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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Em 1954, na cidade de Boston, Estados Unidos da América, o médico Joseph Edward Murray realizou
o primeiro transplante vital bem-sucedido e deu início aos atuais processos de doação de órgãos
capazes de salvar vidas. Em contrapartida, o baixo incentivo de transplantes no Brasil impossibilita os
brasileiros da conquista de Murray na prática. Dessa forma, torna-se premente explicitar as
principais causas dessa problemática: a mentalidade social e a insuficiência legislativa.

Diante desse cenário, é lícito postular que a lacuna de discussões acerca do tema é um sustentáculo
para a não prosperidade quanto a doação de órgãos. Conforme Jurgen Habermas, a razão
comunicativa – ou seja, o diálogo - constitui etapa fundamental do desenvolvimento social. Nesse
ínterim, a falta de estímulo ao debate acerca do transplante vital no Estado brasileiro, todavia, coíbe,
o poder transformador da deliberação e, consequentemente, ocasiona a formação de tupiniquins
sem conhecimento dos benefícios da temática. Assim, em virtude da ausência de reflexão e da
dominância de tabus como, por exemplo, mitos mantidos acerca de como é feita a transplantação,
familiares da vítima não deixam que seja doado os membros por não conhecerem o processo e
deixam de salvar vidas. Destarte, discorrer criticamente sobre a problemática é o primeiro passo
para a legitimação do progresso sociocultural habermaseano.

Ademais, vale ressaltar o quesito constitucional como um cofator do problema. Segundo o filósofo
Jean-Jacques Rousseau, os cidadãos cedem parte da liberdade adquirida na circunstancia natural
para que o Estado garanta direitos intransigentes. O impasse do estímulo à doação de órgãos no
Brasil, entretanto, contrasta a concepção do pensador, visto que o governo brasileiro não investe,
com eficácia, em campanhas no que tange a problemática em questão, além da falta de estrutura de
coleta, transporte e transplante dos elementos, existe uma distribuição desigual dos centros
capacitados para isso que estão, majoritariamente, localizados nas regiões Sudeste e Sul, segundo
dados da folha de São Paulo, quanto maior centralizados, maior a probabilidade que se percam
esses membros, pois passa o tempo de aproveitamento. Dessa maneira, com o fito de dirimir o
revés, ações precisam ser executadas pelas autoridades competentes.

Em suma, deve-se visar à mitigação da chaga em questão. Logo, a Mídia, por intermédio de
programas televisivos, irá discutir o assunto com médicos, com o objetivo de mostrar as principais
consequências do problema, apresentar visão crítica, orientar os espectadores a respeito do impasse
a fim de estimular a doação dos elementos do corpo. Ainda dentro das atribuições do governo, as
Universidades, por meio do MEC - Ministério da Educação -, necessitam formar profissionais
especializados em transplantes, não apenas na área da saúde, mas também na área da logística, com
mais especialistas capacitados, há uma maior probabilidade de descentralização das unidades
específicas e reduz, por exemplo, o tempo de deslocamento entre o órgão e o receptor. Sendo
assim, com a razão comunicativa de Habermas e a justiça de Rousseau, a comunidade brasileira terá
seu papel concretizado.

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