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Count of<Sa/ita Sulalia,
o

COMPENDIO
T H E O RI CO-PRATICO
DE

ARTILHARIA NAVAL.
EXTRACTADO, E REDIGIDO DAS OBRAS DOS MAIS
CELEBRES, E MODERNOS AUTHORES E AC-
COMMODADO PARA SERVIR DE

COMPENDIO LECTIVO
DA

ACADEMIA REAL DOS GG. MM.


POR
ANTÓNIO LOPES DA COSTA ALMEIDA,
Cavalleiro na Ordem de S. Sento (TAviz , Capitão Te
nente da Armada Real , e Correspondente da
Academia Real das Sciencias de Lisboa.

LISBOA
JÍA TYPOGRAFIA DA MESMA ACADEMIA.

\ ***9-
Com Licenfa de S. MAGESTADE.

V f
HMVM6 CBÚteC ,:•.-.', t
COUNT OF SANTA EULALlA
COLLECTION
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«MN tf, STETMH. ti.

MAY 28 1924
ARTIGO

EXTRAHIDO DAS ACTAS


D A
ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS

DA SESSÃO DE 7 DE AGOSTO DB 1828.

jLSEtermina a Academia Real àaj Sciencias , que


seja impresso â sua eusta ^ e debaixo do seu privilegio y
o Compendio Theorico-Pratico de Artilharia Naval , que
lhe foi apresentado pelo seu Correspondente António
Lopes da Costa Almeida. Secretaria da Academia o
l.° de Outubro de 1829.

Manoel José Maria da Costa e Sá,


Vice-Secretario da Academia.
l

J l
INTRODUCÇÃO

ENDO sido nomeado em 1826, na qualidade de Exa


minador, para assistir aos Exames de Artilharia na Com
panhia dos Guardas Marinhas , me foi apresentada a Pos-
tilla , que tinha sido objecto das lições no anno lectivo,
copia do Compendio, que pelos annos próximos a 1800
redigio roeu Mestre o Capitão de Mar e Guerra An
tónio Gonsalves Pereira (Official de aliás distincta repu
tação, conhecimentos theoricos, e práticos desta Ar
ma); nella encontrei huma notável divergência dos prin
cipies, ordem , e exposição das ma terias adoptadas actual
mente pelos mais acreditados Authores: sua doutrina
quanto á theoria do desenvolvimento do fluido elásti
co da pólvora caducou para os modernos , que cingindo-se
á Analyse Chymica das Substancias , que formão os in
gredientes deste A'gente , tem delia deduzido a coopera*
cão para os resultados deste fenómeno ; accresce abundar
a mesma PostilJa em artigos traduzidos Jitteralmente de
Belair, Robins, Wilantroys , que pela maior parte são lon
gos discursos, bem que análogos, comtudo pouco úteis;
iguaes, ou talvez maiores irregularidades se encontrão na
suaBallistica; precedida de huma multiplicidade de prin
cípios puramente mechanicos , e por isso inúteis ; porque os
devem já saber os Guardas Marinhas, a quem esta Obra
se destina , sendo approvados no segundo anno Mathcma-
tico; por fim suas demonstrações fundadas sobre idéas
metafysicas acompanhadas de hum estylo Asiático tornão
este Compendio imperfeito, a par das luzes, que nos mi-
nistrão as experiências , e os trabalhos , a que se tem de
dicado os sábios modernos.
Estes os motivos, que me decidirão absolutamente
a emprehender a árdua , difficil , porém urgente tarefa
A
II
de redigir hum Compendio de Artilharia Naval , que ti
vesse por objecto tratir por methodo rigoroso , e
com precisa 'clareia, dos sufficientes conhecimentos da
corwtrucção e uso das armas de fogo , assim como do agen
te de que nos servimos na sua applicação á arte da Guer
ra ; formando assim hum compendio accommodado ao
uso dos Guardas Marinhas, que são obrigados no anno
qne se applicão a estas matérias, a responder simultânea»
rtente pelas lições de Trigonometria Esférica , theoria
de Navegação, e exercícios da Companhia; por isso seria
também hum absurdo esperar, que este Compendio fosse
tão minucioso , que o seu estudo podesse formar hum
perfeito artilheiro de Mar, e Terra. -.?
A theoria de Artilharia remonta ás Sciencias mais
elevadas , ella he fundamentada sobre os princípios geo
métricos , chymicos, analyticos, emechanieos, e em seus
desenvolvimentos se emprega o mais sublime e transcen
dente das Mathematicas : mas se a sua theoria he tãw
difficil, a pratica não he mais fácil , especialmente na Ar
tilharia Naval , que soíFre huma nova complicação pela mo
bilidade do elemento , sobre o qual he obrigada a manobrar.
Charles Dupin assim se exprime a este respeito :
*> A manobra da Artilharia dos Navios he talvez mais
»i importante, do que ainda a dos mesmos Navios ; ella
t» oíferece difficuldades muito superiores ás da Artilharia
19 terrestre ; porque a bordo he necessário metter em ba-
99 teria, e carregar a Peça sobre hum pavimento mo-
99 vel, e que muitas vezes sofFre extraordinárias inclinar
>t coes de bombordo a estibordo, ou de poppa á prôa^
99 e nomeio destes movimentos tão diversos , manobran-
99 do em hum lugar muito estreito, he preciso descobrir
« o segredo de apontar por huma direcção, a maior par-
99 te das vezes divem daqa^lla , em que existe o objecto
t» que se pertende ferir, e sempre tal, que o projéctil
»9 participando dns oscillaçocs do Navio vá por h uma
>> derrota diagonal ou curvilínea ferir o objecto. >»
Para combinar o limitado espaço, em que esta obra
he necessariamente circumscripta , com os desejos de sa
tisfazer a curiosidade, e applicaçao daquelles, que qui-«
zerera adiantar as suas idéas , entrando no conhecimento
das expressões technicas, e algumas obras de Fortifica?,
cão, invenções mais memoráveis, assim como das de al-^
gumas maquinas, experiências etc. ordenei as notas, que,
seguem no fim deste Compendio, nas quaes me esforcei
em ser conciso , e claro.
Dividi o Compendio em três partes: na i.» se tra
ta da Pólvora , na 2.a dasboccas de fogo, na 3." do mo
vimento dos projecteis nos meios resistentes, e vácuo, e
suas applicações, seguida de hum Appendix sobre os Ar
tifícios, e outro das evoluções a bordo. .
A i.a Parte contêm nove Secções : na i.» se trata da»
definições , divisão de Artilharia , ordem que deve
seguir sua theoria ; nis notas expendi algumas idéas de
Fortificação, relativas ás baterias, espaldões, e casama
tas, assim como a descripçáo histórica da invenção d»
Pólvora, tudo extrahido das Obras deGazendi, e Preters»
dorf.
Na 2.a Secção se trata da Pólvora , sua composição , a-
nalyse chymica dos seus componentes, tlieoria da in-
flammação, e determinação da forçada Pólvora. Esta Sec
ção involve extractos 'do Aide-Memoire de Gazendi , das
InstrucçÕes sobre as Fabricas da Pólvora do Coronel dei
Artilharia L. Renaud, dos Tratados de MM. Bothé, e
Riffault , Administradores da Pólvora em França, eda
Obra do General Conde de La Martiliere; addicionei nas
notas as definições dos termos chymicos deduzidos do
Aidc-Memoire , das Cbimicas de Seabra , e Mosinho.
Na 3.* Secção den onstrci as principaes proposições,
que fundamentao a theoria da Pólvora , as relações cnurç
as densidades, imensidades, força relativa, e absolut»
de seu fluido elástico , capacidade das carr.eras.
Na 4." expua a divisão antiga das medidas de exten/»
são, e pezos adoptados cm Portugal , Inglaterra , e í ran«
já, e a relação de suas grandezas, e igualmente as i
Az
tr
mulas para determinar os diâmetros das medidas cyliní
dricas para a Pólvora; huma pequena taboa de gravida-
des especificas, e dei huma formula para se determi
narem os diâmetros das bailas ; nas notas expliquei a theo-
ria dás novas medidas , e suas subdivisões , calculei as
taboas de reducção das antigas ás modernas , e inversa
mente; methodo que facilitará na pratica a comparação
destas grandezas.
Na 5".a Secção se trata do metal das Peças , a sua li
ga , e de conhecer as partes , que formão a de huma Pe
ça dada; nas notas expuz a analyse dos metaes, ferro,
cobre, estanho, zinco , latão, e chumbo; a maneira de
os obter, motivos, porque geralmente não são emprega
dos em simples ; extractos de Gazendi , e Pretersdorf.
Na 6.» fiz a exposição das Experiências de Hutton
publicadas por Wilantroys, e seus resultados.
Na 7.* expuz circunstanciadamente a descripçao do
grande Pêndulo Ballistico de Robins , addickmado por
Antoni , e Miller , e a formula para determinar pela ex
periência a velocidade inicial das Bailas, para sobre es
te principio buscar a solução de outros interessantes pro
blemas de Artilharia, que a Theorica deverá resoiver:
preferi este methodo ao dos alcances^, em cujos resultados
a influencia de muitas e variadas causas ^produzem huma
incerteza continua ; passei depois a recopilar as conse
quências, que o celebre Hutton deduzio do systema das-
suas Experiências , assim como as que enumera Charles
Dupin, e Charpenter na sua Artilharia Naval.
Na. 8." expuz a Theoria de Robins para determinar
a velocidade inicial de Bailas.
Na 9." tratei dos effeitos da resistência do ar confor
me os principies de Robins , e resultados das Experiên
cias de Hutton.
A z.a Parte, que trata do material da Artilharia, com-
p6em-se de 1 1 Secções : na r.» se trata da construcçao
geral das Peças de Ferro e Bronze de Sitio, Guarnição,
Campanha.
Na i.»' descrevi a construcção aos Morteiro*, Obu-
zes Pedreiros , Bombas , e Caronadas extractadas de Gay
de Vernon , Gazendi , Douglas , Muller.
Na 3." e 4.» se trata da construcçlo das carretas e
leitos dos Morteiros , e Caronadas com as suas Ferra
gens.
Como porém este Compendio he particularmente
destinado â instrucção dos Guardas Marinhas da Arma
da Real, oraitti aconstrucçao dos reparos, carretas, car
ros de munições etc. que sáo especialmente objecto da
Artilharia terrestre, podendo aquelles, que sobre esteob-
jecto quizerem adquirir adequadas ideas, consultar o Ai-
Áe-Memoiro de pag. 13 até 164.
. Na j." Secção se trata do Massame, e guarnecimento
geral das Peças e Baterias.
Na 6.* da sua vestidura , atracadura , e contra-atraca-
dura.
Na 7." da pratica de montar a Artilharia a bordo, e
lançar ao mar na occasião de temporal.
Na 8.» dos methodos de encravar, e desencravar a
Artilharia.
Na o.« expuz alguns exames e provas de Artilharia. ^
Na io.a o relatório das munições , e lugares , onde
se acondicionão a bordo ; todas estas Secções c suas res
pectivas notas são extractos em parte de Gazendi 5 e Pre-
tersdorf.
ftfa ii.» dei o methodo de cortar os Cartuxos para
a Artilharia, formulas para contar as Bailas que com
põem as differentes pilhas, em cuja dedução segui Bezour,
tendo concluído esta parte com algumas considerações
sobre a distribuição da Artilharia pela 2.3 e 3.» Bace-
ria em relação ao calibre dequese guarnecer a i.»
A 3.» Parte compõe-se de 6 Secções.
Na i.» determinei a equação da Trajectória no vácuo
adoptando as bases de Bezout por ser o Compendio , em
cujos princípios devem estar presentes os Alumnos da
Academia dos Guardas Marinhas ; porem as proposições
que preenchem esta tfieoria , são eitràctidaí de
Vernon , Francoeur , e Boucharlat. -j
Na i.» diligenciei expor clara e concisamente o des
envolvimento dos cálculos, que formão a parte essen
cial da theoria de movimento dos projecteis nos meios
resistentes.
Na 3.' Secção expuz o methodo de construir as Tra
jectórias , para delias deduzir a formação das taboas.
Na 4." appliquei os princípios da theoria á pratica, >
e expendi quanto me pareceo sufficiente , para se fazer
huma idéa clara da theoria , e pratica do Tiro de pon
to era branco : parte he extracto dos mesmos Authores.
Na 5".a fiz algumas applicações e notas relativas ao
uso dos Instrumentos para facilitar as pontarias a bordo
dos Navios.
Na 6.a tratei da descripçao dos mesmos Instrumentos ;
e ultimamente lhe addicionei dous Appendices : no i.° tra»
tei das composições antigas e modernas de artifícios, com
as suas respectivas receitas, usos, e applicaçóes ; dei huma
idea do armamento de hum Brulote, e seu uso; ajuntei-
lhe hum extracto da interessante Memória de Montgery
sobre as Minas e Petardos fluctuantes, e Maquinas infer-
naes marítimas.
O 2.° Appendix tem por objecto os exercícios prati-»
cos de Peça , Caronada , e Morteiro marítimo.
Dividi este Appendix era quatro Secções; nas três
primeiras tratei dos referidos exercicios, notando qu* a
ordem e doutrina quanto á Peça e Morteiro he a mes
ma , que se tem adoptado na Academia Real dos Guar
das Marinhas com algumas pequenas illustraçóes , e a
da Gironada he dirigida segundo as ordenanças de Fran
ca , approvadas em 18 ij para o serviço dos Navios de
Guerra.
Na 4.* Secção expuz as alterações que devião sofFrer
os mesmos exercicios, quando se usasse de fechos, e no
tei os da invenção do General Douglas, accrestemei ai-»
gumas providencias, que podem ser necessárias oa occa*
siáo do combate.
VII
Confesso , que me não poupei a trabalhos para ob
ter o essencial de algumas doutrinas, dos sábios antigos,
c modernos, <!jue~ riierhbrtein 'tratado deite interessante,
e complicado ramo das Mathcmaticas mixtas; tornan
do-se ainda mais difficií esta tarefa por causa da redacção
indispensável para obter hum Compendio resurdido, e
que preencha o fim proposto. .-. t
Considerar-me-hei feliz, se as minhas diligencias e
fadigas conseguirem, que a Academia TÇeaT dos Guardas
Marinhas obtenha o melhoramento, de abolir o fastidio
so e inconsequente uso das Postilbs, .em que desgraça
damente se absorve Imitia considerável parte do tempo
destinado/ Ás lições de hum anuo lectivo tio sobrecarre
gado como expuzemcsi tendo, além deste grande incon
veniente, aquelle que resulta da falta de exactidão nas
copias extrahidasem concurso, como necessariamente de
rem ser.
ADVERTÊNCIA

^ A ordem numérica entre colxetes indica a nume


ração das notas.
B. M. /W/VtfBezoutMechanica.
B. C .... dito Calculo.
B. A dito Álgebra.
B. G. .... dito Geometria. ,
B. T. .... dito Trigonometria.
COMPENDIO THEORICO- PRATICO
DE
ARTILHARIA NAVAL.

PARTE PRIMEIRA.

SECÇÃO L
Das definiftíes , divisões da Artilharia , ordem
deve seguir-se na sua Theoria.
>

§ r. -/J. Rt ilbaria he a Arte , que nos ensina o me-


thodo de construir, fundir, n-ontar, equipar, e mano
brar as diíFerentes espécies dasboccas de fogo, fabricares
projecteis, que ellas lanção , assim como a Pólvora [i],
agente que se emprega nas Maquinas e artifícios em uso
nas actuaes operações da Guerra.
Este nome também se dá aos corpos Militares or
ganizados para o serviço das boccas de fogo , a cujo car
go está não só a sua construcção e manobra , como dos
Moveis [2], que ellas projectáo, e sua conservação , e
igualmente a consirucção de tcdas as obras de campa
nha , ou provisionaes , que se empregão no ataque e de
fesa das Praças, ou Portos, como são Eaterias, Es~
paldoes , etc. [3].
§ 2. A Artilharia se divide em Artilharia de ter
ra , e Artilharia de mar , ou naval.
B
i COMPENDIO THEOIUCO-PR ATIÇO
§ 3. vi Artilharia de terra se subdivide em
Artilharia de sitio , ou de Guarnição ,
Artilharia de Campanha^,
< Artilharia íiibttrfaneti.* ."
§ 4. A Artilharia de sitio e de Guarnição se com-
p6e de Peças de grosso calibre [4] i Obuzes, Mortei
ros, Pedreifbs de diferentes diUmetros j e ainda que se
possão mutuamente substituir no ataque , e defesa com-
tudo era seu lugar faremos algumas considerações, a que
devemos submetter sua escolha.
§ 5". ' A Artilharia $e Canfpan&a-compóe-sc de Pe
ças, Obuzes, Morteiros, que são de menores calibres,
e diâmetros, e por consequência mais leves, montadas
sobreReparos , que facilitem as siias manobras a fim de
poderem acompanhar a rapidez das evoluções dos Exér
citos , de que fazem huma parte1 integrante.
§ 6. A Artilharia de Campanha ainda se subdivi
de -em Artilharia de Campanha a pé, *
Artilharia a Cava lh :
tanto huma como outra acompanhão os Exércitos , mas a se
gunda tem a vantagem da rapidez dos movimentos , e
serre como de Artilharia ligeira.
' § 7. Artilharia Subterrânea he a denominação , quê
Íamos aos Fornilhos , que se empregão nos sysremas dfc
Alinas, e servem tanto no ataque, como na defesa das
Praças.
Fornilho he huma Comera subterrânea cheia de
Riais, ou menos Pólvora conforme amassa, que pela sua
explosão se deve elevar , atacada fortemente pela sua
entndi ; convnunica-se-lhe o fogo empregando num ras
tilho , a que se dá o nome de SalcbicMo; o caminho
que conduz o mineiro a este lugar, se chama Galeria ,
OH Ramal da Galeria , conforme o Systema.
O efFeito , que causa a explosão de huma Mina , he
o roais terrível; ella eleva enormes massas a huma pro-r
digios.i altura , espalha o estrago , e a confusão entre
aquelles, que são victimas, ou mesmo espectadores dês
e v te AKTIEHMÚA NATM*, ? 3
te incidente; por esse motjvo a força da Artilharia sub
terrânea he superior" á 'das outras subdivisões.
§ 8. Artilharia Naval lie aquella , que se emprega
no armamento dos Na.vros; os seus moveis, e por conse
quência os seus Calibres são proporcionalmente maiores,
estes moveis tornarão-se ainda mais consideráveis depois
que as Garoha'd.is' [ç], e Obuzes substituirão as-PeÇas,
como em seu lugar veremos. . *\
, Os Morteiros também se podem empregar a bordo
em embarcações propriamente construídas , custumao ser
muito reforçados, tem grandes alcances, e algumas ve
zes são fundidos com os Leitos na elevação de 45-,°
t • As Baterias das Cobertas , e Convez a bordo dos Na
vios de Guerra , podem considerar-se Baterias de Cam*
panha acasamatadas !Ó] . construídas era anda rés, porém
com a vantagem de serem mais unidas, e poderem cota
mais facilidade tomar huma interessante posição seja pa
ra incommodar o inimigo^, ou para ficar fora do alcan
ce^ das suas baterias ; esta superioridade cresce na occa-
sião do ataque, qnando as Baterias inimigas forerá á
Barbeia [7] , ou sendo de canhoneiras forem descober
tas.
§ 9. Depois da descoberta da Pólvora se seguio a das
Boccas de fogo metaliicas , <pe substituirão as Maquinas
antigas [8]; em consequência a Theoria da Artilhará
se divide em três Partes : r
Theorta da Pol-vora , que trata da sua composição,
analyse dos simplices , qne emrão mrfla, e desenvolvi
mento da sua potência, i
Tkeoria daí Boccas de fogo, que trata da sua con-
strucção, analyse dos rcetaes, equipagens, e sua mano
bra. ,
Tkeoria do movimento dos Projecteis , que ellas lan-

Bu
THEORICO-PRATICO
". • • •
r • • i . , -
s E c g à o n.
Da Pólvora.
,'• •
A
, 5 TO. ^L Pólvora he composta de Salitre , Enxo
fre, e Carvão, produz pela sua inflammação huraa força
espansiva, cujos eflèitos são tanto mais consideráveis,
quanto mais puras [9] são estas matérias, proporciona
das as suas doses, e perfeita a sua mistura. Nós passa
mos a analysar as substancias de que estas matérias se
compõem , e o modo de obter o seu mais perfeito estado ,
a fim de serem empregadas vantajosamente na compo
sição deste agente da maior importância nasactuaes Guer
ras.

Do Salitre.
§ n. O Salitre y Nitro ou Nitrato de Potetrsa he
hurn Sal Neutro, [9*] que resulta da combinação do»
acido nítrico , como a Potassa [10].
; ' Ha delle grande abundância na Natureza , porém
raras vezes se encontra em forma crystallina ; dissolve-se
em agua, esubmettido a huma evaporação lenta , secrys-
talliza em Prismas Hexaedros terminados por Pyramides
Diedras.
Dissolve-se em quatro vezses o seu pezo d*agua , es
tando esta na temperatura de if° , e na quarta parte do
seu pezo lançado em agua fervendo ; he inalterável na
presença do ar; exposto ao fogo promptamente se der
rete; seu sabor he fresco, e hum pouco desagradável*
§ 12. O Salitre entra ordinariamente nas Fabricas
em bruto , isto he, de i.° cozimento , precisa por isso re
finar-se, ou purificar-se antes de entrar na composição da
Pólvora , o que se pratica da maneira seguinte [u]:
Lance-se o Salitre em huma caldeira com a quanti
e- is* • ARTILHARIA NAVAU f
8ade de agua precisa para se dissolver (<*), e ponha-se
ao fogo: quando principiar a ferver deite-se alguma es
pécie de Colla , para refinar , e de quando era quando ,
pequenas porções d'agua, para fazer subir na efferves-
cencia toda a matéria estranha , e immundicie , que cui
dadosamente se escumará até a sua total extincção : puri
ficado assim o Salitre se põe a congelar, e depois fica
prompto para se empregar na composição da Pólvora de
Guerra.
A purificação do Salitre, que se emprega nos fo
gos de artificio , segue outro processo.
Deite-se em huma caldeira o Salitre em pedra , de
pois pize-se com huma quantidade de agua , que o cubra
até á altura de meia polegada, ponha-se a fogo brando,
deite-se-lhe huma pouca de Pedra-hume [ia], em prin
cipiando a ferver escume-se, e ligeiramente se remova:
quando, pela evaporação de agua, o Salitre tomar con
sistência , se tornará a remover raspando com huma Es
pátula as bordas da Caldeira, e o fundo, a fim de que se
não una, e depois que esteja secco, se passará, feito era fa
rinha , por huma peneira de seda.

Da Enxofre*

§ n. O Enxofre he hum corpo solido, combustí


vel , secco, de cor citrina, sem sabor, com hum cheiro
sensível pela fricção, eletrico, e solúvel.
Elle se encontra nos três Reinos, com preferencia
no mineral, quasi sempre misturado com matérias tér
reas , ou combinado com substancias metallicas , encontra-se
facilmente na vizinhança dos VolcÕes, e ás vezes no
meio das veias de terras sulfuretadas em crystaes gros
sos, e perfeitamente transparentes [13].

O) Cliymica do Doutor Seabnu


Do Carvã*. -,;
;
§ 14- O carvão he huma substancia solida , e ne
gra, (excepto no diamante, ) sem sabor, nem cheiro^
incorruptível , indissolúvel era agua , e que resulta da*
combustão de algum vegetal.
. :. -A. arte não pode conseguir hum carvão puro; po
rém a Natureza nos offerece no diamante huma subatan-»
cia chymicamentecarbonic.i , pura, e crystallizada.
O carvão mais próprio para a Pólvora he aquelle^
q4iefôr mais novo; deve além disso ser fabricado de páos
compridos, duros, porosos, seccos, e sonoros, que fa-»
çilraente se quebrem , e em que se descubra a contextura
fibrosa da madeira ; sua superfície deve ser liza , mas não
brilhante; não deve ter sido apagado comagua, sua com
bustão deve ser rápida , e dar poucos restos : assim obte*
remos o carvão noestado da maior pureza. Ocarvao,que
adoptamos na nossa Fabrica , he de Salgueiro , Sanguinho ,
e.Vides; para o fazer se usa de fornos, construídos de.
propósito : deve haver todo o cuidado em o não carbo
nizar muito , afim de lhe deixar algum hydrogeneo da
madeira primitiva.
Em Inglaterra se faz o carvão em grandes cylin-
dros de ferro fechados por huma das bases , e depois de
cheios de madeira se assenta a aberta sobre' o brando" e
quando a madeira está reduzida a carvão, se retirão'o»
cylmdros, e se tapão exactamente.

Composição, da Pólvora. •'i


t
.§ 15- A Pol-vora resulta da composição intima dof
N. trato de Patas rã, Enxofre, e Carvão, he da pure
za destas substancias, da bem calculada proporção da*
su s doses, e da sua perfeita mistura, que depende a
bondade da Pólvora.. ••
Não concordão os Chy micos nas diferentes propor-
M

r CE "ARTILHARIA NAVAL. ^
Çoes-ert que devem entrar estas substancias [14]. Nas
nossas Fabricas , extensivamente a todas as classes de
-Polvoras , se tem adoptado para as denominadas Tare-

37 -j de Salitre ,
5" de Enxofre,
8 de Carvão.
A Pólvora, que resulta desta liga , em repetidas experiên
cias tem mostrado a necessária forca, e se conserva du-
.rante longas viagens sem se damnificar sensivelmente.
§ 1 6. Três operações successi vás se precisão para ob-
fer a pólvora em estado de se empregar:
i.* Triturar , ou misturar a Massa,
2.* Graniza-la ,
3.? Secca-la [ i y].
Para triturar (a} , se lança em Pildes de madeira
cada huma destas matérias (já pulverizadas) e se bare
$>or 10 ou li horas [16] ajuntando-lhe pequenas porções
d'agua •, e tanto que pelo movimento se tem evaporacte
^Ste fluido, a ponto que pondo-se sobre hum prato não
deixe vestígio algum de humidade, se leva a granizar. •
Para esre fim faz-se passar por diversos crivos deca-
bello ou mefal , de três ouquatro graduações differentes,
•postos horizontalmente huns por baixo dos outros, de
maneira que o mais inferior seja o mais fino; por -bai
xo deste se estabelece hum vaso, ou cubo commodo para
íeceber o pó, ou Polvtrim ; cada crivo conserva a Pól
vora, que não pode passar por elle : assim a do i." he
mais grossa , e niais desigual, que a do 2.° que se deno
mina Bombardeira , no 3." crivo fica a Pólvora de Ca
ça, e no 4.° a do Príncipe.
Estas ultimas, que são as mais finas, se costumao
arredondar , e aiizar , o que se consegue enchcndo-se de
qualquer delias hum cylmdro, cujo eixo he na parte in-

(a~) Elementos de Cliymica de Seabra pag. 220 e 221.


8 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
terior quadrado , e em huraa das extremidades lhe está
applicada huma roda , que adquirindo o movimento de
rotação por effeito de huma Potência qualquer , o coramu-
nica ao cylindro; este movimento exercita fricções con
tinuas entre os grãos da Pólvora, esobre as arestas do ei
xo ; e era consequência delias fica prompta para , le
vada de novo aos crivos , se separar : assim se obtém a
Pólvora Aneular do i.° e 2.° crivo, e a Pólvora
redonda , e lustrada do 3.° e 4.°
Ultimamente secca-se á sombra, ou sol brando, por
que as temperaturas elevadas fazem esflorecer o Salitre,
e volatilizar o enxofre; e o Polverim depositado no cu
bo se torna a empregar, humedecendo-o, triturando-o,
e crivando-o.
Analyse da Pólvora , ou Methodo de avaliar a pro
porção dos Componentes de huma. Pólvora dada.
§ 17. Reduza-se a pó a Pólvora, que se toma para
a analyse , ferva-se em agua distillada , e filtre-se.
Da agua filtrada obtern-se o nitro pela evaporação ,
ou pelo Banbo-maria.
O Residuo negro , que fica sobre o filtro , contêm
o Carvão, e Enxofre, cujas quantidades em pezo devem
ser iguaes á differença entre o pezo da Pólvora e do
Salitre.
O Enxofre depois se separa por huma evaporação
feita em calor, que não seja capaz de queimar o Car
vão; para cujo fim se remove com huma Espátula, e o
resíduo será o Carvão.
Note-se que sempre ^ do Enxofre fica unido ao
Carvão.
Assim pezado o Nitro , Enxofre , e Carvão tere
mos as proporções (attento á nota) (</).

(a) Theoria de Artilh. d'Arcy pag. 41 e Chym. deSeabra pag. 222.


'• CE ARTILHARIA NAVAL. - f
»•
Analyse dos Componentes da Pólvora para de
duzir a causa da sua inflammação.
§ 18 A inflammação da Pólvora he hura Fenómeno
Chymico, produzido pela formação espontânea de mui
tas espécies de fluidos [17] elásticos; e pelo desenvol
vimento de hum gráo de Calorico tal, que delle resulta
huma expansão capaz de produzir os terriveis effeitos,
que presenciamos [ 18].
A analyse deduzida dos princípios Chymicos , de que
se compõem as matérias , que nella entrão , nos facilita
rá o conhecimento do modo , como se imagina a sua coo
peração para este Fenómeno (a).
Carvã» --------- -----------ij, ooo ^
{Oxygenco - 20 , CÔO
.
Aiotc - - - j ,oao
o ,
Salitre T6<() Potaisa
n * --37,34^í Oxugeneo
Jt> • 6 , 1 90
foi vara
\ \Potaisium - j i ,050
i 1
\Agoa - . -i j 68,J°*ys«"»
< •"* -n ,6)0 -j
l HyJrtgenet 2,050
Enxofre ------------------- 9 ,OOOS IOO
. *

A força da explosão da Pólvora provêm da transforma


ção rápida de huma parte dos seus componentes emFJui-.
d«s Elásticos deriformes , ou Gazes.
O Carvão he necessário na Pólvora , porque pro
duz huma grande quantidade de Gaz, e sua combustão:
indica , que o Carbvne , que elle contêm , se unio ao Oxy-
geneo do Salitre, donde resulta o Gaz acido Carboneo 3
e outros Gazes.
O Enxofre he necessário para augmentar a rapidea
da combustão ; a qual he huma indicação da forca d4

00 Esta analyse he de Mr. Gayton lyioiveau.


C
f& COMPÊNDIO THEORICO-PRATICO
Pólvora: elle também fornece humGaz, equilibra a com-
bustablidade das diferentes espécies de Carvão, e facili
ta a inflammaçjio do mixto.
O Salitre fornece o Oxygeneo , o Azote , e o Calo-
tito : muitas experiências , com especialidade as de Mr.
Proust , confirmão o exposto; e segundo Mr. Thenard r$
Fluidos Elásticos Aeriformes , ou Gazes , são produ-
íidos pela inflammncão da Pólvora, além de alguns resí
duos sólidos. -Isto «upposto , eis as idéas , era que mais
uniformemente se tem concordado, segundo os principies
Chymicos. '
O Oxygfneo , que he hum dos princípios do Aciâé
Nítrico, tem grande tendência a combinar-se como Gzr-
borte : em consequência logo , que a faisca toca a Pól
vora , o Carbone arde com rapidez ; e em virtude do
Oxygeneo, que se desenvolve do Salitre," e se combina
com o mesmo Carbone , se forma o Gaz acido Carbó
nico.
O Oxygeneo ?epara-se ao mesmo tempo do Azote -
outro elemento do Acido Nítrico , e abs-orve huraa par
te do 'Caloriço , que resulta do Salitre.
O Calorico superabundante produz a expansão do
Gaz acido Carbónico, do Azote, do Hydrogeneo , e ar
athmosferico contido na Pólvora , e evapora a agoa ,
que ella pode ainda conservar; em fim este mesmo Ca
lorico, obrando com huma velocidade incomprehensivcl ,
actua com tal actividade sobre os fluidos elásticos , que pro
duz os espantosos effeitos da Pólvora [ 10].
• »

Metbodo de conhecer a bondade da Pólvora.

§ 19 Lançi-se huma pequena quantidade de Pólvora


ffobre hum papel branco, e applica-se-lhe fogo: se for
boa, se inflammará subitamente, o fumo se levantará era
colutnna , e não deixará signal sobre o papel . nem maté
ria, que o possa queimar. A má pólvora deixa, depois
deseiaflammar , manchas negras sobre o papel, e peque
DE ARTILHA.IUA NAVAU ~ n
iras partes de enxofre , e salitre , que facilmente se des
fazem.
Quando a Pólvora deixa manchas negras, indica ter
carvão em excesso ; se deixa vestígios amarellos , superar
bunda em enxofre; e se finalmente deixa alguns caroci-
nhos, que, applicando-lhe o fogo, instantaneamente se
inflamrnão, indica ter sido mal triturada , ou mal batida i
se os grãos, que ficão no papel, não toraão fogo, indica
ter sido mal refinado o Salitre , e que estes resíduos são
Saes Heterogéneos.
Determinar a força da Pólvora.
§ 20 A força da Pólvora he considerada como actuan
do sobre o movei de duas maneiras : i.*como huma for
ça impulsiva , que vence a inércia do movei , e a pressão
athmosferica ; 2.' como huma força acceleratriz decres
cente , que actua sobre o movei , e augmenta successiva-
mente sua velocidade , até que faca equilíbrio com a pré».
são athmosferica.
Para se avaliar a força [ 19*] relativa da Pólvora,
se usa dehum pequeno Morteiro, que se denomina Pro-
vette ; algumas vezes he fundido com o seu Leito na ele
vação de 4?°, e outras be montado sobre huma espécie
de Leito horizontal , estabelecido sobre hum bem solidQ
raassiço de alvenaria.

Dimensões do Proveite.
p l ff-
f da alma -------7» o >» 9
Diâmetro 2 da Camera Cylindrica i »» IO >> o
(^do Globo de Bronze - 7 >» o » o
n r TJ j f da alma -------8>»io»o
Profundidade^ ^^ ...... a „ fnQ
Vento do Globo --- - --- - — -o» o»9
í do Morteiro • ---- 244 **• •
do Globo ------ ^ - 6o •' .
\
C 2
•fí COMPENDIO TH BORico-Pa ATIÇO
- § ii Para se fazer uso do Provette , se carrega com
3 onças da Pólvora , que entra era exame ; e sobre a car
ga se assenta hum Globo de Cobre, ou Bronze: os al-
«ances deterrainão as relações entre as forças das Polvo-
ras. Na França hc approvada toda a Pólvora , que lança
b Globo a 115" Toezas de distancia, carregado com j
onças de Pólvora : este he o methpdo de receber a PoJU
fora nos Arsenaes [ 20 ].
f

s E c q à o iii.
Theoria do Fluido Elástico produzido pela inflam-
mação da Pólvora , e sua applicaçao ao compri
mento das eargas , e figura dar Cameras.

§ 12 ^JL Expiarão da Pofaora produz bum Flui'


<fe Elástico permanente , que forma huma Esfera , uaa
havendo obstáculo , que se lhe ofponha.

Demonstração.
Péla analyse dos Componentes da Pólvora § 18, e
pelas mais delicadas experiências (a) se mostra , que ò
desenvolvimento do Calorico forma muitas substanciai
gazosas, e algumas solidas: da natureza das primeiras,
são
Gaz acido Carbónica
Azote
Oxido de Carboné
Vapor da Agoa
Hydrogeneo Carbónico
Hydrogeneo Sulfúreo ,
(o) Atinges de Chym. de Mt Gay Lussac T. 16 pag. 4Hj
oc Tenard.
«"•DE AftTlLHAKÍA NAVAl. 1J
substancias, que pela sua natureza aeriforme são (tf) flui
dos elásticos , e permanentes •, e por consequência o flui
do , que pela explosão delles resulta , he necessariamen
te da mesma natureza. C. S. Q. D.
Quanto á 2.a Parte da Proposição , todas as experiên
cias , e acreditados Authores concordão (£). Vauban af-
firma, que se suspendermos por hum fio rnetallico huma
esfera Homogénea de massa de Pólvora bem secca , e lhe
ápplicarmos fogo, ella se inflamrnará instantaneamente
produzindo em todos os sentidos íguaes raios de activida
de, os quaes em consequência formaráõ lium globo ou
esfera de actividade concêntrica. C. S. Q. D.
§ 23 Às densidades de diferentes quantidades do
mesmo Fluido elástico , encerrado em diffsrentes va
sos , estão na razão directa das mesmas quantida
des , e inversa das capacidades dos. vasos.
Demonstração,
f? > e tf quantidades encerradas em dous vasos
j », e»' as suas respectivas capacidades ou volumes
Sejao< m ,. e m' as massas
j d, e d' as suas densidades
[f, ef' os pezos.
Como a massa multiplicada pela gravidade especifica dá
o pezo, temos
f- mg
p' = m'g.'
donde ternos : p : p' : : mg : m'g : : m : m.'
Porém os pezos, quando as gravidades especificas são- as
mesmas , são proporcionaes ás quantidades ; e por tanto
'-'
(a) Chymica de Alosinlio..
(A) Dulak pa£. 2. Morogue* png. j j. Vauban Trat. de minas pag. 9 ;
PO supplemento ao mesmo tratado por Foiuac pag. 95-
r4 COMTESDIO THEORICO-PRATICO
Logo : q : q' : : p :p' : : m : m'
Porém (M. B. § 12) temos

,= =;
m,
donde d : d' ::-:—,.
n u
E substituindo era lugar de m •. m' a outra razão */ : ^
que vimos acima ser-lhe igual , temos

ou d : <f : : *'cj : uq.' C. S. Q. D.


§ 14 ^í/ densidades de iguaes quantidades do mes
mo fluido elast icoj encerrado em vasos de diferentes
capacidades , estão na razão inversa das capacidades
dos vasos.
Demonstração,
Pelo § 23 temos conservando as denominações
d : d' : : qu' : q'u.
Porém pela hypothese temos q := q.'
Logo dividindo a segunda razão por este factor commum,
teremos d : d1 : : u' : u. C. S. Q. D.
§ 25- As densidades de diferentes quantidades do
mesmofluido elástico , encerrado nos mesmos , ou iguetes
vasos , estão na razão destas quantidades.

Demonstração.
.

Pelo § 23 conservando as mesmas denominações te


mos d : d : : qu : q!tt. ,.
DE ARTILHARIA NAVAL. if
Porém pela hypothcse he u = *' •, logo simplificando

d: d' :: q: q.1 C. S. Q. D.
§ 16 A intensidade do calor , produzida pela ex
plosão da Pólvora inflanimada , está na razão daden-
sidadt do Fluido Elástico.
Dentonstração.
A tensão do Calorico , ou intensidade do calor , que
produz a infla m maçã o delitima mesma quantidade de Pól
vora , encerrada emdifferentesvasos, está na razão inver-»
sã da capacidade dos vasos ; porque devendo esta tensão
distribuir-se pelo numero de pontos sólidos, que formão
a capacidade dos mesmos vasos, necessariamente o que
tiver menor numero de pontos , ou menor capacidade , spf-
fferá maior tensSo de Calorico. Assim conservando as
mesmas denominações , e fazendo /e/' iguaes ás imensi
dades , temos :
/ :/'::»': u.
E do § 24 se tira d : d' : : u' : u.
Logo teremrfS / t /' : : d : d.1 C. S. Q. D.
§ 27 Pelo § 23 temos :

d \ d' \ : qif : q'u.


Pelo § 26 : i : i' :d'.d'
donde será /' : /' : : qu' : q'u. isto he , que AÍ itttensida-,
dês do Caloricoproduzidopela inflammaçao de diferen
tes quantidades de Pólvora , encerradas em vasos de
differentes capacidades , estão na razão directa das
quantidades , e inversa das capacidades dos vasos.
§ 28 A Força Elástica da Pólvora encerrada em
16 COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
vasas da mesma capacidade , está na razão composta
da densidade do Fluido , e intensidade do calor.
Demonstração.
Se considerarmos a Força Elástica , que resulta da
inflammação de cada partícula, comprehendida em hura.
determinado volume de Pólvora , como o eíFeito , que pro
duz nos respectivos Gazes o desenvolvimento do Calori-
co § 1 8 ; e que a energia desta Força depende essencial
mente da intensidade do calor; e se por fim chamarmos
/ e /' ás intensidades do calor , que são capazes de pro
duzir duas Forças Elásticas, actuando sobre os Gazes de
duas partículas de Pólvora de differentes densidades, te
remos que estas duas Forças estarão entre si como /":/':
e se representarmos por m e m' o numero de partículas
em cada igual volume de Pólvora , ou a expressão das
suas Massas; por/", e f as forças totaes expansivas, te
remos . .
/:/: : m X*: «'X/- .
{m — du
m' -d'u' \

Logo substituindo/:/1 : : du X / : d'»' X-/' :


mas por hypothese he u rz u.'
Logo/ :/ : : d X / : * X i.1 C. S. Q. D.
§ 2,9 As forças elásticas das Pol-voras inflamma-
das estão na razão composta da directa dos quadra
dos das quantidades , e inversa dos quadrados das ca-
facidades dos vasos.
Demonstração.
Conservando as mesmas denominações temos
Pelo § 26 d : d' : : i : i1
Pelo§ 28 /:/*: : di : d't.1
DE ARTILHARIA NAVAL. 17
Substituindo- a i.* razão:

/:/::</* : à^
Pelo § 23 quadrando ^s :</":: fV* : f'1».'
e substituindo/:/ : : fVa : q'* S C. S. Q. D.
§ 30. Suppondo a Peça DC carregada com a carga
BD , determinar a razão da Porca- Llastica da Pólvo
ra nos diferentes pontos do seu comprimento A E. FÍJ.I»
Solução.
Pelo § 29 temos :
/:/::,?V* : f"».»
i
Como porém neste caso he constante a quantidade da Pól
vora, será
f = *•"

Logo teremos/:/ : : u" : u9


ou as forças elásticas em cada ponto B , b , b' &c. na ra
zão inversa dos quadrados das capacidades Cylindricas
DB, Db,Db' &c.
Porém estes Cylindros tem todos a mesma base, lo
go estarão como as alturas AB , Ab , Ab1 &c. e por tan
to será
Força Elástica em B : Força Elástica em b : : M* : JB*
isto he, asforças elásticas na razão dos quadrados das dis*
tancias a diversos pontos do comprimento da Peça [ir].
Devemos notar , que determinada por experiência a
grossura do metal, que se deve dar á parte, que occu-
pa a carga, facilmente pcrestn maneira se poderão deter
minar as grossuras nos differentcs pontos cc seu compri
mento.
§ 31. Determinada a grossura de metal nafiart*
18 COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
ao Corpo da Peça , que occupa a carga , determinar a
linha de Perfil exterior , para que a Peça tenha igual
resistência em todos os seus pontos.
Solução.
f AC — huma Peça
*•!• Seja <AD — AB — Calibre
C. B'0 = grossura na Culatra
Sendo a força da Pólvora máxima no ponto 5, onde se
exercita a inflammacao da carga , e diminuindo na razão
inversa dos quadrados das distancias BB', Bb , Bb' &c.
obteremos nessa razão as grossuras para cada ponto.
Para a construcçao levantaremos as perpendiculares
B' O, bo , £V&c. e lhe daremos as grandezas determina
das pelo calculo; a curva , que passar por esses pontos,
determinará o perfil , e terá a propriedade de huma Hy-
pcrbolla cubica [22,]: porém este rriethodo está despre
zado, e as peças se compõem, como veremos em seu
lugar , de Corpos Cylindricos , e cónicos truncados ,
guardadas equivalentes proporções.
§ 32. As forças da explosão são iguaes , quando
as quantidades da Pólvora são proporcionaes ás capa
cidades dos vasos , que as contem.
Demonstração.
Conservando as mesmas denominações temos
pelo § 29 /:/.': : $Va : q"u.\
Pela hypothese de serem as quantidades da Pólvora pro
porcionaes á capacidade dos vasos temos
q : q' : : u : u'
mas o producto dos meios igual ao dos extremos j logo,
qu' ~ q'u.
DE ARTILHARIA NAVAL. *i§
quadrando será q"1»"* = q* i?
donde resulta /zr/.' C. S. Q. D.
§ 33. De todos os sol'idos de igual capacidade a
Esfera he o que sofre menos pressão , epor isso he me
nos comprimido.
Demonstração.
Temos visto, (M B. § 186) que a pressão, que
soffre qualquer superfície, he igual á força impressiva mul
tiplicada pela superfície comprimida. Assim representando
fpep'= pressões , que soffrem dous Corpos da mesma
! capacidade, e differente superfície
P°r -\fef= suns forças impressivas , neste caso forjas de
! explosão
[ s e j7 — superfícies comprimidas
rp = '„
teremos J^ ff /

donde p : p1 : : fs :fs.'
Porém a Esfera he, entre os sólidos de revolução da mes
ma capacidade, aquelle que tem menor superfície [23 ]j
por isso se representarmos
c j- =: superfície de huma Esfera
-} 'rz dita de outro solido de revolução da mesma ca
C pacidade
teremos s < /; e sendo fef invariáveis , quanto menor
for j- a respeito de s', menor será a pressão/» a respeito
de p.' ; logo entre todos os vasos , que contêm a mesma
quantidade de pólvora, o que tiver figura esférica, soffre-
rá menor pressão , e será menos comprimido.
§ 34. As pressões que receiem as bombas cheias
D 2
«o COMPENDIO THEORICO-PRATICO
de bunta quantidade de Pólvora proporcional d sua
capacidade , estão na razão dos quadrado? dos Raios.
Demonstração.
Conservando as mesmas denominações , e represen
tando r e r' os Raios das Bombas , teremos § 33

p:p'::fs:fs>

Porém como as cargas são proporcronaes ás capacidades


§ 32, temos
/=/
donde p : p' : : s : /
Porém as esferas são sólidos semelhantes, e em consequên
cia as suas superfícies serão proporcionaes aos quadrados
dos seus raios, logo

f : p' : : r* : r.'3 C. S. Q. D.
§ 3?. Aspressões contra as superfícies lateraes aof
Cylindros rectos , cheios de huma quantidade de Pól
vora proporcionada ás suas capacidades , estão na ra
zão das mesmas superfícies , ou na dos productos das
circunferências das bases pelas alturas , ou destas al
turas pelos raios das bases; e se forem semelhantes ,
na razão dos quadrados das suas dimensões Homolo
gas.
Demonstração.
Conservando as denominações temos §33
p:p'::fs:fs'
e segundo a hypothese § 3 z será
ws ARTILHARIA NAVAL. ar

Logo temos p : p' : : s : s.' Demonstra a r.1 Parte.


C a e a' — alturas ou eixos
Representando por < r e r' =: raios das bases
Cf e c' •=. circunferências

y=.*V donde /;,: / : • ac : a'c' (G.E. §117)


ou p : p' : : ac : a'c.' Demonstra a ^.^ Parte.
•Como as circunferências estão na razão dos seus raios
logo c : c' : : r : r'
.€ substituindo esta razão , temos
p. : p1 : : ar : a'rJ Demonstra 33.' Parte.
Se forem semelhantes (G. B. § 141 ) temos
s : / : : a9 : a" : : f' : c" • ra : r." C. S. Q. D.

§ 3^' Quando as Peças se carregao com cargas


proporcionaes ao pezo das Bailas , ficao es eixos pro~
porcionaes aos seus Raios.

Demonstração.

^PCe C*= ás Cargas


gej-0 ) e ee í"—
•* J (
ao pezo das Bailas
e1 = aos eixos dos Cylindros, ou suas alturas
( r e r1 = aos raios.

Conservando as outras denominações , temos pela hvpo-


these C:C'::P:P' ' !
Porém a gravidade especifica das balias (g) he a mesma ,
por isso teremos
P~u X P-
TO, COMPENDIO THEORICO-PRATICO
Substituindo, e dividindo por (g), teremos
C: C: :«:».'
Como os Cylindros das cargas são proporcionaes aospe-
zos das Bailas, também estes Cylindros serão semelhan
tes , isto he , terão as bases proporcionaes ás suas alturas
( G. B. § 209 ) ; e por consequência os volumes estarão
na razão dos Cubos das suas dimensões Homologas (G B
§ l6y). Logo » : »' : : r' : r'5 : : *» : e'*
donde se tira r : r' : : e : e.' C. S. Q. D.
i

§ 37. Notaremos agora, que suppondo a inflamraá-


çã"o em toda a carga instantânea , a força elástica he igual
em tedo o seu comprimento, e esse o motivo porque se
faz Cylindrica a parte, que comprehende a carga; e pe
la experiência se tem adoptado , como sufficiente , o diâ
metro da baila para grossura de metal; ou ainda menos
grossura , se pertendemos aligeirar o seu pezo.
Para fazer applicação das Theorias antecedentes he
interessante o determinar a relação entre a pressão athmos-
ferica e a força elástica da Pólvora [14]; Robins de
terminou, era resultado de repetidas experiências, que
o ar encerrado na Pólvora era 244 vezes mais denso
que o ar athmosferiço^ e quadruplicando o Calorico a
sua elasticidade, era a força elástica da Pólvora 1000
vezes maior que a pressão athmosferica.
§ 38. A Força do choque de hum fluido elástica
F|E'S< fontra a Calote esférica MDL no sentido de DC : afór
fã absoluta : : o solido gerado, pela revolução do Tra
pézio mixtilineo PMDC sobre DC : o C.ylindro gera
do pela' revolução do rectangido PNDC sabre o mes
mo DC.
t •,,:. E & Forca do choque contra a Semicsfera : a for
ça total : : a Semiesfera : o Cylhidro circunscripto.
DE ARTILHARIA NAVAL. 23

Demonstração.

Seja ADBA Jium Projéctil esférico ajustado ao fun
do da aJma de huma bocca de fogo, cuja Camera tenha
por diâmetro ML: he claro, que elle unicamente se
moverá na direcção CD, que he a mesma do Eixo da
alma. j
Prolongue-se PM até que seja PN = CD = r.
Seja a circunferência, cujo diâmetro he ML, igual
á base da Calote formada pela revolução do arco MD;
Tirem-se as Ordenadas infinitamente próximas pmt
p'm' &c.
c PC -x
Seja ^ Pp — dx

Seja FM huma força , que actua no ponto M pela direc


ção FC perpendicular á superfície da Calote, a qual (Af.
B. § 48) pode imaginar-se applicando-se no centro C, e
representada por CK, e que em consequência obrigaria
a mover-se a esfera nesta direcção ; porém obstando-lhe
as paredes da alma he constrangida a dirigir-se segundo
DC.
o • ff a f°rÇa absoluta no sentido FC
J \f dita no sentido DC.

Decomponha-se CK em a força CS perpendicular á direc


ção DC, (que se destruirá com outra CS", que precisa
mente deve haver, igual, e contraria) e em outra SKf
que terá e/Feito no sentido DC , que representamos por
Jr y então os Triângulos semelhantes PMC e CKS dão

CK:KS: :MC:PM
ouf:f: : r :y.
Semelhantemente para qualquer"ponto m m' &c. do mês
24 CoMfENDio THEORICO-PRATICO
mo arco MD, sobre o qual obrasse da mesma maneira
a for^a /", teríamos análogas proporções ; multiplicando
a 2.' razão por dx . temos

f : f : : râx : ydx.
(F á somma de todas as forças / perpendiculà-
Clamando < rcs * suPcrfic>e igual á Força absoluta
"'*""' j F' A somnja de todas as forças f uo sentido do
V Raio DC igual á força resultante do choque ,
teremos F : F \ : f rdx : fyd» (B).
Porém he ydx =. superfície elementar do trapézio PMpm ,
logo fydx ^superfície do trapézio mixtileneo PMDCP.
Ora sendo x — PC
será rfdx =2 r PC = superfície do Rectângulo
PNDC., Substituindo na analogia (B)

F : F : : Rect. PNDC: Trap. AfDCP-(C).


Se imaginamos que estas superfícies se movem á roda de-
DC, ficarão gerados dous sólidos, que terão por bases a
circunferência -de CP , e por consequência serão as suas-
solidezes representadas por [24*] t.

PNDC x ?Circ. CP
MDCPx i Circ. CP.
fSF — Somma das forças F absolutas, qne
\ . obrao perpendicularmente sobre todos
-,. , / os arcos como MD , que formão a Ca-
Charaando ^ Jot£ esferica _ á força absoluta totaíx
(SF = Somma das forças como F, que actua
no sentido Z)C— á força do choque;
teremos multiplicando a 2.' razão da snalogia (B) por
f Grc. CP.
EB AKTILHAUIA NAVAL.
F : F : : | C/r. CP X rfax : i C/>f. CP J yáx.
Como porém a razão de F : P he sempre a mesma em
todos os arcos como MD, por serem arcos de Circulo
máximo, teremos
SF : SF : : $ Gire. CP. rfdx : { Circ. CP fydx (D).
Traduzindo e invertendo , temos
Força do choque na Calote formada pela revolução MD
.• Força absoluta
: : Solido da base Circular CP, e superior deforma esférica
: Cylvtdro da base cuja circunferência he CP , e altura CD.
Demonstra ai.1 Parte
Sendo i : f — Razão do dia metro á circunferência, te
remos
I : c : : a x : Circ. PC = a cx.
: ' 4 Circ. CP = cx.
Substituindo na equação (D) invertida , temos
•TF : SP : : cjxydx : crfxdx.

Pela Equação do Circulo _y = Y r — x=i\r — x


e substituindo
SF : SF : : cfxdx (r - **) * : crfxdx.
Integrando

SP : SF: : ~ * + C: Z 4- C '

Para determinar a constante Cnotareraosque no 4.° termo ,


quando x=o, he também C— o; e no 3. , quando x = ot
teremos — if(r*)+Crzo
ou C= j cr* ; e substituindo
/ a a\i j a
: : _ j <: ^r — x ) '+ } cr : £ <rx (E)
TMÊORICO-PRAYICO
Porém sé tratamos do Hemisfério , em que temos x — r,
será
SF : SF::\cr* : \ cr*
ou SP : SF: : f cr* : cr* (F)
Traduzindo ,
Força do choque na semiesfera
: Força absoluta
: : Semiesfera
: Cylindro circunscripto. C. S. Q D.
§ 39. No parágrafo antecedente a equação (F) nos
dá dividindo a 2.a razão por cr*

SF : SF : : f : r.
Logo a força do choque he f da força absoluta.
§ 40. Para fazermos applicação da proposição de
monstrada ;
s.(CD=r ='6o

Recorrendo á analogia (E) multiplicando a a.a razão por


~ teremos , . .

«PP : SF : : - (r IV) V r : ^rx\G)


e substituindo temos

efiectuando,
«TF : ,PF : : 34986 : 36000 : : 874,6 : 900,0
proximamente o que achou o manuscripto e o mesmo
Mu/ler empregando hum longo calculo , e indirecto, -
DE ARTILHARIA NAVAL,
41. Para a.» applicação:

Seja l CP = *• = '-, r = 30.

Substituindo na analogia (G) temos -.


1:: — ir» -4-r' :f r»
- ' 'y f s '\~"X * í \ ^*O J
: 75708 : 81000
ou : 841 : 900.
§ 42. Estas applicaçôes mostrao pelos seus resulta
dos
que sendo /* C£ = Diâmetro da Caraera
l -"-o — Diâmetro da Bocca
tiraremos tanto maior vantagem daCamera, quanto me»
nor for o seu diâmetro a respeito do diâmetro da bocca
da arma : soffre com tudo limites esta razão ; o que de
pende de outras considerações, a que attenderemos em
seu lugar.
§ 43. «5V tfaermos duas Cameras deforma Cilín
drica ADFB, e adfb de igual capacidade, porém que **
o dtameíro da i." seja maior que o diâmetro da ^.a ; se
rá a força elástica , que choca oprojéctil na i." , menor
que a força elástica, que choca o mesmo projéctil na
Demonstração. *
fFe F = forças totaes da explosão
j s e / = superfícies circulares expostas
Seja <fef =2 forcas com que o fluido elástico desen
volvido nas duas Cameras choca cada
l hum dos pontos da superfície circular. / •
Pelo § 33 temos •/ p ~ •£*,
E*
18 COJOBNDIO THEORICO-PR Ataco
Porém como as capacidades e quantidades da Pólvora
são iguaes respectivamente , pelo § 29 teremos

F=F
-
donde se tira fs — f/
ou/:/::/:/
.

e também a Somma de todas as forças como f


: Somma de todas as forças coma f
: : sf : s

isto lie na razão inversa das superfícies chocadas. C. Si


Q. D.
§ 44. Notaremos que esta Theoria deve ser submet-
tida a numa correcção, que faz menos considerável esta
vantagem ; porque as forças da explosão F e F não se
empregão unicamente era chocar as superfícies s e sf das
«uas aberturas , ellas soffrem huma perda pela pressão
contra as superfícies lateraes, cuja circunstancia occasio-
na diminuição na vantagem das Cameras de menor diâ
metro.

Demonstração.
Chá a d J Se S'— superfícies lateraes das duas Cameras
emana »— press5es do fluido elástico sobre ellas

pelo § 3? será p : p' : : S : S*


porém sempre nota [26] he S < S', logo /»
porém como § 29 F = F
terá a força F menor perda que a força P; e por tanto
z força resultante } attendendo á pressão lateral , serã maior
na i.' que na 2."; subsistindo ainda assim a verdade da
proposição § 43 ; porque a razão em que a força F di-
minue a respeito de F lie maior do que aquella em que
TJE ARTILHARIA NAVAL. 19
angtnenta , como melhor deduziremos do seguinte exem
plo.
§ 45*. Se tivermos dous Cylindros taes que
c . \AD
SeJa f AB =
= 2±ad=^b
ab = h « \ad
&ra ( ab r=
= i8 hb. **
t

Seja a circunferência da base doCylindro ABDF—C) te


remos h : c : : \b : Circunferência de «Wf = i f. Pelas
regras de Geometria temos
Abertura da Camera ABDF = j = --
Abertura da dita abdf— s' = y
Semelhantemente
Superfície lateral de ABDF — S — cy^^b•=z^t)c
Dita dita abdf =<$* — {fx8A = 4^r.
Logo também
Solidez de ABDF=- X z b — cb*
Dita de abdf— ^ X 8 b — cb l
por consequência tem igual capacidade : e agora passan
do a comparar as superfícies s s' das aberturas, temos
, tk th
J : f ::-=:-

Logo / : J : : l : 4
c comparando as superfícies lateraes «Te J*, temos
J* :£ : :4*;»£::4 :a
logo J" : J* : : 2 : i.
O que mostra , que a resultante da força F na T.a Came
ra he menor que a resultante da forya F na z.a : : l : 4-,
e he maior na razão de z : i. C. «S1. J2; •£?•
já COMPENDIO THEORICO-PRATTGO
§ 46. Se tivermos duas Cameras das mesmas ca
pacidades e aberturas , mas de diferentes superfícief
íateraes, as forças dos fluidos elásticos resultantes
estarão na razão inversa das superfícies, e por conse
quência terão tanto maior vantagem , quanto menorfor
a superfície.
Demonstração.
Conservando as denominações temos/':/': ; s' : f
§43 .
j- ~ s
logo f = ff
Consequen temente as forças resultantes, que actuão con
tra as aberturas, são iguaes; porém asqueresultão, dedu
zida a perda occasionada pela pressão lateral , estão § 4?
e 44 na razão inversa das superfícies lateraes. C. S. Q. D.
§ 47. Segue-se do que temos dito , que entre todas
as Cameras Cylindricas de igual capacidade será mais
vantajosa a equilátera ; e muito mais ainda se augmen-
tarâ esta vantagem , se o fundo for semiesferico (a} ;
porque entre todos os Cylindros de igual capacidade o
equilátero he o que tem menor superfície , assim corno a
esfera entre os sólidos de igual capacidade.
§ 48. Dado bum Cylindro de diâmetro e altura
conhecida , construir hum solido de igual capacidade ,
que seja composto de bum Cylindro equilátero e bu-
ma Semiesfera.

