítioalostérico.Quase100
dois resíduos pirrólicos contendo substituintes vinil.
drogasemetabólitosdiferentespodemcausarindução
Ocarbonoα-metenoéconvertido,quantitativamente,
deALAsintase;porexemplo,umaumentode40vezes
emmonóxidodecarbono.Estaéaúnicafonteendóge-
é observado em rato após tratamento com 3,5-dicar-
nademonóxidodecarbononohomem.Umafração
betoxi-1,4-di-hidrocolidina. O efeito dos agentes far-
do monóxido de carbono é liberada pelo trato respi-
macológicoslevouaumacaracterísticaclínicaimpor-
ratório.Assim,amedidademonóxidodecarbonona
tante: alguns pacientes com certos tipos de porfiria
respiração exalada fornece um índice da quantidade
tiveram exacerbação de sua condição após adminis-
dehemequeédegradadaemumindivíduo.Ooxigênio
traçãoinadequadadecertasdrogas(p.ex.,barbitu-
presentenomonóxidodecarbonoenosanéislactâmi-
ratos).ALAdesidrataseétambéminibidaporheme;
cos recém-derivados é gerado totalmente a partir de
mas isto tem poucas conseqüências fisiológicas, uma
oxigêniomolecular.Aestequiometriadareaçãorequer
vezqueaatividadedeALAdesidrataseécercade80
3molesdeoxigênioparacadaclivagemdeanel.Heme
vezesmaiordoqueadeALAsintasee,portanto,efei-
oxigenasesóusaráhemecomosubstrato,comoferro
tosinibitóriosdohemerefletem-seprimeironaativi-
possivelmente participando no mecanismo de cliva-
dadedeALAsintase.
gem.Assim,protoporfirinaIXlivrenãoésubstrato.O
Glicoseouumdeseusmetabólitosproximaisinibe
tetrapirrollinearbiliverdinaIXéformadoporheme
biossíntesedehemeporummecanismodesconhecido.
oxigenase.BiliverdinaIXéreduzidaporbiliverdina
Isto é de relevância clínica, uma vez que alguns pa-
redutaseabilirrubinaIX.Descobriu-sequeospro-
cientes manifestam seu estado porfírico pela primei-
dutos de ação da heme oxigenase são citoprotetores
ra vez quando colocados em dieta muito hipocalórica
(verCorr.Clín.21.12).
(e,portanto,depoucaglicose).Outrosreguladoresdo
metabolismo de porfirinas incluem certos esteróides.
Hormôniosesteróides(p.ex.,pílulascontraceptivas BilirrubinaÉConjugadaparaFormar
orais)comumaduplaligaçãonoanelAentreosáto- BilirrubinaDiglucuronídeonoFígado
mosC4eC5podemserreduzidosporduasredutases
diferentes.Oprodutodareduçãode5αtempoucoefei- Bilirrubina é derivada de glóbulos vermelhos senes-
to sobre a biossíntese de heme; entretanto, o produto centes,mastambémdoturnoverdeoutrasproteínas
da5β-reduçãoservecomumestímuloparasíntesede que contêm heme, como os citocromos. Estudos, com
ALAsintase. glicinamarcadacomoumprecursor,revelaramqueuma
bilirrubinamarcadaprecocemente,comumpicoem1-3
h,aparecemuitorapidamenteapósumaadministração
empulsodoprecursormarcado.Umaquantidademaior
debilirrubinaaparecemuitomaistarde,emaproxima-
damente 120 dias, refletindo o turnover do heme em
PARTE4VIASMETABÓLICASESEUCONTROLE
22
Fígado
Glicose Glicogênio
Amino-
ácidos
Uréia
Piruvato
Síntese
protéica
Gordura
Lactato Cérebro
Síntese
protéica CO2 + H2O
(todos os
tecidos)
INTER-RELAÇÕES
METABÓLICAS
RobertA.HarriseDavidW.Crabb
corpos cetônicos se acumularam até concentrações explica alguns tipos de hipoglicemia, como as obser-
suficientemente elevadas para que entrem no cérebro vadasdurantegravidezoujejumavançado.Síntesede
esuprampartedesuasnecessidadesenergéticas.Glu- uréiatambéméreguladaporsuprimentodesubstratos.
coneogêneserenaltambémsetornasignificativanesta Metabolismodeaminoácidosnointestinoforneceuma
fase.FaseVocorreapósjejummuitoprolongadodein- fração substancial da amônia usada pelo fígado para
divíduos extremamente obesos, e é caracterizada por produção de uréia. O intestino libera citrulina, como
dependência ainda menor da gluconeogênese. Nesta discutido acima, o precursor metabólico de ornitina.
fase,asnecessidadesenergéticasdequasetodososte- Umpoolmaiordeornitinapermitesínteseaumentada
cidos são supridas, em grande parte, por oxidação de deuréiaapósumarefeiçãoricaemproteínas.Nadefi-
ácidosgraxosoudecorposcetônicos. ciênciadeproteínas,avelocidadedeformaçãodeuréia
Enquantoasconcentraçõesdecorposcetônicoses- diminui.
tiveremelevadaseosníveisdeglicosemantidos,prote- Podemosconcluirquesuprimentodesubstratosé
óliseseráumtantorestrita,talvezporpequenasquan- um importante determinante da velocidade em que
tidadesdeinsulinaaindaproduzidaspelopâncreas,e operam virtualmente todos os processos metabóli-
preservação de proteínas musculares e enzimas ocor- cosdocorpo.Entretanto,variaçõesnosuprimentode
rerá.Istocontinuaatéquepraticamentetodaagordura substratosnãosãosuficientesparaexplicarasmudan-
tenhasidoconsumida,eosníveisdecorposcetônicos çasmarcantesnometabolismo,quedevemocorrerno
caem. Depois que toda a gordura se esgotou, o corpo ciclo jejum-alimentação. Ajuste mais fino das vias é
precisa usar proteína muscular para manter a glicose necessário.
sangüínea.Antesqueelaseacabe,vocêseacabou(ver
Corr.Clín.22.3). EfetoresAlostéricosRegulam
|
Enzimas-Chaves
22.3 MECANISMOSENVOL-
Figuras 22.10 e 22.11 resumem os efeitos de efetores
VIDOSNAMUDANÇA alostéricosnofígado,emestadosbem-alimentadoeje-
DOMETABOLISMO jum,respectivamente.ComomostraaFigura22.10,gli-
cose ativa glucoquinase [indiretamente por promover
HEPÁTICOENTREOS seudeslocamentodonúcleoparaocitoplasma(p.590)],
ESTADOSBEM-ALI- promovendoassimfosforilaçãodaglicose.Glicosetam-
béminativaglicogêniofosforilaseeativaglicogêniosin-
MENTADOEDEJEJUM taseindiretamente,dessaformaimpedindodegradação
epromovendosíntesedeglicogênio.Frutose2,6-bisfos-
O fígado de pessoas bem-alimentadas sintetiza ativa- fatoestimula6-fosfofruto-1-quinaseeinibefrutose
menteglicogênioetriacilglicerol;talfígadoéglicogê- 1,6-bisfosfatase,destaformaestimulandoglicólisee
nico, glicolítico e lipogênico. Em contraste, o de uma inibindogluconeogênese.
pessoaemjejuméglicogenolítico,gluconeogênico,ce- Frutose1,6-bisfosfatoativapiruvatoquinase,desta
togênicoeproteolítico.Aestratégiaempregadaéarma- formaestimulandoglicólise,epiruvatoativaocomple-
zenarcaloriasquandoalimentoestádisponível,emobi- xopiruvatodesidrogenase[indiretamente,porinibição
lizá-lasquandoorestodocorpoestiverprecisando.O dapiruvatodesidrogenasequinase(verp.628)].Citra-
fígadomudaentreestesextremosmetabólicosporuma to ativa acetil-CoA carboxilase, desta forma esti-
variedadedemecanismosregulatórios:suprimentode mulandosíntesedeácidosgraxos,emalonil-CoAinibe
substratos,efetoresalostéricos,modificaçãocovalente carnitina palmitoiltransferase I, desta forma inibindo
eindução-repressãodeenzimas. oxidaçãodeácidosgraxos.ComomostraaFigura22.11,
acetil-CoA estimula gluconeogênese em estado de je-
jumporativarpiruvatocarboxilaseeinibirocomplexo
DisponibilidadedeSubstratos piruvato desidrogenase [diretamente por estímulo da
ControlaMuitasViasMetabólicas piruvato desidrogenase quinase (ver p. 531)]. Ésteres
deacil-CoAdecadeialongainibemacetil-CoAcarboxi-
Estemecanismodecontroleéfreqüentementeignora- lase,oquediminuioníveldemalonil-CoAeaumenta
do.Entretanto,aconcentraçãodeácidosgraxosnosan- atividadedecarnitinapalmitoiltransferaseIeoxi-
guequeentranofígadoéumimportantedeterminante daçãodeácidosgraxos.Frutose6-fosfatoinibegluco-
dataxadecetogênese.Síntesedeglicosepelofígadoé quinase[indiretamenteporpromoverseudeslocamen-
afetadapelavelocidadecomquesubstratosgluconeogê- todocitoplasmaparaonúcleo(verp.590)].Citrato,que
nicosfluemparaofígado.Entregadeaminoácidospara está aumentado em concentração como conseqüência
ofígadonodiabetes,emvirtudedeproteóliseacelerada demaioroxidaçãodeácidosgraxos,inibe6-fosfofruto-
e descontrolada, estimula gluconeogênese e exacerba 1-quinase e 6-fosfofruto-2-quinase (não mostrado); e
hiperglicemia. Por outro lado, incapacidade de suprir NADH,produzidopelaoxidaçãodeácidosgraxos,inibe
o fígado adequadamente com substratos glucogênicos ociclodosácidostricarboxílicos.
|
de fator nuclear hepático 4α (HNF-4α), que é neces-
sárioparatranscriçãodegenesquecodificamenzimas
gluconeogênicas.
