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SÃO PAULO
2019
CAMILA BIASOTTO DE ARAUJO SCHWARZINGER
SÃO PAULO
2019
2
3
4
5
Dedico este trabalho à minha tia,
Lourdes Biasotto
6
AGRADECIMENTOS
À minha família, que sempre apoiou e incentivou meu lado intelectual, com
destaque especial para minhas tias e minha mãe, que também são professoras,
meu padrinho Mendes, grande influenciador na minha formação e meu marido,
Dominic, que mudou a sua vida para que eu pudesse mudar a minha.
Às minhas avós e meu pai (in memoriam), pela inspiração além das
barreiras físicas.
7
RESUMO
8
ABSTRACT
9
SUMÁRIO
Apresentação.............................................................................p. 12
Introdução..................................................................................p. 15
Capítulo 1: Infância, criança e
instituições.................................................................................p. 29
1.1 Precedentes históricos e
sociais.................................................................................p. 29
1.2 Educação Infantil: finalidade legal e
social..................................................................................p. 47
1.3 A Educação Infantil como experimento
social..................................................................................p. 52
Capítulo 2: O desenho animado no universo do brinquedo e da
brincadeira.................................................................................p. 60
2.1 Desenho animado: da antena ao streaming..........................p. 60
2.2 Desenho animado na televisão: do desvelamento de segredos
ao compartilhamento do
saber............................................................................................p. 69
2.3 Jogo, brinquedo e brincadeira: definições atuais..................p. 82
3. Caminho metodológico: procedimentos e análise.............p. 89
3.1 Procedimentos metodológicos...............................................p. 89
3.2 Caracterização da escola .....................................................p. 92
3.3 Exposição e análise dos documentos oficiais e material
didático...................................................................................p. 96
3.4 Documentos oficiais da escola e livro didático
................................................................................................p. 96
3.5 Semanários
..............................................................................................p. 103
3.6 Correlação entre desenho animado, brincadeira e prática
pedagógica por mês no Infantil 3 e 4
..............................................................................................p. 109
3.6.1 Educação Infantil 3 – mês a mês
..........................................................................................p. 109
3.6.2 Educação Infantil 4 – mês a mês
..........................................................................................p. 114
4. As vozes das crianças e das professoras: ressignificando o
desenho no momento da brincadeira
...................................................................................................p. 117
4.1 Entrevista com as professoras .............................................p. 117
4.2 Desenho em sala de aula: análise de um caso ....................p. 122
4.2.1 O relato: o desenho animado em sala de aula ..................p. 122
4.3 Observação.........................................................................p. 124
4.3.1 Cenas do brincar............................................................. p. 126
4.3.2 Íntegra das cenas.............................................................p. 126
10
4.3.3 Análise das cenas ............................................................p. 129
4.4 Entrevista com as crianças .................................................p. 140
4.4.1 Entrevistas com as meninas J. e La (1º ano) e V. e L (Educação
Infantil 4) ....................................................................................p. 143
4.4.2 Entrevistas com os meninos E. e M (1º ano). E F. e G (Educação
Infantil 4) ...................................................................................p. 151
Considerações Finais.................................,,,..........................p. 164
Referências ..............................................................................p. 171
Anexos .....................................................................................p. 183
1. Roteiro de questionário semiestruturado utilizado para a
entrevista com as professoras
..........................................................................................p. 184
2. Transcrição da entrevista com as crianças........................p. 185
3. Termo de consentimento .................................................p. 209
4. Quadro com respostas das entrevistas das crianças separadas
por questões
.........................................................................................p. 210
11
APRESENTAÇÃO
Aos nove anos, ganhei uma boneca grande, para brincar de mamãe e
bebê. Era uma boneca muito comum na época. Minha avó fazia roupas para a
boneca e eu trocava as fraldas e, às vezes, me reunia, com minhas primas, cada
uma levando suas “filhas”, em um animado chá de água. Conforme eu crescia,
comecei a me questionar sobre a finalidade da brincadeira: para que vou brincar
de chá se eu sei como vai acabar? Para que começar a brincar de Cavaleiros do
Zodíaco se logo meus primos vão se dispersar? Para que a Cinderela, se já sei
qual é o final da história?
12
Olhar para trás e reconhecer-se, revisitar-se, compreender-se. O que
poderia ser mais enriquecedor para a carreira docente? A necessidade de
autoavaliação e de desenvolvimento de meu espírito crítico em relação às
crianças e ao brincar foi estimulada durante o curso de Pedagogia, em que me
graduei na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Principalmente, graças à
professora Ani Martins — que me fez pensar sob a perspectiva legal — aos
professores Cássio Másculo e Ana Paula Ferreira — que trouxeram à tona
construções históricas e sociais diversas às quais as crianças são submetidas
— e a professora Célia Batista Serrão, a pessoa que me fez questionar o quanto
seria pertinente crianças serem alfabetizadas na Educação Infantil em
detrimento do brincar. No início, essas reflexões me deixaram confusa! Eu
sempre dei importância, como professora, à alfabetização das crianças na
Educação Infantil, pois assim aconteceu comigo. Eu me lembro dos meus
cadernos, aos 4 anos, e dos risquinhos e cópias de letras que fazíamos para
trabalhar a coordenação motora. Lembro-me de ler placas nas ruas. O mais
importante, não me lembro de uma época em que eu não soubesse ler —
escrever, sim, me lembro do processo — mas ler... parece que já nasci sabendo.
É evidente que não foi assim. O contato com as letras ocorreu muito cedo,
sempre fui rodeada de livros, minha família — a maior parte composta por
professoras — sempre procurou aguçar a minha vontade de aprender. Mas, até
o momento da faculdade, não havia pensado que o meu processo de
alfabetização não havia dado certo para todas as crianças e, o mais importante,
o quanto a escola poderia ter restringido outras habilidades que seriam
descobertas se eu tivesse mais tempo dedicado à brincadeira. Havia, sim, o dia
do brinquedo. Toda sexta-feira. Muito pontual.
13
questionar a alfabetização em si, colocando-a como oposição à brincadeira, mas
pensar que, em alguns momentos, ela é levada como um fim em si mesmo em
detrimento de outras atividades do universo infantil. As crianças devem ser
convidadas à leitura, à escrita e a outros recursos do mundo letrado da qual
fazem parte, mas sem que este seja o objetivo principal de sua infância.
14
INTRODUÇÃO
Nas últimas duas décadas, as áreas da educação e das mídias estão mais
próximas, permitindo, assim, uma troca de informações por assuntos que antes
nunca poderiam se conectar ou que nunca poderiam se conectar bem.
15
as crianças têm recorrido aos serviços streaming4 ou aos DVDs e à Internet,
utilizando a TV como meio de reprodução, a fim de conseguirem acessar a
programação infantil.
4 Tecnologia que utiliza a internet para compartilhar arquivos multimídia por meio de
transferência de dados.
5Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2015/10/programas-infantis-
16
A influência dos desenhos animados, muitas vezes, se reflete no
comportamento infantil. De acordo com Barbosa:
observamos isso quando elas citam sobre seus personagens
preferidos, vivem esse momento único, os imitam, realizam os
mesmos gestos e habilidades, relembram e utilizam cenas para
construir suas próprias histórias, ou seja, brincam de imaginar:
eu tenho poder, eu sou ele, ele tá aqui [...] (2011, p. 112).
17
A escolha por um tema que abrange um conteúdo midiático está em
conformidade com o que é sugerido para a Educação de acordo com as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, em que “a
infraestrutura tecnológica, como polo de apoio pedagógico às atividades
escolares, garanta acesso dos estudantes à biblioteca, rádio, televisão e internet
aberta às possibilidades da convergência digital” (MEC, 2013, p. 347) e das
diretrizes publicadas pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME,
2015, p. 21), que estabelece que
18
são reinterpretadas de modo a se encaixarem nas situações das crianças. De
acordo com Florestan Fernandes,
***
19
3ª. Etapa: observação e entrevista com as crianças e com as professoras. A
intenção é conhecermos qual a visão que elas têm a respeito do trabalho com
desenho de animação no contexto escolar e qual influência eles têm em suas
brincadeiras na escola.
4º. Etapa: análise dos dados gerados pela pesquisa. A intenção é saber como a
escola vem utilizando o desenho no contexto da sala de aula e qual é a
interpretação dada pelas crianças em relação aos desenhos animados aos quais
estas assistem dentro e fora da escola.
20
Universidade Estadual
O desenho animado: discurso- de Campinas
imagem
(UNICAMP) –
Maria Cristina
• Palavras-chave: desenho 2002/Faculdade de
Rosa Wenzel
animado, escola, brincadeira Educação/Prof. Dr.
• CAPES Ezequiel Theodoro da
Silva
Universidade Estadual
Imaginário infantil e desenho
de Campinas
animado no cenário da
(UNICAMP) –
mundialização das culturas
Juliane Di Paula 2004/Instituto de
• Palavras-chave: desenho Queiroz Odinino Filosofia e Ciências
animado, escola, brincadeira Humanas/ Prof. Dr.
• CAPES José Mario Ortiz
Ramos
Universidade Estadual
Ideologias animadas: a criança e o
de Campinas
desenho animado
(UNICAMP) –
• Palavras-chave: desenho Maíra Bortoletto 2008 /Faculdade de
animado, escola, brincadeira Educação/Profª Dra.
• CAPES Ana Luiza Bustamante
Smolka
A televisão no universo escolar da Universidade Federal
televisão infantil de Juiz de Fora (UFJF)
Izabelle Lima – 2008/Faculdade de
• Palavras-chave: televisão,
Marino Educação/ Profª Dra.
infância e educação infantil
Eliane Medeiros
• IBICT
Borges
As influências brincantes: um estudo
Universidade Federal
sobre a cultura lúdica infantil e o
do Mato Grosso do Sul
desenho animado Raquel Firmino
(UFMT) – 2011/
Magalhães
• Palavras-chave: desenho Instituto de Educação/
Barbosa
animado, escola, brincadeira Prof. Dr. Cleomar
• CAPES Ferreira Gomes
Universidade Estadual
Cultura lúdica e televisão: mediações Paulista “Júlio de
no contexto escolar Mesquita Filho”
Jucileny (UNESP) –
• Palavras-chave: desenho
Bochorny 2012/Faculdade de
animado, escola, brincadeira
Ciências e
• CAPES
Tecnologia/Prof. Dr.
José Milton de Lima
Universidade Estadual
Manifestações de conteúdos Jéssika Naiara
Paulista “Júlio de
televisivos nas culturas infantis e da Silva
Mesquita Filho”
21
interpretações das professoras no (UNESP) –
contexto pré-escolar 2015/Faculdade de
Ciências e
• Palavras-chave: educação,
Tecnologia/Prof. Dr.
televisão
José Milton de Lima
• IBICT
22
QUADRO 3 – busca refinada de trabalhos com desenho animado na Educação
Infantil
23
QUADRO 4: síntese do referencial teórico
TÍTULO DO Objetivos e
TRABALHO problema de Metodologia Considerações finais
(dissertações) pesquisa
As influências Raquel Firmino A autora dividiu o A pesquisa revelou que as
brincantes: um Barbosa estudo em três brincadeiras estão permeadas
estudo sobre a intencionou partes. Na daquilo que as crianças
cultura lúdica investigar como primeira, busca-se imaginam, traduzidas, por sua
infantil e o as crianças se retratar o sentido vez, em seus gestos e falas.
desenho relacionam com do brinquedo e As brincadeiras não se
animado a cultura lúdica brincadeira e tratar separam entre tradicionais,
(2011) contemporânea seu percurso simbólicas e
nos espaços educacional e contemporâneas, mas estão
escolares e em tecnologizado. Na interligadas quando a criança
que medida os segunda parte, a está brincando. Em relação à
desenhos autora retratou os influência dos desenhos
animados sujeitos e local animados, concluiu-se que
influenciam utilizados para a eles conferem uma aura de
suas ações na realização da segredo à brincadeira infantil,
Educação pesquisa pois afasta dos adultos, na
Infantil. associando-os com visão das crianças, o
os dados coletados conhecimento daquilo que
e a bibliografia estão fazendo. Além disso, o
levantada. Na desenho fornece novos
terceira e última cenários, sensações e
parte, a autora sentimentos apropriados pela
propôs desvelar criança para compor seu
que próprio universo lúdico,
comportamentos e misturando-se com outras
brincadeiras experiências que ela já
realizados pelas poderia ter tido.
crianças tem
influência dos
desenhos
animados.
Cultura lúdica A dissertação Foi adotado o Compreendeu-se, ao final da
e televisão: defendida em modo investigativo pesquisa, que os
mediações no 2012 por etnográfico que, no personagens de filmes e
contexto Jucileny entendimento da desenhos animados se
escolar (2012) Bochorny teve autora, presume o encontram presentes no dia a
por objetivo contato direto e dia das crianças em seus
compreender constante com os materiais escolares, roupas e
como a sujeitos da decorações, e os desenhos
televisão atua pesquisa, mas que permitem uma relação com a
nas atividades também passa brincadeira, pois também
lúdicas das pelas seguintes apresentam características
crianças e como fases: trabalho de comuns como raiva, alegria e
são campo, seleção do comoção.
interpretadas grupo escolhido,
24
por elas e seus observação do
pares. grupo, análise dos
dados coletados.
27
Por último, tecemos algumas considerações e apresentamos as
referências bibliográficas.
28
1. INFÂNCIA, CRIANÇA E INSTITUIÇÕES
29
Malaguzzi darão as diretrizes do pensar a infância e a criança dentro das
instituições. Portanto, buscaremos, a seguir, fazer um breve apanhado do que
esses autores propuseram e como suas teorias podem ser relacionadas ao tema
desta pesquisa.
Uma sutil mudança dos costumes que enquadrava a criança como ser
racional e que ligou sua fragilidade a uma pureza divina levou à necessidade de
educá-la e discipliná-la, mas ainda dentro dos parâmetros do que se considerava
uma idade de maturidade quase adulta, a saber, os sete anos. Para Ariès
(ibidem, p.146), “o sentido da inocência infantil resultou, portanto, numa dupla
atitude moral com relação à infância: preservá-la da sujeira da vida, e
especialmente da sexualidade tolerada — quando não aprovada — entre os
adultos, e fortalecê-la, desenvolvendo o caráter e a razão”. A proposta envolvia
também a eliminação de comportamentos e literatura considerados promíscuos
e a inserção da noção de servidão e inocência infantil.
30
também às crianças e ao desenvolvimento das instituições de ensino. Estas, por
sua vez, não eram destinadas a uma idade ou classe social específica, mas
dirigida, quase que exclusivamente, ao sexo masculino. Tratava-se, sobretudo
de uma filosofia da educação que priorizava o conhecimento da vida, das letras
e de uma disciplina que “tenderia impor às famílias o respeito pelo ciclo escolar
integral” (Ibidem, p. 191).
31
fundamento próprio e verdadeiro da instrução humana, porque é o único
fundamento do conhecimento humano” (PESTALOZZI, 2010, p. 74). Os
primeiros passos para esse tipo de educação constituíram a aproximação
intencional de objetos com as crianças, ou seja, ele propõe conceito de educação
— orientado pelos sentidos em que a compreensão e a aprendizagem ocorrem
quando a impressão do objeto exterior está em harmonia com o desenvolvimento
de sua energia interior proveniente da natureza. Assim, deve-se ter o cuidado de
se apresentarem, apenas, objetos que ela já seja capaz de compreender
racionalmente, com o risco de frustrá-la caso isto não aconteça. O problema
apontado por Pestalozzi refere-se, justamente, ao fato de que a escola suprime
essa energia interior da criança e, consequentemente, afasta-a de sua natureza.
32
quais o conhecimento deriva, Pestalozzi (Ibidem, p. 70) propôs o seguinte
método:
Consoante Fröbel (2010), deve-se idealizar o adulto que se quer, mas isto
é bastante diferente de tratá-lo de fato como um adulto, pois devem-se respeitar
33
os diferentes momentos da natureza humana com suas limitações e
inteligências. Seguindo a mesma crítica feita por Rousseau, Fröbel esclarece
que “nada é mais prejudicial para o garoto que lhe propor prematuramente um
fim exterior, preparando-o, por exemplo, para determinada atividade, para o
desempenho de determinado emprego” (ibidem, p. 68). Para que a educação
seja integral, também é preciso que a escola se ligue à família, já que essa
ligação torna possível trabalhar os elementos externos de memória ao
conhecimento interno das coisas e a respeito de si mesmo de forma unificada.
34
Brougère quando ele afirma que é preciso desnaturalizar a ideia de brincadeira
e concebê-la como fenômeno cultural, uma vez que deriva “de um processo de
relações interindividuais” (BROUGERE, 2010, p. 104).
35
Ela elabora, então, a Casa das Crianças com móveis adequados para o
desenvolvimento autônomo das crianças, com poltroninhas, mesas cadeiras,
pias e bancos adaptados ao seu tamanho, leves o suficiente para que elas
pudessem arrastar e carregar. O objetivo seria permitir as crianças se
movimentarem e movimentarem os objetos ao seu redor conforme suas
necessidades.
36
prévia de nossas definições lógicas” (WALLON in GRATIOT-ALFANDÉRY,
2010, p. 45), pois os adultos costumam utilizar a própria lógica como referência
para determinar o grau de evolução alcançado por uma criança. O
desenvolvimento de uma fase para a outra também não é marcado por um
processo evolutivo linear, uniforme, e esse pensamento também está em
consonância com aquilo que defendemos, haja vista que as passagens de um
estágio para o outro não ocorrem sem conflitos e não apagam as características
desenvolvidas na fase anterior. Essa passagem entre fases é nominada por
Wallon como “transdução” (Ibidem, p. 90).
7 Tradução livre. “Ein Kind, das durch selbständige Experimente etwas erreicht, erwibt ein ganz
andersartiges Wissen, als eines, dem die Lösung fertig geboten wird“.
8 Tradução livre: “Das Spielen, die Lust zum Spielen ist ebenso eine Veranlagung jedes Kindes“.
37
Montessori, Wallon e Pikler criticam as instituições voltadas ao ensino e
cuidado de crianças que se desenvolveram a partir da Revolução Francesa e
que encontraram seu ápice na Revolução Industrial. A particularização da escola
do século XVIII constituiu a separação entre ensino para a burguesia e para os
pobres. Havia a discussão sobre o quanto a educação universal poderia diminuir
a mão de obra e a solução encontrada foi diferenciar o ensino entre os pobres,
que cursariam o primário, e os burgueses, que poderiam seguir seus estudos
para uma educação mais refinada, sem serem atrapalhados durante as aulas
por pessoas que não teriam a mesma formação.