Solução.
Ca'a — alti
altura do Cylindro dado
Seja <«^ d — diai
diâmetro da sua base
Cl : c = razão do diâmetro á circunferência.

CO Artilharia Schul. pag. 82.


'
DE ARTILHARIA NAVAL.
Pelas regras de Geometria temos

i : c : : à : Circ. — cd.

Logo superfície da base = «f*



Solidez-^-'
Para determinar a base e altura de outro Cylindro da
capacidade deste, em que tenhamos
Diâmetro da base : altura : : 3 : 4
chamando (x) ao diâmetro da base teremos

3:4::*: altura — % se
e i : c : : x : circunferência — cx

donde Superfície da base = —


Solidez — — .
Corno porém segundo a hypothese
1

fa:' acJ*
T ~
donde x* = £ ad*
• t

j
logo o diâmetro x =: V 7 tá*

e a altura == f x =. ± V 7 ^-2
Para a construcção tire-se huma linha AD = x , e di
vida-se era 3 partes iguaes ; Kig. 7.
Jevante-se a perpendicular AE , que seja igual a quatro
dessas parres, e conclua-se o Cylindro, que terá a mes
ma capacidade do proposto :
pelo ponto E da terceira divisão se tire EF parallcla a
3» COMPENDIO Tnsomco-Pa ATIÇO
AO, e sobre esta se descreva hum semicírculo; e teremos
a Secção verrical do solido pedido, composto do Cylin-
dro equilátero EADF e Seraiesfera EGF.
Para demonstrar que tem a mesma capacidade do
proposto, continuem-se AB e DC mais meia divisão
até 7 e L; e a recta IL será tangente no ponto G (B. G.
§ 47) e teremos o Cylindro EILF circunscripto á Se-
miesfera EGF: logo '(5. G. § 246)
EGF -}do Cylindro EILF
Cylindro BEFC — ^do Cylindro EILF
logo a Semiesfera EGF = Cylindro BEFC:
porém o resto he commura ; logo tem igual capacidade.
C. u . Q. D.
§ 49. Nas Cameras de iguaes capacidades e su*
perficies as forças elásticas resultantes estarão na
razão inversa das aberturas.
Demonstração.
Conservando as deaominaçóes do § 43 segundo a
sua Theoria já achámos
/:/::/: j
isto he, que as forcas resultantes estão na razão inversa
das superfícies das aberturas; não tendo neste caso lugar
a diminuição de vantagem , que notamos no § 44 por
serem as superfícies lateraes iguaes. '
§ 5:0. Em duas Cameras de iguaes aberturas e
superfícies , e que contenhão diferente quantidade de
Pólvora, as forças elástica í resultantes estão na ra
zão das mesmas quantidades.
Demonstração.
A força elástica resultante nas duas Cameras depen-
r- »E ARTUHARTX NAVá^. -» j*
df, t." da quantidade de fluido elástico desenvolvido;
a.° da grandeza das superfícies lateraes, sobre as quaes
emprega huma parte das suas pressões j 3.° da grandez?
das aberturas, ou boccas.
Ora sendo as superfícies, e as aberturas iguaes, as
forças estarão na razão das quantidades de Pólvora, por
que quanto maior esta for, mais quantidade produzirá
de fluido elástico , e por consequência maior força (sen
do tudo o mais igual) Jogo F : P : -: q : q.' C. S. Q. D.

SECÇÃO IV.
Dos pezos e medidas , que s^podem em
pregar na Artitbariç [??]•

N, . -r
A divisão de medidas de extensão Por tu-,
gueza 10 Palmos formão huma Eraça , e f Palmos hu
ma Vara , 8 Polegadas hum Palmo , e li Polegadas hum
Pé, 12 Linhas hurna Polegada ,. e iz Pontos hmaa. L/»
tiha.
• Na divisão das medidas depezo Portuguez 54 Ouin-
faes fazem huma Tonelada , 4 Arrobas hum Quintal ,
31 Arráteis huma Arroba, \ 6 Onças hum Arrátel , B
Oitavas huma O»/<« , e 71 Grãos huma Oitava.
Na divisão de medidas de extensão Ingleza 1760
Jardas fazem hurna Milha, e 40 Jardas hum /-<?»r-
o»g, 3 PÍJ- huma Jarda, 12 j Ptj- hum fo/ff, e li
Polegadas hu m PíC •»
• Na divisão dos pezos Inglezes temos, que 20
dreds fazem huma Tvnelada., 112 Arraieis^ hum
^rf^, 14 Arráteis huma Pedra , 16 O^tf-r hum Arrátel,
1 6 Dracbmas huma Onça.
Na divisno das medidas de extensão Franceza 6 Pí\r
/azem huma Tavz-a, 12 Polegadas hum Pétii Linhas
huma Poltgada, 12 Pontos huma Linha.
F
34 COMPENDIO
Na divisão das medidas de pezo Francez 100 Li
bras fazem hum Quintal , 2 Marcos huma Libra , 8 On~
fas hum Marco^k Grãos huma Onça.
§ 52.. Passaremos a determinar a relação entre as me->
didas destes differentcs Paizes.
Pé Inglez
: Pé Régio Frattcesi
: : 107 : 114.
Pé Régio Francez
: Pé Portuguez
r: 320: 323.
Libra Inglez a
r Libra Francesa
: : 63 : 68.
Estas relações são resultado do exame Geométrico , a que
se procedeo nas Academias das Sciencias destas Nações ^
a seguinte Taboa he deduzida dos seus' trabalhos»
Suppondo Pé Régio Francez 1,0000
Será Pé Inglez, 0,9386
Pé Portuguez - - 1,0093
Pé Hespanhol -- 0,8571 Segundo Roroé-
Suppondo Libra Franceza - 1,0000
Será Libra Ingleza - 0,9164
Libra Portugueza 0,9372
Libra Hespanbola 0,9391»

§ 5-3. Com estas relações poderemos reduzir hum cer


to n.° de Pés Portuguezes a Inglezes , ou Francezes , e
inversamente j e o mesmo entenderemos a respeito dos
pezos.
Exemplo.
Para reduzir ao Pés Portuguezes a Inglezes faremos
a analogia
BE ARTILHARIA NAVAL.
1 ,0093 : 0,9386 : : IO : y.
Logar. 0,9386 — —
C Log. 1,0093 =
9,968460 = Logar. Constante
Log. 20 ... =• 1,301020
1,169490 — Log. 1 6. ,8.
Logo querendo reduzir Pés Portuguezes a Inglezes , bas
tará somrnar o Logarithmo do numero de Pés Portugue
zes ao Logarithmo constante, e no numero correspon
dente á somma teremos os Pés Inglezes: assim procedere
mos a respeito das outras relações tanto de pezos, como
de medidas.

lias medidas para regular as cargas da Pólvora.


•§ 5-4. Para facilitar a expedição na factura do Car-
tuxame se costuma medir a Pólvora -em lugar de a pezar :
estas medidas são ordinariamente Cylindricasi indicare
mos o modo de determinar a grandeza do raio da sua
base , e sua altura , para que corresponda a hum deter
minado pezo.
Nós sabemos pela Geometria [oS] que
O Cubo de huma Linha
: A Solidez doCylindro equilátero, que tenha essa Li
nha for diâmetro
355-
Ora sendo a gravidade especifica da Pólvora de Ordenan
ça 1066 ons- por pé cubico, como veremos naTaboa res
pectiva, e sendo [19] os pezos proporcionaes aos volu
mes , quando as gravidades especificas e densidades são
as mesmas, teremos
452 : 35? :: ic669<|f- : Pezo do Cylindro equilátero
inscrifto •=. 837 ""f ,23. . .
F z
COMPENDIO THSORTCÔ-PRAYICO
Para deduzirmos em geral a formula , teremos
837 <">f- , 13 Pezo de hum Cylindro equilátero , cuja diâ
metro = i p = l^P
-: Pezo de Pólvora , de que queremos a medida
PPP ippp ppp
: : i : ou (12) ou 1718
: Cubo do diâmetro da medida^ que se pede.
• •

°l*=: diâmetro pedido

'será 837, 23 : 1728 : : p : x'


___
donde se tira Diâmetro x — \f^ P , 06275" P' em
eadas , de que nos poderíamos servir para formar huraa
Ta boa.
§ fj. Se quizessemos que estas medidas não fossem
«quilareras , mas que o diâmetro da bocca tivesse humk
razão qualquer para a altura , reduziríamos a questão a
determinar o diâmetro e altura de hum Cylindro da mes-
•ma capacidade doequilatero, cujo diâmetro estivesse para
a sua altura nessa razão dada. :
O methodo, que segueriamos na solução deste Pro
blema , he o mesmo , que praticámos § 48.
" Taboa das gravidades especificas de algumas ma
térias , que se empregao na Artilharia.
t

§ 56. Cobre .......... 1,1064


Estanho --------- 0,8793
Metal das Peças ou Bronze - - 1,0798
Cobre Fundido - - - - . , _ - 0,983-4
Chumbo --------- 1,3921
Ferro - ...... -- 0,9398
• '. Bombas Carregadas - - - - 0,6016
•»•- - 0,8393
DE ARTILHARIA NAVAL. 37
Mármore - - -- - - - - - 0,3319
Carvalho Secco - - - - - - 0,1137
Freixo Secco ------- 0,0983
Bordo Secco ------- 0,0918
Álamo Secco ------- 0,0738
Pinho Secco ------- 0,0617
Pólvora d^Ordenança - - - - o, 1066
isto he, o pezo em Onças de hum Pé cubico das respecti
vas matérias.
§ 57. Gravidade especifica de hum corpo he o seu
pezo em hum determinado volume, que se toma por uni
dade de medida , por ex. i.pl>p
Para determinar as Ta boas se escolhe hum Pé cu
bico ordinariamente de agoa destillada, e avaliando exa
ctamente o seu pezo, se determinão comparativamente
pspezos do Pé cubico das matérias, cujas gravidades per-
tendemos avaliar (tf).
§ 58. "Dada a gravidade especifica , ou o pezo de
bum Pé cubico de qualquer matéria , determinar o pe
zo de cada huma das suas partes , e inversamente.

Solução*
— gravidade especifica
'— pezo de huma parte k da unidade de volume
— unidade de volume
.» — numero porque se deve dividir v para ter k.
Pela. nota [ 29 ] temos
v : k : : p : p'
ou v : - : : p : p'
" , §
donde p1 — —
v/i
~ n.-
(o) Chyoiica de Mosinho Tom. i.9 pag. 55.
38 COMPENDIO TSEORICO-PRATICÒ
Logo párã ter o pezo de huma i da unidade de volu
me dividiremos a gravidade especifica pelo numero n
de vezes , que a unidade de volume contêm aparte da
da k.
Para a inversa temos

isto he , para ter a gravidade especifica deveremos mul


tiplicar opezo daparte conhecida k pelo numero de ve
zes n , que esta parte se deve conter na unidade de
volume.
Applicação das gravidades especificas d determi
nação de grandeza dos diâmetros das balias.
§ 59. Pede-se o diâmetro de huma baila de butn
metal determinado , e de bum determinado pezo.
Solução.
PPP PPp
t' A unidade de volume ou i =: 1718
P — pezo dado
Jg •=: gravidade especifica do metal
,678 : 355 — Razão do cubo de huma Linha para
a solidez da Esfera , que tenha essa Li
nha por diâmetro [2,8].
Como as solidezes são proporcionaes aos pezos, sendo a
matéria a mesma, temos
^78 : 35>5 : : S '• Pezo de huma Esfera de hum pé
de diâmetro — ***„*
675
porém os pezos estão na razão das solidezes, e estas na
razão dos cubos dos seus diâmetros , logo
DÊ A*TILHA*IA NAVAL. 39
HL? ; p : : 1718 rrr : x1 sendo x — diâmetro pedido
678

donde *>, = -777


, 17*8 X P 678 X 172» P
= —n — = 3300 P-
678
j
«londe x ~ 1/3300 - Formula geral.
O*

§ 6o. Servindo-nos desta formula podemos determi


nar huma Taboa dos diâmetros das bailas corresponden
tes aos seus pezos ; e imaginando este diâmetro dividido
em 24 partes iguaes , obteremos o diâmetro da bocca to
mando 25 das mesmas partes ; assim se construiu a Ta
boa seguinte para as Peças desde i '*• até 49. '*•
Notaremos, que nesta Taboa os números da linha
Horizontal superior representão as unidades do Ca libre em
arráteis ; assim os diâmetros , e Calibres são os números
que immediatamente lhe correspondem ; os números da
i.* colutnna vertical representão dezenas de arráteis : as
sim querendo saber o diâmetro da bocca , e baila de pe-
zo de 28'*-, teremos £,480 para a Baila, e 5,668 para a
Bocca.
' DE ARTILHARIA NAVAI». "* ft
§ 61. Ainda que a formula acima nos offereça huitt
meio geral e fácil para obter o diâmetro das Bailas, cu
jo pezo e gravidade especifica for conhecido , com tudo
quando temos conhecimento exacto do pezo de huraa
balia , e grandeza do seu diâmetro , se determina semelhan
temente o diâmetro d'outra qualquer baila do mesmo me
tal , conhecido o seu pezo.

Solução.

fp := pezo de huma baila conhecida


{ d = seu diâmetro também conhecido
Seja •</>' — pezo da baila dada para se determinar odia«
j metro
(x = grandeza do diâmetro que se pede

teremos/» : p' : : á* -.x1

i
logo x = y F— Formula geral quando

temos huma baila para servir de termo de comparação.


Podemos também determinar os diâmetros, servin
do-nos de hum compasso de pontas curvas, e huma Es
cala graduada [30].
§ 62. Para determinar o diâmetro de buma balia y
de que bum certo numero faça hum arrátel , sendo da
da a sua gravidade especifica
Principiaremos por determinar pelas formulas § ^9
ou 6 1 o diâmetro da baila de hurn arrátel , e depois substi
tuiremos na formula
£fc COMÍEITOIO THEORICO-PflAflCÒ
;..- r> = i*.
= diâmetro da baila de i. '*•
[n = n.0 das bailas em arrátel teremos
l
x = y — diâmetro pedido.

Com estas formulas poderíamos calcular as seguintes Ta-


boas dos diâmetros das bailas de Ferro , e de Chumbo.
CE ARTILHARIA NAVAU ** «U-

-1
Z
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IM k* M 0 3 CM hj Hl O •"O
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!-
COMÍENDIO TMEÔRlCO-PRAflCÕ

SECÇÃO V.
Do metal das Peças.
§ 63. X]L S qualidades , que devera essencialmente
exigir-se no metal das Eoccas de fogo , se reduzem ás se
guintes :
i.° Deve terhuma tenacidade sufficicnte para resis
tir aos esforços occasionados pela dilatação do Fluido
elástico , produzido pela inflammacão da Pólvora.
a.° Deve ter huma tal rijeza , que na occasião do
tiro o Projéctil não faça amolgaduras , ou regos profun
dos nas paredes da alma.
3.° Que não seja muito dispendioso.
§ 64. Estas qualidades > necessárias para a bondade
das Boccas de fogo, arnda se não descobrirão eni hum
metal simples, [31] e por esse motivo se tem adoptado
o Bronze , que ne huma liga de Cobre e Estanho.
T „ fii'*- até 14'*- de Estanho de Inglaterra,
Lotao-se - e Cobre_RozettiU

As experiências (<*) nos mostrao, que cora esta liga se


obtém resultados os mais vantajosos.
Escolhidas as proporções da liga , que deve formar
o metal , se procurará a perfeição da sua fundição , na qual
se exige essencialmente :
i.° Determinar as exactas proporções das partes da
Bocca de fogo , a fim de construir perfeitos os moldes ,
ou formas.
2.° A pureza dos metaes , que devem empregar-se
na fundição (£).
§ 65. Dada huma Peça de bronze , cuja liga se
desconhece ; e tendo a gravidade especifica dos metaes,
(n) General Gazendi not. pag. 812 e seguintes.
( 'i J Arte de fabricar a Artilharia por Mr. Monge.
DE ARTILHARIA NAVAL. 4?
que nella entrao 3 o seu pezo e "volume , determinar a
proporção de cada bum.
Solução.
'P = Pezo da Peça
só =. Volume em pés cúbicos
e - á — Gravidade especifica do Cobre ditos
Ja \b =• Gravidade especifica do Estanho ditos
Jx — Parte de Cobre que entra na liga em ditos
\y — Dita de Estanho.
Como as partes derem igualar ao todo, será
x+ =w

a somraa destes pezos também igualará ao pezo da peça


logo ax 4- by — P.
Tirando os valores de # e igualando temos
p - by
•J a
ou av — ay = P — by
ç. by — ay = P — av
_ P — <JU
y~ t - *.
Substituindo na i." Equação temos
i> - ffV
i — a
4v - P
ft — -r~
4<£ COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
Se multiplicarmos os valores de x e de y pelas suas gra-
vidades especificas, teremos o pezo do Cobre e do Esta-'
nko , que entrarão na liga.

SECÇÃO VI.
Experiências relativas ao comprimento das Pe
ças , grandeza das cargas , vantagem , e fi
gura das Cameras , e lugar do Ouvido.

§ 66. IN Os annos de 1783 , 84, 8? , 86 foi no


meado pelo Duque de Rechemont , Inspector de Artilha
ria, Mr. Charles Hutton, a fim de determinar por expe
riências as Relações entre os comprimentos das Peças,
velocidades das Bailas, e grandeza das cargas &c. As
Pe^-as, com que se praticarão, forão ç , a saber :
a i.» tinha de comprimento 15" Calibres, e peza vá 290 11f-
a z.' - --- dito ---- *9,9% --- dito - - 289
a $.*
. ----- dito - --- 2,0, i --- dito - -
4.* ---- dito --- - 41,04 - - - dito - - 378
5V1 ---- dito — — 4°>84 --- dito - •» yoz.
Todas fundidas emWoolwick, e de Calibre dehuma Li
bra, erão destinadas, as três primeiras para designar os ef-
feitos dos diferentes comprimentos da Peça, assim como
as outras a calcular os effeiros nas' Peças mais compridas.
O numero j era privativamente destinado para fa
zer experiências sobre os differentes comprimentos da al
ma , que se devião obter dando hum certo n.° de tiros,
depois sc""ando-lhe 6 P e dando- com a mesma carga ou
tros tantos tiros, e continuando a serrar até ser possível,
e depois comparar os resultados. Destas experiências em
referenci3 ao presente objecto concluímos :
i.u Que as velocidades das Bailas crescem até adqui-
»E ARTILHARIA NAVAL. 47
Tir o MaTÍmutn , crescendo o comprimento das Peças >
mas em huma razão menor que as raizes quadradas^ e
maior que as raizes cubicas dcs mesmos comprimentos (a}.
2.° A BalJa,.que parte com maior velocidade, de
ve ter maior alcance (iguaes todas as outras condições):
logo quanto maior for o comprimento, resultará maior
alcance (£) ; porém os alcances somente crescem na ra
zão da raiz quinta do comprimento da alma , em conse
quência , dobrando o comprimento da alma , apenas se
augmenta o seu alcance de f.
3.° As cargas, que correspondem á máxima veloci
dade, não devem exceder o pezo da baila , nem a dos ti
ros ordinários a r; tem-se adoptado geralmente } do seu
pezo.
4.° O comprimento das Pecas deve ser determina
do tendo consideração á commodidade do Serviço , fa
cilidade dos transportes , e fim a que se destinão.
§ 67. Em 17^7 e 89 em Woolvvtck (V) para deter
minar por experiências a figura das Cameras , que em
iguaes circunstancias davão maiores alcances, se empre
gou hum Morteiro de 8 polegadas , ao qual sucessivamen
te se adaptarão 4 Cameras de difterente configur.ijão, e
a mesma capacidade igual a 63,7 w contendo 2 /*• de Pól
vora
f A i.3 Cónica com fundo esférico
, \ a 2.3 Cónica invertidas as bases
y i ido < a ^ , cilíndrica com fundo esférico
^a 4.a Esférica
Tiverão os seguintes resultados : a i.a constantemente da
va maiores alcances ^ porém a difficuldade de limpar, e
o risco deseencascar de pólvora interiormente , tem obri
gado a abandonar estas Cameras adoptando a 3.* i o que
combina com a doutrina demonstrada § 47.
(a) Experiências de Hutton por Vilantroys pag. 167, § n j e 121.
(A) Hutton § 1 19.
(í) Artilheiro por Willet-Adye pag. 8o.
48 COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
§ 68. Muller para determinar aposição mais vanta"--
josa do Ouvido empregou nas experiências dous mortei
ros
P P
O 1." de Camera Cylindrica de l de diâmetro , e 2 de ai tara
O 2.° dita Oval meia polegada de diâmetro da entrada:
ambos tinliao 7 P de comprimento , e 3 P de bocca ; a capa
cidade das Cíimeras correspondia a i «"f- de Pólvora , que
depois do fogo em consequência da dilatação , podia
conter Imrm Onça e ~: tinha cada hum dous Ouvidos;
quando se servia de hum, se tapava com hura parafuso
o outro.
O Coronel Dezagulieres em 1766 fez igualmente
experiências para este fim com hum morteiro de Came
ra Cylindrica de 4 polegadas d'altura , e 2 de diâmetro
da base, e quatro ouvidos abertos em iguaes distancias,
que se fechavao com parafusos , como nas experiências de
Muller : os resultados sempre decidirão a favor dos Ou
vidos mais próximos ao fundo da Camera [44].
§ 69. O comprimento das Peças , grossura , e carga
be constantemente determinado por huma Ordenan
ça [31]: para esta st; estabelecer, combina-se o Serviço
a que são destinadas com a segurança e facilidade da
sua manobra ; quanto á grossura , funde-se huma Peça
para cada hum dos differentes Serviços: e tendo determi
nado os comprimentos e carga, da-se com ella hum gran
de n.° de tiros-, depois se tornea, e se continua a expe
riência : e assim obtemos o conhecimento da menor gros
sura que se pode dar á parte Cylindrica do i.° reforço.
§ 70. Hutton em resultado das experiências de IO
de Agosto de 1784, e de n de Setembro, e as opiniões
de Robins e Lombard nos conduzem a tirar os seguin
tes resultados a respeito do vento dos Projecteis; que he
a âifferença do diâmetro do Projéctil ao diâmetro da
alma da Bocca de fogo , que o ba de lançar.
i .° Que augmentando o vento da baila , diminue con-
sideravelmente a velocidade.
DE AwritKAMA NAVAL. 49
i.0 Que a exactidão dos tiros , e a conservação das
almas das boccas de fogo, he tanto mais considerável,
quanto menor he o vento.
SECÇÃO VIL
Experiências para determinar a velocidade inicial
dos Projecteis , descripçao das Macbinas , que
para esse fim se tem construído.

•§ 71. r Elocidade inicial he aquella , que o mo


vei adquire ao sahir da bocca da arma : e he este o mo
mento , em que a força expansiva da Pólvora deixa de
actuar sobre elle , e fica sujeito á acção das forças mecha-
nicas. He evidente , que só lium systema de experiências
cuidadosamente calculadas , e empregando as mais per
feitas machinas, poderia confirmar-nos os resultados da
Theoria.
D. Arcy , Borda , Robins , e muitos outros Sábios se
occuparao cora este trabalho , porém Hutton publicou
o systema de experiências mais completo, e adequado
para obter tal fim. Este Sábio encarando a questão de
baixo do verdadeiro ponto de vista , médio a força da
pólvora, e seus eíFeitos pela velocidade inicial do movei,
[32.*] e examinou as modificações a que esta se submct-
tia em differentes casos.
O Pêndulo da invenção do celebre Robins foi entre
outras Macbinas empregado vantajosamente nestas ex
periências; porém esta machina , assim mesmo oíFerecia
na pratica alguns defeitos. Foi o Coronel Miller , Dire
ctor no Arsenal de Woolwick, que fez construir hura,
novo Pêndulo , superior era grandeza e perfeição aos
anteriores , particularmente em dar ao systema huma tal
solidez, que a violência dasoscillacões, e a percussão dos
Projecteis lhe não possa occasionar desviacao de género.
COMPÍNBIO TatORICO-PRATlCO
§ 73. No local escolhido pm as novas experiências
.fi. * edificarão dous muros parallelos na distancia de imet«
. 8.* e 75" centt Sua altura he de 6 mèt> e o comprimento de
5'met-,5í. Reunio-se superiormente este edifício por meio
de hura quadro de madeira , sustentado por baixo e de
Jado por solidas escoras.
Este quadro Sustenta dous travessões , sobreosquaes
se faiem fixos os apoios , ou moentes de ferro, em que
oscilla o eixo do Pendt/fa. Hum tecto de madeira cobre
este systema ; debaixo deste tecto duas pequenas janellas
se construirão , afim de dar claridade junto ao eixo, e
para dar passagem ao fumo, que se accumula debaixo
do tecto na occasião das experiências.
Os dous apoios do eixo são de ferro coado; á* direi
ta e esquerda deste eixo o apoio se eleva em plano in
clinado, para embaraçar toda a desviação do Pêndulo,
durante as oscillacôes. O eixo he terminado por dous cu-
tfcllos , cuja aresta não he viva , mas sim boleada em cur
vatura circular de muito pequeno raio , e construido do
mais duro aço.
Antes de se fazer oscillar o Pêndulo , se lança hum
pouco de azeite sobre os planos dos apoios, para dimi
nuir a fricçSo dos cutellos do eixo.
O Pêndulo he construído com peças de madeira em.
perfeita esquadria , postas a par , e ligadas todas por gros
sas cavilhas cylindricas, embutidas nas peças; cujo nexo
he tal, que o choque, que resulta da percussão da Baila
iio meio da peça de madeira central do massiço do Pen-
â*lo , apenas obriga esta a resvallar contra as próxima»
j ou 2 rnillimetros.
A peça de ffiadeira, em que a Balia se hade intro-
rfuzir depois do choque , está collocada no meio do mas
siço do Pêndulo. Pode empregar-se nesta peça hum cer-
non.° deballas, tendo attenção em cada tiro deaugmen-
fet o momento de inércia do Pêndulo do pe2o da baila ,.
<Jtie tiver accrescido. As peças de madeira , que compõem
o Pêndulo , são cingidas por quatro virolas de ferro, eu
DE ARTILHARIA NAVAL. ff
jas bases rectilíneas são atracadas por meio às Roscas , t
fortes Porcas. *
Para suspender este massico dequasi 57 quinfaei d«
pezo descem duas barras de ferro, sufficíentemente lar
gas , dos extremos do quadrado do eixo ao rocio das
faces Jateraes do Pêndulo; e quatro vergalhôes cylindri-
cos de ferro partem diagonalmente de cada angulo supe
rior do Pêndulo á extremidade mais distante do eixo de
suspensão , onde se fazem fixos por fortes Parafusos , e
forcai. Por este systema se consegue resistir a qualquer
vibração lateral , ainda que acontecesse a baila chocar o
Pêndulo hura pouco á direita , ou á esquerda do plano
vertical , que divide o Pêndulo perpendicularmente ao
eixo de suspensão em duas partes symraetricas.
§ 73. Construído o Pêndulo resta-nos assignar ome-
thodo de medir as oscillaçÕes: oque satisfaremos cornos
dous seguintes processos.
Sobre o eixo verticalmente se eleva huma Haste
metullica de 6 decirnetros àc altura \ esta Haste na os-
cillaçao do Pêndulo faz mover hura Cursor ao longo d«
Jjum arco de circulo collocado em hum plano perpendi
cular ao eixo do Pêndulo; este circulo he de Cobre, o
graduado. Ao longo da graduação deste arco corre o Cxr-
sor, que na sua face tem a forma de hum quadrado , va«
sado interiormente , cujos lados para a parte de dentro
são talhados em forma de cunha.
Na parte superior da Haste metallica se atravessa
3unn Parafuso de reclamo , por effeito do qual se leva o
Cursor por gráos insensíveis até o° da graduação no instan*
te , em que se pertende começar qualquer experiência.
O Cursor he aperrado contra o reverso do arco gra
duado por effeito de huma mola, para embaraçar que
clle por si escorregue ao longo do arco.
Quando huma baila he lançada contra o Pêndulo ,
a sua percussão separa o Pêndulo da sua posição verti»
cal , e então a Haste metallica , acompanhando este mo
vimento , leva comsigo o Cursor , e as oscillaçóes do Pen
H 2
COMPENDIO" THBORICO-PRATICO
àulo vão pouco a pouco diminuindo a sua velocidade ,
até que tornando-a nulla , o Cursor marque o arco da
maior oscillação.
§ 74. Para empregar o i.° Methodo se tem adopta
do, pela parte inferior do massiço do Pêndulo, hum Pon
teiro metallico situado na continuação da vertical , que
passa pelo centro de gravidade do Pêndulo , e pelo meio
do eixo de suspensão.
• . Em o plano, que no movimento de oscillação deve
percorrer o Ponteiro , se estabelece fixo sobre o terreno
hum arco de circulo de madeira , vasado em forma de
calha, para receber huma porção de sebo, ou sabão, e
cera, e graduado exteriormente.
Quando a baila, percutindo o Pêndulo, o obriga a
separar-se da vertical, o Ponteiro acompanhando o mo
vimento de oscillação traçará huma ranhura na super
fície do mixto , que indicará a amplitude da i.* oscilla
ção do Pêndulo : assim , tendo o Pêndulo dous meios de
medir a amplitude das oscillaçòes , podem elles ser em
pregados na sua mutua verificação.
§ 7J. Para determinar exactamente o ponto da gra
duação exterior, a que correspondem os extremos das ra
nhuras formadas pelo Ponteiro , se emprega hum Esqua
dro.
« A distancia do centro de gravidade do Pêndulo ao
eixo de suspensão he de 3 met- e f.
A distancia do centro de oscillação ao mesmo eixo
he maior 28 Centímetros ; e he entre estes dous centros
que deve effectuar-se o choque das bailas.
§ 76. Para determinar este ponto, sobre a superfície
anterior do Pêndulo na direcção da linha , que o divide
em duas partes iguaes, se traça huma vertical; e á direita
e esquerda desta linha , e próximo ás arestas verticaes
se tração duas graduações , e se unem por meio de hu
ma linha horizontal de maneira , que passe a iguaes
distancias entre os centros de gravidade e oscillação : to
me-se depois huma chapa de Chumbo de grossura de a
DE ARTILHARIA NAVAL. Ç$
rmllimètros sobre a superfície de 3 decimetros em qua
drado, e divida-se por duas rectas em quatro pequenos
quadrados, e pregue-se sobre a face anterior do Pêndulo
<3e sorte, que estas linhas correspondao ás já traçadas na
mesma face : e fica prcmpto para as experiências.
§ 77. Se a madeira do massiço Ao Pêndulo tiver de
pois de algumas experiências absorvido alguma humida
de, ou evaporado a que tinha, será necessário antes de
começar novo grupo de experiências verificar a posição
dos centros deosciilação, e o momento de inércia do Pen-
dulo\ o que se consegue fazendo oscillar o Pêndulo hum
numero de vezes sufficiente para obter exactamente a du
ração media das oscillações, que por serem muito peque
nas , os seus arcos serão Isocbronos ( B. M. § 298 ).
Deve também antes notar-se o estado do Baróme
tro , e Thermometro ; porque a densidade do ar influe
sensivelmente sobre ^velocidade inicial das bailas, e se
gundo a opinião do Dr. Gregory h e essencial determinar
as variações Hygromeíricas da athmosfera ; porque es
tas variações podem alterar o pezo das madeiras, que
compõem o Pêndulo.
Ultimamente o pezo, a humidade, e o calor daath-
mosfera , podendo fazer variar os verdadeiros resultados
das experiências , devera ser determinados no principio,
e fim de cada grupo de experiências.
§ 78. Para situar a Peca convenientemente attende-
remos ao seguinte :
i.° A Peça he montada sobre hum Reparo de cam
panha.
2.° Sobre a Faxa alta da Culatra , e sobre a Tu-
lipa , ou Jota se tem gravado huma linha, que corres
ponde perpendicularmente ao eixo, e lateralmente á di
reita, e á esquerda outras duas, que no plano horizon
tal correspondem também ao eixo : assim temos três //V
ubás de Mira em dous planos mutuamente perpendicu
lares ; a Plataforma, sobre que assenta o reparo, he
construída em hum plano parallelo ao eixo de rotação
f4 COMPEWDTO THEOKICO-PRATtCO
do Pêndulo, e na inclinação de ^ do seu comprimento;
os seus madeiros são assentados no sentido do recuo.
§ 79. Antes de principiar as experiências se deve
por meio do Provetfe , nota [20] de Suspensão , determi
nar a força da Pólvora.
Para este fim peza-se a Pólvora que deve formar a
carga, e se lança em hum cartuxo de papel pardo, que
também deve ser pezado ; e se introduz no fundo da al
ma , e comprime com o taco sem pancadas [19], e de
pois se mette a baila , que se ajusta da mesma maneira.
A baila , para preencher o vento , he guarnecida por
dous fios de meia linha de diâmetro, que se cortão per
pendicularmente: a baila deve ser bem esférica, e liza;
e ultimamente depois de ter furado o cartuxo se mette o
Estopim no Ouvido , e está prompta a Peça para dar fo-
&°'
Para dirigir a pontaria observaremos: i.° que a li
nha de mira superior deve corresponder á vertical, que
divide ao meio a face anterior do Pêndulo; z.° que -as
linhas de mira lateraes devem corresponder á recta hori
zontal , que passa pelo meio do quadrado de Chumbo.
§ 8o. Dando fogo á Peça a baila se introduz no ma
deiro que forma o centro do massiço do Pêndulo, vá-
sando na prancha de Chumbo hurn rombo perfeitamente
circular, o qual serve para determinar o ponto, em que
a baila percutir o Pêndulo; referindo-se as linhas, hori
zontal e vertical , traçadas na face do Pêndulo ; o rom
bo, que a balia faz he muito irregular, e tapado em gran
de parte pelos fragmentos da madeira.
Querendo repetir a experiência se tapa com huma
buxa de madeira o rombo, e sobre elle se prega outra
igual chapa de Chumbo, e semelhantemente posta ; e as
sim teremos o Pêndulo augmenrado em pezo da quanti
dade resultante do pezo da baila , e da buxa de madeira.
Quando se tem lançado cinco ou seis bailas , se des
monta o Pêndulo por meio de huma roldana fixa no ma
deiramento do tecto , e de hum buraco redondo , prepa
I>B ARTILHARIA. NAVAL. 5-5"
rado para este fira no meio do eixo do Pêndulo ; desar
ma-se, e se lhe introduz huraa nova peça de madeira no
massico , e se determinão de novo os centres de gravi
dade , de oscillação, e o pezo.
§ 81. Sendo o principal objecto, a que se destinão
estas experiências, a determinação da velocidade inicial
das bailas, exporemos o processo do calculo, que nos con
duz á formula empregada por Hutton , e ultimamente
pelo Coronel Mudge em companhia dos Coronéis Mil-
lef , eGriffiths, eoDr. Gregory em 1815-, 17, e:8, em
que fez uso do Pêndulo, que temos descripro.
Para determinar os elementos deste calculo princi
piaremos por obter o pezo do Pêndulo e a sua TLquipet-
gem , empregando huma balança ordinária.
A distancia do centro de gravidade ao eixo de sus
pensão se calculará , como Hutton fez, empregando os
convenientes aparelhos. Este methodo se reduz a ele
var ( por meio de huma corda fixa na extremidade infe
rior do Pêndulo, e a favor de huma roldana por onde pas
sa) o systema do Pêndulo, até que o plano, que passan
do pelo eixo de suspensão divide ao meio todoosystema,
fique Horizontal r então se applica ao extremo da corda
hum pezo, que cquilibrando-sc com o do Pêndulo, o
conserve nesta posição. Dever-sc-ha ter atrençao a que
os cordões da corda , que passa pela roldana , fiquem ver-
ticaes , e por consequência parallelos.
(P =± Pezo total do Pêndulo
\f' = Pezo, que equilibra a acção da gravidade
Sejão •( a n± Comprimento total do Pêndulo
lg =2 Distancia do centro de gravidade ao eixo
t de rotação, que he o que se pede.
Ora como p' X * = momento da Potência />', temos
(S. M§ 82)
K6 =. '-
f
donde se tira P : p : : a : g
i;6 COMPENDIO THEOntco-PRAtwo
e traduzindo
Pezo do Pêndulo
: Peso que o equilibra na posição Horizontal
: : Comprimento do Pêndulo
: Distancia do centro de gravidade ao eixo de suspensão.
§ 82. Ha outro methodo muito «imples, e que foi
também empregado pelo Dr. Gregory. Toma-se hutn pris
ma triangular de ferro, assenta-se no terreno sobre nu
ma das suas faces, e sobre a aresta superior se assenta o
Pêndulo , servindo-nos para este fim das duas graduações,
<jue se fizerão junto ás arestas lateraes da face anterior,
e situando o systema de sorte, que fique horizontal: en
tão a distancia do eixo de suspensão ao traço da gradua
ção , que assentar sobre a aresta do prisma, será a distan
cia do centro de gravidade pedida.
§ 83. Para determinar a distancia do centro de oscil-
laçao ao centro de suspensão faz-se oscillar o Pêndulo
em pequenos arcos de 5.° ou 6.° para as oscillações se con
siderarem Isocbronas (5. M. § 298) , e contao-se as vi
brações no intrevallo de 12' até 15-.'
Assim passemos ao processo do calculo
n — n.°de oscillações em imin certo n.°de segundos
s —n." total dos segundos
T ~ tempo de humu oscillação
l'' — tempo daoscillação do Pêndulo, que bate segundos
Seja í — seu comprimento
— distancia que se busca, igual ao comprimento
de b um Pêndulo simples, que faz as oscillações
no mesmo tempo T do Peudulo da experiência
( B. M. § 301 ) : temos
i" : r : : W : V^
quadrando
T* V J
l": T.2 ::l:o = —£-!
DE ARTILHARIA NAVAL. -57
Porém he T — - logo substituindo
i»/

§ 84. Notaremos, que o ponto, que denominamos


ponto de Percussão, cuja distancia entra no calculo,
não he o mesmo que centro de Percussão que ( B. M.
§ 498) coincide com o centro de oscillação; este ponto
he diverso, e a sua situação depende do choque da baila.
§ 85*. Ora como a baila, chocando o Pêndulo, o obri
ga a descrever hum arco , cuja grandeza depende da força
do choque, determinaremos a sua velocidade pela seguin
te propriedade dos corpos graves: ( B. M. § 291 ) Que
para hum grave se elevar pelo choque a qualquer al
tura , deve-lhe este ter impresso buma velocidade igual
á que elle adquiriria se cabisse livremente dessa al-
lura. Assim determinado o arco descripto pelo Pêndulo
podemos calcular o seu Seno verso, que he a altura donde
o grave deveria cah ir para adquirir numa velocidade igual
á velocidade do Pêndulo \ e desta velocidade poderíamos
deduzir a velocidade da baila antes do choque pela razão
conhecida das massas, da baila e do Pêndulo. Debaixo
destas considerações foi deduzida a formula seguinte:
Í p — Pezo do Pêndulo
b - Pezo da Baila
l c = Corda do arco descripto pelo Pêndulo cujo raio r *
•Seja -^ g — Distancia do eixo de uupensáo ao cer.tto de gravidade
Ji •, = Dita ----- dita ao centro deoscillaqão em pis
— Dita ----- dita . - - . - ao Ponto de Percussão da 1'alla
i: = Velocidade da l'a!la

Nós temos (B. M. §495) expoente do momento de inér


cia da baila igual ao prcducto do seu pezo pelo quadra
do da sua distancia ao eixo de suspensão

(A)
Igualmente (B. Af. §493) expoente do momento do Pên
dulo igual ao seu pezo multiplicado pelas distancias do
eixo de suspensão aos centros de gravidade e oscillaçao

= fê°-
Logo somraa dos momentos do Pêndulo e da Baila
— pgo -h M* ...... (B).
Represente-se por s a velocidade destes dous corpos uni
dos , visto que a baila por não reflectir fica introduzida
<no Pêndulo ; esta he a expressão da velocidade do ponto
chocado: agora multiplicando as massas A Q B pelas
•suas respectivas velocidades , temos
(Quantidade de movimento da Baila — bi^v
Dita --- do Pêndulo e,Balla --- =: (pgo + £/J) z.

Logo era estado de equilíbrio teremos


— (pgo + ii* ) z
donde z = -— ----- .(C).
pgo + í'1
"Porém a introducçao da baila no Pêndulo deve precisa
mente mudar o centro de oscillaçao; e a distancia (B.
M. § foo) do centro de oscillação ao eixo de suspen
são he igual ao expoente do momento de inércia divi- •
dido pelo momento dos mesmos corpos , ou pezos. Assim
chamando y a essa distancia temos
y =—--i — Distancia do centro de oscillaçao
PS +" b'
í =: Distancia do ponto chocado , cuja velocidade :=:
vi»1
pgo
E porque (B. M. § 5-01) as distancias são proporcionaes
ás velocidades, temos
151 ARTUHAMÀ, NAYA*.
i : Jy : : PS» -*-L—
K* : Velocidade do nova centro de oscil-
J :!çf;c) ; e substituindo teremos
. pgo H- A/2
<:pt> t. : : ti»1 r, ir t -j j = —-r-..
: Velocidade V4' = u.
PS + bl PS" -*- tl PS ± *'
Temos demonstrado na Geometria que a corda he raei%
proporcional entre o diâmetro e o Seno verso; sendo o
Raio — i , temos
i i : c : : e : —. == Seno verso.

Pela propriedade das linhas proporcionaes tsmos


»
/ : y : : — : Seno verso cujo Raio ^ y\ e substituindo

. fo 4- íi* : : —
/:r°—— c' : o i
Seno verso do i .
arco descripto ,
pelo
PS
Pb + li a» *
novo centro de oscillaçao

e a velocidade, que hum corpo adquirira cahindo desta


altura, seria (B. M. § 28)
— x
ii c */~ i PS" •** *'a
donde * = - V tf X — rr
' ' P? -H 01

Representando por/ a velocidade , que hum movei adqui


re no fim de hum segundo de tempo, sujeito á acção da
gravidade ( B. M. § 24)
e igualando os dous valores de », teremos

PS"
ps
COMPENDIO THEOUICO-PRATICO
donde vK = \ (pg -t- ti )
e também w« = ? J/"/ (/>£ -t- bi )

Igualmente
v — -^ V// (fg •+• bi} (pgo + bi* ) Formula geral ,

que determina [33] a velocidade da Balia, qualquer que


seja o ponto onde ella chocar o Pêndula.
§ 86. Como as experiências a que nos referimos, fo-
rao feitas em Londres por Hutton , e Miller, onde se
tem calculado/»' — 32 v t 18 ; será

Vp' = Vfi* , 18 — 5-P, 6727; e substituindo tere


mos a formula transformada em
- - - (D)

Podemos obter por aproximação huma formula mais sim


ples , extrahindo a raiz quadrada á quantidade polyno-
mta^affecta do radical, depois de effectuada a multipli
cação : e teremos
V/ (/>£' + £/•') (/>£ + */) - fpg -H bi X '-±-í) v/7.
• ^ ^ /x */

a<?- he proximamente igual á unidade com o de


feito de menos —l— na velocidade ; o que reduz a for
mula à
(E).
Eattendendo á proximidade dos valores de g e de/, Hut
ton substituio g em lugar de / : daqui resultou outra ex
pressão ainda mais simples, eque, segundo suas observa
DE AKTÍLHAIU A NAVAL. 61
çSes , nas maiores velocidades apenas commette hum er
ro de meio pé; differença insensível na pratica , e que mu
da a formula em

<- (p H. b) y/7.. - - ........ (F)

F.ormula muito simples".


§ 87. Para fazermos alguma applícacao á formula ,
tomaremos osdadosdehuma experiência deRobins, cora
o Pêndulo Ballistico de sua invenção , que no processo
dos cálculos não differe do cjue acabamos de descrever,
tendo somente attencão- a que Robins determina para a
corda c a grandeza , que lhe corresponderia , sendo o raio
igual ao comprimento total ao Pêndulo, e nós para sim-
Ílificação tomamos para c a grandeza da corda cujo raio
e a distancia / , o que não varia no calculo; porque as
cordas de igual numera de gráos são proporcionaes aos
raios: assim

Seja-U== 4^,333
p'
| * = f i£
{V — Velocidade da Baila

Substituindo na formula

v = 5,6727 ~ (pg + £/) \J~õ.

Empregando Logarithmos temos

Log. v - Log. 5 ,6727 -t-Log.c -t- Log. Q>s+l>i') + i Log. «-Log. b— 2 Log. i.
5,6717 - - = 0,753789
Log. c ..... = 0,125949
Log. (pg + bi} = 2,387283
í Log. o ..... = 0,353918

- (Log. £4-2 Log. /) = 0,401543


3,219396 = Log. 1657,2
logO V = l657 '',2
Velocidade inicial, que precisamente deve fazer alguma
differenca da que calculou Robins, porque este Author
não attendeo á mudança do Centro deoscillaçao; Robins
achou 1641 **, que differe pelo motivo exposto i6v: o
mesmo Author nota esta falta na sua memória impressa
nas Transacções Filosóficas em Abril de 1743.
§ 88. Tendo descripto «is Machinas, eos meios, que
se empregao para determinar por experiência os elemen
tos, de que a analyse precisa para delia deduzir muitas
e importantes consequências, vamos examinar particular
mente o objecto das bellas experiências de Hutton, cap-
plicar os seus resultados ao Serviço da Artilharia Naval.
§ 89. Os differentes objectos, a que se propoz Hutr-
ton nas suas experiências , se compreliendem nos seguin
tes artigos.
O i.°foi destinado para determinar a acção das car
gas de Pólvora em razão. das suas differentes quantida
des.
O 2.° para determinar as velocidades das bailas do
mesmo pezo , lançadas pela mesma Peça , porém com dif
ferentes cargas de Pólvora.
O 3.° para determinar as velocidades das bailas do
mesmo diâmetro, mas de pezo ou densidades differen
tes, lançadas pela mesma Peça , e com cargas constantes.
04." para determinaras velocidades das bailas, dan
do-lhes differentes gráos de vento.
O 5.° para determinar as velocidades das bailas,
T>£ ÂRVlLHAiRIA NAVA-L. C3
lançadas com iguaes cargas de Pólvora , e Peças do mes
mo Calibre-, porém de comprimentos differentes.
O 6.° para determinar os effeitos , que resultao au-
gmentando a carga até á máxima, que a Peça pode sus
ter, sendo constante o pezo e comprimento da Peça.
O 7.° para determinar as velocidades das Bailas,
lançadas por Peças de differente pezo, e comprimento,
e com differentes cargas.
O 8.° para determinar cseffeitos produzidos sobre a
velocidade da baila, variando o pezo da Peça, quartan-
do o recuo , sendo a carga e baila constantes.
O Q.° para determinar a penetração das Bailas de
difíerentes espécies , .e Calibres , e com diversas cargas ,
em massas de madeira.
O ro.° para comparar os alcances -reaes, e a-s dura
ções das Trajectórias com a velocidade inicial obtida pe
lo Pêndulo , a fim de determinar o effeito da resistência
do ar.
§ 90. Quanto ao i.° resultou, que empregando me
díocres cargas de Pólvora , a inflammação pareceo instan
tânea , porém com grandes cargas se observou , que a bai
la sahira da bocca da Peça antes de se inflammar toda a
Pólvora , donde se conclue não ser a inflammação instan
tânea , porém rapidamente successiva [33*].
§ oi. Quanto ao 2.° , os resultados mostrao, que as
velocidades neste caso estão na razão directa das mizes
quadradas das cargas de Pólvora.
Ainda que em regra geral, no principio dos com
bates seja vantajoso empregar cargas inteiras, e depois
reduzi-las á proporção que as Peças se esquentão , esta
Theoria he quasi impraticável a bordo dos Navios; e se
ria antes mais vantajoso, que geralmente se regulassem
•as cargas por menos da terça parte; porque sendo es es-
tragos causados pelos estilhaços mais mortíferos, que os
rombos das bailas, devem-se preferir as cargas, que pro
duzirem os i.u« em maior quantidade. Ora as balias, que
levao muita velocidade , não fazem estilhaço , mas sim hum
04 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
rombo bem contornado, que facilmente se tapa i logo ele
vem as cargas, que secmpregão nos combates marítimos,
ser mais fracas, que as de campanha, sitio, e guarni
ção [ 34 ].
§ 91. Relativo ao 3.° , os resultados das experiências
concordão em que as velocidades impressas por cargas
constantes, e bailas do mesmo diâmetro, porém de dif-
ferentes pezos , estão na razão inversa das raizes quadra
das dos pezos [34*]-
Para augmentar os alcances, e mesmo a penetração
dos Projecteis , podem vantajosamente ser empregados os
que se obtém compostos de metaes de maior gravidade
especifica , como as bailas ocas de ferro cheias de Chum
bo; no mar em huma caça se podem utilmente empre
gar estes Projecteis (ainda que a experiência tem mostra
do , que os^frííos a bordo , além de meio alcance da Boc-
ca de fogtí^são ordinariamente perdidos): quando seper-
tende atacar alguma Canhoneira , ou Barca fluctuante
cujas/amuradas offerecera huma solida resistência , tam
bém ipoderemos empregar esta espécie de moveis compos
tos [35"] , não havendo bailas vermelhas.
§ 93. Quanto 304.°, o resultado das experiências in
dica constantemcnte, que as mais pequenas differencas no
vento das bailas occasionSo grandes alterações nas suas
velocidades.
Além disso pela relação estabelecida para o vento
das bailas na Artilharia Jngleza , que he proximamente
a mesma do Arsenal de Lisboa, não se perde menos de
j- ou 4 da forca da Pólvora : e como as bailas ordinaria
mente tem hurn diâmetro menor, que o do seu Calibre,
acontece , que metade da força da Pólvora se inutiliza
por esta causa: he portanto fácil deduzir, quanto se
ria vantajoso empregar huma [ 36 ] séria attençao sobre
este objecto.
§ 94. Relativo ao 5".° , resultou das experiências que
com cargas iguaes , e Peças de igual calibre, crescendo
es comprimentos, crescem até ao máximo as velocidades
bE ARTILHARIA NAVAL. 65»
das Bailas, porém em luima muito pequena razão [36*].
§ 95\ Confirmarão as experiências , que a velocidade
da baila augmenta até hura certo ponto particular em ca
da Peça ; e que augmentando gradualmente a quantidade
da Pólvora , além desse termo até atacar toda a alma, a
velocidade diminue gradualmente: com tudo o recuo au
gmenta com a carga ; porque a baila se escapa antes, que
a Pólvora esteja toda inflaramada, e em resultado fica
obrando unicamente contra a culatra.
§ 96. As experiências a respeito do 7.° mostrarão pe
los seus resultados , que as velocidades das Bailas lança
das com cargas iguaes a ugrr.cn t T: o crescendo o compri
mento das Peças; e que ellas estão aproximadamente na
razão media entre as raízes quadradas, e as raízes cubi
cas dos comprimentos da alma.
Nas cacas a vantagem dos alcances he muitas vezes
procurada, e por isso convém, que não obstante as dis-
tinctas, e apreciáveis qualidades das Caronadas, e Peças
curtas , nos armamentos dos Navios se tenha em vista ,
que ha occasiõcs em que se torna urgente empregar Pe
ças de grande alcance [ 37].
§ 97. Em resultado das experiências a respeito do 8.°
se concluio , que a variação do pezo da Peça não produ
zia mudança alguma na velocidade da baila.
Suspenderão-se as Peças de huma maneira análoga
co Pêndulo Ballistico , eaddicicnarão-se-lhe pezos afim
de diminuir o recuo, como de facto diminuio, porém a
velocidade da baila conservou-se constante.
§ 98. O resultado de differentes experiências sobre ot
p.° destinadas a avaliar ográo de penetração do Projéctil,
variou por causa da desigual consistência dos madeiros,
e seus differentes gráos de elasticidade; com tudo concor
dou-se nos seguintes resultados :
i.° Se bailas iguaes se atirão contra o mesmo mas*
siço de madeira, asencravações estarão proximamente na
r.azao dos quadrados das velocidades.
2.° Moveis iguaes, e da mesma natureza, e proje-
K
65 COMPENDIO THEORICO-?RATICO
ctados com a mesma velocidade , penetrarão cavidades
proporei onaes aos seus diâmetros de .maneira, que hum
projéctil de maior dia metro fará hum rombo mais largo,
e mais profundo , que outro de menor diâmetro lançado
com a mesma velocidade [38].
Ç 99. As experiências destinadas ao objecto do ro.°
artigo concordao em que a resistência, que o ar oppóe
ao movimento dos Projecteis, está em huraa razão hum
pouco mais forte , que a dos quadrados das mesmas ve
locidades.
Para determinar a resistência pnra hum grão qual
quer de velocidade se collocou o Pêndulo Ballistico nas
distancias de 30,, 6o,, 120,, 180,, 240,, 300,, jóoPés,
a fim de obter a velocidade perdida , atravessando diffe-
rentes espaços; e em resultado destas experiências se con
firmou o seguinte :
i.° He muito pequena a vantagem, que resulta em
augmentar o comprimento das Pecas alêra de hum cer
to limite; attendendo a que a velocidade inicial, que nas
Pecas compridas lie maior do que nas Peças curtas, se
lhes torna igual , depois que as bailas tenhão descripto hu-
ma parte das suas Trajectórias.
2.° Que não resulta vantagem em augmentar a car
ga além do termo necessário para produzir huma certa
velocidade; porque o augraenro da carga augmenta a
resistência , e por tanto reduz em breve a maior veloci
dade a ordinária.
3.° Confirmou que as velocidades são proximamen
te como as raizes quadradas das cargas.
4.° Que a resistência do meio cresce gradualmente
á medida , que a velocidade augmenta.
§ 100. Sendo o principal objecto das experiências de
terminar por ellas a velocidade inicial das bailas, expo
remos o modo como, combinando a seguinte Taboa, ex-
trahida das experiências , com os resultados, que expoze-
inos § 91 , 92 , podemos obter a velocidade inicial de hu
ma baila de Calibre dado, e carga dada.
68 COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
l-iilla ãe calibre , e carga conhecida } servindo-nos da
Taboa de experiência.
Solução.
Pezo da Pólvora da experiência das Taboas
Pezo da baila dita dita
Pezo da Pólvora dada
Pezo da baila dada
Velocidade inicial deduzida das Taboas
Dita pedida
Ora corno § 91 e pz as velocidades iniciaes estão na ra
zão directa das raízes quadradas dos pezos da Pólvora ,
e inversa das raizes quadradas dos pezos das Bailas j te
remos
. /^r~ . /-r- : : v : x

Formula geral.
§ 103. Para fazer applicaçao, se determinará a velo
cidade inicial de huma baila de 24 n- com a carga de 8*
arráteis. Para este fim

'/> =
8 onças
íf' ~
128 onças
oScjao
-- )èL, =
i">-
•> <\è'=;<i±H>.
tu •=.
1640
\x = Velocidade inicial pedida.
Substituindo temos :
* = 1640
DE ARTILHARIA NAVAL. 69

s E c q à o vm.
Determinar pela Theoria a velocidade inicial dos
Projecteis; e da formula deduzir resultados ,
que confirmem as experiências.
'; ^

§ 104. JT Ara determinar pela Theoria a velocida


de inicial das bailas :
Fig. g.
rã — Comprimento da Peça AB
Seja } b = Dito da carga = altura AF do Cylindro
£f =: Diâmetro da baila — DC.
{n — pezo especifico da baila
i =: dito da agoa
m — n.° de vezes , que a força eíastica da Pólvora
he maior que a elasticidade do ar = 1000.
Supponhamos que a Pólvora occupa todo o comprimen
to da carga , e que a baila tem chegado a M onde he

Seja a velocidade da baila neste ponto igual á que ella


adquiriria cahindo livremente de huma altura igual a v,
a qual precisamos avaliar j e como temos
Pressão da Pólvora em M
: Pressão em F
: : AF : AM : : b : b •+- x [40]
será também
Pressão da Pólvora em M
: Pressão atbmosferica
mh
•* •* ——
i •• T

70 COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
Suppondo a pressão athmosferica equivalente ao pezo
de hurna columna d'agoa de 30 py 68 de altura (B. M.
p
§ 193), será a força elástica no ponto M — * ^ ' x"--
Porêm nota [28], a solidez da baila , cujo diâmetro
representamos por r, lie igual á solidez dehum Cylindro
do mesmo diâmetro, que tenha l c por altura.
E as alturas dos Cylindros da mesma base, equivalentes
aos pezos de matérias de differentes gravidades especifi
cas (tf. M. § 155" ) estão na razão inversa das mesmas
gravidades especificas : por tanto teremos

= altura de hum Cylindro de a goa


equivalente ao pezo da baila.
_, }O,68 mb , ,,_,,.
Mas — — altura de Cylindro de agoa equi
valente á força de pressão do fluido elástico sobre a bai
la em o ponto M,
logo Força que obra sobre a baila em M
: Pezo da Baila
}0,(5<í mb , 50,68 mb
• • i.— - . 7T «n tc . . 3-—— -- : i
* -t- x T "c C» -t" *)
. . í X <o,6S "'* . j
2 nc {b -f x J
ou fazendo 330,68 — b, : : -7-7^-r
2 nc (4 •+• o:) : r.
Esta razão exprime a relação entre a velocidade, que a
baila adquiriria no ponto Afcahindo da altura e, eaquel-
la que a baila adquiriria cahindo livremente dehunia al
tura (£ + #: assim devemos ter

Integrando temos
DE ARTILHARIA NAVAI.
£-*-* -h C

Para determinar a constante (C) observaremos que sen


do e — o , será x — o; e substituindo temos
J hmb T / /-r
0 — — r Log. b + C

donde tirando o valor de (C) e substituindo na equação


de e temos
5 timb - . , ' . } limb ', »
f = i nc LOg. (b
x + X)x j nc Log. b

ou tirando o factor commutti, e empregando a proprie


dade dos logarithmos temos
_ j hmb T t -\- x
--
j nc ° A.

Para obtermos a altura, de que deve cahir a baila para


adquirir a velocidade inicial , faca-sc

e teremos b •+• x = a ; que substituindo

. 4.r

Mas este valor de e representa a altura donde deve ca-


Jiir a baila para adquirir a velocidade com que ella sabe;
da bocca da Peca, logo (B. M. § 24;

OU U =•
•JT. COMPENDIO THEORICÔ-PRATICO
Porém este logarithmo, como he hyperbolico , deve ser
reduzido a tabular; o que se obtém (B. C. § 114) mul
tiplicando-o pelo modulo 0,43429 &c. — -? e teremos
a formula da velocidade inicial da baila

v=y -z• f j lnnbp

§ 105*. Fazendo applicacao desta formula a huma


das experiências, que Hutton fez em 30 de Junho de
1783 com a Peça N.° i , cujos resultados encontramos a
pag. 42, e as dimensões na Taboa pag. 167 ;
Poleg.
•Comprimento da alma - - - 28 ,2 r a
Dito da carga ------ s IO ,6 = *
Diâmetro da baila ----= I » 95 = *
Pressão do Fluido Elástico = 1000 Pressões athmosf. = i»
s . , Modulo ......... = 0,45429 = -g
Pressão atlimosferica equivalente a
n
Huma columna de agoa de }O , 68 = h
Altura no i.° segundo da queda de hum grave = 29,8 = p
Pezo especifico da baila =; 7,82 = «.