22.4 INTER-RELAÇÕES
Receptor de peroxissomos proliferador-ativa- METABÓLICAS
do α (PPARα), um membro da família de receptores
nucleares,éumreceptordeácidosgraxos,eéexpresso
DETECIDOSEM
emaltosníveisemtecidosqueoxidamácidosgraxos(fí- VÁRIOSESTADOS
gado,rimecoração).Ácidosgraxospoliinsaturadoses-
timulamoreceptorparaativartranscriçãodegenesen-
NUTRICIONAISE
volvidosemutilizaçãodeácidosgraxos(Figura22.23), HORMONAIS
que contém um elemento de resposta a prolifera-
dor de peroxissomo (PPRE) em seus promotores, Muitas mudanças que ocorrem nos diferentes estados
incluindoaquelesparaenzimasdossistemasdepero- nutricionaisehormonaissãovariaçõesdociclojejum-
xissomos,microssomosemitocôndriasparaoxidação alimentação. Alguns exemplos são dados na Figura
de ácidos graxos (FOX), genes de apolipoproteínas 22.24.Outrossãoóbvios–porexemplo,orápidocres-
necessárias para exportação de triacilgliceróis hepá- cimentodeumacriança,quandoaminoácidossãodire-
ticoscomoVLDL,eenzimasdacetogênese.Notecido cionadosdocatabolismoparasíntesedeproteínas.As
adiposo,aisoformaPPARγéexpressa.Quandoativada mudanças que ocorrem em algumas situações fisiolo-
(talvez por derivados de ácidos graxos, como prosta- gicamenteimportantes,entretanto,sãobastantesutis
glandinas),orquestraadiferenciaçãodepré-adipócitos e pouco conhecidas. Por exemplo, no envelhecimento
emadipócitos,aumentandoacapacidadedearmazenar parece haver uma sensibilidade diminuída dos prin-
triacilglicerol.AatividadedeambasasformasdePPAR cipais tecidos do corpo a hormônios, com capacidade
é aumentada pelo PPARγ-coativador 1 (PGC-1), que é diminuída dos tecidos de responderem normalmente
induzidoporcAMP. durante o ciclo jejum-alimentação. Se isso é um fator
Estasmudançasadaptativastambéminfluenciama quecontribuiouumaconseqüênciadoprocessodeen-
eficiência dos mecanismos regulatórios de curto pra- velhecimento,nãosesabe.
PPAR�
+ + +
PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
23
ACTH
AC
2
Proteína G cAMP
ATP
PKA
PKAi
BIOQUÍMICA
DEHORMÔNIOS
ThomasJ.SchmidteGeraldLitwack
|
cascatahormonal.Istopodeserconseguidopor
injeçãodohormôniodapituitáriaanteriorLHou
FSH. Se a secreção de hormônio sexual foi de-
23.3 SÍNTESEDEHORMÔ-
sencadeada,entãoaglândulafinalpareceestar NIOSPOLIPEPTÍDICOS
funcionandoadequadamente.Aseguir,apituitá-
riaanteriordeveriaseranalisada.Istopodeser
EHORMÔNIOSDERI-
feito por administração i.v. de GnRH sintético; VADOSDEAMINOÁCI-
porestavia,GnRHpodechegaràscélulasgona-
dotrópicas da pituitária anterior e desencadear
DOS
secreçãodeLHeFSH.Rotineiramente,osníveis
deLHsãomedidosnosanguecomoumafunção
dotempoapósainjeção.Estesníveissãomedi- HormôniosPolipeptídicos:
dosporradioimunoensaio(RIA),noqualLHou CodificaçãoGênica
hCGédeslocadodaligaçãocomumaproteínade
ligaçãoaoLHnaamostradesoro.Aextensãoda Genesdehormôniospolipeptídicoscontêmaseqüência
competição é proporcional à quantidade de LH codificadoradohormônioeoselementosdecontroles
nosoro.Destemodo,umaprogressãodarespos- amontante(upstream)dogeneestrutural.Emalguns
taémedidaeestarádentrodoslimitesnormais casos,maisdeumhormônioécodificadoemumgene.
ouclaramentedeficientes.Searespostaforde- Por exemplo, pró-opiomelanocortina gera pelo menos
ficiente,ascélulasdapituitáriaanteriornãoes- oito hormônios a partir de um único produto gênico.
tão funcionando normalmente e são a causa da Ocitocinaevasopressinasãocodificadosporgenesse-
síndrome.Poroutrolado,respostanormaldapi- parados, juntamente com suas respectivas proteínas
tuitáriaaGnRHindicariaqueohipotálamonão neurofisinas. Neurofisinas são co-secretadas com
está funcional. Tal descoberta sugeriria exame seus respectivos hormônios, mas não têm ação endó-
dohipotálamo,quantoacondiçõesquelevamà crinaconhecida.
disponibilidade/produçãoinsuficientedehormô-
niosliberadores.Obviamente,oconhecimentoda Pró-opiomelanocortinaÉPrecursorde
estruturadohormônioeacapacidadedesinteti- OitoHormônios
zarhormôniosespecíficospermiteodiagnóstico
destasdoenças. Pró-opiomelanocortinaéumprecursordehormônios
paraosseguinteshormônios:ACTH,β-lipotropina,γ-li-
Fonte:Marshall,J.C.eBarkan,A.L.Disordersofthe potropina, γ-MSH, α-MSH, CLIP, β-endorfina e poten-
hypothalamusandanteriorpituitary.Em:W.N.Kelley cialmenteβ-MSHeencefalinas(Figura23.5).Nemto-
(Ed.),InternalMedicine.NewYork:Lippincott,1989, dosestesprodutossãoexpressossimultaneamenteem
p.2159.Conn,P.M.Themolecularbasisofgonadotro- um único tipo celular, mas são produzidos em células
pin-releasinghormoneaction.Endocr.Rev.7:3,1986. separadascombaseemseuconteúdodeproteaseses-
pecíficasnecessárias,controlesmetabólicosespecíficos
eapresençadereguladores.Assim,enquantopró-opio-
melacortina é expressa em corticotropos da pituitária
anterioreemcélulasdaparsintermedia,oestímulo
eosprodutossãodiferentes(Tabela23.3).Parsinter-
mediaéumaestruturaanatômicadiscreta,localizada
tasseqüênciasdeaminoácidosemtornodeumresíduo AtividadedeVasopressina:Proteína
de fosfotirosina. Várias vias diferentes são ativadas, e
estasincluemativaçãodePI3quinase(fosfatidilinositol QuinaseA
3´-OHquinase),Ras(proteínapequenaqueligaGTP),a Argininaangiotensina(AVP),ouhormônioantidiu-
cascatadaMAPquinase(proteínaquinaseativadapor rético, causa reabsorção de água aumentada da urina
mitose)eTC10(proteínapequenaqueligaGTP).Uma norimdistal.Ummecanismoparaestesistemaéapre-
vezativadaportrocadeGTPporGDP,TC10promove sentadonaFigura23.30.NeurôniosquesintetizamAVP
translocaçãodevesículasdeGLUT4paraamembrana (neurônios vasopressinérgicos) liberam AVP em res-
plasmática, talvez por estabilização de filamentos de postaaestímulosdebarorreceptoresquerespondem
actinacorticais.Estasviasatuamdemodoorquestra- aumaquedanapressãodosangueoudeosmorrecep-
doparacoordenararegulaçãodotráfegodevesículas toresquerespondemaumaumentonaconcentração
[incorporaçãodetransportador4deglicose(GLUT4)à extracelulardesal.VPliga-seaseureceptordemem-
membranaplasmática],síntesedeproteínas,ativaçãoe branacognatonorimdistal,napituitáriaanterior,em
inativaçãodeenzimaseexpressãogênica.Oresultado hepatócitose,talvez,emoutrostiposcelulares,Norim,
final destas diversas vias é regulação do metabolismo aligaçãodeAVPaseureceptoracopladoaproteínaG
deglicose,lipídeoseproteínas,bemcomocrescimento estimulaaatividadedeadenilatociclaseeativaproteí-
ediferenciaçãocelular.Aimportânciadaatividadeda naquinaseA,quefosforilasubunidadesqueseagregam
quinasedoreceptordeinsulinaedaviageraldetrans- paraformarcanaisaquososespecíficos,ouaquapori-
duçãodesinaldainsulinaéenfatizadanaCorrelação nas(verp.459).
Clínica23.3. Águaatravessaacéluladorimparaoladobasolate-
raledepoisentranacirculaçãogeral,ondediluiacon-
centraçãodesal.Mutaçõesespecíficasnasseqüências
CORRELAÇÃOCLÍNICA23.3
AtividadeReduzidadoReceptordeInsulinaQuinasenoDiabetes
MellitusGestacional
Duranteagravidez,umaimportanteadaptaçãome- GDM.Dadosrecentesindicamquedefeitosnaação
tabólicamaternaéumareduçãonasensibilidadeà dainsulina,enãodiminuiçãonaafinidadedainsuli-
insulina. Esta adaptação ajuda a fornecer glicose napeloreceptor,podemcontribuirparaapatogêne-
adequadamente para o feto em desenvolvimento. sedeGDM.Maisespecificamente,célulasdemúscu-
Entretanto, em 3-5% das mulheres grávidas, de- loesqueléticodesujeitoscomGDMaparentemente
senvolve-seintolerânciaaglicose.Diabetesmellitus expressamexcessodeglicoproteína-1demembrana
gestacional(GDM)écaracterizadaporumdecrés- plasmática(PC-1),queseverificouinibiraatividade
cimoadicionalnasensibilidadeainsulinaeumain- detirosinaquinasedoreceptordeinsulina,porinte-
capacidadedecompensarcomsecreçãoaumentada ragirdiretamentecomassubunidadesαebloquear
de insulina. Embora ambos resistência à insulina a mudança conformacional induzida por insulina.
induzidapelagravidezeGDMsejamgeralmentere- Alémdisso,excessivafosforilaçãoderesíduosdese-
versíveisapósagravidez,aproximadamente30-50% rina/treoninalocalizadosnosreceptoresdeinsulina
das mulheres com história de GDM desenvolvem do músculo parece regular negativamente (down-
diabetes tipo 2 mais tarde na vida, especialmente regulate)aatividadedetirosinaquinaseemGDM.
se forem obesas. Embora os mecanismos celulares Assim, uma superexpressão de PC-1 e um decrés-
responsáveis pela resistência à insulina em GDM cimo na atividade quinase do receptor, acoplados
não sejam totalmente conhecidos, a resistência ao comexpressãoefosforilação(resíduosdetirosina)
transporte de glicose mediado por insulina pare- diminuídas do substrato 1 do receptor de insulina
cesermaioremmúsculoesqueléticodeindivíduos (IRS-1;verFigura20.29),podemestarportrásda
comGDMdoqueemmulheresgrávidasquenãotêm resistênciaàinsulinaemGDM.