38
Após a abolição, procurou-se realocar as crianças para outros locais,
como creches, asilos e internatos voltados ao cuidado da criança pobre. Por
outro lado, as crianças ricas usufruíam da importação de modelos europeus
voltados à sua educação, como no caso do Kindergarten (Jardim de Infância)
alemão. A expectativa em torno dos jardins de infância também gerava debates
sobre sua função social, pois ora eram vistos como depósitos de crianças, ora
vistos como espaços de alfabetização precoce. O projeto de reforma de instrução
apresentado por Rui Barbosa, em 1882, traz à tona a questão classista e
educacional da época, pois procura distinguir “salas de asilo, escolas infantis e
jardins de infância”, mas que também buscava “o fortalecimento de um
movimento de proteção à infância, que partia de uma visão preconceituosa sobre
a pobreza, defendendo um atendimento caracterizado como dádiva aos menos
favorecidos” (OLIVEIRA, 2011, p. 92)
39
Estado Novo, em 1930, houve intenso processo de industrialização no Brasil e,
com ele, se desenvolveu o proletariado urbano. As crianças pobres ou
desassistidas ficaram a cargo do Estado, que se responsabilizou por sua saúde
e atendimento básico. Não se tratava, necessariamente, de atender as
necessidades sociais sob o escopo do bem-estar social, mas de garantir o
controle da população. Os órgãos e entidades voltados às crianças ficavam a
cargo de programas sociais femininos das primeiras damas, como a Legião de
Caridade Darci Vargas9, responsável pela implementação de creches, hospitais
infantis, educandários e casas das crianças.
40
preocupação com “a higiene do ambiente físico” (idem). Nas palavras de
Kuhlmann (2010, p. 9),
41
viam-nas como um fator importante para possuírem mais oportunidades no
mercado de trabalho e atingirem liberdade do
10Pontua Kuhlmann Jr.: “Na década de 1990, aparecem formulações sobre a educação infantil
que passam a enfatizar a inseparabilidade dos aspectos do cuidado e da educação da criança
pequena (Campos, 1994, Rosemberg e Campos, 1994)”, (2010, p. 13).
42
problemas ao longo de seu desenvolvimento até a vida adulta. Em 1996, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), regulamenta o artigo 20811
da Constituição Federal e coloca finalmente a Educação Infantil como parte da
Educação Básica, uma vez que ela foi instituída como parte dos direitos das
crianças já na Constituição Federal, e, portanto, sob tutela do Estado, tirando as
crianças pobres do atendimento assistencial que recebiam até então (BRASIL,
1996). Porém, a Educação Infantil ficou condicionada ao processo de
escolarização do Ensino Fundamental II, e essa relação de subordinação passa
a ser analisada e criticada por pesquisadores da área, que trazem novas
propostas para o espaço da Educação Infantil.
11Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
43
renove a democracia na Educação Infantil seria, na visão de Moss, por meio de
uma representação direta, a saber,
Para que isto ocorra, deve-se considerar que as inúmeras vozes que
compõem tal prática encontram maneiras distintas de se manifestar e de se
expressar, o que requer da comunidade reconhecimento e respeito às
diferenças, a convivência e crítica a diversos paradigmas, e a consciência de
que se trata de uma discussão sobre a realidade objetiva dos estudantes e da
comunidade escolar.
44
crianças. Principalmente, nesta categoria, introduzimos o livre-brincar
e o movimento livre que conduzem as propostas desta pesquisa.
3) Floor time: presente no caso de bebês e crianças até 24 meses, e é
uma variação ao tempo de qualidade não querer nada. Geralmente
ocorre quando a criança se encontra em um momento difícil, de crise,
e o professor propõe a aproximação um a um, quando a criança recebe
atenção total, para reagir positivamente à sua solicitação, em vez de
colocá-la de castigo ou ignorá-la.
45
anteriormente na proposta de Pikler, quando ela ressalta a importância de se
estabelecer diálogos e ações em que a criança é convidada a participar e opinar.
Para Malaguzzi, como resultado, ao se sentirem ouvidas e compreendidas, “as
crianças descobrem como a comunicação melhora a autonomia do indivíduo e
do grupo. O grupo forma uma entidade especial, ligada por debate e diálogo, que
se baseia em seus próprios modos de pensar, de se comunicar, de agir” (Ibidem,
p. 75).
46
relacionados que podem ser adaptados e repensados ao longo do ano de acordo
com os saberes prévios e adquiridos pelos estudantes.
12A elaboração deste parágrafo e as questões presentes no capítulo foram resultados das
discussões presentes no curso de Pedagogia.
47
Para Qvortrup, “as crianças possivelmente não são bem representadas
hoje e, dada a tendência demográfica, não há perspectivas de se reverter esse
desequilíbrio” (2010, p. 783). Aproximando a afirmação com a realidade
brasileira, é possível pensar em que medida a taxa de fecundidade da população
e seu envelhecimento podem contribuir para uma ampliação dos direitos das
crianças e adolescentes ou não. Sarmento e Pinto (1997) supõem que uma das
causas para o desequilíbrio se deve ao fato de que definir quais idades
pertencem à infância não é um consenso e geralmente tende-se a resolver o
dilema com uma visão paternalista que afirma a impossibilidade das crianças de
agirem com maturidade (“com capacidade racional”), retirando-lhes o estatuto de
atores sociais. Para os autores, o paradoxo se instaura
48
VI – participar da vida política, na forma da lei,
VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.
49
Nos termos da lei (BRASIL, 1996), a função da Educação Infantil foi
definida pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 13, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, a Educação Nacional, sob
responsabilidade da família e do Estado deve atender e seguir aos quatro
principais critérios dispostos abaixo:
13 “Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
II – educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade” (BRASIL, 1996).
14 “Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
16 BRASIL. Lei nº 12.796, de 2013. Dá nova redação aos art. 29, 30 e 31 da Lei nº 9.394, 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF,
1996.
50
e) oferecimento de carga mínima anual: 800 horas distribuídas em, no
mínimo, 200 dias letivos e obrigatoriedade de frequência mínima de
60% do total de horas na pré-escola17;
f) oferecimento de turnos subdivididos em:
• turno parcial: mínimo de 4 horas diárias;
• jornada integral: mínimo de 7 horas diárias.
51
políticas curriculares desenvolvem-se, inevitavelmente, em
contextos sociais, políticos e econômicos. [...] [Formuladores de
currículo] responderam à pressão do governo, contribuindo para
a solução de problemas sociais tais como o desemprego.
Quanto mais nos focamos na possibilidade de um currículo
reformado resolver problemas sociais ou econômicos, tanto
menos provável que esses problemas sejam tratados em suas
origens, que não se encontram na escola. [...] Trata-se do que
os políticos esperam que a educação possa fazer “como um
meio” e não da sua razão de ser “como um fim”. É como se
questões sobre as finalidades da educação fossem
demasiadamente filosóficas e abstratas para formuladores de
políticas e políticos”.
18Optou-se por não utilizar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pois, durante a
pesquisa, ela se encontrava em processo de reformulação.
52
em que comparecerão crianças de zero a cinco anos para que possam se
desenvolver integralmente. Ela deve ter como objetivo
19 “Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I – - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.”
BRASIL. Lei nº 12.796, de 2013. Dá nova redação aos art. 29, 30 e 31 da Lei nº 9.394, 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF,
1996.
20 “Art. 31: A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
53
• éticos: trabalhar o bem comum, a autonomia, o respeito ao
próximo, às culturas e ao meio ambiente;
• políticos: integrar-se aos princípios democráticos e desenvolver o
senso de cidadania;
• estéticos: respeitar a liberdade de expressão, as diferentes formas
artísticas e culturais de manifestação.
Lenira Haddad (1991)22 traz uma discussão mais abrangente no que diz
respeito à criação e ao desenvolvimento da creche. A autora afirma que essa
instituição somente pode ser pensada com o desenvolvimento do conceito
moderno de família, que incutia principalmente nas mulheres o senso de culpa e
responsabilidade pelo cuidado e educação dos filhos dentro do lar. A creche,
então, no século XIX, surge para suprir a falta da família ou para orientá-la a
54
como cuidar das crianças no caso das mães consideradas “incompetentes”
(Ibidem, p. 25), atuando como um órgão de combate à pobreza e à mortalidade
infantil.
55
em relação à infraestrutura e à insuficiência de profissionais
especializados para o atendimento às crianças dessa faixa
etária. (Ibidem, p. 179)23.
23
Atualmente, a insuficiência de profissionais formados já foi suprida, mas isso não significa que
todos eles receberam uma formação apropriada. Especificamente sobre o tema das mídias em
sala de aula, Heloísa Dupas Penteado já havia alertado para a necessidade de os cursos iniciais
de formação de professores introduzirem “os professorandos aos ecossistemas comunicativos
com o objetivo de ampliar formas de expressão e melhoria do coeficiente comunicativo das ações
educativas” (DUPAS, 2010, p. 34)
56
destaca seu caráter vivencial baseado no lúdico e na brincadeira, com vistas
para uma formação cidadã e não necessariamente escolarizada.
57
formação que o encaminhasse ao desenvolvimento de seu senso crítico e
colaborativo.
58
Infelizmente, são poucas as instituições que concebem o cuidar e o
brincar inerentes ao desenvolvimento humanos, pois ora se vê a Educação
Infantil como centro preparatório para o Ensino Fundamental, suprimindo-se a
brincadeira em larga escala em prol de uma alfabetização prematura e de um
desenvolvimento motor e físico muitas vezes forçado, ora é um espaço em que
reina a brincadeira, mas sem que os professores compreendam o propósito
educador e estimulante que ela possui e, dessa forma, dispõem-se espaços e
brinquedos pouco pensados para que as crianças possam se desenvolver e
explorar o mundo por si mesma, da sua maneira.
59
2. O DESENHO ANIMADO NO UNIVERSO DO BRINQUEDO E DA
BRINCADEIRA
60
p. 70). Não existe, apenas, um empenho em capturar e manter a atenção da
criança, mas também representá-la de modo que possa participar mentalmente
do processo que ocorre na tela. Para isso, enfatiza-se o personagem infantil
como protagonista do desenho, com suas falhas e defeitos, ainda possuidor de
suas características infantis e com dilemas próprios da idade em que se
encontra. Como comparação, pode-se pensar em dois desenhos que foram
sucesso entre as crianças, mas que apresentam características distintas em
relação aos personagens principais.
24 Julho de 2017.
61
já possuem uma aparência e fala adultas que pouco condizem com o público
infantil da década de 80 e 90.
62
que devem ser exploradas. Considera-se, também, que sua capacidade lúdica
pode e deve ser explorada pelos desenhos animados. Para que isto ocorra,
“surge a necessidade de criar uma situação cultural construtivista na recepção,
interagindo com a interpretação pessoal da criança sobre o programa”
(FUENZALIDA, 2016, p. 73) A inteligência emocional é explorada na medida em
que ela pode proporcionar às crianças a oportunidade de se tornarem cada vez
mais autônomas, desenvolvendo-se como parte da vida e democracia escolar
63
Por isso, o desenho pode mostrar alguns temas que são tabus e ainda
assim ser aceito pelos maiores, pois estes o consideram como um “faz de conta”,
como ocorre com o conto de fatos. Um exemplo disto é o personagem Ele (Him),
inimigo das meninas poderosas. Sua imagem é satânica, possui uma barbicha
(barba pequena no queixo), mas tem trejeitos e vestimentas (botas de cano longo
com salto, vestido vermelho com tule rosa e maquiagem) considerados
femininos, e o próprio nome parece tentar elucidar o gênero do personagem,
mesmo que sua imagem contraste com isso. Dessa perspectiva, um desenho
infantil apresenta um personagem do sexo masculino mas que usa roupas
femininas e age de acordo com padrões sociais também femininos, como se
fosse uma drag queen ou um transexual. O que escandalizaria alguns adultos
na vida real é permitido no desenho em nome da fantasia que eles não acreditam
afetar as crianças, “pois tudo volta ao normal num passe de mágica” (PACHECO,
2002, p. 34), e o desenho não é real ou não representa o real.
64
que é bem e mal e certo e errado dentro dos limites estabelecidos pelas religiões
judaico-cristãs e que foram transferidas para as leis: não roubar, não matar, não
trapacear, honrar parentes e amigos e punir aqueles que não seguem tais
diretrizes. Às vezes, há a personificação clara do bem. Saori Kido é a
personagem dos Cavaleiros do Zodíaco que é a encarnação da deusa Athena e
tem como missão manter a paz na Terra. Por isso, deve ser protegida a todo
custo pelos seus cavaleiros, mesmo que isto envolva matar os seus inimigos que
são a encarnação do mal, como Hades e Poseidon, que querem o sofrimento
dos seres humanos.
65
experiência de vida e aprendizagem formal que lhe traria explicações racionais
a fenômenos que ela ainda desconhece. Os desenhos animados são uma
dessas portas, com seus personagens excêntricos e suas narrativas fantasiosas,
permitem à criança adentrar um lugar especial, onde o tempo real está suspenso,
e o mundo pode ser imaginado de forma diferente.
66
“brechas a serem preenchidas pelas muitas significações que o receptor lhes
atribui de forma direta ou pelas múltiplas mediações de seu imaginário” (ROCCO
in PACHECO, 2002, p. 127).
67
O sucesso da brincadeira na escola se dá mais pela oferta de materiais e a forma
como ele está disposto do que pelo seu didatismo ou pelo seu acaso.
68
que esse receptor incapaz está diretamente relacionado ao estudante como um
depositório de conhecimento do Professor, como se não tivesse uma história e
uma vivencia próprias que o ajudam a dar um significado para aquilo que ele
experimenta na escola.
69
ou seja, ela se coloca como referência ao que observa para familiarizar aquilo
que não lhe é normal. Nessa fase, a representação de um papel ficcional é mais
difícil de ser compreendida, e os personagens ou são bons ou são maus. Assistir
ao programa significa, para ela, intervir, uma vez que tende a acreditar que tem
o poder de interferir nos eventos que ocorrem na narrativa. A percepção infantil,
nesse momento, também é mais imediata: ela percebe a cena, mas dificilmente
conseguirá reconstituir o começo, o meio e o fim da história.
Uma vez que a cognição não é uma característica nata do ser humano e
deve ser aprendida socialmente, a compreensão do desenho animado e de sua
mensagem é influenciada por sua cultura lúdica25. Para Ema Sofia Leitão (2008,
p. 77), “a criança não pode compreender ou interpretar de forma correta um
programa se não possuir conhecimentos prévios que permitam a compreensão”.
A construção de sentido, então, depende do modelo social da criança que nem
sempre é o mesmo do idealizado do programa, por isso há margem para
diferentes interpretações.
25“Não basta que as imagens sejam apresentadas na televisão, nem mesmo que elas agradem,
para gerar brincadeiras, é preciso que elas possam ser integradas ao universo lúdico da criança,
às estruturas que constituem a base lúdica [...]” (BROUGÈRE, 2010, p. 56)
70
emoções que lhes são devidas. No caso abaixo, o personagem Máscara da
Morte, de Cavaleiros do Zodíaco, apresenta-se em dois momentos: no primeiro,
com uma expressão dominante e no segundo, com uma expressão de espanto
e medo.
71
e caricata, pois acreditaram que colocar uma voz grave em uma figura
demoníaca já seria medonho demais. Além disso, sua própria personalidade, na
definição de David Robert26, “espirituosa”, é bastante complexa: apesar de ser
um vilão, esqueleto trata seus inimigos e aliados com uma ironia sutil e é dado a
chiliques mais engraçados do que assustadores quando algo não está de acordo
com seus planos.
Assim, cria-se um vilão assustador, mas não muito, o suficiente para ser
antagonista, mas também para despertar simpatia e riso nas pessoas. De acordo
com Josh Herbolsheimer, da Super 7, “para crianças daquela idade, Jason
Voorhees era assustador demais, Freddy Krueger era assustador demais, mas
o esqueleto era assustador na medida certa”27. Esqueleto, por incrível que
pareça, é a veia cômica mais bem trabalhada do desenho, contrapondo-se às
piadas moralistas do lado bom da espada do poder.
72
ainda são poucas as produções veiculadas que atentam a um modelo
diversificado e descentralizado do padrão europeu, japonês e americano.
Para Stuart Hall (Apud LEITÃO, 2008), existem três “posições hipotéticas”
pelas quais os conteúdos televisivos podem ser descodificados, a saber, a
posição hegemônica quando as referências do receptor e do codificados são
73
próximas, a posição negociada, em que há o reconhecimento do codificador e
do receptor de suas referências próximas como benéficas sem, contudo, deixar
de infringir algumas regras quando for necessário e, por fim, a posição oponente,
quando a descodificação é contrária à sugestão do codificador por preferir ou
possuir referências alternativas para a interpretação do que lhe foi enviado.
74
brincadeira é o brinquedo, então infere-se que o brinquedo é o suporte para a
manifestação do simbólico. Dessa forma, pode-se pensar que tudo pode ser
considerado um brinquedo, pois o sentido lúdico provém do sujeito e não das
informações do manual de instruções.
75
violência gera mentalmente um processo satisfatório em que a criança é capaz
de transcender seus limites físicos, já que “as personagens nunca estão
limitadas às leis da física” (LEITÃO, 2008, p. 109).
76
Os desenhos animados são representações e, por isso, possuem uma
codificação pensada e construída. Compreender esse texto é analisá-lo pelo seu
viés narrativo e semiótico, que podem ser compostos por elementos simbólicos,
técnicos, de imagem, de som etc. No caso dos elementos técnicos e simbólicos,
subordinados à intenção narrativa, destacam-se as cores utilizadas, a edição,
movimentos de câmera, escolhas de planos, efeitos sonoros, disposição dos
personagens no cenário, além do próprio cenário, e iluminação. No caso da
narrativa, considera-se o enredo, os acontecimentos apresentados em
determinada ordem temporal, geralmente cronológica, a diegese28 ou ação
dentro das histórias que são apresentados explicita ou implicitamente, a função
dos personagens e os traços socioculturais da criação.
77
só é possível identificar seu sexo e idade pelas roupas e vozes. As músicas que
tocam, marchinhas militares, permearão as cenas analisadas aqui, só sendo
interrompidas quando a cena muda para a lembrança que Babar irá contar e na
cena final do desenho. Um elefante vestido em trajes militares, Cornelius,
acompanha o ensaio da banda real e em seguida sobe as escadas do palácio, o
que leva o espectador à cena dois.