Empregando os Logarithmos a formula se transforma


em
Ixsg. v s ^ (Log. i h + Log. mfr+ Log. p + LLog. ^ -h CLog. c
Log. 3Ã — 1,963976
Log. m^ = 4,025 30^
Log. /; = 1,474216
CLog. Log.^= 9,628266
C Log. cag — 9,i7Z976
1)6,270739 = Log. \f~v
:• Log. v ~ 3^I35'369 — Log. 1366.
Logo v = 136^^ Portuguezes ^i 1468 Pés Inglezes.
DE AKTILHAIUA NAVAL. 73
Hutton pela experiência achou 1496, deferindo tão so
mente 12 pés, quantidade insensível em relação á grande
za da velocidade; por consequência podem-se julgar veri
ficados.
§ 106. Demos a formula para determinar a velocida
de inicial das bailas deduzida da Theoria ; porém nota
remos, que sempre na Pratica se admitte a deduzida da
experiência §ioz, eaquella só servirá para combinação,
exercitando também os discipulos nestes desenvolvimen
tos e suas applicaçóes.
Da formula (I) se tira

(L)

donde facilmente se pode deduzir a força da Pólvora ex


pressa na pressão athmosferica ,. introduzindo por v3 o
quadrado da velocidade inicial , deduzida das experiên
cias.
E se conidifferente Pólvora, conservando iguaes to
das as outras condições, tivermos por experiência dife
rente velocidade T;', precisamente deveremos obter diffe-
rente expressão m' da força elástica j e resultará

m =
Log. -

que comparada com a expressão (L) dará

a , a
)/>pb Log. - jtyA Log. -
ou m : m! : : v3 : v'9
isto he, as forças das Polvoras na razão dos quadrados
s velocidades iniciaes.
§ 107. Da formula (I) se deduz
L
74 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
ncg
....... (M)
v '

na qual fazendo variar *j, e conservando constantes to


das as mais quantidades, variará igualmente va : logocres-
cendo o comprimento a das Peças , iguaes as outras cir
cunstancias , também crescerá a velocidade, oque confir
ma as experiências § 9?.
§ 108. Servindo-nos da mesma formula , poderemos
determinar qual he a carga , que em huma Peça de
comprimento e calibre determinado produzirá a ma*
«ima velocidade.
Differenciando a equação (M) teremos
J \ mf JL t "
udu = *—-
ncg
db Log.
° e
- — nc
. . Já
donde i hmp (/TLog. <?.
- — --r- r — i N)
(/4 nrg- \ ° t /

sendo ~ =^ Max. =oj e dividindo pelo factor con


stante temos
o •= Log. ^ — i.

E para reduzir este logarithrao hyperbolico a tabular mul


tiplicaremos pelo modulo i e teremos
s
Log. í = g.
Fazendo g =r Log. k teremos Log. - — Log. k
logo í = k
k
ou* = a.-

Porém esta formula dá resultados , que muito se afas-


tão da experiência ; por consequência he só admissivel pa
ra exercício Theorico.
DE ARTILHAUIA NAVAL. 75
§ 109. Pede-se o comprimento de huma Peça tal^
que com huma determinada, carga produza kuma ve
locidade conhecida.
Da formula (I) se tira
Log. a — í- + Log. b.
) hpmb

§ T 10. Pede-se a carga , que em httina determina


da Peça produza huma determinada velocidade. .
Tendo pela experiência determinado a velocidade
inicial , que huma conhecida Peça com huma carga co
nhecida produzio, discorreremos desta maneira:
f z; e V as velocidades
j (j e q' as quantidades de pólvora
Seja ^ ^"e V os volumes dos Cylindros da carga
ja e x as suas alturas ou comprimentos, sendo
[ iguacs as bases.
Pelo § 91 temos
•v : v' : : V q : \/~ã' ou v* : -v" : : q : ef
porém q : q' : : V : V
e porque os Cylindros dascargas todos tem iguaes bases,
estarão como as alturas (B. G. § 263); logo

igualmente a : x : : q : q'
ou a : x : : v* : v'*
donde se tira comprimento da carga x = •v'1
-^

s E c q à o ix.
Da resistência do ar , da maneira como se Jettr-
minvu peia experiência t e sua

% III. xV. Inda que o ar seja 85*0 ve^es merws den


so que a agoa , 'com tvrdo a experiência -nos mostra § 99
La
76 COMPENDIO TMEORICO-ÍRATICO
que a resistência , que elle opõe ao movimento dos Pro
jecteis, he considerável, e tanto mais, quanto maior he
a velocidade; em consequência se torna urgente investi
gar os meios de obter o conhecimento da sua força, que
por agora limitaremos aos resu'tados das experiências.
Das experiências de Hutron com o Pêndulo Ballis-
íieo se deduz , que percorrendo a baila hum espaço de
jo p a sua velocidade diminuirá 120 a 129; por tanto
sendo o pezo da balia — ^ da Libra, a resistência occa-
sionará huma perda equivalente a 120 X 77 — 10. '*•
§ 1 12. A resistência do ar (<z) , empregada contra hu-
ma baila de £ de polegada de diâmetro, cuja velocidade
«rã de 1 600 p por segundo , equivale a 4 '*• ^ ; porém adver
tindo, que esta Theoria he privativamente appl içada aos
movimentos lentos, poderemos destas experiências e cál
culos deduzir sempre huma relação para os movimentos
rápidos ; porque
A resistência do ar nos movimentos lentos
: resistência do ar nos ditos rápidos
: : 4 7 : IO.
§ 113. Robins fez segundas experiências, cujos resul
tados concordarão em que a resistência do ar nos movi
mentos rápidos era equivalente a hum pezo de ro a
li'*- ; e aproximou a razão entre os movimentos rápidos
e os movimentos lentos de 3 : i ; daqui se conclue o pro
digioso augmento da resistência do ar nos movimentos
rápidos. Dos mesmos resultados se tira em conclusão :
i.° Que diminuindo a velocidade, diminuirá a re
sistência até se anniqmlar.
a.° Que nas velocidades medias as resistências estão
na razão dos quadrados das velocidades.
3.° Que se afastão tanto mais desta Lei , quanto
maior he a velocidade do Projéctil, e a compressão do
ar que precede.
{/O Theoria de Newton Piop. 138 Liv. 2." dos Piiucipios Malhem.
DE ARTILHARIA NAVAL. 77
§ 114. As experiências de Robins se limitarão a de
terminar a resistência , que o ar oppóe aos Projecteis , que
se movera com as velocidades de o até 1700** por segun
do. Para estabelecer a Lei desta resistência nos movimen
tos lentos, de cuja Theoria deduzio a resistência nos rá
pidos, desceo da resistência para a velocidade de 1700 p
por segundo, (determinada pela experiência) ás menores
\elocidades empregando o processo seguinte :
Tomem-se duas linhas AB e AC taes ,' que l tenha- _.
«"'g-
,mos
Velocidade de ijoo* .por segundo
: Velocidade cuja resistência se buscA
: : AB-.AC.
írolongue-se AB até D de maneira , que tenhamos

BD : AD
: : resistência do ar em movimentos lentos
: resistência do ar na velocidade de 1700 p

-logo também teremos

CD: AD
: : resistência do ar em movimentos lentos
: resistência do ar na velocidade da Baila
representada por AC,
§ ny. As causas, a que Euler attribue o augmento
da resistência do ar nos movimentos rápidos , são as se
guintes :
i.° O ar não podendo seguir hum corpo, cujo mo
vimento he muito rápido, não exercita pressão alguma
sobre a parte posterior deste corpo ao mesmo tempo, que
a resistência actua constantemente na parte opposta.
2.° O ar, que precede o movei, por esta causa se
condensa mais j o que augmenta a pressão anterior, e por
consequência a sua resistência.
78 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
A analyse destas causas depende do conhecimento
danaturexa e propriedades do ar : desta ditrkuldade nas-
ceo a precisão de Robins lançar inao [42] das experiên
cias como único recurso , e por ellas rendo determinado
a resistência dos Projecteis , que se movem cora a veloci
dade de 1700*" por segundo, e pelo processo do § 1:4,
calculou a seguinte Taboa em Pés Inglezes.

Velocidade Resistência Velocida Resisten-, Velocida Resistên


em i." 'do ar. de. cia. de. cia.
i

o 0,5000 600 o,65'j8 1300 0,9444

IOO 0,5204 700 0,6892 1 J 00 1,0200

260 0,5425 íoo "0,7286 1400 1,1087

300 0,5667 900 0,7727 1 500 1,214*

400 o,59jo I COO 0,8226 1600 I>342I

J4JÒ . 0,6*19 i rco °,*79J 1700 1,5000


DE ARTILHARIA NAVAL. 7^

PARTE SEGUNDA.
Do MATERIAL DA ARTILHARIA [42*].

SECÇÃO I.
Das Peças.

A' S Peças, e geralmente todas as Boccas


de fogo tem a figura de hum Cone troncado , de maior
ou menor eixo, brocado cylindricamcnte no sentido do
seu eixo até hurna certa profundidade j esta configuração
geral he modificada conforme os fins , a que sé destináo
as Boccas de fogo.
A parte, que encerra a carga , deve resistir á força
expansiva da Pólvora , e será por isso sempre mais refor
çada ; a parte anterior deve ter huma grossura tal, que
não dobre ; e a extremidade deve resistir ás forcas , que
'tendem a degolar a Peça.
As Peças, abolido o uso de [43] se distinguirem por
nomes particulares , desiguão-se pelos seus Calibres , e com
primentos.
§ 117. As dimensóes das Peças variao conforme o
serviço, a que são destinadas ; assim as Peças de guarni
ção , ou Praça são compridas , reforçadas , e de todos 09
Calibres; porém ordinariamente de 16 até 48 •'*• e fre
quentemente só até 24 '*• e o mesmo se diz das de sitio,
ou de bater.
As de bordo devem ser mais curtas; e como ordina
riamente se empregão de ferro, são por isso mais refor
çadas: são de 3 até 36^-5 e as de Campanha são qua-.
ga COMPENDIO THEORICO-PRATICO
si sempre de bronze, e mais ligeiras; e seus Calibres de
3 até 12. ">•
As Peças são montadas sobre hum corpo de madei
ros solidamente ligados e encavilhados , que se denomi
na Reparo, ou Carreta, conforme se emprega em Cam
panha , Sitio , Praça , ou a bordo.
§ 1 1 8. Nomenclatura da Peça*
AB — Comprimento da Peça.
F*"' AE = i.° Reforço
EF = a.° Reforço
FB — Bolada ou 3.° Reforço
UB — Boccal
AH=. Cascavel
AC = Culatra
CD =. Liso do Fogão
Ai = Moldura do Cascavel
FI =. Liso da moldura do a.° Reforço
rs •=. Faxa alta da Culatra , e sua moldura
k =2 Bocel, e Filetes do Fogão
fq — Faxa alta , e moldura do i.° Reforço
M — Bocel , e Filetes da Bolada
z = Bocel , e Filetes do Boccal
n ~ Molduras do Boccal
m =: Projecção do Boccal
B — Botão
g — Garganta do Botão
G — Garganta da Peça.
Jota he o ponto mais elevado da Projecção do Boc
cal: he por este ponto , e pela Faxa alta da Culatra,
que se dirigem as pontarias pela linha de Mira natural.
MunbÕes são as partes Cylindricas T, sobre asquaes
gyra a Peça, e desça nca sobre o Reparo, ou Carreta.
Golfinhos são duas azas unicamente usadas nas Pe
ças de bronze, que servem para montar, e desmontar
mais facilmente a Peja; em seu lugar também seempre-
gão argolas.
DE ARTILHARIA. NAVAL. 8r
Vento da Peça he a differença entre o diâmetro da
baila e o diâmetro da alma da Peça.
§ 119. Por comprimento da Peça entendemos a re
cta tirada da aresta exterio'r da Faxa alta da Culatra
á extremidade do Boccal.
O z.0 Reforço principia no mesmo circulo, em que
acaba o i.°
A Bolada ou 3.° Reforço principia no mesmo cir
culo , em que acaba o 2.3
f Faxa alta da Culatra
^ -n r u l Molduras próximas
O i.° Reforço
j s comprenende jj Ljisor. e Jiocel
D/JF,,-
ao roffao
l Faxa alta do i .° Reforço.
r\ o j •» / Moldurapróxima d Faxa alta do i.° Reforço
Vi. dito^Faxa aha do 2 o Refor^

f Moldura próxima ã Faxa alta do 2."Reforço


\Liso e Bocel com seus Filetes
AT. l7 • / Liso da Bolada
AEolada\Eocel e Filetes
l Garganta
\ Projecção e molduras do Bocel.
Os munboes collocao-se no 2.° Reforço de maneira ,
que a parte da Culatra peze mais que a do Beccal -± , ou
•— do seu pezo , a fim cie diminuir o balanço á Peça na
occasião do fogo.
O/ Golfinhos são também situados no a.° Reforço,
e tendo attenção a que a Peça suspendida por elles fique
horizontal.
Comprimento da Peça.
§ 120. Nos§<56,, 69,, 94,, 96,, 99,, 117 temos
tratado dos comprimentos, e agora recopilando expore
mos as vantagens, que se encontrão no maior comprimen
to.
i.° Terão maior alcance.
M
81 COMPENDIO .THEORICO-PRATIÇO
2.° Os seus tiros serão mais exactos, tanto porque
os pontos de mira estão mais distantes , como porque o
projéctil , percorrendo maior porção de alma , se afas
tará menos da sua direcção. '
3.° Elias arruinarão menos as faces das Canhonei
ras, porque as boccas avançarão mais na espessura dos
parapeitos.
Considerado este maior comprimento por outro la
do, notaremos:
i.° Que o grande augmento depezo demora as ma
nobras, edifficulta os transportes , inconvenientes da mais
seria consideração [23].
i.° He maior o espaço, que precisão para a sua ma
nobra e recuo , circunstancia muito digna de attenção a
bordo de h u m Navio.
Nos nossos Arsenaes a maior parte das peças são
fundidas em Inglaterra , e França segundo as suas Orde
nanças j algumas na Suécia.
C Peças de bater - -=; i r dia metros da B.
Nós adoptamosX Ditas de bordo - r := 15* ditos
C. Ditas de campanha = 14 [32 J.
Grossura do metal.
§ 121. Q i.* Reforço, que corresponde á parte que
ôccupa a carga, precisa resistir á força expansiva da Pól
vora, e he o mais resistente; por isso, em resultado de
repetidas experiências , lhe dão constantemente hum Ca
libre para a grossura dos meta-eá , sendo a carga | , ou i
do pezo da baila , não obstante as ultimas experiências
pelo resultado dasquaes =°, ou f^ do Calibre dá suficien
te resistência , sem risco de rebentar a peça.
Pelo que demonstramos § 31 , a grossura dosmetaes
hirá diminuindo successivamente até ábocca; por esta
íàzJro se tem adoptado geralmente formar o resto da pe
ça em troncos cónicos.
$ 122. Para conhecermos nas duas Jóias a diiferen
DE ARTILHARIA NAVAL. 83
ca das grossuras dos metaes , que se denomina Vivo dos
metaes , temos três methodos :
I.° Com hum Compasso curvo toma-se o diâmetro
da Peça na Faxa alta da Culatra, e toma-se também
na maior projecção do Bocca/; a ~ differenca será o Vi
vo dos metaes.
2.° Quando o Ouvido he perpendicular a' parede da
fIma , se introduz por elle hum Diamante até encontrar
a parte inferior, e se marca este comprimento ; depois
tomando na bocca a grossura do metal da parede da al
ma até á mais alta projecção doBoccal , a differenca dará
o Vivo dos metaes.
3.° He pôr horizontal a alma da peça, e situar hu-
ma regoa sobre a culatra em sentido horizontal , empre
gando hum nivel ; então a altura , que faltar para assen
tar sobre a projecção do Bocca/, he o Vivo,

Ouvido.
§ 123. Das experiências § 68 , e constante resulta
do [44] dn pratica , a posição geralmente adoptada para
oOuvido he proximamente na distancia dei polegada de
Camera, ou fundo da alma da Peça, e o seu diâmetro de
2 'OU 2 ', 6>"

Bocca.
§ 124. O diâmetro da Bocca he igual ao diâmetro
do Calibre, ou da sua baila mais o vento da baila.
O que temos adoptado nas nossas Fundições he ~
do diâmetro da baila ; e por consequência a bocca tem
de diâmetro |^ do diâmetro da baila [36].

Munhoes.
§ 125. O eixo dos munboes na Artilharia Ingleza;
Franceza, e Prussiana constantemente se tem situado per
M i
84 CoMPENDro THÉORICO-PRATICO
pendicular ao plano vertical, que passa pelo eixo da al
ma , e a baixo do mesmo eixo huma altura igual ao ^Ca
libre nas Pecas de sitio, e-^ do Ca libre nas pecas de cam
panha , e distante da Culatra huma quantidade tal , que
esta fique mais pezada , que a Bolada £ , ou ~ , ou ~do
pezo total; sua grossura, ou diâmetro, e comprimento
he igual a hum Calibre.
Da Theoria facilmente se conclue a razão, porqae
se situao desra maneira , como se observa na seguinte

Demonstração.
fAB — Eixo da alma de huma Peça
Fig. ia. geja }çj) — Distancia vertical do eixo da alma aoeixa
C. dos manhoes.

Ora sendo AE a direcção do eixo , será também a direcção


da resultante da força expansiva da Pólvora.
Se applicarmos esta força, como he permittido, a
hum ponto qualquer C da sua direcção; como a peça es
tá ligada á Carreta no ponto D pelos munboes , adquiri
rá em consequência da força appiicada hum movimento
vibratório , ou de rotação sobre Z), e que será tanto mais
sensível , quanto maior for CD, ou (B. M* §4^8) quan
to maior for a sua distancia ao fulcro.
Por outro lado esta força ha de empenhar-se em ven
cer a inércia da Peça , e Carreta , e o seu esforço será tan
to maior, quanto menor for CD: logo podendo. resultar
no i.° caso partir-se a Carreta^ e no a.° rebentarem os
munboes , he sempre preferível' o i.° , por ser mais fácil
de remediar.
As Peças de campanha tem- espaldas a fim de refor
çar o lugar dos munboes.
NB. Nas cotiítruccões , que adiante apresentamos ,,
que são as de Muller e do manuscripto, vão os seus ei
xos situados no plano do eixo ; porém como esta circunstan
cia não influe no resto da construc$ão , não a akeraxnosi
DE ARTILHARIA NAVAL. . 8j
.1 '
Dos Calibres.
'
§ 1:6. Na escolha dos Calibres devemos attender
i.° Qiie nunca sejáo menores que os das outras Na
ções, com que podemos ter guerra.
2.° Que os diâmetros das balias renhao huma diffè-
rcnca sensível , que facilite a sua escolha á simples inspec
ção; porque aliás pode acontecer no combate, onde mui
tas vezes reina a confusão, inutilizar-sc liurua Peça por
lhe introduzir á força huma baila d'outro maior Calibre.
CoKstrucçao geral das Peças de Bronze
de sitio, e guarnição.
§ 117. Toma-se para esta construcçao o diâmetro
da baila para escala ^ e se divide ein 24 partes, iguaes.
AB r= Comprimento da Peça - - = 18 diâmetros
m Diâmetro da Bocca - - - =: 25 partes
AD — Comprimento da extremidade . ,
da Faxa alta da Culatra até ao Ba-
cel do fogão ------- = 40 ditas
A grossura de metal de A até D - — 18
A grossura na Bocca ------ 9
As linhas tiradas por estes pontos con
tornarão a peca , vindo a ser Cylin-
drica [45^ de ^ até Z), e cónica de
D até á Bocca [36] , e além disso o
eixo dos munhoescons. perpendicu
larmente o eixo da alma na distancia
de \ do comprimento total contado ,
da culatra.
O diâmetro e eixo dos munbões - - ~ 18
A largura da Faxa alta , e moldura
próxima'^ Culatra , cada huma - — 6
À dita da Faxa alta , e moldura pró-
86 COMPENDIO THEÔRICO-PRATICO
xima do i.° e 2.° Reforço - - - = Ç
A dita dos Roceis ------r^i
Dita de cada Filete dos Boceis - - = i
Rebaixo da Bocca ------ =. í\
Cada Filete ou rebaixo da Bocca - — i
O 2.° Reforço lie igual a }do i.° : por
consequência , se o comprimento
desde a aresta superior da faxa al
ta daCu/atra até á aresta exterior
da faxa alta do 2.° Reforço for di
vidido em f partes, três formarão
o comprimento do i.° Reforço.
AC - - = 16
Liso , e molduras do 2.» Reforço - — 14
Boccal KD=: -^ do comprimento to
tal ----- = 43
O diâmetro da Projecção do boccal
fica distante da Bocca - - - - = 6
Faxa alta da Culatra projecta - - =• a
Dita do i.° e 2.° Reforço - - - - — r
Os Filetes dos Boceis projectão - - — |
Os redondos dos Boceis tem o seu cen
tro na linha exterior da Peça
Ha \\umaespalda , ou Reforço circu
lar á roda dos munhÕes , cujo diâ
metro excede 6 partes ao dos mu-
nhoes , e projecta até ao nivel da Fa
xa alta do 2.° Reforço.

Cascavel.
§ 128. O Cascavel comprehende
i}. A distancia AC da aresta exterior da
Faxa alta da Culatra ao centro
do Botão -------- r: 27
Raio do Botão = 9
DE ARTILHARIA NAVAL. 87
Largura do boleado - - r - - — 2
Dita da moldura --»---— f
Cada Filete = i
Para traçar o Perfil desta construcção se levnnra no
ponto A, meio da aresta y/Fda Faxa alta da Culatra ,
a perpendicular ^ÍC igual a ^f do diâmetro da Baila; c
sobre ella se marcão pontos correspondentes 32, 3 , 8 ,
9 destas partes todas contadas da linha yíF, e nestes pon
tos se levantão outras tantas perpendiculares a AC.
Pelos pontos C e T se conduz a recta CF , cujo en
contro coma 2." perpendicular determinará o ponto # pa
ra aresta do i.° Filete.
Depois com hum raio igual a 9 partes , fazendo cen
tro em C, se descreverá o Botão até encontrar em x a
linha CF.
Para traçar a garganta se tira por x huma paralle-
la a AC j e se divide o angulo, que esta faz em x com
a linha xF, em duas partes iguaes por meio da linha xb;
e do ponto b, em que ella encontra a ultima perpendicu
lar a AC , se tira huma paralkla a AC , que encontrará
cm hum ponto qualquer O a linha xF\ e ultimamente
deste ponto como centro e com o raio Ox se descreverá
a garganta , cujo arco será tangente em x e h (B. G. § 5"8).
Pelos pontos w e q dos Filetes se tira a recta nq ,
e divide-se ao meio em /', e pelo mesmo ponto q se tira
ps paralella a AC; e baixando perpendiculares ao meio
das rectas ni e iq teremos os pontos K c X', donde como
centros descreveremos os arcos , que formão a moldura.
O Redondo se descreve determinando semelhante
mente o centro r na recta ps.
A Concha tem de largo - - - - — 6
O diâmetro do Ouvido - - - - = '- de polegada.

4 Boccal.
§ 120. O Boccal reforçando a bocca impede que a
88 COMPENDIO THEORICO-PHATICO
baila no movimento de Ziguezague , que adquire dentro da
alma em consequência do seu vento, arrebente a bocca j
alguns tem considerado esta parte da Peça como rendo
por objecto aformoscar sua fierura, outros como hum sy-
stema para encobrir ao inimigo o verdadeiro Calibre da
arma.
. 14. Para traçar o seu Perfil toma-se no liso da Bolada ,
e desde a aresta da bocea , Juiraa quantidade BK^=.^ do
Calibre.
Sobre esta se tome PB , e se levante a perpendicu
lar PL, cnda luitm ^ £ ; no ponto K se levante a per
pendicular indifinira KS\ e tirando a linha KL se le
vante ao meio a perpendicular Ir; e teremos o ponto /,
e dei lê como centro se descreva o arco IK.
Na distancia Em igual a ~ se levante am , que seja
igual a ^j , e baixe de a a linha ar perpendicular a LP ;
e nesta se determine , como temos feito , o ponto r para
centro do arco La.
Tome-se só igual •£• , e fazendo centro em o se de
screva o rebaixo.
O pszo médio destas Peças segundo esta construcçao
he de 126 '*• por cada Libra do pezo da baila.

Camera.
§ 130. Camera he huma cavidade, que se constroe
no fundo da alma da Bocca de fogo, e he occupada pe
la carga : as experiências § 67 , e a Theoria § 43 , e seguin
tes nos dão a conhecer não só as suas vantagens em ge
ral , mas particularmente as de algumas configurações ; ten
do-se desprezado este uso nas Boccas de fogo de pequeno
Calibre pela dificuldade de se limparem na occasiao do
fogo. Entre as differentes configurações notaremos as se
guintes formas :
Pyramide Cónica recebendo o fogo pelo vértice
Cónica Trancada
DE ARTILHARIA NAVAL. 89
Esférica
Em forma de Pêra
Cylindrica
Cilíndrica equilátera , efundo esférico : são estas duas
ultimas as que mais frequentemente se empregão [46].
Conslrucção das Peças de Ferro de bater , e guarnição.
§ 131. Comprimento AB - - - — 21 Diâmetro»
Diâmetro da bocca ------ = |i
Comprimento AD da aresta da Faxa
alta da Culatra ao Bocel dofogão = 48 ditos
Grossura dos raetaes nos pontos A e D — 25" partes
Grossura na bocca B ----- = 12
A Culatra AC - - - - - - - = 24
Liso da moldura do 2.° Reforço - - = 16
O resto como as de Bronze § 127 e seguintes
Pezo médio 256 '*• por cada Libra do pezo da balia.

Construcção das Peças de Bronze fara\Bordo.


§ 132, Comprimento AB - - Diâmetros = lf
Diâmetro da Bocca ---------=:fi
Distancia AD -------- Partes = 40
Culatra AC rz 18
Grossura de raetaes nos pontos A e D • - - — ao
Grossura na Bocca ----»__..-— 10
Diâmetro e comprimento dos munboes - - - — ao
O resto como § 127 e seguintes
Pezo médio 124 '*• por Libra da baila.

Construcção das Peças ' de Ferro para lordo.

§ 133. Comprimento AB - - Diâmetros — ij


Diâmetro da Bocca ---------=|1
Distancia AD -----------=140
Calatra AC -----------=: 24
N
pó COMPENDIO THEORICO-PRATICO
Grossura de metaes nos pontos A e D - - — == 14,
Dita na Bocca -------- ---—n
Diâmetro e comprimento dos Munhoes - * - •=. ^^
O resto como no § 127 e seguintes
Pezo médio ^o'*- por Libra dcJ3alla.

Construcçao daí peças de bronze ligei-


ra.f de campanha.

§ 134. Comprimento AB - - Diâmetros — 14


Diâmetro da Bocca ------ - - - — .11
Grossura de metal na Culatra AC - - - - =z 14
Distancia ^ÍZ) - - - - - - - - - - - = ^
Grossura de -metal emy/efi ------- 16
Diâmetro e comprimento dos MunhSes - - - — 16
Grossura do metal na Bocca ----__ — g
O resto como no § 127 e segu-intes.

Estas peças fundem-se com biima aza ou annel, o-qual


entra em hum parafuso, que serve para as pontarias em
elevação, empregado em lugar de cvnbas ; este annel'de-
*creve-se corai) rflesmo rentro, e com1©-mesmo raio, com
qae se traça a garganta do Botão.
t) Diâmetro do buraco em que entra a cavittia - = jT
Grossura do annél --------- -z;^
ftezõ médio 8J '*• por Libra da- Baila.

Construcção daí Peças àeferro ligei


ras de campanha.

§ 135-. Comprimento AB - Diâmetros = 14


&rossufa de 'metaes em A,, D „ ç Culatra - - — 18
Grossura na Bocca ------ »««ss:j
^O resto dá cdnstrucção"§ T34'e 127
Pezo médio 83 '*• por Libra da Baila.
DE ARTILHARIA NAVAL. 91

ConstrucçSo das Peças de Ferro de guarnição.


§ 136. Comprimento AR - - Diâmetros = 18
O resto da construcçao § 133 , 127, e seguintes
Pezo médio 172 '*• por Libra de Baila.

§ 137. Algumas Peças de campanhas fundidas em


Portugal tem as seguintes dimensões:
Calibre 3, e 6 compridas i? diâmetros iCtt *• por Libra
Dito 3, e 6 curtas — o ditos — 6^ por dita
Dito 9, e ii — - - - 14 ditos - - 101 por dita
Por fim notaremos que quasi toda a nossa artilharia he
Ingleza , Franceza , ou Sueca.

SECÇÃO II.
Dos Morteiros , Obuzes , Pedreiros , e Bombas.

§ 138. JÍfX Orteiro lie huma Peça muito curta, de F;í>Iy;


hum grande Calibre; o seu Projéctil he huma baila oca Fis.'i6Í
de ferro , cheia de huma composição de Pólvora , a que
se dá o nome de Bomba f 47 ].
Distinguem-se das Peças tanto pela grandeza dos
seus Calibres , como por serem muito curtas, por terem
Camera , e os munboes na Culatra , e entre si pelas po-
kgadas dos seus diâmetros , que são de 6t „ 8,, 10,, iz,,
j£, 18.
§ 139. Obuz he huma Peça curta; sua manobra par
ticipa do Morteiro, e da Peça : distingue-se ao Morteiro Fís-w
em ter os munboes situados quasi a meio como as Peças,
e ser montado como ellas ; e das Peças em ser muito cur-
«o, ter Caraera, e hum grande Calibre; porque ordina-
N a "
y& COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
riamente o seu projéctil tem 6 a 8 polegadas de diâme
tro [48].
§ 140. Nomenclatura dos Morteiros.
A — Bolada
S = Reforço
C =. Culatra
D — MunhÕes
m , n = Espaldas ou Reforços-
E = Alma
F = Comera.
§ 141. Dimensões geraes para a construcção de Mor
teiros por três differentes systemas, e applicaveis a to
dos os Calibres , tomando por escala o Calibre dividido-
em 30 partes iguaes:
Diâmetro^ Erocca 30» 30» 30
\ Da. Comera ....,,.. ]o»10»10-
Comprimento -f $* -*lma 54 ,,45» 40-
* \D&Camcra 22» 21» 20
Dito desde o fim da Comera até ao fim do Morteiro 16 » l£~» 14.
(Comprimento total do Morteiro - - - - - 92» 81» 74
Dito da Bocca ao Reforço b ------ 30 » 26 » 22
Dito do Reforço bc . . . 18» 14» 14
Largura •/ Da faxa alta ' do £ocel efilf*es - 3£»3 » 3
D ' l Da moldura próxima 3 7>2 »2
Desde a moldura até ao Bocel do Boccal - - è » 4 » 3-
f Do Boccal e Filetes - - - - - - 2í-»2 » 2-
Largura< Damoldura que ficadiantedo Reforço 3~ » 2 «2
(. Duas molduras e filetes que ficão atraz 6 »5 »4
( No Boccal - - .& »4j»4
j Junto ao Reforço - - - . - - (j ,,5 ,,4-L
Grossuras < JNo Reforfo - . -7 „ 5!» 5
l ]\a Comera • - - . , - . .. 12 » 12 » 12
LNa Faa-a afta do Bocel - - - - 6i»5i»5
Diâmetro dos mwihões - - - - - - . . - 14 « 13» 12
Comprimento dos munhSes fora do Morteiro • lê » 14 » l»

As dimensões dos i.°» são as dos Morteiros Ingle-


DE ARTILHARIA NAVAL. 93
zes , e as dos 2.°» asdosFrancezes, que são ordinariamente
mais leves , ligeiros , e mesmo mais pequenos.
§ 142. Dimensões geraes dos Obuzes Inglezes , e
Francezes :
._. /Da Bocca - - - - - ao »»ao M*O
DiatnetrosÍDa Camera Tf ,A; »íy
fDa Alma - - - - - - - 90 ««90 "977
f Da Camera - - - - - - - 33 >» 33 «33
g [Da Bocca a até ao Reforço b - JO -«50 «5-4 '
•C -< Do Reforço bc - - - - - - 34 ,,34 „ 37"
Do Reforço c até ao fim àoObuz 5^4 Mf4 5,5-4
o Total- --_....
--_.....- 13»» 13,8» 147 £
138,5138»
[Do Cascavel - - - _ - - 24 ,,24 ,,2^
2 r No Boccal -_-____g »7 j>g
| , Junto ao Reforço -----9 ,,g ,,9
g , No Reforço - ro- >»j> MIO
O (Na Camera - - _ _ _ - 16 »i$ »i&.
SDo Bofe/ , e/^jítf alta- comfiletes 5 *+$ »> 5-
Das molduras excepto a que fica
atraz do i.° Reforço - - - 3 T «35 »>$i
Dos ^oí-^/j- e Filetes - - - - 3 » 3 «3*
Da moldura que fica atraz do .fo-
/^r/fl ---___.. 6 MÓ «d
Distancia entre as molduras e boceis
do boccal e da Culatra - - - -6 » 6 >» 7
Bocel efaxa alta da Culatra proje
ctada - - - - - _ _ _ -il»il,,il
Distancia dos munboes aparte diantei
ra do Reforça - - 5. ,,^ ,,f
Molduras
O resto § e127.
filetes do Cascavel - - 4r ,»4 ».4T

§ 143. Os Morteiros e Obuzes podem emprepnr-


se com muita vantagem nos combates Navacs, J,nnçaiv
do com elles granadas de mão sobre a Tolda, e CasteL-
94 COMPENDIO THEOBICO-PR ATIÇO
Jo dos Navios, tendo attenção em empregar pequenas car
gas em razão da proximidade, em que ordinariamente'
se travão os combates navaes.
Os Morteiros para o serviço do mar costumão ser
mais compridos e pezados , que os de campanha ; as ca-
meras dos Morteiros antigos de 12 f levavão 3i'*-,8 de
Pólvora : mas a experiência tem mostrado que são suffi-
cientes 11,8 ou 14,8.
Coftstrucfão dos Morteiros para serviço de bordo.
5 144-
Diâmetro J** &*<* - - "3° "3°
Ida Camera - - - - - - >» 15* "l?
da Alma --------- >»7j- «75'
da Camera - - - - - - - - "33 "33
do fundo da Camera até ao fim do Mor
'C teiro - - - - - - - - - - »» 20 »» 20
g"" Í total do Morteiro ----- -»»iz8»i28
.9 | do Baccal a até ao Reforço b - - - «43 »»4$
t do Reforço bc - - - - - - - -»28 «28
Distancia da moldura ao Eocel do boccal - »>6 »ó
Eocel dafaxa alta da Culatra projectada » i \ »i\
2 fNa Bocca excepto as molduras - - - »8 «7
5 J Junto ao Reforço -------» 9 j»8
o i No Reforço - - - - - - - - »io »p
O ^Na Camera - - - - - - - - >»ló »i6
f Da faxa alta da Culatra - - - -»4 »4
j Da moldura próxima e adiante do Re
forço -------_--» 3 »3
Eocel e filetes -(\ ------- >»j »»j
Da moldura atraz do Reforço - - - «4 «4
Diâmetro dos munhoes - - - - - - » 18 >' 18
Comprimento dos ditos fora do Morteiro - »2O »>2O
Os arcos, que terminao aparte redonda do Mortei
ro, são concêntricos com os que terminao o fundo da Ca-
wera.
• BE ARTILHARIA NAVAL. -95*
Nestas constoicçoes o Ouvido he próximo ao fun
do da Camera, e seu .diâmetro — .•• da polegada.
§ í45", O Pedreirohe huma espécie de Morteiro com F;E. 19.
menor gxossura de metaes, attendendo a que as cargas F's< 20ê
são mais pequenas [49].
Na-construcçãoque vamos expor, elles ficao ma is re
forçados que os Francezes , porque assim podem também
servir para lançar Cestos de granadas, o que incommo-
da muito mais o inimigo, que os de Pedras, donde deri-
vao o seu nome , e he o seu principal serviço.
A Camera costuma ser Cónica , porque a experiên
cia tem mostrado, que estas Cameras, não concorrendo
(como as Cylindricas) para augmentar a força expansi
va da Pólvora , por isso mesmo fazem menos impressão
sobre o prato de madeira, e por consequência não o par
tem, antes que o Projéctil saia da bocca do Pedreiro.
O fundo tem huma figura particular, a fim de rece
ber os Cestos , que se fazem justos , e vão já cheios de
calháos bem roliços ; ou com maior vantagem de grana
das de 3 P ou 3 P , 5 de diâmetro.
Os Pedreiros tem ordinariamente 13 P ,9 de diâme
tro.

CoHstracçao dos Pedreiros.


§ 146.
o fDa Bocca -----------30
t j Maior da Camera ---------8
g •< Menor da dita --------- -6
^2 j Da parte Cylindrica em que assenta o prato - 14
^ [Dos Munhoes ----_--_ --12
o /da Alma ------------ 3.7
g\da Camera ----------- 16
;E /do eixo do Cylindro em que assenta o prato - 3
o^do Boccal até ao Reforço ------ 10^
-f ./do Reforço ------- ----B
U \dos Mvnhoes de huma extremidade a outra - 40
96 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
A Camera entra nos munbScs ------ j
£ fNo Boccal ----------- 3!
| j No Reforço ----- 4!.
o | Na C/Ȓrf */fl Camera ------ -j
U L Na entrada da Camera ------ «^
C F/»** /z/?// e filetes ------ j
Largura < CVȒ<? *fo Camera -------2
C Moldura próxima a ella ----- 3
O fundo da alma termina por dous quartos de circulo,
cujos extremos tocao as paredes interiores do Pedreiro, e
a aresta do Cylindro , onde se aloja o prato.
A parte exterior lie terminada por arcos de circulo
concêntricos ; o fundo da Camera Cónica termina por
tuim arco de 60°, e a parte exterior na Culatra he semi
circular.
§ 147. Bomba [50] he huma baila de ferro oca, e
de grande diâmetro com hum buraco, que se chama Ou
vido, por onde se Ifce introduz a composição de Pólvo
ra , tem duas azas de ferro forjado, que se fazem fixas
na forma antes da fundição a fim de ficarem mais segu
ras e resistentes ; delias se servem os Artilheiros para a
introduzir na alma do Morteiro.
Cheia a bomba da composição de Pólvora, se intro
duz no Ouvido huma Espoleta, á qual se faz hum cor
te chanfrado na parte que entra ; que deve ser feito a
hurna tal distancia , que a composição gaste em arder o
mesmo tempo , que a Bomba deve gastar em descrever a
sua Trajectória.
O pezo, e resistência das Bombas tem referencia a
três importantes objectos:
i.° Ao choque, que recebe quando sahe do Mortei
ro ; 2.° ao que pode receber quando chegar ao terreno
ou corpo, que deve percutir; 3.° finalmente ao maior
ou menor numero de estilhaços , que delia se exigem.
Quanto ao n.° de estilhaços , se carregarmos a Bom
ba com muita Pólvora , rebentará fazendo muitos estilha-
<>8 COMPENDIO THEO RICO-PRATICO

Das Caronadas , e suas dimensões.


>
. § 149. CaroMada he huma peça curta de grande Ca-
's>21' libre, que serve para lançar Projecteis de ferro massicos,
ou ocoe, cartuxos de Bailas, Pyramides, e Lanternetas;
são empregadas vantajosamente na guarnição dos Navios,
porque são mais leves, occupão menos fugar, parallela
e perpendicularmente ao seu eixo , precisando assim para
a sua manobra hum intervallo muito menor , que as Pe
ças de igual Calibre, e ficando muito desembaraçadas as
Baterias; tem além disso a vantagem da rapidez das ma
nobras, empregando nellas muito pouca gente [5*1 ].
As suas desvantagens se reduzem á diminuição dos
alcances, e menos certeza nos tiros; porém estes defei
tos não obstão a que esta espécie de Boccas de fogo se
ja utiHssima a bordo, por isso que os combates Navaes
ordinariamente se dão em pequenas distancias.
São sempre fundidas de ferro, as suas cargas são
pequenas, e as bailas tem pouco veríto. OsFníncezes usao
de Calibres de 36, 30, 24, 18 , 12, e oslnglezes de 63,
42, 32, 24, 18, 12, e são estes mesmos, os que empre
gamos nos nossos Navios.
§ i^o. Para reduzir a systema a construcção das C/-
ronadas , recorremos ao plano de huma Caronada de
24 , e conservadas as mais exactas proporções deduzimos
as suas seguintes dimensões :

O Diâmetro da Baila se divide em partes - - - 47


Dito da Alma ----------- 48
Dito junto á moldura da Faxa alta da Culatra - 128
Projecção da Faxa do reforço ------- z
Comprimento da aresta da Faxa alta da Culatra
até á Eocca ----------- 366
Dito da Camera -------___j8
Diâmetro ------------- 41
Omassiço do Olhai, por onde atravessa Q Eixo que
DE ARTILHARIA NAVAL. £9
serve de munhÕes , tem comprimento - - - - 47
Largura do dito ----------- 4^
Diâmetro do Olhai ---------- 11
Distancia das duas faces ______-- yg
Diâmetro da Faxa alta da Culatra - - - - -133
fi.° - «4
Diâmetro dos Redondos ^.»*_____-o
U> - ' - 5-1
Garganta do Botão- ---------31
O Boráo he hum annel , por onde passa o Vergueiro.
O fundo da Camera he esférico.

s E c q A o HL
Construcção das Carretas , f Leitos para bordo [5"!*].

§ IJTI. JL Omem-se sobre >Í5 dous pontos Ce D


de sorte, que o intervallo seja igual á distancia do cen
tro dos munhÕes , á extremidade da Culatra , isto he , igual
a | do comprimento da Peça.
Tirem-se por estes pontos duas perpendiculares a
AB, c tome-se na i.» CE =: CF= \ Diâmetro da Faxa
fita do i.° Reforço ; e sobre a 2.» DG = DH = \ diâ
metro da Faxa alta da Culatra , e as linhas tiradas por
E G e F H determinarão a largura interior da Car
reta.
Tirando duas parallelas ás linhas EG e HF na
distancia de hum Calibre, teremos asFalcas; e tomando
de D para B ó comprimento do Cascavel, e de C para
A a metade do diâmetro dos munhÕes , mais metade do
diâmetro das rodas dianteiras, a linha AB exprimirá o
comprimento da Carreta.
A linha EF passa pelo centro das Canhoneiras , que
fica i de polegada abaixo da superfície superior das Fal~
O a
ioo COMPENDIO THKORICO-PK ATIÇO
cas , cujo diâmetro he igual a hutn Calibre ; e a linha HG
corresponde ao centro do eixo dianteiro.
A altura das Falcas na Testa he igual 4 ; diame~
tros da baila , e terá metade na Canteira.
As Escaletas tem hum comprimento igual a f do
comprimento das Falcas ; e a parte boleada da ultima Es-
caleta toma-se sobre a Testa.
Aparte inferior das Falcas^ para aligeirar o seu
pezo, se talha em forma circular.
. s». Os Eixos encastalliao nas Falcas , a Taleira deve fí-
. 24. car, exactamente sobre o Eixo dianteiro, e no meio da
. 37. altura das Falcas; esta Taleira tejn hum diâmetro em
largura , e dous em altura.
Advertência.
§ 1 5*1. Para tirar o perfil de huma Carreta , que de
ve servir em Navio já construído, he preciso ter em vis
ta as seguintes regras :
i.° Que a altura das Falcas , e o diâmetro das ro
das , está dependente da altura da Soleira- das Portinho
las.
2.° Que as Carretas das Peças da Coberta devera,
ser construídas com taes dimensões, que assentando a Cu
latra sobre a Taleira da Canteira , o Boccal embeice na
amurada , a fim de que se não arrombe a porta na occa-
siao de temporal.
§ 15-3, Dimensões para a construcção geral das Car
retas de bordo.
Divida-se o diâmetro da baila em 24 partes iguaes
para servir de escala.
cCI>~- ------ - 15-4 partes.
Tome-se } CE = CF = - - - - - 11
lDG= DH= -
Grossura das Faieas -------
Distancia AC ' - - ~ ------
DE ARTILHARIA NAVAL. 101
Dita DS ----------- 6o
Largura do Eixo dianteira ----- 30
Comprimento --------- 15-0
«•*» {írrap±enro :::::: íj
Elevação das íalcas nas Testas - - -114-
Dita nas Canteiras -------- 57
Escaleias ---------- 62,5
«i»
Altura j Í./.V0
do r*- </dianteiro ----- 42 F;?. 75.
F;!
(.trazeiro ----- 30 * 26.
A Cavilha de abraçar passa por baixo do
meio da quarta Escaleta no nível da i.»
A grossura das rodas he igual á das Faleas
O diâmetro das rodas -í dianteíras f
Urazeiras - - - - 04
§ 15*4. Ferragens--
* Misagras ---______---a
£ Cavilhas escateladas- --------^
f de Olhai -------- -i
d de Soleira --------- i
e do Leito ---------- i
f de Peralta ----------j,
para segurar o Eixo dianteiro - - - 4
Olbaes com Arganeos --------- i
k Arrueltas -----_______i
/ Olbaes --------_____ó
m Gatos ---------.,.-^
n Arruellas quadradas para aninar - - - - - J
p Escaleis com Chavetas -___:.___io
q Chapas de atravessar -•-_.-..-*
r Sotrossos ----. -.______-x
s Arandelas -----______-2
/ Escaras do EJxa ---______-2,
W Chavetas, Cadeias, e fêmeas - - - - - , i
X Cavilhas de Leito com Arruellas para aninar - i
COMPENDIO THEORICO-PRATICO

Dimensões do Leito para os Morteiros de bordo.

r
rig.38. § ifj-. Diâmetro da Bocca - - 12, r >» 9, 3
F'?- 39- •» C Comprimento - - - - - - 87, 4» 78, I
F'g- 5°- 'S < Largura -------- 5^0, 2 «43, 7
5* í '• ^*"^ C. A l tUI"3 *~ ~~ •• •• ™' *~ ~ ~ . 2Ç j 2. ' * ? I * .L
Distancia do O/^o í/u £/*<? á extremi
dade dianteira - - - - - - - 36, 3» 27,, 7
Diâmetro do Olho do Eixo - - - 6, o » 6, o
f Distiío da extremidade
•K/T u ' dianteira - - - 42. 8>»ao, c
Munhoneiras <l -p,.
Diâmetro - - - - ' 9,' 3 >» "'
7, 4'
l Profundidade - - - 7, 4» 4, 6
Diâmetro do Leito circular - - - 54, 9»5'4, 9
Altura do dito -------7, 4 "f, 6
Distancia ao Chapuz do Leito - - 13, 9 "14, 9
Profundidade da cavidade - - - -13, 9»>il, »
Abertura superior da dita - - - - 27, 9»» 19, 5"
Fig. 53. Comprimento do Cbapuz do Leito - 49, 3 "40, p
Dito inferior - - - - - - - -27, o»»2i, 9
Altura ---------- 14, 9»»!^, g
Largura - - - - - - - - -13, Q"ii, 2
Estes Leitos são assentados sobre hum forte viga-
mento, que nasce do Porão, e solidamente fixo ao Na
vio , escorado com fortes Pés de Carneiro ; elles , em vir
tude do seu eixo, gyrão sobre este vigamento.
A parte dianteira deste Leito termina por bum ar
co de circulo concêntrico com o Olho do eixo , como se
pode examinar nos planos.
§ ijó. Ferragem do Leito.
a Misagras ------..----a
b Cavilhas escateladas ---------6
c . de Olhai 4
DE ARTILHARIA NAVAL. roj
Cavilhas das etapas curvas e do terço do Leito 6
f . de abraçar ---------7
k — de Peralta --------- iy
/ para o Leiro do Chapuz ----- 4
d Tufos , ou Malaguetas -------- ^
e Chapa do terço do Leito embutida ----- i
f curva embutida -------- i
m do Cbapuz do Leito -------2
Chavetas , Cadeias , e Fêmeas ------ 6
Ârganeos com Olhaes para o Chapuz - - - - z
Dos Leitos das Caronadas.
§ 157. As Caronadas são ordinariamente montadas .
sobre num corpo de madeira composto de duas princi- Fj|| j£
pães peças:
i." a Corrediça
i* o Leito.
^

Esta i." move-se sobre a i." no sentido longitudinal por


meio de lium eixo , que atravessa a Corrediça , e corre
por huma abertura (que ella tem, e na figura he repre
sentada por AB ) quando a Caronada lie obrigada a ce
der á forca do recuo.
A Corrediça gyra em roda de qualquer dos eixos
E e F, que atravessão o banco I fixo na coberta, e dis- F!g. jj.
tante da portinhola huma quantidade súfficiente para pó- •
der enconteirar de maneira , que quando se faz uso de
hum dos eixos , se tira fora o outro.
O Eixo F serve quando se faz uso das Caronadas
na occasião de fogo.
O Eixo E serre quando * querendo a coberta safa e
desembaraçada, se atracão zsCaronadas prolongadas de
Poppa á Proa.-
A Corrediça facilmente se enconteira para qualquer
Jado , gyrando á roda do seu eixo sobre osrcdetes cie for- ...^ s
ro G j e quando a direcção do tiro faz hum angulo mui- j-ig! 57'.
COMPENDIO THEOUTOO-PRATICO
to pequeno com a perpendicular , então em lugar de èn-
conteirar a Corrediça, se enconteira o mesmo leito por
. )S. meio de hum Espeque, que he destinado para este fim.
§ 158. Antes que pa5semos a outro objecto, notare
mos, que sendo ordinariamente carregadas as Peças pela
terça parte do seu Calibre , e ás vezes a quarta parte (co
mo mesmo deveria ser a bcrdo attendendo ás pequenas
distancias) as Caronadas tem por máxima carga 73 do
Calibre, ou 7^, como da Ta boa [jo].

s E c q à o iv.
Dos Instrumentos [yz] e Pelrexos. . •

Ç ifp. Ã. P OrP/amenta entendemos o jogo d e Instru


mentos, que empregamos no Serviço das Boccas de fo
go, que se reduzem a Soquete , Lanada, Sacatrapo , Es
peque , Pé de Cabra.
§ 1 6o. Soquete he composto de hum Cylindro de
madeira, de diâmetro e eixo igual ao diâmetro da balia
respectiva , montado sobre huma haste de madeira , do
comprimento da alma da peça, mais 18 polegadas.
Serve para levar o cartuxo , e mais corpos , que consti
tuem a carga da Peça , ao fundo da sua alma ', o Cylin
dro chama-se Feminela.
§ lór. Lanada he hum Cylindro de madeira de hum
diâmetro pouco menor que o do Soquete , coberto com
huma pelle de Carneiro com a lã para fora , montado na
outra extremidade da haste do Soquete , ou n'ootra se
parada , conforme o Calibre da Peça for pequeno , ou gran
de.
Serve para limpar a Peça depois de fazer fogo, e
para apagar algum lume, que tenha restado depois da
inflammação da Pólvora, em que deve haver o mais es
crupuloso cuidado.
PE A»TI1.P4*IA ÍÍAVíUr
$ if>f. (liixana lie lunn instrumento construi .'o com
huma chapa de cobre de grpssura quasi iguflfí ap #?/*l0
da baila , e Gomprim.«»M)' de t-rjes djanjetrps , a ,quaí ,$ç
/az fixa á roda de lunna l'>. rdincía de comprimciuo de
i 5 Calibre, e sobre a qual «p faz c^cuja^-mei^te "hu,m #e«
baixo para receber a .chapa ; p çfoaHJjradp <)^ .bpl.e^dp d»i
manga he } do seu comprigawt^ , e j$ç$xfc?s. je,m -huma
haste como o Saqueie.
Servia n'outro tempo .este iiu-i rumcuto para introdur
zir a Pólvora na alma , quando não era encartuxada , ago
ra se emprega em descarregar.a peça , au limpa-la .deferr
rugem.
§ 163. Sacatrapo he hum Instrumento de ferro mofL-
tado em huma haste , cora huma ou duas pontas virada?
era fornja de Efpjra/.
.Serve para descarregar a Bocca de fogo, e tirar do
fundo da alma alguns fragmentos de cartuxos, que re^.
tão depois da inflammaçao da carga.
§ 164. Espeque he hum instrumento á -mafl«i« d*
alavanca j suas dimesnstíes varião conforme os Calibres,
como se vê jia Talioa seguinte, em que a .grossura he
avaliada era partes , cada hurna igual a 7^ do diâmetro.
1 . ,--TiT-i Í...J
Grossura em
Calibres Comprimentos quadrado.
das em
Peças. Diâmetros dos Calibres.
Em baixv. No ierpo.

36 w 24 » I« 11 de Catibre 24 9 8

12 ;> 9 55 8 13 de dito 12 10 9

6n 4» 3 )5 & dito 6 12 10

O resto dos Espeques he «na figura de Cone troucado,


io6 COMPENDIO THEORICO-ÍRATICO
rendo de diâmetro na base superior a metade da grosfeu-
ra do quadrado no terço; ultimamente devem ser feitos
de madeira rija , e cortada na direcção das fibras. ' <h
gr jgy;-"p^ dèCabra he huma alavanca de ferro, cu
jos extremos acabão de hum lado em ponta de diaman
te, %e d'outro em unha aberta , ou fendida.
Suas dimensões varião como as dos Espeques , como
se, vê na Ta boa ; e a sua grossura he calculada semelhan
temente em partes =. ~ do diâmetro.

1 — —— """"""• i
Grossura em
Calibres •i Comprimentos • quadrado.
das em
Peçus. Diâmetros dos Calibres. Em baixo. No terço.
' -i s

36» 24» Ití 10 Diâmetros de 24 4 'n


12» 9» & 11 ditos de 12 5 4

6 » 4» 3 12 ditas fé 6 H 4i
u-—^_

O resto do Pé de Cabra he como o Espeque , em forma


de Cone troncado, cendo de diâmetro na parte superior
^metade da grossura do quatlrado no terço.
. § i 66. Suseávida he*trnrrrinstriTmento de ferro mon
tado em huma haste.-coto 4 até $ ramas , ê cada htimda
6fl- comas pontas aguçadas, e viradas para fora. em for
ma de molas.
O arco , que anda annexo ae?te instrumento, e for
ma parte delle, he hum anãef seguro na extremidade de
outra haste de maneira, que faça eom elfa hirm angulo
recto. —.!_-._;„
. .' • OBuscavida introduzido na alma da Peça serve pá.
DE ARTILHARIA NAVAL. 107
ra>se conhecer , se a superfície das suas paredes está bem
lisa , ou se tem tscarvalhos ou brocas \ e o arco serve
para fazer ajustar osrarnos do Buscavida , quando qual
quer delles encontrou alguma cavidade: as hastes cosiu-
mão ter para servirem em todos os Calibres 10 a iz
pés de comprido, e i 7 polegada de diâmetro.
§ 167. Buscavida de Ponta he hum instrumento,
que tem huma ponta de ferro perpendicular á haste j e
serve para reconhecer a profundidade da cavidade, que
o i.° tiver descoberto, e para melhor indicar, até a con
figuração, se usa de huma pequena baila de cera, que se
segura na ponta do Buscavida.
§ 1 68. Tapa de Pão ou Cortiça serve para tapar a
Bocca da Peça , a fim de que a humidade não arruine a
alma, e mesmo a carga ; e que por effeito dos balanços
de Bombordo a Estibordo não vá a carga ao mar.
§ 169. Cal'leira de couro , de gacbeta , ou arreiem
serve para segurar a Tapa na garganta da Peça.
§ 170. Quando se faz exercício de artilharia, para
se não arruinarem os fundos das almas das Peças s« in
troduzem huns Tacos de páo; ou também para economi-
sar as Feminelas dos Soquetes será melhor metter Ta
cos de fílaça era lugar de páo.
§ 171. Guarda-cartuxo de sola ou de folha serve
para conter coberto o Cartuxo de Pólvora.
§ 172. Frasquitiho ou Polvorinho de couro para
conter a Pólvora para as escorvas.
§ 173. Espoleta de papel, cartão, ou pergaminho
com estopim para escorvar em lugar de Pólvora.
§ 174. Tacos de Filaça para servirem de buchas , que
sempre se ajustão sobre o ultimo corpo, que constituc a
carga.
§ 17). Baila rasa , Baila encadeada ,' Baila de
Palanqueta emprega-se conforme as circunstancias ; po
rém a experiência tem mostrado , que a Baila encadea
da no decurso da sua Trajectória se separa partindo a
cadeia, que liga os hemisférios) e a Palanqueta dobra
P a
COMPENDIO
pelo vergathão; adquirindo ertí reseltado os defeitos de
perder a, direcção do tiro, tí diminuir extraordinariamente
o alcance- e por isso se tem desprezado o seu aso.
§ 170". Pyramide he hum «nove4 composto de hum
certo numero de bailas pequenas , e de hum prata de páo ,
ou de ferro circular, cujo peto total he igual a } do Ca
libre da Bocca de fogo , que o hade lançar ; he forrado
de hum sacco de lona , e engatado com huma bem aper
tada rede de cordeí, e costuma-se pintar para a abrigar
do tempo.
§ 177. Lanfertteta de folha hehum Cylindro fecha
do do diâmetro do Calibre da bocca de fogo, que o ha
dfe lançar , cheio de pedaços de ferro inútil , a que se dá
o nome de metralha , e isto até que forme hum pezo igual
# j do Calibre.
§ 178. Bota-fogo ou Veia de Composição he hum
canudo de papel ou cartão cheio de huma composição ,
que se introduz em hum páo de i , ou 3 pés de compri
do , vasado em huma extremidade , e com num aunei pa-
fa apertar-, serve para dar fogo, assim como o morrão,
porém a bordo não tertr uso.
§ 179. Guarda-murrão he hum balde de madeira
com sua tampa, em que se fazem três ou quatro bura
cos, para nefles se metterern as tranças com a ponta ac-
cesa para dentro ; o fundo deve estar coberto -d'arêa pa
ra evitar algum desastre.
§ 1 8o. Chapuz, e Palmeta de bem conhecida figu
ra servem para- dar elevação á Peça, pondo-se entre a Cu
latra e a Taleira da Canteira.
§ 181. Passadeira he huraa Taboa- com aberturas
circulares, cujos diâmetros devem ser iguaes aos diâme
tros das,Bailas, Bombas, Cylindros das bases das Pyra-
mides, e- Lanternetas dos Calibres, para que deve servir
a Passadeira: então os corpos, que passarem por estas
aberturas , roçando levemente os seus contornos ficarão
calibrados nos Calibres das aberturas por onde passarem.
£ 182-. Regoa de Calibres he huraa regoa de broa*
I>B ARTTLHAUU NAVAI*
ze, ferro, ou madeira , onde estão gravados os diâmetro?
das bailas , e das boccas das Peças , marcados com o nu
mero, que indica o pezó daB-illa ; assim facilmente, da
da huma baila, servindo-nos do compasso curvo, se de-
termin» o seu Calibre; e ode huma Peça dada , com hu-m
compasso de pontas rectas.
§ 1 83. Agulha de Ponta de Diamante, ou simples
mente Diamante, serve i.° para ajuda r a escravelha, cjue
he huma torcida de estopa : i.° para furar o cartuxo , e
introduzir Pólvora no Ouvido : 3.° para tomar a grossu-
ta do nietal.
§ 184.. Agttlba de espiqueta, (Jue terri na extremi
dade huma rebarba , serve também para determinar i
grossura dos metaes na bocca , e na culatra.
§ 185". Agulha de Goiva serve para limpar as pare^
dês db Ouvido sujas com o salitrado das escorvas.
§ 1 86. Agulha de Verruma serve para o mesmo
fim , quando a de Coroa o não pode conseguir.
§ 187. Agulha de repuxo serve para levar ao fun
do daalma da Peça , quanto desfizer a de Verruma : tam
bém se chama Dcsencravador*

Construcçao da Regoa-de Calibre*.


t

§ f88. Pela formula § 50 poderemos determinar os


diâmetros das bailas de ferro, e de chumbo, assim co
mo d'outra qualquer matéria : depois se preparará huma
Regoa de metal ou madeira j e nella se gravarão longi
tudinalmente duas parallelas , abrindo na extremidade
da i.» (Bailas ) e na da 2.» (Boccas') marcaremos nel-
ks os comprimentos achados pelo calculo desde i ""?• até
48.'*-
Notaremos , que devendo este calculo ser feito com
toda a excctjdáo, talvez produza polegadas e decimaes
de polegada : para as obter recorreremos a formar huma
escala de dizima (B. G. § nj?J.
COMPENDIO THEomco-PHAfico

SECÇÃO V.
Do Massatne e guarnecimento das Peças e Baterias.