Fonte:Shao,J.,Catalono,P.M.,Hiroshi,Y.,Ruyter,I.,Smith,S.,Youngreen,J.eFriedman,J.E.Decreasedinsulin
receptortyrosinekinaseactivityandplasmacellmembraneglycoprotein-1overexpressioninskeletalmusclefrom
obesewomenwithgestationaldiabetesmellitus(GDM).Diabetes49(4):603,2000.Maddux,B.A.eGoldfine,I.D.
MembraneglycoproteinPC-1inhibitionofinsulinreceptorfunctionoccursviadirectinteractionwiththereceptor
alpha-subunit.Diabetes49(1):13,2000.
|
administraçãodeestrógeno.Duranteoestresse,quan-
doosníveisdecortisolsãoaltos,ossítiosdeligaçãode
23.8 RECEPTORESDE
CBGestarãosaturados,eoexcessodecortisolseligará HORMÔNIOS
aalbumina.Apenas5-10%docortisolplasmáticoestá
normalmentelivre(não-ligado).Cortisollivredifunde-
ESTERÓIDES
seatravésdamembranaplasmática,liga-seaosrecep-
toresintracelularesdecortisol,emedeiaumaresposta
biológica.Emcontrastecomcortisol,apenas50-70%da HormôniosEsteróidesLigam-sea
aldosteronacirculanteficaligadacombaixaafinidade ProteínasReceptoresIntracelulares
a albumina e transcortina. Portanto, aldosterona tem
umameia-vidamaiscurtanoplasma(20minutos)em Receptores de hormônios esteróides e receptores de
comparaçãocomcortisol(70minutos). não-esteróides(i.é,hormôniodatireóide,ácidoretinói-
Globulina de ligação a hormônios sexuais co,vitaminaD3)localizam-seintracelularmente.Ore-
(SHBG)ligaandrógenoscomumaconstantedeafini- ceptordeglucocorticóidenão-ligadoe,possivelmente,
dadedecercade109M-1.Cercade65%datestostero- oreceptordealdosteronaparecemresidirnocitoplas-
nasãoligadosaestaglicoproteínaderivadadofígado. ma, enquanto os outros receptores não-ligados locali-
Apenas1-2%datestosteronacirculanteestánaforma zam-sedentrodonúcleo,provavelmenteemassociação
livre,eoandrógenorestanteestáligadoaalbuminae com a cromatina. Na Figura 23.48, a Etapa 1 mostra
aoutrasproteínas.AsfraçõesligadasaSHBGservem, umhormônioesteróidesedissociandodeumaproteína
portanto, como reservatórios circulantes de testoste- plasmática transportadora. O esteróide livre entra na
rona.Cercade60%dosestrógenossãotransportados célulapordifusão,atravésdabicamadalipídica(Etapa
ligadosaSHBG,20%sãoligadosaalbumina,e20%na 2).Cortisolliga-seaseureceptorcomumaconstante
forma livre. Entretanto, estradiol liga-se a SHBG com de afinidade de 109 M-1, comparada a uma constante
uma afinidade muito mais baixa do que testosterona. deafinidadedecercade107M-1paraCBG.Oreceptor
Assim,estradiolligadoaSHBGdissocia-semuitorapi- não-ligado (neste caso, receptor de glucocorticóide) é
damente e é captado pelos tecidos alvos. Por esta ra- umcomplexo(~300kDa)quecontémoutrasproteínas
zão, mudanças nos níveis de SHBG no homem podem associadas,incluindoumdímerodeumaproteínade
alterararazãodeandrógenosparaestrógenoslivres.A choquetérmico90kDa,quemascaraodomíniodeli-
concentraçãoplasmáticadeSHBGantesdapuberdade gaçãoaoDNAdoreceptor(Figura23.49),eoutraprote-
é aproximadamente a mesma em homens e mulheres. ínadechoquetérmicodesignadaporHsp56,queéuma
Entretanto,napuberdade,háumpequenodecréscimo imunofilinaqueligaváriasdrogasimunossupressoras.
em mulheres e um decréscimo maior em homens, ga- Ligaçãodoliganteesteróide(Etapa3)causaumamu-
rantindo uma quantidade relativamente maior de tes- dançaconformacional,chamada“ativação”,daprópria
tosterona circulante não-ligada em homens. Homens proteínadoreceptor,resultandoemliberaçãodasprote-
adultos têm cerca da metade da SHBG circulante de ínasassociadas,incluindoodímeroHsp90,eexposição
mulheres,demodoquetestosteronalivreécercade20 dosresíduosdeaminoácidoscarregadospositivamente
vezesmaisaltaemhomensdoqueemmulheres.Além localizados no domínio de ligação ao DNA (Etapa 4).
PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
�� �
���
��
����
24
��
BIOLOGIAMOLECULAR
DASCÉLULAS
ThomasE.Smith
β-Endorfina YGGFMTSEKSQTPLVTLFKNAIIKNAYKKGE
Met-encefalina YGGFM
Leu-encefalina YGGFL
Somatostatina AGCKNFFW
| |
CSTFTK
Hormônioliberadordehormônioluteinizante p-EHWSYGLRPGNH2
Hormônioliberadordetirotropina p-EHP-NH2
SubstânciaP RPKPEEFFGLM-NH2
Neurotensina p-ELYENKPRRPYIL
AngiotensinaI DRVYIHPFHL
AngiotensinaII DRVYIHPF
Peptídeointestinalvasoativo HSDAVFTDNYTRLRKEMAVKKYLNSILN-NH2
a
Peptídeoscom“p”precedendoaestruturaindicamqueoN-terminalépiroglutamato.AquelescomNH2naextremidadeindicam
queoC-terminaléumaamida.
Cinesinas e miosinas, proteínas motores molecula- rem nutrição contínua obtida pelo uso de metabólicas
res(verp.966),facilitamesteprocessodetransporte. convencionais apropriadas a suas necessidades espe-
Neuropeptídeossãomediadoresderespostassenso- cíficas. Estruturas pigmentadas, como citocromos e
riaiseemocionais,taiscomoasassociadascomfome, mitocôndrias, ou não estão presentes em algumas es-
sede,sexo,prazer,doreassimpordiante.Incluídasnes- truturasouestãoarranjadasedistribuídasdemodoa
tacategoriaestãoencefalinas,endorfinasesubstân- nãointerferiremcomoprocessovisual.Alémdisso,o
ciaP.SubstânciaPéumneurotransmissorexcitatório cérebrodesenvolveuumsistemadefiltroenormemente
que desempenha um papel na percepção de dor. Está eficientequetornaobjetosdentrodoolhoinvisíveis,os
emumaclassedeneuropeptídeoschamadosneuroci- quaispoderiamlevaradistorçãovisual.Umdiagrama
ninas. Seu receptor, NK-1 (ou neurocinina-1), é uma esquemáticodeumcortetransversaldoolhoéapresen-
proteínatipo-Gconsistindodeseteelementosdehéli- tadonaFigura24.16.
cestransmembrânicas.Endorfinaseopióidesligam-se Aluzqueentranoolhopassaprogressivamentepor
areceptoresquetambémtêmseteelementosdehélices (a) a córnea, a câmara anterior que contém humor
transmembrânicas. Endorfinas desempenham papéis aquoso,(b)ocristalino,e(c)ocorpovítreo,quecon-
na eliminação da sensação de dor. Alguns dos peptí- tém humor vítreo; finalmente focaliza na retina, que
deosencontradosnotecidocerebralsãoapresentados contém o aparelho sensor visual. Lágrimas banham o
naTabela24.3.NotequeMet-encefalinaéderivadada exteriordacórnea,enquantoointeriorébanhadopelo
região N-terminal da β-endorfina. Os aminoácidos da humoraquoso,umfluidoisosmóticocontendosais,al-
extremidadeN-terminaloudeambasasextremidades bumina,globulina,glicoseeoutrosconstituintes.
N-eC-terminaldemuitosneuropeptídeostransmisso- Ohumoraquosotraznutrientesparaacórneaepara
ressãomodificados. o cristalino, e remove produtos finais do metabolismo
deles.Ohumorvítreoéumamassagelatinosaqueajuda
|
24.3 OLHO:METABOLISMO amanteraformadoolho,enquantoomantémumtanto
flexível.
EVISÃO
CórneaDerivaATPdeMetabolismo
Oolho,nossajanelaparaomundoexterior,nospermite Aeróbico
verasbelezasdanatureza,asbelezasdavidae,consi-
derandooconteúdodestelivro,asbelezasdabioquími- Oolhoéumaextensãodosistemanervosoe,comoou-
ca.Umavistaatravésdequalquerjanelaoudequalquer tros tecidos do sistema nervoso central, seu principal
lentedecâmeraémaisclaraquandonãoobstruída.O combustível metabólico é glicose. A córnea não é um
olho evoluiu de tal modo que um objetivo semelhante tecidohomogêneoeobtémumaporcentagemrelativa-
foialcançado.Écompostodetecidosvivosquereque- mente alta do seu ATP de metabolismo aeróbico. Cer-
EstruturaeCaracterizaçãode
AlgumasProteínasEnvolvidasnos CORRELAÇÃOCLÍNICA24.7
ProcessosContráteis GlicaçãoeEstruturaeFunção
deMiosina
MiosinaFormaFilamentosGrossosdo
Músculo Hiperglicemiaprolongadaafetaafunçãodemui-
tossistemas.GlicosepodeformarbasesdeSchiff
Miosina,umamoléculafibrosalongacomduascabe- comaminogruposlivresemproteínasealterar
çasglobularesemumaextremidade,consistededuas sua função. Experimentos in vitro usando es-
cadeiaspesadasdecercade230kDacada.Ligadaperto pectroscopiademassademonstramquemiosina
decadagrupodecabeçaestáumparnão-semelhante tambémpoderiaserglicada.Aimportânciadesta
de cadeias leves, cada uma das quais com aproxima- observaçãoemenvelhecimentoediabetesainda
damente20kDa.Ascadeiaslevessãoproteínas“tipo- nãofoideterminada.
calmodulina”eestãoenvolvidasemváriosaspectosda
regulaçãodoprocesso,sendoquenemtodosforamde- Fonte: Ramamurthy, B., Hook, P., Jones, A. D. e
finidoscomclareza.ElasligammotivosIQemmiosinas, Larsson,L.Changesinmyosinstructureandfunction
queestãolocalizadospróximosdosgruposdecabeçae inresponsetoglycation.FASEBJ.15:2415,2001.
têmaseqüênciaconsensoIQXXXRGXXXR.