Uma gola ajeitada por mãos humanas é vista em primeiro plano. Trata-se
da governanta/tutora do palácio, chamada apenas de Madame ou Senhora, uma
das poucas humanas a aparecer no desenho, ajeitando a roupa de Pom, filho
mais velho de Babar. Num plano mais aberto, vemos como ela se parece: é, de
fato, uma senhora: tem cabelos brancos ajeitados em um coque baixo, usa um
vestido roxo e comprido de gola alta, tem um corpo esguio e uma fisionomia
bondosa. Esse plano também permite observar como se constitui o palácio de
Babar. Vê-se um cômodo bastante amplo; ele é mobiliado e decorado de forma
colorida com armários, plantas, luminárias, quadros e sofás. O pé direito não é
alto por causa da altura dos elefantes, já que eles têm a mesma altura da
Senhora, que é humana. Essa proporção é reforçada pelo fato de Pom estar de
pé em um banco para que a governanta possa alcançar seu pescoço.
Ao seu lado está Flora, a irmã mais nova de Pom, com seu vestido rosa.
Ela elogia o irmão, mas ele está com uma expressão aborrecida. A Senhora
também o elogia e diz que ele a lembra de seu pai, como se já o conhecesse há
muito tempo, e então a cena se dirige, pela primeira vez, para Babar, que está
do outro lado do cômodo. Quem ajeita as roupas verdes do rei roupas é a rainha
Celeste, sua mulher e prima. Senhora também o elogia e Babar lhe agradece
enquanto procura seu discurso, que lhe é entregue pela mulher que o havia
guardado, mostrando a colaboração e cumplicidade entre a família nuclear e
patriarcal, pois todos estão com uma expressão muito amistosa. Babar ainda
tem mais uma filha-bebê, Isabel, que não aparece nesse episódio.
78
Fig. 6: A família real e o macaco Zéfiro, um dos amigos mais antigos de Babar.
Fonte: desenhos animados – anos 90.
Aos pés de Babar aparece uma bola rolando, e o terceiro filho do casal
real, Alexander, é apresentado. Ele está com uma expressão triste e reclama
sobre ter de treinar futebol, já que seu time está em último lugar e, além do mais,
complementa, de forma esnobe, sua fala dizendo que ele é o capitão do time e
se dando direito a uma tarde de folga. Ele brinca um pouco com a bola, fazendo
manobras com seus pés e tromba, Celeste e Babar se entreolham espantados
e tristes. A bola vai janela a fora e cai no trompete de um dos elefantes da banda,
que assopra com força até ela sair voando novamente para dentro do palácio.
A essa altura, Alexander já está ao lado de Babar, que limpa sua roupa
com uma escova, propondo que os dois façam uma atividade. O rei, então,
dirige-se a ele e diz que não pode, pois tem de fazer um discurso ao povo de
Celesteville. Seguindo a mesma lógica anterior, Alexander diz ao pai que ele e o
rei, portanto, também podem ter uma tarde de folga. No outro canto do cômodo,
Pom ainda está brigando com seu traje oficial e concorda com o irmão, pois esta
seria uma maneira de se livrar da roupa incômoda. Sentado no sofá, Babar
explica a Alexander que ser rei implica ter responsabilidades mesmo que
contradigam suas vontades individuais. Em plongée, percebe-se a tristeza de
Alexander, pois ele baixa a cabeça, sua tromba, suas orelhas e seus ombros
79
ficam caídos, seus olhos se fecham e se curvam para baixo. Babar coloca
Alexander ao seu lado no sofá e em seguida chega Flora, que se senta também
ao lado do pai. Ele os abraça e inicia, então, uma história sobre como ele
aprendeu a ter responsabilidade ainda quando criança.
O rei conclui o assunto com a lição de moral dada pela história: “o que
interessa é que fiz novos amigos, pessoas maravilhosas. E aprendi muitas coisas
como, por exemplo, que já pessoas boas e pessoas más, reis bons e reis maus.
E uma das coisas que indica de que lado você está, é o modo como você encara
suas responsabilidades para com os outros”. À porta aparece então Cornelius,
avisando ao rei que ele deve ir discursar. Babar convida Alexander para
acompanhá-lo, mas o pequeno elefante diz que prefere treinar um pouco de
futebol. Cornelius finge ser o goleiro e o filho de Babar sai de cena após passar
por ele e pela porta. Na cena final, novamente se abre um plano geral em que a
família de Babar e Cornelius estão alocados na varanda enquanto os súditos, no
jardim, movimentam as mãos e soltam balões, saudando-os.
80
desenho de Babar, a estrutura é representada pela família nuclear e pela
realeza, sendo uma das interpretações possíveis — também criticada — de se
tratar da representação do neocolonialismo inglês em países da África e da Ásia.
81
43). Então, o que garante a identificação após o episódio é o fato de esses
elementos se repetirem, desde a música e a animação da abertura e do final até
a estrutura que a história ocorre. Importa, como em todo brinquedo, incorrer na
familiaridade até a criança sentir que já exauriu suas possibilidades e, assim,
partir para um novo projeto.
O jogo pode ser definido como atividade que possui regras externas que
orientam a sua execução ou ações que buscam entreter quem as pratica. Trata-
se de atividades não direcionadas que propõem prazer e diversão em seu
processo, e não um objetivo final. Como explicita Tizuko Kishimoto, “o jogo só é
jogo quando a criança pensa apenas em brincar [...] e quando selecionado
espontaneamente pela criança. Caso contrário é trabalho ou ensino” (2016, p.
6).
Isto significa dizer que o jogo também é imprevisível: não há como saber
como ele irá terminará, não apenas porque não se propõe uma finalidade
específica, mas porque depende do comportamento de quem está jogando e é
impossível fixar um comportamento, já que ele depende do contexto histórico-
social do sujeito, de sua imaginação e de como representa a realidade ao seu
redor. Geralmente, o suporte do jogo guia a ação que se realiza nele. Um
82
tabuleiro de xadrez, suas peças e seus movimentos indicam como se deve
proceder em linhas gerais, embora não adiante o final.
No entanto, esse tipo de jogo livre teria pouco espaço dentro do ambiente
escolar. Convencionou-se utilizar o seu suporte, o brinquedo, para atividades
direcionadas, transformando a ação livre em uma atividade didática. O brinquedo
se torna, então, um “material pedagógico” (Ibidem, p. 14), o jogo livre passa a
ser um “jogo educativo” (Idem). A transformação é possível graças ao
pensamento de que é produtivo, para as crianças, aprenderem enquanto
brincam em vez de o fazerem por meio de um processo claramente repressor e
disciplinador.
83
Assim, “ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de
objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o
desenvolvimento integral da criança” (Idem, p. 23). Essa escolha não está livre
da intervenção direta do professor: o jogo não é uma característica nata do ser
humano, e, às vezes, é necessário ensiná-lo a manipular aquele material antes
que ele possa escolhê-lo, daí entendê-lo também como um “jogo didático” (Idem,
p. 22), que pode ser caracterizado como mais dinâmico, físico e cognitivamente
voltado para um fim específico. Buscamos, nesta pesquisa, uma alternativa aos
desenhos animados que possa ser classificada como jogo educativo, na medida
em que se compreende que o professor tem a responsabilidade de propiciar
possibilidades e alternativas para o desenvolvimento autônomo do aluno, mas
sem interferir em sua livre-escolha.
84
motivação para buscarem uma forma ou outra de brinquedo se torna sintomática.
De acordo com Vygotsky (1994, p. 122),
O brinquedo, para existir, deve ter origem na ação e, então, permitir que
situações imaginárias sejam formadas por meio da vivência e relação cotidiana
entre criança e mundo. Mais do que isso, “o brinquedo é muito mais a lembrança
de alguma coisa que realmente aconteceu na imaginação” (Ibidem, p. 135). Tal
relação contribui para que haja, no brinquedo, um viés emocional de
autorrealização e regulador, pois, já que o mundo externo à imaginação possui
regras, e uma vez que ele é a fonte da imaginação, é determinante que o
brinquedo também as possua, mesmo que ocultas e não tão rígidas. No
momento do brinquedo, as ações precisam encontrar certa similitude com o real
e os movimentos realizados devem encontrar espaço nas regras estabelecidas
na situação imaginária.
Se uma criança finge ser a mãe da boneca, ela deve agir de acordo com
aquilo que ela considera “ser mãe” podendo, dessa forma, exercitar diferentes
papeis construídos na sua relação com o outro. No caso dos “jogos puros”
(Ibidem, p. 125), aqueles que possuem regras claras e pouco cambiáveis, como
o xadrez, também ocorre a situação imaginária, pois, ao prender o jogador em
suas regras, elimina “várias possibilidades de ação” (Idem). Embora o brinquedo
seja espontâneo, agir de acordo com as regras não o é, e por meio delas, o
sujeito aprende a controlar os seus impulsos e se disciplinar, pois ele sabe que,
ao violar a regra, o brinquedo perde o seu sentido.
85
pois o sujeito deixa de agir apenas a partir de sua percepção imediata do objeto,
mas também começa a levar em consideração o contexto em que se encontra a
sua situação imaginária. Se, em sua brincadeira, ele possui um cavalo, basta um
cabo de vassoura para que isto se realize. Isto ocorre, segundo Vygotsky, pelo
fato de a criança conseguir separar o significado do objeto, ela vê “mentalmente
o objeto por trás da palavra” (Ibidem, p. 130). Ali não está o objeto cabo de
vassoura ligado às palavras “cabo de vassoura”, mas sua representação
imaginária.
86
em uma causa externa a este, como fatores sociais ou culturais, mas no próprio
ato de jogar, transcendendo necessidades psicológicas e biológicas imediatas.
Quando a análise da motivação para se fazer uso do jogo não se dá por si
mesma, perde-se a sua característica primordial que nada mais é do que “a
capacidade de excitar” (HUIZINGA, 1996, p. 5), por meio de um significado, que
esse encerra no próprio jogo enquanto uma totalidade.
Dentro de seu universo, o jogo é um elemento que cria uma ordem que
deve ser obedecida para que ele possa acontecer, mas que não garante a
previsão de seus resultados. Esse seu caráter espontâneo, mas regrado, oferece
o elemento da tensão ao jogo capaz de testar, então, as características morais
e éticas do jogador — se ele fizer de tudo para vencer, inclusive quebrar as
87
regras, então estará colocando um fim ao jogo, que já possui um ambiente
instável. Geralmente, quando isto ocorre, o “desmancha-prazeres”, figura
responsável pelo fim do jogo e pelo retorno à realidade, é expulso daquele
círculo, embora nada o impeça de encontrar outro grupo. Dentro do jogo, os
participantes são parte de outra realidade que os separa daqueles que não
participam dessa suspensão.
88
3. CAMINHO METODOLÓGICO: PROCEDIMENTOS E ANÁLISE
89
O tipo de pesquisa apresentada nesta tese é de abordagem qualitativa,
uma vez que a investigação ocorreu no contexto em que as situações ocorreram.
Com esse tipo de pesquisa, podemos trabalhar com perspectivas heterogêneas
“de métodos, de técnicas e de análises” (ANDRÉ, 2001, p. 54) que nos auxiliarão
na interpretação dos dados. Acreditamos que o objeto de pesquisa recebe
influência direta do meio em que está inserido, escola e sociedade, por isso,
conviver e observar os fenômenos em seu ambiente se torna essencial. De
acordo com Santaella (2002, p. 143), na pesquisa qualitativa “há uma relação
dinâmica, uma interdependência entre o mundo real, o objeto da pesquisa e a
subjetividade do sujeito”. Para atingir esse patamar, nos preocupamos não
apenas com a coleta e mensuração dos dados, mas também com a sua
interpretação.
30 Buriti Mirim 2 e 3 – Educação Infantil. São Paulo: Editora Moderna, 2010. 2ª edição.
90
que era um trabalho para a faculdade. Pensamos nesta resposta pois, talvez se
explicássemos o tema específico, o aluno ou aluna poderia mudar seu
comportamento e comprometer o requisito da habitualidade. Nos espaços
abertos, como o parque, as perguntas eram menos recorrentes, talvez porque
passasse a impressão de que eu estava lá para ajudar a professora a olhá-las.
91
Buscando ainda associar a entrevista com a observação 31, podemos
compreender a última não apenas nos ambientes descritos anteriormente, mas
também durante as conversas. Isto porque “há toda uma gama de gestos,
expressões, entonações, sinais não verbais, hesitações, alterações de ritmo,
enfim, uma comunicação não verbal cuja captação é muito importante para
compreensão e a validação do que efetivamente foi dito.” (Ibidem, p. 36).
Grande parte dos alunos vive no próprio bairro e nos bairros próximos –
Vila Maria, Tatuapé, Vila Guilherme etc. – ou na cidade vizinha – Guarulhos. As
turmas são mistas e o uso do uniforme é obrigatório para todas as aulas e saídas
para estudo de meio. Alguns alunos possuem bolsa de estudos que não é obtida
por meio de uma avaliação classificatória, mas que leve em consideração a
condição financeira do aluno.
31 Para Lúcia Santaella, “a palavra observação [...] se estende para a observação documental,
estendendo-se até mesmo à observação abstrativa, quando criamos diagramas mentais da rede
de conceitos teóricos com os quais estamos lidando, observando suas configurações e
modificando-os conforme as necessidades da condução de uma argumentação” (2002, p. 187).
32 Segundo o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.
92
A escola, no início, atendia apenas alunos de Educação Infantil. Em 1998,
o Ensino Fundamental passou a ser oferecido a pedido dos pais de ex-alunos
que queriam que seus filhos continuassem seus estudos lá. As primeiras duas
turmas foram do 2º e 3º anos do Ensino Fundamental. O Ensino Médio passou
a ser ofertado no ano de 2005 e até hoje a escola oferece os três segmentos.
93
pela escola que podem ser de curta duração (chegada da primavera) ou de longa
duração (regiões do Brasil). De maneira geral, as professoras buscam a
participação dos alunos, eles são provocados a emitirem suas opiniões.
33 2 e 3 anos.
94
Sobre as turmas analisadas34, podemos oferecer, em linhas gerais, o
seguinte cenário:
1º ano A e B (2019)
Quantidade de estudantes: 30
Manhã: 16
Tarde: 14
Quantidade de estudantes: 32
Manhã: 16
Tarde: 16
34incluímos o 1º ano, pois, no início da pesquisa, os alunos estavam no Infantil 3 e também foram
observados e entrevistados no processo. Exemplos mais detalhados da interação entre
professoras e alunos da Educação Infantil 3 e 4 e 1º ano estarão no capítulo 4.
95
A turma da Educação Infantil 3 apresenta ótima interação entre si. As
crianças têm seus melhores amigos e amigas, e a professora busca respeitar as
afinidades, mas também busca criar situações e brincadeiras para promover
interações diferentes. Ela busca observar o que cada pode oferecer para
complementar o outro, pois, assim, todos podem se conhecer um pouco.
96
integração escola-comunidade, proporcionar um ambiente
favorável ao estudo e ao ensino-aprendizagem.
97
ensino”, “será realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos” – mas não se
dirigem a um segmento específico. Presume-se que seja voltada aos Ensino
Fundamental e Ensino Médio, principalmente por classificá-la como um
documento capaz de diagnosticar se há necessidade de recuperação ou
aceleração de estudos, o que não condiz com a proposta da Educação Infantil.
98
Fig. 8 – Material do aluno e do professor. Jogos cooperativos e figuras
destacáveis.
99
estabelecerem o que seria adequado ou não no processo de alfabetização na
Educação Infantil.
100
escola, mas não levam em consideração os meios televisivos como parte da
cultura infantil. Tampouco, no interior do livro onde há orientações para as
professoras, há sugestões para o trabalho com desenhos animados. Na
verdade, não há indicações para trabalho com materiais audiovisuais a não ser
o DVD “Canções do Brasil”, 2001, do grupo Palavra Cantada e de um CD do
“Abre a Roda Tindolelê”, 2003, ambos no Livro do Infantil 4.
101
lista de nome dos colegas brincadeiras no pátio calcular
preferência dos estudantes vídeo classificar
alimentos saudáveis pesquisa justificar
diferentes tipos de festas vídeo com imagens de diferentes reconhecer
brasileiras tipos de festas brasileiras
noção de tempo registro das atividades, por meio de
desenhos
situação-problema
reconhecimento de números
associação número/
quantidade
autonomia
MARÇO
102
reconhecimento de números
Calendário
3.5 Semanários
104
Considerando nosso tema, buscamos nos semanários da Educação
Infantil 3 e 4, a forma como as professoras, a partir de suas reflexões semanais39,
buscam reordenar a prática de ensino e aprendizagem introduzindo desenhos
animados como parte das atividades. O primeiro dia letivo do semanário do
Infantil 3, reescrito abaixo o mais próximo possível da forma, cores e formatação
utilizadas pela professora, ilustra a maneira como a ela fez o seu registro 40.
JANEIRO
Semanário de 23 a 27 de janeiro.
23/01 – Segunda-feira
- Acolher os alunos
- Apresentação dos colegas e professora
- Músicas diversas
– Leitura
Obs.: Professora sempre ficará atenta para ter certeza de que todos
participaram.
Lanche
colchetes [ ].
105
– Brinquedo de sucata
27/4 – Quinta-feira
Rotina
– Agenda
– Roda de conversa
– Ajudante do dia
– Músicas diversas. Leitura/vídeo episódio do Sítio [do Pica Pau Amarelo]
106
Matemática – Tia Nastácia fez bolinhos! Conte quantos bolinhos há e represente
com risquinhos a quantidade. [Os alunos receberam uma folha com a imagem
para realizarem a atividade]
Lição de casa – observe a quantidade de frutas que há na árvore. Desenhe a
mesma quantidade de frutas na árvore ao lado e pinte-as.
Quantas frutas você desenhou?
Registre com bolinhas. [Os alunos receberam uma folha com a imagem para
realizarem a atividade]
107
eram mais apresentados e o total de exibições no mês. Quando não era
identificado que tipo de material foi exibido, ele foi classificado como “outros”.
Assim, podemos apresentar os seguintes resultados:
108
Como o interesse desta pesquisa se encontra exclusivamente na
utilização dos desenhos animados, a análise será filtrada para 17 vezes durante
o ano no Infantil 3, ressaltando-se em quais dias eles foram exibidos, sua relação
com o planejamento anual e com o Plano da escola e com qual objetivos e para
11 vezes no Infantil, valendo-se dos mesmos critérios.