§ 189. V>/ S Cabos destinados a atracar liuraa Pe-


ça são Vergueiros , e Contravergueiros , Talhas , Con-
iratalhas ou Retenidas , Atracador , Estropo de Can
teira , Trinca da Jóia , Peta.
§ 190. Vergueiro he hum cabo grosso, que passa
pelos arganeos das Polcas , cujos xicotes se fazem fixos
nos arganeos da amurada ; sua grossura deduzida da pra
tica e experiência he indicada na Taboa.
§ 191. Talha he hum cabo comprido, porém delga
do, que serve para atracar a Carreta aos gatos da amu
rada ; cada Talha tem hum Cadernal e hum moutão
com seus gatos; o do moutão engata no Olhai da Fal-
ca , e o da Cadernal no gato da amurada ; ocomprimen-
to e grossura das Talhas se pode ver na Taboa.
§ 191. Contravergueiro he hum Cabo, que serve
para atracar o Vergueiro de huraa e outra parte junto
á amurada.
§ 193. Atracador he hum Cabo , que serve para
atracar as duas Talhas e o Vergueiro junto ás testas
das Falcas.
§ 194. Estropo de Canteira he huma alça com seu
fapatilbo c bolão , que se encapella no Cascavel da
Peca , engurando-se o gato do moutão da Contra-TalhA
no seu çapatilho, •: .
§ 195. Trincada Jota he hum cabo, que serve pa
ra atracar a garganta da Peca contra o vergueiro e
gato da amurada.
§ 196. Peia he hum Cabo delgado , que serve para
segurança da Carreta ; passa pelo Olhai do supplemento
e arganeo correspondente na coberta.
iii COMPENDIO THEORICO -PRATICO
Ç 198. Guarnecimento de hmna Peça de i.« Bateria
ou Coberta.
Soquette montado em sua haste ..-.,,_ j
Lanada dito - - - dita ---..»..» j
Dedeiras de couro ------_-.'_*
Retenida ou contratalba »•--•.««-- i
Talhas efatracar ---------- _j
Vergueiro ---------____ t
Espeque ---------_____ x
P/ ^ Gz£r* - ...... ,..._ j
Diamante -'-... .........
Polvorinho , e Cartuxelra para Espoletas - - - i,
Guarda cartuxo de sola , ou de folha ----- j
Molhos de tacos para buchas ----_, __j
Chaleira para Jíallas , Pyramide, e faiterneta - i
Trança enebofrada ------•-. i. •
Chapuz , í i chapu^ ---.-,-_.__^
Palmeias , ou .cunhas ------.... »i
Pranchada de Chumbo --•--.-.. .J
de páo , ou cortiça com sua colleira - - - j
Ainda que a peça fica guarnecida com estes artigos , h
cora tudo algumas vezes necessário, que tenha também
Soquete em haste de Cabo - - - - - - _ .
Contravergueiro T ------ -Xl . _
Atracado- -----»-.../..„
Estropo de Canteira -----.._..
Trinca de Jóia ------.____
§ 199. Guarnecimento para a amurada, e porta de
cada Peça da i.« Bateria ou Coberta-.
Talhas de leva guarnecidas --._.„ »
Tw««rtf-r ppr onde passão as talhas ----_,
Lassonetes - ... "-"•• *
DE ARTILHARIA NAVAL.
Capâtilhos ---------- ~--i
Gatos de chapa para engatar o çapatilho da alça do
moutao -------- -•_.._ 2
Gato de amurada do meio da porta - - - - - i
Palanqvetas ------------ i
Gatos de chapa para segurar os arrebens - - - - a
Gatos de amurada para engatar as talhas - - - i
0/haes e arganeos de portinhola para amarrar os ar
rebens --------------£
Arganeos d?amurada para os chicotes dos Verguei
ros -••««•— ---------j
Palanques para conter Espeques , e Pés de Cabra ^•

§ 200. Para serviço de toda a Bateria, e seu sobre-


selente, he preciso.

Tinas ------------- --3


Chaleiras' de bailas na mediania ------ 6
Jogo $Agulhas ----------_i
bfartellos -------------3
Torquezes -----,--------5
Facas flamengas -----------4.
Lambazes molhados -.---__---<5

Sobreselentes.

Talhas de retenida guarnecidas ------ |


Rodas de páo ------------6
Eixos --------------6
Castanholas - - - -- - - - - - --4"
NB. Castanholas são Ivumas meias rodas , que se
pregão no quadrado do eixo dianteiro, para supprir a-
falta instantânea da roda ; advertiremos , que o jogo $Agu
lhas ^ Martellos , Torquezes, Facas flamengas , Pas
sadores , e todos os sobreselentes devem estar separados
no deposito correspondente , e com a ordem , que exige
Q.
1 14 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
a promptidao , com que cada hum destes géneros deve ap-
parecer, quando for preciso.
§ 201. Além do exposto relativo ao equipamento dns
Baterias, o bom resultado das acções depende muito de
algumas interessantes disposições, de que vamos a tratar.
i.° Em lugar conveniente para a boa conservação
c ordem, quasi sempre na Praça d'armas ou antecame-
rã dos Navios se estabelecem em Cabides dispostos nas
anteparas próximas ao Mastro da Gata, c á roda domes-
mo Mastro , as Espingardas , Pistolas , Espadas com.
seus Boldriés , Cartuxeiras , Bacamartes , Machadi-
nbas ; algumas vezes as Espingardas se arranjão corn-
modamente entre as Latas: também neste lugar se ar
ranjão convenientemente os lampiões das Baterias, e 30
baldes de sola para acudir promptamenfe. .a hum incên
dio.
3.° Em lugar que nSo seja muito exposto na occa-
siao de combate, mas que sempre esteja desempachado ,
que diversifica conforme as accommodações e lote do
Navio, deve haver hum grande Caixão,'denominado das
miudezas para os sobreselentes de absoluta , e repentina
precisão , como são Martellos , Torque&es , Facas , Pas
sadores , Jogos de Agulhas , merlim para botões &c.
porque o resto deve existir separado , e em boa ordem
no respectivo Paiol.
3.° Deve haver todo o cuidado, era que as bailas ,
Pyramides , e Lanternetas estejão conservadas nas suas
Chaleiras em estado de servirem no combate, e bem ca
libradas, c em tal quantidade, que forncção ao menos
30 tiros a cada Peça , sem recorrer ao Paiol dos sobrese
lentes ; ultimamente arranjar-se-hao os Caixões de Espo
letas , Tigelinhas de signaes , Cartuxos de Espingar
da emballados , e de Pistola , Pederneiras , Granadas'
de mão em lugar, que esteja safo no momento preciso.
Seria de muita vantagem adoptar osystema de guar
necer as amuradas de redes de malha , menor de 3 pole
gadas; pois os devastadores estragos ; que os estilhaços
DE AKTILHATIIA NAVAL
dignos de se prevenirem por este único meio.

s E c q à o vi.
Da vestidura , atracadura , e contraatracadura.

§ 202. J-\ Vestidura de huma Peça se reduz 3


hum vergueiro , e duas talhai guarnecidas.
Huma Peça se diz vestida , quando o seu verguei
ro passando pelos argatieos das Falcas tem os seus chi
cotes abotoados nos arganeos da amurada com hum bo
tão em cruz junto aos arganeos , e outro redondo junto
aos chicotes , e os gatos dos cadernaes das talhas en
gatados nos gatos da amurada , e os dos moutSes nos
olhaes das Falcas.
Assim huma Peça se diz desmontada, quando está
no chão, montada , quando está sobre a Carreta , nua ,
quando está sem vestidura , e vestida , quando tem ver
gueiro e talhas.
§ 203. Huma Peça pode atracar-se de differenres for
mas:
i.° Temporariamente, em quanto se lhe não forne
cera as talhas com o vergueiro.
2.° Em meias voltas.
3.° Em peito de morte.
Em quanto as talhas se apromptão , podem-se segu
rar as Peças com os vergueiros; e para este fim depois
de abotoados se encruzão pelo seu seio, e se tomSo dous
botões hum de cada lado, e ficará segura , em quanto fal-
fao as talhas.
§ 204. A Peça se diz atracada em metas voltas , qiwn-
do , tendo dado a talha da direita meia volta á roda do
botão, e esganado o seio, se faz o mesmo á da esquerda.
§ ?cy. Dir-se -a-Peça atraczrdn çrrr prftv dg morte ',
quando, mettida em Bateria , se encruza o vergueiro por
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
cima da Culatra , e se lhe toma hura botão redondo de
cada parte junto Áfaxa alta da Culatra , e passando as
talhas peio seio do Cascavel da Peça aos gatos da
amurada , se forma hum chamado peito de morte á roda
do mesmo Cascavel; e ultimamente faz-sc huma ronda-
dura á roda das mesmas talhas , em que ficão mordidas.
Advertindo, que sempre a talha da direita ha de fi
car por baixo ; e por isso quando a peça se desatraca , se
principia pela talha da esquerda.
§ 206. A contraatracadura se compóe de hum con-
travergueiro , hum atracador , huma trinca de Jóia ,
hum estropo de Canteira, ou alça de Canteira.
Para contraatracar huma Peç» de coberta embica-
se ; e pondo as talhas em peito de morte , arrea-se a
porta , e se lhe atravessa o espeque apoiado sobre os ga
ios da amurada, e rondão-se os arrebens; atraca-se o
"vergueiro com o contra-vergueiro o mais junto á amu
rada , que for possivel , e depois se ronda , e morde o
contravergueiro comsigo mesmo.
••Com o atracador se abracão as talhas ao verguei
ro o mais próximo possivel das Testas das Falcas , de
pois se ronda , e se morde.
A Trinca da Jóia passa pelo seio á roda da gar
ganta da Peça , e pelos gatas da amurada ; e faz-se hu
ma rondadura por cima da garganta, e outra por baixo
delia , e por cima do contravergueiro.
O Estropo da Canteira se encapella pela alça por
baixo do Cascavel da Peça , ficando para cima o çapati-
lho , onde engata o gato do moutãa da contraialèa (a)-3
e engatando o do cadernal no gato de cima da porta ,
vao-se passando sensivelmente os seios por baixo dasCW-
teiras , e por cima do sobredito gato , e depois rondão-
se todas estas voltas próximo ao cadernal > e morde-se
o xicote.
Para maior segurança se lhe tirão as rodas trazeiras,

CO Nome que se dá á rettnida , quando se emprega neste Servido»


BE ARTILHARIA NAVAU ITT
pregaò-se travessões , e toma-se huma peia do olhai
do Supplemento da Canteira ao seu correspondente ar-
ganeo na Bateria.
§ 207. Para obstar de algum modo aos. resultados,
que occasionaría , durante hum temporal , afroxarem as
talhas , se cunhão, e atacão as boccas das Peças de en
contro ás amuradas.
E seria muito vantajoso , que nas conteiras houves
sem dous olbaes , e dous arganeos nas medianias , pelos
quaes passando duas talhas- com suas rondaduras se
obtivesse huraa força , que aguentasse na occasiao dos
balanços o pezo da artilharia para a mediania.
§ 208. Outro methodo ha de atracar as Peças pro
longando-as de Poppa á Proa, o qual se emprega ordina
riamente em Navios da Ásia : tem o defeito da demora
precisa para se metterem em Bateria; além disso debai
xo de temporal emprega grande esforço contra as amu
radas , o que prejudica consideravelmente os Trincam-
zes. Á sua pratica he a seguinte:
Desenfia-se o vergueiro da parte direita da Peça
sendo de Estibordo, e da esquerda sendo de Bombordo,
e passa-se por baixo da Mangueira do Eixo dianteiro da
parte da mediania , e enfia-se pelo arganeo da Falca da
mesma parte; passa-se depois por baixo da Canteira e
do Cascavel cora huma ou mais voltas , e vai-se fazer
fixo o xicote no seu arganeo correspondente da amura
da.
A talha , que fica da parte da bolada , depois de
engatado o gato do cadernal no gato da amurada e o
do moutao em huma castanhola de ferro corresponden
te, passa-se pelo seio á roda da Bolada, gato da amura
da , e castanhola ; e com o resto da talha se faz huma
rondadura chegada ao moutao , quanto for possivel.
A 2.* talha, (depois de engatado o gato AO ca
dernal no gato da amurada , e o do moutao no olhai
da Falca} passa-se pelo seio por cima àzCulatra, ntra-
vessando por baixo da manga do Eixo trazeiro , e por
COMPENDIO THEOJUCO-PRATICO
cima do gato da amurada ; e faz depois hnmâ rondadura
com o resto da talha entre o moutno e o cadernal.
O gato do cadernal da contratalba engata no ga
to da amurada- do meio da porta, e o do moutao no olhai
da fW<r<7 , e a sua talha passa pelo seio por baixo da
Gotiteira , e por cima do gato da amurada do meio da
porta , formando hum peito de morte á roda da mesma
manga do Eixo, ficando a rondadura como a da talha
antecedente.
§ 209. Antes de sahir de qualquer Porto deve o
Commandante da Artilharia em companhia dos seus Sub
alternos passar huma revista ás Baterias, Peça por Pe-
£, e a todas as armas, munições, e Paioes, examinan-
se os géneros estão bem acondicionados, e em boa
ordem , promptos para sem confusão se empregarem
quando forem necessários: e observar se no Paiol da Pól
vora estão separados os cartuxos por Calibres, c se os
guarda-cartuxos estão providos, e com os seus respecti
vos Calibres.
Depois diariamente dous dos mais hábeis Artilhei
ros nomeados Escoteiros devem passar revistas ás Peças,
e munições, que estão ao tempo, e dar parte de qualquer
falta ao Commandante da Artilharia para a remediar.
§ zio. Ascargas para bater em brecha pela experiên
cia se fixarão na terça parte do pezo da baila ; ainda que
a bordo, attendendo á proximidade dos combates, bas
taria huma 4." parte, como melhor veremos em outro lu
gar.
Para exercidos, e Salvas se tem determinado a sex
ta parte.
Para afoguear ou limpar a alma se carregarão as
Peças de 36,, 24,, 18 pela io.« parte, e as de rz,, 9,,
6,, 3 pela 8.» parte do pezo da sua baila.
As cargas para as Caronadas são entre 10." e 12.* par
te do seu Calibre.
Para carregar com Pyramide, ou Lanterneta a car
ga se deve diminuir até á $.* parte do pezo da baila.
DE ABTILHAPIA NAVAL,.
A- razão se encontra observando, que sendo a Py-
ramide h u m corpo composto de muito pequenas bailas-,
c que necessariamente se hão dv separar, q"uanto maior
for a força expansiva da Pólvora , mais de pressa se sepa
rarão, e talvez antes de chegar ao inimigo; logo o meio
de a diminuir consiste em diminuir a carga.
Porém para conservar uniformidade no cartuxame
se assentou fazer esta differença , ou alteração no pczo
das Pyramides, e Lanternetas, fazendo o pezo da Pyra-
mide := j do pezo da Baila do seu Calibre, e asLantcr-i
netas \ do mesmo.

S E C Ç Á'O VIL
»•

Montar as Peças a bordo , e lançar ao


mar debaixo 4e temporal.
..,./." f '• > > •

§ 211. JL/Ogo que as Carretas chegão abordo, se


distribuem pelas Baterias, e competentes portinholas.
•. As Peças da i.a Bateria s!io sempre aquellas , que
primeiro se recebem a bordo; e para este fim se assen-
tão sobre a escotilha grandes pranchócs , que possão sus
tentar o pezo da Peça montada ; c assim disposto, se con
duz sobre o meio delia a Carreta , que hade receber a
Peça.
Depois o aparelho, que a metteo dentro, a arréa
brandamente até se- montar sobre a Carreta , e se conduz
para o seu lugar advertindo em encher o salto da Braco-
]a com hum pranchão em forma de cunha ; e esta mano
bra principiará sempre dos extremos para o centro.
As Peças da 2.» Bateria, ou do Convés recebem-se
ordinariamente sobre as Carretas, unindo estas á Br?.ço-
la da escotilha grande , e se conduzem semelhantemente
ao seu lugar. ' . . ••
As Peças da Tolda e Castello recehem-se aos Por-
talós dispondo as Carretas cora-a direcção para onde de
no COMPENDIO THEORICO-PB ATIÇO
vem ?er conduzidas , e depois se vestem , e atracão como
temos dito.
§ 212. Nos grandes temporaes, quando o Navio aber
ro já mostra não poder sustentar o pezo da Artilharia ,
se tenta como ultimo recurso, para salvar as vidas e o
casco, lançar a Artilharia ao mar: isto pode ainda acon
tecer com maior razão, quando o Navio está sobre hum
baixo, donde não pode sahir sem alliviar huraa grande
parte do seu pezo ; esta manobra he também objecto da
Artilharia.
Ora as Pecas, a que pode mais facilmente acontecer
este desastre, são da 2.a e 3." Bateria, e a sua pratica he
a seguinte: Desatraca-se a talha da esquerda, e se tor
na a atracar, passando o tirador da talha por baixo do
eixo trazeiro entre a Falca e a Roda , dando duas vol
tas passadas por aquelle lugar, e ao arganeo da amura
da , fazendo-se o resto da talha fixo nas mesmas voltas
com hum ou dous cotes: e praticando o mesmo com a
outra talha , ficará a Carreta segura contra a amurada.
Tome-se depois hum Cabo de grossura proporcio
nada ao pezo da Peça , e passando o seu seio de fora pa
ra dentro da porta se encapella no Cascavel da Peça ; os
dous chicotes vem por fora do costado acima , onde o
aguentão os homens destinados para esta faina , de sor
te que nas Peças do Convés o cabo passará á Tolda, ou
Baileos &c.
Estando tudo assim disposto, se tirão, ou levantao
as sobremanhoneiras da Carreta ; e no mesmo tempo es
tarão 8 homens, cada dous com hum espeque, que apre
sentarão sobre as Escaldas das Falcas por hum e ou
tro lado, tomando a extensão do i.° Reforço; e ou
tros 8 estarão , cada dous com hum Pé de Cabra , que apre-
•sentaráo igualmente por detraz e por diante dos w«-
nhoes.
Disposta assim a faina, quando se observa, que o
balanço do Navio principia a caliir sobre o costado da
parte da Peça, unindo a huma voz a força, que os 16
DE ARTILHARIA NAVAL. rir
homens empregão cm suspender a Peça para salvar as
Cabeças das Cavilhas das misagras; com o esforço dos
que alão pelos chicotes do cabo encapellado no Casca
vel , a Peça se inclinará de tal maneira, que ajudada do
seu próprio pezo se precipitará ao mar: esta manobra se
facilitará, se houver sobre o batente da porta hum Ro
lo, que pode segurar-se com hum cabo para não acom
panhar a peça.
s E c q Á o viu.
Encravar e desencravar a Artilharia , e deitar o grão.

§ 213. JL\ Contece frequentemente em terra , epo-


de acontecer no mar, ser necessário abandonar hum re-
ducto, huma bateria, ou hum Navio, e por consequên
cia inutilizar a sua artilharia, encravando-a para sem
pre, ou temporariamente.
Dous são os motivos que podem obrigar a encravar
a artilharia : i.° quando se toma ao inimigo, e se não
pode conduzir; 2.° quando se abandona hum Posto, ou
Jium Navio, cuja artilharia se não pode retirar.
§ 214. No i.° caso se inutilizarão as Peças de manei
ra, que o inimigo se não possa servir delias, introduzin
do para este fim nos Ouvidos Cravos, ou pregos d'aço
á força de martello; as Peças neste estado precisão de
novo Ouvido para servirem.
Não havendo Cravos d'aço se tira o taco, e seacu-
nha a baila com chavetas, ou outras quaesquer cunhas
de ferro: assim também fica inutilizada, pois tem gran
de risco de rebentar dando-lhe fogo.
Também se encrava introduzindo á força de Soque-
tt huma baila de Calibre hum pouco maior , ou in-
volvendo a baila em chapéo ou panno grosso, e obri
gando-a com pancadas de Soquete até ao fundo da ai-,
ma.
R
COMPENDIO THEOMCO-PK ATIÇO
§ aif. Se ha esperanças, que o inimigo em breve
desampare o Posto, ou o Navio, então se encrava cora
pregas de ferro brando e macio ; e ficarão momentanea
mente inutilizadas.
§ 216. Se por estar muito fempo carregada huma
Peça, ou-tsr mesmo recebido alguma humidade, a baila
adquiria tanta ferrugem , que a Cocèarra lha náo pode
tirar, dar-se-hão algumas pancadas de Soquete a fim de
perder o assento, e se repetirão as diligencias com a Co-
cbarra; depois se inclinará a Peca, e se lhe darão fortes
pancadas com hum maço de páo : ordinariamente a bai
la sahe.
Porém senão sahir, se desfará a carga com agoa lan
çada pelo Ouvido, e por elle mesmo sahirá, e seenchu-
gará a a Ima deitando-lhe pelo mesmo Ouvido huma por-
jao de Pólvora , e dando-lhe fogo : a baila he provável que
saia ; e desta maneira não ha risco de rebentar a Peça.
§ 217. Quando aconteça que o Diamante quebre
dentro do Ouvido , se não ficar porção, qtie lhe pegue a
forquez ou torno de mão , estando a Peça carregada ,
se descarrega com Sacatrapo e Coebarra., e seaíoguea
para que não fique Pólvora alguma dentro ; e neste caso
se cortará rente do Ouvido , e com a Agulha de Repa-,
sto ou Desencravador se obrigará a Agulha quebrada
a- passar para dentro dzalma: se isto se não conseguir , se
brocará , e deitará hum grão.
§ 118. Estando a peça encravada com pregos tem
perados , se dará fogo áquella parte para conseguir dês-,
tempera-los ; e depois por via do Desencravador se ten
tará , como no parágrafo antecedente , metter a peça em
Serviço.
§ 219. Quando a Peça carregada tem huma baila
acunhada com chavetas ou cunhas de ferro , desfaz-se a
carga com agoa, como já dissemos; depois obrigando a
balia a entrar mais para dentro cahirão as chavetas ou
cunhas, e ficará prorapta.
Se a baila estiver embrulhada em chapéo oupanno ,
•PE A»TIMUI»IA NAVAL.
óepok de desfeita a car^a , a fim de queimar aquelle em
baraço , se lhe applicara o fogo exteriormente, assentan
do a Peça sobre picadeiro».
§ 220. Três motivos se podem ofíèrecer para metter
hum Ouvido novo em huma Peça já fundida [53]:
i.» Quando ás Peças mesmo sendo novas se per-
tende metrcr li ura grão de metal mais resistente, como
Cobre rszeta , ou Ferro,
i.° Quando os Ouvidos das Peças se tem dilatado
de tal maneira pela' acção do Ctioricd produBÍdo pela
inflammaçãô da Pólvora , que setornfio incapazes decon-
tinuar o fogo, attendendo a que huma grande part* <k
acção do Fluido elástico se escapa pelo Ouvido.
3.° Quando estando encravada a Peça pelo Ouvido
se não pode conseguir desencrava-la com o Desencrava-
dor.
§ 221. Querendo deitar hum grão se broca no lu
gar do Ouvido até á alma huma abertura de 2 polega
das de diâmetro ; no contorno delia , na distancia de 3 ou
4 polegadas , se fazem 4 buracos em cruz de i f de diá-
-rnetro, que se conimuniquem no meio do Ouvido aber
to.
Toma-se depois hurna espécie de Soqutte , cuja Fe-
minela tenha exactamente o diâmetro da -alma , onja
parte superior he giurnecida porhuma chapa de ferro de
huma , até duas linhas de grossura , e embebida na mesma
feminela.
Faz-se depois fundir o metal sufficienre, e aquecer
bem aquella parte da Cuifttra , e inrroduz-se o Soque-
te de maneira, que a chapa corresponda no Ouvido; «
situada a Peça âesí>rte que elle fique vertical, selliedei-
'ta o metal pelo Ouvido eté que os cinco buracos fiquem
•cheios, e depois de frio se tira o Soquete (que para se
'tirar 'oom inais facilidade he oxistruido de duas peças)
e broca-se de novo o Ouvido ao methodo ordinário das
fundições.
Também «m lugar de Soquete se pode atacar a *l
R 2
124 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
ma da Peça até aos munhóes , de saibro bem batido , o
que he menos perfeito.
§ '222. Também se mette hum Ouvido , ou deita
hum grão a frio pelo methodo seguinte:
Abre-se huma broca dequasi duas polegadas de diâ
metro, e se lhe introduz á força de braços huma massa de
metal aberto em rosca, que se aperta até chegar á su
perfície da alma , e depois de limado â face da Peça , ee
abre hum novo Ouvido.
A massa destes grãos deve ser de ferro , por ser hum
metal mais resistente, tendo o cuidado de o preservar
da ferrugem.

s E c q à o ix.
Do modo de examinar e provar as Pefaf.

§ 223. JL Ara examinar huma Peça seassentará so


bre dous cavalletes de ferro, e dando-lhe alguns golpes
de martello se observará, se o som he unisono, agudo , e
claro por todo o seu comprimento; porque se for irre
gular ou confuso, he prova de que tem alguma fenda
ou escarvalho.
Depois por meio do Buscavida § 166 se examina
rá , se a alma tem alguma broca; e encontrando-a, com.
o Busc ávida de ponta § 167 se determinará sua grande
za e configuração.
Depois se examinará, se tem Camera , edeque figu->
rã , e se o Eixo da alma coincide com o Eixo da Peça j
se os Munboes estão em linha recta ; se o seu Eixo ha
Perpendicular ao plano vertical , que passa pelo Eixo d<\
eça; se estão situados de maneira , que a parte da Cu-,
latra peze mais que a Bolada ~ ou -^ do pezo da mes?
ma Peja.
Para examinar com a vista o interior da Peça secnin
prega hum espelho applicando-o contra o Sol de manei
DE ARTILHARIA NAVAL. 125*
rã, que o raio luminoso reflectido entre pela alma; ou
mette-se dentro hura rolo acceso.
Ultimamente verificar-se- ha o seu Calibre, o diâme
tro do Ouvido , e dos Munboes.
Nos Arsenaes, para se receber a Artilharia dasFun-»
diçòes , se procede a estes exames empregando hum jogo
de Instrumentos e Machinas construídas de propósito
para este fim, e que facilitao o conhecimento de todas
as proporções e perfis, que devem ter as Peças para po
derem ficar approvadas (a} no respectivo exame.
§ 224. Para examinar se a Peça , depois de ter satis
feito aos exames acima , tem a resistência , solidez, e li
ga de metaes necessária para ser admissível ao Serviço,
se procede á prova de fogo , e depois á prova d'agoa.
§ 225". Para esta prova as Pecas se lançao em terra
em pequenas escavações, guarnecidas de pranchões em
forma de rampa ; na elevação de 12° 30'; da parte dian
teira e frazeira dos munhões se firmao fortes estacas pa
ra sustentar o recuo , e depcis se carregão com boa Pól
vora . e sobre ella se ajusta hum taco de filaça com duas
pancadas de Saqueie; depois se introduz a baila, que
deve ser bem esférica, e lisa; e ultimamente se ajusta ou
tro taco do mesmo modo.
Para se lhe dar fogo, que deverá ser a numa por
cada vez, se escorvão com Pólvora fina ; e se introduzem
nos Ouvidos Estopins compridos, a cuja extremidade se
prende hum murrão acceso; o que dará tempo a retira
rem-se os Artilheiros.
Dous. Artilheiros por Peça, logo que ella dá fogo,
vão tapar o Ouvido cora huma escravelha , Qzbocca cora
Lura MCO bera justo, e examinar se o fumo transpira por
algema parte do corpo da Peça.
Três tiros para cada Peça constituem ordinariamen
te esta prova , a saber :

C<0 Aide-Kemoiro du General Gassendi pag. 761.


COMPENDIO THEOKICO-PR ATIÇO
for.0 com a carga igual ao Calibre
Nas Pecas de 36 até 1 2 •< z.° — i do Calibre
C J.* = | dito
Nos Calibres menores os tiros se dão cora cargas iguaes
ao pezo da Baila.
Também se praticao modernamente estas experiên
cias montando as Peças sobre Carretas , com as mesmas
prevenções para carregar e dar fogo [54].
§ 226. Segue-se por ultimo exame a prova d'agoa :
para este fim se tapa o ouvido com cera , e pondo a boc-
ca da Peça quasi vertical se enche de agoa , sem se mo
lhar o seu exterior, e esta agoa se comprime por meio
de huma lanada ou taco , que entra justo na alma da
Peça ; então se observa se existe alguma filtração , e con
serva-se assim a agoa dentro por espaço de 8 h , como se
costuma em França, ou de 16 a 24, como se pratica na
Prussia.
Se a filtração he pelo grão do Ouvido, se Ihemet-
te outro, e se sujeita a Peça a nova prova •, se lie eira abun
dância por qualquer outro lado, se rejeita.
§ 227. Acontecendo se precise examinar o estado àt
alguma Peça , que por muito antiga , ou por estar ao tem
po, existe interior e exteriormente cncascada com cos-
tras de ferrugem, se procederá da maneira seguinte: as
sente-se a Peça horizontalmente em picadeiros de pedra
ou de ferro, e dê-Se-lhe fogo cobrindo-a de lenha; e
quando estiver bem quente por todos os lados, se levan
te a bocca , e tapando o Ouvido se encha a alma de ce-
íyo ou borras de azeite, e 'depois se observe a transpira
ção ; se houver alguma desde a Culatra até aosmunhoes,
se rejeite como inútil.
Se não transpira , e por consequência satisfaz a esta
prova , se limpa muito bera , e raspa pelo interior 'da a'Í-
ma , e .por fora com huma .picadeira seextrae a ferrugem.,
e bem limpa se aquece outra vez ; e passando o interior
cora huma lan&da metrida fem<Íebe derretido, -e alça
DE AWTILHAPIA NAVAL. 157
troando-a por fora, está proropta para se submeti cr á
prova do fogo , e depois á d'agoa.
Advirta-se, que a Pólvora se deverá encartuxar em
pergaminho , para que o cebo não altere a sua força.
s E c q à o x.
Das munições de guerra, e lugares onde
se guardao a bordo.

O conhecimento das munições de guerra


e petrechos, até sobreselentes, e o modo como, e aonde
se guardao, parece de absoluta necessidade pertencer aos
Officiaes da Armada Real, especialmente quando forem
empregados em i.°» ou 2.°' Comraandantes dos Navios
de guerra.
Notaremos , que conforme os nossos antigos costu
mes , a quantidade dos géneros he calculada pelo nume
ro das Boccas de fogo , Baterias, e Gáveas dos Navios.
Distinguiremos cinco Classes, a saber:
1." Das ar mas defogo , e Brancas , e seus pertences,
"í* Da Pólvora , m aterias dofogo- , e seuspertences.
3.* Dot moveis , que projectao as Boccas de fogo.
4." Dos. Instrumentosfraticot , e varias miudezas.
j." Do massame.
§ 220. Quanta á i.» Classe deveremos ter para cada
Peça-
Carreta com Ckapuz e i Palmeias ----- i
Pranchada de Chumbo com gaxeta ----- i
Tapa de Pda ou de Cortiça- -------- i
Por cada liuma Peça
5 : ~~~
li.
Cebo em Pão ----------- i
COMPENUÍO THEORICO-PRATICO
Espingarda com Baioneta -------x
Cartfíxeira de cinto ---------- i
Pistolas- ------- ji
Espada e Boldrié ----------i
Chusso -------------l
Macladiaha de bico -----»---i
Para cada 4 Peças sobreselentes :
Cbapuz, ----------- ----f
Palmeia _------------i
Pranchada -------------j
Para cada 2 Peças sobreselente:
Ttf/xz í/f P</0 ou Cortiça ----____i

Para cada Gávea :


Bacamartes ------------4
Para cada Bateria sobreselentes:
Carreta ------------- i
Eixos -------------- 4
Rodas -------------- <J
Castanholas ------------ 6
Mistigrus ----_-___-__ i
Chavetas ------------- 16
Sotrossos ------------- 16
§ 230. Quanto á 2.a Classe:

Pólvora regula-se ,para cada Peça a\de carga 6o tiros.


Para cada Navio temos:
Tigclinhas de signaes -------- 200
rre ARTILHARIA NAVAL.
Fornas de pão para fazer Cartuxos - - - - z
Panno oleado fará encartuxar ------ i
Para cada Bateria :
'jogo de medidas de folha --------i
Funil de folha --------- --i
P*/><?/ Cartuxinho resmas ------- -j
Celhas para encartuxar --------t
Para cada Peça :
Espoletas -------------40
'Cartuxeira ------------ t
Saccos de Linhagem --------- 70
Para cada huraa arma de fogo de mão :
Cartuxos de Espingardas emballados - - - - 40
de Pistola ditos . - ' - -..-.- - - ao
de Bacamarte ditos - - -_- - - i?
Pederneiras ------------ d

§ 231. Quanto á 3.3 Classe para cada Peça:

Bailas rasas -----------6o


<fc Palanqueta --------- 5
Pyramide ou cacho de Bailas ------ 5-
Lanternetas ------------ £
Por Gávea :
Granadas de mão ------ jr--6o

Por bocca de fogo de mão :


- - . . . 16.
feloufo q/t Chumbo, em bgllas r * .*- -r - - o
S
COMPÊNDIO THEORICO-PUATICO
Para cada Bateria :
Cetras para conducçao das bailas ----- 3
Passadeiras de fdo -----------z
§ 23^. Qnanto á 4.» Classe por Peça :

Soqueife montado ---------- i


Lanada dita ------------ i
Espeque __-----------!
fé de Cabra ------- ..... i
Diamante ------------- i
Ttedeiras àe couro *t»-»-----a,
Trança enxofrada '- - *«•------- - i
"Polvorinhos para escorvas -------- i
Guarda-Cartuxo ----------- t

Para cada Bateria :


'Çocharras ------------- 3
Sàcatrapos ------------ 4
Unas -__---.______ 4
Guarda-murrÕes ---------- j
Pelles de Carneiro ..--__--- ^
Taxrnhffs ---_______-- 4^0
Tatuas- ----------- n
Vergueiro --------- 4
LantpiSes com virtas d'osso ------- iz
Lanternas ------------ g
Pregos de Coberta para os Travessões - - - 120
Feminelas soltas ---------- 6
Hásffs tie fãff ----_-____,. ^
Passadeiras de ferro -------_.. i
taças flamengas -------_-« jj.
Martellos --------____ ^
--*--••-->•••-- J
DE ARTILHARIA NAVAL. 131
Para cada i Peças sobreselentes :

Cadernal --------- ----j


Moutao --------------i
Para cada Navio:
jtgulbas de costura -------- 100
Linhas ------------ i /*•
Cadeados grandes --------- 16
-- pequenos --------- i
G?»ro </<? J?/?/ para a bocca do Paiol - - - j
§ 233. Quanto á 5-." CJasse por Peça:

Talhas guarnecidas --------- j


Vergueiro ------------ i
Contra-vergueiro só para cada Peça de coberta - l
Atracador - - dito --------- i
Trinca de Jóia dito --------- i
Estrepo de Canteira dito -------- r
Vinhateiras ------------ a
<? enxárcia velha --------70
Por cada Porta:

Talhas de leva guarnecidas -------5


Tesouras for onde passão as Talhas - - - - 3
Levas --------------3
Cassonetes -------------3
Çapatilbos ------- -----j
jArrebens -------------4
Por cada 4 Peças sobreselentes :
Vergueiro ------------- i
ÍLrtropo de Canteira ----------i
S a
1 3 í' COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
Para cada duas Peças de coberta sobreselentes":

Contra-vergtieiro ------------- t
Atracadof ---------------r
Trinca de Jóia ----------- i

Para cada Bateria :


Marrão ----------- 10 arrobas
Merlim alcatroado ------- 3 /*•
Linho d'Hollanda alcatroado - - - - 3 '*•
tio de Vela - 3 "•

§ 234. Guarnecidas as Baterias com os artigos, que


formão a vestidura, atracadura , e respectiva Pa lamenta ,
e arrumadas as Bailas, Pyramides, eLanternetas nas suas
respectivas chaleiras , c o armamento de mão nos seus ca
bides, se recolhe o resto a Paioes, onde PC devem conser
var na melhor ordem, separando os Calibres de maneira,
oue na occasiao do combate não haja trocas , nem con
fusão : agora passaremos a dar huma idca geral da dis
tribuição dos Paioes, ainda que esta ordem se altera era
attencão ao lote, e accommodacoes dos Navios.
§ 235-. O P'aioi da Pólvora he aquelle, aonde se de-
positáo, além deste terrivel agente, todas as matérias do
fogo, que a humidade facilmente inutiliza, e o mesmo
fogo conduz á explosão ; sendo por isso necessário deter
minar a bordo para este Paiol o lugar mais abrigado da
humidade, e do fogo [y 4*J. Para obter a i.a destas duas
circunstancias se situa ordinariamente a meio Navio, e
de -, do seu comprimento para Ré, elevando o soalho so
bre o Cavername a huma ahura tal , que a agoa filtrada
ou escoada dos embornaes da Coberta lhe não comrnu-
nique humidade ; e o mesmo se procura evitar separan
do-o das amuradas por meio de anteparas.
Para obter a 2.a se situa em huni local, que esteja
a coberco do fogo inimigo na occasiao de combate j além
' DE ARTILHARIA NAVAL.
disso se separa da continuação do Porão per meio de
duas anteparas com o intervallo de y a 6 polegadas de
alvenaria de tijolo, e mesmo se forra de Cobre eu Chum
bo.
Sua extensão he proporcionada ao local do Navio,
á Pólvora, e mais géneros necessários para guarnecimen
to das suas Boccas de fogo, com a eccnomia de espaço
possível.
O Paiol pode ser de hum ou de dous andares; sen
do de dous andares (taes costumão ser os das Nãos) o
i.° ternúna nos baileos, c nelle se deposita a Pólvora
[5-5;] embarrilada , e o 2.° termina na Coberta , na qual
a escotilha do Paiol se situa por avante do Mastro da
Gata; estes dous andares se comraunicao por outra esco
tilha.
Neste 2.° vai o Cartuxame, que separado em Cali
bres se arruma em armários, os quaes devem ser ferra
dos de Chumbo ou de Cobre para evitar a humidade,
e fechados por causa dos ratos.
Ma antepara deste andar se mette o Farol, que lhe
dá luz, em huma abertura em forma de nicho guarneci
da da parte do Paiol com hum grosso vidro defendido
por huma rede de Cobre.
Aos lados do Farol devem-sc praticar três abertu
ras, que se fechem com corrediças dobradas , por onde
passem os Cartuxos ; estas aberturas devem , pela sua
grandeza, indicar o differente Calibre dos que se fazem
passar por ellas, que dalli passao de mão em mão até
ás escotilhas, que communicáo ás Cobertas.
IX os Paiccs de hum só andar se arranjão os Cartu-
ocos em armários por cima dos Barris eu CaixÒes; QÍ
géneros, que se depositão no Paiol da Pólvora, sao>
Pólvora em Barris e encartuxada
Panuo de encartuxar
Celbas , funis , e medidas
fios de vela } saccos de linhagem
TJ4 COMPHSDIO THEOMCO-PRAKCO
Polvorinhos cheios
Tranças enxofradas
Guarda-Cartuxos com Cartuxos por ~ do Calibra
Tudo disposto na melhor ordem.
s E c q Á o xi.
Do corte dos Cartuxos , methodo de contar as Bai
las em pilha , considerações relativas aos Ca
libres que devem guarnecer as Baterias.

§ 136. v^/S Cartuxos para a artilharia fazem-se


de Linhagem ou Brim , Baietilha , ou Papel : a bordo or
dinariamente se empregao os i.01
Porém o seu corte principia por se fazer hum mol
de de Cartão com as seguintes dimensões: dão-se-lhe
de largura 3 diâmetros da Peça, porque os Cartuxos de-
pois de cosidos e cheios sempre aíarglo ; depois divide-»
se ao meio esta largura , e sobre as metades se descre
vem dous semicírculos.
Para determinar a altura ou comprimento geral-
'mente hiremos investigar a Formula; notando, que a
questão se reduz a determinar a altura de hum Cylindro,
que tenha por base o circulo máximo da baila , e conte
nha hum pezo de Pólvora, que seja j ou j do pezo da
mesma baila.
o • fd~ diâmetro da baila
•* \x — altura que se pede

teremos (28 , 29) o pezo da esfera da baila , cujo diâme


tro1 — d , igual ao pezo de hum Cylindro de -ferro dí>
mesmo diâmetro, cuja altura = f d,
porém § 56 temos gravidade especifica da Pólvora.
: gravidade especifica do Ferre
; i 1066 : 9127 : : x
ARTTLHATUA NAVAI. f?$*
Ora como comparando dous Cylindros de igual base e
pezo, porém de diferentes gravidades especificas, estes
devem ter as alturas na razão inversa das gravidades es
pecificas , teremos :
à: x = H = 5,70 d

logo a altura do Cartuxo para o pezo da baila — 5^70 i


logo para - do Calibre será = ^£ d.
Em geral a altura do Cartuxo para - do pezo do Calibre
dará x = lil£_ . Formula geral.
Agora a este comprimento se deve ajuntar hum diâ
metro da baila para atar.

Determinar as Formulas para contar as


Bailas ou Bombas em pilha.
§ 227. Nos Arsenaes se guardão as Bailas e Bombas
em pilhas , que podem ser
Triangulares , se a base he hum triângulo equilátero
Quadrangulares , se ella he hum quadrado
Oblongas t se he hum Parnllelogrammo qualquer cornos
lados contíguos desiguaes.
§ 238. Para determinar a Formula para as pilhas .
Triangulares temos (B. A. § 232) a somma dos termos
de huma Progressão Arithemetica =: an •+- - »2 — - n
5a — primeiro termo
n =• numero dos termos
[r =. razão
porém na progressão dos números naturaes he
a ~ r •=. i
toMPENDio THEOIUCO-PR ATIÇO
e substituindo

Se quizermos applicar esta Formula da somma aos n.°»


Triangulares , era que cada termo he formado pela addi-
çao successiva dos termos antecedentes da serie dos nú
meros naturaes , deveremos substituir por n a expressão
da somma dos n.0' naturaes =:
n 4- I

e por a9 a expressão da somma dos quadrados da mes


ma serie dos n.0i naturaes (B. A. § 237) que he:

Somma dos quadrados = * "' + l^^ =


e substituindo temos :
n 4- l 2 n' 4- J i'- 4- u n n 4- I _-
" 2 ' 12 22
effectuando
n7 4- /» a n' -4- j n* •+- n — n5 — n
3 12 '4

reduzindo á denominação
6 /)7 4- 6 n -t- a n1 4- } n7 — n — } n7 — j n _
12
6n;4-4n4-an' } n7 4- a n 4- n'
12 ~6~~

n +• 2 n_4-2\

/C»jt_I ) '• 4- (o -4- 1) 2\ __


V a X )" /
(<z) » "—- -—- . Formula geral muito simples, don
de se deduz a 1
(a) Poderíamos obter çsta decomposição igualmente resolvendo a
UB ARTILHARIA NAVAL. 137

Regra.
Ao numero n de bailas da base se ajunte successi-
vamente i e i-, o producto destas sommas se multipli
que pelo mesmo n." , e a 6." parte deste producto será-
o ».' pedido.
Appttcação.
Seja » = ao
será ao X ii X 12 = 9240 | 6
ijoozzn.0 das Bai
las da pilha.
§ 239. Para determinar a formula das pilhas qua-
drangulares , temos ( B. A. § 239 ) para formula geral
da somma das Potências

Como queremos asomraa dos quadrados, devemos ter ré-;


ferindo-nos á serie dos n.°» naturaes

m= 3
u = »
r= i
a = i logo será

Devemos advertir que s =. n. -- (B. A. § 236)

Equação do a.° grío »2 -i- j n -t- a , cujas raízes serão_, , «


COMPENDIO TREORÍCO-PRATTCO
substituindo «' =i + 3 (j*—»5) 4- 3 (». ^ — ») + »—I

ou J —
, __ a«'—a)t— {n1 — ) » 4- < n -4- 6 »*
e .r- — - — 4
reduzindo
_ a n» 4- n 4- } n* _ /a n- 4- l 4- « n\ ^.
s ' 6 ' *' ^ 6

». -—- . ^—- formula donde se deduz a


a J

Ao »,° de bailas ãa base e ao dobro se ajunte suo


cessivamente a unidade, e o producto destas sommas-
se multiplique pelo mesmo ».", e a 6." farte deste pro-
'ducto será o n.9 fedido.

Seja a = 12
12 X 13 X *5 = 3900 j 6
650 — numera
de bailas da pilha.
_. t § 240. As pilhas oblongas são formadas de h u ma
' " ''' pilha qvadrangular , e de hum prisma triangular* Pa
ra determinar a formula
/m — numero de bailas da fileira que forma
aresta superior da pilha
''•>" 4 » = numero de bailas da base da
t quadrangular
teíemos por expressão das Balias da pilha
TO ARTILHARIA NAVAL,
«4-1 * n + l , n -h l x s
» a . j h ». a (m
v — I\
'

Porque ». " (w — i ) he o solido do prisma trian-*


guiar , que tem ». -—- por base , e m — i por altu-«
i /• n -t- t /a » -í- I \
rã j e tirando o factor ». í \- m — t) ~
» 4- l /J m 4- a * — a\ _
»• l ———^—— l —_
a V l /
, , n. -f- i 'm-t-*(m-t-B—i)
»• - • - - - , • ••• ' i a •

* l
mas a aresta longitudinal DF — GI = a •+ m — t
e semelhantemente ^Í5 •+- DF-+- GI=. m H- 2 (* 4- m — l)
e substituindo
» + i AB -t- DF 4- GI
-«•"T- n
Daqui se deduz a
Regra
Multiplique-se o n.» de bailas do menor lado da
base pelo mesmo n." mais hum , eesteproducttse mul
tiplique pela somma das três arestas paralieIas , e a.
sua 6.* farte será o numero procurado.
JÍpplicação.
n = 6
m— ao
logo 6 X 7 (15- -h ay 4- zo) — 2040 |_6
430 n.° pedido.
§ 241. Para obter as bailas dehuma pilha incomple
ta se calcula como se fosse completa , e do resultado se
tirão as que lhe fahâo, e o resto será o valor da pi
lha incompleta.
§ 042. Antes ds concluirmos esta Parte , que cor»;
T a
COMPENDIO THEOKICO-PR ATIÇO
prehende o material da Artilharia , será uril dizer algum
cousa a respeito do modo como se poderão* determinar
theoricn mente as relações entre os Calibres da i.» Bate
ria e das superiores.
He evidente, que quanto mais elevada está a Arti
lharia a respeito do centro de gravidade, tanto maiores
sáo os momentos de inércia horizontaes nos balanços.
Deve portanto distribuir-se a Artilharia nas Cober
tas de maneira , que os momentos de inércia sejão pro-
porcionaes ás resistências das mesmas Cobertas, e amu
radas. Suppondo as Cobertas igualmente resistentes, de
vem por consequência os momentos de inércia.ser iguaes.
Ora (B. M. § 494) o momento de inércia de numa
Peça he igual ao producto do seu pezo pelo quadrado da
distancia vertical do seu centro de gravidade ao centro
de gravidade do Navio ; assim
i' P =z Pezo da Peça da l.° Bateria e Equipagem
\p =• Dito da z.a
. /•£— Distancia vertical do centro de gravida-
*°Ja \ de da Peça da i.a Bateria ao centro de gra-
i vidade do Navio
\à = Dita dita da Peça da a." Bateria
temos momento de inércia da Peça da i." Bateria
* f X D*.
dito da 2." Bateria
=:/> X f
Mas por serem igualmente resistentes deve ser
P X D* = f X <**
donde se tira
P : p : r a" : D?
isto he, os fezos na razão inversa dos quadrados dat
ufc ARTILHARIA N AVAI..
P. o1
logo f — T-j-i-

Conhecido por tanto o pezo da Peça da i.' Bateria e


as distancias verticaes, conheceremos o pezo p da Peça>
que corresponde á 2.» , e por elle o Calibre.
§ 243. Para fazermos applicação, nós temos em nu
ma Náo de 74, que

= Pezo da Peça e Carreta de 24 = 30


Jpgo teremos

—- 3. X ( '-6- IO* _. 4 __ 394030 _ et


f f 1 1 J, y1 4900 19600 "*

(jue corresponde proximamente a huma Peça de 12 , o>


que está muito fora da pratica ; resultando delia o gra*
vissimo prejuízo de sobrecarregar o Cònvez, Tolda, e
Castello cora Artilharia que os damnifica : este hum dos-
motivos porque são utilíssimas as Caronadas de grosso
Calibre nas 2." e 3." Baterias, e Peças de alcance nas-
l.a», como praticão os Francezes e Inglezes, talvez con
vencidos do que acabamos de expor.
14* COMPEITOÍO THEOKICO-PRATICO

PARTE TERCEIRA.
DA BALLISTICA, B SUA AppucAqXo A* PRATICA*
S E C q à O I.
Do movimento dos Projecteis no Vácuo.

E. Sta interessante parte da Artilharia tenf


por objecto a Ballistica , era cujos desenvolvimentos se
tem empregado os mais acreditados Sábios em todas a»
Épocas; suas fadigas e investigações, recorrendo á mais
sublime Theoria , não tem conseguido ministrar á Práti
ca todas as vantagens , que se espetevao de seus conheci-,
mentos, particularmente quando se trata do movjmentoi
dos Projecteis nos meios resistentes ; por consequência,
sem nos complicai-mos nos cálculos de maior transcen-*
dencia , nos limitaremos a determinar as Equações das
Trajectórias descriptas tanto no Vácuo como nos meiog
resistentes, e as suas irnmediatas applicacóes á pratica da
Artilharia ; isto he , á determinarão do angulo de Projec
ção, alcance, e máxima elevação da curva, tiros depon*
to em branco &c.
Definições.

Linha de Projecção he o prolongamento indefinitc»


do eixo da alma.
Bateria se denomina em Ballistica o ponto da
da do Projéctil.
NA v At*
A-ngulo de Projecção lie o angulo, que faz a direc
ção da pontaria com a Linha de Projecção.
Trajectória he a curva descripta pelo Projéctil.
Amplitude he a parte da horizontal comprchendid»
entre a Trajectória e a Bateria.
Altura do tire he a maior ordenada vertical.
Velocidade inicial he aquella, que o movei recebe
immediatamente pelo impulso da força expansiva da Pól
vora no instante em que sahe da Bocca de fogo.

§ 246. Suppondo que a Trajectória he descripta no


Vácuo , as circunstancias deste movimento determinão-se
facilmente pelas mais simples Leis de Mechanica.
Pois sabe-se, que neste caso o Projéctil está submet-
tido á acção de duas forças situadas em o plano vertical
de projecção , e que por consequência a curva he plana >
e situada no mesmo plano [fój.
A primeira destas forças he aquella , que resulta da
velocidade inicial do projéctil , e he hurna força impul
siva na direcção do eixo da alma, em virtude da qual
«lie se moveria uniformemente , se actuasse só.
A segunda he a gravidade ; que pela sua proprieda
de (.J?. M. § 24) de força acceleratriz constante aparta
continua e verticalmente o Projéctil da direcção da linha
de Projecção, e he tal, que lhe communicaria hum mo
vimento uniformemente accelerado, se actuasse só.
Estas duas forças obrando juntas sobre o movei o
obrigso a descrever huma curva tangencial á linha de
Projecção, e no mesmo plano i cuja Equação vamos de
terminar.
r= Velocidade inicial da Baila
^a — angulo de projecção
Seja < x = al>scisa
J \y — ordenada correspondente da curva i
(J> =. altura de que o movei cabiria fará ad
quirir e "celeridade V
144 COMPENDIO THEOUICO-PRATICO
Pela continuação do eixo da alma se tire A&, que repre
sente a Lin&a de pr«jecçao.
Seja t — tempo que seria necessário para o Projé
ctil percorrer o espaço AN\ será (B. M. § 6)

Decomponha-se AN em duas forças, AO vertical e AP


horizontal, as quaes ( fl. M. § 40) não concorrerão pa
ra reciprocamente se coadjuvarem ou destruírem.
O Projéctil devendo em virtude da velocidade V ter
percorrido AN em o tempo t , em consequência da ac
ção da gravidade descerá , e se achará em liurn ponto M,
tendo-se afastado huma quantidade vertical MN:
logo (B. M. § 26) será MN = k P*-*
Tirando AfJ^parallela a AN temos
AQ_~ x'
, rMN= x'= i/*2 - ----- (A)
será y = rt ...... (B)
Tirando o valor de / de (B) e substituindo em (A)

--
" ~ a V1
i í V
donde jy2 = — x1

porém (B. M. § 2,6) temos [58]


v* :• 4 *, ,.
b = — — *V*
——
ap P
e S*= 4 b x'
Equação da Parábola referida aos seus diâmetros, cujo
parâmetro he 4 b (S. A. § 366).
DE ARTILHAMA NAVAL
§ 247. Para determinarmos a Equação geral da Tra
jectória referiremos os pontos desta curva á linha Â,C ,
e teremos
Angulo de projecção ZAC ~ a
PM=y
AP. — x.
No Triângulo rectângulo ANP temos
R : AN: : Sen. ZAC : PN
l : Vt : i Sen. á : PN ~ Vt Sen. tt
igualmente
R : AN: : Sen. ANP : AP
l : Vt : : Cos. a : AP = Vt Cos. a
donde
PM - PN — MN
ou y = Vt Sen. a — \ pt> ..... (Q
x = V t Cos. a - - - ..... (D)

desta (D) se tira t =


Substituindo na (C) temos
V* Sen. a
K Cos. a
ou y - x Tang. « — -^ x ^^
W4
porém 4 /6 = ^—
logo —^ = -r e substituindo
jy =z x Tang. /z --h &„.*'„ Equação geral (E)
da Trajectória.
Esta Equajão e a Equação (C) acima achada der
termiiiSfáÓ todas as circunstancias pára o movimento dos
Projecteis na sua Trajectória, ó que passaremos a exa
minar nos §§ seguintes.
§ 248. As amplitudes deduzidas de huma mesma
velocidade inicial são própòrcionaes aos Senos do do
bro dos ângulos de projecção.
Demonstração.
Na Equação (E) fazendo y =: o
íerá x =. AG = amplitude
e teremos o = x Tang. a --. f ,•
4h Cos.2 a
ou o = 4&x Tang. a Cos.2 a — x*
Substituindo Tang. a =: ^-^ e.simplificando remos
s*
o =: 4 h Sen. a Cos. a — x
ou x — 4 h Sen. a Cãs. a
jiorêm i Sen. a Cos. a = Sen. i à [50] e substituindo
x = i. b Sen. 2 /z - - - (F) C. S. Q. D*
Ora sendo i h constante, he evidente que .v variará con
forme variar Sen. i a.
§ 249. As alturas dês tirof estão entre si como os
quadrados dos Senos dos anguhs de projecfão.
í)fmonstrafao.,
Reduz-se a determinar o máximo valor para a or-
denadajy ; assim differenciandb a Equação (E) temos </y —
j, r-r
ék Tang. a -
logo | = o = Tang. a -
desembaraçando temos
DE ARTILHARIA NAVAL.
o •=. 4 h Tang. a Cos.3 a — a x.
• t

Substituindo Tang. t ~ .~~ temos simplificando e di


vidindo por i
o — 2 Ã Cos. á Sen. ar — *
donde # — a A Sen. /? Cos. «
e substituindo na Equação (E) temos
y --Lb Cos. a Sen. * Tang. a - **<*.*•**.*,
J . 6 4 A Cos." «.
Reduzindo e simplificando temos
y — i b Sen.a a — # Sen.s tf
^ = -& Sen.2 a. C. S. . Z).
§ 2^0. P^r^ ^»?«df velocidade inicial dada deter*
minar o angulo de projecção , que dá a máxima am
plitude.

Demonstração.
Igualando a equação (F) ao máximo, differenciand®
e dividindo por d (2 a) teremos
2 b Sen. a a =. Max.
e o — 2 £ Cos. 2 </
• : Cos. i a — Qy isto he . z a = 90
logo a = 45-.° C. J. jg. D.
§ 251. Para huma amplitude dada A, ehuma
lacidade conhecida determinar o angulo deprojecção a.