A extremidade carboxila de cada cadeia de miosi-
nalocaliza-senaregiãodacauda,ondeasduascadeias AcabeçadamiosinacontématividadedeATPase,
pesadassãoenroladasumanaoutra,num arranjoes- queforneceenergiaparacontração,esítiosdeligação
piral-espiral(Figura24.29m).Tripsinaclivaacauda de actina.OfragmentoS-1tambémcontémsítiosde
emcercadeumterçodoseucomprimentoapartirda ligaçãoparaacadeialeveessencialeacadeialeve
cabeçaparaproduzirmeromiosinapesada(ogrupo regulatóriaqueseliganosmotivosIQ,comomencio-
dacabeçaeumacaudacurta)emeromiosinaleve(o nadoanteriormente.Ummodelodaestruturatridimen-
restante da região da cauda). Só a meromiosina leve sional do fragmento S-1 da miosina é apresentado na
podeagregaremcondiçõesfisiológicasinvitro,suge- Figura24.31.Aregiãodeligaçãoàactinalocaliza-seno
rindoqueagregaçãosejaumdosseuspapéisnaforma- cantoinferiordireito,naregiãodafendavisível.
çãodacadeiapesadainvivo.Aregiãodacabeçapode OfragmentoS-1temváriasregiõesestruturaistipo-
serclivadadorestantedaregiãodecaudaporpapaí- domíniocommassasde25,50e20kDa,coloridosem
na (Figura 24.29n), resultando em um fragmento do verde,vermelhoeazul,respectivamente.Acadeialeve
grupodecabeçachamadoSubfragmento1ouS-1.A essencial(ELC)eacadeialeveregulatória(RLC)são
açãodestasproteasestambémdemonstraqueamolé- mostradas em amarelo e lilás, respectivamente (ver
culatempelomenosduasregiõesdearticulação,perto Corr.Clín.24.8).
dajunçãocabeça-cauda. OsítiodeligaçãoaoATP,logoacimadafendavisível,
AnálisedecDNAsdemiosinasdemuitasespécies tambéméumafendaabertadecercade13Ådeprofun-
diferentes e tipos diferentes de músculos indicam didadee13Ådelargura.Éseparadadosítiodeligação
que existe um grau muito alto de homologia entre
miosinasdediferentesfontes,particularmentenare-
giãodacabeça.Existeumpoucomenosdehomologia
deseqüêncianaregiãodacauda,mashomologiafun-
cional existe em um grau extraordinariamente alto,
independentementedocomprimento,quevaidecer-
cade86acercade150nmparaespéciesdiferentes.
Acabeçadamiosinacontémquasemetade(cercade
839acercade850)dosresíduosdeaminoácidosda
moléculainteira,emmamíferos(verCorr.Clín.24.7).
Miosinaformaumagregadosimétricocauda-cau-
da em torno da linha M da zona H dos sarcômeros.
Regiõesdecaudasãoalinhadasdemodoparaleloem
FIGURA24.31
ambososladosdalinhaM,comosgruposdecabeça Ummodelodepreenchimentodeespaçodosresíduosde
apontandoparaalinhaZ.Cadafilamentogrossocon- aminoácidosnofragmentoS-1damiosina.
tém cerca de 400 moléculas de miosina. A proteína Osdomíniosde25,50e20kDadacadeiapesadasãocinza-
escuro,cinzaecinzaquasepreto,respectivamente.Ascadeias
C(Tabela24.7)estáenvolvidaemsuamontagem.A levesessencialeregulatóriasãocinza-claroecinza-médio,
proteína M também está envolvida, presumivelmen- respectivamente.
te,namanutençãodasregiõesdecaudajuntaseem ReimpressocompermissãodeRayment,I.,Rypniewski,W.R.,
Schmidt-Base,K.,Smith,R.,etal.Science261:50,1993.Direitos
suaancoragemnalinhaM. autorais(1993)AAAS.
jamassociadascomaspectosmaisgeraisdadivisãoce- �2
lularedomovimentoassociadodevárioscomponentes
associadoscomesteprocesso. A
Golpe de força
A
Dineína A (sob carga)
Existemduasclassesdemotoresdineínas:(a)axonê- ATP
ADP + Pi
mica,quefuncionanarealizaçãodomovimentodefla-
gelosecílios,e(b)citoplasmática,queefetuaadistri- FIGURA24.39
buição e a organização de estruturas citoplasmáticas. Dineínafuncionacomoumamoléculamotora.
RedesenhadodeMallik,R.,Carter,B.C.,Lex,S.A.,King,S.J.e
Estasfunçõesincluemseleçãoemovimentodeprote- Gross,S.P.Cytoplasmicdyneinfunctionsasagearinresponse
ínas;organizaçãodoscromossomosdurantevárioses- toload.Nature427:649,2004.
tágios de sua função; distribuição e/ou redistribuição
de organelas como endossomos, lisossomos e outros;
|
etransporteaxonalretrógrado–istoé,transportede
carganadireçãoopostaàdamaioriadascinesinas. 24.5 MECANISMODA
A estrutura da dineína é muito mais complexa do
queasdasoutrasduasclassesdemotores.Dineínatem
COAGULAÇÃODO
umaestruturaemanelplanodeseismembrosquetem, SANGUE
nototal,aproximadamente10vezesamassamolecular
dascinesinas.Umarepresentaçãoesquemáticadesua
A circulação do sangue ocorre em um tipo muito es-
estruturaémostradanaFigura24.39.
pecializadodesistemafechadonoqualovolumedolí-
ATPligacomummotivoAAAnodomínio1.Sualiga-
quidocirculanteémantidoquaseconstante.Múltiplas
çãoehidróliseinduzmudançasconformacionaisquesão
funções do sistema tornam a transferência de solutos
transmitidaspelosdomínios2-4paraahastequeintera-
através de seus limites uma função necessária. Como
gecommicrotúbulosecausamovimentosdepassosde
emqualquersistemadecanosetubos,vazamentospo-
24-32nmparaumadineínadescarregada.Omovimento
dem ocorrer como resultado de vários tipos de agres-
dedineínarespondeàcargademodoparecidocommu-
sõesedevemserreparadosparamanterumestadode
dançaparamarchamaislentae,comcargapesada,dá
hemostasia,istoé,semsangramento.
passosdeaproximadamente8nm.Essamudançapare-
ce estar associada com mudanças conformacionais em
váriosdeseusoutrosdomíniosecomadisponibilidade ProcessosBioquímicosda
deATP.Emcondiçõesdecargapesada,ATPtambémpa- Hemostasia
receligarmotivosAAAnodomínio3.MotivosAAAsão
regiõesconservadasde220-230resíduosdeaminoácidos Hemostasia implica em que o processo de formação
queexistememumafamíliadeproteínasqueparticipam do coágulo (pró-coagulação, designada como Fase
emváriasatividadescelularesdiferentes,quedependem 1) esteja em equilíbrio com processos de parada de
de energia de hidrólise de ATP para afetar suas fun- formação do coágulo (anticoagulação, Fase 2) e de
ções, que podem incluir proteólise, dobramento e des- dissolução do coágulo (fibrinólise, Fase 3). Pró-co-
dobramentodeproteínas,metabolismodeíondemetal, agulaçãolevaàproduçãodefibrinaapartirdefibrino-
eoutrasatividades,alémdasassociadascomdineína.O gênioeagregaçãoemumaredeinsolúvel,oucoágulo,
nomedomotivoAAArefere-sea“ATPaseAssociadacom querecobreaáreadarupturaeimpedemaiorperdade
diversasAtividadescelulares”. sangue.Concomitantemente,agregaçãodeplaquetasdo
Noteque(1)dineínascomomotoressãoestrutural- sangueocorrenolocaldalesão.Agregaçãoplaquetária
mentemaiscomplexasdoquemiosinasoucinesinas,(2) formaumarolhafísicaparaajudarapararovazamento.
estão geralmente envolvidas em movimento retrógrado Plaquetas também sofrem alterações morfológicas que
dematerialcelular,(3)estãoenvolvidasemváriosoutros liberam(a)algunscompostosquímicosqueajudamem
aspectosdeorganizaçãoestrutural,e(4)seumovimento outrosaspectosdoprocessotodo,comovasoconstrição
depassoaolongodosmicrotúbulosécarga-dependente. para reduzir o fluxo de sangue para a área e (b) enzi-
PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
25
(Separação de cromátides e divisão celular)
M
G2 G1 G0
S
(Duplicação do DNA)
CICLOCELULAR,MORTE
CELULARPROGRAMADAE
CÂNCER
RichardM.Schultz
teumsinalpormeiodeumamudançaconformacionale
associaçõesproteína-proteína. �������
Grb2contémambososdomíniosSH2eSH3.Liga-
çãodeGrb2aoreceptordePDGFporseudomínioSH2
induzumamudançaconformacionalqueabreseusdo- ������
míniosSH3paraligarumaregiãodehélicepoliprolina
naproteínaGEF Ras,quedepoisseligaaRasecatali-
saatrocadeseuGDPligadoporGTP(Figura25.8).