41As professoras não explicitaram seus objetivos. Na forma como descreveram, eles se
assemelham mais aos procedimentos utilizados com a turma.
109
que a professora solicitou”), peças de encaixe, explorando a escola em busca de
formas geométricas, construção de objetos solicitados pela professora com
formas geométricas de E.V.A., lição de casa (ligue as formas iguais).
110
Páscoa”. Em Linguagem, no mesmo dia, os alunos devem acompanhar a letra
da música “Coelhinho Sabido” com o dedo e em Matemática a atividade consiste
em pintar os ovos com as cores que aparecem na música e, posteriormente,
representar com riscos quantos ovos foram pintados. Assume-se que tenha sido
apresentado um vídeo do Coelho Sabido, pois o desenho está disponível online,
mas como o registro é “leitura/vídeo”, não é possível determinar, com certeza, o
que foi realizado. A temática se estende até a quinta-feira, 14 de abril, quando o
Coelho da Páscoa visita os alunos.
111
temas diferentes e, no mesmo dia, foram trabalhados dois temas em sala de
aula: frutas e Festa Junina.
O desenho “Ana e as frutas” tem relação com o tema dos dias anteriores,
mas, no dia em que ele é apresentado às crianças, não há conversa ou registro
do desenho animado ou do tema “frutas” a não ser na lição de casa (observe as
frutas e circule a fruta que não se repete”).
112
Trazer elementos do tema “Praia”,
10/11 (Sexta-feira)
presente na unidade “Passeio à praia Matemática,
/ “Turma da
e brincando com a água” do livro Linguagem
Mônica na praia”
didático
Sem registro sobre atividade baseada nos desenhos animados. O dia dez
de novembro foi o último dia do ano letivo em que um desenho animado foi
exibido.
113
3.6.2 Educação Infantil 4: mês a mês
5 4 2 11 200 5,5%
24/3 (Sexta-feira)
Encontro
/Episódio do Sítio Apresentar uma história do Sítio do Pica-
Literária,
Março do Pica-pau pau Amarelo e relacioná-la à Semana
Conhecendo as
Amarelo: A pílula Literária
letras, Simetria
falante
114
Assim como no Dia das Mães, a festa do Dia dos Pais também movimenta
o planejamento das professoras, que apresentam músicas, confecção de cartão,
desenhos e pesquisas com as letras durante duas semanas. Nenhuma atividade
específica é feita com o desenho animado, embora ele faça parte do tema.
No dia 14/8, a história d’Os Três Porquinhos foi escolhida para a Leitura
Diária. Ela só retornou, em Natureza e Sociedade, três dias depois, quando os
estudantes tiveram uma série de títulos de história que deveriam ler
primeiramente e, em seguida, circular e ilustrar a história favorita (Títulos:
RAPUNZEL, JOÃO E MARIA, PINÓQUIO, CACHINHOS DOURADOS, JOÃO E
O PÉ DE FEIJÃO). No dia seguinte, a história estava persente em Linguagem.
Novamente, os estudantes tiveram uma série de título para ler (O PATINHO
FEIO, RAPUNZEL, JOÃO E MARIA, OS TRÊS PORQUINHOS) e deveriam
desenhar uma personagem de cada história. No caderno de Artes, Os três
115
porquinhos estavam na forma de um quebra-cabeça que deveria ser pintado,
recortado e montado pelos alunos.
116
4. AS VOZES DAS CRIANÇAS E DAS PROFESSORAS:
RESSIGNIFICANDO O DESENHO NO MOMENTO DA
BRINCADEIRA
117
bastante espontânea, inclusive em um momento em que não havíamos
programado. Ao final do dia 7 de dezembro de 2018, uma sexta-feira, procurei-
a para conversar sobre a possibilidade da observação. Ela estava na sala de
aula, em sua mesa, e as crianças estavam sentadas terminando uma atividade.
Ela disse que concordava com a observação, mas que eu também poderia
perguntar-lhe diretamente43. Em seguida, afirmou que leu as perguntas e
começou a desenvolver o assunto do desenho animado entre as crianças na
43Não foi possível gravar, pois a professora alegou “ter vergonha”. Fui anotando o que estava
sendo dito.
118
EDUCAÇÃO O conceito de desenho Eu passo algumas coisas Ainda brincam de
INFANTIL 4 hoje em dia é outro. Na [na sala de projeção] para super-herói,
festa de aniversário do apresentar alguns trazem bonecos
meu sobrinho de 4 anos, conteúdos. Por exemplo, de heróis (Homem
por exemplo, ele quis a na data da Independência. Aranha, Homem
decoração de um desenho É complicado apresentar de Ferro).
que eu nem sabia que este conceito para eles,
existia. Tinha uns então a gente assistiu um
personagens estranhos, episódio do Quintal da
um pedaço de pizza que Cultura que falava sobre
falava44. Eu lembro dos isso, as crianças
desenhos da época que a encenavam os
M. [filha de 12 anos da personagens e para eles
professora] estava no ficou mais fácil de
Infantil... era Monster High. entender. As referências
Antes tinha o Castelo Rá- que eu procuro são essas
Tim-Bum, uns programas do Quintal da Cultura,
bem legais que a gente alguns desenhos que a
usava. gente sabe que valem a
pena.
44Trata-se do desenho américa Uncle Grandpa, traduzido no Brasil como Titio Avô.
45Youtuber: Pessoa que utiliza a rede social Youtube como plataforma para divulgar conteúdos
diversos.
119
Segundo entrevistas e documentos oficiais, o desenho apenas representa
determinado conteúdo ou o reforça. Há poucas atividades ou registros escritos
com desenhos animados que tenham sido realizados pelos alunos. Os desenhos
animados com função de entreter são tão negligenciados quanto as brincadeiras
livres, pois, quando se perde o sentido de transmissão de conteúdos e se
enfatiza o caráter de entretenimento, tanto desenho animado quanto brincadeira
são desvalorizados.
120
Podemos, ainda, apontar outra permanência além da utilização de
programas da TV Cultura, que é a forma como as professoras obtém
informações sobre o que as crianças assistem em casa. Sua fonte primária ainda
são as crianças e suas conversas em sala de aula. Além da sala de aula, há
também o acompanhamento de filhos e sobrinhos ou outros membros da família,
mas não é uma regra geral. A escola, ainda, é um dos espaços onde as
informações fluem, além dos diálogos, as professoras têm à disposição o parque
e os momentos de brincadeira das crianças, quando podem observar quais são
os temas mais representados.
121
4.2 Desenho em sala de aula: análise de um caso
Até agosto de 2017, H., menino de 5 anos, era filho único. Em sua casa,
morava seu pai, sua mãe e ele. Quando sua irmã Z. nasceu, a rotina familiar
mudou e H. percebeu que o amor dos pais não era mais uma exclusividade. Sua
reação foi o que levou a mãe a procurar a escola.
48
Outras opções seriam: 1. Rendimento escolar; 2. Faltas; 3. Reforço escolar; 4. Solicitação da
escola; 5. Atrasos; 6. Aprendizagem; 7. Solicitação da família; 8. Outros.
122
aluno. Também no documento, a orientadora escreveu o que se passou no
encontro. Abaixo, alguns trechos.
123
de 4 anos que mora com seus pais e com sua irmã, Rosie, mas as situações
vividas pelo personagem também são compartilhadas pelos avós, pelos
vizinhos, pelo gato, e por amigos da mesma idade ou um pouco mais velhos. O
episódio indicado pela professora tem uma sinopse simples, trata-se da chegada
da irmã mais nova da maternidade com os pais e os conflitos causados pela
novidade.
4.3 Observação
124
• Os objetos utilizados deveriam ser encontrados e/ou construídos pelos
próprios alunos,
• Quando em grupo, a maior parte dos alunos deveria ser do Infantil 3
e, 4 ou do 1º ano.
125
4.3.1 Cenas do brincar
❖ Caso 1: SUPER-HERÓIS
Qual é a brincadeira
Dois meninos, A. e B., do Infantil 4, encenam uma briga entre dois bonecos de
super-heróis
Objetos/brinquedos utilizados:
126
Como se desenvolve
A.: na minha casa eu tenho o Batman e o Robin que minha mãe me deu.
❖ Caso 2: ESPADAS
Qual é a brincadeira
Um grupo de quatro crianças monta espadas para lutar.
127
formas, tamanhos e cores e outra com brinquedos e objetos diversos. Na parede
ao fundo, ficam as mochilas e lancheiras penduradas. Na parede direita, há mais
alguns brinquedos de montar, um bebedouro, a entrada para a sala da Educação
Infantil 1 e os banheiros. À frente, está a entrada pelo corredor e uma rampa que
leva às outras instalações (salas de aula, sala de vídeo, banheiros, cozinha,
bebedouros e pátio superior).
Objetos/brinquedos utilizados:
Peças de montar e encaixar.
Como se desenvolve
Crianças e professoras da Educação Infantil e primeiro ano se reúnem no pátio
na hora da entrada. Alguns alunos entram sozinhos, outros são trazidos por pais
ou responsáveis. A maior parte costuma brincar enquanto aguarda o chamado
da professora para entrar na sala de aula, as professoras e a coordenadora
interagem entre si, com os demais adultos e com as crianças. Um grupo com
três meninos e uma menina está do lado direito do pátio. As crianças estão
agachadas ou sentadas, entretidas com o brinquedo de encaixe. Unindo as
peças, é possível construir diferentes objetos e crias formas distintas. A escolha
dos alunos em questão foi montar espadas para um presumível combate.
Enquanto criavam, um dos alunos, F., dava o comando do que iriam fazer. Assim
que terminaram a montagem, as crianças correram para o outro lado do pátio
empunhando as espadas. A professora chamou F., aparentemente líder da
brincadeira, e perguntou:
Professora: F., isso aí é uma arma? Uma espada?
128
F. corre até a professora e responde:
F.: É a espada do Sasuke!
Professora: o que a gente conversou sobre esse tipo de brincadeira?
As crianças do grupo ouvem o diálogo e devolvem as espadas na caixa de
brinquedos de montar.
129
Fig. 12. Pátio de recepção dos estudantes e corredor de entrada. Arquivo pessoal.
130
Fig 13. Sala de aula da Educação Infantil. Fonte: arquivo pessoal
131
A.: Você sabia que ele [Superman] e o fazer. Assim que terminaram a montagem, as
Batman já brigaram? crianças correram para o outro lado do pátio
B.: Eles são inimigos. Eles já lutaram. empunhando as espadas.
Enquanto o diálogo se desenvolve, A.
pega o boneco do Homem Aranha e
investe contra o boneco do Robin, que
ainda está na mesa. Ele segue com a
conversa:
B: Eu não vi o Robin lutando com ele
[Superman].
A: O Homem Aranha não luta assim, ele
usa a teia.
A. continua investindo contra o boneco de
Robin e produzindo onomatopeias,
enquanto mexe o braço do boneco do
Homem Aranha para lanças as teias
imaginárias.
132
A interação entre as crianças funciona segundo adaptações que elas
mesmas fazem para que a brincadeira ocorra. No primeiro caso, a adaptação
acontece por meio da discussão sobre o que cada super-herói faz ou a qual
universo ele pertence. O diálogo travado em uma linguagem que ambos
conhecem, utilizando referências culturais (filmes, desenhos e HQ’s) nas quais
estão inseridos, possibilita a chamada “interação entre os pares”, explicada
anteriormente, dentro de um universo exclusivamente infantil. Nas palavras de
Bochorny (2012, p.94).:
133
O super-herói funciona de forma diferente. Ele pode ter uma força
exponencial, mas ela não é real. Ele pode lançar uma teia pelos pulsos, mas na
vida isto não existe. Por isso, são extensões mentais, elas permitem realizar um
desejo extra-humano, só possível no mundo da fantasia e da imaginação. Mas
há um paradoxo a respeito dessa questão: ao mesmo tempo em que o brinquedo
de super-herói expande os limites da imaginação sobrenatural, ele também limita
sua ação, uma vez que o boneco do Homem Aranha somente pode servir como
Homem Aranha, e o boneco do Batman só pode servir como Batman, eles são
demasiadamente literais. Na entrevista realizada com F. e G., turma da
Educação Infantil 4, também ficou evidente o gosto por super-heróis, como se
verifica em parte da transcrição das entrevistas, que serão analisadas mais
adiante:
134
ano, a Disney fatura mais de 40 bilhões de dólares com a licença
de todas as suas marcas.
São dados que refletem uma tendência do consumo que busca atingir ao
mesmo tempo adultos e crianças, pais e filhos. Duas gerações se conectam não
apenas pelo gosto pelo gênero, mas também pelo consumo do mesmo produto.
Se antes havia um esforço maior da indústria da propaganda para ensinar as
crianças, “a argumentar e importunar seus pais para comprar determinados
produtos [...] nos denominados ‘comerciais de importunação’” (BOCHORNY,
2012, p. 101). O problema foi parcialmente resolvido, envolvendo os dois nichos
no mesmo universo dos super-heróis, desenhos animados, filmes, brinquedos e
HQ’s.
50
Trechos disponíveis em: <https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/guerra-civil-uma-
milionaria-propaganda-para-vender-brinquedos-da-disney-bb9z77d1bqctvlxsofc9fjavf/> Acesso
em: agosto de 2019.
135
(HUIZINGA). Se o Homem Aranha não pode voar, e a criança possibilita que o
boneco voe, então ele não é mais o Homem Aranha. A regra, nesse caso, é
anterior à brincadeira da criança, pois surgem de suas fontes originais
(desenhos, HQ’s e filmes) e permeia a brincadeira. Se a regra é quebrada, a
brincadeira acaba. Por isso a criança A. alerta o colega de que “o Homem Aranha
não luta assim”. Ele se utiliza do recurso que ambos têm em comum, a linguagem
e a Cultura Lúdica, para restabelecer a lógica interna da ação do outro.
136
esta característica ocorre quando “a realidade interna predomina sobre a
externa” (2016, p. 5), pois se tratam de representações de personagens de
desenho animado que obedecem a uma lógica inerente ao próprio desenho, o
de pertencer ao universo da fantasia. Quanto aos brinquedos, podemos chamar
tanto a espada feita com peças de montar quanto os próprios bonecos já prontos
de super-heróis, pois o que lhes dá o sentido lúdico, em última instância é o uso
feito deles pelas crianças. Quando os pais guardam o Robin na caixa de
brinquedos, eles não estão guardando o herói, mas o objeto de plástico. Já
quando a criança o retira da caixa para brincar, o objeto de plástico se torna
novamente o herói.
QUADRO 25: ações das professoras
CASO 1 - SUPER-HERÓIS CASO 2 - ESPADAS
Os alunos do Infantil 4 recebem A brincadeira é encerrada quando professora
permissão da professora para brincarem proíbe brincadeiras com objetos que aludam à
após a breve atividade realizada após o violência. Crianças e professoras da Educação
lanche. Infantil e primeiro ano se reúnem no pátio na
A ação é interrompida quando a hora da entrada. As professoras e a
professora pede para que encontrem um coordenadora interagem entre si, com os
lugar para ficar. demais adultos e com as crianças. A professora
chamou F., aparentemente líder da brincadeira,
e perguntou: Professora: F., isso aí é uma
arma? Uma espada? F. corre até a professora
e responde:
F.: É a espada do Sasuke!
Professora: o que a gente conversou essa
semana sobre esse tipo de brincadeira?
137
a brincadeira cujo tema é violência, idealizada pelas crianças e que apresentem
armas, não é tolerável, enquanto levar brinquedos que aludam à violência —
super-heróis — é permitido.
O que esse tipo de brincadeira evidencia com clareza é o que foi afirmado
anteriormente sobre a brincadeira oferecer um espaço de segurança para a
criança agir e interpretar a sua realidade. Embora as atitudes infantis possam
parecer demasiado agressiva para os adultos, elas estão no nível do “faz-de-
conta”, em que tudo é permitido porque existe um limite que não pode ser
ultrapassado dentro das regras estabelecidas entre os pares. A mesma
discussão envolve os jogos de videogame. Existe o receio de que eles
influenciem a construção da personalidade do jogador, induzindo-o a replicar na
“vida real” o que faz nos jogos. Em defesa desse tipo de brincadeira e jogo,
citamos Brougère: “o meio favorece uma visão bélica que vai se exprimir no
desejo de possuir armas de brinquedo mais do que o inverso” (2010, p. 91).
Concordamos com Barbosa quando esta assume que “brincar com violência de
faz-de-conta é trabalhar com medos e angústias da vida real, desenvolvendo
consciência entre a diferença entre o que é real e do que não é, faz com que se
sintam fortes e protegidos” (2011, p. 48) diante de uma realidade que não podem
138
controlar. E se sentir forte e protegido é importante em um momento em que se
tem a notícia de que há atiradores matando pessoas dentro das escolas.
139
Assim como no caso da observação, por meio da pergunta “o desenho
animado é utilizado como brinquedo?” Com isso, procuramos atender aos
seguintes objetivos específicos:
140
QUADRO 26: ordem das entrevistas
Quem? Quando? Onde? Duração
Entrevista 1 E. e M., 1º ano 28 de fevereiro de Sala de aula 14m13s
– meninos 2019 – no início da
aula de Judô
Entrevista 2 J e La., 1º ano 8 de março de 2019 Parque superior 13m51s
– meninas – após atividade –
antes da aula de
música
Entrevista 3 F. e G., Infantil 14 de março de Parque superior 11m16s
4 – meninos 2019 – logo após o
lanche
Entrevista 4 V. e L., Infantil 15 de março de Parque superior 11m16s
4 – meninas 2019 – logo após o
lanche
141
Fig.15. Fotos do Pátio Superior. Fonte: arquivo pessoal
142
principais e elaboramos quadros51 com os trechos das respostas em que as
crianças respondiam direta ou indiretamente aquilo que foi questionado.
143
V: Até minha tia.