Solução.
Da EquaçSo (F) se tira
A = i b Sen. a a
V a
148 COMPENDIO THEOHICO-PRATICO
donde Sen. i a -=. —r
2 A
'• Jogo a a — Are. (Sen. =

e a =r i Are. fSen. =: ^

Pela inspecção desta formula podemos deduzir i.° que


a amplitude A não pode ser maior que ^ b ; porque —- ,
para não apparecer absurdo, he preciso que não exceda a
j , isto he , que A seja menor que i h , ou no máximo igual
a 2 b , porque he expresso em Seno.
§ ap. Para fazermos huma idea mais clara da Tlieo-
ria exposta , e conhecermos ao mesmo tempo que sempre
Fíg.4}. ha duas soluções, excepto no máximo,

seja •<
[AI — Raio - i.
A recta AD , que divide em duas partes iguaes o
arco KD1, cujo Sen. — —. satisfará a questão.
Tire-se K'K parallela a //', o arco IK terá tam
bém por Seno K'E.'
E assim a recta AD', que divide este arco em duas
partes iguaes , corresponderá á mesma amplitude.
Accresce mais, que as rectas AD e AD1 formão de
huma parte e d'outra ângulos iguaes com a linha AOy
que divide igualmente cangulo recto LAI, porque geo
metricamente temos
IK +• 1LK! - 180".
.
]0g0 JK
-T--4- JIK' — 90°
, o
mas nós temos ID 4- ID' ~ IL
e W = LD
logo também QD = OD.'
DE ARTILHARIA NAVAL.
§ 25^. Para determinar o tempo total t, quando
o projéctil chegou a C, recorremos á equação (C)j e
igualando y — o temos
Vt Sen. tf — í /*' = O
e V Sen. a = ',ft
2 V Sen. o
e /-——
porém ( B. M. § 26 ) he V =. \f i bp e substituindo

- a Sen. * rl/" 2-^


/>
s E c q à o ii.
Do -movimento dos Projecteis nos meios resistentes-*

§ 25*4. JL Aes são as relações entre as circunstancias


do 'movimento, de que a Theoria dos tiros faria as mais
directas applicações, se a hypothese do Vácuo podesse
ser admittida ; porém estas considerações Mathematicas
só podem ser empregadas como termos de comparação
para a ellas se referirem os resultados da analyse, illu-
minados pelas experiências, e apresentados de numa ma
neira aproximada , quando o fenómeno hc considerado
fysica mente.
Quando se trata do movimento dos Projecteis no
Vácuo, a questão he assaz simples-, porém ella se torna
extremamente complicada , se tem lugar em hum meio re
sistente como anthmosfera : he então necessário introdu
zir na analyse mechanica huma j.3 força directamente
opprsta ao movimento do projéctil, e que represente a
resistência , que o meio oppôe constantemente ao mo
vei, cuja direcção em cada ponto da sua Trajectória ha
a da Tangente a esse mesmo ponto.
COMPENDIO THEOUÍCO-PRATICO
Esta resistência do ar ao movimento do projéctil
ke evidentemente huma funcção da velocidade^ sua Lei
não he suficientemente conhecida: no estado actual sabe-r
se, que quando a velocidade não excede a iço metros
por segundo, a Trajectória no ar não diffçre sensivelmen
te da do Vácuo.
Se porém esta velocidade exceder de 260 a 200
metros , então teremos huma resistência proporcional ao
quadrado daB velocidades. \ ,
Newton achou que sua expressão seria

R
* = -s D
—'• 'V*
f a =. diâmetro do projéctil
sendo < D
A — densidade do
densidade
D,__ do meio
mgvg/
— velocidade.
Porém a experiência tem mostrado , que ne fraca a quan
tidade { , quando as velocidades são muito consideráveis ,
como acontece, quando se trata dos globos metallicos,
e que satisfaz substituindo 0,45 em lugar de j.
Notaremos mais , que empregando o ar athmosferi-»
co huma velocidade de 430 metros por segundo para oc-
cupar qualquer Vácuo sobre a superfície da terra, todaj
as vezes que a velocidade do projéctil for superior a es
ta quantidade , existirá precisamente atraz do movei hum
Vácuo , e por consequência a parte anterior soffrerá tão
forte pressão, que não será contrabalançada.
§ ajj1. Vamos investigar os meios de determinar a
Equação da Trajectória nos meios resistentes tal , qual
descrevem os corpos lançados na athmosfera pelas toc-
cas de fogo.
A resistência dos Fluidos he huma força retarda-
triz proporcional ao quadrado da velocidade, cuja direc
ção se oppõe continuamente á do movimenta'
1 t>B AnTíLHAATA K/.TAl.'
por isío bístará na questão que acabsincs de resolver
introduzir a consideração desta Potência , e assim tere
mos que analysar as circunstancias do movimento dehtim
Corpo, sujeito a obedecer á força de Projecção, e a duas
forças continuas, gravidade e resistência do Fluido, hu
ma vertical, e a outra na direcção da Tangente da Tra-
jectofia.
Bem desejaríamos resolver este Problema em pregan
do as elegantes Soluções de Newton, Euler, e ultima-
irente Legendre; porém a complicação de suas Formu
las, a que conduzio a difficuldade inevitável, nascida da
natureza da questão, nos apartaria do fim, a que sedesti--
na este Compendio : essa a razão porque nos cingimos á
seguinte Theoria.
§ 256. Para determinarmos as Equações , que nos
conduzem ao conhecimento da natureza da curva e as
l^eis do movimento com que o Projéctil percorre °a sua
Trajectória ABC,
i
AZ — linha de projecçS»
AM— J — arco percorrido pelo movei atébum
tempo t
PM- y
AP = x
R — resistência do meio
p := atfão da gravidade do corpo no Fluido
a ~ angulo de projecção
seja b ~ altura devida a velocidade V
Ao* =: resistência do ar na hypotbese de ser pro
porcional ao quadrado da velocidade , sen
do A huma quantidade determinada pe
la experiência [60}
K =i altura donde deve cahir hum movei pa
ra soffrtr daparte do ar huma resistên
cia igual ^o íeu pezo '
e = numero cujo Logaritbmo =.i
ÍÍ^~ 1)? iílfi d n.A o /J'//1//// : • ' ' *
COMPENDIO
Supponlumos que o projéctil , tendo descripto o arco AM,
chegou ao ponto M , e que continua descrevendo em o
tempo dt o arco infinitamente pequeno Mm\ ré não
houvesse resistência do meio, nem pezo., elle descreveria
n'outro instante dt a parte mq do seu prolongamento, e
igual a Mm.
Supponhamos que a resistência rernrda huraa quan
tidade »q , e a gravidade faz descer a quantidade nm'\ o
corpo no fim do 1° instante se achará em m.'
Tirem-se mp, »/>', qp" verticaes, e ns , Mt hori-
zontaes ; teremos ( B. M. § 3 z ) que as velocidades no
instante dt serão
nq pela resistência do meio — Rdt
m nfela acção da gravidade — pdt.
Se decompozcrmos nq em duas forças , huma verti-1
cal qs , e outra horizontal ns , teremos
nq : sq : : Rdt : diminuição na "velocidade , que,
lhe causa a resistência em sentido vertical.
Semelhantemente
nq : sã : : Rdt : dita em sentido horizontal
porém no Triângulo fluxional Mmt temos

Mm— ds = V dx* + 4y*


JVfí = í/w
»zf — ^jy
e por ser semelhante ao Triângulo nqs , será
nq : sq : : ds : dy
e nq : sn : : ds : dx.
Substituindo estas razoes nas analogias acima
DE ARTILHARIA NAVAL.
às l ãy : : IWf : • ^ • perca -vertical
Rátdx
ds : dx : : Rãt : —-.— terça horizontal.
o/

Como pdt representa também huma perca em sentido


vertical , teremos
perda total em sentido vertical — ——--1- pdt — (G)
, , Rdltlx
dita --- em dito - - horizontal •• • ----- (H)

Ora em quanto o Projéctil em hum tempo dt percor


re Mm , adianta-se Mt — dx em sentido horizontal, e
sobe ntt =; dy
logo sobe em sentido vertical (B. M. § 31 ) [61 ]
com huma velocidade = •£•
dl.

E semelhantemente em sentido horizontal — ; e pas


sando a descrever mm', suas velocidades serão
em sentido vertical ^ H- d
em dito - - horizontal -^ •+• d (~ )
nt \of /

. por consequência as diminuições de velocidades se


rão as differenças entre as velocidades destes dous instan
tes consecutivos, isto he,
verticalmente —
horizontalmente — d (
Logo temos igualando respectivamente estas expressões
ás acima (G) e (H)

ds — — d,
Rdtdx /(/3;\
-.-. ~*~~i"7-":"w* x
§ 157. Sendo dt constante, e effèctuando asdifferen-
ciaçóes temos

RdxJt _ _ Fxdt
~~di ~ </«'
dividindo por dt

57 • ~~ w
porém temos R =z ^íu2, e sendo (B. M § 31) »s =: ~
será H = -— > 1ue substituído nas duas Equa
ções dará
—^ - ...... (I)
~ A»

§ 258. A Equação (L) multiplicada por <fr, eredu-


•j j* /u dx d2x
zida dá Ms -Á - — w
íf
donde ^x- — — -Í
«B

"S!
Observando que o numerador he difFerencial do denomi
nador podemos integrar por Logarithmos, e teremos

C — As = Log. £ .
§ 25:9. Seja P hum n.° tal, que
C = Log. P
multiplique-se AÍ por Log. e = i , e teremos
BE ARTILHARIA NAVAL.
Log. P — As Log. e = Log. ^
e pela propriedade dos Logarithmos

Log. P + Log. é~ '— Log. ^


ou Log. Pé~ ':= Log. j£
donde ^ — P* --------- (M).

§ 260. Para determinar a constante P note-se, que


representando^ a velocidade horizontal , P deve ser tal ,
. dx
que quando f — o, e por consequência J=:o, seja -^ =
^ Cos. tf [63], e substituindo
V Cos. ^ n P
na Equação (M) teremos
«X fr f*
Cos. ^í— «' __^-__-- (N).
y^Yv
— — V

§ aór. Esta Equação involve três variáveis, e por


isso não trataremos de a integrar , porém servir-nos-ha
para a eliminação do iempo , logo que tivermos deduzi
do outras relações , que vamos investigar.
.Tire-se da Equação (L)

dx _ rft»
dl ~ . dt*
A 7?

semelhantemente da Equação (I) ^ = -


4&

dividindo e simplificando temos


X Th
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
d'y
dJL P + **

</5X ^, <
ou *r *
</Ja:
donde /> = -

reduzindo ao denominador , e multiplicando por ãt*

--------
Multiplicando , e dividindo o i.° membro por — dx

e fazendo por simplificação -^ =r <p.

Sendo ^êsta a expressão da Tangente do angulo, que for


ma a curva , ou a sua Tangente com o Horizonte , te
remos
pdt* =. — dxd<f --------- (P)

e tirando da Equação (N) dt ~ V Co». ae-As


substituindo -^íl-_ — — dxd$
K3 Cos.2 at-*Aí
e p - - rj cos.2 **-*. - - - - - (QJ-
§ 262. Esta Equação ainda inclue três variáveis j pa
ra as reduzirmos a duas , notaremos que sendo
ds — \/~dxr~-Ç~ãr
, DB ARTILHARIA NATAL.' ~
multiplicando fora por dx , e dividindo dentro por dx*
teremos
ds - dx \f i + g = dx V i -t- 9a § »6i - (R)

e tirando o valor de dx será


, Jt
dx =:
V i -+- ç»

substituindo na Equação ( QJ
p-- F* Cos.1 ar**

dividindo, e passando de membro a quantidade exponen


cial (e)

O i.° membro se integra por partes (B. C. § 117 ) [61]

9 Y^"7^ = ? v~rr7 -/^=J|-a - (o


e se multiplicarmos <£p V * "*" 9* Pe^a V
dividirmos, será
(J *Jty f v
• —\ - w

sommando as Equações (i) e (2)

9\/I-t-92=9V1'

<
Integ^a-se o a.° termo (B.C.§ i ao) multiplicando —_ —7
__ V" » -t- »*
por 9 4- V J + 9-2j 4ue ^ar^ simplificando
COMPENDIO THEORtCO-PRAflCO

VTTT1
dividindo para compensar a alteração commettida
-, =• H- d?

<p +• V._
i -+- <pl expressão, em que o Numerador hediffe-
rencial completa do denominador; e integrando

ssr = Log. (?) H- V I -H O)2) -H C

e teremos dividindo por (2)

-r 9 = 3<
Ora o a.° membro se integra facilmente (5. C § 147),
e por tanto temos a Equação integrada
l- i Log. (ç +V 1+ 9a) = C- a ^ ^ 2 a (T).

Fazendo C = ^ C, e multiplicando por (2)

f V/H-92 + Log. (9 4- VT+V) = C'- A$7rL (V).

§ 263. Para determinar a constante C' notaremos


eq>=:^ — tangente Trigonométrica do angulo,
cjue na origem da curva corresponde ao angulo de pro
jecção a, isto he ,
f t = ol
quando J* Z ° > será 7 = Tang. ^
U = oj
e substituindo estes valores na Equação (V) será
C ^ Tang. «Vi^Fa^-t-Ug. (Tang. «W»fTanS.J«) +
/l r w
BE ARTILHARIA NAVAÍ.
está" em consequência determinado o valor da constante
%M
§ 264. Substituindo na Equação (V) o valor de p
tirado da Equação (Q.)

ÇV
simplificando , e tirando o valor de dx será
, _
' " ~~
C 9 V i -h p* -i-Log. (9 H- V i -*- ç") - C )
multiplicando esta Equação pela hypothetica

^ =: 9 teremos
Jy =
C? V i 4- 9a -h Log. (9 + V i ^ ?») - C') A

§ a6j. Para determinar o tempo dt recorremos á


Equação (P), que dá
dti = W*
P
substituindo o valor de dxt que dá a Equação (a) , teremos

dt* -

Como na extracção da raiz quadrada sempre este 2.» mem


bro deve ficar com o signal ambiguo , nós desprezaremos
o positivo attendendo a que augmentando 9 diminue dt \
10g° ' A
A = "^ .. - (cX
Y Ap (- Ç V l -f ?2 - Log. O •*- V I r if j -t- tf7)

§ 266. Se quizermos exprimir o arco J em funcçjí»


de 9 , a Equação (V) nos dará
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
9V - Log.
Pela propriedade dos logarithrnos temos

* At Log. e - Log. '- 9 Vi-f-92- Log. (9 -H

e porque Log. e = i , será

e porque F* = zph , substituindo

* = -Ij- Log. (a ^A Cos.' a C<^' - » ^i-t-T' - L°g- <9 + VíT^))) (d).


xA
§ 267. Para termos os pontos da Trajectória, ou a
sua Equação, deveríamos integrar as Equações (a) e (b1);
e obtendo os valores de x ejy, a sua construcção daria
o contorno da curva : porém até ao presente somente se
tem conseguido a sua integração em series; o que não
embaraça que se construa aproximadamente por pontos,
procurando exprimir por huma Equação a rclnção entre
outras variáveis, que não sejão as fvas coordenadas. '
Para este fim recorremos á Equação íS) , donde
— pe*Atds — V* Cos.4 aã<p V i + 9*
mas V1 — 2 bp
substituindo e reduzindo
— e*A'ds — 2 Ã Cos.* ad<f \/ i -H 9"
• .

integrando, como fizemos § 262, «


t* ^í/
— ~=2hCos.ta (i 9 vT+^-KLog. (9
DE ARTILHARIA NAVAL. i6r
multiplicando por i A
*AC~e* A'-*Ah Co».' a (pvS 4- <?a + Log. C 9 4- Vi + ç.1)

fazendo por simplificação i -<ÍC =: C"


C' — e*A'=z 2

substituindo 9 ^r Tang. z teremos [64]


C'— e A'-ZA h Cos.5 a (jg£ -t-Log. Tang. (45°+*s))(e),

§ 268. Para determinar a constante C' notaremos,


que na origem temos s = o , e z ~ ^ ; logo substituin
do

Substituindo o valor de <? na Equação (e) , e mudando


os signaes temos

e* --L + i Ab Cos.9 a ^ 4-Log. Tang. (45°^- i i) J,


Log. Tang. (45° + i «)) ------ (f)
i • • . . .r • i
Equação que estabelecendo a relação entre s e z nos se?
rá sufficiente para determinar esta curva, e deduzir algu
mas interessantes propriedades.
§ 269. Para maior simplicidade seja
• •
-H Log. Tang. (45° + l *) = M

•e substituindo

l— —í —Log. Tang.
Pela propriedade dos Logarithrnos
í As Log. e - Log. -[ i -t- 2 ^ÃCos.* a (M- £~ -*
Log. Tang. (45° 4- i z))}
donde
*=h
Log. Tang. (45:' -H | z))} ------ (g).

§ 270. Para introduzir nesta Equação a quantidade


X, que suppomos determinada pela experiência , estabele
ceremos a relação entre esta quantidade c o Coefficiente
A; e para este fira recorremos á expressão Av1, que re
presenta a resistência do ar relativa á velocidade v : ora
como suppomos que o corpa cahe da altura K, deverá,
ser
v9 —
logo a resistência do ar no fim da queda , sendo M a mas
sa do corpo, será.

f como esta quantidade K he por hypothese tal, que a


resistência que lhe oppôe o ar he igual ao seu pezo , te
mos
-i AMpK rr
ou lAK = j.
logo A = -^
e substituindo temos

§ 171. Da Equação (S) se tira

V
DE AKTILHABIA NAVAL, ítfj
fazendo A — o como acontece no Vácuo será

— pás =. V* Cos.1
mas F» = 2
substituindo temos
_ d* =
integrando, como acabamos de fazer, e seguindo asmes-
mas hypothescs, attendendo a que também he /f =r o-4
e mudando j- em /' para indicar aue este valor se refe
re ao movimento do Projéctil no Vácuo , teremos

y= -& Cos.'* (M- g^ - Log. Tang. (45" +*«)) (i).

§ 272. He preciso fazer distincção entre os arcos í


€ /' : J he hum arco da Trajectória pedida , j' !ie hum af«
<co de Parábola ; com tudo j e s começão na origem das
Coordenadas , e são terminados nos pontos das suas cur
vas respectivas , onde as Tangentes fazem com a linha
dos K o mesmo angulo z : estes arcos não são descriptos
em o mesmo tempo.
Ora se substituirmos o valor de s' na Equação (h),
teremos
S ~ K Log. (i + g)

Equação que dá a relação entre estes arcos.


Antes de tratarmos da construcção da Trajectória
notaremos algumas consequências , que se deduzem daâ
Equações e valeres, que temos achado.
i.e Sendo o valor de ? o mesino em ambos os ar
cos J e s', as Tangentes tiradas aos ECUS extremos serão
parallehs; assim sendo conhecido o arco /, tirando hu-
ma Tangente ao seu extremo, o ponto que terminar o ar
co correspondente s , será aquelle da Trajectória , em que
a Tangente for parai leia á l.4
i y>
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
2.° Os arcos correspondentes s e s' augmentão ao
mesmo tempo } porém o arco s tem hum augmento mais
rápido.
§ 273. Quando o angulo a he muito pequeno, como
acontece nos tiros de Recoxete, podemos deduzir huma
Equação, que nos dê com a aproximação precisa a rela
ção entre as Coordenadas x e y.
Para a sua investigação recorremos á Equação (S),
donde
= V1- Cos.2*4 V i 4-
substituindo V"1 — iph
— pé2 Asds = ^pb Cos.' ad* V i -f-

«Jividind,o por/> , e desenvolvendo [6y] emserie


teremos
\

integrando
,2 Al
C - -^ = a* Cos.3tf (9 4- {• f' - f0 çr + &c.)

Ora como por hypothese he a muito pequeno ,. muito me


nor será 9 — Tang. z ; logo os termos , em que entra
rem potências j.M de ç , são despreziveds , e por tanto se.
reduzirá.
C — e2ÀÍ= +bA Cos.2 a, <p ---------- (I).

Para determinar C observaremos, que sendo s — o he.


9 — Tang. a , logo substituindo

C — i = tfAh Cos.2 a Tang. «-


' t>t ARTILHARIA NA VAI*
substjruindo , transpondo , e mudando os signaes na Equa
ção (1) teremos
e*Á>__ , — ^4], Cos 'a. <p -f- 4 Ah Cos.2* Tang. a
ou eíA'= i -+- 4 Ah Cos.3 a (Tang. a —%) - (ra).

§ 274. Da Equação ( Q. ) se tira


m m
V Cos.aa</?> —2 At
dx = e

substituindo o valor de V* ^ e passando e para o deno-


jainador
« » —
*tX _ . — 2 A Cos.1
•— ._ «/?»•

substituindo o valor de f2^'que dá a Equajao (m)


j — 2 h Con.s adtp
dx ~ i -t- 4 JÍÃ Cos.3 a C Tang- " — 9 7

multiplicando ambos os membros pora^í, afim de trans


formar o Numerador em difíerencial completa do deno»
jninador r
-zAdx z= i -J- 4^í/» Cos." a (Tang. — cp}

integrando, omittindo a constante, porque sendo x — o


he 9 == Tang. a que dá C ~ o
•zAx — Log, (i -H 4^ Cos.2 tf (Tang. a — 9))

multiplicando por Log. e — r , e passando o factor pa


ra expoente pela propriedade dos Logarithmos
r

Log. e2jí*= Log. (i H- 4^&Cos.9 * (Tang. a-—

9U passando aos n.°» .^ ,.,-j... . '. •


Co&CriWDIO TMEORIOO-PRATICO
e*Á*=i i -t- 4^ Cos.» tf (Ttng. a —

Efectuando a multiplicação, e tirando o valor de f

Cos.- a

dividindo a. parte possível, e substituindo o valor hjrpothe-


tico de <f teremos
£
c*
= Tang.
°
^ - 4!^-
4 hA Cos. «

integrando sem constante , porque sendo x — o também


será y •=. Q ^ teremos
4 X.T
^ ^ * Taag. tf — j,
donde

que dá a relaçío entre * cj» para os tiros dê


Rccoxete.
Esta Equação também poderia dar a amplitude; pa
ra o que bastaria fazer J = Q: porém seado huma Equa
ção transcendente , somente se poderia determinar por
aproximação.
'
. \

s E c q à o m.
Da toiutrueção das Trajectórias , e resulta*
dos geraes deduzidos da aaalyse.

_ , , H^ E em consequência fácil construir a Tra-


iecíotia quando o angulo dejjrojecçâo for muito peque
no; porque obtemos huma Equação, que nos dá a rela-
das Coordenadas da curva j quando porém ciíe
f tos AHTILHAMA NAVAL.
valor tal, <jue se não possa desprezar, <p', c p5 &c.
lie preciso traçar a curva por pontos determinados succes-
sivamcnre, fazendo variar pouco a pouco a inclinação dos
seus elementos.
Para traçar o ramo ascendente AMD se concebe Fíj. 45.
dividido em porções ab , be; co tão pequenos, que se
possao considerar como linhas rectas; suppoe-ee que os
ângulos, que estes pequenos elementos rectilíneos forrado
com a horizontal , diminuem suecessivamente de r° de
sorte, que sendo conhecido o angulo CAP de projecção,
os outros o serão igualmente.
Recorre-se depois á Equação (Ti), e teremos o com
primento do pequeno elemento bc pela substituição do»

e igualmente o» dous lados te e ee do triângulo Rectân


gulo bce pelas regras de Trigonometria.
Olcular-se-ha semelhantemente co , e os lados tf 9
ef; e assim continuará a operação , até que o anguJo d^
inclinarão seja — o, o que devera acontecer quando ti-
yermos determinado o ponto D do vértice da Trajecto»-
ria.
A reunião de rocfbs estes arcos parciaes forma o ra-
«10 ascendente da curva ; e reunindo todas as bases dos
triângulos temos a amplitude correspondente ao pont»
.D ; f reunindo .as ver ticacs teremos a altura máxima do
tiro.
Para descrever o ramo d«soendeníe se principia por
dar a z, valores negativos desde r% accrescendo outro
successivamente em cada operação: assim obteremos -p
ramo descendente, e por hum análogo methodo a sua am
plitude, que sorrmada. com a do ramo ascendente dará a
anaplitude total.

§ 176. /' medida que se determinao os arcos ele-


tnentan.5 da Tisjectoria , se pode também determinar a
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
v-elocidade, que tem lugar no extremo de cada arco, Ô
por consequência aquelia , que lie relativa a cada ponto
da curva : e para esse fira nós temos

porém a Equação (R) nos dá ds ~ dx \/ i •+- 9*


fogo
</x
" = T*
substituindo os valores de dx e dt deduzidos das Equa
ções (a) e (c) temos
d<P
v-- A ^ v ' + *~ + Lpg- O + v »' -+- y3)

-9 V i -f^-Log.^+Vi -r(p"-)+-AÍ>

Effectuando a divisão , e quadrando para introduzir de


baixo do radical '
y-

decompondo , reduzindo , e passando no numerador o si-


gnal para fora temos

,- - f -t Vi + 't--v Log.
r,\ s

por simplificação

^Vi-t- 9a -L°g- C*-»- V. _


i + 9a -h w.

Introduzindo o angulo s nota [64] temos


DE ARTILHARIA NAVAL.
Sec. « í/"\
* A
- - - - (o)
r* - ;- - C45
.;
expressão muito fácil de determinar.
§ 277. Para se determinar o tempo em que o ele
mento he percorrido , temos a equação (N) , que dá
j. _, r Cos. a*-ÃI
at — dx

em que temos conhecido o elemento J, e o lado dx da


base do triângulo dementar.
§ 278. De todas as considerações analyticas que te
mos feito , resulta que as circunstancias do movimento
dos Projecteis nos meios resistentes são determinadas de
huma maneira aproximada , e que ellas assim mesmo de
vem servir de guia para estabelecer a tlieoria dos tiros :
e recopilando as consequências geraes deduzidas da ana-
lyse se conclue
i.° Que , quando o angulo de projecção não he mui
to pequeno , as Traj ectorias só podem ser traçadas por pon
tos, e successivamente ; porém sendo muito pequeno, po
de-se descrever pela relação das suas Coordenadas.
a.° Que es ramcs ascendentes e descendentes são
dissemelhantes -, e que o ramo ascendente se afasta mais
da Parábola, e que tem menor curvatura que o ramo
•descendente i e que a rapidez do movimento he mais con
siderável no l.° que no 2.° ramo.
3.° Que a maior curvatura não he no vértice, mas
em hum ponto L situado além delle; e que a menor ve
locidade não he no vértice , mas sim em hum ponto G além
do ponto L.
4.° Que, quando o movei tem passado o ponto G
miuimo da sua velocidade . Q movimento se accelera aç
Z
CoMfBtuMO THEGMCO-PRATTCO
infinito, mas de huma maneira extremamente lenta, e
fero que a velocidade possa exceder hum limite finito,
que o calculo determina.
f.0 A amplitude do ramo ascendente he maior que
a do ramo descendente, e a amplitude total he sempre
menor que aquella , que seria determinada nó Vácuo ,
tanto, que quando as velocidades iniciaes são muito gran
des, chegão as amplitudes nos meios resistentes a não
exceder ?, ou 7*3 das amplitudes no Vácuo.
$ 170. A quantidade K, que entra nas formulas, e
que exprime a altura, donde cada Projéctil devecahirpa-
ja se lhe oppôr da parte do ar huma resistência igual ao
seu pezo , deve ser calculada para cada espécie de. projé
ctil, tanto para as velocidades medias, como para as ve
locidades consideráveis.
N& distinguimos moveis de duas espécies:
u.» Comprehend« Bombas e Obuzes.
a.a Bailas de todos os Calibres.

Semelhantemente duas velocidades: i." serão as que sr


«ttribuem ás Bombas, Bailas, Obuzes atirados a tiro de
Recochete ; i.M as que se attribuem ao tiro da Peça com
máximo da carga.
Recorrendo á formula enunciada de Newton , temos

R. = j/h*' — i jupará as medias velocidades


:R = Av"1 — 0,45 ~- para as velocidades consideráveis'
porem he A= ^ : • K = j^ nas velocidades medias
« K := ^tJti ~ nasgrandes velocidades.

NB. Se tratarmos dos Obuzes , Bombas , Bailas


, eua densidade D' deverá ser determinada porhuoaa
' B* AKTILHAHIA NAVAL.
densidade media entre o metal e a composição de
se enche.
§ 280. Nós achamos que no Vácuo o angulo dê
projecçSo ( iguaes todas as outras circunstancias ) , para
dar a máxima amplitude, era de 45'.'; porém nos meio*1
resistentes he sempre menor, e varia conforme 03 mo
veis são animados de maior, ou menor velocidade iniciai,
e conforme a Lei da resistência.
Determina-se este angulo procurando os limites,
em que elle hc comprehendido, e empregando o metho-
do de interpolações.
Pela experiência está confirmado , que littma Peça
de 24 carregada por hurn terço do pezo da sua balli
obtém o máximo alcance pelo angulo de 42.°
SECÇÃO IV.
Appjicação da Ballistica á Pratica.

§ 281. JTAra applicar a Theoria da Ballistica í


Pratica he preciso calcular as dimensões das Trajectórias
relativas ás "differentes espécies de Projecteis , e formar
Taboas, onde o Artilheiro pratico se instrua das'circun-
stancia* do movimento era cada caso particular. Mas pa
ra construir estas Taboas, e descrever as Trajectórias ,
he preciso que a experiência nos forneça , de huma ma
neira suficientemente aproximada, as velocidades iniciaes
impressas nos moveis : :.° para as pequenas cargas ; 2.° pa-<
rã as cargas mediocres , ou de uso ordinário; 3.° para as
máximas cargas.
Estabelecidos pela experiência estes dados, notaremos
as manobras relativas ao tiro de cada espécie de bocca
de fogo* distinguindo
i." Dos tiros de Morteiros e Obuzes de grandes akanceá
£»a Dos tiros de Peças e Obuzes ordinários
Z a
COMPENDIO THBOMCO-PRATICO
porque nos r.°* o angulo de projecção he sempre por ci
ma do Horizonte entre 20° e 4?°, e nos 2.01 o angulo
de projecção pode ser de o° até 20* por cima do Hori
zonte, e de o3 até IO1 por baixo.
No i.° caso pode-se suppôr que o angulo deprojec-
ção varia de f0 era y0 de hum a outro limite; isto da
rá para cada espécie de Projéctil três series, de cinco Tra
jectórias cada h uma, que se referirão ás três cargas de
que temos fallado.
Assim descrevendo as Trajectórias , e calculando to
das as circunstancias do movimento dos Projecteis, em
cada curva se construirão Taboas applicaveis á Pratica.
No 2.° caso, em que o tiro se pode executar até 20"
por cima do Horizonte , ou até ip' por baixo , não se
devem fazer variar os ângulos ; hindo de o aos limites
superiores , e inferiores mais de 2%, 30', o que fornecerá
a cada espécie de Projéctil três series , compre hendendo
cada huma treze Trajectórias , sendo em cada serie hu-
ma referindo-se ao caso em que a linha de projecção se
ja horizontal , oito quando esta linha for por cima do
Horizonte, e quatro px>r baixo.
Em cada espécie de tiro se calcularão as circunstan
cias do movimento do Projéctil na sua Trajectória x e a
distancia do ponto em branco.
Todas estas quantidades formaráõ columnas separa
das nas Taboas , e de maneira classificadas , que n hum
golpe de vista se encontre a solução em todos os casos
particulares.
§ 282. Logo que a Theoria , ajudada pela experiên
cia , tiver construído as Taboas, será fácil resolver as
duas princi pães questões d'Arrilharia :
i.1 Hum Frajectir sendo tançado por huntf direc
ção e velocidade inicial dada , pergunta-se , qual lie
<í Trajectória que descreverei
f
IJE ARTILHARIA NAVAL. 175
t .

Solução.
Conhecida a velocidade inicial , se conhecerá a car
ga que lhe he relativa , e por esta se designará a serie
que contêm a Trajectória pedida , e entre as Trajectó
rias dessa serie se tomará aquella , cujo eixo de projecção
faça com o Horizonte hura angulo dado.
2.a Conhecida a posição do alvo e a -velocidade
inicial , fede-se o angulo de projecção ?

Solução.

Sendo conhecido o Projéctil e a velocidade inicial ,


se conhecerá a serie, que comprehende a Trajectória , dá
qual hum dos pontos terá as mesmas Coordenadas que
o alvo; e tendo encontrado a Trajectória ficará o angu
lo de projecção determinado.
§ 283. Quando as Trajectórias são elevadas, conhe
cida a posição do alvo, se principia por situar o eixo da
alma em o plano vertical de projecção, e pela quantida
de de pólvora destinada para a carga, se avalia a velo
cidade inicial , e com estes dados as Taboas indicaráõ o
angulo de projecção»
Para apontar por este angulo notaremos que o pla
no da bocca da arma he perpendicular ao eixo , e por is
so se sobre este plano e verticalmente se applica o bra
ço comprido do quarto decircuío, o pêndulo marcará so
bre o limbo o arco que mede o angulo de projecção:
esta he a pratica dos tiros curvilíneos.
§ 284. Quando as Trajectórias são abatidas, como
se pratica com as Peças e Obuzes , que são empregados
nas mais promptas e rápidas manobras da guerra , o me-
thodo pratico deve ser mais simples ; e como os ângulos
de projecção são pequenos, nas suas pontarias se empre
ga a estima , regulando-se pela Linha de Mira cornáva
mos expor.
COMPENDIO
Aponta-se a Peça pela Linha de Mira natunt para
o alvo, e depois se faz variar o angulo de projecção,
conforme a posição do alvo a respeito da Bateria.
Ere todas as Peças a Linha de Mira he sempre in-
dieada sobre o seu eiró, e o vai encontrar emhuma pe
quena Q conhecida distancia da bocca ; e a este angulo
se chama Angulo de Mira.
Nos Obuzes a Linha ãe Mira he parallela aoeixo,
e algumas vezes divergente; por consequência nos Obu
zes não ha angula de mira: esta diflèrença entre as Pe
ças e Obuzes nasce da differenca dos seus perfis.
Suppondo agora que a Linha de Mira he horizon
tal , e que se tenha traçado a Trajectória relativa á ve
locidade inicial, produzida pela carga em uso, assim co
mo a linha de projecção ; observaremos , que a Linha de
Mira: , depois de ter cortado em E o eixo prolongado ,
cortará a Trajectória era hum ponto F, e depois hirá cor
ta-la segunda vez em outro ponto L distante da bocca
pouco menos que a amplitude.
§ zSf. Os pontos de intersecção da Linha àe Mira
com a Trajectória denominao-se — Pontos de ponto ent
£nuw0 [6o]. O i.° próximo á bocca he inútil; porem
a x.0, que se chama Ponto em branco primitivo , regula
a marcha dos tiros nas Trajectórias abatidas.
Nota-se, e a analyse o confirma, que a distancia
ao Ponto em bra.nco á bateria he quasi constante nos ti*
KM sobre o horizonte.
Alguns querem que a denominação de tiros de
ta em branc» venha deduzida da Pratica de se emprega
rem nos alvos para os exercícios círculos caiados de bran
co de 2 a 3 péte de diâmetro com outros círculos pretos
concêntricos de i pé de diâmetro , que indicao o pont9
«w branco.
Quando a pontaria he por baixo do Horizonte , eiv
»ao existe somente hiun ramo descendente , e o pezo*
actua de liuina maneira tão diversa, que a distancia do>
Ponto em branco á Bateria differe constantemente da
t« ARTIIHA*IA NAVAI.
•quella do Ponto em branco primitivo, e Tíiria sensi
velmente conforme a inclinação: he por tanto necessário
conhecer a distancia do Ponto em branca á Bateria para
todos os ângulos de projecção comprehendidos entre o*
e 10° abaixo do Horizonte.
Nos Obuzcs , em que não ha angulo de mira , não
ha Ponto em Iranco , e por consequência os tiros se ere-
cutao cora menos facilidade.
§ 286. Por ser muito moroso e quasi ímpraricavef
na mar ouso de instrumentos próprios para fazer as pon
tarias empregando os ângulos de projecção, tem-se ado
ptado hum methodo aproximado , cujo gráo depende da
pratica e aptidão do Artilheiro ; serve-se este do sen raio
visual passando pela Linha de Mira , e dirigindo-o ao
objecto que pertende ferir.
Este methodo se basea sobre algumas considerações
l respeito da Linha de Mira e Ponto em branc», como
vamos examinar.
O alvo pode estar collocado de três maneira* :
l.a No Ponto em branco primitivo , e o tiro então
f« denomina Tiro de fonto em branco horizontal , o*
simplesmente Tiro de ponto em branco: neste caso diri
gindo-se a Linha de Mira sobre este ponto , a Trajectória
passará por elle, e o movei ferirá o ahso, e a regra
ao Artilheiro he : Fazer pontaria ao aho pela Linha
de Mira. natural.
2.» Se estiver além do "Ponto em branco, em hutn
ponto qualquer L', e então o tiro se denomina Tiro de Fíg.46.
ponto em branco por elevação , a parte do ramo descen
dente da Trajectória correspondente a este ponto lhe se
rá inferior, e o movei passará por baixo do objecto, orf
será demorado pelo terreno no ponto L: he preciso pois
que o systema se eleve a fim de descrever huma Traje-
*toria , em que o ponto D passe por L', e por tanto neste
caso será a Regra : Fazer a pontaria por cima do al
vo huma quantidade igual proximamente á
*/!> d-ad* fela? Takoas.
176 COMPENDIO THEOMCO-PRATICO
3.» Pode o alvo existir entre a Bateria e o Ponte
em branco , e o tiro então se denomina Tiro de Ponto
em branco mergulbante ; he claro que o movei passará
porcimado<z/t;0 huraa quantidade igunl á vertical Z)' L",
e he preciso neste caso que se abaixe o systema de ma
neira , que o ponto D da Trajectória passe peloalvo L",
e teremos a regra : Fazer fontaria por baixo do obje
cto bttma quantidade dada feias Taboasfroximamen-
te igual a DL."
Estes são os resultados geraes , que servem de nor
ma nas pontarias das Peças e Obuzes, advertindo que
para os Obuzes, que não tem ponto em branco, se de
vem sempre fazer as pontarias por cima dos alvos para
os ferir.
§ 287. A Inspecção do Perfil das Peças e Obuzes
nos convence, que a Linha de Mira natural não he
sufficiente para obter os tiros de Ponto em tranco era
todos os casos j além disso todas as vezes que somos obri
gados a fazer as pontarias por cima do alvo , difficilmen-
te he exacta : para obviar este defeito se inventou o meio
de obter as Linhas de Mira artificiaes , e por ellas se
obtém constantemente as pontarias sem mascarar o alvo j
cujo artificio he o seguinte :
Se imaginarmos que sobre o ponto de mira na cu
latra se levanta huma vertical graduada em pequenas
divisões, e que por cada huma delias e pela mira do
boccal se facão passar linhas, ellas serão Linhas de Mira
artificiaes, mais inclinadas sobre o eixo que a linha de
mira natural, e por consequência dando ângulos maio
res de mira produzirão também hura Ponto em branco
mais distante que o Ponto em branco natural: desr
ta maneira sendo dado hum alvo para além do Ponto
em branco natural , se poderá escolher huma Linha de
Mira artificial inclinada de maneira, que o objecto se
encontre coilocado na sua intersecção com a Trajectó
ria.
Para executar esta engenhosa idéa se inventou hura
•D* ARTILHARIA NAVAL. 177
instrumento de metal, que se chama Alça de Ponteira
que adiante descreveremos.
§ 288. Além dos tiros de Ponto em branco se em-
pregão também nos combates outras duas espécies, a sa
ber:
Tiros a toda a Bolada, que são aquelles, que se
praticão , quando com a máxima carga se faz a pontaria
pelo angulo maior , que permutem as Carretas , ou repa
ros.
Tiros de Recochete : estes tiros são deduzidos da pro
priedade , que gosão os projecteis de reflectirem quando
encontrão hum alvo resistente, e proximamente horizon
tal , fazendo saltos , ou recocbctts successivos ; sendo sem-j
pré o angulo da queda menor de IO3, e quanto menor,
maior será o n.3 de récochetes , e mais alongados [67}
Estes tiros á recachete se obtém com mais vanta
gem , empregando cargas fracas , cuja grandeza se devç
determinar por tiros de experiência ; estes tiros tem lu
gar em toda a espécie de projecteis , sejao Bailas , Bom
bas , ou Obuzes.
Esta espécie de tiros, cuja invenção se deve ao cele
bre Vauban, que pela i.J vez os empregou no ataque de
Philisbourg, rem hum frequente uso no ataque das Pra
ças para enfiar os ramaes das obras , principalmente das
•exteriores , e nos campos de batalha para desordenar as
frentes, e columnas de Tropa, sendo dirigidas de flan
co, ou enfiada.

S E C Ç Ã O V. >,
ApplicaçÕes em particular d Artilharia de bordo.
: 1

§ 289. JL\ S Theorias , que temos desenvolvido^


conduzirão-nos á formação das Taboas dos tiros, e sua'
appJicacáo na Pratica indica a vantagem, que tiramos
dos desenvolvimentos complicados da Ballistica , cooj

COMPÊNDIO THEOR-GO-PRATICO
tquellas Aproxirnjcótes , 9 desprezo», que alteráo os re
sultados Theoricos submertidos i Pratica.
Porém esta* Taboas , de que se obtém as maiores
Tftntagens no servi.o de terra , sendo consultada» par»
dar eleva ócs proporcionadas ás distancias dos Navios,
por raais exactas, e mesmo auxiliadas cora instrumentos
próprios, se tornarão inúteis, attendeudo ás variações,
a que será preciso submetter os seus resultados, já pelo
estado e mobilidade do mar , já pela forca e direcção
dós ventos; não obstante na nota [yi] damos a Taboa
de Douglas para as Caronadas.
§ 190. Ainda que a experiência tenha mostrado , que
empregando os mais hábeis artilheiros , em grandes dis
tancias se inutiliza a maior parte dos tiros , com tudo o
conhecimento exacto da distancia [ 68 ] , «m que o Na«-
tio inimigo se acha , be a base essencial da exactidão dos
tiros.
Para esta se calcular pretnptameute no mar se tem
proposto muitos tnethodos ; porém o mais simples se rç-
. dqz a medir com hum Instrumento de reflexão [69] hura
dos ângulos agudos B do ànaginado triângulo ABC , em
que será AE a altura , qne avaliamos ter a mastreacSo>
inimiga , ( o que também se pode obter por meio de hu-
ina Tabea) então entrando em hiuna Taboa Loxodro-
mieet com este angulo como Rum», e a altura AH co
mo differcnça de Latitude , o que der para apartamen
to será a distancia pedida»
§ 291. Quando os Navios estão próximos, então quan
to se ha dito no § antecedente he inútil ; & fogo único-
que se emprega he Horizontal, e as acções são ordina
riamente decididas para rapidez, e bom acerto das ma
nobras (sendo as forcas proximamente iguaes)..
Para apontar mais promptnmente seria muito vanta
joso adoptar o methodo do Capitão Pechell , que consis
te em adaptar huina Testeira sobre a FaXa alta do. a.?
reforço , e dirigir apontaria pela projecção do B
« aresta superior d», 'les.tcira \ porque sendo a altura
T/B ARTILHARIA NAVAL.
tfesteira igual ádifferença entre o raio da Fext alta dt
Culatra , e o raio da Fax* alta do i." reforço , o« tire»
serão Horizoirtaes , e as pontarias as mais rápida».
§ 292. Muitas vezes acontece , que hum denso fuma
mascara reciprocamente os corpos <los Navios de tal ma*
neira , que he impraticável a exactidão dostiros; he ne»-
te caso ( conhecendo pelos mastros a posiçío inimiga )
preciso recorrer a algum expediente, que nos segure Jw-
ma direcção horizontal , qualquer que seja a posição do
Navio.
§ 293. Sir Philips Broke a bordo do Navio Sbaanot
engenhosamente empregou a Theoria dos pêndulos; te*-
do, em quanto fundeado, apontado para este fim a sua ar
tilharia horizontalmente empregando num nivel dentro
da alma de cada Peça , mandou situar em lugar conve
niente do Navio hum pêndulo no cearro de hum arco
graduado.
Depois mandou adaptar ás Falcaf das Carretas con
venientemente simples Regras graduadas , segando as Ta»
gentes dos ângulos de inclinação, asquaes servino para
tendo observado o angulo do balanço indicado pelo pei>-
dulo , elevar ou abaixar a Peça sobre a Carreta segund»
a inclinação , que o balanço dará ao bordo empenhado
no fogo.
ura a proropta execução , a cada momento circula»,
vão Ordens pelas Baterias , indicando os gráos de Esca.
Ia , que era preciso dar ás Peças para as remetter á po«i»
cão horizontal : este methodo na pratica deo suficiente
exactidão ; e suas vantagens forao reconhecidas por roui*
tos outros Officiaes, que o empregarão.
§ 294. Sir Douglas nos apresenta outro methodo , que
fios parece mais exacto , e simples.
No plano do Eitee de cada Peça, e lateralmente se
traça huma linha branca bem distincta AD , e sobre. a//xr
xá alta do i.« Reforço se situa hum eixo L, sobre o
qual se possa livremente mover hum pêndulo M de me
tal fixo a huma forte barra LM, igualmente cravada a
Aã 2
THEORTCO-PRATTCO
ançufos rectos cm ourri barri ffJ; o seu comprimento
«TJJ aquelle, ane permittir a Carreta.
Sui Pratica he muito simples: o Arálheiro espera
o momento em que a barra Hl coincide proximamente
com o traço, e aproveita o precioso instante de obter hu-
nu posição horizontal.
{ Advertiremos, que estes methodos suppôem sem
pre , que a Artilharia he guarnecida de fechos.
< § 195V Dissemos, que o uso das Alças de metal era
da maior vantagem em terra ; ellas também se tem ado
ptado na Marinha : notaremos cora tudo , que para o to
go horizontal na occasião dos combates muito próximos,
« nas pequenas elevações a Linha de Mira natural for
nece hutna sufficiente exactidão; porém quando a distan-
-cia he tal, que exige elevação, em terra se empregão as
'Miras artificiaes para a elevação, e para a direcção a
Mira natural.
No mar porém a rapidez, que exigem estes movi
mentos, faz com que seja necessário executar simultanea
mente estas duas operações ; para este fim se tem imagi
nado Ahas de differente espécie, que fornecem a direcção
«elevação ao mesmo tempo; estas Alçai são dedifferen-
•tes alturas, e seadaptão sobre a Faxa alta elo 2." refor-
fo; huma se emprega nos Tiros de ponto em branco, e
outras para os differentes gráos de elevaçãaaté ao angu
lo de mira ; e assim se obtém a direcção e elevação de
huma maneira semelhante ás Testeiras de Pechellv
• § 296- Asjl/fas de terra não se podem empregar no
mar, porque nas Peças da Tolda, e l'tmr:i vantes são fre
quentemente expostas aos accidentes da queda de fragmen
tos de aparelho;, e nas Baterias são incommodadas pelas
manobras, principalmente Escotas-, e Amuras; alén>
disso as Aliças elevadas sobre a culatra s.e tonião. inúteis
pela pouca altura das portas.
DE ARTILSAMA NAVAL- i8r

s E c q A o vi.
Dos Instrumentos , qve se empregao nas pontarias.

TV
§ 297. JL \ Jvel de Lanceta he hum instrumento,
que se compõe de huma pequena chapa de latão, de duas
a três polegadas de largura, e de 4 ate 4,5^ denltura, bo
leada pela parte siíperior, e dous pés calçados d*aço na
debaixo; tem horizontalmente adaptado hum pequeno
cylindro de latão que contêm hum nível de bolha , era
toda a altura do instrumento se move huma lanceia d'aco.
Esre Instrumento collocado sobre afaxa alta da
tulatra , e sobre a projecção doboccal\ e horizontalmen
te, f o que indica o nivel) marcará os pontos da Linho;
de Mira natural.
§ 298. Alça de Ponteira he hum instrumento de
metal, eu madeira graduado em polegadas, linhas, e terá
liuma fenda longitudinal, em forma de Pinnu/a, ehuma
braçadeira: adaptada de maneira, que facilmente se mo
ve pelo sea comprimento ; o Artilheiro a emprega pa-
jra marcar o ponto da Linha de Mira artificial; a bra
çadeira tem hum orifício, que corresponde Ofenda, e
ambos devem existir na vertical , que passa pela mira da
culatra , onde se assenta a Alça.
Este instrumento sendo de madeira deverá ter duas
polegadas de largura, e doze de altura.
No seu uso o Artilheiro segura com a mão esquer
da o instrumento; extendendo o braço para que a vista
fique distante do orificio da braçadeira, ou vizfira ,
e applicando a sua parte circular sobre afaxa alta da
culatra verticalmente, com a direita faz signal aos ser-
yenres para levantarem, ou abaixarem a culatra.
§ 299. Quadrante he hum instrumento de latão,
cujo ! iiLÓo he graduado em gráos correspondentes ao seu
tf» CoMfEUWíJ TíBOMÚO-PRAItCO ^
raio; no centro deste quadrante gyra huma alidade , que
indica no limbo os gráos do angulo de elevação.
Para fazer uso deste Instrumento se fixa a aliâade
no numero de gráos , ou partes de gráo, que se quer dar
de elevação , depois ae introduz o raio (que será pouco
mais , ou menos de dous pés ) na alma da bocca de fogo
de maneira , que fique parallelo ao seu Eixe , depois se le
vanta a fcocca «te que e nível He bolha , adaptado ao
estremo da alidade , mostre hurna posição horizontal, •
« pontaria terá a elevação pedida.
Também frequentemente se empreglo Quadrante»
detendulo: nestes os gráos de elevação sío demonstrado»
pelo Prumo, que oscilla livremente suspendido no centro
do quadrante.
c • fev Arriuum NATAv fff
í

APPENDIX.
r
Em que se trata âas composições , e artificias mo
dernos , e antigos., foguetes , e Brulotes.

§ 300. \JS artifícios [70] da guerra podem di»


fidir-se
J.° Era projecteis arteíacturados , como são

Bailas ocas1

-— incendiarias
- d* f°gê, ou ithmi**çSe
- fumiger-antes*
»..° Em coiapwiçides destiaadaa a produzir a inflam-
ap na« cargas das Boeeas de fogo, <jU»M,ina8, eFor
gaças, e ern todas a$ Maçjiuas e artificio* de guerra,
«10 são

Espoletas de difFerentes diaroetroa


Tranças enxofradas
FUch&s, ou Lanças incendiaria*.
\

V Em artificies indepeadestes das boccas de


como ..
Jlrruellas , ou Faxinas alcatroadas
, ou Çtrtinas i
THEOMCO-PRATICO
Barris incendiários
Coxins ou Estopadas incendiarias
Bailas incendiarias de mão
Granadas de mão
Foguetes de Congreve. : •
4.° Em artificies para signaes , como são
TigêUnhas de composição
Foguetes de estalos
de Estreitas
de Serpentes ou Bixas
de Bombas.
j.» Era algumas composições e Maquinas que se
empregão em differentes usos , como são
Rocèa-fogo
Panellas de illuminação
Archotes de composição
Brulotes.
§ 301. Nas Bombas e Bailas ocas ordinariamente
•se introduz cora hura funil a terça parte da Pólvora, que
ella poderia conter, tendo todo o cuidado em que i bom
ba esteja interiormente perfeita , e que a Espoleta , quan
do se lhe introduzir , não rache; porque nesse caso com-
municaria o fogo á Pólvora antes de tempo.
§ 302. Também se inventarão Bombas incendiarias.
Os Valenciannos as obtiverão introduzindo nas .Lcrnbas
Jiuraa composição formada de
Salitre ----- 5°
Enxofre -------^--18
Jlntimonlo - -y- ------ 18
Pez, de Suécia -------- 6.
Esta composição bein misturada era introduzida em cy
DE ARTILHARIA NAVAI« iS?
lindros de Cobre de diâmetro capaz de entrar pelo ou
vido da Bomba . e se cortava primeiro em pedaços para
•se accommodar dentro com a carga , que depois se lhe
deitava ; seu effeito era semelhante ao das Carcassas.
Ourra composição:
Salitre -----------4
Pol-verim ------ .---i
Tincal ---------- -**L
Cânfora --------- -i,
Enxofre _--«•---__- x
Outra composição :
Tome-se marrão ordinário, e ponha-se a ferver por
4 minutos em 20'*- de Salitre dissolvido em seis partes
d'agoa ; e depois tirado , posto a seccar , se corte em pe
daços de 2 n 3 polegadas, edepois lance-se emhuma fu
são de Rocba-fogo para o impregnar nesta composição,
e se encha a Bomba.
§ 303. Bailas vermelhas se denominão aquellas,
que por effeito do calor tem adquirido a cor de sereja,
o que se consegue em 30' dentro dos fornos de reverbe
re.
Houve quem pensasse, que devendo as balias neste
estado de temperatura scffrer huma dilatação pela pro
priedade metallica, poderia acontecer, que depois o seu
diâmetro excedesse ao da alma , e ficasse inutilizada abal-
la para aquelle serviço; porém [36] pela experiência es
ta dilatação não excede a 6 f" , e por tanto resta sempre
vento sufficiente para a baila entrar.
As experiências de Mr. Gay de Vernon em Cher-
bourg em 1785 provarão, que se podia fazer uso destas
bailas prevenindo todos os desastrosos accidentes, intro
duzindo entre a carga de pólvora e a baila ardente hu
ma baila de barro; podendo-se tranquilamente apontar,
pois se chegou a deixar esfriar a baila dentro , sem que
se inflaaiaiassc a Pólvora da carga.
Bb
COMPÊNDIO THEORICO-PRATICO
Estas Bailas sempre são mettidas com huma Tenaz
ãe Colher , tendo cuidado em que a alma tenha alguma
elevação para a baila pelo seu pezo rolar, e ajustar ao
resto da carga: pode-se também mettcr n baila em Inim
Cylindro de folha com fundo para bocca ,• e obriga-la
com q soquete.
Também se julgava , que huma íalJa vermelha
introduzida cm Jmm massiço de madeira se apagaria, lo
go que lhe faltasse o ar para alimentar a combustão; po
rém as sobreditas experiências mostrarão, que tendo en
trado a baila em luima massa de madeira , e não dando
pelo intervallo de 6*- signal algum de combustão, depois
deste momento o fogo se desenvolvera com tal activida
de, que quasi instantaneamente consumio toda a massa.
Empregão-se estas bailas ordinariatnentecomra Na
vios, e cm geral contra qualquer construcção de madei
ra, que se pertende arruinar pela combustão.
§ 304. Bailas incendiarias tem a vantagem de se
poderem transportar a bordo dos Navios sem perigo;
ellas são compostas de huma Carcassa de ferro cheia de
hnma composição fortemente comprimida; o seu tiro he
muito incerto. ,
As Balias incendiarias empregadas em 1794 tinhão.
a seguinte composição:
Resina ------- 5- »•„ 8 ""f-
Enxofre -------j »o
Pedra bume - --•___ i „ g
Comma -------o » 8
Salitre ------ -4 »> 6
• Polverim ------- g „ o
(Jleo de Linhaça - - - - i quartilbo
Cleo de Asfid ----- i canada.

§ 305. Bailas deillu mlnaçao se empregno, quando


'te pertet.de, durante a noite, descobrir os trabalhos da
inimigo , ou os seus movimentos.
DE ARTILHARIA NAVAL. 187
Composição : Nitro -------- 40
Enxofre - - - - - -13
Antimonio ------ 3
Pez* ------- 3.
Derrete-se tudo tendo muiro cuidado em que não salte o
fogo dentro, e depois se deite em formas esféricas, que
depois de frias ficarão suficientemente consistentes para
poderem ser lançadas por pequenos morteiros como as
bailas incendiarias.
§ 306. Bailas Fumigarantes empregao-se em algu
mas situações em que se pode incommodar consideravel-
mente o inimigo com o fumoj sua composição he a se
guinte:
Pólvora móida - - - - - -10'*-
Salitre- --------^
Pez 4
Carvão ---------^
Sebo --------- i.
§ 307. Murrão serve para applicar o fogo aonde
convém ; a sua composição , segundo o General Conde
de La Martilicre, he a seguinte:
P6e-se a ferver buma porção de agua de chuva, e
logo que aponta a fervura se lhe lançao 6 grãos de Sal
de Saturno por cada Libra d'agua, e 5" minutos depois,
(tempo necessário para a sua dissolução) se mergulhão
neste banho fervendo as cordas , que queremos transfor
mar em murrao, e depois de se conservarem dentro 10'
íe tirão para seccar, e estão promptas.
Todas as cordas velhas, e novas podem servir; tam
bém se pode fazer a frio o dito banho, conservando as
cordas na composição 5 ou 6.A-

Outro methodo:
Tomem-se cordas formadas de três fioe de esto-
Bb a
COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO"
pás de linho, fação-se ferver em huma barreia de cinzas
ordinárias por 8 , ou 10 horas ; e retirando-se do lume se
deixem ahi embeber por 3 dias, depois fação-se seccar,
e se alizcm com hum panno gr<0so.
O seu dir metro, sendo de j a 6 linlins, 2.1 Pés de
tnurrío pezaráô huma Libra, 6435 polegadas dura-
ráÕ huma hora.
§ 308. Eofa-foço: no Ç 178 demos sua definição e
uso, agora exporemos as differentes composições.
Salitre ----- H<">Í- >» 3 'í'-
Enxofre - - - - a >» i
Carvão ----- o >»6
Éreo ----- o » 2.
Carrega-se o Canudo de cartão, servindo-se de hum fu
nil e huma pequena Cocharra , e cada carga se bate mui
to bem com 15" até 20 pancadas moderadas empregando
hum Calcador do seu diâmetro; para fazer 13 polega
das se empregao 27', e em 15' se queimao.
Outra composição:
Salitre --
F»xofre -
Pólvora moida
Bem moida , triturada , e peneirada se amassa com Olea
de Linhaça, e se carrega.
Também se usão composições a secco , cujos ingredientes
se calção nos Canudos , como temos dito.
Composição a secco:
Salitre
Enxofre
DE ARTILHABTA NAVAL. 189"
Pólvora móitia -------- -j
Antimonlo ---------- i.
f 300. Estopim he litima espécie de mecha prepara
da , feit.i de 3 até y fios de algodão conforme n grossura.
Para preparar os Estopins se lanção de infusão iç-
a a/t horas em bom vinagre, e se fazem ferver i de ho
ra em agoa salitrada , ou também se lançao de infusão
IO;'- ou 12 em boa ngua-ardente. na cual se faz dissol
ver r-uma orça de Cânfora por canada. Depois passa-se por
Polverim humedecido com boa agua-arder.te, na qual se
tenha dissolvido onça e 4 de Gomma arábia, ou Cot
ia forte por canada; e posta aseccar se corta em grande
zas proporcionaes aos serviços em que se hão de empregar.
§ JTO. As Espoletas variáo conforme os usos; as
quê antigamente se empregavao a bordo ?e reduzião a
hum Estopim , introduzido em hum Canudo de Perga
minho, atacado com pólvora moida ; porém actualmente
estão admittidas outras de liuma receita particular em
tudo semelhantes ás que se usão era campanha , porém
não são vasadas.
As Espoletas que se q^prcgao em campanha sao>
huns pequenos Canudos de papel de IP e 3-'- ou 4'- de-
comprimento; e 2 /• de diâmetro, e por isso servem em
todos os Calibres, tem hum pequeno Boquim em forma
côncava assentado em huma de suas extremidades. He a
sua composição :
Pólvora - - - - 1 6
Salitre - - - - ia
Enxofre - - - - 6^.

Outra composição :
Pohora - - 4
Salitre - - - 8
Enxofre - - 3.

Em França se praticão as duas seguintes:


COMPENDIO. TH EOTUCO-PR ATIÇO
Poherim ----------u
Salitre -----------4
Enxofre ----,_-.. -a
Carvão ----------- 3.
Outra mais viva :
Poherim - -16
Salitre - - - 4
Carregao-se com hum Calcador vasado interiormente
por onde passa luima agulha, para que ficando assim á
espoleta vasada se communique o fogo rapidamente ao
cartuxo, e por isso se denominao Espoletas vazadas.
§ 311. As Espoletas para as Bombas e Granadas
são de madeira, e feitas ao torno; sua figura he Cónica
troncada : são vasadas cylindricameme no diâmetro i de
polegada até j de polegada distante da sua menor base,
e na maior se escava em forma de Cálix.
A composição se introduz como nos Bota-fogos; e
se bate com hum Calcador de ferro calçado de cobre
para evitar a inflammação do mixto: a ultima camada
que se lhe deita he de Po^pra moida. Para se guarda
rem e conservarem se enche o Boquim de huma massa
feita de
Cera amareiIa ------- j-
Pez, ---------_2
Resina ---------i
fundidos todos juntamente.
Querendo apromptar algumas Espoletas para ser
virem de próximo , se tira esta massa , e se encruzao no
meio dous Estopins de 5 a 6 polegadas cada hum , fican
do as pontas para fora , e depois se enche o Boquim da
composição unindo esta bem com o Calcador ; o resto das
pcntas se enrola sobre o Boquim, e cobre-se tudo com
papel encerado, ou pergaminho, a que chamão encoifar
a Esf oleia , e se guardão em quanto não servem.
DE ARTILHARIA NAVAL. 191
Quando a bomba está dentro do morteiro , e preci-
snmente no instante de escorvar se rasga o p.ipel ence
rado, e lanção para fora as pontas dos Estopins.
Notaremos, que antes de metter a Espoleta noOw-
•oido da bomba se corta no delgado delia a porção pre
cisa pnra que o resto gaste em arder o mesmo terrpo,
que a bomba deve gastar em descrever a sua Trajectó
ria,, e este corte se faz emchamfro para facilitar a com-
municaçlo do fogo á pólvora.
Estas Espoletas mettem-se á força de maço ficando
da parte de fora huma polegada.
x
§ 312. Como a grandeza das Trajectórias dcscri-
ptas pelas Bombas depende (iguaes todas as cousas) da
grandeza dos seus diâmetros , indicaremos hutiia peque
na Taboa com as composições mais e menos vivas.