GPT-Ras é a forma ativa de Ras. Ras é uma enzima
GTPase e se inativa por catalisar a hidrólise do GTP ������
ligadoemGDP.
MutaçõesnogeneRasqueresultamemRasconsti-
tutivamente ativo ocorrem em aproximadamente 30%
dos cânceres humanos. As mutações comumente en- ����
contradassãonosresíduosdeaminoácidos12,13e61,
que participam da atividade de Ras GTPase, de modo
queRasmutadonãopodesedesativarepermaneceem
umaconformaçãoGTP-Rasativa.
NoRasnormal,aatividadedeRasGTPaseéaumen- ��������������������
��������
tada 100 a 1000 vezes pela ligação de Ras a GAPRas
(GAP,proteínaativadoradeGTPase).Entretanto,ali-
gaçãodeGAPRasaoRasmutadocataliticamenteinerte FIGURA25.9
GTP-Rasativaumacascatadequinases.
não tem efeito, porque sua atividade de GTPase está Ras-GTPativaumacascatadequinasesresultandona
ausente. fosforilaçãoeativaçãodaquinaseterminalMAPK.MAPK
Ras também precisa se associar com a membra- ativadaentranonúcleoefosforilafatoresdetranscriçãoque
regulamaexpressãodeproteínasenvolvidasnafaseS.MAPK
na plasmática para ser ativado. Isto é conseguido por émitógeno-ativadaproteínaquinase,MAPKKéMAPquinase
modificações pós-tradução que incluem remoção por quinase,eMAPKKKéMAPquinasequinasequinase.
uma protease do tetrapeptídeo C-terminal, metilação
donovogrupoácidocarboxílicoC-terminaleadiçãode
umgrupoácidograxofarnesilaumacadeialateralde fatoresdetranscrição,comoJuneFos,aumentandoas-
cisteínanaextremidadeCOOH-terminal.Emalgumas simatranscriçãodegenescomoofatordetranscrição
isoformasdeRas,umsegundogrupoacilgraxoéadi- Myc e as ciclinas de G1 envolvidas na divisão celular.
cionado,pertodaextremidadeCOOH-terminal. Myc aumenta a expressão de muitos genes envolvidos
TrêsgenesRasdiferentesexistemnohomem–H- nafaseS,incluindoasS-ciclinaseofatordetranscri-
ras,N-raseK-ras–queproduzemproteínashomólo- ção E2F (ver p. 211). Entretanto, se as condições não
gasde21kDa.Asseqüênciasdeaminoácidosdeseus foremadequadasparadivisãocelular,Mycpodeiniciar
primeiros 85 resíduos são idênticas, e os seguintes umprocessolevandoàmortecelular.
80 resíduos mostram 85% de homologia, mas as ex-
|
tremidadesC-terminaisdiferemmaisdramaticamen-
te. Embora existam diferenças em alguns dos sinais 25.3 APOPTOSE:
posteriores entre as isoformas de Ras, em geral seus
sinais se sobrepõem. Estas isoformas são caracteris-
MORTECELULAR
ticamente expressas em diferentes tipos celulares, e PROGRAMADA
mutaçõesnosresíduos12,13e61ativamconstitutiva-
mentetodaselas. Apoptoseéapalavragregapara“folhasquecaem”,
Como ativação da atividade de Ras promove o fe- eapoptosedescreveumprocessobioquímicofreqüente
nótipocâncer,genesRassãoconhecidoscomoproto- natural de morte celular. Morte apoptótica é necessá-
oncogenes. Proto-oncogenes são transformados em ria durante processos de desenvolvimento, bem como
oncogenesporumamutaçãoativadoraquepromove paramanterahomeostasedeumorganismointeiro.À
oumantémumacélulacancerosa.Ooncogenerasdá medidaquenovascélulassãogeradasnohomem,mor-
continuamenteumsinaldefatordecrescimentoque te de um número semelhante de células é necessária
promovedivisãocelular,emausênciadeativaçãoan- namesmaescaladetempoparamanterumestadoes-
terior. tacionário. Morte apoptótica difere da morte celular
GTP-Rastransmiteseusinaldedivisãocelularpor necrótica. Na última, lise de uma membrana celular
ativaçãodeMAPquinasequinasequinase(MAPKKK) levaàliberaçãodosconteúdoscelularesnoespaçoex-
(Figura25.9).MAPKKKiniciaumacascatadequina- tracelulareaumarespostainflamatória,comofreqüen-
sesqueincluiMAPKKeMAPK.MAPKativada(fosfo- tementeaconteceeminfecçõesbacterianasouviraise
rilada)sedeslocaparaonúcleo,ondefosforilaeativa emtrauma.Emcontraste,apoptoseéfreqüentemente
��� quinasesativadasporRastransmitemsinaisopostosde
��� vidaemorte,eoresultadodependedocontextocelular
edotipodecélula.
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������� �������
�������������
25.4|CÂNCER
������ ������
OncogeneseGenesSupressoresde
Tumor
����� �����
Ociclocelulareaapoptosesãocríticosparaumenten-
dimentodocâncer.Genesquecodificamproteínasque
promovem divisão celular ou que promovem resistên-
�������������������� �������������������� ciaaapoptosesãoproto-oncogenes(Tabela25.2).Suas
FIGURA25.14
mutações ativadoras ou super-expressão resultam em
MúltiplasviaspodemserreguladasporRas. atividadeaumentada,oquelevaadivisãocelulardes-
MAPKKKsãoMAPKquinasequinases.MAPKs,apósativação regulada ou resistência a apoptose. Mutações em um
porumaMAPKK,podemsedeslocarparaonúcleopara
fosforilarfatoresdetranscrição.Asquinasestambémpodem
proto-oncogene podem convertê-lo em um oncogene.
fosforilarproteínasoutras,alémdosfatoresdetranscrição. Duascópias(oualelos)decadageneautossômico(i.é,
Alvosalternativosparaasquinasesincluemproteínas aquelesemcromossomosquenãooscromossomosXe
tipo-Bcl-2ep53.
Y)estãopresentesnogenomadetodacélulasomática
[cadacélulasomáticatemumaleloderivadodamãee
sobrevivência.Osresultadosdossinaissãodependen- outrodopaiparacadageneautossômico].Umamuta-
tes do tipo celular. Em algumas circunstâncias, JNK çãoativadoraemumúnicoalelodeumproto-oncoge-
promove morte por fosforilação de Bcl-2 para promo- neésuficienteparacausarumefeitopró-proliferativo
versuadissociaçãodamembranamitocondrial(Figura ou anti-apoptótico em uma célula. Tais mutações são
25.15),oqueaumentaasconcentraçõesmitocondriais portantoautossômicasdominantesparaprogressãodo
deBakeBaxlivresepromovemortecelular.JNKtam- câncer.
bém pode fosforilar p53, tornando-a mais resistente a Proto-oncogenes, cujos produtos promovem di-
Mdm-2,resultandoemumaumentonaconcentraçãode visão celular ou resistência a apoptose incluem genes
p53emortecelular.TambémaMAPKERK,aMAPKKK de fatores de crescimento, receptores de fatores de
Raf, e a quinase Akt promovem sobrevivência celular crescimento, moléculas adaptadoras tipo-Grb, tirosina
porfosforilaçãodaproteínafacilitadorapró-apoptótica quinasestipo-Src,quinasesdascascatasMAPK,Cdks,
Badouporativaçãodaexpressãodosgenesanti-apop- ciclinas,CAKs,Cdc25,efatoresdetranscrição(como
tóticos tipo-Bcl-2 (Figura 25.15). Portanto, diferentes Jun, Fos, Myc e E2F) que aumentam a expressão de
FIGURA25.15
�������������������� ��� InteraçãodequinasesativadasporRascomproteínasque
������� ��� regulamapoptose.
S,sobrevive(viapromovesobrevivênciacelular);D,morre(die)
����� (viapromovemortecelularapoptótica).ERK,JNK,RafeAkt
sãoquinasesPi3K,1-fosfatidilinositol-3quinase.
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CORRELAÇÃOCLÍNICA25.3
CausaAmbientaldeCânceresHumanos
Fatoresambientaiseculturaissãoascausaspredomi- metilenotetra-hidrofolatoredutase,umaenzimaen-
nantesdocâncerhumano.Seestesfatorespuderem volvidanometabolismodeácidofólico,queresulta
serregulados,aincidênciadecâncerpodeserredu- ematividadediminuída.Deficiênciadefolatocausa
zidaemmaisde75%.Fumarcigarroséresponsável incorporaçãoexcessivadeuracilnoDNAequebras
por aproximadamente 30% das mortes por câncer cromossômicas. Deficiência de folato é comum em
nosEUAAlémdisso,estima-sequedietapodepre- alcoólatrasepodeserarazãoparaumaumentona
venirodesenvolvimentodeaproximadamente30% incidênciadecertoscâncerescomálcool.Adietaeo
doscânceresnosEUA(estimativasvariamentre10 estilodevidadepré-adolescentesafetamoinícioda
e70%).Estesnúmerossãobaseadosprimariamente menarca,einícioprecocedemenarcaeextensãodo
emdadosepidemiológicosdaincidênciadetiposde períododetempoentremenarcaemenopausaestão
cânceremdiferenteslocalizaçõesgeográficas,cultu- associadoscomriscoaumentadodecâncerdemama
raseambientes(vertabelaanexa).Namigraçãode em mulheres. Obesidade correlaciona-se inversa-
umaculturaoulocalizaçãoparaoutra,aincidência mente com risco de câncer de mama em mulheres
deumtipodecâncerfreqüentementeseaproxima pré-menopausa,ecorrelaciona-sepositivamentena
àdapopulaçãonanovacultura,àmedidaqueosin- pós-menopausa. Muita gordura animal na dieta foi
divíduosouseusdescendentesassimilam.Também associada com risco aumentado de câncer de có-
rápidasmudançasdedietaouestilodevidaaolongo lon, mas os dados são inconsistentes. Ao contrário
dotempoemumpaísmostramaimportânciadestes da gordura animal total na dieta, os dados podem
fatoresnaincidênciadecâncer. sugerirqueéarazãoentregordurapoliinsaturada
Aquartapartedapopulaçãoamericanaquetem esaturadaquesecorrelacionacomriscodecâncer
maiorquantidadedefrutasevegetaisnadietatem cólon-retal.Aincidênciadecâncerdecólontambém
uma incidência 30-40% menor de muitos tipos de temsidoinversamentecorrelacionadacomfaltade
câncer.Entretanto,osconstituintesdestesalimen- atividadeouexercício.
tosqueinibemaformaçãodocâncernãoforamde- Estudosambientaisedietéticossãodifíceis,umavez
terminados. Níveis inadequados de ácido fólico na quegrandespopulaçõesdevemserestudadasaolongo
dietaamericanaforamimplicadoscomoumfatorde dotempodeumageração,emúltiplasvariáveisdevem
risco para cânceres de cólon e de mama. A inges- ser controladas. Entretanto, avanços no nosso conhe-
tãodeácidofólicopodeserparticularmentecrítica cimentoecontroledestesfatorespodemterenormes
emindivíduoscomumpolimorfismoemseugeneda efeitosnadiminuiçãodaincidênciadecâncer.