144
L: Hã,hã [sim]
V: E a Elena de Avalor é no Netflix
Em casa, existe um filtro dos pais para que as crianças assistam ou não
a determinados conteúdos. A mãe J., também Professora na escola, nos
reportou que ela costuma selecionar os desenhos que a filha vê, dando
preferência aos que passam no canal Discovery Kids. Também disse que
sempre que possível assiste os desenhos com a filha, para se certificar do
conteúdo e a criança ratificou o que a mãe dissera ao afirmar que “Ela [minha
mãe] só deixa eu assistir desenho que tem [...] no Discovery Kids”. O mesmo
ocorre com La., que corrobora o que a professora disse no capítulo anterior sobre
a relação entre as crianças, os pais e os conteúdos. Segundo La., “Gosto de
Luccas Neto, mas minha mãe bloqueou porque é muito bocó”. Aparentemente,
as meninas têm pouca companhia para brincar em casa. As meninas do Infantil
4 também contaram que os pais supervisionam o canal dos youtubers Felipe e
Luccas Neto.
145
La: Eu gosto de assistir Pantera Cor de Rosa.
J: Eu também!
La: Ela passava…
Entrevistadora: A prof. L. passava a Pantera Cor de Rosa. Você assistia onde
J.? Você não estava aqui, né?
J: Eu assistia no meu vô.
La: A professora passava a música, aí todo mundo fica assim … Tan tan tan…
Tem a cadeira, aí, aí … Todo mundo fica em pé, aí faz … Cheguei… Aí... Aí a
gente na cadeira faz assim…
146
Discovery Kids. As meninas do Infantil 4 contaram ter trazido a boneca da
Princesa Elena de Avalor (V.) e uma Barbie Bailarina.
52De acordo com a professora do turno da manhã da Educação Infantil 3, “as meninas falam
bastante de Ladybug, trazem os brinquedos”.
147
Fig. 16. Ladybug e Cat Noir. Fonte: Warner Theatre
148
pode não. Pode Inventar a bruxa e ela tem uma bruxa, ah, eu
não lembro o nome da bruxa então.
149
V: É, ela e o B. me enganaram da Corujinha vermelho e a
lagartixa verde, minha mãe é a lagartixa, mas ela é uma menina,
mas tudo bem.
150
Curiosamente, Ladybug é um desenho que tem cenas violentas e as
partes mais representadas pelas meninas referem-se ao momento m que a
protagonista se metamorfoseia em super-heroína e luta contra seus inimigos,
mas, juntamente com o que foi visto nas observações, em nenhum momento, as
meninas foram recriminadas. Algumas hipóteses podem ser levantadas para
explicar essa liberdade: 1) as Professoras compreendem que as meninas estão
interpretando um personagem, então a violência não parte delas, 2) em virtude
de a personagem ser uma mulher e por ser uma brincadeira “de meninas”, a
violência não é tão enxergada, embora seja bastante aparente. O estereótipo de
gênero, portanto, se faz valer: mulheres não são tão violentas e, por isso, o
desenho e as meninas não podem reproduzir nada tão violento a ponto de
merecer reprimendas.
151
Entrevistadora: Então eu queria que vocês me respondessem
qual desenho animado vocês gostam de assistir.
F: O maior desenho animado que eu gosto de assistir é
Minecraft.
entrevistadora: Minecraft? E você?
G: E o meu vídeo favorito é assistir o Luccas Neto.
Entrevistadora: Luccas Neto? E de desenho da Cartoon, da
Discovery Kids, qual você assiste?
G: Eu assisto a Peppa.
Entrevistadora: A Peppa? Qual mais? Você lembra mais algum?
G: Não.
Entrevistadora: Não? Tem desenho da TV Cultura que você que
vocês assistem?
G: Não tem.
F: Eu assisto TV Cultura
Entrevistadora: É? E o que você assiste lá?
F: Eu assisto aquela mulher que faz uma brincadeira com quem
aparece na TV dela. Eu tento, mas ela fala tão rápido que nem
dá para acompanhar de tão rápido.
Entrevistadora: Você disse que gosta de assistir o Luccas Neto?
Ou o Felipe Neto? Não lembro agora.
G: O Luccas Neto.
Entrevistadora: O Luccas Neto você vê também?
F:Aham.
152
porquinha que estrela o desenho destinado às crianças da primeira infância e
que “tem conquistado crianças de 0 a 4 anos porque representa a mentalidade
dessa faixa etária através de atividades do dia a dia que os pequenos gostam
como ir ao parque, nadar, andar de bicicleta e visitar os avós”54. Indício de que
a correspondência entre idade, desenho animado e maturidade não é tão linear
quanto se pressupõe.
54 Disponível em <https://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/11/febre-mundial-
peppa-cativa-criancas-e-pais-com-bom-humor-e-simplicidade.htm?cmpid=copiaecola> Acesso
em: agosto de 2019.
153
A popularidade do jogo é enorme e é o “jogo mais vendido da história do
videogame com 179 milhões de unidades”.55
154
Fig. 20: escavação subterrânea e ferramenta. Fonte. Nintendo
155
Fig.21. Desenho animado do “Star Wars” na versão Lego. Fonte: O Globo.
A autora afirma que há, nos jogos virtuais, uma linguagem inspirada em
parte na própria linguagem televisiva no que diz respeito à representação e
projeção, mesmas características levantadas do capítulo três quando
analisamos a linguagem e o papel desempenhado pelo desenho animado e
ainda, corrobora o que temos afirmado desde o início que é a influência da
56
“apresentam uma intimidade com os meios digitais e possuem a habilidade e competência de
realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo.” (COELHO, 2012, p. 89).
156
linguagem televizinha para desenhos animados mesmo que estes sejam
concebidos para canais digitais.
157
Fig. 23. Jogos animados disponíveis na página do Minecraft. Fonte: teammojang
158
O Minecraft também está presente no modo de brincar dos meninos. No
parque, eles contam e demonstram como assumem o papel do avatar na vida
real, andando pelo parque e fingindo carregar os materiais de construção. Na
sala de aula, os alunos dizem que a professora permite brincarem de Minecraft.
Quem faz a demonstração de como acontece, no caso, é G. enquanto F.
especificava “andando e segurando uma madeira e uma picareta”, mas também
afirmavam que dava para matar “zumbi, esqueleto e aranha” (G.). Existe um
universo na brincadeira dos meninos regulado pelo que assistem/jogam. Regras
internas da brincadeira são moldadas de acordo com o que o jogo possibilita.
Eles estão fora do virtual, mas não permitem infringir as leis postas pelo virtual.
Um exemplo disso é o fato de os meninos assumirem o papel do avatar, da
primeira pessoa, enquanto brincam. Não existe personagem secundário, todos
enxergam, no mundo da brincadeira, dentro da perspectiva de seu próprio
personagem. Não há, por exemplo, alguém assumindo a perspectiva do vilão,
de outro camponês/guerreiro etc. Todos os meninos, a partir do momento em
que assumem o avatar, são personagens principais.
159
A Lego (brinquedo) também é um dos brinquedos utilizados por F., mas fica difícil
saber se ele conhece o brinquedo pelos desenhos ou o contrário. A entrevista
dos meninos revela uma influência muito maior dos jogos de
videogame/celular/tablet em seu cotidiano do que no cotidiano das meninas. M.
e E. também citam como grande integrante de sua diversão outros jogos, como
se pode verificar abaixo:
160
M: Na nuca.
Entrevistadora: Na nuca. Qual o nome do golpe que você falou
M.?
M: Ah o Kamehameha.
Entrevistadora: É. O que é isso?
M: É o poder.
E.: É assim elas jogam uma bola...
M: Eles ficam super bravo, aí você usa o super sayajins, aí
depois quando você quer acabar com o cara com o
Kamehameha.
E.: Você faz uma bola assim ...
M: Uma bola de fogo com a mão...
E.: Uma bola de fogo com a mão e daí a bola de fogo sai né.
M: A bola tem azul, tem, tem e fogo.
E.: É, tem azul e vermelho.
Entrevistadora: É, isso destrói o outro cara ..
E.: Não aí, aí...
M: Dai ele vai para fora da terra.
E.: E ele voa e depende da força dele, né.
M: Dependem que Goku e o Vegeta não conseguiram derrotar
o Jirem ainda. Ele é bem mais forte.
E.: Nem os deuses.
M: Ô, Deus é bem mais forte que o Jirem.
58
Provavelmente referindo-se à propaganda, E. descreve o carrinho como “É aquele lá, que tem
um que anda na água. [...] E ele sobe e desce subidas”.
161
professora, eu acho que algumas professoras que eu estudava dessa escola
aqui elas punham vídeos, mas aí quando eu dormia e acordava no outro dia não
eu, eu, não lembrava qual vídeo eu assisti”. As declarações nos levam a inferir
que há pouca ligação entre os desenhos passados na escola e a memória afetiva
das crianças. Eles podem fazer parte de determinado conteúdo e podem até se
encaixar no planejamento e semanário das professoras, mas encontram pouco
lugar nas lembranças das crianças.
Não são desenhos que assistem porque gostam, mas porque são
obrigados a assistir. Às vezes nem se reconhecem nos personagens, fator
primordial para se envolver com programas de televisão, filmes e jogos, então,
não há motivo para mantê-los na memória em longo prazo. A respeito do modo
de comparação sobre o quanto a identificação direta é importante para as
crianças, quando iniciamos a entrevista com F. e G., ouvimos a seguinte
declaração de F:
162
F: [...] mas eu gosto mais de ver o vídeo do Felipe, porque o
Felipe tem, tem o ... começa com o ¨F¨ também e eu tenho um
xará que começa com ¨F¨ .
Entrevistadora: Um o quê?
F: Tem um xará que começa com ¨F¨
Entrevistadora: O que é isso?
F: É um xará, que tem o mesmo nome, que, igual o seu.
163
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto aos caminhos nos quais a pesquisa foi dividida, podemos citar os
capítulos. Para nós, eles se assemelham a um campo de escavação
arqueológico. Quando surgiu a ideia para desenvolver a tese, encontramos um
“pedacinho de cerâmica” em um “terreno inóspio”. Sozinho, ele não explicou a
sua função social. O que ele queria dizer? Qual era o seu significado? Responder
às perguntas iniciais exigia expansão do objeto para o seu arredor, com a
finalidade de criar um contexto. Isolamos o terreno e o separamos em distintas
seções de escavação, que resultaram nos capítulos. Em cada seção, um novo
dado e materiais capazes de nos auxiliar na composição do nosso contexto e na
leitura do tema principal. Sua separação ocorreu segundo as palavras-chave e,
ao final, os capítulos se uniram em um movimento simbiótico, conferindo
significado ao que buscávamos nas questões da pesquisa.
164
No primeiro capítulo, traçamos uma linha do tempo expondo as teorias da
educação que se tornaram base para o desenvolvimento da pedagogia atual.
Também explicamos como a dinâmica entre o significado de criança e infância
tem sido utilizada pelo poder público no Brasil. Buscamos, neste capítulo, olhar
para as leis que regem a instituição escolar, de modo a compreender o contexto
histórico em que a escola utilizada em nosso estudo de caso se encontra.
59Brougère (2010, p. 58) já pontuava que “o grande valor da televisão para a infância é oferecer
às crianças, que pertencem a ambientes diferentes, uma linguagem comum, referências únicas”.
165
de considerar o desenho animado como brinquedo e brincadeira se deve ao fato
de que ele se torna um objeto legítimo dentro do contexto escolar, podendo ser
manipulado de forma livre pelas crianças.
166
escolares que costumávamos gostar — seja pelo conteúdo em si ou pelo
Professor. O mesmo ocorre com os desenhos animados na escola. Se a criança
não participa de sua escolha e não vê proximidade suficiente com seu gosto
pessoal, o desenho se perde.
167
pessoas ou grupos a quererem se diferenciar dos outros dentro de uma
sociedade.
60Geek: pessoas que têm grande ligação em novas tecnologias relacionadas às diversas áreas
do entretenimento, como computadores, games, livros, filmes e cultura pop em
geral. (Tecmundo)
61A action-figure do personagem “Aranha de Ferro” é vendida por R$ 2490,00 na Toyshow, loja
commerce.
168
aula, “visto que podem tornar o acesso das crianças às mídias mais igualitário,
além de possibilitar um capital cultural necessário para que elas possam saber
utilizá-los de forma mais produtiva” (SILVA, 2015, p. 161).
169
qual ela está inserida. Afastar ou negar a influência da televisão, da internet e de
outros meios de comunicação, é afastar também novas possibilidades de pensar
o mundo da criança e a consequência é o encerramento de diferentes canais de
comunicação que se poderia ter com ela.
170
REFERÊNCIAS
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em: agosto de 2019.
182
ANEXOS
183
5. Roteiro de questionário semiestruturado utilizado para a
entrevista e conversa com as professoras
184
6. Transcrição da entrevista com as crianças
186
entrevistadora: E qual você traz?
G: Eu não lembro.
Entrevistadora: Na sexta feira, amanhã é dia de brinquedo, qual você está
pensando em trazer?
F: Eu estou pensando em trazer um… Estou pensando em trazer um
...Brinquedo muito legal
Entrevistadora: Qual?
F: Um boneco.
Entrevistadora: De quem? Você lembra?
F: Um boneco do Hulk e do Capitão América.
Entrevistadora: Vocês já assistiram o desenho do Capitão América?
G: Eu já.
Entrevistadora: Já? Você gostou?
G: Eu já vi o filme.
G: Eu vi um filme.
F: Eu vi o filme do Capitão América e do Tony Stark.
Entrevistadora :O Homem de Ferro, né? E vocês assistem o desenho deles
também, na televisão ou só o filme?
F: Eu só assisti o filme deles.
Entrevistadora: E você?
G: Eu assisto no desenho e no filme.
Entrevistadora: E você tem o bonequinho?
G: Não.
Entrevistadora: E amanhã você vai trazer o que no dia do brinquedo?
G: O Sonic boneco.
Entrevistadora: O Sonic, eu vi esse boneco semana passada. Vídeo game?
G: Não.
Entrevistadora: Como você conheceu o Sonic?
G: O meu pai ele pagou um jogo do Mario tem que pagar que é do videogame e
eu ganhei esse jogo lá no pagando no … O meu papai pagou no no cartão dele
de onze era seis... eu não lembro e depois, e eu joguei um jogo novo.
Entrevistadora: E era um jogo de vídeo game ou tablet, você lembra?
G: De celular.
Entrevistadora: Então amanhã você vai trazer os bonecos é isso?
F: Eu tenho o do Thor, do Hulk e do Capitão América, o do Tony Stark eu não
sei onde que ¨tá”.
Entrevistadora: E como vocês brincam com os bonecos?
F: A gente brinca fingindo que eles têm vida própria daí eles conversam com os
super-heróis, a gente brinca disso.
Entrevistadora: E tem o vilão? Alguém é o vilão?
F: A gente finge que o Hulk é o vilão porque o Hulk é o mais forte do mundo.
Entrevistadora: E vocês brincam sozinhos ou brincam com os outros amigos?
F: A gente brinca junto com os outros amigos.
187
Entrevistadora: Aqui no parque que tem mais espaço vocês brincam de super-
herói também ou de Minecraft?
F: Aqui, aqui no parque que tem mais espaço a gente brinca.
G: O Minecraft é assim óh (demonstra com o corpo)
F: De Minecraft e brinquedos aqui e a gente brinca com os brinquedos do parque.
Entrevistadora: Minecraft é como que você falou? Andando e segurando o quê?
Me explica a brincadeira.
F: Andando e se, segurando uma, uma madeira e uma picareta.
Entrevistadora: Porque é de construção o Minecraft e vocês brincam que estão
construindo o quê aqui no parque?
G: Com uma casa.
Entrevistadora: Com o Minecraft dá para fazer tudo isso?
G: Assim, ó, e matar monstro.
Entrevistadora: Mata monstro também no Minecraft?
G: São zumbis, esqueleto, aranha...
Entrevistadora: Ah, você viu zumbi no Minecraft também?
Indefinido: Hum hum.
Entrevistadora: Não tem o jogo também no computador ou no celular?
F: Eu tenho.
F: Eu tenho só que no celular e o jogo do Mario.
Entrevistadora: E você joga?
F: Sim eu consegui salvar a princesa na primeira fase, na dois fase e agora na
fase três que a fase três é muito difícil.
Entrevistadora: Na fase três no celular como é que funciona?
F: No celular, no celular tem umas coisas que quando você aperta dá para pegar
na abelha, mas só que resto está com o cadeado fechado, quando você vai para
outro nível você consegue a algumas coisas num negócio de pegar madeira, de
árvore.
Entrevistadora: Na sala de aula o espaço é menorzinho, vocês conseguem
brincar lá às vezes?
F: Eu consigo.
G: Um pouquinho.
Entrevistadora: Um pouquinho? E como que é?
G: A gente brinca de Minecraft assim ... a sala é desse jeito (sons imitando o
jogo)
Entrevistadora: Construindo as coisas, andando e construindo a sala com a
professora L.
F: Huhu...
Entrevistadora: E ela deixa tranquilo?
G: Sim.
Entrevistadora: É? E o que mais dá para brincar na sala que vocês já tentaram?
F: Eu não lembro.
G: Eu também não.
188
Entrevistadora: Vocês já gostam bastante de Minecraft então, vocês falaram
bastante em Minecraft. Com as meninas vocês brincam?
F: Huhu...
Entrevistadora: Do quê?
F: Os meninos brincam de boneca e os meninos não gostam de boneca.
Entrevistadora: Será? Você já viu, ofereceu os bonecos para elas?
F: A gente tenta, mas elas, a A., protege as meninas a A., as meninas não nunca
conversar com os meninos só conversa com o resto das meninas.
Entrevistadora: Entendi. ¨Tᨠbom, então acho que é isso, menino. Vocês têm
mais alguma coisa para que vocês gostam de desenho animado ou de
brinquedos?
F: Eu gosto de brincar com, eu gosto de brincar de Lego
Entrevistadora: Lego é legal também. Viu que tem o filme do Lego?
F: Eu vi o desenho do Lego.
Entrevistadora: Você viu já assistiu?
F: Huhu...
Entrevistadora: Como é esse desenho do Lego?
F: O desenho do lego tem tipo policial, tem desenho animado de Lego de policial
e tem de caça ao tesouro mas, só que às vezes tem algumas aventuras.
Entrevistadora: Gosta de mais alguma coisa que você quer dizer e eu esqueci
de perguntar, de desenho ou de brincadeiras?
G: Não.
Entrevistadora: Não? Agora sim, acho que é isso então.¨Tᨠbom, gostaram de
gravar? É? Ficou parecido com o Luccas Neto ou com o Felipe Neto? O que
que você achou?
F: Eu gostei, eu parecia o Felipe Neto e o Luccas Neto!
Entrevistadora: ¨Tᨠbom.