Para Bombas de 12^ Ditas de S/"-


SUBSTANCIAS ca
ra «
QUE FORMAC rt rt ri
A COMPOSIÇÃO. O C
U £ CO <u H
t—l ^* 03 3 v—4 ^ n
% jajj S

Pólvora 5 7 IO 5 4 t IO

Salitre 3 4 6 3 2 3 6

Enxofre 2 2 3 i 3 2 3

Carrega-se do mesmo modo, que indicámos para os Bo-


ta-fogos.
§ 313. Parece obvio, que apontemos n- maneira co
mo se hade determinar a grandeza , que deve cortar-se
COMPENDIO THEOKICO-PR ATIÇO
á Espoleta , para se conseguir a importante vantagem de
não arrebentar a bomba antes de ferir o alvo.
He essencial para este fim, que antes de entrar era
acção se calcule a duração das Espoletai , servindo-se de
jiuma regoa para ir marcando os comprimentos , e Inim
relógio de Segundos p,.ra tempo; eassim poderíamos ob
ter com sufficiente aproximação o comprimento necessá
rio das Espoletas , para que a sua duração corresponda á
duração da Trajectória.
He evidente, que seria de grande vantagem que hou
vessem Tnboas calculadas para este fim; porém a expe
riência tem mostrado que as Espoletas da mesma com
posição, diâmetro, e comprimento, varião consideravrl-
xnente em duração, só por serem manufacturadas pordif-
ferente artífice; e por tanto he impraticável a sua con-
strucçao.
§ 314. Tranças enxofradas fazem-se de duas cor
das de mtirrão torcidas , que tenlião de comprimento
6 ou 8 palmos: são úteis para conservar constantemente
o fogo, e o communicar ás Peças.
Depois de feitas as Tranças , se ensopa riu ma das
extremidades, na distancia de duas a três polegadas, em^
Inima calda feita de vinagre e pólvora; e depois <le en- .
chutas s: guardão.
Porjm quando se lhe der fogo, deve haver algum
cuidado em desviar acara, porque faz huma pequena ex
plosão.
§ 3 l£. Facbinas alcatroadas e incendiarias são con
struídas de caniços, urzes, estevas, ou outro mato for
te e f;;cil de arder.
As de caniços tem ir polegadas de circumferencia,
e são cortadas por igual nas duas pontas nos comprimen
tos de 3 , e 2 ^ Pés, e atadas com duas ligaduras, e ba
nhadas em alguma das seguintes caldas emhuma, ouarn-
bas as extremidades até .10 comprimento de 7 a 8 pole
gadas, e daqui vem a distincção de hum, ou dous ba
nhos.
DE ARTILHARIA NAVAL.
Composição antiga:
Pez negro -------- 4».
Resina --------- '*.
Seho ----------
Óleo de Linhaça ------ l*
Depois de derretido , e cora as cautelas recommendadas
se lhe ajunte i '*• ou ^lb• de Pólvora moída; depois se
tirem asfacbinas da calda, e se extcndão em cima de
hum couro , e se pulverizem com enchofre.
Oatra composição de calda:
Pez - _-_- i4/<.
Enxofre ----------7
Resina ----------7
Seho --------- -.j.
Alcatrão --------- x.
Modernamente se tem adoptado fachinas de diffêrente
dimensão , e mais vantajosas por serem mais maneáveis j
o seu comprimento he de 18 polegadas e f v- de diâme
tro, amarradas com fio de ferro: e a composição das cal
das em que se banhão varia, como abaixo vemos:
1.» 2.» 3.» 4.1 5.» 6.1
IA
íal f.
oe. f
> 24
1 >í

Rezina Colofónia n 8 j) IZ
Sebo - - -
TeTPvnentinA - -
\
o
^

4
Cera -
Óleo de Linhaça canadas —' 6 » j» 99 •»' i
4
3a /j
Azeite - - - - >» 99 ló
IO
Salitre - - - - iA
IO .
3 h

Cx
316". ArruelIas alcatroadas ou inceniiarias se
constrntm destorcendo 5 a d Pés de Murrao , e entrela
çando-o pouco a pouco de maneira , que forme luitn cir
culo de y a 6 poíegndas de diâmetro, e depois »e lança
rá de infusão era quente em qualquer das composições
indicadas § 315:.
§ 317. Camiisas OH Cortinas incendiarias são hutl*
pedaços de lona de três palmos de largura, eio de com
primento, banhados na calda de qualquer das receitas
§ 31?.
Para seeffèctuar este banho, dous homens com gan
chos construídos de propósito , montados em hastes de
madeira, mergulhão a lona no banho -r e depois a tirão,
e estendem em toda a sua largura, depois se pulveriza
com serradura por ambas as partes,
Serrem- para incendiar portas , Embarcações , ou
quaesquer outros edifícios de madeira , pregando nesses
lligares as Camizas , eu Cortinas.
§ 318. Barria incendiários são huns barris de ffon-
strucç.ío forte ,, tanto para poder suster a composição ,
como para se não desmantelarem antes que ella se con-
surua toda; de que resultaria o vasar-se esta inutilmente
Iela coberta j $e.u diâmetro interior he de ^P"'-, £;esua
líurn 30'"" ,5"; enchc-se àefâcbitias incendiarias de
íous banhos, e se atacão os intervaJlos com a seguinte
tOm|qsjcão.:
119

Sebo - .-> - - - - io.


è-se a composição em? paneltas , tendo derretido pri-
s-.ciro o Pez e o Sebo ; depois enseba-se a panella por fó-
tn para- lhe tirar o calor i e depois deita-se-lhe a Pólvora
|m oequanas quantidades „ e vai-se mexendo.
Km quanto está quente a composição abrem-se na
•attja de cada barril. cinoo buracos de j de polegada dê
DE
diâmetro, « três polegada» de profundidade, em iguaes
distancias, hum no centro e quatro nos lados.
Depois de estar fria a composição escorva-se o bar
ril , enchendo cada buraco da composição das Espçbttat t
bem calcada , e até á« altura distante hurna polegada
da superfície superior do tampo, e depois se introduz em
cada buraco hum Estopim dobrado, « no do meio qua
tro fios, ficando todos cem o comprimento rfo Estopim.
Isto feito, dobrão-se todos os Kstopins dentro da ca
beça do barril, e cobre-se esra com hum paniu» dciona.
que se segura á roda da cabeça do barril por meio de
hum arco, e fica prompto.
§ 319. Coxinfy pu JLstopadas incçndiarif* se con
stróem tomando
Pez
Enxofre
Sebo -----------j.
Tudo se p6e a derreter era fogo brando , depois se lhe
deita y-* de Pólvora moida , e nesta calda semettem jr'*-
de estopas , que ensopadas ficao promptas para se
garem no lugar, que se pertende incendiar.
§ 3 zç>. Flechas ou Lanças incendiar1
de hyns canudos cyjindricps de-jf polega^W de com
prido,, e 7 linhas de diâmetro, feitos de papel colado;
10 Lanças consomem meia mão de papel , e numa Libra
de composição. , , ,
Cpmpoeiclo para 4UW JP' humedecida com OJeo df
Linhaça :
•, r. - .r T

- - r,,r ,- .r,
Outra para 7':
m r . « j - i» ..-*•*. ,* .4 1 ....i . T>
Ce i
TITEOHICO-PRATTCO
Salitre --------16
Enxofre »•------&.

Outra para 6' :


Pol-verim -------8
Salitre -------- l<
Enxofre -«----^6..
Outra para y' :
Polverim -------g
Salitre -------- i<£
Enxofre -------- 4.

Outra composição mais moderna :


Pofaerim -------ó
Salitre -------- 16
Enxofre _____-- 7.
.
Outra Ingleza:
Polvora peneirada - - - - i#- »
Salitre -_------j „
í enxofre -----o >»8 »"?••
Linhaça ----- i canada.

§ 321. Petardo he construído da mesma maneira


que as Peças, sua figura he de hum Cone troncadoj elle
tem tido differentes grandezas.
Aquellcs, que contêm ç n- de Pólvora de carga , tem,
a altura interior de 7 '""• 27- e CP"-'- é!'- diâmetro ex
terior, e %>""• 6 '• interior j o diâmetro do Ouvido he
de 15.'-
O Petardo assenta-se sobre hum madeiro, que se
chama Prato , de 3 a 4^- de espessura, reforçado por
DE ARTILHARU NAVAL. 197
barras de ferro , e su^pcnde-se por meio de hum gancho
e huma rosca , que parafusa no objecto , que se pertende
arrombar.
Para se carregar se rapa o Ouvido com huma bucha
de madeira , e ?e enche de Pólvora até que restem ar^de
borda ; lancando-a em camadas e apertando-a, se cobre
esta ultima com algumas dobras de papel pardo, e de
pois se lhe mette huma camada de Estopins bem ajusta
da ; acaba-se de encher cora bitume feiro de huma par
te de Pez Resina, e duas de pó de tijolo; e com este
iitume se enche até ás bordas; e depois se applica huma
chapa de ferro do seu Calibre de 4 a 5" linhas de gros
sura guarnecida coro 3 pontas, que entrao no madei
ro.
No meio da grade de madeira ha hum rebaxo on
de ajusta o Petardo.
Fixo o Petardo no seu madeiro, tira-se a bucha do
Ouvido, e se lhe mette hum Estopim lento.
Emprega-se em arrombar portas , resbordos &c. on
de se applica.
• § 322. Recanteras tem o mesmo fim que os Petar
dos-, tem y1- de comprimento, 63 de diâmetro; fazem-
se fixas no lugar que se pertende arrombar, por meio de
duas fortes travessas de madeira ; a inferior sustenta a
culatra, e a superior o corpo da Recamera.
Carregão-se de Pólvora quasi atéábocca ,e mette-se
por cima hum taco de pá"o', que fique bem justo e aper
tado, e depois se lhe introduz no Ouvido hum Estopim
até chegar á Pólvora , ficando pendente huma parte delle.
§ 323. Bailas incendiarias de mão: a sua construo
çao he análoga á que temos descripto § 304 com a diffe-
rença de serem menores os diâmetros das suas formas' j
tem-se usado de differentes composições.
COMPENWO TffBORico-PRAnco

p/ 99 ti 30
IO 4 4
9 4 2
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Pez negro --,*--- M H
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§ 324, Granadas de mão enchem-s ; da mesi na c om-
posição das bombas, e semelhantemeim? só lhe intrc )du?5
no Ouvido huma Espoleta como a das jom bas j seu pé-
zo lie ordinariamente de ^ a 3.'*-
§ j»j. Os foguetes de Ce»greve rj i] forao emprega
dos primeiro pelos índios , quando em 1799 Tipoo-Saib
se servio dellcs contra os Inglezes no cerco de Seringa-
patnam; e foi em 1805- que Congreve fez os primeiros
«nsaios sobre estes projecteis, e.depois forão experimeiv-
tados era grande no bombardeamento de Bolonha, Co
penhague , e Flessinga,
Os grandes efteitos , que se tem attribuido a este a»v
tificio, obrigarão aos Governos de França e Inglaterra
a que nestes 20 annos , que tem decorrido desde a sua io«-
troducção na Europa , se procedesse a repetidas experiên
cias , donde tem resultado importantes melhorajnen.-
tos , [66] que nos induzem á precisão de dar delles al
guma idéa principiando pela sua construccno.
§ 326. Os Foguetes de Congre-ve differencão-e« dos
?4 foguetes de signaes em terem dimensões mais fortes, «
ser o seu cartuxo de folha tnetallica em lugar de -cartá«.
Em França se tem construído de 18" }) 24,, 36,,
41 ,,48.
CE AUTILHAUU NAVAL.
O snt pezo regula de 24'*- a 16'*- a 40.'*-
Os seus ângulos de projecção 4J10,, ff0,, 6o<°
As principaes partes do Foguete são
O Cartuxo , ou f0r/w </0 Foguete pjg. 5<J.
O Chopitel,ou Cabeça F'g. 56.
A fítfj/í , ou Cauda.
§ 327. O Cartuxa he Iium Cylindro de folha de fer-
ro [73] fechado por huma de suas bases com hum fundo
de Cobre roseta da mesma grossura , que he de 6f's- nos
Foguetes de 3 f1'-, de SP" nos de ^ !"'•{, e de i/- noa
de 4.?»'-
Neste fundo se abre fium buraco circular dê íy»
éé diâmetro, que sechatóa Orifício ou Ouvido ãoFòvue*
te.
O Cartuxo he forcado interiormente de cartão, pai
rã o preservar da humidade e ferrugem; e a altura de
íuitia polegada próxima á sua base aberta se fende era
forma de franja.
Alma do foguete He o vasio , que se reserva no corii*.
primeritô do cart,uxo qnandõ se carrega ; este vasio se faz
trcnco-conico , ou sitnplesmehte cónico , e he pratica-*
cfó por rtieio de huma agulha cónica de ferro bem tof*
ileada e polida.

§ 328. Cbopffel , tivíCàbéça' doFogfietf h^ hura


lindro de folha metaJlica de (>i>o!- de altura, e mais 2 f"'-
de franjas fetmihado erti CÍone, cuja altura hé igual ao Fig. $1,'
dobro do diâmetro do Cylindro, levando no éeti vértice*
fitiraa ponta d'aço dèl 18 linhas de comprimento dê for
ma qúndrangular, e com as arestas dentadas.
Na parte cónica se abrem 6 orificios y e ria parte
cylindrica g de 6 a 7 •'• de diâmetro.

§ 329'. Hafte ou cauda do Foguete , ("74] que sér-


Ve para regular a sua direcção, he h\rm príáma qaadran
200 CoMPENoro THEOR iço- PR ATIÇO
guiar de madeira leve, e sem nó; suas dimensões variáb
conforme o Calibre.
Fíg. .9. Antigamente fazia-se fixa a Haste ao Cartuxo por
meio de duas, ou três chapas de ferro, ficando assim ao
lado do Foguete , de que lhe resultava hum movimento
de rotação tanto mais considerável, quanto maior era a
sua velocidade , o que produzia a mais notável incerteza
nas pontarias.
Agora porém , como se vê na figura , o fundo do
fíg. 54. Foguete he formado das Peças A, 5, Cmettidas em ros
ca , e solidamente seguras; nellas se introduz a Haste fi
cando astim na direcção do eixo do Foguete , o que dá
hum considerável melhoramento a este artificio, e tanto,
que nas experiências de 1 8 19 ezi, em que se compararão
os tiros das Peças cora os dos Foguetes , os resultados se
decidirão a favor dos Foguetes, e por isso passarão a
ensaiar a maneira de recoxetar com elles.
§ 330. Para carregar os Foguetes se empregao Cal-
cadores de ferro calçados de Cobre, e de differentes com
primentos; também se usa d'huma espécie de Calcador ,
a queosFrancezeschamao Mouton , (a) de particular con-
strucçao , com a sua Agulha , principiando a carga por hu-
ma camada de argilla empo para defender o fundo na ac
ção da explosão , e depois se carrega coma composição até
ao ponto em que se deve pôr a Tapagem , isto he, hum
diâmetro acima do extremo da Agulha.
•r
Massifo do Fogueie he a parte decomposição, que
fica entre a sígulha e a Tafagem.
Fazer esta Tapagem he assaz importante , pois que
deve esta obstar a que o Fluido resultante da combus
tão , e que faz mover o Fogueie , escape pela cabeça , e
assim pare na sua carreira ; entre as difíerentes maneiras
de a obter temos a seguinte :

CO Aide-Memoire de Gozendi pag. Í8o.


DE AUTILHABIA NAVAL. 2OI
Sobre o Massiço se assenta luima camada de argil-i
Ia de 9 '• de grossura , e bate-se fortemente ; sobre ella se
assenxa huma chapa de ferro de diâmetro exacto, e no
meio se abre hum orifício de 4'- de diâmetro, segura-se
esta rodella com duas chavetas, que applicadas sobre el
la atravessao o cartuxo , e são exteriormente parafusa
das.
Enché-se o resto do Cartuxo da matéria de que se
hade encher o Cbapitel , reservando lugar para commu-
nicar o fogo do massiço ao Cbapitel ; o que depois se
consegue guarnecendo-o de estopins.
Para carregar o Chapitel se tapão primeiramente
com hum papel colado os buracos, e se enche àeRocba-
fogo} ou outra qualquer composição, como por ex.

Enxofre ---------- 24'*-


Salitre ----------8,
Polverim --------- ia
Pólvora granizada ------ 4.
Antes que endureça a composição, se met te pelo meio hu
ma agulha de ferro, envolvida em barro do diâmetro de
4 1*, e em cada buraco outra que chegue ao centro.
Quando a composição tiver consistência , tirão-se
as agulhas, e substituem-se Estopins, atacados coro a
composição lenta das Lanças de fogo.
Situados convenientemente os Estopins, e atacado
o resto do Cbapitel com composição, para que não reste
va/io, se une o Chapitel ao Cartuxo ajustando as fran
jas , precintando com hura panno , e arrochando fortemen
te com o cordel. Fig. 14,
Não se costuma guarnecer o Foguete de Haste , ou,
Cauda , senão quando se está para atirar, e então mesmo
he que se escorva , appjicando ao Ouvido hum Estopim >
que se prolonga , e adapta á Haste cora hum prego.

§ 331. Estes Foguetes se arrojão empregando hum


ioi . CoMPENDro THEOPICO -Pu ATIÇO
Ca^allete semelhante ao dos Pinrorcs, formado por três
'montantes de 6 Pés e 8 polegadas de comprido; doo»
flisu-s montantes se reúnem por quatro travessas, tendo
à superior 8 polegadas de comprido, e a mais baixa três
Pés ; hurna charneira fixa sobre a travessa superior fa
cilita ao 3." montante todas as convenientes inclinações;
no meio de cada travessa ha dous pequenos cunhos , -noe
quaes se montão os roletes de fricção, a que se encosta
O Foguete.
Em França são empregados estes Cavalletes somen
te para lançar Foguetes de pequenas dimensões; porém
em Inglaterra o são até nos Bombardeamentos , porém
separados entre si de 30 a 40 Pés.

Exercido dos Foguetes de Congreve.


Ca3a "Catalfete he 'servido por 4 homens, que se
denominão Serventes, e reciprocamente se ajudSo da ma
neira seguinte :
O 4.° Servente afastado 30 Pés doCavallete se con
servará junto aos caixões , aonde estão acondicionados os
foguetes , e á proporção que se forem 'gastando, os hirá
tirando 'para fora, e fasendo fixas as caudas os dará as
sim proraptos ao 3.° Servente.

O 3.° Servente vai buscar o Foguete , eo entrega ao


Í.'*, 'O qual rasgando a cobertura do Ouvido o .passa ao
í>
O i.° sobe os degráos ou Travessas do Cavaliete , e
ídftoVa 'O Foguete sobre os rolete^s , 'escorva-o por meio
de hum Eftqpim, e movendo o 3.° montante lhe dá a
Conveniente inclinação.
Logo o 2.° Servente íervindo-se de hum systema de
fecínos convenientemente montado 'no mesmo Cavallete ,,
lhe dará íbgo á voz do i.° Servente, estando todos afas
tados 15 a 20 Pés do Cavallete; e por isso o cordão dos
fechos deve ter este -«onjprlmertto.
BE AniTLKAtfiA NAVAT,. 10$
Tem-se imaginado huma espécie de Carreta para ew
tfe fim (a).
§ 332. Estes Foguetes são susceptíveis de projectar,
í a grnndes distancias, Bailai , Carcassas , Bailas dê
Mlutniitaçãa ; e em quanto a estas ultimas notaremos hu-«
ma particular invenção [75"].
Construirão-se- F&gueles para este fim , regulada a*sua
éomposiçao de rat maneira , que, logo que u Foguete tp-
dava o vértice da sua Trajectória , a BaJla se separava do
Foguete suspendida por huma cadêa , que a ligava a hura
pequeno Apnra-quedas [76]; e assim se conservava n»
ar illuminando o lugar, que se queria > por 10.'
§333. Diraensóesdos
Foguetes de Calibre - p $r PI
D4>r
Comprimento total - - 3P,,'%*' 4^9" 4p,*y
Pezo do Cartuxo e Chá-
1 T /*. ' IJ '•
T»/*. rrt/».
! 1 j
*—- da Foguete carre- •
do Cauda 5"*-i 0-/Í. IO" ?

._
17 it. 2 I '"'•
3*
?33? '*•
—— àti1->-**•—* esquipado < a** i . 40"- í 48*
Diâmetro superior da
. •> • r
4'/
•»/ *> r 7'7
7 T
• inferior ijH ««'A- ãV-^
Comprimento do Cartuxo 24-f »' , Jó,
Lado da cauda - — -
Comprimento da Agulha ?
17' i9/
H1
•*•• •••' •'• do massifo 35'^' 43' A 50'^
3-" Vo- 1 _x
^^
13''ã
,-/f
IO/' Io P_
Composição > ..
[7^].Ingleza
l 1

0 '"•
O r». ' R
o '/í. .- 7í.
Salitre » -X
Io
Enxofre — — — — — — — — » 04,
- l
, . a7 - TO * 9-
(O Charles Dupin paj. 151 To», a.0 , a Ia Grand. Bret,
Dá *
4O4 COMPENDIO THEOUICO-PRATICO
r 6 334. Composição dos Foguetes para lançar balize dif-
ferentes Calibres : asaber de Ia2 3 (J 12 18 a 24 32 {32
Chlorato de Potassa - - - - 4 6 9 n
2 9 '
7 Mi 4i
l
Enxofre l l
Carvão - l J i l

§ 3 j y. Composição dos Foguetes piira lariçar as Car-


cassas incendiarias de - - - - - & pá. j pai. 8 r"
Chlorato de Potassa ----- H 16 8
òalttre 7 8 20
hnxojre ------ - - - i i i
Carvão 1 6o J - • - i i i
§ 236. Tigelinbas para signaes se fabricão lançan
do a composição em humas chicaras de barro grosso ,
construídas de propósito para este fim , até ± de polegada
das bordas , e se cobrem cora papel cartão ; empregão-
se era signaes, e se obtém por differentes composições , en
tre as quaes são as seguintes : .

Salitre
L,anjora » O
Enxofre - 7 » o
Fezes tfOuro
_ _ - - - O » i
Tudo bem moido, e passado por peneira se bate, e aper
ta nas tigelinhas, que devem ter a capacidade de meio.
quartilho de liquido.
Outra composição :
Salitre 8
Enxffre 2
Pofoora I.
putra ;
Salitre 9
Enxofre 3
Pólvora z.
DE ARTILHARIA NAV.YL.
§ 337. Os Foguetes de signafs [??! distinguem-se
pelos seus diâmetros , e pelos artifícios que formão a sua
cabeça.
Para se obter o Cartuxo se forma hum Cylindro de
papel cartão colado sobre huma forma com massa de fa
rinha , até que forme huraa grossura igual a ~ do seu
diâmetro, e o seu comprimento serão 6 diâmetros; e de
pois se tira a forma , e deixa seccar.
Estronca-se ou esgana-se o Cartuxa por meio de
duas ou três voltas de cordel forte , deixando-lhe hura
orifício ou garganta do diâmetro da Agulha.
Para o carregar se cortão perpendicularmente ao ei-
io os extremos do Cartuxo , e se mette assim em huma
forma de páo, em cujo fundo existe huma Agulha tron-
co-conica, que no seu pé tem degrossura 7 dodiametro,
e na extremidade \ do mesmo; seu comprimento lie igual
a -t do comprimento do Foguete , igual a quatro diâme
tros- esta Agulha serve para fazer o orifício do Foguete.
Depois se lança a composição, e com hura Calcador
de ferro calcado de Cobre se bate , como nos outros ar
tifícios ; notando , que estes caleadores são furados para
passar a Agulha.
A parte do Foguete , que não fica furada, he deno
minada pelos artitas Massiço , e o seu comprimento se
gundo as experiências não deve exceder hum diâmetro,
porque sendo maior faz cahir o Foguete antes do seu ef-
Feito , e sendo mais pequeno arrebenta antes de chegar a
f da altura a que devia subir.
O comprimento da Cana ou Caniço, que faz aCWff-
da, regula-se depois de unida ao Foguete pelo equilíbrio,
que forma , pondo-o sobre o dedo na distancia de huma
a duas polegadas da bocca do Foguete.
Para se lhe pôr a cabeça se faz hum Cartuxo dequa-
si meia linha de grossura de papel colado; esgana-se a 5
do seu comprimento, e introduz-se na extremidade do
Foguete, e nesta parte se segtir.i com algumas voltas de.
' cordel, e se cobre com hum papel ; he neste Cylindro que
•ta6 COMPENDIO THEO«ICO-PR ATIÇO
<e fàritra a cabeça , em que se mctteru os artifícios,
distinguem os Foguetes em
Foguetes d?
--- de Estreitas
-- de Serpentes ou
---• de Bombas.

§ 33$. Para os Foguetes àc estreitas se fbYraará a


seguinre composição, sendo humedecida com agua aíden«»
te canforad* ou gomnmda:

Polverim
Enxofre
Salitre -
Antimottio
Desta massa depois de bem misturada se farão com huffll
dedal pequenos Cylindros de 43 5' dediametro, que cor
tados ao meio, e rolados húmidos sobre o Polverirriy
sé porão-a seccar, para se metterem na Cabeça dos-Fo*
guetes.
§ 339. Para os Foguetes de Serpentes ou
formará a composição de

Salitre -
Enxofre
Carvão -
Polwrim
Depois toma-se huma carta de jogar , e. sobre fiuma for»
ma de 3 linKas de diâmetro faz-se hum cartuxo colado
em três dobras de papel; e?gnna-se em hum dos exrre-»
mós, e neste orifício se mette hum Estopim com escora
vá de Polverim humedecida com agua-nrdenre, e carre^
ga-se c0ra^) ralétufar- até '- jdo restante , e esgana-se de no*
TJE AHT1I.HA.KIA NAVAt. CO?
<W> « .meio-, enche-se o vazio restante de pólvora para 'fa
zer o estalo, e torna-se a esganar, e situa-se -perpendi
cularmente na cabeça com a escorva para baixo.
§ 340. Para os Foguetes de bombas resta expor o
fnodo como ellas se constróem.
Tomem-se pequeno? cubos de cartão, enchão-se de
Pólvora , arrochem-se fortemente com cordel encerado , e
«depois com huma Agulha se lhe faz hum furo por hum
•dos ângulos , e introduz hum Estopim , e se assenta na
Cabeça do Foguete.
§ 341. A composição h e relativa 20 Calibre como
Se segue :
Salitre Enxofre Carvão
Nos Calibres de 6a 8 44 4 16
- de o -a ii 40 4 ao
• de 12 a 14 38 4 16
• Wí
de 35
18 -aa ao
ly jó 4 3.6
34 4 l&
Os Calibres são expressos, como já dissemos, cmli-
nhas.
§ 5342. -A composição de Rocba-fcgo também varia ,
c as maré nota ireis^sao as -que se seguem :

l.« 2." 3.» 5.»
Ftftaffre derretido lentamente - IO 6' 6 6 < a8
í'0ilftT~£ peneirado — — — — — — 4 I J^
-f*eto*ra -em ,grao
4 r 4
4
3
3 i's
•j»
C/eo de 'lermentrna -•- * - •-. 6 »«í •
O fogo destas composições be acmo e xÍBraver, a
sua massa deve ser depois de fria partida em pedaços pa,-
•»a se empregai aeade for necessário.
io8 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
§ 343. A composição para z&Panellas deillumina*
fao lie a seguinte:
Resina — " - 9
Pez 6
Cera 6
Sebo i.
§ 544. Archotes de composição fazem-se de 10 oã
ia fios cie Estopa torcidos, e também de cordas velhas
no comprimento de 4 J- Pés e ^P°I• de diâmetro, embebi
dos por a' em qualquer das composições que se seguem ;
e depois de enxutos e seccos durão com luz muito clara
huma hora por Pé em tempo de calma, e com vento me
tade.
Composição:
Pez Resina --------- 36
Pez, negro ---------- iz *
Alcatrão ----------12.
Outra :
Pez negro ----------j
Pez branco ____-----j
Termentina --------- i.
§ 345". Outros Fackos de composição se fabricão, e
cora a propriedade de arderem mesmo dentro de agua.
Para a sua construcçao se tome h um Cartuxo de car
tão, colado, como temos prescripto, de 18 linhas de diâ
metro , e i / de grossura , carregado com a seguinte compcn
:
Salitre ------ -p /í.
Enxofre ----_--<J
Resina -_-__-_4 g »»f•
Antimonw --____ 3 u
humedecida com 8 onças de Óleo de Termentina e 4 on«!
DE ARTILHARIA NAVAL.
cãs de Óleo de "Linhaça , c depois se escorva com a com
posição das "Lanças de fogo ; e durará mesmo dentro de
agoa i hora por cada Pé em tempo de calma , e metade
fazendo vento.
§ 346. Brulote [78] he hum Nnvio cheio de maté
rias combustíveis, e próprias para queimar outros Navios,'
Pontes &c.
Este artificio destructívo he invenção antiga , pois
da Historia consta que Varus queimou com elles huma
armada no Porto de Adnimete, e a de César teve a mes
ma sorte no Lepti?; os Gregos deitarão 17 para queimar
a armada dos Francezes , e Veneziannos, que sitiavão
Constantinopla; em 1588 o Capitão Draklnglez os lançou,
contra as armadas d« Hespanha nas costas da Inglaterra &c.
§ 347. Para preparar hum Brulote se constróem duas
anteparas, huma noCastello, e outra a Ré da Mesa gran
de, e junto a estas anteparas, e ao longo da amurada
se estabelecem duas ordens de Calhas com o intervallo'
de a pés e ^ -, e de Bombordo a Estibordo sesituao tam
bém outras ordens de Calhas, e assim conseguiremos com
as Caibas das amuradas communicar o fogo a todo o
Navio da Poppa á Proa , e pelas Calhas de Bombordo a
Estibordo coromunica-Jo instantaneamente de huma a ou
tra amurada, e facilitar assim a rapidez na inflamrnacão
das matérias.
Os páos para as Calhas devem ter y f*1- em quadro ,
e a 5 de escavação ; segurão-se ás amuradas por pregos,
e escapulas , e os outros se sustentão sobre unhas de fer
ro fixas na coberta.
. As Cobertas do Navio e Calhas se cobrem de Rf-
sina derretida ; em cada bordo se abrem 6 vigias , que
tenhão 15 a iS'"'1 de rasgamento. >
As Portas devem ficar bem justas , e calafetadas , c
abrirem para baixo.
A cada Porta se arrima huma Recamera , a qual se
deverá arrombar no instante de se incendiar o Navio,
para dar lugar a sahir o fogo. . '.
Ee
COMPENDIO THEOKÍCO-PRATJCO
Na direcção das Mesas grandes e do Traquete se
constroe de cada lado hum Funil de madeira correspon
dente a hum escotilhao, e lium Barril incendiário, 2
fim de facilitar a communicação do fogo da coberta ás
enxárcias : abrem-se na coberta mais dous escotilhões de
cada lado.
Servem estes Funis e Escotilhas não só para faci-
Jitar a communicação do fogo para o costado e massa -
me, mas também para na occasião da inflammaçao dar
livre sahida ao ar , a fim de não se levantarem as cober
tas , como poderia acontecer era consequência da violen
ta rarefacção do ar.
Por detraz da antepara de hum e outro lado se abre
hum pequeno buraco, por onde caiba huma Calha das
mesmas dimensões, da qual sahe outra de communicação
para cada huma das amuradas, e o extremo de huma Ca
iba se faz fixo junto á porta , que se abre na amurada ,
e próximo ao mastro da Mezena , por onde sahe o Offi-
çial, ou aquelle que larga fogo ao Brulote ; o outro ex
tremo deste Calha entra pelo buraco da antepara , e se
faz fixo na Calha de communicação que está junto à an*»
tepara , e communica-se com os topos das Calhas, que
desse ponto partem ás amuradas.
• Assim dando fogo ao Brulote por meio do Estopim
com que se escorva a Calha, que está fora da antepara'
o fogo immediatamente se communica ás Calhas princi-
paes, e dahi a ambas as amuradas.
§ 348. A distribuição das matérias incendiarias sof-
frs algumas variações j entre ellas podemos adoptar a se
guinte.
Os Barrir incendiários ficão debaixo dos Funis-
e das Escotilhas \ o seu fim he incendiar as enxárcias e
o costado: he preciso segura lios bera pondo-lhes castanhas'
e travessóes na coberta , e atracando-os de encontro ás
Calhas.
M Cortinas , Camizas , Coxins se pregão pelas La
tas e \ aos.
r t)E ARTILHARIA NAVAL.
As Faxinas se distribuem á roda dos Barris pró
ximo ás amuradas , e as Recameras se fazem bem fixas
nas portas.
Por cima das Faxinas se lança alguma escorva de
composição e Estopins de communicaçao , e serem o cui
dado de untar as cobertas e Calhas com Resina derre
tida.
Matérias combustíveis para hum Brulote de ijõ
Toneladas.
Barris incendiários - - - - 8
Recameras de ferro - - - - li
Escorva de composição - - - j Barrit
Estopins -___-_- i Barril
Cortinas ou Camizas banhadas 30
Faxinas compridas de i banho - ijo
curtas de i banho - - 75"
í//f<7j de i banhos - - 7f
Dos Petardos, ou Minas fluctuantes , e Ma
quinas infernaes marítimas.
Ç 349. Monregery na sua excellente Memória sobre
«ste objecto principia por huma vasta descripcão e His
toria da invenção e progressos da Arte de minar os ter
renos ; elle nota as authoridades dos i.°« Historiadores
Clássicos, e em consequência mostra datar a sua existen*
cia dos annos próximos de 6 64 antes da Era vulgar; pó*
rém na Europa apenas a Pólvora se empregou em atacar
os Fornilhos em 1487 no cerco de Sarzana pelos Gcno*
vezes ; posto que no Oriente graves Authores assegurâo
ter-se delia feito uso em Épocas mais remotas.
Conclue-se facilmente, que nos primeiros tempos de*
pois do descobrimento da Pólvora, ella devia ser hum
objecto summamente arriscado a bordo dos Navios, í
por isso forao desgraçadamente sacrificados á explosão
Ee 2
2J^ COMPENDIO THEORICO-PRATICO
muitos Navios recommendaveis pela sua força e grande
za , entre elles La Cordeliere era 1^04 , Du Carraquo»
em IÍ4? , e Sans Pareil era 1563 , e outros.
§ 350. Estes acontecimentos indicarão de huma ma
neira positiva os meios de destruir grandes Navios, For
tes, e outros quaesquer edifícios estabelecidos sobre o
mar, ou sobre Rios: entre tanto depois do invento da
Pólvora limitarao-se á construcção de Brulotes , que em
outros mais antigos tempos se fizerao tão celebres.
Porém a mesma idéa , que suscitou a invenção das Mi
nas para destruir o terreno superior por effeito da explo
são , procurou destruir por" meio das chamas os corpos
combustiveis mergulhados na agua.
§ 3£l. Diz o P. Daniel que em 1203 ° Engenheiro
Gaubert descobrira o segredo de conservar debaixo d'agua
huma espécie de fogo artificial encerrado em vasos de bar
ro; artificio, que se empregara em queimar a paliçada ,
que defendia a entrada da Ilha de Andelis; foi porém
cm ijSj' que se poserao em pratica as primeiras Maqui
nas denominadas Minas Fluctuantes.
Alexandre de Farnesse , Duque de Parma , no cerco
da Cidade de Anvers, para evitar que os Habitantes des
ta Praça recebessem soccorros de Zelândia , fez construir
jio Escaut sobre Navios huma Ponte de 600 r- de com
primento; Jambelli , Engenheiro Italiano , ao serviço
de Anvers, se propoz a destrui-la, e para esse fim fez
apromptar 13 Brulotes com matérias fumigeraníes ; pa
ra mascarar 4 Maquinas infernaes , que consistião em
Navios de fundo chato carregados de Pólvora , artifícios,
e pedras de enorme volume: a explosão destas Maquinas
devia effèctunr-se per meir de murróes , cuja duração es
tava determinada; os Brulotes e Barcos conduzidos de
fronte dn Ponte se abandonarão á corrente; os Brulotes
encalharão nas margens do Escaut antes de chegar á Pon
te, ea mesma sorte tiverao duas das Maquinas , a 3.a en-
cheo-se d'agua , a 4.* que chegou á Ponte causou hum
horrível estrago 3 e matou mais de 800 homens.
t>E ARTILHARIA NAVJL. arj-
Are 1618 não consta se empregassem estas
s; porém neste anno os insurgentesRochelenses
perpararao infructiferamente três; depois os Inglezes vin
do em seu soccorro lançarão ao mar n Petardos flu-
ctvantrs , que consistião em Maquinas de folha de FÍan-
dres chei js de Pólvora , e que tinhão huma mola , que
cn m mu n cava fogo ao artificio, logo que chocava cual-
quer objecto solido. Oeífeitotambem não correspondeo ;
porque foi pervenido pelos atacados, que se senhorea
rão delles, á excepção de hum , cuja explosão apenas Jan-
çou huma columna d'agua dentro do Navio; a pequena
vantagem, que se tinha tirado deitas tentativas, poz em
descrédito estas Maquinas , atéqueoHollandezCornelio
Drebbel ensaiou as suas experiências com os Baféis mer
gulhadores; a que se seguio a idéa de construir minas1
debaixo d'agua , empregada por Cazirniro Sumienowicz
em 165*0, e por Wilkins em 1680; as primeiras maqui
nas forão semelhantes ás de Jambeíli.
§ 353. Em 1693 os Inglezes projectarão por meio
dehurna destas Maquinas a completa destruição de Saint
Maio; esta Maquina- consistia em huma Galiota de 300
toneladas, cujas amuradas do porão e fundo erão ladri
lhadas; nelle se estivou huma grande quantidade de Bar-
yis de Pólvora , cobertos de matérias combustíveis , como
Pez, Alcatrão, Enxofre, Resina, Estopa, Palha, e
Faxinas; sobre estas matérias se estabeleceo huma co
berta ou assoalhado furado em differentes lugares, a fira
de facil-itar a communicação do fogo; sobre este solho
se collocarao 340 Carcassas, cujo interior era recheado
de Granadaf, Bailas, Cadeias de ferro , fragmentof
metallicos , canos de Espingarda , e Pistolas carrega
das com b.illas de chumbo; os' intervallos se atacarão
com materits corr.bu?tiveis, e Lanças alcatroadas; ti»
nhão-se construído no corpo do Navio 6 aberturas, por
onde devião sahir chamas de huma natureza rao activa,
que seriSo capazes de consumir as substancÍ3S mais du
ras; ^segundo as experiências unicamente extinguiveiscon»1
1T4 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
agua quente") o fim era conduzi-la junto ás muralhas de
Saint Mala, e não se duvidava , que a sua explosão re
duziria a Cidade a ruínas.
Conduzida assim a Maquina próxima das muralhas,
«a barlavento delias, huma bafagem contraria ao seu
destino a fez encalhar entre duas rochas, onde o Enge
nheiro, observando que estava a ponto de hir a pique,
se apressou a communicar-lhe fogo, e retirar-se. A ex
plosão se sep aio immediatamente , as Bal tas incendia
rias não podião produzir efíeito, porque esta vão molha
rias; porém assim mesmo, estando em distancia, lançou
por terra a maior parte das muralhas da Cidade , treme
rão todas as casas, abaterão mais de 300 telhados, e o
•Cabrestante do Navio, que pezava perto de 2000 libras,
•foi lançado dentro dos Reparos das muralhas.
§ 35-4. Segundo Mr. Burchett os Inglezes em 13
de Julho de 1694 no bombardeamento de Dieppe fízerão
saltar, durante a noite, huma destas Maquinas na cabe
ça do Molhe , porém sem maior resultado.
§ 35-5. Pelo meado de Setembro do mesmo anno
os Inglezes no bombardeamento de Dunkerque dirigirão
contra os seus Fortes duas Maquinas , que tendo-se des
viado da direcção saltarão sem lhe causar prejuízo.
§ 356. Em 5- de Julho de 1695" elles bombardearão
Saint Mati, e dirigirão contra hum Forte dous Brulo
tes , que muito o incommodarao.
§ 357. Em 1698 osFrancezes tinhão projectado- em
pregar contra os Algerinos huma Maquina^ cuja peça
principal se reduzia a huma enorme bomba , estabeleci
da no porão de huma Fusta denominada L,e Chameau ,
de figura oval , cuja capacidade montava de 7 a 8000 *•
de Pólvora i encontrada latteralmente por grossas vigas,
e apoiada sobre 9 reforçadas Peças de ferro de Calibre
•l 8, quatro de lado, e huma por antarré , com as boccas
para baixo , e por cima se tinhão assentado 10 Peças de
menores Calibres, muitas bombas, eestilhaços de Peças;
este todo era atacado com hum massijo de alvenaria com
DF. ARTILHARIA NAVAI* 115"
posta de cal , hitume, e 30:000 tijolos, ella estava além
disso guarnecida de Peças carregadas para arrebentarem , e
de Bombas e Carcassas; a escorva estava prolongada a hu-
ma hora : esta Maquina não chegou a servir.
§ 3^8. Ultimamente Bushenell Americano Inglez , e
depois por imitação M. Fulton emprehenderao fazer
Voar os Navios , empregando hum batel debaixo d'agua
[69] guarnecido de hum Petardo (a).
Em 1777, estando a Fragata Cerberus fundeada en
tre o Rio Connecticut e New-London , Bushnell pas
sou-se a bordo de hum Baleeiro , e conduzio por meio de
huma corda ao longo de seu bordo huma maquina cheia
de Pólvora , guarnecida de hura aparelho de fusil , c ga
tilho tal, que communicariafogo, logo que tocasse o cos
tado da Fragata ; porém o acaso a conduzio sobre outro
Navio , que a explosão metteo a pique.
§ 35-9. Em Dezembro do mesmo anno muitos bar
ris cheios de Pólvora , preparados de maneira , que se
inflammavão debaixo d'agua ao contacto do i.°corpo so
lido que chocassem, forão lançados noDelawre em fren
te da Esquadra fundeada próximo a Filadélfia ; porém
como intempestivamente fossem desamparados á corren
te, se demorarão de tal modo, que aproximando-se á Es
quadra já de dia, eHa os pôde inutilizar, e apenas hum
fVz saltar huma pequena embarcação, e a gente que con
duzia ; esta expedição tomou entre os Inglezes a denomi
nação da P.atalha aos ftarris*
§ 160. Foi no meado do anno de 1805- que M. Ful
ton passou ao serviço de Inglaterra : os Inglezes tinhao
na noite 4 para 5- de Outubro do mesmo anno tentado
destruir com Brulotes e pequenas Maquinas os Navios, •
que formaviío a Linha de Bolonha; estas Maquinas erão
da forma de hum pequeno batel todo fechado, e dentro
além dos artifícios tinhao hum movimento de pêndulo ,
(«) Hydrografia do P. Tournier pag. 777 edição de 164}.
Emaio sobre a navegação debaixo d'agua porMr. Castéra Paris iS 10:
nelL-j se encontra a sua descripqão e uso.
CoMPEKDIO
monrndo ponlgumas horas, cujas mol.i<s tinhao commu-
nicacno com hum reforçado fusil de Espingarda , que de
via produzir o fogo , Irgo que expirasse o movimento do
pêndulo. Insignificante foi o resultado tombem desta ex
pedição, e por isso Mr. Fulton lhes propoz promover
a destruição desta Esquadra , empregando huma Maqui
na ,& Que elle deo o nome de Treme/ga; estes artifícios
pouco differem dos Petardos fluctuantes de Rochella,
ou dos Barris de Buclinell aperfeiçoados.
§ 361. Tremeiga he hum Cylindro oco de cobre ter
minado porduas semiesferas , sendo a capacidade das i.al
de 1 6o'* de Pólvora actualmente reduzida a 100"-, seu
eixo de 2.p, e diâmetro de i.p; sobre huma das extremi- '
dades he applicada exactissimamente por meio de para- •
fusos (a fim de evitar a filtração da agua) huma caixa
cylindrica de cobre de proximamente 7.? de diâmetro,
e 2.P de altura ; ella contêm hum maquinismo composto
de hum pequeno cano de Pistola de 2.*1 , huns fechos, e
huma espécie de relógio; antes de assentar a caixa no seu
lugar se carrega com pólvora o pequeno cano, e se escor
va, depois armando o gatilho se monta o relógio, que
não começa a andar senão depois que se retira huma ca
vilha que o suspende, e assim se communica o fogo á
Maquina , porque estando determinado de prevenção o
n.c de minutos, que deve andar, Jogo que expira , desce
o gatilho, o tiro dispara , e tem lugar a explosão geral.
Constituida desta maneira a Trenielga adquire hu
ma gravidade especifica maior que a da agua do mar; e
como convém que ella não mergulhe hum n.° de Pés
maior que a Linha d'agua do Navio, que se cuer fazer
saltar, se equilibra applicando ao meio do Cylindro hu
ma caixa de faia com capacidade para receber a cortiça,
que conforme a experiência for necessária para mergu
lhar somente a quantidade conveniente.
§ 362. Para empregar ai.3 maneira proposta por M.
FuJton devem estas Maquinas ter pendentes das suas
extremidades algumas braças de corda , que facilitem o
NAV>1.
frrirjaraçar-se nas amarras do Navio, que sepertende ata
car ; porém esta invenção não correspondeo na Pratica á
expectação de Mr. Fulton , e os Inglezes principiarão a
duvidar da vantagem das Treme/gás , até que em 14 de
Outubro do n esmo anno , para se fazer duma experiên
cia decisiva em grande, se poz á disposição deMr. Ful
ton o Bergantim Dinamarquez Lorol íea , e duas Chalu
pas; feitos os ensaios precisos, elle carregou hurca Trc-*
meiga com 1:0'*- de Pólvora, e ás 4A- da tarde do dia
l j estando presente o AKnirante Eoloway, o Barão Si-
dney Smith. , o Capitão Kingston , e o Coronel Congre-
ve , se deo principio á experiência •, ás 4.''- 40' as Chalu
pas se dirigirão para o Ergue, e em posição conveniente
largarão zlremelga^ que, logo que expirarão os 1 8 pa
ra que tinha sido graduada , produzio a explosão, e par
tindo o Navio foi a pique.
§ 363. Mr. Fulton voltando á nova Inglaterra teve
o mesmo resultado em outra semelhante experiência ;
tem-se com tudo irraginado outro meio de dirigir as
Tremelgas , e assaz simples.
Carregada a Trt meiga, e guarnecida da caixa de
faia com cónica , a meio se assenta huma caixa quadra
da , em lugar da cylindrica , e dentro delia se introduz
o pequeno cano de Pistola , e fechos ; porém em lugar do
relógio, exteriormente se estabelece numa pequena ala
vanca que faz desfechar o gatilho , e promover a explo
são.
A caixa de faia pela quantidade de cortiça equilibra
a gravidade especifica da íretnelga com a da agua , e
para mergulhar se lhe applica hurn cabo, e no seu extre
mo J) uni pezo.
Com esta espécie de Minas se pode defender a en
trada de qualquer Ancoradouro , Bahia , ou Barra fazen
do-as fundear, attendendo a que o filame docabo regule
eom as marés ; he porem digno de attenção, que prohi-
bindo-se assim a entrada aos inimigos , o está tautbuu aos
Kacionaes. e amigos.
Ff
ttí?
§ 364. O ultimo raethodo que propde M.
para empregar as Tremelgas ^ he liuma applicaçao da i
Benção de Mr. Bell em 1793 Para 'an.Sar os Harpòes na
pesca das Balèas : elle imagina , para aproximar a Tre-
mflga ao casco do Navio, hum Harpáo todo de ferrb,
sã i extremidade superior he guarnecida de hura Cylindro*
pouco mais, ou menos do Calibre do Pedreiro, de qua
SR serve Mr. Bell: este Cylindro ajusta sobre a carga de
Çolvota , e na outra extremidade se constroe numa poiv.
ta de ferro farpeada , que fica fora da arma ; na parte
immediatamente inferior desta ponta , e fora da arma,
ha hum buraco em que se amarra huma corda, a qual a.
huma distancia igual ao comprimento da haste do Har-i
pão se abotoa a hum annel , que corre livremente ao lon
go da mesma haste , e o resto da corda fica a bordo co
lhido em huma espécie de carretel.
O Pedreiro he montado em huma forquilha de fer
ro,, que he ^susceptível de qualquer movimento vertical,
QU horizontal, que se queira dar ao Pedreiro, e na ou-,
tra extremidade da corda está fixa a Tremelga com hum
movimento de Relógio, como já expozemos.
§ 365. M. FuJton se propoz a avançar em embarca*.
Ç$es armadas de 4 Pedreiros , 6 Remeiros, i Patrão, e,
yv Artilheiros , e durante a noite atacar com Harpóés os,
Navios,, disparando-os na distancia de 40 Pés; segunda
aseu planp, oHarpão logo que se dispara parte, c o aunei
correndo pela haste leva a corda e Tremelga , e fazen-.
do saltar fora huma cavilha , que suspende o movimento
do systema horário, este principia a marchar, e a Tre-.
meiga assim se a próxima ao Navio, e lhe occasiona aexr
plosão. *
Este pensamento tem assaz grandes inconvenientes
na Pratica, osquaes Montegery energicamente desenvol-.
vê, e reforça com factos Históricos. Passemos agora a ex
por ojuizo , que elk forma das três espécies de Tremelgas ,
qjue designa por Tremelgás de Ancora e Alavanca ,
melgas de Linha de Juncção , e Tremelgas de
ARTIBBAKIA NAV*I;
Ç 366. i.° A.S Tremelgás de Âncora ou Alewankat
gue Mr. Fulton pertende estabelecer para a defesa dos
Portos , ainda que se submettão a todos os melhoramen
tos, de que são susceptíveis, precisão além disso, que não
tenha cada huma a sua amarração particular; mas que se
forme delias hura systema , o que se consegue unindo re
ciprocamente hum n.° de Treme/gás entre si por meio
de cordas , e situando nos extremos desta cadca de Tre-
welgas ou Minas fluctuantes dous cabos com as suas
ancoras , determinando por marcas tomadas para a ter
ra a sua posição relativa. As cordas que tazem a prisão
entre T remeiga eTremelga se deverão subcarregar com
pezos de Chumbo, para o seio seconservai' sempre infe
rior á Ireme/ga, o que evitará embaraçarem-se com aí
alavancas; além disso dará ao systema alguma elasticida
de ; circunstancias , que serão vantajosas para conservar
o systema mergulhado quasi sempre a mesma quantidade
de Pez, que forao calculados, especialmente durante as
aguas mortas.
§ 367. Estes systemas de Minas se podem multipli
car conforme as circunstancias, e mesmo deixar desemba
raçado hum canal , bem reconhecido com marcas beitf
distinctas para a entrada dos Navios amigos ou Nacio-
naes , ten'do prevenção na mudança de local afim de evi
tar que o inimigo tome delle conhecimento.
A mais arriscada manobra consiste em fundear, e
suspender o systema , porque a disposição de subcarregar"
as cordas com pezos de Chumbo não será bastante para'
nos segurar que nesta manobra as amarrações já «riais to-'
carão nas alavancas de que infelizmente resultaria explo
são; por isso julgo seria muito vantajoso, que a esta ala-'
vanca se adaptasse hum systema de molas, que tivesse
communkação com huma bóia, e que por eíle se podesse'
suspender a acção das alavancas por algum tempo deter-'
minado.
§ 368. As Tremeigás de Linha de Juvcção podem'
ser vantajosamente empregadas, temlo duas etub.trca jões.
THEOUICO-PRATIO» '
cadi hurtn com sua Tremelga desta espécie; porque t."
fa/en-se separar, quanto permitta a linha de juncção,
cujo comprimeiiro seri se.npre menor que o dobro do Na
vio ataca Io; depois adiantando-se pela Proa delleoraet-
terío na m:io, e bufando as Tremelgas ao mar, logo
que i IJnlu de Juncçáo tiver encontrado o Navio; por
meio das cordas, que estão amarradas ás outras extremi
dades das Tremelgas , se puchao estas para debaixo do
costado do Navio , e a explosão terá lugar logo que as
Tremelgas encontrem o casco , sendo para este fim me
lhor, que sejão de alavanca.
Para que a explosão não prejudique as embarcações ,
se regulará a Pólvora de maneira que metta a pique o Na
vio sem o fazer saltar x e além disto deve acorda ter bas
tante filarac.
§ 369. Hum só Navio poderia intentar raetter a pi-
3ue outro , conduzindo comsigo muitas Treme/gás liga-,
as entre si por meio de cordas conservando hura deter
minado espaço, e tendo dado ás mesmas Tremelgas nu
ma figura , que offerecesse menor resistência á agua em
que ellas se movem mergulhadas, sendo assim a i.» Tre*
meiga rebocada pelo Navio, a i.A pela i.», e assim por
diante^ só resta, que se rodeie o Navio atacado, e em
jjccasiâo conveniente se lhe largue sobre a Proa esta ca-
dêa de Tremelgas.
Dous Navios, ouduas embarcações caçadas por for
ças superiores podem também defender-se lançando aã
mar algumas cadêas de TremeLgas , de maneira porêoi
que o inimigo não perceba , porque então as evitará.
Também se podem collocar de noite na embocadu
ra de hum Rio inimigo ou Porto , guarnecidas as extre
midades com duas ancoras; torna porém Montegery are-
çoramer_d,.r as molas para demorar o effeito das alavan
cas por iium detenninado tempo.
„ '§ 37°- t&s"lremelgas de Harpão tem o grande de
feito ae avisarem com o tiro do Pedreiro ao inimigo a e
a guarnição de prevenção.
í. - « ». , - J
Por isso Mr. Fulton lembra as embarcações inven
tadas p< r Mr. Greathead empregadas ha annos em dar
soccorrõ aos Navios naufragados ; estas embarcações, a
que celn/rlezescliamão Life-boats , são muito curtas ; por
isso conviria sem augmentar sua largura, que he sufficien-
te, augmentar o seu comprirrento de sorte que podesse
admittir 14 remos ; a Poppa e Proa destas embarcações são
iguaes, e o leme he supprido por hum remo; esra circun
stancia lhes dá a vantagem de tornarem todas as direcções
sem virarem de bordo; porém para serem empregadas
neste serviço se devem coroar Poppa e Proa de hum estra
do elevado, e susceptível dereceber o Pedreiro, Tremei-
f a , Carretel , Harpão , e sua competente linha , tudo
esempachado , e aliaz ficar huma abertura , por onde
passe o remo que faz a. funccão de leme ; assim podem
admittir-se em cada embarcação duas Treme/gás com o
seu respectivo aparelho.
Ultimamente avaliando os riscos, a que ordinaria
mente estão sujeitos estes artifícios, estou persuadido
que^se tiraria maior vantagem de armar grandes Embar
cações de vapor [yojjcom grossos Obuzes, e Morteiros,
cujos projecteis, se são empregados proximamente á li
nha de agua x fazem quasi o mesmo effèito das Tremei-
gás , e cahindo dentro occasionão primeiro o estrago do
choque de huma baila , e depois , arrebentando , seus es
tilhaços fazem espantosas ruínas.
Ultimamente acaba concluindo, que estas Maqui
nas tem. vantagem , porém em certas e determinadas
circunstancias; que sendo antiquíssima a sua invenção,
poucas vezes se tem empregado na guerra ; eque são suv-
ceptiveis de grande melhoramento; e em consequência
que-est-e systema he secundário em as guerras navaes, as
sim como as t,linas em as guerras de cerco, e defesa de
rracas.
!»*« CoMtfciíDio THEOMCO-PRATICO

A P P E N D I X II.
DOS EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE ARTILHARIA.

s E c q à o i.
Do exercido de Peça.

§ J7i. VV S exercícios Práticos a bordo dos Na»


«ios são constanremente feitos com Soldados e Maruja.
O numero dos homens empregados no Serviço de
cada Bocca de fogo depende da sua differente manobjra ,
C em consequência trataremos particularmente
J.° dos exercidos de Peça
2i8 ^e Caronada com -vergueiro fixo
3»° de Morteiro.
§ 372. O exercício de Peca quanto ao n. ° de Serven
tes empregados no seu manejo depende do seu Calibre ; e
por isso classificaremos quatro diferentes guarnições :
I." Para ai Pegai de ~ jó — que se compara de = 14 - Homens
a.' = 34 a 1 8 = dito - - = i a ^ ditei
j.* • — r 12 a 9 - dito r 10= aittt
4.» = 6a i zz dito = 8= dito*
<S 373. Quanto á distribuição do serviço temos
i.° da Direita '1
*.*da Esquerda\ Soldad _....,. 4
3. da Esquerda (
L't>efe de Peca J
Porta-cartuxo 1
ferventes / " " " " ------ J»
. "fefi TA»TILKA*U RATA& ^ £8$
fia i.1' guarnição se omittem os 4.°» Serventes
Na 3." dita se omittem os 3.°* e 4.°* Serventes
Na 4." dita se omittem os 4,°' 3.°' e 2.°' Serventes.

§ 374. Primeira formatura para nomeação de Postos.


>
Vanguarda.
s m m m m m s
C. u. f- 4- ES I. l.«
Esquerda. Direita.
m m m m s m /
V- u. P- 4-
wn
Rectaguarda*
I. i.»

NB. As letras j» e^-rpor cima dos quadrados in-


dicão se he marujo ou soldado, as que estão dentro indi-
cão os lugares , que lhes pertencem segundo a nomeação
dos Postos, a i.a fileira occupa os Serventes da direita,
e a 2.a fileira os Serventes da esquerda.
§ 375". Querendo trocar os lados para reduzir á for
matura de Parada temos as vozes :

= Segunda fileira trocar lados =


= A* atreita —
= Contra-marcha â direita =
=3 Marcha =.

Quando se fizerem exercícios em terra com Solda


dos somente , faz-se a nomeação por alturas , e-d«vem mu
dar-se os Postos , a fim de que todos fiquem lejuaímente
exercitados em todos os empregos*, porém a bordo, on
de, como já disse , se empregão sempre Soldados e Ma
ruja , os Serventes tem constantem«ate->o<ntóímo.'(íie6tl|o.
§ yj(>. Se pelo Calibre da Peça for adoptada a I.*
guarnição , teremos

-
Formatura em combate»

*'" m ''"
\^f
z. m
E
Esquerda. Direita»
m

cr.

P.

Formatura em Parada.
m m m m m m
C \u. i. i.»
0 l± l± l" El
••B i.
s m s m m m m
• S 377« Se adoptarmos a a.a guarnição , teremos
BE ARTILHARIA
Formatura em combate.
a. l.1

i. I. s
2. 1. m.
Esquerda, s 3- 3- m Direita*
n
(
m f- P- m
u.
4P. \- n

Formatura em Parada,
s mm m m >. s
C. u. 2. X.

m m m m
2.» 3- U.

§ 378. Se adoptarmos a 3." guarnição teremos:


Formatura em combate»
I.1
I. I.
m 2. 2.
Esquerda. Direita*
s m
C í: l
m
1-1 J S m
COMPÊNDIO THEORICO-PRAUCO

Formatura em Parada,
s m m m s
r.
GD 0 E I±I
m m
i.1 i. ^. u.

§ 379. Se adoptarmos a 4.» guarnição temos :


formatura em combate*
2.* l.«

"Esajuerâa. m [/Tl m Direita.