VariaçãonaIncidênciadeTipodeCânceremumaComparaçãodeDoisLocais
ComparaçãodeLocalização Incidênciana Incidênciana Diferençaem
Localização1 Localização2 VezesaIncidência
*Incidênciaemnúmerodenovoscasosporanopor100.000pessoas,ajustadoparavariaçãodeidadecomapopulação
específica.DadosretiradosdeAlberts,B.,Johnson,A.,.Lewis,J.,Raff,M.,Roberts,K.,eWatson,J.D.MolecularBiologyofthe
Cell,4thed.NewYork:Garland,2002,Tabela24-2,quefoiadaptadadeDeVita,V.T.,Hellman,S.,eRosenberg,S.A.(Eds.).
Cancer:PrinciplesandPracticeofOncology,4thed.Philadelphia:Lippincott,1993;baseadoemdadosdeC.Muiretal.Cancer
IncidenceinFiveContinents,Vol.5,Lyon:InternationalAgencyforResearchonCancer,1987.ReferênciasGerais:Shibuya,K.,
Mathers,C.D.,Boschi-Pinto,C.,Lopez,A.D.,eMurray,C.J.L.Globalandregionalestimatesofcancermortalityandincidence
bysite:II.Resultsfortheglobalburdenofdisease2000.BMCCancer2:37,2002.Pisani,P.,Parkin,D.M.,Bray,F.eFerlay,J.
Estimatesoftheworldwidemortalityfrom25cancersin1990.Int.J.Cancer93:18,1999.
(continuanapáginaseguinte)
PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
26
2Na+
Galactose
SGLT1
Glicose
GLUT5
Frutose
DIGESTÃOEABSORÇÃODE
CONSTITUINTES
NUTRICIONAISBÁSICOS
UlrichHopfer
26.1VISÃOGERAL,1010 Dissacarídeosepolissacarídeosrequeremhidróli-
Váriosórgãosgastrointestinaiscontribuemparaa se,1028
digestãodealimentos,1010 Transportadoresdemonossacarídeos,1030
26.2CONSIDERAÇÕESGERAIS,1012 26.6DIGESTÃOEABSORÇÃODELIPÍDEOS,1031
Diferenteslocaisdedigestãointestinal,1012 Digestãodelipídeosrequervencersuasolubilida-
Enzimasdigestivassãosecretadascomopró-en- delimitadaemágua,1031
zimas,1013 Lipídeossãodigeridosporlipasesgástricaepan-
Secreçãoéreguladapormuitossecretagogos,1014 creática,1031
Micelasdeácidosbiliaressolubilizamlipídeos
26.3TRANSPORTEEPITELIAL,1016 duranteadigestão,1032
Transportedesolutospodesertranscelularou Amaiorpartedoslipídeosabsorvidoséincorpo-
paracelular,1016 radaaquilomícrons,1037
AbsorçãodeNaCltemcomponentesativosepas-
sivos,1017 26.7METABOLISMODEÁCIDOSBILIARES,1037
SecreçãodeNaCldependedaATPasetrocadora Químicaesíntesedeácidosbiliares,1037
deNa+/K+contraluminal,1019 Transportedeácidosbiliares,1038
Gradientesdeconcentraçãooupotenciaiselétri-
cosdirigemtransportedenutrientes,1021 BIBLIOGRAFIA,1040
CélulasgástricasparietaissecretamHCl,1023
QUESTÕESERESPOSTAS,1040
26.4DIGESTÃOEABSORÇÃODEPROTEÍNAS,1024
Peptidasesgarantemdigestãoeficientedeproteí- CORRELAÇÕESCLÍNICAS
nas,1024 26.1 CloridorréiaFamiliarCausaAlcaloseMeta-
Pepsinascatalisamdigestãogástricadeproteí- bólica,1017
nas,1024 26.2 FibroseCística,1020
Zimogêniospancreáticossãoativadosnointesti- 26.3 DiarréiasToxigênicasBacterianaseTerapia
nodelgado,1024 deReposiçãodeEletrólitos,1021
Peptidasesdabordaemescovaecitoplasmáticas 26.4 AminoacidúriaNeutra:DoençadeHartnup,
digerempeptídeospequenos,1025 1026
Transportadoresdeaminoácidosedietripeptí- 26.5 DeficiênciadeDissacaridases,1030
deos,1026 26.6 IntervençõesFarmacológicasparaEvitar
AbsorçãodeGorduraeObesidade,1033
26.5DIGESTÃOEABSORÇÃODECARBOIDRATOS, 26.7 CálculosdeColesterol,1036
1028 26.8 A-β-Lipoproteinemia,1038
|
26.2 CONSIDERAÇÕES AminopeptidaseA OligopeptídeocomNH2
terminalacídico
GERAIS AminopeptidaseN OligopeptídeocomNH2
terminalneutro
Dipeptidilaminopeptidase OligopeptídeocomX-Proou
DiferentesLocaisdeDigestão IV X-AlanaextremidadeNH2
terminal
Intestinal Leucinaaminopeptidase Peptídeoscomaminoácido
neutronaextremidadeNH2
Asprimeirasetapasdaquebradosalimentossãocatali- terminal
sadasporenzimassolúveiseocorremdentrodolúmen γ-Glutamiltransferase Glutationa+aminoácido
doestômagoedointestinodelgado.Enzimasdigestivas
Enteropeptidase Tripsinogênio
são secretadas pelas glândulas salivares, estômago e (enteroquinase)
pâncreas, sendo que o pâncreas faz as contribuições
Fosfatasealcalina Fosfatosorgânicos
maioresemaisimportantes.Enzimassecretadasche-
PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
27
PRINCÍPIOSDENUTRIÇÃOI:
MACRONUTRIENTES
StephenG.Chaney
corrermaisdeumahoraparaqueimarascaloriaspre- adequadanadietadeveserfornecidaemtodasasrefei-
sentesemumpedaçodetortademaçã. ções.Entretanto,narealidade,istonãoémuitocorreto.
Exercícioregularaumentaataxademetabolismo Emboranãoexistaumaclasseseparadadeproteínasde
basal, permitindo que calorias sejam queimadas mais “armazenamento”,existecertapercentagemdaproteí-
rapidamente,24horaspordia.Umprogramadeexer- nadocorpoquesofreumprocessoconstantedequebra
cícios regulares deve ser planejado para aumentar a esíntese.Noestadodejejum,aquebradestaproteína
massamuscularmagraedeveserrepetido3-5diaspor aumenta, e os aminoácidos resultantes são utilizados
semana,masnãoprecisaserexercícioaeróbicoparater paraproduçãodeglicose,síntesedeoutroscompostos
efeitosobreataxademetabolismobasal.Paraumindi- nitrogenados não-proteínas, e das proteínas plasmáti-
víduoidosoouenfermo,mesmocaminhadadiáriapode cas e secretórias essenciais mencionadas acima. Mes-
ajudaraaumentaraumpoucoataxademetabolismo monoestadoalimentado,partedestesaminoácidosé
basal. utilizadaparaproduçãodeenergiaecomoprecursores
Níveishormonaistambémsãoimportantes,umavez biossintéticos.Assim,oturnoverdeproteínasdocorpo
que tiroxina, hormônios sexuais, hormônio de cresci- éumprocessonormal–eumacaracterísticaessencial
mentoe,emmenorgrau,epinefrinaecortisolaumen- doassimchamadobalançodenitrogênio.
tamBMR.Osefeitosdaepinefrinaedocortisolprova-
velmente explicam, em parte, porque estresse severo BalançodeNitrogênioRelaciona
e trauma importante aumentam significativamente as
necessidadesenergéticas.Finalmente,aprópriainges- IngestãocomExcreçãode
tão energética tem uma relação inversa com o gasto, Nitrogênio
porqueduranteperíodosdejejumousemijejum,BMR
podecairaaté50%.Istoédegrandevalorparasobrevi- Balanço de nitrogênio (Figura 27.2) é uma relação
vênciaemcasosdegenuínafaltadealimento,masnão entreingestãodenitrogênio(principalmentenaforma
ajuda muito a pessoa que quer perder peso com uma deproteínas)eexcreçãodenitrogênio(principalmen-
dietaderestriçãocalórica. tenaformadeproteínanão-digeridanasfezeseuréiae
amônianaurina).Umadultonormalestáemequilíbrio
|
denitrogênio,comperdasexatamenteequilibradaspor
27.3 METABOLISMODE ingestão.Balançodenitrogênionegativoresultadein-
PROTEÍNAS gestãoinadequadadeproteína,umavezqueosamino-
ácidos utilizados para energia e reações de biossínte-
se não são substituídos. Isto também ocorre em lesão
ProteínasdaDietaCumpremMuitas quandohádestruiçãodostecidos,eemtraumasgraves
FunçõesIncluindoProduçãode oudoenças,quandorespostaadaptativadocorpocausa
catabolismoaumentadodeproteína.Balançodenitro-
Energia gênio positivo ocorre quando há um aumento final na
Proteína carrega certa mística como alimento de proteínadocorpo,comoemcriançasemcrescimento,
“construção do corpo”. Embora seja componente es- mulheresgrávidasouadultosconvalescentes.