G: E, eu pareço o Luccas Neto?
Entrevistadora: Você acha que ele parece o Luccas Neto?
G: Olha que eu sou….
F: Olha que eu sou todo atrapalhado.
G: Que o Luccas Neto é todo atrapalhado.
Entrevistadora: Ele não parava de cair né? Ele caiu umas cinco vezes aqui já.
Entrevistadora: Então meninos, obrigada viu?
F: Ainda bem, que eu estava com calor.
G: Tchau.
189
Entrevistadora: E o seu nome?
V: Não na verdade eu tenho cinco, eu já fiz cinco. V. meu nome.
Entrevistadora: E você?
L : Cinco e L..
Entrevistadora: Cinco e Laís
V: As duas temos cinco anos
Entrevistadora: E vocês duas estão no Infantil Quatro com a prof.L., é isso?
L: Sim
Entrevistadora: Então, como eu tinha falado pra vocês, eu tinha conversado
ontem sobre desenho animado eu perguntei para eles e eu quero de saber de
vocês agora também qual desenho animado vocês gostam de assistir em casa.
V: Eu gosto da Elena
Entrevistadora: E você, L.?
L: É do Luccas Neto.
Entrevistadora: Luccas Neto? O Luccas neto é um Youtuber, né?
L: Hã,hã [sim]
V: E a Elena de Avalor é no Netflix
Entrevistadora: No Netflix? E desenho que não seja Youtuber você gosta de
algum?
L: Não
Entrevistadora: Só o Luccas Neto?
L: É
Entrevistadora: Você não gosta da Elena também?
L: Elena de Avalor sim, ¨mó¨ legal né?
V: Eu trouxe a Elena de Avalor de boneca.
Entrevistadora: Hoje? No Dia do Brinquedo? E como é que você vai brincar com
a Elena hoje, com a boneca, como você brinca?
V: Eu brinco com que ela vem com um cetro e eu brinco de varinha com ela.
entrevistadora: E o que ela faz? Me explica por que eu nunca vi, me explica.
V: Ela faz magia e emoção como os amigos.
L: No desenho né.
190
V: com os amigos dela. Ela faz emoção e amizade, amizade não, magia.
Entrevistadora: No desenho você falou, né?
V: No desenho
Entrevistadora: E quando você está brincando aqui na escola como é que você
faz a magia e emoção?
V: Eu faço tipo, tipo um momento de amizade com varinha, sabe? A gente faz
emoção com, com a varinha e pode… Não, pode não. Pode Inventar a bruxa e
ela tem uma bruxa, ah, eu não lembro o nome da bruxa então.
Entrevistadora: Mas você brinca com as meninas e com os meninos aqui na
escola de Elena? E como é que eles brincam com você? Todo mundo participa?
V: Sim
Entrevistadora: E todo mundo gosta de brincar? Você escolhe os vilões ou eles
escolhem?
V: Eu escolho o vilão.
Entrevistadora: Você me falou que gosta do Luccas Neto. E da Elena também
você falou alguma coisinha que você gosta, né?
L: Elena de Avalor
Entrevistadora: O que mais você assiste em casa?
L: É...eu assisto Chiquititas quando minha mãe vai trabalhar.
V: Eu também gosto das Chiquititas.
Entrevistadora: Mas tem um monte de gente que gosta da Chiquititas
V: Até minha tia.
Entrevistadora: E o que mais você assiste L.? Você assiste Cartoon Network ou
Discovery Kids?
L: Discovery Kids
Entrevistadora: O que que passa lá que você gosta ?
L: É… Não lembro
Entrevistadora: E sua mãe gosta que você assista Luccas Neto, seu pai deixa?
V: Eu só assisto um dia, por dia
Entrevistadora: Um episódio por dia?
V: Huhu
L: Eu também assisto um episódio por dia o Luccas Neto, o outro não
191
Entrevistadora: E quem escolhe?
L: O que?
Entrevistadora: E quem escolhe o episódio que você vai assistir? Você?
L: Não, é que eu não escolho, ele vai indo. Ele vai indo, ele vai indo até acabar
o episódio
Entrevistadora: Entendi.
L: Depois sai outro
Entrevistadora: E a aqui na escola, vocês estavam no ano passado com a prof.
I;. vocês lembram qual desenho ela [a professora do não anterior] passava aqui
na escola? Lá no vídeo? Eu acho que os meninos falaram da… da Peppa
L: Lembro
Entrevistadora: E esse ano a Prof. L. vai com vocês também assistir desenho?
V: Sim. A gente assistiu um muito engraçado, a gente assisti todos os
engraçados.
Entrevistadora: De qual? Qual que é o nome?
V: É tipo… Um cocoricó, tipo algumas assim engraçadas.
Entrevistadora: E na sala de aula o espaço é menor para vocês brincarem, né,
vocês brincam do quê lá?
V: Eu brinco tipo (tosse) eu brinco com coisas legais, sabe?
Entrevistadora: Hum
V: Tipo a Elena que eu ganhei de aniversário, ela ainda é nova, eu nunca trouxe
ela é a primeira vez, eu trouxe no meu aniversário que eu ganhei de presente (ri)
engraçado
Entrevistadora: E você L.?
L: Hã
Entrevistadora: Você brinca do que na sala?
L: Na sala, eu trouxe hoje uma boneca bailarina que é uma Barbie.
Entrevistadora: Uma Barbie bailarina? Você já viu algum filme dela?
L: Ela tem uma coroa e um colar
Entrevistadora: É, acho que já vi essa boneca, acho que eu vi lá na sala. Você
já viu aquele desenho da Barbie que também Barbie Bailarina? Tem uns
desenhos dela, né.
192
L : Sim , vi.
Entrevistadora: Você gostou?
L: Sim
Entrevistadora: Você já brincou de ser bailarina também de Barbie?
L: Já. Eu faço Ballet.
Entrevistadora: Do que vocês vieram fantasiadas no carnaval?
L: Eu vim de Flamingo
V: E, e, eu vim de Corujinha, então ela voa.
Entrevistadora: De flamingo e Corujinha, dois animaizinhos
(Crianças rindo)
V: Ah, sabia que a Coruja é uma heroína que tem amigos que chamavam uma
lagartixa e outro um menino gavião e ele voa e tem , tem….?!
Entrevistadora: Onde você vê tudo isso?
V: PJ Masks
L: PJ Masks eu já assisti
Entrevistadora: Eu nunca assisti. Aqui no parque você vem brincar, gostam de
brincar mais do quê?
V: Eu gosto mais do é. Desse daqui, ó, é aquele lá, que tem dois escorregas, um
é túnel o outro é normal.
Entrevistadora: O brinquedão né?
V: É, o brinquedão
L: Eu gosto de brincar no Brinquedão também e na casinha
Entrevistadora: Na casinha você brinca do que L.?
L; De mamãe e filhinha
V: Eu gosto, eu gosto mais do escorregador lá atrás de você
L: De mamãe e filhinha
V: E da piscina de bolinha
Entrevistadora: De mamãe e filhinha?
L: E de brincar de amarelinha lá
Entrevistadora: A amarelinha ali é legal no tapete também, né?
193
V: Só que não tem a pedrinha aí a gente faz mesmo sem a pedrinha
Entrevistadora: Pode jogar outra coisa, vocês pegar alguma coisa ali na cozinha
ou no salão e fazer de pedrinha, alguma coisinha pequenininha, depois né?
L: É
Entrevistadora: É uma boa ideia também. Então aqui no parque vocês gostam
mais de brincar no brinquedão e na piscina de bolinha porque tem mais espaço,
é isso?
Indefinido : É
Entrevistadora: Acho que é isso então meninas. Vocês têm mais alguma coisa
para falar que vocês gostam de assistir?
L: Eu tenho.
V: Eu gosto da também da PJ Masks sabe? Por isso eu vim de Corujinha.
Entrevistadora: Ah, Sabe o que ia perguntar que eu esqueci?
Indefinido: O quê?
Entrevistadora: Vocês brincam com os meninos juntos também?
Indefinido: Sim
Entrevistadora: Junto?
Indefinido: Sim, sim
Entrevistadora: Do que vocês brincam?
L: Eles só querem brincar de armas, de armas, mas não pode brincar de arma.
Entrevistadora: E de super-herói eles brincam com vocês também?
L: Não
Entrevistadora: Não?
V: Não, eu gosto mais da Corujinha porque é uma heroína menina
Entrevistadora: Ela é um desenho? É? Onde se passa?
V: Na Netflix
Entrevistadora: Quando você brinca de Corujinha, como você brinca?
V: Eu brinco com meu pijama da Corujinha. Eu venho de pijama da Corujinha
sabe.
Entrevistadora: Aí você, quando você brinca de Corujinha, você é a Corujinha?
194
V: É, ela e o B. me enganaram da Corujinha vermelho e a lagartixa verde, minha
mãe é a lagartixa, mas ela é uma menina mas tudo bem.
Entrevistadora: Mas não tem problema. E você faz o que, caça sua mãe? Tem
um vilão? Como é que é a Corujta?
V: A Corujinha ela é tipo uma corujinha vermelha que tem mais poder e, ela é
uma menina, na verdade todos são uma pessoa, sabe.
Entrevistadora: Humm
V: Aí eles têm um reloginho, não igual desses, sabe?
L: Ô tia
V: Que eles apertam no meio aí eles viram heróis.
L: Eles têm um reloginho igual ela? e eles apertam assim oh ¨pic¨ aí eles viram.
V: Eles fazem assim, assim e assim até virar todos.
Entrevistadora: Por isso que você usa relógio também, V.?
V: Não, porque não é vermelho, o da Corujinha é vermelho, mas eu uso relógio
só pra ver as horas.
Entrevistadora: E aí quando você vai brincar de Corujinha você tem um relógio
especial?
V: Sim
Entrevistadora: Poxa que legal! Então meninas, tem mais alguma coisa que
vocês queiram falar de desenho e de brincadeira que vocês gostam
V: Eu não
Entrevistadora: Quer, L.?
L: Eu não.
Entrevistadora: ¨Tᨠbom, obrigada.
195
M: Sim.
E.: Tia L.
M: É tia L.
Entrevistadora: Tia L, vocês estavam no Infantil quatro, né?
Juntas: É.
Entrevistadora : E no outro ano era…
M: Infantil 3.
E.: Infantil 3 e depois a prof. I..
Entrevistadora: Você também M.?
M: uhum
Entrevistadora: Também? E vocês lembram o que faziam no infantil 4 com a
prof. L.?
M: Ah, com a prof. L. a gente ouvia algumas músicas.
E.: no começo da aula.
M: É…
Entrevistadora: É? E vocês lembram se tinha desenho que ela colocava para
vocês assistirem?
M: Muitos desenhos.
Entrevistadora: Quais vocês mais gostavam de ver?
E.: Não sabemos.
Entrevistadora: Não sabe, não lembra?
E.: A gente, a gente lembra de alguns, mas não lembra de todos, não
sabemos.
Entrevistadora: Aqui na escola vocês não lembram né, mas em casa vocês
assistem desenho animado?
E.: Assiste.
M: Sim.
Entrevistadora: E quais que vocês gostam de assistir?
E.: Sei não. Eu gosto de assistir um monte do Cartoon, tipo... do Cartoon.
Entrevistadora: Todos do Cartoon? Tem algum que você lembre o nome que
você assiste mais?
196
M: E. você sabia que tem Barbie no Cartoon?
E.: Dragon Ball, Dragon Ball e…
M: Ah, Dragon Ball não tem mais ...
E.: Dragon Ball e Pokémon.
M: Não assiste mais, só na tevê.
Entrevistadora: Só na tevê aberta, no Cartoon não tem mais Dragon Ball …
Entrevistadora: Qual que tem no Cartoon vocês lembram?
M: Eu lembro.
E.: No Cartoon tem Steven.
M: Toon Tubers. Tem outro de futebol, lá, você lembra? Tsubasa.
E.: Sim.
Entrevistadora: Qual é o nome?
M e L.: Tsubasa.
Entrevistadora: Tsubasa?
M: É o nome do menino, é que a gente não sabe o nome do desenho.
E.: É Tsubasa.
Entrevistadora: Se chama Tsubasa?
M: Sim.
Entrevistadora: Certeza ou é só o nome do menino?
M e 2: É só o nome do menino.
Entrevistadora: Ah … E quando vocês assistem, vocês costumam comprar os
bonecos e os brinquedos?
E.: Não.
M: Não.
Entrevistadora: Você não assiste na tevê aberta M., Pokemón?
M: Eu assisto...
Entrevistadora: E, em casa, deixa eu perguntar uma coisa para vocês, vocês
gostam de brincar em casa?
E e M: Sim.
Entrevistadora: Do que vocês costumam brincar?
197
E.: Eu, eu fico no tablet o dia inteiro jogando.
Entrevistadora: Jogando o que?
E.: Free Fire.
M: Eu fico com meu irmão está jogando Fortnite eu venho lá em cima e jogo no
celular dele que, que tem um jogo de Dragon Ball, aí depois quando eu canso
de jogar aquilo, eu desço e jogo Mario Kart
Entrevistadora: Mario kart. O E. eu não entendi o que você falou, qual que é o
jogo?
E.: Free Fire.
Entrevistadora: Free Fire ?
E.:É.
Entrevistadora: Como é que é esse jogo?
M: Meu irmão joga Fortnite.
Entrevistadora: Fortnite.
E.: É assim, você cai numa partida, aí você joga, é um jogo de arma, você tem
que ir equipando, aí você tem que sobreviver a todos os caras para ganhar,
ninguém pode te matar.
Entrevistadora: E é no tablet?
E.: É, é que nem Fortnite.
Entrevistadora: Ah …
M: É mesmo.
Entrevistadora: E…
M: Fortnite é igualzinho.
Entrevistadora: E com boneco, caminhão, essas coisas, vocês costumam
brincar?
M: Eu já brinquei no Integral.
E.: Às vezes ...A gente gosta mais de carrinho de controle remoto.
Entrevistadora: Vocês têm alguma coisa?
M: Eu tenho um boneco do Pokémon, mas é super lendário.
E.; Eu só tenho carta.
M: Meu irmão tem muito mais carta.
198
Entrevistadora: E com os bonecos, vocês brincam como? Como é que
funciona? Você lembra?
M: Ele não funciona.
E.: E aquele negócio que disse do carrinho, a gente gosta mais de controle
remoto, helicóptero de controle remoto.
Entrevistadora: Você falou do Dragon Ball que vocês gostam de ver.
M: Eu gosto de ver Dragon Ball.
Entrevistadora: Vocês brincam de Dragon Ball..?
E.: Sim.
Entrevistadora: Como é que é isso ?
E.: Tipo, são os heróis que podem se teletransportar.
Entrevistadora: E como você faz para se teletransportar?
M: Kamehameha.
E.: É que eu, eu ...
M: você gosta de jogar a pessoa para longe aí ela se teletransporta e dá um
chute na nuca.
Entrevistadora: Chuta onde?
M: Na nuca.
Entrevistadora: Na nuca. Qual o nome do golpe que você falou M.?
M: Ah o Kamehameha.
Entrevistadora: É. O que é isso?
M: É o poder.
E.: É assim elas jogam uma bola...
M: Eles ficam super bravo, aí você usa o super sayajins, aí depois quando você
quer acabar com o cara com o Kamehameha.
E.: Você faz uma bola assim ...
M: Uma bola de fogo com a mão...
E.: Uma bola de fogo com a mão e daí a bola de fogo sai né.
M: A bola tem azul, tem, tem e fogo.
E.: É, tem azul e vermelho.
Entrevistadora: É, isso destrói o outro cara ..
199
E.: Não aí, aí...
M: Dai ele vai para fora da terra.
E.: E ele voa e depende da força dele, né.
M: Dependem que Goku e o Vegeta não conseguiram derrotar o Jirem ainda.
Ele é bem mais forte.
E.: Nem os deuses.
M: Ô, Deus é bem mais forte que o Jirem.
Entrevistadora: Vocês brincam do que mais na escola?
M: Eu já brinquei na outra escola de Pokemón.
Entrevistadora: E você…
M: E de futebol.
E.: A gente costuma ir lá no parque brincar de futebol, mas agora que mudou o
parque está mudando para um campinho de futebol, é difícil de tirar e a gente
não consegue brincar de futebol direito.
Entrevistadora: E aí você brinca do que?
E.: De futebol a gente fica chutando a bola.
Entrevistadora: E quando não é futebol?
E.: Aí a gente arruma uma, uma coisa para a gente brincar tipo pega-pega, fica
nos brinquedos.
Entrevistadora: Você também M.? O que você faz lá no parque?
M: No parque eu brinco.
Entrevistadora: Do que?
M: Oua...
E.: De um monte de coisa, a gente tem, brinca junto.
M: No Infantil quatro eu já brinquei de basquete muitas vezes.
Entrevistadora: Você acertava as cestas?
M: Acertava todas as vezes.
E.: É no infantil quatro a gente gostava de brincar disso e todas as vezes bola
no meu time.
E.: Mas o L. jogava no gol. E, e meu amigo perdeu para a gente de, de, era
time de três, era o Lucas o meu goleiro, eu, meu atacante que podia atacar e
era eu, aí...
200
M: sabe que ...
E.: Aí o Henrique, o Miguel para quebrar todo mundo porque só quebrava, aí,
eu que até que era bom, aí ele perde de 10x02.
Entrevistadora: De 10 a 2?
E.: É né M.?
Entrevistadora: É difícil jogar futebol na sala aqui, porque é pequeno né?
E.: É, tipo tem vezes que a gente traz umas bolas achando que vai para o
parque, a gente faz muita arte e a professora fala que não vai ir e a gente traz a
bola.
Entrevistadora: E aí aqui na sala quando fica brincando aqui na sala vocês
brincam do que?
E.: A gente tipo assim, oh, tipo eu faço arte eu vou para outra mesa, eles vêm
para minha mesa ou eu vou para a mesa deles.
Entrevistadora: Pra brincar do que?
E.: De todas as coisas.
M: Quando não pode bola o E. trás slime.
E.: É.
Entrevistadora: O que é isso, E.?
M: É uma meleca bem grande azul, pode ser azul ou vermelho...
E.: A gente faz slime...
M: Laranja...
E.: A gente faz slime é cola, tinta, espuma de barbear, um monte de coisa.
Entrevistadora: No Dia do Brinquedo que é Sexta-feira vocês trazem o que, ou
não trazem nada?