• 'El

Formatura em Parada,
s m m s
i. i.»
trc ARTILHARIA
§ 380. Ao toque para exercício em Parada, os Ser
ventes nomeados para as Peças vem buscar o seu lugafr
em formatura de Parada ; porém se for para combate , en
tão entrarão logo em formatura de combate, levando
comsigo os petrechos necessários para guarnecer a Peça,
e pela seguinte ordem :
O i.° da direita leva Lanada e Soquett
O i.° da esquerda o Guarda-MurraO
O 1° da direita o Espeque
O z,° da esquerda o Pé de Cabra
O 3.° da esquerda a Trança , que leva á tina dos raur*
rões para se accender
O ultimo da direita leva a Retenida
O Porta-Cartuxo le-va o Guarda-Cartvxo fornecido
O Chefe de Peça leva o Polvorinho , Caixa de Esfole*
tas , Dedeira de couro , e bum molho de Tacos.
§ 381. O Chefe de Peça deve, para examinar se td-
dos os Serventes estão nos seus devidos lugares , e mes
mo saber cada hum os seus empregos , fazer a sua nomea
ção, que será relativa á guarnição. Se por ex. for em
pregada a i.» guarnição , fará primeiro a nomeação dos
Postos da maneira seguinte :
1.°, 2.°, 3.°, 4.°, penúltimo , e ultimo , Servehtes da direita
1.°, 2.°, 3.°, 4.°, penúltimo, e ultimo, Serventes da esquerda
Porta-Cartuxo
Chefe de Peça.
Depois seguirá a seguinte nomeação de empregos :
x.° da direita Carregador
i.* da esquerda 2." Carregador
2.° da direita Espeque
a.° da esquerda Pé de Cabra dá Baila e Taci»
3.° da esquerda Bota-fogo
a.° e penúltimo da direita Lanada e Soquete.
Gg 2
COMPENDIO THEORICO-PRATICO .
-Os pevultimos desbollnao
•Os ultimas colhem as Talhas
• l." e ultimo da direita servem a Retenida.
./
§ 382. A Bateria deve ser dividida em duas meia»
Baterias , Direita e Esquerda; deve também dividir-
se em Brigadas i.*,, 2.',, 3.* e ultimamente em i.a«ea.»»
Peças principiando sempre a nomeação pela Proa.,
§ 383. Signaes de Caixa :

Hum grande rufo ---- Exercido em Parada


•Chamada - ------- Toque a Postos em combate
Hum rufo ----- --- Cessar o fogo ou exercido
Duas pancadas ----- Nomear Postos
Huma pancada ----- Igualar os tempos do exer-
T cicio sem -vos,
Duas pancadas dobradas Desatracar a Artilharia
O mesmo -------- Atracar em meias voltas
••O mesmo e hum rufo — Atracar em peito de morte
Marcha dohrada ---- Desguarnecer a Artilharia
•Dous golpes de rebate - - Principiar o fogo do com
bate
Dotts golpes de faxina - - Fogo ã -vontade
Hum rebate , e toque de •

ch.i — --------- Passar de Bordo


Hum rufo e hum a panca
da ---------- Enconteirar a direita
Hum rufo e duaspancadas Enconteirar â esquerda,
Hum rufo e três pancadas Fogo recto
Dous rufos e huma panca
da __________ A desarvorar •
Dous rufos e duas panca
das ------ ---- Ao Convés inimigo
Dous rvfos e trêspancadas Metter a pique
Chamada alternada com .
rufos **'>• -•'«• «•«*•<* •»•."*• 'Acudir á abordagem
J
DE ARTILHARIA NAVAL.
O mesmo signal Voltar a seus postos , ou
guarnecer outra vez as
Peças
O toque de rebate alterna
do com rufos Exercido de combate.

Vozes para o exercido com signal de


Caixa, ou sem elle.
§ 384. Toque para exercício de parada , e logo de
pois se dará a voz :

-i.» = Sentido. —
A esta voz deverão todos estar com attenção e si
lencio.
NB. Como as Peças, logo que os Navios de guer
ra sahem dos Portos , se devem considerar carregadas, he
-nessa hypothese que se principia o exercício.

§ 385-. 2.» = A seus Postos d direita,


á esquerda. —
A esta voz a fileira da vanguarda anda á direita , e
a da rectaguarda á esquerda.
§ 386. 3.a r= Marcha. —

A esta voz todos correra aos seus lugares; os da i.»


fileira toraão o lado direito da Peca, e os da ^.* o es
querdo, e voltados para a Peça olhao todos para a amu
rada e perfilao-se : o Chefe de Peça , e o Porta-CartuXo ,
que são os últimos das fileiras, logo que chegão a perfi
lar-se hombro a hombro, estando em linha com a Peca>
o Porta-Cartuxo anda á esquerda , e fica marchando ivo
terreno e o Chefe dç Peca anda também á ç$
150 COMPENDIO THEORICO-PRATICO
mierda , e marcha a postar-se palmo e meio afastado do
Olhai do Suppleraento, e todos esperão a voz —a/to.=
§ 387. 4.» = O Chefe de Peçafaz a no
meação dos Postos. —
O Chefe de Peça dá luim passo á rectaguarda , e to
dos os Serventes olhâo para elle, e feita a nomeação par
ticular avança ao seu lugar , e todos tcrnão a olhar para
a amurada.
\
§ 388. y." = Desatracar a Artilharia, :n
A esta voz o i.° Carregador tíra« Tapa , e retira-se ;
os 2.°» Serventes põem no chão entre as fileiras e as ro
das, livre do trilho delias, o Pé de Ca'orã e Fsp^ .e, ten
do cuidado em voltar tanto as unhas do Pé de Cabra , co
mo o grosso do Espeque para z Mediania. Logo os 2.oi
e 3.°' Serventes desmordem os chicotes das Talhas, e
desfazem as rondaduras; e junto com os i.os tirão as Ta
lhas dos gatos da amurada, e do Cascavel da Peça; de
pois os mesmos 2.os tirão os botões do Vergueiro, e os
guardao ; os penúltimos desbolinSo as Talhas, e depois de
feitos os Pandeiros , os passao aos i.ri, que os põem no
chão junto á amurada; os últimos colhem as Talhas, e
vão pôr a Retenida prorapta ; oClrefe de Peça , logo que
se tirão os botões do Vergueiro, pucha o seio delle, e o
dobra sobre a Peça , e depois dá meia volta com a Talha
da direita , desamarra a pranchada , e amarra a gacheta.

6.* = Escorvar ~
§ 389. A esta voz oChefe de Peça pega na prancha
da, e a põe sobre o i.° Reforço, e com a mão direita
pega no Diamante , e ao mesmo tempo corn a esquerda
tira a Escravelha , e a guarda ; depois fura o Cartuxo , e
xeconhece na costa da mão esquerda , e enfiando o annel
' DE ARTILHAKJA NATAL.
•fio Diamante no dedo mínimo da mão direita pega com
a esquerda no Polvorinho, e o traz á frente, e abrindo
a mola com o dedo polegar da mão direita bota a Pól
vora no Ouvido da Peça , e tendo-o cheio faz na Faxa
alta da Culatra hum rastilho, enclla moe a Pólvora, de
pois larga o Polvorinho, e pegando na pranchada cobre
a escorva , e repõe o Diamante no seu lugar.
NB, Quando se usa de Espoletas, se pratica tudo,
como acabamos de ensinar até enfiar no dedo o annel do
Diamante, depois com a mão esquerda abre a Cartuchei-
ra , e cora a direita tira a Espoleta , e rapidamente fecha
a Cartuxeira , e passando ocanudinho para a mão esquer
da , com a direita tira a encoifadura do boquim t e Iogt>
a Espoleta , que introduz no Ouvido da Peça até encos
tar o boquim, e cora a Pólvora moída que contêm o Ca
nudinho faz o rastilho.

7.» = Abaixar as pontarias. =:


§ 390. O Chefe de Peça tira a meia volta da Ta
lha , e com a mão esquerda lhe pega por cima do casca
vel da Peça , e abaixando-se por detraz da mesma , cur
va a perna esquerda encostando o corpo sobre ella , e fican
do-lhe o cotovelo esquerdo pela parte de dentro da co
cha da perna , e extendendo a perna direita para o lado
direito, lhe ficará a mão desembaraçada para ossignaes,
que deve fazer; os i." Serventes pegão nas Talhas com
ambas as mãos para segurarem a Peça , e da-rem folga
ou alar, quando se fizerem as pontarias. -Os z.°» Serventes
pegão no Pé de Cabra e Espeque, e os fazem descançar
nas mangas dos eixos trazeiros, ficando voltados para a
Mediania com as mãos nos extremos, e as palmas para
cima, olhando sempre para os signaes, que fizer o Che
fe de Peça. O que dá fogo anda á direita , e vai buscar
a trança , e Jogo volta ao seu lugar ficando com a frente
fará a amurada , e hum ^ouco suais para a sua
CoMPEHPtO TíIEORICO-PR ATIÇO
' ' •

8.a — Apontar. =

§ 391. A esta voz o Chefe de Peça fecha o olho es


querdo, e com o direito faz a pontaria, tirando o raio
visual pela Linha de mira natural , ru artificial , e hum
3." ponto, que he o alvo, e fr/cndo com a mão direita
os signaes aos Serventes de adricar ou abaixar para lhe
dar a elevação conveniente, ou de enconteirar para lhe
dar direcção lateral.

§ 391. Nós já diremos § 283 , 286, que as pontarias


na direcção vertical erão [7?]:

i." Por elevação , ou por cima do Horizonte


2." Horizofttaes
3." Mergulhantes , ou por baixo do Horizonte.

O que o Artilheiro conseguia empregando o Chapuz e


Palrpetas.
E que em direcção lateral ou horizontal se redu-
zião semelhantemente a outras três :
j.a Obliqua â direita
2." Recta ou perpendicular â amurada
3." Obliqua á esquerda.
O que o Artilheiro obtinha enconteirando a Carreta con
venientemente.
Esta parte sendo a mais interessante da sciencia pra
tica do Artilheiro merece, que sobre ella se facão algu
mas considerações.
i.a As differentes elevações dependem das distancias
em que a Bateria se acha do alvo; logo he de absoluta
necessidade , que os Artilheiros se habituem á sua avalia
ção; porém o methodo, que parece mais simples, se ré- ,
duz a observar se esta distancia será. maior, igual, ou
' DE A*TILH/*IA
taenor que aquella , que correspcr-de ao alcance das Pe
ças daquelle Calibre, fazendo as penarias segundo z Li
nha de Mira natural, e assim firmar a pontaria por
elevação , horizontal , eu mergulhante.
Ora segundo as experiências feitas em Franca ern
1824 os alcances das Peças marítimas pela LMa dcMi-
ra natural se acharão ser:
Nas Peças de 36''*- 325- T- proximamente $ainarras?
unas - - oe 24 - 3^u - - - -
JJífffS Jp ,O
— — oe io TnR 3f
T) m f a r
dJlias — - ae 1 2 - 275 J,4
"Dita r -. A* 9 - 250 - - - - 2í
*3
T)i ta c - Af A 245
l
71»'t/l T -'A* A

Por tanto excedendo estas distancias, terão lugar os tiros


por elevação ; tendo-as , os horizontaes j e sendo meno
res, os mergulhantes [71].
2.» Considerando, que o Navio está constantemente
sujeito á undulação das aguas, que raras vezes deixa de
lhe occasionar hum considerável movimento de Bombor
do a Estibordo ; e que se o Artilheiro tiver a sua Peça
horizontal, poderá alternativamente obter , sem recurso
á manobra, pontarias ora mergulhantes, ora por eleva
ção, e assim aproveitar hum momento favorável á dis
tancia que arbitrar ao alvo, a fim de lhe fazer fogo con
venientemente j recommendamos toda a diligencia em
conservar sempre a Bccca de fogo em posição horizon-
, íaj , reservando o que temos dito para aquelles casos, em
•que não tiver lugar a referida undulação das i\guas, ou
for pouco sensível.
Notaremos, que os tiros mergulhantes sedevem re-
jmtar perdidos [72] todas as vezes , que o angulo de pro
jecção he tal, que não admitte a possiblidade de formar
recoxete, ou que a superfície cio mar, pela sua demasia-
<la agitação, se tornou incapaz decdla reflectirem os Pró-
HJ»
jecreis , e por isso segundo as Ordenanças de França d*
1808 , 1811 , e 181? para os exercícios marítimos , se re-t
commenda ao Artilheiro, que para segurar o seu tiro es*
colha sempre a occasião , em que o balanço lhe íòrae.^
hura tiro horizontal ou com pouca elevação; porque nes
te ultimo caao , quando o projéctil não encontre ocaso>4
sempre se empregará no aparelho do Navio inimigo.
}.a Deve o Artilheiro aproveitar as orçadas, e arri
badas , e quanto lhe for possível evitar os tiros muito
oblíquos, porque «lies daranifkão e fatigão as Carretas, e
amuradas , e incommodão as Guarnições.
4.» Porém «e por qualquer motivo for indispensável
fazer as pontarias por baixo , ou por cima do Horizonte ,
então os Serventes, que estão- encarregados do Pé de Ca
bra e Espeque , ao signal de adriçar e conteirar a Peça ,
metterão o Espeque e Pé de Cabra por baixo do 2.° Re
forço da Peça , e ao mesmo tempo o 4.° Servente da es
querda , e o 3.° da direita voltão para a amurada , e vão
ajudar os dous 2.°', e ao signal do Chefe seretirao a seus
Postos.
Na 4.» guarnição emprcgão-se somente os 3.°' Seiv
Tentes para adriçar , e conxeirar.

9.» = Firmar as pontariaf , e dar fogo. =:


§ 393. A esta voz o Chefe de Peça faz signal com a
mão direita para se retirarem os Serventes , os Servente»
tio Pé de Cabra e Espeque vão aos seus lugares , e ficão
rom elles perfilados sobre o lado direito, os 3.°» Serven
tes Jargão as Talhas, e perfil ão-se ; o que dá fogo assopra
t> murrão, « anda á direita, depois -curvando a perna di
reita fica prompto a dar fogo.
O mesmo Chefe de Peça pega com a mão direita
Tia gacntta da Pranchada , levanta-a , e com a esquerda
alarga a Talha, e vira sobre a esquerda levando comsigO
a Pranchada , e dá a voz de =. fogo. —
.Tudo isto se deve fazer com a maior rapidez de só»»
\ •
*fc, que não medeie tempo entre a voz fogo e sua execu
ção. O 3.° Servente dá fogo.
Ad-vertencit»
', • ' ' ' '

§ 394. He regra geral que , logo que a Peça dispara ,


•em mais voz o 3.° Servente vai pôr a Trança na tina , e
vem ao seu lugar; o ultimo da direita engata aRerenida.
e fica segurando hella pelo chicote ; o Porta-Cartuxo da
hum passo no mesmo alinhamento á esquerda ; o Chefe
de Peça põe a Pranchada sobre o Ou vido, e abaixando-se
pega na Palmeta ; os a.0! Serventes com o Pé de Cabra
e Espeque vem adriçar a Peça junto com 04.° e 3.°, pon»
do-a por cima do Horizonte , vão todos a seus Postos , 4
esperao a voz,
io.« — Retirar àa Bateria. =2
• " " *

§ 395-. A esta voz o Chefe de Peça tira a meia vol*


ta , e subindo sobre as oonteiras pucna pelo Vergueiro
para desembaraçar as rodas e arganeos das Falcas ; oè
2.°» Serventes ajudão com os Pés de Cabra e Espeques
adiante das rodas "dianteira s ; os mais Serventes de ambos
os lados voltão sobre a Mediania , e vem pegar na Reter
tiida , é esperãõ a voí. • '
í i.» í= Alá. ±í
§ 30^. A esta vos todos alão é puchao a Peça
'ta fora da Bateria.

Logo que o Cfctfc de Peça vê q\ie ella está dentro;


dá a voz — alto - e a esta voz tcdos vão a seus pos
tos; os i.*»» Sçrvtiitcs passão as Talhas pelas frentes da*
fileiras j os penúltimos as põem junto ás rodas trazeirasj
llll 2
THEORrCO-PftATICà
o.Chefe de Peça descendo-se das Contei rãs dá meia vof*
ta com a Talha da direita , p6e a Pranchada sobre o i.*
Reforço , tira o Diamante , e fica perfilado ao lado direi
to ; o ultimo da direita dá hum cote na Retenida , e ré-
tin-se; e o Porta-Cartuxo vem ao seu lugar; os 2.°» Ser-
veates põem o Pé de Obra de encontro , e a diante das
rodas dianteiras , c o Espeque atraz das rodas trazeiras»

12.» = Carregar. =:
§ J97. A esta voz o Chefe de Peça mette o Diaman
te no Ouvido para ver se está desembaraçado, e tendo
calçado a Dedeira de couro o tapa com o dedo. O i.° e
a.° Carregador passao as pernas por cima das Talhas;,
isto he , o da direita a perna direita , e a esquerda o da es
querda, ficando ambos com as costas para a amurada. O
a.° e o penúltimo da direita dão hura passo á rectaguar-
da , e abairando-se pegão na Lanada , e vão com ella dês-
rançar sobre o Munhão da direita , e retirao-se.
, O i.° Carregador fica pegando na Lanada com %
mão direita > e com a palma para baixo.
i •
13.» = Limpar a Peça. =
§ 398. A esta voz o r.° Carregador mette a Lanada
até ao fira da alma da Peça , e movendo-a circularmente
duas ou três vezes a retira , e sacode na parte inferior da
Jóia , e dá ao 2.° e penúltimo Servente , que a repõe em.
£€u lugar, e lhe traz oSoquete v o i." Carregador lhe pe
ga, e fica em posição com a. massa do Soquete por baixo
do Boccal da Peça; o Porta-Cartuxo marcha, e vai pos
tar-se ao lado do 2.° Carregador com a frente para a amu
rada, prorapto para lhe dir o Cartuxo na occasião em
que se retira a Lanada, e vem a sea Posto comelle; o
.3.° Carregador pega no Cartuxo , e o mette na Peça com
o atado para fora, e põe a mão esquerda na Boçca da
Peca.
; * .1
fcB AUTILHAKIA NAVAÍÍ "
' O 2.° Servente da esquerda , logo que se mette ò
Cartuxo, dá meia volta á direita, e vai buscar a Baila
e Taco, e vem postar-se no lugar em que estava o Porta-
Cartuxo.
14.* = Unir Cartuxo. =
§ $99. A esta voz o i.c Carregador une o Cartuxo com
duas pancadas, e não retira o Soquete, até que o Che«
fé de Peça lhe designai de que chegou: o Chefe de Peça,
logo que está unido o Cartuxo, o fura e reconhece na cos
ta da mSo esquerda , e diz = chegou rr ; logo põe a
Pranchada em o seu lugar, e depois o Diamante; o i.*
Carregador tira o Soquete , e fica na mesma posição en»
que estava antes de o naetter na Peça. O 2." Servente d*
«squerda entrega Baila e Taco ao 2.° Carregador , e vol
ta ao seu Posto. O 2.° Carregador , logo que sahe o Só*
quete, mette Baila e Taco na Peça a ética com a mão es
querda na bocca.

ij.a == Calcar Balta f Taco* =


§ 400. A esta voz o i.° Carregador mette o Soque»-
te dentro da Peça , e faz unir a Baila e Taco ao Cartu»
jo dando-lhe três pancadas , e retirando o Soquete oen-
trega aos Serventes , que o repõem no chão , e todos voL-
tão a seus. Postos. i

16." — Metter em Bateria. =


* . « « " '

§ 401. A esta voz o Chefe de Peça tira a meia vol


ta daTaHja, e sobinda sobre as Gonteiras pucha pelo Ver
gueiro , para não se embaraçar nas rodas e arganeos das
Faleas; os *.<•* Serventes vem com o Espeque e Pé de
.Cabra ajudar as Conteiras ficando com as frentes hunfc
paia o outro.} Q ultimo da direita tira. o sote á Retenid*»
CoMfEHDlfl
ca vá! aguentando pelo chicote ; o Porta-CartUXb <Jà
kum passo no mesmo alinhamento à esquerda.
09 atais Serventes pegão nas Talhas , e csperaoa roz,

17.» =± AleU ~

<$ 40». A esta voz alio, até que a Peça embeice;


o Chefe de Peça , logo que a C irreta chega ao seu lugar,
dá a voa =: alt9 — , e botando o seio do Vergueiro pof
•ima da Peca, dá meia volta cora a Talha da direita. O
ultimo da direita desengata aRetenida , e a dobra, e vol*
ta ao seu Posto, assim como o Porta-Cartuxo. Os i.°» Ser*
rentes pftem o Pé de Cabra e Espeque no chão entre as
fileiras e as rodas, livre do seu trilho; os últimos colhem
«s Talhas , € as passão pelas frentes dds fileira* aos r.°» Ser*
•mentes, que as põem no chão e junto da amurada, e to
dos se períilão.
1 8.» = Atracar a Artilharia. —
§ 403. Se a atracação lie em peito de morte, osi.°«
Serventes passão as Talhas aos penúltimos , e estes sevol-
«ão cometias na mão para a Mediania ; os últimos voltão
jiara â amurada , e desfazem os Pandeiros , eosarranjád,
€ logo vão pôr a Retenida prompta.
Se a atracação lie em meias voltas, os últimos e
penúltimos fazem o mesmo, com a differença de em lu
gar de desfazerem os Pandeiros os concertarem e arranja
rem, se acaso estão desmanchados j e quando os últimos
vão apromptar a Retenida os penúltimos arranjão as Ta-
Jhas para as passarem aos i.°«, que as póem nas Vinhateiras.
{ O Chefe de Peça póe a Escrayelha e a Pranchada ,
C amarra a gacheta «iella, e junto co:n os 5.°» dá .volta
ao Vergueiro, ou o encruza, se he atracada em meias
voltas; os 2."» põem os botões no Vergueiro. Os inter-
as Taliias, « as rondao. O» J.0" passivo
fcE A»TfLHA*IA KATAÍ.
tfc Talliaí f rios g;no« da amurada ; o i.« Carregador
a Tapa, e vão todos a seus Postos.
i

ip.« =: Desguarnecer a Bateria. C3


Ç 404. A esra voz o Chefe de Peça dá meia volta J
direita , e marcha a receber o Guarda-Cartuxo para ohif
entregar ao Paiol; o Porta-Cartuxo leva o molho de Ta
cos, que trouxe o Chefe de Peça ; e todos os mais Ser
ventes repõem nos seus lugares a Palaiuenta que trouxe-
rao, e voltão a seus Postos.
.

ao.* = Formar a Rectaguarda. =•

Ç 405*. A esta voz o Porta-Cartuxo anda á direita >


e o Chefe de Peça dá meia volta á direita , e marcha a
çoetar-se hombro com hombro com oPorta-Carturo, fi
cando com as frentes opposta* , e esperando a voz — A
direita , d esquerda — e logo os Serventes da direita
andão á esquerda , e os da esquerda andao á direita -y e i
voz =: Marcha := a i." fileira basca a rectaguarda da
Chefe de Peça, e a 2." a rectaguarda do Port^-Cartuxo^
marchando até ficarem perfilados , e logo as duas fileira*
voltão para a Peça , e esperão a voz — alto. r^
%f£. Fazendo-se esta evolução com o «igual dê
•Caixa , «e faz era marcha , e esperão a voz ~ alto ~3
•pcrém sendo com signal de voz ou '«tn rebate , se faí
•correndo rapidamente, e vem formar-se na mesma posi
ção, e perfilando-se fazem alto sem voz, eo mesmo acoa*
tece quando vão a «eus Postos.

— Mudar os Postos. =sr


.
§ 406. A esra voz se faz em exercício a mudança dos
Postos pela seguinte ordem :
O i.° da esquerda passa a occupar o lugar do Chefe át
Peca
O Chefe de Peça o lugar do i.° da direita
O ultimo da direita pásxá ao lugar do Porta-Cartuxo
O Porta-Cartuxo vai occupar o lugar do ultimo da
esquerda
Qs mais Serventes de ambos os lados dão hum passe
no mesmo alinhamento â esquerda , e todos fieao mu
dados.

Vozes que pertencem ao Commanãante da Bateria,


§ 407. Depois de ter dado as i.a| cinco vozes até es
tar desatracada a Artilharia , dá o Commandante a voz :
,« ' = Sentido. =
Se o exercício de Artilharia he com voz , vai conti
nuando a mandar desde a 6.3 até á 17." voz do exercício,
« depois seguem :
• * •
= Formar a Rectaguarda =
^• — £ direita , d esquerda —
= Marcha. =.
Seoexercicio he sem voz, istohe, se empregamos signaes
de Caixa , então depois da voz =. Sentido — os Serven
tes a cada pancada de Caixa executão o mesmo , que se
faz com as vozes do Commandante no i.° exercício, ou
também se podem empregar signaes particulares § 383.
§ 408. Para as passagens de Bordo observaremos,
que nas Baterias do convés as Peças que se deixão , de
vem ficar atncidas em meias voltas; se forem da cober
ta , deve-se retirar a A r t ilharia , e dar-se-lhe meias volta»
as duas Talhas.
Por ordem se indica, se he preciso:
c~bB ARTILHARIA NÀVAI»- 'N
Servir á Bateria de BB
Dito ..... de EB
Dito ás duas Baterias.
Vozes.
•=. Bateria passar a BB ou EB =
=: i.»s ou i.™ Peças passar a BB ou EB =
= jf direita , â esquerda •=.
= Marcha =

Estas passagens se praticão , quando o inimigo apresenta


do de hum bordo por effeito de suas manobras se apre
senta pelo outro, ou quando dividhido suas forças nos
mette entre dous fogos. i
NB. Se a passagem se fizer em exercício <le para
da , se indica cora o toque de marcha.
Porém se he em combate, faz-se correndo, e ao
toque de chamada , nem tem a voz — alto. —
§ 409. Acabado o exercício ou o fogo , se dão as ro-
zes:
=. Desguarnecer a Bateria =
= Formar a Rectaguarda =
— Meia volta á direita =
=: Romper. =
§ 410. Quando rorêm depois do toque denominado
= a Postos — se reconhece ser inimigo , então, o Com»
mandante conforme as circunstancias procederá a mandar
fazer o fogo , que julgar conveniente £elas seguintes vo
zes:
= Sentide. —
= Servir a Artilharia em combate. =
. •
;= f«r i." eu a." fefas - - - Fogo ==
B4* COMPITOIO THBORWO-PR ATIÇO
= Por Brigadas - Fogo = -
= Por meias Brigadas - - - Fogo =s
= Bateria - Foge zs
= Servir a Artilharia em combate 4 vontade =3
= Por i." eu i.n Peças Fogo =
= Por Brigadas - - Fogo =
= Por meias Brigadas Fogo =
= Bateria — Fogo =.
Depois da voz = Fogo = a Caixa he que sempre dá o
signal § 383. A differença destes fogos consiste era que
o i.° he feito cora igualdade, e o a.° depende da agili
dade da Guarnição da Peça.
Acabado o fogo seguem-se as vozes :
í= Atracar a Artilharia =:
s= Desguarnecer a Bateria =. &c.
Ç 411. Advertipernos , que quando se foca a rebate
se devem trazer no Guarda-Cartuxo dous Cartuxos, por
que fechadas as escotilhas feão as Peças guarnecidas com
três tiros cada huma. t-
Tambera não deve peias gateiras sabir Pólvora al
guma , sem que principie o combate , pois pode aconte«»
cer que náo seja precisa.
f 4*1. Vozes seguidas :
l

AFTTES x>a COMBATI;


«

».* „ Sentido
*-l » A seus Postos , á direita , ã esquerfá
3-a „ Marcha , alto
4«, » O Chefe de Peça faz a nomeação dof Postos
j. „ Dêsatracar a Artilharia^
f »E ARTILHARWL NAffflU^ «43

* ' No COMBATE,

6.* „ Escorvar
7." „ Abaixar as pontarias
8." „ Apontar
9. „„
iO.a Firmar pontarias,
Retirar da Bateriadarfogo

12." „ Carregar
13.' „ Limpar a Peça
14." „ Unir Cartuxo
15-. a „ Ctf/fflr 5/Z///Z í
i6.a „ Metter em Bateria
lj.* „ Ala.
.- DEPOIS DO COMBATO,

i8.a „ Atracar a Artilharia


19." „ Desguarnecer a Bateria
ao.* „ Formar a Rectaguarda
»i. „ Marcha , yf//o j ou Afc/^ r*//tf á direita, Rempet.

s E c q Á o n.
Exercido de Caronadas com Vergueirofixo,

Uatro hoiôens são unicamente empregas


Q- dos na manobra das Caronadas de qual*»
quer Calibre, montadas a Vergueiro fixo-, e SMS. forma»
jura em combate he constan temente a seguinte:
COMPENDIO.

Esquerda.
.S. J|j Direita»
m ^PÍ1 ,—,
—l C

Os quaes se classificáo pelos seus empregos a saber :


T.° da direita Carregador
I.° íía esquerda Bota-fogo
-2° da esquerda Porta-Cartux»
Chefe de Peça ou Caronada.
§ 414. A divisão das Baterias lie a mesma indicada
no § 382, eossignaes de Caixa semelhantemente os mes
mos para as vozes e evoluções , que são applicaveis ao-
exercício desta arma § 383.
Observaremos rambem que devendo as Boccas de
fogo, que guarnecem hum Navio de guerra, conside
rar-se sempre carregadas , logo que sane para fora de
qualquer Porto, he debaixo desta hypothese que princi
pia o exercício.
O Chefe de Peça tem a liberdade , logo que está
em Bateria , de empregar o Porta-Cartuxo no serviço
que lhe for necessário.
Cada duas Gironadas devem ter huma Palmeta de
sobreselente para substituir o Parafuso de pontaria , caso
/alte dura«te o fogo; e hum Espeque e hum Pé de Ga-
Jra, para servir em qualquer incidente.
»'•
§ 415-, Logp que se toque á chamada, que indica
que deve a Guarnição do Navio correr a Postos emfor-
rn atura de combate, osPorta-Cartuxos vão aoPaiol bus
car os Guarda -Cartuxos- municiados com dons Cartuxos;.
o Chefe de Pe,a traz o Polvorinho, Caixa de Espoletas,
::
rr-fee' AtiTiLHAftu NAVAÍSÍ ~
Dedeira de couro , e molho de Tacos j o i.° da esquerda,
traz oGuarda-murrão e a Trança, que vai accender ati
ra dos nturróesi o l.° da direita leva a Lanada eSoque-
«*•
Lrgo que chega á Caronada o Chefe de Peça,.deve
examinar se tem todcs os petrechos necessários para o
combate, ernetter o Leme o\\ Alavanca de pontaria em
,o seu lugar , e examinar o estado tanto do Vergueiro co«
mo dos seus botões ; depois se seguem as toaes ;
• *í
. • • •:••••>
J

l.» = Sentido. —
.
• f 416. A esta voz o Chefe de Peça se perfila na ré*
ctaguarda da Caronada. e com a frente para ella , e o»
Serventes fazem frente para a Caronada, ealinhão-se pe
los dous i.0', olhando para o Chefe de Peça, com os
corpos direitos, braços pendentes, e conservando o maior
silencio.

2,» rr O Chefe de Peça faz a nomeaçã» dos Postas, =z

§ 417. A esta voz o Chefe de Peça faz a seguinte


oomeaçáto :
i.° da direita Carregador
i.° da esquerda Bota-fogo , e dá Baila e Taco
2.° da esquerda Porta-Cartuxo
Chefe de Peça.
.
3.* = Desa-tracar Artilharia. =
* - •

§ 418. A esta voz o i.° Carregador tira a Tapa da


Carooadar e retira-se i o Chefe de Peça desamarra a Pran-
Rhada^ e Amarra a gachçta, . l -j t !.ni,...c'; LU-. , - . u. MJ
COÍITEMDIO THEORICO-PRATICO
? • » *

4.» =s Estorvar, =
§ 419. O Chefe de Peça pega na Pranchada , e a pá«
tobre a i.° Reforço , e com a mão direita pega no Dia
mante, e com a esquerda tira a Eícravelha e guarda, e
depois fura o Cartuxo, e reconhece m mão esquerda; e
enfiando o annei do Diamante no dedo mínimo da mão
direita pega cot» a esquerda no Polvorinho, e trazen
do-o á frente lhe abre a mola com a mão direita , e es
corva a Caronada; e tendo cheio o Ouvido lhe faz hura
pequeno rastilho de Pólvora, que esmaga com o mesmo
Polvorinho, e depois torna a cobrir com a Pranchada.
.- NB. Empregando Espoletas se reduz a introduzir
t Espoleta , como temos ensinado § 389.
£.• = Abaixar as pontariaf , apontar. =

§ 410. A esta voz o Chefe de Peça se situa & direi


ta da Alavanca de pontaria , curva a perna esquerda , e in
clinando o corpo sobre ella estende a direita, epôe a ra5o
esquerda sobre a Faia alta da Culatra , e com a mão di
reita move a rosca de elevação; o Chefe de Peça rapida
mente passa por detraz da Alavanca , e os Serventes da
direita e esquerda se aproximão para dirigir a Carona
da conforme o signal do Chefe, que se inclina, e apon
ta mettendo no mesmo alinhamento o seu olho , as miras
da Culatra , e Bolada , e o alvo -, logo que se conclue, o
Chefe de Peça dá a voz = a seus Postos =. e o» Ser
ventes voltão aos seus Postos.
6".a = Firmar pontaria , fogo. =.

§ 421. O i.^Servente da esquerda pega com a mão


esquerda no murrão , e anda á direita , ficando assim prom-
pto paira, dar fogo; e logo que o Chefe de Peça tem ve
rificado a sua pontaria, e dá a voz =fogo=. o i.<>
«E AfcTlLHAMÂ
Vente , *ornando a assoprar a Trança a pie sobre o ras
tilho da escorva, e partindo o tiro, o Servente repóe a
Trança no Guarda-murrão , e torna ao seu lugar.

-
7.» = Limpar a Caronada. = .

§ 412. A esta voz o Chefe de Peça metíe oDiaman*


te no Ouvido para examinar se elle esti desembaraçado v
e depois tapa-o com o polegar da mão esquerda tendo>
calçado a Dedeira , e conserva-o assim até que a Carona*
da esteja carregada ; o Servente da direita corre rápida*
mente á Bolada da Caronada , e passa o corpo e a per
na direita por fora do BatenTe inferior e Soleira da por
tinhola , e sustenta o pé direito era hura cunho pregado
alli para esse fim , e o pé esquerdo fica apoiado dentro ; o
Servente da esquerda toma a Lanada , e a dá ao Serven
te da direita , que mcttcndo-a na Caronada lhe dá duas
ou três voltas circulares, e a retira , e entrega aoServea-t
lê da esquerda , que a vai arrumar nos Palanques da amu
rada ; o Chefe de Peca introduz outra vez o Diamante
no Ouvido para se segurar se a Caronada está limpa , e
o Ouvido desembaraçado , e torna a tapar o Ouvido coirj
o dedo.
-
8.a = Carregar* ~

. § 413. O Servente da esquerda se volta rapidamen


te para o Porta-Cartuxo , e recebe o Cartuxo , e o dá aã
Servente da direita, que o mette na Caronada com o ata
do para fóra ; e logo o Servente da esquerda toma x> So-
quete, e o passa ao Servente da direita, que extendendo
o braço direito em todo o seu comprimento, e pondo a
mat> esquerda sobre a Bolada , e eem o corpo hum pou
co inclinado para diante, está prompto a unir o Cartu
xo; neste mesmo tempo o Perta-Cartuxo vai buscar ou
tro Cartuxo.
x
£4$ COMPÊNDIO THEourco-ftuTíeo
. • • •• •..
9.» — Unir Cartaxo. =
§ 414. O Servente da direita une o Cartuxo ao fun
do da Caronada cora três pancadas; o Chefe de Peça tor
na a mettet o Diamante no Ouvido a fim dê ver se está*
unido o Cartuxo ; se estiver faz signal com a mão para
o Servente retirar o Soquete , o que rapidamente execu
ta , e passa ao Servente da esquerda , e pondo-o no Palan
que vai buscar Baila e Taco, e pondo-os sobre a Caro
nada os conduz comas mãos, até que o Ser vente da direi
ta lhe possa pegar.

io.» = Metter e calcar Baila e Taça. =


$ 415". A esta voz o Servente da direita metfe e cal
ca Baila e Taco com duas pancadas, e rapidamente tira
O Soquete , que entrega ao Servente da esquerda , e este vai
íepo-lo nos ralanques.
NB. Se o exercício continua , se repetem a 4." voa
C as seguintes ; se porém termina , temos as vozes :
H.* = Tapar as Caronadas , Desguarnecer. r=

§ 426. O Servente da direita mette a Tapa na Caro-
ftada; o Chefe de Peça mette no Ouvido a Escravelha,
e pega na Pranchada , e cobre o Ouvido e a amarra , e
depois vai tirar a Alavanca de pontaria , e a faz pôr no seu
Jugar , assim como os outros petrechos.

ia.» = A' direita , d esquerda , romper. =


§ 427. Os Serventes fazem quarto á direita , ou 4
esquerda conforme o lado , e o Chefe de Peça meia vol
ta , e ficao cora a frente para a Alediama ^ lego á voz do
CJiefe de Peça se desfaz a formatura , ou assim se cspç-
jra o signul de Caua para terminar o excrcicio*
r.x« ARTILHARIA NAVAL. 249
; NB. A ordem de fogo he idêntica á das Pejas.
.* . ,, .

SECÇÃO III.
. Exercido de Morteiro de Marinha.

Ç 428. -/~\ Ntes de tratarmos deste exercício no


taremos que por Palamenta do Morteiro devemos enten
der:
i j» Soquete com sua Lanada
4 »> Efpeques
i >» Pelles de Carneiro
" 3°g° d* agulh.is
» Caixa de Espoletas
>» Polvorinho
» Par de ganchos
»» Guarda-murrao , e Trança
»» Guarda-Cartuxo de folha ou sola X
>» Esquadro , ou Quadrante de metal
>» Cesto com i » Prumo
i >» Maço
i i « Tira-Espoletas
l » Faca flamenga
^ » Cunhas para dar elevação
•L •>•> Ditas pequenas para entalar a
Bomba na alma do Morteiro, quando for preciso, as
quaes devem ser de páo brando ou cortiça.
C* •'• • . ' r - . n ., -f
§ 429. As formaturas são duas, Parada eCombate.
O numero dos homens se reduz a quatro Serventes e
hum Bombeiro. t
formatura em Parada.

Esquerda.
JD ' GD* Direita,
m 1 2.1 j r. l m
Nesta Formatura o Bombeiro occupa a rectaguarda do
Morteiro , e na sua rectaguarda em duas filas se formão
os 4 Serventes , como se vê na figura.

Formatura
i •
em combate*
- .

S43a -"* n g, / ;__•


0» m U.

••
- ff •»... i i f
Ke?ta formatura o Bombeiro ocnipa a recfaguarcfa ao
Morteiro > o» K0» Serventes se perfilão no alidramínto
ida bocca , hum de cada lado , e es 2.«" Serteares nu alk-
Éhamento dos .Munhóes. .. . <, '.
§ 431. Para exercício, suppondo que a guarnição ao
respectivo toque se postou em Formatura deparada le-
lando u rcspeuiya FdLmenta , se seguem as voxcs :
r- M 'ArrnvAfttA NAVAK.
» r

i.» = Sentido. =
A esta voz devem todos esrar na forma com atteo»
çao e silencio esperando as vozes , que se seguem ;
a.« = A' segunda forma marcha. =
Ç 431. A eíta voz marchão todos a tomar a a»« for
ma, a fila da direita para a direita, e a da esquerda pá
ra a esquerda do Morteiro; e logo que chegão aosrespe-
ttivos lugares marcão a passo , o que também deve tet
feito o Bombeiro , até á voz — alto. —
3.» = Ali», Frente, =n
§ 433. A esta voz todos parao fazendo frente para
o Morteiro, e ficáo firmes, e perfilados com OB Espeques
no braço direito até á voz :

4.* ÍÊ Guarnecer é morteiro, rz


i
Ç 434* Todos os SeWériteS Jargão na coberta esE**
peques parallelamente ao leito do Morteiro cotn o groás*
J>ata a frente, ficando correspondendo O eXtrenao doEs^
|)eque do i." Servente ao meio do Espere do i.0} dfe->
pois o i.° dá direita vai buscar o Quadrante e o par d«
ganchos, e tudo deposita diante dó Morteiro; o I.° d*
esquerda vai buscar Lnnada e Soquete , que põe na recta*
fuarda dos Serventes da esquerda distante hum passo; o
.° Servente da esquerda traz a Trança já accesa dentro
doGuarda-rrmrrlo, eopòe á esquerda do Bombeiro qua
tro passos; O 2." Servente da direita vai buscar o Cesto
tforti o Prumo, Maço, Tira-espoletas , Cunhas sorteadas
para elevação do Morteiro, e algumas pequenas para en
talar a Bomba na alma do Morteiro, que serão, como
já dissemos , de madeira branda ou cortiça ; o Bombeiro
já triz corasigo Polvorinho, Caixa de Espoletas, Declei-
ra de couro , duas peites de Carneiro , hum masso de
rodellas de papel ou pano, que tudo póe ao lado esquer
do do Morteiro sobre o leito : e feito isto , ficâo 'firmes
e perfilados.
y.» =. Carregar. =
- § 435". A esta voz o t.° Servente da direita tira a
Tapa, e a póe ao seu lado direito na coberta, e depois
para adriçar o Morteiro perpendicularmente ao seu leito,
sobe o Bombeiro sobre o leito , lança a mão esquerda á
bocca , e a direita a huma das azas do Morteiro; eo t.*.
Servente da direita pega no seu Espeque, e o atravessa
por baixo do Morteiro para o i.° da esquerda , e os ou
tros dous Serventes lhe pegarão, e empregarão as suas
forças á voz do Bombeiro — adriça =; adriçado que
«eja o Morteiro, o Bombeiro desce do leito, e chegando-
se ao Olhai da esquerda pela rectaguarda tira a Prancha
da do Ouvido; depois com a esquerda tira aEscravelha,
e com a direita pega no Diamante, dcsencrava o Ouvi
do, e tapa ao depois com a Dedeira de couro, que tem
no polegar da mão esquerda ; o 2.° Servente da direita
•obe então ao leito junto á bocca ; o 2.° da esquerda traa
a Lanada, e a prolonga com o Morteiro; oi.° Servente
da direita pega na Lanada e fica com ella prolongada e
unida ao Morteiro; o 2.° da esquerda vai depois buscar
o Cartuxo de Pólvora, e se posta defronte doz.° Serven
te da direita para lho entrcgjr em tempo.
<• Os i.°s Serventes vão buscar a Bomba, levandocom-
sigo, o da esquerda hum par de ganchos, e o da direira
e seu Espeque , pegando-lhe pelo meio com a mão direi
ta horizontal i tK-nte vão pôr a Bomba diante do Mortei
ro^ onde a alimpo com imoia dus pelles de Carneiro, e
ficão espera uào pela voz*
r bE AUTILHAMA NAVA&

6.» — Limpar o Morteiro. —

§ 436. A esta voz o 2.° Servente da direita mette a


Lanada na alma e Caraera do Morteiro , e dá duas ou
três voltas circulares , e depois a sacode fora do boccal j
limpa que seja , a entrega ao 2.° Servente da esquerda ,
que lhe dá o Cartuxo , ou a medida com a Pólvora , e
logo pega na pelle de Carneiro para o 2.° da direita co
brir a bocca do Morteiro, logo que tiver despejado o
Cartuxo , ou medida na Camera.
O 2.° Servente da direita toma a Pólvora , que lhe
dá o 2.° da esquerda , despeja-a na Camera , e tapa a boc
ca da mesma com o Cartuxo, ou com huma rodella dê
papel a fim de unir, e sugeitar a Pólvora na Caraera.
O 2.° Servente da esquerda pega no Soquete , e o
prolonga pelo Morteiro; entre tanto os i.°» Servente»
aprornptão a Bomba para a metter dentro, tendo-lhe desen-
coifado a Espoleta , e passado para baixo da Bomba os
Estopins; o Bombeiro põe a Pranchada no Ouvido, e vai
ao seu Posto.
7.a = Unir Cartuxo. z=

§ 437. O 2.° Servente da direita tira a pelle de Cai*


neiro com que tapa a bocca do Morteiro, e a entrega ao
a." da esquerda, que lhe dá o Soquete para unir na Ca>
mera a rodella de papel ou panno, ou o mesmo Cartuxo
•á Pólvora , e depois entrega o Soquete ao mesmo 2.» da
esquerda, que lhe torna a dar a pelle de Carneiro para
íapar â bocca do Morteiro em quanto se não mette a tíoox-
ba. ' ,

8.» = Metter a Pomía. =


§ 438. A esta voz 02.° Servente da esquerda .,
ao luto do Morteiro, e junto com o 2.r da direipa i
THEOMCO-TRATICO
a Bomba até á bocca, e todos ajudão a mette-Ia dentro
da alma do Morteiro , com a Espoleta bem a meio ; e met-
tida que seja, se arrea o Morteiro até ao Chapuz do lei
to, e por nutii modo semelhante átjtrelle pdrque »e aári-
cou: depois do que todos vão » seus lugares na z.1 for»-
ma.
NB. Será preciso antes de arrear o Morteiro tapat
• Bomba por causa da Espoleta com huma dás rodella»
de panno ou papei , que trouxe o Bombeiro.
c t. • .
9.» == Metttr em Bateria, sz
i •' *

Ç 439. O Bombeiro íiwtfe a linha de mira do MoY*


teiro no plano vertical, em que está o objecto > que se
quer bater, ou em que sequer empregar aBorrha, usan-
<io do prumo , que lhe dará o 2.° Servente da direita , e
fera cora que o i.° ez.° Serrentes appliquem conTeniew-
temente os Espeques aos Tufos , ou Malaguetas , debaixo
dos signaes, que lhe deve fazer o Bombeiro para contei»
tar á direita , OU á esquerda.
io.a = Dar elevação. =
. -^

§ 440. A esta voz o i.° Servente da direita pega no


«eu Espeque, e o atravessa por baixo do Mort-Oiro pára
O r.° da esquerda , que também lhe pega , e os outros s*
spfoximao para os ajudar a adriça-lo ; entre tanto o
Bombeiro pega no Esquadro , e mette-o na bocca do Mor*-
«eiró para lhe dar o? gráos de elevação determinados pe
jo Commnndante , e logo que os mrirca, manda ao i.°
Servente metter a Cunha para sobre ella cfescdncar e Mor*
teiro , e depois todos correm aos seus Postos.
U.3 = Escorvar. —
§ 441. A esta roz oBombeiro se aproxima aoOlhal
da e^uenia pela rectaguarda do Aiofteiro, e uraml» h
c mr ARTILHARIA NATAL, . "s ff*
pranchada o escorva tendo enchido o Ouvido e Concha ;
o 2." Servente da esouerda vai buscar a Trança, e ap6e
prompta cm distancia competente, para atacar o fogo á
respectiva voz, e todos vão a seus Postos na i.1 formatu
ra. '.t
• .-
i z." — Fogo. =;
'( r*
§ 442. A esta voz immediatamente o a." da esquer
da chega a Trança , e logo que dnf:<ra , a mette no Guar-
da-iTíUrrão ; oFcmbeiro desde que dispara até quea Bom
ba cahe no terreno, observa se a Trajectória he descri-
pta no vertical da linha de mira , ou não; todos os Ser
ventes sem mais voz se vno postar, logo que dispara o
Morteiro, nos seus respectivos Postos na 2.-' formatura,
ficando firmes , e perfilados , promptos a executar a voz,
de carregar, se continuar o exercício; se porém terminar >
seguirão as vozes : .j
' - . ... í

13.* Dfsgxarxecer o MerttirtL =:


§ 44"1. A esta voz os Serventes vão rapidamwe r&-
pôr os petrechos, e Palamenta onde estavâo ajotes da voz
— Guarnecer o Morteiro = e se pcrEiao espejçapdo a
TOZ.
14.*,-*: jf i.» formatvff. =
f 444. A esta TCZ immediataoiente paai^o -ôveati {&£•
jurara , e «spetâo a voz.
t ...:.'..•--.••. . . , V .. .•-.->
15.* ~ Romper, se \. __ < ._ .; > »

§ 445".
44 Os Serventes e o Chefe de Paca conduzem a
ólvora , Polvorinho , e Caioca de Elípoktas . o -i^
a Xorança dcsfiuciulo asam A /cana»'! • „,-, (
THEOMCO-PRATICO
§ 446. Vozes seguidas :
:r= ANTES DO COMBATE. =
Vl ... ..«. .

x.« „ Sentido J
a." „ A* z.' formatura
3.* „ Alto frente
4.* „ Guarnecer o Morteiro.
•• •

— No COMBATE. = '>
l
y.« „ Carregar
6." „ Limpar
7.* „ CTiwr Cartuxo
,i 8.*
ç.a ,,„ Metter
Metter aemBomba
Bateria
i •- --IO.*-,, I>«r elevação
li.* „ Escorvar * •
iz.a „ Fogo: segue carregar e as mais vozes,

r= DEPOIS DO COMBATI. =:
-' ' 13.* „ Desguarnecer o Morteiro
s • 14.' „ A* i.» formatura
* . jy." „ Romper.
, • i
s E c q A o iv.
"fáudançar qve occasitnaria nos exercidos descriptoS
a admissão defechos nas Pecaf, e dasprovidencia^
que deverão dar-se aos incidentes , que na occasiao
do fogo o podem interromper. . t

A
- . § 447« •**• vantagem , que resulta do uso dos fe
chos, nas Peças, e Cartmadas, empregadas na Marinha,
NAVAL. *>
lie actualmente reconhecida por tcdas as Nações, e com
provada com repetidas experiências.
i Ora a razão mostra, que a bordo he indispensável
.aproveitar, para tirar vantagem do tiro, hum instante fa
vorável ; o que exige tão rápida passagem da ordem de
•_ f0go — & sua execução % que só poderá ter lugar sen
do a Artilharia guarnecida com fechos ; porque neste ca-
jgo o apontador dá também fogo. ;-.. . > •-.
§ 448. Os fechos que se em pregão na Artilharia são
semelhantes aos de fusil , com a diferença de ser substi
tuído o gatilho por hum cordão; a importância do bom
resultado deste aparelho exige que se empreguem todos
os meios de aperfeiçoar sua construcção, c reparar os de
feitos e obstáculos , que se encontrão no seu uso. •• , 3
Como huma das mais poderosas objecções consiste
na difficuldade de substituir huma pederneira nova a ou
tra , que na força do combate' se partio , ou de qualquer
maneira se inutilizou •, para evitar a interrupção do rfogo
por esta causa , Mr. Douglas inventou os fechos com dou»
Cães, cujo maquinismo he muito simples , e facilita quaor
to se pode desejar esta mudança. ;..•:':(» (
r Para a obter desanda-se a porca de orelhas , a fira
•<de suspender a peça que sustenta os dous Cães em hum
«ixo cylindrico situado verticalmente i o que conseguido
íedá á mesma peça hum movimento circular, até que fi
quem trocadas as pederneiras; depois desce este apare
lho, e se torna a atarraxar a porca de orelhas, e ncará
solidamente fixo; preparação, que se pode eíFectuar com
a maior rapidez.
- § 449. Se ti vermos huma Peça guarnecida de fechos,
<3 exercício em suas vozes e evoluções será o mesmo até
^o § 380, ao qual a ccrescen taremos, que o ultimo Serven
te da direita deverá ter hum pequeno panno com hum sa
quinho , que conterá as pederneiras de sobreselente ; este
panno serve para limpar os fechos do salitrado,
t. Por isso cada Bateria neste caso deve ter entre os
fiobreselemes dous fechos e algumas porcas d'ordhas^ no-
Ml
-faremos mais, que se osfedios não estão
nas Peças , enrão este mesmo Servente será obrigado a
'trazemos , quando vier para a forma , e o Chefe de Peça
"tapidaraente os parafusará , Jogo que chegue ao seu Posto.
"'" § 45^ Seraelhanteraertte accrescentareraos ao § 389 1
que depois dê atacar! ó- Outidd1 coto Boitora , oa imrodif.
íif o Estopim, ou Espoleta sem elle (como ultima meu»
te se pratica era Portugal ) era lugar de fazer o rastilho,
fce deve encher a caçoleta dos fechos.
• '§ 45 1 * No § 391 depois de ter o Chefe de Peça fei»
Ib-signal para se retirarem os Serventes, em quanto el-
les vão a seus Postos, dle retira a Pranchada, e arma
bs féchos; pegando depois com a mão direita no cordão,
e retirando o corpo do trilho das rodas ; no momento fa-
VÒravel dá hum pucháo secco , o Cão desfecha , e parte
tfrirp. - ^
Se por qualquer incidente erra fogo , então o Che
fe de Peça deve rapidamente verificar a sua pontaria,
ttoe 'achando-a conveniente dará a voz de —fogo — que
Bèprompto será executada pelo Servente Bota-fogo , que
Iheapplicará a Trança , como está dito no mesmo^§ 393.
Senão obstante ter ardido a escorva o tiro não par-
tfo, he então preciso deixar extinguir todo o fogo antes
dê ap^rotimar a Peça , e depois tapar cora o dedo o Ou^
Vido retimndo-Se sempre do trilho das rodas; depois O
Chefe de Peça , ou o Servente encarregado de trazer o
èanno se aproxima .ia Culatra, oi.° para desentupir cora
6 Diamante o Ouvido , escorvar, e armar os fechos; e o
2.° para os limpar: e depois se verifica a pontaria , e se
gue o prescripto para dar fogo. Outro methodo mais rá
pido" se pode empregir com a cautella necessária , e se
reduz a, iramediatamente que erra fogo, o Chefe dePe-
Ça tapar o Ouvido com a dedeira, e depois limpar edesemr
baracar o Ouvido , e continuar , como dissemos.
§ 45TZ. Accrescentaremos ao § 41?, 9ue ° 2>° ^er"
vente àn esquerda , deve trazer-o panno e saquinho com
as pederneiras de sobreselente.
f- t>E AUTILHAMA
O processo do § 419-116 o tnesmo até'escor.
a Caronada ^ porém depois de encher o Ouvido de
Pólvora , passa a encher a caçoleta , e arma os fechos.
§ 45-4. Depois de no § 421 ter firmado a pontaria,
em lugar de dar a voz — foge =, pega no cordão, è
dando hum puchão desfecha, e o tiro dispara.
NB. Se for preciso dar á Caronada huma eleva
ção superior áquella , que permitte o parafuso d« pon-.
taria , se tirará este, e em seu lugar se empregará hiwna
Palmeta.
• § 45?. Quanto ao expendido no § 421 somente ao»
Crescentaremos , que depois de limpa a Caronada, o Ser
vente da esquerda passa a limpar os fechos, e pp-los«ni
descanço depois vai ao seu Posto.
§ 456. Se huma Peça de grosso Calibre se desarraca
com os balanços, porque rebentarão na occasião do com
bate os arganeos da amurada, ou o Vergueiro, e Ta
lhas, se lhes lanya a diante do trilho hum sacco com
Tacos soltos (o que deve estar prevenido, havendo al
guns de sobreselente em cada Bateria), e quatro homens
com Pés de Cabra entalão á huraa as rodas, o que or
dinariamente fornece tempo stifficiente para lhe lança
rem Seios de Cabos de hum a outro bordo , que lhe que
brem a força do balanço. Era antiga providencia, que se
recommenda vá na occasião deste incidente , metter ma
chados ás rodas para as partir, o que meparece será qua-.
si sempre inexequível ; porque além da resistência , que
ellas pela sua extraordinária grossura , e tenacidade fibro
sa da madeira de que são construídas , oppfiem a fender-
se, mesmo recebendo o golpe na direcção das suas fibras,
existe a difficuldade de ser encontrada esta posição, e não
a encontrando, pode-se assegurar que será infructifera
semelhante providencia.
§ 457. Durante o fogo do combate pode a Carreta
de huma Peca soffn-r tal avaria , que fique por este mo
tivo impossiblitada de continuar o ff go ; se tivermos
Carreta de sobreselente, faremos a muaança suspendea
Li a
THBOIIICO-PRATICCÍ
4o a Peça ás Latas , ou Váo» , para cujo fim se podeKb
empregar convenientes aparelhos formados pela combina-
cão de Estropos, Talhas, e moutóes de retorno ; e quan
do se tiver obtido a Peça em altura sufficíente para se
retirar debaixo a Carreta avariada , se tira huma , e sub*\
stitue outra.
Outro expediente se pode aproveitar quando o tem
po o permittir , que se reduz a conduzir sobre rolos a
Peça desmontada até á mais próxima bocca da escotilha ,
ou mesmo na Carreta, seella poder ainda conduzi-la não
obstante a sua avaria , onde os aparelhos possão suspen
de-la e monta-la de huma maneira análoga á que expose-
roos para raetter dentro a Artilharia da Coberta > Con
tes, e Tolda.

FI M.

r • > .- s í .»
i"1 • • i • . ' > • . . . ' . .

'- > •• .•• . li


wfA NATA*

••,
NOTAS. i

m
cO Egundo Texier a Pólvora foi conhecida na China no
anno 85 da Era Vulgar, e desta data até 130 da mesma
Era , época do governo do Rei Vitey , alli forão fundidas
Peças de hnma espécie de Bronze , que o Padre André
d'Aquire diz que vira; porém não sendo o nosso obje
cto contestar a veracidade destas tradições, nos limita
remos a seguir a constante opinião de que na Europa os
eífeitos prodigiosos deste mixto forão desconhecidos, até
que Roger Bacon em 1214 no seu Tractado de Nullita-
•te Magia indicou que huma composição de Salitre
Enxofre e Carvão causava, applicando-lhe o fogo, hu
ma violenta inflammação e estampido. Esta descoberta
não incitou a curiosidade , ou o génio de investigação dos
Chymicos desde esta época até 13 30, em que o Frade
Chymico Bertoldo Schwartz , tendo preparado em hurn
almofariz huma semelhante composição para outras ex
periências , observou a instantânea inflantmação e vio
lenta explosno , que delia resultou pelo contacto occasiq»'
nal de huma faísca, acontecendo que a pedra, que tapa
va parte da bocca do almofariz, fora lançada ao chão.
Aproveitou o Chymico este incidente para deduzir, que
esta composição poderia ser empregada em 'lançar corpos
fL grandes distancias. •• -,^s .- BI^M—•.*
COMAKDTO THEORICO-PRATICO

Moveis são os corpos projectados pelas Maquina»


de guerra , taes como as Boccas de fogo metallicas : dis-
tinguem-se em
Movei simples
Movei composto
Movei grupado.
Movei simples he hum corpo dehuma matéria sensivel
mente homogénea como a Baila rasa.
Movei composto he hum todo formado do ajuntamento
de partes heterogéneas , ou homogéneas irregulares, como
à Lanterneta.
Movei grupado hé composto de hum aggregado deAfo-
~*veis simples homogéneos, e iguaes em grandeza, como
a Pyramide , ou Cacho de Bailas.

m
1 Obras âe campanha ou frovisionaes são aquelhs,,
<que sendo destinadas a existir somente durante algum
tempo, se devera depois desamparar, e por isso são con
struídas com menos solidez, porém mais acceleraçáo^
nestas obras se empregão madeiramentos , saccos de ter
ra , leivas , fachinas , e estacadas , sendo muitas vezes con
struídas na presença do inimigo, e até debaixo do seu
'fogo.
Bateria (<*) he hura systema de Boccas de fogo , que
se destinão de accordo a produzir hum determinado fira :
ellas tem diffèrentes denominações conforme a direcção
dos seus fogos, ou a posição dos objectos, que devem
ferir, e por isso
- - - —
.__ . _^-^^__^_^,^ __
C«J Veja-se Traité Theorique et Pratique dês iateiies par Au.
• 'í* AntlLHAUtA NAVA t. í#f
Baterias directas são aquellas, emqufe as linhas do
tiro são perpendiculares á direcção da obra de fortifica-
, frente atacada, ou costado do Navio.
Baterias £escarpa são aquellas, em qufe as linhas
tiro 9zío ctvliouas á direcção da obra, frente atacada,
•ou costado do Navio , fazendo hum angulo .de ip a 50,*
Baterias de enfiada são aquellas, cujas Trajecto/iaj
estão no mesmo plano vertical da direcção das obras, eu
da quilha do Navio.
Baterias de' revez são aquellas, que batera porde-
traz dê huma obra, ou péla rcctaguarda de hunia frente
de Tropa.
Baterias enernzadas são aquellas, «nqueaslinjjaf
ao tiro se encruzão sobre os pontos que se querem bar
ter.
Ultimamente as Baterias saofíxas, ou moveis- &
fixas são empregadas no ataque, e defesa de Costas
Praças &c. *
Baterias moveis são relativas aos combates, e ba
talhas j são desta natureza as Baterias fiuctoames c mes
mo a^sim se podem considerar as dos Navios , que con-
-frrme a situação relativa á obra atacada lhes pode cqn>
f»etir qualquer das denominações acima.
Espaldao he hum parapeito de terra e fachinas df
-naicr eu menor altura , conforme o local e o fim a
-f)ue se destina : pode empregar-se com vantagem para
rolrir afgum lugar, ou desembarque, do fogo d as obra s,
que o inimigo occupa; se este Espaldao tem fosso ebanv
gueta , se lhe dá o nome de Travez.
Por Panqueta entendemos hum pequeno degráft, ^
que a Tropa sobe para fazer fogo de.fmjMobre a saaç
p.mha.
Fosso he huma escavação em forma de valia . donde
se tira a terra para formar o Esfaluão, ou Iravcz.

