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De acordo com o Código de Ética Médica, a conduta profissional da saúde tem, como um dos

princípios fundamentais, a garantia máxima zelo ao paciente, o qual deve ser tratado sem
discriminação e com o melhor da capacidade de serviços sanitários. Em contrapartida, é notório que
tal determinação é negligenciada por diversos médicos, o que aponta para a desumanização do
atendimento nesse ramo, um grave problema prático. Nesse viés, como causas desse impasse,
destacam-se a formação meramente tecnicista nas universidades de Medicina e a deletéria pressão por
produtividade presente na sociedade contemporânea. Assim, urgem intervenções tanto do poder
público quanto dos coletivos de saúde a fim de assegurar um tratamento mais humanitário nessa área.
Diante desse cenário, é vital salientar que o ensino essencialmente conteudista e voltado para aspectos
impessoais em grande parte das faculdades do âmbito sanitário precariza a relação médico-paciente.
Nesse panorama, vê-se que especialmente a educação da Medicina apresenta uma abordagem que
valoriza em demasia a apreensão de técnicas e de conceitos, como a análise de exames de raio-x e de
ultrassonografias e as características da fisiologia humana, em detrimento das habilidades socio
interacionais e do cuidado com paciente em uma anamnese, por exemplo. Tal modelo limitado de
aprendizagem tem raízes históricas, visto que, a partir da Revolução Médico-Sanitária, um
desdobramento dos avanços tecnológicos das Grandes Guerras Mundiais, a exemplo da intervenção
da tomografia computadorizada, o atendimento de saúde passou a exigir menos contato direto entre o
prestador de serviços e o doente e, dessa forma, tornou-se cada vez mais impessoal. Isso, desse modo,
favorece a formação de profissionais despreparados para lidarem com quem busca o seu atendimento,
o qual tende a ser muito pouco humanizado e insensível.
Ademais, deve-se analisar, como outro fator para o impasse médico e social abordado, a intensa
pressão por produtividade sofrida pelos trabalhadores da atualidade. Esse fator tem base no sistema
capitalista, o qual, de acordo com o filósofo coreano Byung-Chul Han, engendra uma ‘sociedade do
desempenho’ - marcada pela cobrança do meio e do próprio âmbito individual pela alta performance
constante. Tendo isso em vista, observa-se que muitos profissionais de saúde adotam posturas
impessoais com os seus pacientes e não realizam de forma completa e cuidadosa a anamnese, pois,
inseridos no contexto de exigência por elevado desempenho, eles frequentemente optam por um
tempo de consulta curto para que possam ampliar o número de pessoas atendidas e, logo, garantir uma
alta lucratividade.
Em suma, deve-se visar à mitigação dessa problemática. Dessa forma, com vistas a promover um
atendimento de saúde mais respeitoso e cuidadoso com os doentes, o Ministério da Educação, e
parceria com as faculdades de Medicina do Brasil, deve, por meio da alteração de currículos de cursos
dessa área, ampliar a carga horária de disciplinas voltadas para o zelo com os pacientes e para a
preparação psicossocial dos estudantes, assegurando, especificamente, aulas de reforço em Ética e
Sociologia. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde, por meio da mídia televisiva, promover
campanhas informativas que destaquem os ganhos sociais e sanitários da abordagem médica mais
humana, como o aperfeiçoamento de diagnósticos, a fim de conscientizar os profissionais e a
população acerca dessa relação empática.

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