E.: A gente traz sempre, quando não esquece de trazer as coisas, trago minha
slime, eu costumava trazer meu tablet todo dia do brinquedo, mas proibiu né.
M: Proibiu porque ele estava jogando jogo, jogo que não pode, que era de
terror, né E.?
E.: Não foi por causa disso, acho que. Acho que é porque a Tia Lourdes
[diretora da escola] ...
M: Cortou o cabelo?
E.: Tia Lourdes proibiu coisa eletrônica.
201
Entrevistadora: Isso.
E.: Tipo eu tinha um radinho de...
M: Até no integral proibiu.
E.: Eu tinha um radinho...
Entrevistadora: Em todo lugar, até no integral.
E.: É até no Integral, eu vi, uma menina falou.
Entrevistadora: M., você traz o que no dia do brinquedo?
M: Eu trago algumas coisas.
E.: Tipo…
Entrevistadora: O que você prefere trazer?
E.: Carrinho…
Entrevistadora: qual seu brinquedo?
E.: Carrinho, né, Da Hot Wheels, né?
M: Carrinho, Pokémon…
Entrevistadora: Você falou que tinha um Pokémon super especial, qual que era
o termo…?
M e 2: Lendário, raro...
Entrevistadora: O que é que isso?
M: É um Pokémon bem …
E.: Pikachu?
M: Não, não, é bem lendário, muito lendário.
E.: Ôôô…
M: É mais forte que o Pikachu.
E.: Tinha uma banca ali que vendia um monte de carta.
M: E, eu ...
Entrevistadora: E esse Pokémon Lendário?
E.: Pokémon Lendário são os melhores Pokémons, meu irmão tem muitos
desses Pokémons lendários aí ... Está quase completando a coleção.
Entrevistadora: Eles são bonequinhos?
202
E.: É umas cartinhas que ele tem de uma banca ali, vendia um monte de tipo
carta. Mas tipo assim, não era um monte de coleção, daí meu irmão, já, ele, lá
no futebol dele, gostaram de trocar carta e ele...
M: De Pokémon.
E.: Ele tinha um monte de carta, ele só trocava carta Pokémon, aí ele comprou
uma Pokémon e aí eu não sei qual que comprei, eu acho que elas eram só pra
crianças mesmo. Fiquei dando tudo.
Entrevistadora: E você M. seus Pokémons lendários? Você tem bastante?
E.: Ele tem bastante, mas eu só tenho ...
M: Eu tenho cartas também, mas...
Entrevistadora: Só para eu entender, Pokémons Lendários não bonequinhos,
são cartas?
M: É, cartas, e podem ser bonecos.
Entrevistadora: Podem ser bonecos, mas você só tem cartas?
M: Eu tenho boneco e cartas porque o meu irmão falou.
Entrevistadora: Hum, entendi, vocês querem ir pro futebol agora, já deu a hora
né?
E.: Pode ser.
Entrevistadora: Então vamos lá, obrigada meninos.
203
LA: Eu gosto de Barbie, eu gosto de fada, gosto de Mickey…
Entrevistadora: Você vê desenho na TV também, J.?
J: Vejo.
Entrevistadora: Qual você gosta de ver?
J: Eu gosto de ver… Eu gosto de assistir Lady Bug que passa no Gloob e eu
gosto de assistir Doc. com meu irmão.
Entrevistadora e LA: Doc.?
J: É …
Entrevistadora: Que desenho que é esse? Nunca ouvi falar. Onde que passa?
J: Passa no Discovery Kids, aquele banco lá…
LA: E eu gosto de Parquinho… gosto de… Pode ser um vídeo?
Entrevistadora: Pode.
LA: Gosto de Luccas Neto, mas minha mãe bloqueou porque é muito bocó, eu…
é meu castigo.
J: A minha mãe não me deixa assistir, de tão brava que ela é… Ela só deixa eu
assistir desenho que tem, que tem só, no Discovery Kids, não, não posso assistir
coisa feia coisa maluca não que, que fica…
LA: Senão você fica maluca…
Entrevistadora: Qual que era L., que você falou? Luccas Neto ou Felipe Neto?
LA: Luccas Neto e Felipe.
Entrevistadora: Aqui na escola vocês assistem desenho também?
J: Sim, a gente assiste história também…
LA: Eu gosto de Turma da Mônica também, que eu tenho todos os gibis.
Entrevistadora: Você tem os gibis e assiste os desenhos, as duas coisas?
J: Eu também, eu também tenho todos os gibis…
Entrevistadora: E os desenhos L, você vê?
LA: Eu vejo aqui, a J. vê aqui, a L vê aqui, o E. vê aqui, o M. vê aqui…
Entrevistadora: Mas aqui na escola qual mais a gente pode assistir? Tem a
Turma da Mônica que você falou que a gente vê, qual mais J. você lembra? Na
escola?
J: A gente assiste mais Turma da Mônica mesmo…
204
LA: Mas tem mais…Que você não falou.
Entrevistadora: Ano passado que era a prof. L, você lembra qual ela passava?
J: Hum… Ela passava… alguns desenhos animados. Aí … ela passava... Turma
da Mônica.
Entrevistadora: Caillou ela não passava né, ou ela passava, você lembra? Caillou
aquele carequinha?
J: Ah, não…
Entrevistadora: Ahn..
LA: Eu gosto de assistir Pantera Cor de Rosa.
J: Eu também!
LA: Ela passava…
Entrevistadora: A prof. L. passava a Pantera Cor de Rosa. Você assistia onde
J.? Você não estava aqui, né?
J: Eu assistia no meu vô.
LA: A professora passava a música, aí todo mundo fica assim … Tan tan tan…
Tem a cadeira, aí, aí … Todo mundo fica em pé, aí faz … Cheguei… Aí... Aí a
gente na cadeira faz assim…
Entrevistadora: Mas isso com a Prof. L ou com a prof. M.
LA: Com a prof. L., aí a gente faz assim, e aí assim...
Entrevistadora: Hoje ainda, com a Prof. T., faz? Não faz mais?
LA: Não, a Prof. T. agora é só Turma da Mônica, mesmo. Ela vai começar agora
com A Chapeuzinho Vermelho.
Entrevistadora: E quando tem, por exemplo, aqui na escola, Dia do Brinquedo
ou semana passada que foi o Carnaval, vocês vieram vestidas, você veio de
princesa que eu lembro J., o da L eu não lembro o que era.
J: Não, ela veio de bailarina azul.
Entrevistadora: bailarina azul…
LA: Eu vim… de … Ariel.
Entrevistadora: Moana, não foi?
L e 2: Não foi Ariel…
Entrevistadora: Quem veio de Moana, então?
J: A Beatriz.
205
Entrevistadora: Você veio de Ariel e você veio de bailarina Azul. E… A fantasia
de vocês, vocês se inspiraram onde para vir? Onde que vocês tinham visto
antes?
LA: Era da minha irmã.
J: Eu também já tinha.
Entrevistadora: É uma Ariel diferente. A Ariel... você viu o desenho já?
LA: Eu … gosto muito de Ariel… Muito, muito, muito…
Entrevistadora: E você J., você já assistiu esse também?
J: Já, só que meu pai trabalha num lugar de jogo e ele baixou os desenhos, que
aí quando está sem internet eu posso assistir em qualquer lugar
Entrevistadora: Sério? Quais desenhos ele baixou para você?
J: Ele abaixou My Little Poney para o meu irmão…
LA: Ah, eu também gosto de Maria Joaquina…
J: Baixou Amigãozão…
Entrevistadora: Amigãozão. E para você?
J: Ele baixou o Hotel Transilvânia, o Mecanimais…
LA: Eu posso falar coisa que eu gosto muito?
Entrevistadora: Pode!
LA: Aquele, sabe… Como que chama? Sabe aquele… Aquela escola que é toda
maluca, não, não é aquele… Tem a Maria Joaquina.
Entrevistadora: Carrossel.
LA: Isso! Eu gosto muito.
Entrevistadora: Você assiste o Carrossel também?
J: Eu não …
Entrevistadora: Não? O que que você gosta de assistir?
J: Eu gosto de assistir, eu gosto de assistir… Lady Bug, por causa que eu tenho
tatuagem dela.
Entrevistadora: E você tem alguma agora para eu ver?
LA: Eu gosto de assistir Lady Bug.
Entrevistadora: Lady Bug tinha bastante gente semana passada de roupa, né.
Das crianças de fantasia. E quando vocês vão brincar, em casa, na escola, vocês
brincam de Lady Bug, de Ariel.
206
LA: Na verdade quando eu chego em casa não tem ninguém, por causa que não
tem nenhuma menina, nada… Lá no prédio tem uma que eu conheço, só que
minha avó não deixa eu brincar com ela, por causa que ela não gosta delas
porque causa que elas são meio malucas.
Entrevistadora: E aqui na escola vocês brincam como?
J: Brinca de várias coisas.
LA: Vem no parque, brinco com a … Menina que ela não gosta né...
Entrevistadora: Vocês estavam falando que assistem Lady Bug , vocês não
brincam de Lady Bug aqui na escola juntas ou de Barbie ou de outros desenhos
que vocês assistem?
J: Sim
L e 2: A gente brinca
Entrevistadora: E como é essa brincadeira, quando vocês brincam de Lady Bug,
quem faz o que?
J: Alguém tem que ser o vilão e alguém tem que ser a Lady Bug e o Cat Noir,
aí... Aí tem que … O vilão tem que se esconder em algum lugar para enganar.
A gente brinca de…Aqui tipo (criança pula na piscina de bolinhas)
Entrevistadora: Hum?
J: A Lady bug e depois tem que pegar o ioiô
LA: ela vai buscar ... (correndo pelo parque)
Entrevistadora: Ô J., então, vocês se escondem, o vilão tem que se esconder e
a Lady Bug tem que ir lá pegar ele...
J: É
LA: E depois tem que pegar o ioiô.
J: E tem um uma brincadeira...
Entrevistadora: E depois ela tem de pegar o que?
LA: O vilão e depois, ela tem que pegar uma, um Ioiô e depois e fazer uma
(mágica) do ioiô dela.
Entrevistadora: Você falou que gosta da Ariel. O que você faz? Brinca de Ariel,
não brinca?
LA: Eu brinco na minha casinha. aqui é o mar, a gente fica assim, faz o pente de
lá, fica penteando o cabelo, aí a gente fica aqui dentro e nada, nada, uma a gente
fica, um a gente enterra e aí a outra nada em cima da pessoa.
207
Entrevistadora: No dia do brinquedo que é na Sexta-Feira vocês trazem quais
brinquedos que vocês gostam mais?
LA: Queria trazer um jogo igual (Não compreendido) mudando para a gente
pegar brinquedos igual minha irmã faz. É mó chato.
Entrevistadora: E você J?
J: Hum. Eu gosto muito, muito de tudo.
Entrevistadora: E qual você trouxe hoje?
LA: A Lalaloopsy
Entrevistadora: O que é isso?
LA: É uma boneca que uma é, a, aí, um é um doce, outro é uma malvada
Entrevistadora: Dá para fazer uma coleção então.
LA: É
Entrevistadora: Onde que você viu isso, foi na televisão?
LA: Hum, não foi, eu tenho elas.
Entrevistadora: Mas comprou por que onde viu elas?
LA: Minha irmã que, ela era da minha irmã, eu peguei, era da minha irmã, eu
peguei emprestado, depois peguei de volta, aí ela pegou de volta, aí eu peguei,
eu peguei e fiquei.
Entrevistadora: Agora é seu.
LA: Agora é meu
Entrevistadora: Está bom, você falou que ¨está na hora do lanche então, para a
gente poder descer?
J: Não, é da minha aula de...
Entrevistadora: Dá aula de música? Então vamos lá, J. descer?
LA: Deixa eu dar só mais uma escorregadinha?
208
7. Termo de consentimento
A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE
1. Apresentação da pesquisa.
Pretendemos, nesse estudo, investigar como o desenho animado tem sido
trabalhado no contexto da pré-escola.
Objetivos da pesquisa.
Objetivo geral:
209
CONSENTIMENTO (do sujeito de pesquisa ou do responsável legal –
neste caso anexar documento que comprove parentesco/tutela/curatela)
Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter
recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha participação
na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza,
os riscos e benefícios deste estudo.
210
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219
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dela a tir L.: ade, Inde
né. mãe dese Eu amiz finid
L. : vai nho? vim ade o:
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Entr r A ingo a. Entr
evist V.: gent V. : Entr evist
ador Eu e E, e, evist ador
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Você ém tiu vim a: E Do
gosto gosto um de quan que
u? das muit Coru do você
L.: Chiq o jinha você s
Sim uitit engr , está brin
V.: as açad entã brin cam
Ah, L.: o,a o ela cand ?
sabia Chiq gent voa o V.:
que uitit e Entr aqui Eles
a as assis evist na só
coru Entr ti ador escol quer
ja é evist todo a: a em
uma ador s os De com brin
heroí a: engr flami oé car
na Mas açad ngo que de
que tem os e você arm
tem um Entr Coru faz a as,
amig mont evist jinha magi de
os e de ador , dois ae arm
que gent a: anim emoç as,
cha e De aizin ão? mas
mav que qual hos V.: não
am gosta ? V.: Eu pode
uma da Qual Eu faço brin
lagar Chiq que gosto tipo, car
tixa uitit éo da tipo de
e as nom tamb um arm
outr Inde e? ém mom a.
o um finid V.: É da ento Entr
meni o: É tipo PJ de evist
no Entr … Mas amiz ador
220
gavi evist Um ks ade a: E
ão e ador Coco sabe com de
ele a: E ricó, ? vari supe
voa e o tipo Por nha, r-
tem , que algu isso sabe herói
tem mais mas eu ?A eles
….?! você assi vim gent brin
Entr assis m de e faz cam
evist tes? engr Coru emoç com
ador Você açad jinha ão você
a: assis as . Eu com, s
Ond te gosto com tamb
e Cart mais a ém?
você oon da vari L. :
vê Netw Coru nha Não
tudo ork jinha e
isso? ou porq pode
V.: Disc ue é …
PJ over uma Não,
Mas y heroí pode
ks Kids na não.
L.: ? meni Pode
PJ L.: na. Inve
Mas Disc Entr ntar
ks eu over evist a
já y ador brux
assis Kids a: ae
ti Entr Ela é ela
evist um tem
ador dese uma
a: nho? brux
É? O É? a [...]
que Ond eu
que e se não
pass pass lemb
a lá a? ro o
que V.: nom
você Na e da
gosta Netfl brux
? L.: ix a
É… Entr entã
Não evist o
lemb ador Entr
ro a: evist
Entr Qua ador
evist ndo a: E
ador você na
a: E brin sala
sua ca de de
mãe Cori aula
221
gosta juta, o
que com espa
você o ço é
assis você men
ta brin or
Lucc ca? para
as V.: você
Neto Eu s
, seu brin brin
pai co care
deix com m,
a? meu né,
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Eu ma s
só da brin
assis Coru cam
to jita. do
um Eu quê
dia , venh lá?
por o de V.:
dia pija Eu
Entr ma brin
evist da co,
ador Coru tipo,
a: jita eu
Um sabe. brin
episó .. co
dio L.: com
por Na coisa
dia? sala, s
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Huh trou s,
u xe sabe
Entr hoje ?
evist uma Entr
ador bone evist
a: ca ador
É? baila a:
L.: rina Hum
Eu que .E
tamb é você
ém uma, ?
assis que Entr
to é evist
um o...U ador
episó ma a:
dio Barb Aqui
por ie . no
dia o Ela parq
Lucc tem ue
222
as uma você
Neto coro s
,o ae vem
outr um brin
o colar car,
não . gosta
Entr m de
evist brin
ador car
a: E mais
que do
m quê?
escol V.:
he? Eu
L.: gosto
O mais
que? do é.
Entr Dess
evist e
ador daqu
a: E i, oh
que ,é
m aque
escol le lá
he o , que
episó tem
dio dois
que escor
você rega
vai s,
assis um é
tir? túnel
Você o
? outr
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Não, nor
é mal ,
que a...
eu Entr
não evist
escol ador
ho, a: O
ele brin
vai qued
indo. ão
Ele né?
vai V.: É
indo, o
ele brin
vai qued
223
indo ão
até L.:
acab Eu
ar o gosto
episó de
dio brin
Entr car
evist no
ador Brin
a: qued
Ente ão
ndi tamb
L.: ém e
Depo na
is sai casin
outr ha
o Entr
Entr evist
evist ador
ador a:
a: Na
Tá, casin
entã ha
oé você
dia brin
sim e ca
dia do
não que
que Laís
ele ?
coloc L.:
a lá. De
L. : mam
É ãe e
filhi
nha
V. :
Eu
gosto
, eu
gosto
mais
do
escor
rega
dor
lá
atrás
de
você
224
L.:
De
mam
ãe e
filhi
nha
V.: E
da
pisci
na
de
bolin
ha
Entr
evist
ador
a:
De
mam
ãe e
filhi
nha?
L.: E
de
brin
car
de
ama
relin
ha lá
Entr
evist
ador
a: A
ama
relin
ha
ali é
legal
no
tapet
e
tamb
ém,
né?
V. :
Só
que
não
tem
225
a
pedr
inha
aí a
gent
e faz
mes
mo
sem
a
pedr
inha
Entr
evist
ador
a:
Pode
joga
r
outr
a
coisa
,
você
s
pega
r
algu
ma
coisa
ali
na…
Na
cozin
ha
ou
no
salão
e
fazer
de
pedr
inha,
algu
ma
coisi
nha
pequ
enini
nha,
226
depo
is
né?
L.: É
Entr
evist
ador
a:
Entã
o
aqui
no
parq
ue
você
s
gosta
m
mais
de
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car
no
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qued
ão e
na
pisci
na
de
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ha
porq
ue
tem
mais
espa
ço, é
isso?
Inde
finid
o:É
Entr
evist
ador
a:
Qua
ndo
você
brin
227
ca de
Coru
jita ,
você
éa
Coru
jita?
V.:
É,
ela e
o
Benj
amin
me
enga
nara
m da
Coru
jita
verm
elho
ea
lagar
tixa
verd
e,
minh
a
mãe
éa
lagar
tixa ,
mas
ela é
uma
meni
na
mas
tudo
bem.
Entr
evist
ador
a:
Mas
não
tem
prob
lema
.E
228
você
faz o
que,
caça
sua
mãe
?
Tem
um
vilão
?
Com
oé
que
éa
Coru
jta?