trutural essencial de todas as células, é também im-
portante para manutenção de secreções essenciais, AminoácidosEssenciaisDevemEstar
comoenzimasdigestivasehormôniospeptídicosepro- PresentesnaDieta
téicos. Proteína também é necessária para síntese de
proteínasplasmáticas,quesãoessenciaisparamanter Vários fatores devem ser considerados, além da quan-
equilíbrioosmótico,transportedesubstânciasnosan- tidade de proteína na dieta. Um é o complemento de
gueemanutençãodaimunidade.Entretanto,oadulto aminoácidos essenciais ingeridos. Aminoácidos es-
norte-americano médio consome muito mais proteína senciaissãoaminoácidosquenãopodemsersintetiza-
do que o necessário para desempenhar estas funções dospelocorpo(Tabela27.2).Seapenasumdestesami-
essenciais.Oexcessodeproteínaétratadocomouma noácidos essenciais estiver faltando na dieta, o corpo
fontedeenergia,comaminoácidosglucogênicossendo nãopoderásintetizarnovasproteínasparasubstituira
convertidosemglicoseeaminoácidoscetogênicos,em perdida no turnover normal, e balanço de nitrogênio
ácidosgraxosecetoácidos.Ambosostiposdeaminoá- negativoresulta(Figura27.2).
cidossãoeventualmenteconvertidosemtriacilglicerol Obviamente,ocomplementodeaminoácidosessen-
notecidoadiposo,seossuprimentosdegorduraecar- ciaisnaproteínadadietadeterminaoquantoelapode
boidratosjáforemadequadosparasuprirasnecessida- serusadapelocorpo.
desenergéticas.Assim,paraamaioriadenós,aúnica A maioria das proteínas animais contém todos os
construçãocorporalobtidacomdietasricasemproteí- aminoácidos essenciais, mais ou menos nas quantida-
nasénotecidoadiposo. des necessárias ao corpo humano. Proteínas vegetais,
Temsidocomumdizerqueocorponãotemdepósitos por outro lado, freqüentemente não têm um ou mais
paraarmazenamentodeproteínae,portanto,proteína aminoácidosessenciaisepodem,emalgunscasos,ser
CORRELAÇÃOCLÍNICA27.4
CargadeCarboidratoseResistênciaAtlética
A prática de dar uma carga de carboidratos vem insulina e hormônio de crescimento, e as reservas
deobservaçõesfeitasnoiníciodadécadade1960 deglicogêniochegavamaquaseduasvezesasquan-
dequearesistênciaduranteexercíciovigorosoera tidadesnormais.Estapráticarealmenteaumentava
limitadaprimariamentepelosestoquesdeglicogê- significativamentearesistência.Emumestudo,in-
nio muscular. Claro, glicogênio não é a única fon- divíduosemtestecomdietaricaemgorduraeprote-
tedeenergiaparaomúsculo.Ácidosgraxoslivres ínatinhammenosdoque1,6gdeglicogêniopor100
aumentamnosangueduranteexercíciovigorosoe g de músculo e conseguiam realizar uma carga de
sãoutilizadospelomúsculo,juntamentecomseus trabalhopadronizadoporapenas60min.Quandoos
estoques de glicogênio. Uma vez que o glicogênio mesmosindivíduosconsumiramumadietaricaem
tenhaseesgotado,entretanto,omúsculonãopode carboidratospor3dias,suasreservasdeglicogênio
dependerinteiramentedeácidosgraxoslivressem aumentarampara4gpor100gdemúsculo,eames-
se cansar rapidamente, provavelmente porque o macargadetrabalhopôdeserrealizadaporaté4h.
músculoficacadavezmaishipóxicoduranteexer- Embora a técnica evidentemente funcionasse,
cíciovigoroso.Enquantoglicogênioéutilizadoae- os atletas freqüentemente se sentiam letárgicos e
robicamente e anaerobicamente, ácidos graxos só irritáveisduranteafasepobreemcarboidratosdo
podemserutilizadosaerobicamente.Emcondições regime,eadietaricaemgorduraestavaemdesa-
anaeróbicas, ácidos graxos não podem fornecer cordo com as recomendações atuais para saúde.
ATPemvelocidadesuficienteparaservircomoúni- Estudos recentes indicam que o consumo regular
cafontedeenergia. deumadietaricaemcarboidratoscomplexosepo-
Apráticadedarumacargadecarboidratospara breemgorduraduranteotreinamentoaumentaas
aumentar as reservas de glicogênio foi introduzida reservas de glicogênio, sem mudanças súbitas de
paraatletasdeenduroeoutrasprovasderesistên- dieta.Recomendaçõesatuaissãodequeatletasde
cia.Oregimedecargadecarboidratosoriginalcon- provasderesistênciaconsumamumadietaricaem
sistiadeumperíodode3a4diasdeexercíciopesa- carboidratos(comênfaseemcarboidratoscomple-
docomumadietapobreemcarboidratos,seguidos xos)duranteotreinamento.Depois,aingestãode
por 1-2 dias de exercício leve com dieta rica em carboidratos é aumentada ainda mais (para 70%
carboidratos. O período inicial de baixo carboidra- dascalorias)eoexercícioédiminuídoduranteos
toealtademandaenergéticacausavaumadepleção 2-3diasqueantecedemumeventoatlético.Istoau-
dasreservasmuscularesdeglicogênio.Amudança mentaasreservasdeglicogêniomuscularaténíveis
subseqüente para uma dieta rica em carboidratos comparáveisaosdescritosanteriormentenoregime
resultavanaproduçãodeníveisacimadonormalde decargadecarboidratos.
Fonte:Lambert,E.V.eGoedecke,J.H.Theroleofdietarymicronutrientsinoptimizingenduranceperformance.
Curr.SportsMed.Rep.2:194,2003.Hargreaves,M.,Hawley,J.A.eJeukendrup,A.Pre-exercisecarbohydrateand
fatingestion:Effectsonmetabolismandperformance.J.SportsSci.22:31,2004.Burke,L.M.,Kiens,B.eIvey,J.L.
Carbohydratesandfatfortrainingandrecovery.J.SportsSci.22:15,2004.
deácidosgraxosessenciaiséumadermatitecomdes- queácidosgraxospoliinsaturadosdasérieω-6possam
camação.DeficiênciadeEFAsémuitoraranosEstados sermaistumorigênicosdoqueoutrosácidosgraxosin-
Unidos,ocorrendoprimariamenteembebêsprematuros saturados.Arazãoparaissoédesconhecida,massuge-
empesoalimentadoscomfórmulasartificiaisdesprovi- riu-sequeprostaglandinasderivadasdeácidosgraxos
dasdeEFAeempacienteshospitalizadosmantidosem ω-6possamestimularprogressãodetumores.
alimentaçãototalmenteparenteralporlongosperíodos.
Naoutraextremidade,hápreocupaçãodequeexcesso
degorduranadietacauseelevaçãodelipídeosdosoro
27.8| FIBRAS
e,assim,riscoaumentadodedoençacardíaca.
Estudosrecentessugeremquedietasricasemgor- Fibras da dieta compreendem os componentes do ali-
duraestejamassociadascomriscoaumentadodecân- mento que não podem ser quebrados por enzimas di-
cerdecólon,mamaepróstata,masnãoestáclaroseo gestivashumanas.Éincorreto,entretanto,assumirque
riscodecâncerestáassociadocomingestãodegordura fibras são não-digeridas, uma vez que algumas fibras
per se ou com o excesso de calorias associado a uma são,defato,quebradas,pelomenosparcialmente,por
dieta rica em gorduras. Estudos em animais sugerem bactérias intestinais. Nosso conhecimento atual das
CORRELAÇÃOCLÍNICA27.7
AdaptaçãoMetabólica:RelaçãoentreIngestãodeCarboidratose
TriacilgliceróisnoSoro
Quandoseavaliaaliteraturadenutrição,éimportante dedoençacardíaca,umanoçãoquesepopularizoupor
lembrarqueamaioriadostestesclínicosédeduraçãore- meio de best sellers nutricionais como “Sugar Blues”
lativamentecurta(2-6semanas),enquantoalgumasadap- e “Sweet and Dangerous”. Infelizmente, enquanto as
tações metabólicas podem ser consideravelmente mais conclusõesoriginaiserampromovidasnaimprensalei-
demoradas. Portanto, mesmo estudos clínicos aparente- ga,osexperimentospropriamenteditoseramquestio-
mentebemprojetadospodemlevaraconclusõeserradas, nados.Estudossubseqüentesdemonstraramquesees-
queserãorepetidasnaliteraturapopularporanosafio.Por testestesfossemcontinuadosporperíodosmaislongos
exemplo,váriosestudosrealizadosnasdécadasde1960e (3-6 meses), os níveis de triacilglicerol geralmente se
1970 tentaram verificar os efeitos de ingestão de carboi- normalizavam.Anaturezadestaadaptaçãometabólica
dratossobreosníveisdetriacilglicerolnosoro.Tipicamen- lentaédesconhecida.Tambéméimportanteconsiderar
te, jovens estudantes do sexo masculino receberam uma otipodecarboidratodadieta.Paramuitosamericanos,
dietanaqualaté50%desuascaloriasemgorduraforam umadietaricaemcarboidratossignificaumadietaque
substituídasporsacaroseououtroaçúcarsimplesporum éricaemaçúcaressimples.Osníveisdetriacilgliceróis
períodode2-3semanas.Namaioriadoscasos,osníveisde nestesindivíduosrespondemdramaticamenteadietas
triacilglicerol no soro aumentaram muito (até 50%). Isto quesubstituemalimentoscontendoougorduraoucar-
levou à conclusão de que alta ingestão de açúcares sim- boidratos complexos e fibras por alimentos contendo
ples,particularmentesacarose,poderiaaumentarorisco açúcaressimplescomofontedecarboidrato.