V.:
A
Coru
jita,
ela é
tipo
uma
Coru
jinha
verm
elha
que
tem
mais
pode
res,
ela é
uma
meni
na,
na
verd
ade
todo
s são
uma
pess
oa,
sabe.
..: Aí
eles
têm
um
229
relog
inho,
não
igual
desse
s,
sabe.
..
Que
eles
aper
tam
no
meio
aí
eles
vira
m...
Ai
eles
vira
m
herói
s
L.:
Eles
tem
um
relog
inho
igual
ela e
eles
aper
tam
assi
m oh
¨pic¨
aí
eles
vira
m
V.:
Ai,
ai
eles
faze
m
assi
m...
230
assi
me
assi
m
até
virar
todo
s
Quai
s Brin Bri
brinq Onde cam nca
Quais uedos , com m
Qual
Quais desenh (inclu como cole em
desenh
Local da outros Mei os indo e do gas cas
o gosta
entrevista/ progr os/C assiste fanta que de a?
Idade de
turno/série amas anai m na sias) brinc outr Co
assistir
ou ano assiste s escola? traze am o mo
em
m? Quand m na gêne fun
casa?
o? para escol ro? cio
a a? Co na
escol mo? ?
a?
5e Parque La.:Eu La.: Pen Entrevi Entre Entre não La.
6 superior/ma gosto Pode driv stadora vista vista men :
ENTR an nhã/1º ano de ser e : Aqui dora: dora: cion Na
EVIST os assistir um (com na E E ado. ver
A3 Micke vídeo puta escola quan aqui da
y, eu ? dor) vocês do na de
gosto Entr - J.: assiste tem, escol qu
de evist Já m por a an
assistir ador só desenh exem vocês do
Barbie a: que o plo, brinc eu
, eu Pode meu també aqui am che
gosto . pai m? na como go
de La.: … J.: Sim, escol ? em
assistir Gost Só a gente a, dia J.: cas
... J.: o de que assiste de Brinc a
O Lucc aind história brinq a de nã
Hotel as a també uedo vária o
Transi Neto, meu m…La. ou s te
lvânia mas pai : Eu sema coisa m
3 e Os minh …E gosto na s. nin
incríve a o de passa La.: gué
is 2. mãe meu Turma da Vem m,
La.: bloq pai, da que no por
Eu ueou ele Mônica foi o parq cau
231
gosto porq trab també Carn ue, sa
de ue é alha m, que aval brinc qu
Barbie muit num eu ses o e
, eu o luga tenho viera com nã
gosto bocó, r de todos m a… o
de eu… jogo os vesti com te
fada, é e ele gibis. das, a… m
gosto meu baix Entrevi você com ne
de casti ou stadora veio aaa nh
Micke go. os : Você de … um
y… J.: A dese tem os princ Meni a
Entrev minh nhos gibis e esa na me
istador a , que assiste que que nin
a: mãe aí os eu ela a,
Você não qua desenh lemb não na
vê me ndo os, as ro, J., gosta da
desenh deixa tá duas o da né... …
o na assist sem coisas? L. eu Entre J.
TV ir, de inter J.: Eu não vista Lá
també tão net també lemb dora: no
m, J.? brav eu m, eu ro o E pré
J.: a poss també que como dio
Vejo. que o m era. é esse te
Entrev ela assis tenho J.: brinc m
istador é… tir todos Não , adeir um
a: Ela em os ela a, a
Qual só qual gibis… veio quan qu
você deixa quer J.: A de do e
gosta eu luga gente baila vocês eu
de assist r), assiste rina brinc con
ver? ir Gloo mais azul am heç
J.: Eu dese b, Turma Entre de o,
gosto nho Netfl da vista Lady só
de que ix, Mônica dora: Bug , qu
vê… tem, Disc mesmo baila quem e
Eu que over … La.: rina faz o mi
gosto tem y Eu azul que? nh
de só, Kids gosto … J.: a
assistir no de La.: Algu avó
Lady Disc assistir Eu ém nã
Bug over Panter vim tem o
que y a Cor … de que dei
passa Kids, de … ser o xa
no não, Rosa. Ariel. vilão eu
Gloob. não J.: Eu Entre e bri
. e ¨tᨠposs també vista algué nca
bom.. o m! dora: m r
e assiti La.: Você tem co
també r Ela [a veio que m
232
m… e coisa profess de ser a ela,
també feia, ora]pas Ariel Lady por
m eu coisa sava… e Bug e cau
gosto malu La.: A você o Cat sa
de ca. profess veio Noir , qu
assistir J.: ora, de ai... e
Doc Eu passav baila Ai ela
com assist aa rina tem nã
meu ia no música Azul. que o
irmão. meu [da E… … O gos
Entrev vô. Panter A vilão ta
istador La.: a Cor fanta tem del
a: É Ahh de sia de que as
uma h eu Rosa], vocês se por
Ariel tamb aí todo , escon qu
difere ém mundo vocês der e
nte. A gosto fica se em cau
Ariel... de assim inspi algu sa
você Mari … Tan rara m qu
viu o a tan m lugar e
desenh Joaq tan… onde para ela
o já? uina Tem a para enga s
La.: … cadeira vir? nar. são
Eu … La.: , aí, aí Onde J.: A me
gosto Eu … que gente io
muito poss Todo vocês … ma
de o mundo tinha …A luc
Ariel falar fica em m gente as.
… coisa pé, aí visto brinc
Muito, que faz … antes a de
muito, eu Chegue ? escon
muito gosto i… Aí... La.: der
… J.: muit Aí a Eu J.: A
Ele [o o? gente tinha gente
pai] Entr na … eu brinc
baixou evist cadeira já a
o ador faz tinha de…
Hotel a: assim … Aqui
Transi Pode … La.: aí… tipo
lvânia, ! Não, a Era (corr
o La.: Prô T. da e
Mecan Aque agora é minh para
imais le, só a perto
… sabe Turma irmã. do
Entrev … da . salão
istador Com Mônica J.: de
aa: o , Eu belez
Não? que mesmo. tamb a) J.:
O que cha Ela vai ém A
233
que ma? começa [já Lady
você Sabe r agora tinha bug e
gosta aque com A ]… depoi
de le… Chape La.: s tem
assistir Aque uzinho [no que
? la Vermel dia pegar
J.: Eu escol ho. do o ioiô
gosto a brinq La.:
de que é uedo ela
assistir toda ela vai
, eu malu troux busca
gosto ca, e] A r ...
de não, Lalal (corr
assistir não é oopsy endo
… aque Entre pelo
Lady le… vista parq
Bug , Tem dora: ue)
por a O Entre
causa Mari que é vista
que eu a isso? dora:
tento.. Joaq La.: Ô J.,
por uina. É então
causa Entr uma ,
que eu evist bone vocês
tenho ador ca se
tatuag a: que escon
em Carr uma dem ,
dela. ossel. é,a, o
Entrev La.: ai , vilão
istador Isso! um é tem
a: É Eu um que
mesmo gosto doce, se
? muit outro escon
J.: É o. é der e
Entrev Entr uma a
istador evist malv Lady
a: E ador ada , Bug
você a: outra tem
tem Você é que
algum assist uma ir lá
a eo ... pegar
agora Carr hoje ele...
pra eu ossel troux J.: É
ver? tamb e La.:
La.: ém? que E
Eu J.: … depoi
gosto Eu Entre s tem
de não vista que
assistir … dora: pegar
Dá o ioiô
234
Lady para J.: E
Bug. fazer tamb
uma ém
coleç tem
ão um
então uma
. brinc
La.: adeir
É a...
Entre Entre
vista vista
dora: dora:
Onde Peraí
que .E
você depoi
viu s ela
isso? tem
Foi pegar
na o
televi que?
são? La.:
La.: O
Hum vilão
, não e
foi , depoi
eu s, ela
tenho tem
elas. que
Entre pegar
vista uma,
dora: um
Mas Ioiô e
comp depoi
rou se
porq fazer
ue uma
onde (
viu mági
elas? ca?)
La.: do
Minh ioiô
a dela.
irmã Entre
que, vista
ela dora:
era ¨Tá¨.
da Você
minh falou
a que
irmã, gosta
235
eu da
pegu Ariel
ei , .O
era que
da você
minh faz?
a Brinc
irmã a de
, eu Ariel,
pegu não
ei brinc
empr a?
estad La.:
o, Eu
depoi brinc
s o na
pegu minh
ei de a
volta casin
, ai ha.
ela aqui
pego éo
u de mar,
volta a
, ai gente
eu fica
pegu assim
ei , , faz
eu o
pegu pente
ei e de lá
fiquei , fica
Entre pente
vista ando
dora: o
Agor cabel
aé o,
seu (pula
La.: na
Agor pisci
aé na de
meu bolin
Entre has)
vista aí a
dora: gente
É fica
La.: aqui
Pegu dentr
ei da oe
minh nada,
236
a nada
irmã , uma
a
gente
fica,
um a
gente
enter
ra e
ai a
outra
nada
em
cima
da
pesso
a.
Bri
nca
m
Quais
co
Qua brinq
Quais m
Qual is uedos Onde,
desen col Brinc
desen outr (inclui como
Local da hos ega am
ho os ndo e do
entrevist Meio assiste s em
Ida gosta pro fantas que
a/turno/s s/Ca m na de casa?
de de gra ias) brinca
érie ou nais escola out Como
assisti mas traze m na
ano ? ro funcio
r em assis m escola
Quan gên na?
casa? tem para a ?
do? ero
? escola
?
?
Co
mo
?
5e Sala de E.: Fute Telev Entre M.: Entre Ap Entre
6 aula/1º Drago bol isão, vistad Quan vistad ena vistad
ENTR
ano ano n Ball, Cart ora: E do ora: E s ora:
EVIST
s. Drago oon vocês não como M., Do
A4
n Ball Netw lembr pode você em que
e… ork am se bola faz cas vocês
237
M.: (E.: tinha bola o para a, costu
Ah, Sei desen E. se co mam
Drago não. ho traz teletra m brinca
n Ball Eu que slime . nsport as r?
não gosto ela E.: É. ar pri E. :
tem de coloca Entre [quan ma Eu ,
mais .. assist va vistad do s. eu fico
E.: ir um para ora: O brinca no
Drago mont vocês que é de tablet
n Ball e do assisti isso Drago o dia
e Cart rem? E.? n inteiro
Poké oon, M.: M.: É Ball]? jogan
mon. tipo... Muito uma M.: do.
No Todo s melec Kame Entre
Carto s do desen a bem hame vistad
on Cart hos. grand ha. ora:
tem oon) Entre e azul, E.: É Jogan
Steven vistad pode que eu do o
. ora: ser , eu ... que [?
M.: Quais azul M.: E.:
Toon vocês ou você Free
Tuber mais verme gosta Fire.
s .M.: gostav lho... de M. :
Tem am de E.: A jogar Eu
outro ver? gente a fico
de E.: faz pessoa com
futebo Não slime.. pra meu
l , lá , sabem . longe irmão
você os. M.: ai ela tá
lembr Entre Laran se jogan
a? vistad ja... teletra do
Tsuba ora: E.: A nsport Fortni
sa. Não gente a e dá te eu
E.: sabe faz um venho
Sim. ou slime chute lá em
M.: não é cola, na cima e
Eu lembr tinta, nuca. jogo
gosto a? espum Entre no
de ver E.: A a de vistad celula
Drago gente, barbe ora: r dele
n Ball. a ar, um Que que ,
E.: gente monte você que
Tipo, lembr de falou tem
são os a de coisa. Kame um
heróis alguns E.: A ha… jogo
que , mas gente M.: de
pode não traz Ah o Drago
m se lembr sempr Kame n Ball
238
teletra a de e, hame , ai
nsport todos, quand ha. depois
ar. não o não Entre quand
sabem esquec vistad o eu
os . e de ora: É canso
trazer .O de
as que é jogar
coisa, isso? aquilo
trago M.: É , eu
minha o desço
slime, poder. e jogo
eu E.: É Mario
costu assim Kart.
mava elas E.: É
trazer jogam assim
meu uma , você
tablet bola... cai
todo M.: numa
dia do Eles partid
brinq fica a , aí
uedo, super você
mas bravo joga ,
proibi , ai é um
u, né. você jogo
M.: A, usa o de
proibi super arma ,
u sayaji você
porqu ns, ai tem
e ele depois que ir
¨tava¨ quand equip
jogan o você ando ,
do quer aí
jogo, acaba você
jogo r com tem
que o cara que
não com o sobrev
pode, Kame iver a
que hame todos
era de ha. os
terror E.: caras
, né Você para
Enzo faz ganha
? um r,
E.: bola ningu
Não assim ém
foi ... pode
por M.: te
causa Uma matar
239
disso, bola .
acho de Entre
que ... fogo vistad
Entre com a ora: E
vistad mão... é no
ora: E.: tablet
Acho Uma ?
que bola E.: É ,
é… de é que
Pode fogo nem
falar com a Fortni
Enzo mão e te.
porqu daí a
e você bola
acha de
que fogo
não sai né.
pode M.: A
… bola
E.: tem
Acho azul ,
que é tem,
porqu tem e
ea fogo.
Tia E.: É,
Ld. tem
[diret azul e
ora da verme
escola lho .
]... M.:
E.: Dai
Tia ele vai
Ld. pra
proibi fora
u da
coisa terra.
eletrô E.: E
nica. ele
Entre voa e
vistad depen
ora: de da
Isso . força
E.: dele ,
Tipo né .
eu M.:
tinha Depen
um dem
radin que
240
ho Goku
de... eo
M.: Veget
Até no a não
integr conseg
al uiram
proibi derrot
u. ar o
E.: Eu Jirem
tinha ainda
um . Ele é
radin bem
ho... mais
Entre forte .
vistad E.:
ora: Nem
Em os
todo deuses
lugar, .
até no M.: Ô,
integr Deus é
al. bem
E.: É mais
até no forte
Integr que o
al eu Jirem.
vi Entre
uma vistad
menin ora: E
a com
falou. bonec
Entre o,
vistad camin
ora: hão,
M., essas
você coisas
traz o , vocês
que costu
no dia mam
do brinca
brinq r?
uedo? M.:
M.: Eu já
Eu brinq
trago uei no
algum Integr
as al.
coisas. E.: Às
241
E.: vezes
Tipo ...A
… gente
Entre gosta
vistad mais
ora: O de
que carrin
você ho de
prefer contro
e le
trazer remot
? o.
E.: M.:
Carri Eu
nho… tenho
Entre um
vistad bonec
ora: o do
qual Poke
seu mon
brinq mas é
uedo? super
E.: lendár
Carri io.
nho, E.; Eu
né, Da só, eu
Hot só
Wheel tenho
s, né? carta.
E.: M.:
Poké Meu
mon irmão
Lendá tem
rio muito
são os mais
melho carta.
res E.: E
Poké aquele
mons, negóci
meu o que
irmão disse
tem do
muito carrin
s ho, a
desses gente
Poké gosta
mons mais
lendár de
ios ai contro
... le
242
M.: É remot
mais o,
são… helicó
E.: Tá ptero
quase de
compl contro
etand le
oa remot
coleçã o . E.:
o. Imagi
M.: Ô, no em
ô, ô... cima
Entre do
vistad carrin
ora: ho...
Eles M.: E
são de
boneq futebo
uinhos l.
? E.: A
E.: É gente
umas costu
cartin ma ir
has lá no
que parqu
ele e
tem brinca
de r de
uma futebo
banca l , mas
ali, agora
vendia que
um mudo
monte uo
de parqu
tipo e tá
carta. muda
Entre ndo
vistad pra
ora: E um
você campi
M. nho
seus de
Poké futebo
mons l,é
lendár difícil
ios? de
Você tirar e
tem a
bastan gente
243
te? não
E.: conseg
Ele ue
tem brinca
bastan r de
te , futebo
mas l
eu só direito
tenho .
... Entre
M.: vistad
Eu ora: E
tenho aí
cartas você
també brinca
m, do
mas... que?
Entre E.: De
vistad futebo
ora: la
Só gente
para fica
eu chuta
enten ndo a
der , bola
Poké pra
mons ver se
Lendá fica...
rios Entre
não vistad
boneq ora: E
uinhos quand
, são o não
cartas é
? futebo
M.: É l?
cartas E.: Ai
e a
pode gente
m ser arrum
bonec a uma
os. , uma
Entre coisa
vistad pra
ora: gente
Pode brinca
m ser r tipo
bonec pega-
os, pega ,
mas fica
244
você nos
só tem brinq
cartas uedos
? .
M.: E.:
Eu Algu
tenho ma
bonec coisa
oe assim
cartas né?
porqu Entre
eo vistad
meu ora:
irmão Você
falou. també
m M.?
O que
você
faz lá
no
parqu
e?
M.:
No
parqu
e eu
brinco
.
Entre
vistad
ora:
Do
que?
M.:
Oua...
E.: De
um
monte
de
coisa,
a
gente
tem,
brinca
junto .
M.:
No
infanti
l
quatr
245
o, no
infanti
l
quatr
o eu já
brinq
uei de
basqu
ete
muita
s
vezes.
Entre
vistad
ora:
Você
acerta
va as
cestas
?
M.:
Acert
ava
todas
as
vezes.
E.: É
no
infanti
l
quatr
oa
gente
gostav
a de
brinca
r disso
e
todas
as
vezes
bola
no
meu
time.
E.:
Mas o
L.
jogava
no gol
246
.E, e
meu
amigo
perde
u pra
gente
de , de
, era
time
de
três,
era o
L.s o
meu
goleir
o, eu ,
meu
atacan
te que
podia
atacar
e era
eu ,
aí...
Aí o
H. , o
M.
pra
quebr
ar
todo
mund
o
porqu
e só
quebr
ava, aí
, eu
que
até
que
era
bom ,
aí ele
perde
de
10x02.
É,
tipo
tem
247
vezes
que a
gente
traz
umas
bolas
achan
do
que
vai
para o
parqu
e, a
gente
faz
muita
arte e
a
profes
sora
fala
que
não
vai ir
ea
gente
traz a
bola .
Entre
vistad
ora: E
aí
aqui
na
sala
quand
o fica
brinca
ndo
aqui
na
sala
vocês
brinca
m do
que?
E.: A
gente
tipo
assim,
248
oh,
tipo
eu
faço
arte
eu vou
pra
outra
mesa,
eles
vem
pra
minha
mesa
ou eu
vou
pra
mesa
deles.
Entre
vistad
ora:
Pra
brinca
r do
que?
E.: De
todas
as
coisas.
249