Fonte:Leahy,P.,Croniger,C.eHanson,R.W.Molecularandcellularadaptationstocarbohydrateandfatintake.
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PARTE5PROCESSOSFISIOLÓGICOS
28
Necessidades
nutricionais Má-absorção
aumentadas
Ingestão
inadequada
da dieta
PRINCÍPIOSDENUTRIÇÃOII:
MICRONUTRIENTES
StephenG.Chaney
CORRELAÇÃOCLÍNICA28.3
ConsideraçõesNutricionaisemRecém-Nascidos
Bebêsrecém-nascidoscorremrisconutricionales- Amaioriadosbebêsrecém-nascidostemreser-
pecial devido ao crescimento muito rápido e por- vasdeferrosuficientesparadurar3-4meses.Como
queasnecessidadesdemuitosnutrientessãoaltas. leite de vaca e leite materno contêm pouco ferro,
Alguns micronutrientes (tais como vitaminas E e suplementaçãocomferrogeralmenteéiniciadaem
K) não atravessam bem a membrana placentária idade relativamente precoce, pela introdução de
e as reservas teciduais são baixas no recém-nas- cerealenriquecidocomferro.NíveisdevitaminaD
cido. O trato gastrointestinal (GI) pode não estar também são baixos no leite materno, e suplemen-
completamentedesenvolvido,levandoaproblemas taçãocom200UI/diadevitaminaDégeralmente
demáabsorção(particularmentecomrespeitoàs recomendada. Quando bebês precisam ser manti-
vitaminaslipossolúveis).OtratoGItambéméesté- dos em ventilação assistida com altas concentra-
rilaonascer,eafloraintestinal,quenormalmente ções de oxigênio, suplementação com vitamina E
fornece quantidades significativas de certas vita- podereduziroriscodedisplasiabroncopulmonare
minas(especialmentevitaminaK),demoravários fibroplasia retrolental, complicações em potencial
diasparaseestabelecer.Seobebêforprematuro, daterapiaporoxigênio.Aanemiadaprematurida-
orisconutricionaléumpoucomaior,umavezque de pode responder a suplementação com folato e
o trato GI será menos desenvolvido e as reservas vitaminaB12.
teciduaisserãoaindamenores. Em resumo, vitamina K suplementar é dada
Acomplicaçãonutricionalmaissériapareceser ao nascer para evitar doença hemorrágica. Bebês
doençahemorrágica.Recém-nascidos,especialmen- amamentados pela mãe geralmente recebem um
tebebêsprematuros,têmbaixasreservasteciduais suplementodevitaminaD,comferrosendointro-
devitaminaKenãotêmafloraintestinalnecessá- duzido juntamente com alimentos sólidos. Bebês
riaparasintetizaravitamina.Leitematernoéuma alimentados com mamadeira recebem uma suple-
fonterelativamentepobredevitaminaK.Aproxima- mentação de ferro. Se o bebê precisar ser manti-
damente1emcada400nascidosvivosapresentam doemoxigênio,vitaminaEsuplementarpodeser
algunssinaisdedoençahemorrágica,quepodeser benéfica.
evitadapor0,5a1mgdavitamina,dadaaonascer.
Fonte:Mueller,D.P.R.VitaminEtherapyinretinopathyofprematurity.Eye6:221,1992.Morin,K.H.Current
thoughtsonhealthyterminfantnutrition,MCN.Am.J.Matern.ChildNurs.29:312,2004.Collier,S.,Fulhan,J.e
Duggan,C.Nutritionforthepediatricoffice:Updateonvitamins,infantfeedingandfoodallergies.Curr.Opin.Pe-
diatr.16:314,2004.
|
28.5 VITAMINAS
HIDROSSOLÚVEIS
Amaiorpartedasvitaminashidrossolúveiséconver-
tidaemcoenzimas,quesãousadasemviasdegeração
deenergiaouhematopoiese.Deficiênciasdasvitaminas
que liberam energia produzem vários sintomas sobre-
Vitaminas solúveis em água diferem das vitaminas li- postoseaparecemprimeiroemtecidosdecrescimento
possolúveisemváriosaspectos.Amaioriaéfacilmente rápido.Sintomastípicosincluemdermatite,glossite
excretada,umavezquesuaconcentraçãoultrapasseo (edemaevermelhidãodalíngua),queilitedoscantos
limite renal, de modo que toxicidade é rara. Suas re- dos lábios e diarréia. Em muitos casos, o tecido ner-
servasmetabólicassãolábeis,edepleçãopodeocorrer vosotambémestáenvolvidodevidoàsuaaltademanda
freqüentementeemquestãodesemanasoumeses,de energéticaouefeitosespecíficosdavitamina.Sintomas
modo que deficiências ocorrem relativamente rápido, neurológicos comuns incluem neuropatia periférica
comumadietainadequada.Comovitaminashidrosso- (formigamentodosnervosnasextremidades),depres-
lúveissãocoenzimasparamuitasreaçõesbioquímicas são,confusãomental,faltadecoordenaçãomotoraein-
comuns, freqüentemente é possível ensaiar o estado disposição.Desmielinizaçãoedegeneraçãodotecido
vitamínico medindo-se uma ou mais atividades enzi- nervosotambémpodemocorrer.Estessintomasdede-
máticas em eritrócitos isolados. Estes ensaios são es- ficiênciassãotãocomunsesobrepostosquepodemser
pecialmenteúteissesemediraatividadeendógenaeo consideradoscomopropriedadesdasvitaminaslibera-
estímulodestaatividadeporadiçãodacoenzimaativa doras de energia como uma classe, e não como sendo
derivadadavitamina. específicosparacadauma.
CORRELAÇÃOCLÍNICA28.7
PolimorfismosGenéticoseNecessidadesdeÁcidoFólico
Suplementaçãocomácidofólicoreduzoriscode (C/T)paraestepolimorfismo.Asconcentrações
defeitos no tubo neural e diminui os níveis de plasmáticasdefolatosãosignificativamentemais
homocisteínanosoro,oquepodebaixarorisco baixas e os níveis de homocisteína plasmática
de doença cardíaca. Estes dados levaram a um sãosignificativamentemaisaltosemindivíduos
aumentonaRDAparaácidofólicoeaoenriqueci- T/Tconsumindodietaspobresemfolato.Quando
mentodeprodutosdegrãoscomácidofólico.En- acopladocombaixaingestãodefolato,ogenótipo
tretanto, mesmo com uma dieta marginal, nem T/Tpoderesponderpor15%dosdefeitosdetubo
todososadultostêmníveiselevadosdehomocis- neural.Alémdisso,indivíduosmaisvelhoscomo
teínaenemtodasasmãesdãoàluzbebêscom genótipoT/Tebaixaingestãodefolatoparecem
defeitos de tubo neural. O que determina estas terriscoaumentadodecâncerdecólon.
respostas individuais à ingestão inadequada de Umainvestigaçãoativadepolimorfismosge-
folato?Existeumpolimorfismogenéticocomum néticosnosoutrosgenesenvolvidosnometabolis-
no gene da 5,10-metilenotetra-hidrofolato redu- modefolatoestáemandamento.Polimorfismos
tase(MTHFR)queproduzo5-metiltetra-hidro- foramdescritosemmetioninasintetaseerecep-
folato necessário à conversão de homocisteína toralfadefolato,queénecessárioparacaptação
emmetionina(verFigura28.15).Umasubstitui- de 5-metiltetra-hidrofolato. Ambos parecem ser
çãoC→Tnobp677resultaemumasubstituição benignos. Entretanto, a absorção de folato pelo
de valina por alanina que baixa a atividade es- intestinopodesermaisbaixaemmãescomuma
pecíficaereduzaestabilidadedaenzima.Apro- históriadegestaçõescomdefeitonotuboneural
ximadamente 12% dos caucasianos e asiáticos doqueemmãescontroles.Agenéticadestede-
sãohomozigotos(T/T)e50%sãoheterozigotos feitoaindanãofoideterminada.
Fonte:Bailey,L.B.eGregory,J.F.Polymorphismsandmethylenetetrahydrofolatereductaseandotherenzymes:
metabolicsignificance,risks,andimpactonfolaterequirement.J.Nutr.129:919,1999.Barber,R.C.,Lammer,E.J.,
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DNAmethylationinrelationtoGIcarcinogenesis.J.Gastroenterol.38:821,2003.
umdentreváriosligantesdiferentes(Figura28.15).As
formascristalinasdeB12usadasemsuplementaçãosão
geralmentehidroxicobalaminaoucianocobalamina.B12
emalimentosgeralmenteocorreligadaaproteína,em R2 CH3
R1 CH3 R1
formametilou5’-desoxiadenosil.Paraserutilizada,B12 R2
CH3
deveserliberadadaproteínaporhidróliseácidanoes- X
tômago,oupordigestãoportripsinanointestino.Em CH3 N N
seguida, combina com fator intrínseco, uma proteína Co
secretada pelo estômago, que a transporta até o íleo N N
paraabsorção.
CH3
VitaminaB12sóparticipadeduasreaçõesnohomem
R1 CH3
(Figura28.16).OmetilderivadodeB12érequeridopela HNOCCH2CH2 CH3 CH3 R2
metionina sintase, na qual homocisteína é metilada a
CH2
metionina. O 5-desoxiadenosil derivado é requerido
CH CH3 N
pelametilmalonil-CoAmutase,queconvertemetilma- CH3
lonil-CoA em succinil-CoA, uma reação-chave no ca- O O–
P CH3
tabolismo de valina, isoleucina, metionina, treonina, O O OH N
ácidosgraxosdecadeiaímpar,timinaeacadeialateral H
docolesterol.Comopoderiaseresperado,deficiência
de B12 causa acúmulo de homocisteína e ácido metil- HOCH2 N H
malônico.
FIGURA28.15
EstruturadavitaminaB12(cobalamina).
CORRELAÇÃOCLÍNICA28.9
NecessidadesNutricionaisdeIdosos
Fonte:Russell,R.M.eSuter,P.M.Vitaminrequirementsofelderlypeople:Anupdate.Am.J.Clin.Nutr.58:4,
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