-rt
.«i
' - [4]

: Calibre he o n.° de arraieis da baila , com que se


carrega a Peça, e serve para as distinguir: porém nos
Morteiros emprega-se o n.° de Pés que a sua bocca tem
de diâmetro.
;. ..
Cr]
- Caronadas «ao humas Peças curtas , introduzida*
na Marinha Ingleza pelo General Gascoine ; e .derivao Q
seu nome da celebre fundição deCarron na Escócia , nu
ma das mais consideráveis da Europa ; onde estas Peças
se fabricarão pela i.» vez em 1774; ellas forão admitti»
Hás em França em 1779 ao Serviço da Marinha, segun
do Dupin.
-••-•• [6] • - ";

Casamatas no sentido applicavel ás Baterias de


tordo são Baterias cobertas de abobeda á prova de bom
ba , donde se faz fogo a coberto ; estas Baterias offere-
'cem huma grande vantagem , mas tem o inconveniente
Ho fumo , que chega a condensar-se de maneira , que a per
zar das precauções dos mais hábeis Engenheiros , he ne
cessário abandona-las. As Baterias da coberta podem ser
facilmente incommodadas pelo fumo, principalmente
Suando acontecer estar o Navio inimigo a Barlavento,
tuacão, que o hábil Official deve evitar pela boa dispo
sição das suas manobras , ou pelo menos diligencia-lo.
'
Canhoneiras são huns rasga mentos, que se fazem
no Parapeito das Baterias, com maior largura para o
interior do que para a campanha ; o Parafeito compre-
f DE ARTILHAMA NAVAL. itff
rendido entre duas Canhoneiras se chama Merlao , sua
extensão he aquella, que se faz necessária para o servi
ço, e jogo das Peças; chamno-se Baterias d barbeia
aquell.ns, em que as Peças jogão sobre o Parapeito, e
neste caso não ha Merlões , e está descoberta parte da
Carreta , e toda a Peça : assim foi montada a Artilharia
quando se principiou a usar a bordo, até que em 1515"
eeconstruio emErith o Navio Henri grdce deDieu, era
que pela i.s vez se abrirão portas, a fim de montar 8o
Pejas (a).

[8] '
He opinião geralmente adoptada, que os Venezia-
nos forão os i.°» (£) na Europa, que em 1380 emprega
rão contra os Genovezes Peças em forma de Morteiros,
construídas de grossas barras de ferro, abraçadas com ar
cos do mesmo metal ; e como estas Peças abrissem facil
mente, recorrerão passados annos, ao ferro, e bronze
fundido.
No Século XVI. reinando Gustavo Adolfo, fabrica-,
rão os Suecos Peças de couro da maneira seguinte. .- ^
Fundio-se hum Cylindro de bronze do comprimen
to das Peças ordinárias com 7 do diâmetro do Calibre de
grossura; reforçou-se este tubo com arcos de ferro a iguaes
intervallos; depois se enliou com cordas quanto foi pré-,
ciso, para que no i.° Reforço produzisse huma grossura
igual a hum diâmetro do Calibre , e no resto igual a ~
ao mesmo diâmetro , e depois tudo isto era coberto de
couro; estas Peças assim servirão por mais de 20 annos,
mas tornavão-se incomraodas e dispendiosas pelas refor
mas de capas de couro , e mesmo arcos ; além disso arre-
bentavao frequentemente nos Munhoes.
Segundo a melhor tradição as Maquinas principia-
(«) James Hist. naval da Gram-Eretanha.
W M. Daro Hbtoire de Veoi* T-RP». *,% „ >^>
Mm
THEOKICO-PRATICO
rão a ser empregadas na guerra depois do anno 128
tes da Era Vulgar, na época emqne foi intentado ocer»
Co de Tróia.
No anno 8c6 Ozias eu Azarias 9.° Rei dejudá fé*
Construir sobre as torres e ângulos dos muros de Jerusa-
km Maquinas de arreweço , para se defender dos Am*
monius e Philisteus.
No anno 587 empregou Nabucodonosor Rei de Ba-
feylonta nos cercos de Tyro o Aríete , e as Torres am~
bulaates assentadas sobre Terrassos. . ;
Semelhantemente forao empregadas pelos Gregos
em y 10 no cerco de Paros por Miltiades, e em 440 no
sitio de Samos por Pericles.
Dionysio o velho Tyranno deSyracusa delias fez uso
«n 404 no cerco de Motya , e em 388 no de Rhege.
No anno 341 Philippe de Macedonia comellas sus*
tentou os cercos de Perintho e Byzancio.
Alexandre Magno levou as Maquinas á maior perv
feição, e desenvolveo o seu uso com a maior vantagem
nos sitios de Thebas em 335-, de Halicarnasso em 334 .
ác Tyro e Gaza em 332, annos todos antes da Era Vul
gar.
As Maquinas, que Demetrio empregou no cerco
de Rhodes em o anno 304 , forão as mais colossaes. (a)
Depois o uso das Maquinas passou aos Romanos,
tpie delias tirarão a maior vantagem em ^6^ no cerco de
Agrigento, em 146 nos deCorimho eCarthago, em 13}
no de Numancio , em 8a no de Arhenas , em 72 no d*
Massada , (b} cm 49 no de Bourgos <>' e Marselha por
César; porém a decadência do Império fez transtornar
*bsolur?rriente a foce á arte da guerra , are que He ann»
8&6 da Era Vulgar se defenderão as muralhas de Psrit
com 100 Catafaltas ou Bai/istas, dos N ormandos , qu«
inutilmente a atacarão.
<») Histoire de Polybe par Folard Tom. a.n rã». 1*1. "•"-*
(4) Dita, Tom. a.° pá?. rgo.
(ÒO Ijita> Toin. a.8 jpig. -jtt »*•»./ sL ii,oJc..i u:^ . i vj>
f^UE ARTILHARIA NAVAL. 167
No anuo 990 no cerco de Montbrol empregou •
Conde de Chartres huma grande Torre de madeira.
Em 1097 no cerco de Antiochia pelo Conde Baú-
dovin , enosdeNicea ejerusalera porGodefroi deBouil-
lon se empregarão 3 Hélcpoles , e hum grande numero
de Maquinas d\irremeço.
Era 1 203 Philippe Augusto fez uso dos Hélcpoles
«o cerco de Chareau Gaillard e de Rouen , que o fez Se
nhor de toda a Normandia.
r Em 1226 forao empregados os Terrassos no cerco
«TAvinhão, e em 1308 no de Rhodes por Fouques de
Viiiaret.
i Ultimamente em 1339 forao montadas sobre Bar
cas elevadas Torres de madeira no cerco de Aiguillonpof
João Duque de Normandia. A descoberta da Pólvora veia
logo depois fazer abandonar o uso de todas estas Maqui
nas , de cuja construccão passaremos a dar alguma ide*
«eguindo a melhor tradição.
As Maquinas antigas se distinguido em
Maquinas de arremeço ou Ballisticas
JMaquinas de aproximação e demolição.
Entre as que pertencia o á i.a Classe erão as mais notft*
veis: -i
Sallista , ou Onagre
'Catapulta
Jlrcèballistas , ou Taxoballistaf
JLtjorpiões , Manuballistas , ou Arbaletes , ou Arcustai-»
.. listarius , ou Ballista manualis

A Eallista (a) ou Onagre he huma Maquina ,


(Çpnsiste em hura braço de madeira que vergue, e não es-

(«) Polybc par Folatd. Tom. a.0 pag. a 5 2.


Mm 2
COMPENDIO THEORICO-PRATTCO
cale, situado verticalmente, e obrigado porhuma corda;
tem o nome de P n! lista quando he destinado a lançar
Dardos eOnagre , quando lança massas raetallicas como
Balias ou fragmentos de ferro; quando se pode applicar
o ambos os servidos, lhechamavão Palintone ou Po/ybo
le.
• ' Para fazer uso desta Maquina se collocavão na Bal-
lista os Dardes sobre huma calha , e no Onagre as mas
sas metal Ucas em huma concha em forma de colher.
f• Catapulta («) he huma Maquina , que consiste em
dous braços horizontaes obrigados por duas cordas ; quan
do he construida para arremeçar Dardos, se denomina
Euthytone ou Oxybele ; quando porém deve arremeçar
pedras ou massas metallicas, se chama Litbobole ou Pe-
trobole.
Huma corda cylindrica fixa pelos dous extremos
^os dous braçcs da Catapulta serve para arremeçar o
Dardo collocado sobre a calha , e huma corda chata se
amarra semelhantemente para arremeçar as pedras ou
massas metallicas, servindo-se da mesma calha; com es
ta Maquina se lancavão Dardos de 6 a 12 Pés de com
prido e ferrados na ponta , assim como massas de pedra
de 200 a 600 libras; porém Arquimedes no cerco deSy-
racusa chegou a empregar massas de 1200 a 1500 li
bras.
Para facilitar o serviço destas Maquinas ?e empre-
gavao aparelhos de Moutoej-, Cylindros. Cabrestantes,
Rodas dentadas, Tambores &c. O gráo de terç"o das
cordas era proporcional á grossura epezo dos Projecteis
e'.a 'distancia do alvo, e o tiro se regulava de huma ma-'
reira análoga á que empregamos nas Boccas de fogo me-
talheis; o seu alcance máximo de ponto em branco era
de 200 a joj Toezas , e dando-lhe conveniente elevação
te extendia de 400 a 500 Toezas.
Mr. Folard fez o modekTde huma Maquina de

CO Mybe par foJard Tom* a." pag. 349.


I>E ApTtUURTA N/ V A fc. 36?
que tendo 10 p( logidas de largo e 13 de
(Comprido nrremqçnva huim B^lla de Chumbo do pezo
de huma libra á/distancia de 2<ro Toezas.
Sircoballistiis e Toxoballistas erão Maquinas de
menores dimensões taes , que basta váo dous homens para a
sua manobra.
Os Escorpiões , Manuballistas , e Arbalttes tinhao
por mola hum nrco d'aço ou madeira própria , e erão
.manobrados por hum só homem ; servião para arremeçar
Dardos , e Flechas ; os Francezes chama vão aos Escorpiões
Ribaudequin. , • ,. ,
A Fundiballe (a~] se compõe de huma grade de ma
deira , que lhe serve de base , donde se elevão dous mon
tantes , no alto dosqtiaes se atravessa hum eixo movei no
qual se faz fixa huma haste, em cujo extremo se adapta
hum sacco de couro, rede decordns, ou hum caixão mo
vei em dous torneis , contendo as pedras , que se perten-
dem lançar, e no outro extremo se colloca hum forte
contra pezo.
Para se fazer uso desta Maquina se abaixa a funda,
e faz suspender a sua acção por meio d'huma corda , a
qual, largando-se rapidamente, faz precipitar o contra-
pezo , e disparar a funda que pende do outro extremo da
liaste d*' Maquina-. ••• • . •, '. .-
< Notaremos com tudo, que não obstante asvanta-gení
«rapidez dos movimentos que ofFererc a Artilharia, po
deríamos aproveitar o nso destas maquinas conforme o
parecer de Mr. 'Fola rd , Mandar , e outros para arreme
çar Baliae vermelha? , Panellas incendiarias , Cartas»
sãs, ttombi.r , Obuzes. \i
Mr. Foisac (-£) addieionou ao Tratado de Minas do
-celebre Vrnban huma Memória sobre o modo de appli-
car á actual defesa e ataque huma Torre quidnngular
dê madeira , que sustenta o maquinismò de duas Cata-
*- C^r"; ..'••'

" (a) Lart cfe jeter fés Bbrfifcs; Blondet pá». 4414
(4) Traitc dês Aliuss par Vauban pag. 276 edição de P4rií aiino }.•
jfbr COMPENDIO THEORKÍO-PRAWCO
jwltas , e lium braço d'alavanca , edella faz huma enge
nhosa applicaçao á defesa dos contra-escarpas , e mesmd
da escarpa , sendo praticado o raaquinismo em Casamatas;
ultimamente indica o methodo de as empregar com van
tagem nas obras exteriores, é mesmo na defesa da bre
cha, e dos fossos aquáticos; este author sem querer, co
rno Folard , inculcar liuma absoluta necessidade de em-
çregar as Maquinas antigas para o prolongamento da de»-
•fesa de huma Praça, nos offerece na sua Memória mui
tas e delicadas invenções, e numa bem acertada combi
nação de princípios mecânicos, o que melhor se poderá
avaliar consultando-a.
-.. As Maquinas de aproximafao edemollçHo ôefedtí*
•ião ás seguintes: ••)
: • •• . • •. . .1 .•••".-.
-i.a Vinha
-a.a Tartaruga ou Testudo -7

4." Hélépole
j.a O Trado > -
16.* <Sambuco ;•••:. \
'• •! •
í..- _ ! ' l •<
As Vinhas sáo humas Barracas de madeira de it
a ao Pés'de comprido, e 7 Pés, a 8 de largo, e outro
tanto de alto, cujo tecto a duas aguas he construído com
muitas camadas de canissos ; isto a fim de resistir ao
ch(X]ue dos corpos que se lança vão do alto das muralhas
«obreéllcs; faziao-se mover empregando Cylindros , Ro
los ou Rodas com eixo ou de peão; tomarão este nome
dos camssados construídos á semelhança das Jatadas de
vinhas, com que se defendião OS' lados expostos ao ini
migo. .f i n»••.-: -i •
Estas Vinhas servião, urridss de Cabeça comCabe-
fa , para formar communicaçocs cobertas diante da freor
te atacida, ou para facilitar a? entrada nos Hélépoles e
ferrasses. . , „.'•„, t .... '. . , '
DE AWTILHAKIA NA VAI." •" - t? t
Tartaruga ou Musculus he huma Barraca de ma-í
d eira das mesmas proporções das Vinhas , defendida la-
teralmente com canissos de maneira, que possa resistir
ao impulso das pedras e dardos; cosruraavão-se construir
á prova de fogo por diíferentes maneiras; porém a mais
frequente consistia em forrar o tecto com couros frescos
assentidos com o ca bei Io para dentro.
Esta Maquina he montada sobre rolos ou rodas co
mo as Vinhas ; empregava-se para cobrir a communica-
cão entre os Hélépoles , e aproximando-se das muralhas
cobrir a gente empregada na escavação para a sua demo*
lição.
O Aríete (a) he huma viga, guarnecido o seu ex
tremo com huma grossa massa de ferro ou bronze em
figura de cabeça de Carneiro, suspendida por cordas ou
cadeias dentro de huma solida barraca de madeira cora
tecto de duas aguas, que se denomina também Tartarifr
ga; tem ordinariamente 20 a 25" Pés de base, e 12 Pé»
de largo e alto.
O Aríete , quando oscilla sobre huma calha guarne
cida de rodettes , tem o nome de Kridochée.
O Trado consistia n'huma viga guarnecida d'huma
reforçada ponta de ferro suspendida como o Aríete. Em*
Íregava-se esn descalçar e descozer as pedras das mura*
ias , a fim de ser mais fácil ao Aríete conseguir a sua
demolição, e franquear a brecha, que se fazia praticá
vel empregando as mesmas Maquinas. •
O Hélépole he huma torre de madeira -sendo o Ia»
do da sua base, sempre quadrada , igual a ^ da altura,
^ue n.is mais pequenas era de 70 a 90 Péí, como as que
se empregarão nos cercos de Massada e Jerusalém por
Tito, e junto a Cahors por César.
As medianas erão de 100 a 120 Pcs de altura: taeifc.
erão as do «éreo <je Perintho por Phiiippe.
As maiores erão de 1 30 a 140 Pés de alturaí':' t
. .1 .'_!. 'Í'. ,LtÍ<7

(») Polybe par Folud Tem, a,


17* COMPENDIO THEORICO-PRATTCO
rão as que empregou Demetrio no cerco de Salamína e
no de Rhodes , e Mithridates no cerco de Cizique.
;"''?•
'QsH/Jépffles,&aue também sedava o nome de Tor
res ambulantes {a) , iForío variados ao infinito; entre el-
les se distinguem os de Ccrredor (b) com aríete ou sem
elle, os formados de tijolo e arpamaci bituminosa , e a
celebre Torre de Cantaria das dimensões (c} dadoOr-
rector edificada por hum tal Ariosto Bolonhez sustenta
da sobre hum aparelho de madeira , de tal maneira con-
ítruido , que empregando aparelhos -e cabrestantes conve
nientemente situados se conseguia transportar de hum a
outro lugar hum tão enorme pezo; as Torres ambulan
tes demadeira de extraordinárias dimensões forão estabe
lecidas sobre barcos por Demetrio no sitio de Rhodes (d).
- Os Sambucos estão em uso desde o tempo de Ale
xandre Magno; estas maquinas se reduzem a huma es
cada capaz de poderem subir, dous ou três homens de
frente; aquelles que se empregavão em terra, tinhão 6o,
Pás de alto, e ,6 de largo, erão montados sobre carros
de 27 Pés de alto , c B de largo , movendo-se entre os
montantes hum andame , que podia elevar-se mais ou
menos por meio de cordas passadas por aparelhos pró
prios nos extremos dos montantes ; que para terem a so
lidez necessária erão consolidados por meio de escoras.
- .. QsSambucos (e] destinados para a escalada deFor-i
talezas marítimas erão estabelecidos sobre duas Galeras
atracadas, e elevavão-se por meio de cabos, que passa-
vão por moutoes fixo? junto ás Borlas dos mastros. "«
... . Ta es fora o empregados por Marcello no cerco de
Syracusa , e por Mithridates no cerco de Rhodes.

(«) Histoire de Polybe par Folard Tom. a.° pag. 405.


jM.^P.^.O^i Tom- *•' P^g- 2'5-
(O Dita> d't°» pag- 2J7-
-<rf) Dita, Tom. j." pá? 54.
(t) Sanabuco de Folard Tom. J.' pag. 17. -, ;
DE ARTILHARIA NAVAL. 173
f ,'Tehno (*) era huma Maquina, que consistia em
huma grande alavanca pendenre dMnirn mastro, que se
empregava em elevar hum cofre carregado com 15 a 20
homens, e lança-los sobre a muralha , ou pô-los a seu ni-
vel, a fim de auxiliar a escalada feita nos Sambucos.
Arpeos (£) erão numas Maquinas destinadas a de
molir as ameias das muralhas: consistem emhumas com
pridas vergonfas armadas com reforçados ganchos ou ar
pões de ferro: também se usa desta Maquina guarnecida
àe fouces cortantes a fim de cortar as cordas, que sus-^
tentão os laços e Arpeos de Torquez^ que os sitiados a
beneficio de Alavancas , Guindastes , Cabrias , e outros
maquinismos lanção fora das muralhas para se apodera
rem da Cabeça do Aríete , e interromper os seus traba
lhos. »
Archiraedes (segundo a mais exacta tradição) em
pregou no cerco de Syracusa Arpeos de Torquez, (c} de
tão extraordinárias dimensões, que arpoavão huma Ga
lera, e a suspendiáo fora d'agua até huma altura tal , que
para a partir e afundar bastava larga-la de repente. -j
Nos ataques marítimos se servião de huma vergon-
ta (d} cozida semelhantemente ao mastro por meio de
cabos e estropos, e no seu extremo que ficava fora da
borda , levava huma massa de grande pezo de ferro, ou
ferrada em ponta , que largada repentinamente sobre hu
ma Galera , quando se abordava , ordinariamente a ar
rombava e afundia.
. . Tal he a idéa , que podemos fazer das Maquinas,
que se empregavão na guerra antes da invenção da Pól
vora : quem quizer entrar mais miiídamente no conheci
mento da maneira , cornotantoestas.Mrf#w/»rf.r, comoin-
numeraveis combinações que delias se fazião , erão ap-
plicadas ao ataque e defesa tanto terrestre como mari-
(u) Polybe par Folard , Tom. i." pag. 78.
(4) Dito, pag. 7$.
CO Dito, Tom. i.° pag. 8j;
(J) Corvo de Duitius dita obra Tom. i." pag. 75, . ..I
Na
1T4 COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
tima , pode consultar a citada obra de Mr. FoTard, a
Jtrqttiíectvra das Fortalez-afàcMandar , a Dereripça*
de Vegecio, e a Encyclopedia Metbodica.

Geralmente adoptamos que a pureza do Salitre fh>


iue sobre a bondade da Pólvora ; porém Bornot na tra-
ducçao do Manual de Chynrica de Henri attesta o con
trario; elle diz que nas experiências comparativas he a
Pólvora da Rússia a melhor , e he alli que o Salitre he
só duas vezes refinado , e tem por indiffèrente , na admis
são, que seja branco, e puro, em grossos, ou pequenos
crystaesi de mais que o Salitre refinado quatro vezes
dá huma Pólvora inferior á que produz o de 3 cozedu
ras. ;
Mr. Brike Secretario do Departamento do Ria
assegurou ao General Gassendi , como elle nosaffirma n»
seu Aide-Memoire , que a Pólvora da Rússia era feita
com Salitre de duas cozeduras, e que contendo menos
agua era menos alterável que a que se fizesse com Sali
tre de três.
Em fim que a terra , que fez saltar fc»m forniJfio
carregado com 140'*- de P( Ivora da Russin, estava para
a que saltou por outro ;; uai fornilho e igual terreno
carregado com i o'-''- de Pólvora de França : : 77 : 30.
Esta noravef differença de força merece que a este
ff«peito se facão experiências, que confirmem ou dês*
fruáo o exposto.

^ Saí rrrfrc hr £trra 'mente o qne resulta cfa combiV


íinçno de hum dado qur.Icruer com huma substancia */-
kalina: oSalnentro he tr.nto reais perfeito, quanto nçl-
le menos sobresáhem as propriedades de cada hum dos
BE ARTILHARIA NA^AL.
componentes de maneira , que da sua união resulta htt-
ma propriedade mixta , ou media.
Os Saes variao na sua composição não somente pe
la natureza do Acido e Base de que são formados, mas
pelas proporções diversas , em que estes Ácidos podem
combinar-se; e por isso nos Saes neutros as proprieda
des da Base devem existir completamente neutralizada!
com as propriedades do Acido.
C 'o ]
O Acido nítrico he liquido, branco, cheiroso, cor
rosivo; elle he composto de Az-ote e Ox > geneo na ra-
zao de 3 : 7 ou de 100 de Azote: 25-0,116 de Oxyge*
nco.
Elle he formado pelo Azote , quando este ultimo
Gaz Cque he hum fluido aeriforme, que toma a denomi
nação da sua Base) se desenvolve das matérias aniroaei
evegetaes, que ligeiramente humedecidas ou expostas
«huma lenta putrefacção se decompõem espontaneamen*
te ao ar.
Oxygeneo ou Gaz Oxygeneo he o único fluido aeri
forme respirável , ao menos para os animaes de sangue
quente , e por consequência estes animaes perecem etn
pouco tempo, se os encerra mós em huma athmosfera des
tituída de Gaz Oxygeneo ; este Gaz está abundanteraen»
te derramado pela natureza no Orbe , que habitamos , naa
só no estado de união com outros elementos, mas também
livre, ou no estado de simples mistura com os outros Ga
zes.
Azote he hum Ga& , que se acha combinado com o
Oxygeneo no ar athmosferico de maneira , que em 100 par
tes de ar se contêm 70 de Azote e 21 de Oxygeneo.
O Gaz Azote he inalterável a todos os agentts co
nhecidos. '»
Hum animal circumdado de huma athmosfera d«
Gaz Azote furo não encontra neste Gaz aLmento para
Kn 2
476 COMPENDIO THEORICO-P^ ATIÇO
a respiração, e perece dentro cm pouco tempo; esta mor-1
te nlo he devida á presença do Azote mas sim á ausên
cia do Oxygeneo.
Pofassa ou Alkalifixo vegetal he hum Sal que tem
hum sabor picante e cáustico, e cheiro ourinoso; dissoí-
ve-se era metade do seu pezo d'agua : bem puro he huru
corpo solido e branco , crystallizado em prismas quadran-
gulares.
Tem-se descoberto em o Reino animal ; porém ge
ralmente se obtém das cinzas dos vegetaes da maneira se
guinte.
• Lança-se agua sobre as cinzas , a agua toma a si a
Potassa solúvel , e deixa a Terra ; faz-se evaporar a agua ,
e resja sobre a terra a Potassa em forma concreta e
branca.
• Porém esta substancia ainda contém muita humi
dade e huma matéria colorante ; para a fazer apurar
se expde a hum activo calor em forno de reverbero^,
A Potassa segundo a analyse, a que se procedeo
«m 1807, em 37,24 partes contém 3 1,05 de Potasio, e
6,190 de Oxygeneo.
Potasio he huma substancia qualificada entre as
substancias metallitas ; mostra hum brilhante metallico ,
quando se funde em óleo de Nafta ; porém elle o perde ,
Jogo que se retira o óleo , e toma huma cor de Chum
bo.
r Elle he solido, e em temperatura ordinária absor
vendo o GOÍZ Oxygeneo se muda em Oxido branco*

» J

Os mais celebre» Fysicos e CJiymicos-, em resulta


do das suas analyses, não concordão na proporção das
partes de Acido Nítrico e Potassa que entrão no Sa-
ittre ou Nitrato de Potassa 5 he inquestionável que
DB ARTILHARIA NAVAL.
aop conhecimentos ecredico, que caracterizão
«w sábios que procederão a estes exames, estas diferen
ça? só podem resulrar da differente natureza Aos Salitres
analysndop; nós apresentamos o extracto de Gassendi na
seguinte Taboa.

A U T H O R E S.

Bergwan em 100 partes - - 33 11 49 ]> s


tf49 » o
3°*)C\
n Ai u '/
44 » 5 í P *» 4s
'"Rirhtpr *. .f. _
4Ò)7
Thenard - - - - -• - - 40^ » 5"^3 )) o
-?R
»•3) 59,y o
fíffi f}/'/fÈ

^ T -5 rb f « -,,
" o
^Acontece a mesma divergência relativamente á pro
porção em que o Oxygeneo e o /feoff entrão no Acid~o 'ai-
tricô, e por isso na seguinte Taboa veremos a opinião de
alguns authores conforme o resultado das suas experiên
cias.

í
Ioo
f -------
- - . r - , --- - - 7,o „ 3,0
Precisando o Salitre ser refinado, indicaremos o
thodo exposto na- ÇJiymica de Mosinho.
178 COMPENDIO THEOMCO-PR ATIÇO
Dissolve -se o Salitre bruto em agua na razão de
30 pnrtes do Sal , e 6 de liquido, e faz-se ferver; como
os Hydro-chloratos de Soda e de Potassa são menos
•oluveis em agua quente que o Nitrato de Potassa ;
estes Saes precipitão-se nodecursoda ebulliÇno; clarifica.
se então o liquido por meio d'huma dissolução deColla
ejuntao-se quatro parres d'agua fazendo-se ferver de no
vo; deixa-se então diminuir o calor, passa-se a dissolu
ção pura para vasos chatos de Cobre, onde, apitando-a
com rolos, se perturba a sua crystallização , obtendo pe
lo resfriamento o Salitre em pó.
Para acabar de separar os Saes estranhos lava-se o
Salitre assim obtido com huma Earrell.i siturada des
te Sal , a qual não podendo dissolver o Salitre , dissol
ve e separa os Saes Heterogéneos, ,
Esta lavagem faz-se em caixas de madeira com bu
racos fechados com cavilhas, começando por lançar a
dissolução e o Sal nas caixas fechadas, e abrindo de
pois os buracos para sahir a i.1; e isto feito , secca-se o
Salitre , e acha-se prompto para os usos ordinários.

Pedra bume ordinária he hum Sal composto de Aci~


do Sulfurico unido com as Bases , Alumina e Potassa»

['3]
O Enxofre de commercio se obtém das Terras Sul"
furetadas pelo seguinte processo :
Em fornos compridos de huma forma particular,
aos quaes se dá o nome de Galeras, disptíe-se hum certo
|j.° de Cadilhos de barro, arranjados em duas linhas pa-
rallelas , e cada hum delles ccberto cem hum Capacete
ou Chapjtel também de barro, ao qual se une hum Tu
bo, que sahe fora do forno, e corresponde a hum balde
com agua j introduzrse a matéria cm pedaços nu interior
• • T>E ARTILHAI» i A
aos Cadilhos, encccnde-se o forno, o 1-nxofre funde-se,
voluiliza-se, e passa em sublimação -pelo Ttibo que con
duz ao balde, e cahindo na agui se consolida.
O Enxofre , que resulta desta i.- operação, aiqda
não lie puro j porém refina-se de três maneiras , a saber:

Pela fundição
Pela sublimação
Pela destillação.
Nós trataremos do r.°, que ordinariamente se emprega pá»
rã os artifícios de guerra.
Lanca-se o Enxofre em huma caldeira , põe-se a fo
go, e meche-se com huma Espátula até que elle esteja
derretido, escumasse, e escoa-se, e fica prompto para a
Serviço.
He propriedade do Enxofre a íua prompta combi
nação com o Gaz Oxygetieo em huma temperatura ele
vada; resultando delia huma activa e rápida combustão,
produzindo hum Gaz acido com o desenvolvimento de
Caloria) e luz.

Geralmente a proporção entre as Substancias que


entrao na composição da Pólvora se reduz a
f de Salitre
4 de Carvão
\ de Enxofre.
Porém os rhymicos discordão extraordinariamente na»
prcprrcóes exactas , que segundo as suas analyses ou e*»
nci:tR devem compor a melhor Pólvora. Demos a
se adopta nas nossas Fabricas, agora indicaremos.
opiniões mais celebres.
»8o COMPENDIO THEORICO-PPATICO
* A U T H O R E S.
-"Io
JS g» *f

Pólvora de Grc.nelle ----- - 76 „ 12 „ 12


de Gaijton-Morvr.au - - - 76 ,, 15 ,,9
———— (lff —— — —— — ••-?7 17 7
——•— de ,, - - - 80 ,, 15 ,, 5
de Chnptal 77 „ 14 ,,9
_ de Colmaii - - - - - - 75 ,,15 ,,10
de Berne 76 „ 14 ,,10
-^—— de Wffault 77 | ,,15 ,, 7±*
adoptada t.m Ordenança de 1808 75 ,, 12 \ „ 12^-
—w_— pai-a minas ------ 65 ,, 15 3, 20 ' í
para capa 78 ,, 12 ,,10
para, comnr-.rcio ----- 62 ,, 18 ,, 20 •;
de Mr. Prouit ----- 78 ,, 13 ,,9
». de Bc:;"!it:! 78 „ 12,88,, 9,J8
de Dtrtford 79,7., 12,48,, 7,82
de Coiiiiçiiy forte - - - - 66 4 „ 16 f „ :I6 ^
de fraca - - - -.€9 £„ 1.6 £ „ 13 $
de Jntoni '• 71'f), 14 f ,,Hf
de liollanda 72 „ 14 „ 14;
Não pode duvidar-se, que esta disconcordancia resulta
das analyses do Salitre , principal agente desta composi
ção.
Ha outra espécie de Pólvora , a que dão o nome de
Pólvora fulminante: a composição deMr. Ingen-Houss
he a seguinte : • /
Nitro 3
Sal alkali fixo ^
Enxofre i.
Notaremos agora depassagem algumas interessantes con
sequências que Mr. Proust, Mr. Consigny, e Gayton-
Morveau deduzirão de suas experiências extractadas de
Gassendi :
l.1 Augmentando consideravelmente a quantidade
de Salitre , a Pólvora absorvendo a humidade ficaria ex
posta a arruinar-se , e diminuindo ficaria muito fraca.
DE
2." Auerrentando o Enxofre, o encasco, que elie
depois da inflammação deixa nas paredes da arma , cres
ceria a ponto de a inutilizar; além disso prolongaria e
retardaria a detonação do Salitre e Carvão, e dimi
nuindo-o a Pólvora ficaria muito porosa e sem consis
tência , que he grande defeito para es transportes e du
ração.
3.» Aiigmentaíido o "Carvão se accetera a detona-,
cão do Salitre e Enxofre ; porém torna-se menos con
sistente , porque diminue a ligação de suas partes, e por
ísso se perde e desrroe a densidade da Pólvora , e dimi
nuindo-o se torna mais fraca pela diminuição doGaz,
que elle desenvolve.
£'51
Três são os methodos , que se tem empregado na
manufactura da Pólvora na celebre Fabrica de Essone.
1.° Empregamlo engenhos , ou Moinhos de Pilões
2.' Com prensas , ou em lagar com Galgas
3.° Empregando cilindros para fazer Polvoras redondas.
m íl

Pelo i.° methodo as matérias pulverizadas se distri*


buem pelos Pilões a razão de ao'*- cada hurn, e pondo
em movimento a Maquina, cuja força motriz faz dar a
cada hum 5:5 pancadas por minuto 3 a mistura está con
cluída em 6''-, mudando de Pilões de meia em meia ho
ra.
Para evitar a volatilizaçao se lancao primeiro com
o Carvão duas libras d'agua , e meia hora depois mais
huma libra com o resto da Receita; fazem-se \i mudan
ças de PilÒes, na 8.a e u." se lhe ajunta alguma agua,
se he preciso.
A percussão de Pilões de 8o;í- de pezo, cahindo de
16 a i8í"'- de altura , dá á massa huma densidade suffi-
ciente, sendo guardada a proporão media de \ deSa/i--
tre> ~ de Larvão , e i de Enxojre. > ' ""
Oo
COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
A missa se leva ao Granizador , onde passa sacces-
íivJincnte por Crivos graduados.
O Pojverin» se humedece, conduz-se aos Pilões,, e
sc-guin Io a mesmo processo tornece nova Pólvora.
Para secçar bastão 7 ou 8 "• de bom íerapo.
Paga empregar o 2,J irothodo sepulv,erizao.<ÍW/£rtf r
Enxofre, e Carvão separadamente em huraa Maqiuin*
coraposía de chjaa raós vemcaes , gytando era hitra tan
que circular, e que põem ao mesmo tempo era movimen
to, 6 peneires , onde estas matérias se peneirão ; tanto as.
mós como o tanque são de bronze.
Mettera-se depois em cylindros de 3 z»""- de com
prido, e 24 J"7'- de diâmetro 7 j '*• de matérias pulveriza-,
das, com 90'*- de Bailas de bronze, de 87- de diâmetro;
a força motriz dá aos cylindros huma rotação de 35- a
40 revoluções por minuto, e a trituração se conclue etn
£.»•
Para dar á massa a solidez necessária se humede
ce e raette em huma prensa , humedecendo igualmente
os pannos, e empregando quasi f por 100 de agua.
O parafuso da prensa he apertado por 4 homens,
e a massa alli se conserva 15.', e depois estas pastas se
partem á mão, e lançao nos Crivos, e seguem o mesmo
processo; para seccar bastão 3 ou 4 horas.
- O 3.°, que he odasPolvoras redondas, e empregado
ngs Pplvoras de Champy, segue o mesmo processo do,
segundo até pulverizar e triturar; porem para consolidar
a massa se humedecem as matérias com ij'*- por 100 de,
^gua salitrada a frio na razão de 16 por 100 Áç-Salitre^
e^depois vai passar pordous Crivos; ultimamente semet-
te em cylindros de eixos quadrados, de cuja rotação re
sultarão os grãos redondos; ficando 334 por 10© de
matéria unida ás paredes dos cylindros, que tirada segui-
rjçí o. mesmo processo; para seccar se precisão dous dias,
Ainda que muitas circunstancias concorrão para au-
£raentar a força daí Polvoras , e nós já notámos ser ex^-
traòrdúiaria aejúella , cjue resulta aos Inglezes de adoptar
t>tl
fem a carbonização em cylindros de ferro , â que ultima
mente adaptão hum tubo capaz de receber a agua redu-»
rida a vapor, assim como outros Gazes e Ácidos qu»
emittem de si as madeiras (as quaes elles aproveitão era
muitos importantes usos, depois de condensadas) com
tudo lembraremos a applicação da Prensa Hydraulicã.
inventada pelo celebre Mechanico Braraah (a) a fira de
dar á mistura do Salitre , Enxofre , e Carvão a máxima
densidade; assim como a Maquina (£) de Congreve o
filho, que posto seja assaz complicada , tem a grande van*
tagem de misturar com igualdade em todas as suas par
tes os simples de que a Pólvora se compõe.

C '*]
Das provas feitas em 1816 , e continuadas em 1817
por Mr. Dusaussoy e Mr. Lê General Conde de Ruty,
sie conclue :
i.° Que a densidade da massa depende menos do
prolongamento do tempo que gasta em ser batida, do
que do gráo de humidade que conservão as matérias.
i." Que humedecendo a massa de 2 em 2 h-, a den
sidade crescerá gradualmente até 8/(- de trabalho.
3.° Pondo-se a seccar em huma temperatura baixa
a densidade augmenta , e a eflorescencia diminue ; he por
tanto vantajoso secca-la á sombra , e já mais ao Sol ou
em estufa.
4.° A densidade augmenta augmentando 10"- ás
nãos dos Pilões.
5".° A ausência dos Sáes , que attrahem a humida
de mais que a densidade , contribuo para a conservação
da Pólvora.
6." Que até u horas de trabalho de Pilão a mas
sa está perfeitamente triturada e misturada. •
^^^^^^_^^_^^___ _

(a) foice militaire dt Já Glande Etetsgne Tom. 2: pag. 325 Fazil


Dito, Tom. a.° pag. 146.
Oo ^
7.° Qjs * densidade em 8* de trabalho he igual á
de 14* : eultimimente elles concordão, que os Moinhos
de Pilões pulverizão mal , e comprimem mal; e dão pre
ferencia ás Maquinas de mós ou Galga?.

Fluido he hunaa substancia composta de partes , que


se movem independentes huraas das outras, quasi sem
adherencia entre si, ou extremamente desligadas-, estede-
Homina-se elástico quando pelo contacto se comprime ,
e cessando a compressão, se dilata: desta natureza são os
Fluidos aeriformes e a matéria da luz ( Brisoní).
Damos o nome de Gazet permanentes , ou Fluidos
aeriformes permanentes a todos aquelles, que conser-
vão a forma e^as apparencias doar debaixo de todas as
pressões , e nas mais baixas temperaturas a que podemos
submette-los: todos estes Gazes são perfeitamente elás
ticos (JblQsinbo Chym. ).

[ 18. J
Caiorico designa a causa qualquer que seja , que
em nós he capaz de produzir a sensação do calor , quan
do livre de circunstancias , que encadeiao a sua acção , e
dissimulão a sua presença, pode livremente obrar, sobre
es nossos Órgãos.
O Catorico não manifesta unicamente a sua presen
ça pela sensação do calor que produz nos Entes orga^
HÍzados, mas tambe.n pela alteração que occasiona no
nolu.ru de todos e quaesquer corpos submctiidos á sua
acção: e com effeito todo o corpo, qualquer que seja o
seu estado, dilata-se quando se aquece, e pelo contrario
diraimie de volume pelo resfriamento.
O Caiorico co.nbate a força de cohesao , e diminue
Sensivelmente o seu eflfeiro;.
A forja , qualquer que seja , em. virtude da qual o
r DE AnTtLHAMA NAVAL. "* '
Catarico teude.a sahir dos corpos , e .atravessar o espaço
cm forma de raios , se diz Tensão do Calorico nos cor
pos ; e o Calorico , que atravessa o espaço em forma de
raios , tem o nome de Calorico radiante.
Huma de suas propriedades de que nós faremos uso,
he a seguinte:
As Intensidades do Calorico , que dimana ele hum pon
to , estão na razão inversa dos quadrados das distan
cias ao dito ponto.
-
B •
Demonstração.
Seja A hum ponto quente emittindo os raios Calo-
rificos em todas as direcções : abstrahindo a Pyramide
cónica de raios CAB , e tirando a Secção cb parallela á
base , teremos :
AD— altura = distancia á base CB - — D
Ad- --- = --- ........ - d
Superfície do Circ. CS - - ---- - — S
Dita - - do Circ. cb ------- - = *.

Ora sendo o n.* dos raios, que percutem estas superfícies ,


o mesmo , necessariamente na superfície cá devem estar
mais reunidos que na superfície CD que he maior: lo
go teremos as intensidades na razão inversa dasgraade^
zás ou expressões das superfícies : e

sendo <[ f = intensidade em CD ..... .


V — dita - - - em cd
teremos I : í : : * : f ,
mas. ( £. G. § 201 ) temos s : S : : Hd* : CO* • '.
ji. • u ••••.•.
A A
mas he CAD semelhante a cAd; dondt L o,'
: CD* : : * : D* : : rf« : fl
-.•..
!T : J: • *« : D»
e J : / : : tf* : />.' C. J1. & D.
t.,.i r. , ~~~
[19]

Mr. Madefaine f/z) pertende explicar o fenómeno


fla inflammação da Pólvora da maneira seguinte :
t<. Parece que até ao presente se não tem explicado
>» de huma maneira satisfatória o fenómeno da inflam-
>» mação da Pólvora , cujas variações tem a maior influen-
»> cia sobre oseífeitos, que devemos obter deste agente.»
« Não se tem pensado , que o ser a Pólvora má con-
» ductora do calor he a causa, que impede, que ella se
»> inflamme instantaneamente \ porque em consequenc/a.
»> desta qualidade acontece que o caloreachammaappli-
» cados em hura ponto não penetrem o interior com fa-
•>•> cilidade. M
« Não podendo a inflaramação extinguir-se senão
» pela propagação da chamma , ou por huma sufficiente
»» elevação da temperatura, se a carga formar huma mas-
>» sã bem compacta e comprimida contra as paredes da
ti alma da Peça , e assaz dura , tal que difficilmente se
»j parta, somente huma pequena porção de Pólvora se
>» inflammará utilmente, e mesmo será talvez a apenas
>» necessária para lançar com huma muito fraca veloci-
>» dade, por effeito de hum sufficiente desenvolvimento
» de Gaz, , o Projéctil fora da bccca da Peça. »
K As consequências , que daqui rcsultarião, são assaz
»» importantes para authorizarquaesqucr provas, quedes-
» truão ou confirmem esta asserção. »
t< Sea inflammação da Pólvora fie tão rápida , como
» se observa no Serviço ordinário das Boccas de fogo,
» isto nasce de que, communicando-se o fogo por meio
(,r) Journal dês Sciencís íiiiitaircb T. l.° pá-. 47).
«E ABTIMIAIIIA NAVAI» i^f
»? da 'Espoleta , a alta temperatura produzida por este
>» principio de inflammaçao se comrnunica promptamen-
>» te em razão do íntervallo, que existe entre os grãos;
»> tcirreratura , que deve augmenfar em razão da resis-
99 tencia cue lhe oppée o projéctil, e porque os grãos
» neo queimados se dispersão ligo que o «lesmo proje*
j» ctil he desalojado; de maneira que será ahoma maior
»» ou menor distancia do alojamento da carga que exis-
» tira o máximo desenvolvimento e acção dos Gazes. >»
«« Assim será a inflammaçao snccessiva e tanto rnaia-
» rápida, quanto mais calor se tiver desenvolvido, eso--
» bre tudo quanto mais promptamente poder penetrar *
»» massa. >»
« Assim para que a inflammaçao seja a mais rapi-
»> da possível , e para que toda a Pólvora da carga pro-
»> duza hum effeito útil he preciso :
t« i." que o Projéctil apresente numa certa resisten-
u cia. »
M 2.° que o calor eachamma possao penetrar atra-"
» vez dos grãos, e que ahi haja interstícios; porque a
» Pólvora he má conductora do calor. »
Sobre a maneira, cómoda inflatnmaçãoda Pólvora re
sulta a sua força, as opiniões dos sábios seachão notavel
mente divididas.
Newton, Leinary, Papin, Wolf pensarão , que a-,
força da Polvcra era produzida pela expansão da aguar
(que ella conservava) reduzida a vapor, ou.de hum Flui
do produzido pela sua inflammação, e que a rarefacção-
do ar contido nos grãos e seus interstícios contribuía pa
ra, estes effèitos.
Eoyíe , HaJley , Hauksbeé , Eelidor , Lahire , Moro-
gues pensarão, que o Fluido produzido pek Pólvora iivn
narnmada era devjdo ao ar, por isso que a Pólvora não-
produzia quasi.efleito algum na Maquina Pneumática.
Os outros ou seguirão ou poueo se afastarão des
tas duas opiniões, e os modernos tem , adoptado aTJieo-
ria que cxposemos. ,
í88 COMPENDIO THEORICO-PRATICO

C 19* l
i ' •
A força relativa da Pólvora he exclusivamente de
terminada pelos Provctes; porém não he único aquelle
Provete que indicámos ; este he o que se denomiaa Pro
vete de Ordenança. Ha além deste :
Provete de rodas dentadas
de balanço de Mr. Regaier
.- Hydrostatico do mesmo
t. de Bailas
• de S. Remy
• do Cbav. d^Arey
-tf—,— de Pêndulo.
~- .
Nós daremos a descripção deste ultimo , por ser aquelle
que foi empregado nas experiências, a que nos referimos
neste Compendio ; aquelles , que desejarem ter conheci
mento das construcçóes dos outros , podem recorrer ao Ai-
de-Memoire na palavra Eprovete.
O Provete 'do Pêndulo consiste em huma peqflena
""' " peça suspendida por duas barras de ferro, que se reúnem
em hura eixo horizontal , cujos extremos cylindricos os-
cillao sobre dous apoios ou moentes , imbutidos nos tra
vessões de huma pequena grade de madeira.
Quasi a meio das duas barras de ferro' está fixo hum
arco de circulo graduado, cujo centro existe no eixo de
rotação da Peça do Provete.
O Cursor , que se move ao longo do arco gradua
do, está unido a numa alidade movei, que partindo do
eixo forma cora huma segunda barra huma alavanca
angular , de que a alidade forma o i.° braço.
No estado de quietação do pêndulo se move a ali
dade , até que o Cursor marque o sobre o arco graduado.
Hum pequeno parafuso de reclamo atravessa o ex
tremo ao 2.° braço da alavanca.
r UE AHTILHAIÍIA x
Fâz-se mover este parafuso, até que a ponta venha
, itocar huma pequena chapa ttietallica situada sobre a es
quadria da grade de madeira , que serve de apoio a todo
este systema.
Quando se quer fazer uso deste Provete , se conduz
a Peça a huma posição vertical , e com huma Cocharra
se lança a Pólvora no fundo da alma, a qual se aperta
hum pouco coro o Taco^ e se deixa tomar aposição ho
rizontal.
: Depois se ajusta a posição da Alidade fazendo uso
do parafuso de reclamo , e comrounicado o fogo permeio
de hum Estopim ou Trança enxofrada , a Peça dispara.
Por effeito do recuo a Peça se eleva gyrando sobre
o seu eixo de suspensão ; porém a alavanca angular , que
se apoia sobre hum dos travessões , fica fixa, assim como
a Alidade , que forma o i.° Braço , e por esta causa obri
ga o Cursor a percorrer huma porção do arco , que de
ve marcar a amplitude da máxima oscillação.
E ficará assim determinada a força relativa da Pól
vora ; porque on.° degráos percorridos pelo Pêndulo nas
meias oscillaçóes he proporcional ao quadrado da forc^
motriz.

.[*>] . •. :
He notável a variedade, que desde 1686, em que
se introduzio na França o uso de empregar os Prtrvetes
para determinar a força relativa da Pólvora , se tem
observado nos alcances decretados para a admissão das
Polvoras em França j sua ordem com os seus respecti
vos alcances he a que se segue :
Em — 1686 devia ser o alcance — jo Toezas
1729 dito ------ 6o ditai
1769 dito -----=: oo ditas
1798 dito -•.--. 5= iço ditaf
•— 1808 dito - . - - - -ssiic dttas
COMPENDIO THEORICO-P&ATICO

Lombard na 3.a nota aos Principias eTArtilbart*


de Robins aponta a pag. 105 esta mesma demonstração.

Se quizermos determinar a Equação desta currça > pro-


jcederemos da maneira seguinte :
r AE = a = «/(HM
Fig. f. COE- t
S^0 •< A. = x f , e ,'
J - a l * • « * — •*•***» *
l* £ ; serão também -^fij « ^e= «/tara/
è teremos § 24
d : & \ : * : *•
0 , , fuf — SX x
forem he ^tf _ ^ ^ rf

aonde á : d' : : / X x : / X A
Eorem J = J/
?go à : d' : : x : a.
Do § £9 se tira:

logo será f\f'\\d? \ d12 : : x* ' **


Como porém as espessuras devem ser proporcionaes ás for
ças elásticas, ou aos seus esforços representados por b e
y , teremos :
ou também :
/:/': :* : jr. : : *' : •*
donde jw1 = ^«3*
u^ao da Hyperbola cubica (B. A. 374 >^-i
CE A»TILHA*IA NAVAL. 4J>f
A respeito da espessura que se deve dar aoraetal dasBoo*
cãs de fogo , e da formula que dá 09 pontos da linha do
ptrfil que convém adoptar, devemos consultar a engenho
sa Memória de M. D'Obenheim publicada em 1827: (<*)
assim como as excellentes notas de Euler á traducção de
Robins por Lombard (í).

Para nos convencermos desta verdade determinemos


I.° entre os Polyedros da mesma capacidade qual he f.
de menor superfície (r).
e . (u , x , y , & , £c. faces de bum Polyedro
Ja \ u'j x', y, z', &c.' perpendiculares tiradas de
bum ponto desse Polyedro respectivamente para. essat
faces , ou o que será o mesmo, supponhamos o Polyedro
composto de Pyramides, que tem por bases essas faces,
€ esse poato por vértice commum.
Assim teremos pelas condições do Problema as duas
Equações :
u-t-x-\-y-J(-z,-\r &c. = Minimum
j ( uu' + xnd -t- yy' 4- zzf -h &c. ) == Const,

differenciando será :
du + dx 4- dy -h dz •+• &c. — o
u'du + udu' •+- x'dx + xdx' + y dy + ydy1 + *'</* + w/*' + &c. SÓ,

Da i.» se tira :
du ^ — dx — dy — dz.
(a) Jornal das ^ciências Tom. 7.° pag. 569.
(4) Nouveaux Príncipes d'Artilherie de Robins 178} pag. 165 , •
pag. 409 , e a nota %.' pag. 105.
(c j Demonstração do Sr. Jtiargiochi. -t
Pp 2
COMPENDIO THEOKICO-PRATICO
Substituindo na 2.» e multiplicando teremos :
it'dx — u'd — u'de, -4- udu' +- *'<** 4- x<fcr' 4-

ou tirando para fora os factores coramuns:

-h xdx -t- ydy' -t- adz' -t- &c. — o

Sonde (S. C. § 61 >


y — tf = o • y = tf
Af' tf — O • y — u'
Z1 — tf = O • »' =: tf
'donde j/ = y = a' = »•'
•Donde seconclue que o Polyedro da menor superficie en
tre os da mesma capacidade deve ser composto de Pyra-
mides d'igual altura , e que deve ser tal , que possa ser
circunscripto á Esfera, cujo centro seja o vértice conamum
das Pyramides.
Digo que a Esfera concêntrica com esta , se tiver
maior ou igual superficie á do Polyedro, não podendo
ser envolvida por elle , terá em consequência maior raio
que o da Esfera inscripta ao Polyedro , e por tanto maior
capacidade que o Polyedro i como se pode verificar ava
liando ambas as capacidades pelo producto de } das re
spectivas superfícies pelos respectivos raios.
Por tanto para que a Esfera tenha a mesma capaci
dade que o Polyedro da mesma superficie , he preciso
que tenha menor superficie que o Polyedro.
Como porém a Demonstração antecedente não de
pende do numero das faces do Polyedro, e como a su
perfície de qualquer solido se pode sempre suppôr com
posta de partes planas, ainda que sejão infinitamente pe
quenas , e em numero infinito j segue-se que he sempre
tos ARTILHAMA NAVAL. /•
•Verdade que de todos os sólidos da mesma capacidade he
a Esfera o de menor superfície.
NB. Parece oppor-se a esta doutrina o que se en
contra em Montucla (a) , quando trata da descripção e
propriedades do Circulo , Latenaria , Lintearia , Cur
va elástica , e mais curvas devidas aos génios investiga
dores de Eernoulli, Fatio, Leibnitz, Huyghensj e con-
clue nos seguintes termos :
« Eis-aqui temos três curvas o Circulo, a Caiena-
»> ria , e a Lintearia , entre asquaes reina huma analo-
» gia notável: a i." he aquella de que resulta huma fi-
>» gura , que entre todas as isoperimetras tem a maior
f» área ; a a.1 a que produz o solido de revolução , que
>» tem maior superfície; a 3." a que produz o solido ab-
»» solutamente maior. »> Ora o author refere-se ao que
diz achara Bernoulli , cuja demonstração ou mesmo ra
ciocínio nos não transcreve , sendo em opposição ao que
encontramos em todos os authores modernos.

E M ]
As repetidas experiências , em <jue se tem emprega
do as mais exactas e delicadas Maquinas , com o auxilio
de quanto podia fornecer a Mathematica , Physica , e Chy-
mica, não forão suficientes para evitar a pasmosa dis
cordância de opiniões sobre a mais exacta expressão da
força absoluta da Pólvora.
Querendo (Diz Mr. Madelaine) (£) assignar-se
hum termo fixo á força absoluta da Pólvora , não ha dous
authores que perfeitamente concordem na determinação
deste termo i estes o fazem variar entre iço e 55000 ath-
mosferasi nós pensamos exactas todas as grandezas nu
méricas, que nrs apresemão estes authores, por quanto
pospersuadincs,que não he possível limitar a força des-
'° P"te +* Livro 7-°
Jouinal dc$ Sswnee» militaiíea Tom. a." pag. 377. -
THBo*tco-?ir/mcà
te tão poderoso agente ; sendo seus effeitos tão viríareít
já pelas quantidades das matérias empregadas, já pelot
«paços occopados, e resistências a vencer,
Se nos cingimos ás ultimas experiências deRumfbrJ
sobre a medida da força absoluta da Pólvora, que clle
pode obter mais exactamente, em resultado das quaes
affirma, que hum só gramma de Polv<wa era hum Pro-
vete cheio por elle a f tinha feito equilíbrio a huma
pressão de mais de 10000 athmosferas; que pensaremos
a respeito da potência , que deverá desenvolver huma quan
tidade de Pólvora roço ou 4000 vezes maior, tal qual
nós empregamos nas Boccas de fogo ordinárias? Como
se fixarão os limites, que podemos obter no Serviço ape-
zar das perdas inevitáveis provenientes da expansão pro
gressiva dos Gazes na alma do Canhão , e das perdas ré»
«ultantes do vento da Bi lia , e Ouvido?
'•> I' Boyle, Haley, Hauksbée, Lahire, Valliere, Moro-'
gues avaliarão o volume do fluido expansivo da Pólvora
em 400 até joo vezes o volume do ar athmosferico.
Amontons, Dulak, Beíidor, e curros assentarão,
que o fluido elástico da Pólvora se dilatnva pelo seu ca-
Joriào a yooo vezes o seu volume. Daniel Bernoulli sus
tenta , que a elasticidade do Fluido da Pólvora he icoo
vezes maior que a do ar athmosferico.
1 Lombard avalia a acção do fluido elástico perma
nente desenvolvido pela inflammação em 02 15" vezes a
pressão athmosferica.
Antony em 18000 vezes a mesma pressão. Gay-Lus-
sac em resultado das suas experiências concorda em que
estes fluidos elásticos occupão hum espaço 1000 vezes
maior que o ar athmosferico.

Para nos convencermos desta equivalência , notares


mós que a respeito do cylindro formado pela revolução
do rectângulo PNDC sobre DC temos (£. G. § 137 J
Í>E AKTILHAWA NAYAI»
CP X i Circ. CP X DC— Solidez do cylindr» , r*<
• £<? C/rr. CP.
Mas he ( B. G. § 145- ) CP X DC - Superfície do Re*
ctangulo P$IDC , Jogo substituindo teremos;
PNDC X 7 C/>r. CP =' Solidez do cylinâro.
Por analogia se concluirá hama semelhante equivalência
suficientemente aproximada para representar a solidez do
solido nuxto formado pela revolução da figura mixtili-
nea PMDC á rodr. dr /)C. como observa o author desu
demonstração o Sr. Marquez de Paranaguá.

[** 3
v
Temos: i : c : : ir : Circ. — icr
togo Superfície da Esfera = 2 cr X ^r = 4 fr.*
Solidez — 4<r2 X T r = T frJ
Logo Semiesfera = $ cr* ,
Circunferência da base do cylindro = zcr
Superfície da base — 2 rr X 5 r = ÍTa
Solidez = fr" x ar = 2fr}
Cylindro circunscrifto â semiesfera = cr'.'

A superfície do i.° cylindro he sempre menor que


f superfície do 2.° ; porque , quanto roais se aproxima o
cylindro a equilátero, mais se aproximará daminima su
perfície , porque de todos os cylindros da mesma £#£$••,
cidade o que tem menor superfície he o equilátero*

Demonstração.
_ r i :c =: Razão do diâmetro â circunferência .
Seja ^ x ~ Raio da base . .u -. •»:
M».
' , {. y ~ Altura de bum cylindro», r'(
CoMfENDlO THEÔfcICO-PRAticd
Logo l : c : : ^x : Circ. zz 2cx
Superfície lateral •=. ^cxy
Bases — icx X y x = cx*
Superficle total — ^ cxy -H ^ cx* = Min.
differenciando o = xdy + ydx -t- 2 xdx

Substituindo na Equação da solidez diiferenciada

=: cx"1y
differenciando x*dy -h ^yxdx =: O
substituindo — x*dx (*--—\ -f- lyxdx = 6
— xdx (y + ^ x ) -4- ^yxdx = o .
— ^x'1dx -t- ^yxdx = Ot,
Reduzindo e dividindo por xdx temos :

isto he , o diâmetro da base igual d altura , logo Equi


látero.

Este systeraa de medidas não he o mais adequadtf


aos usos scientificos ; por isso julgo será indispensável
(mesmo para a intelligencia de algumas dimensões, que
náo reduzi á nossa antiga divisão , por não serem corres
pondentes a medidas exactas) dar huma idéa do novo
systema, cuja unidade he determinada por huma medida
invariável, rara obter a sua grandeza encarregou o Go
verno Francez a Mr. Delambre da medição do arco do
Meridiano Terrestre, comprehendido catre Dunkerque
e Barcelona , que tendo huma extensão de perto <•)?•
' " »E AUTILHAKIA. NAVAt.
\ (*) he cortado quasi a meio pelo Parallelo de 4Çcj
e seus extremos, sendo estribados sobre o Oceano de nu
ma parte e o Mediterrâneo da outra , estão no nível do
mar; condiçtíes indispensáveis para da sua medida se de
duzir com sufficiente aproximação a grandeza do arco
de 90°, cuja decima millionesima parte nos dá a grande
za do Metro.
' He para notar, que seja esta a única posição no Glo
bo que reúne estas vantagens , se prescindirmos da parte
comprehendida entre a Bahia de Hudson e a Georgia;
onde seria necessário medir hum arco de extraordinária
grandeza, no centro d'hum Paiz quasi inhabitado, e se
meado de profundos lagos; onde as delicadas (£) opera
ções, a que he preciso proceder, setornão impraticáveis.
A divisão destas unidades he na razão decupla , o-
que facilita consideravelmente o seu calculo.

A' unidade de distancia seda o nome de Metro, que


corresponde á decima millionesima parte da 4." .parte do
Meridiano terrestre , assim :
Meridiano Terrestre 40:000-000 Metros
Myria-metro — M.^ - 10.000 ' •
Kilo-metro K. 1.000
Hecto-metro H. 100
Deca-metro D. 10
i Metro - met. i
Deci-metro d. - o,r
Centi-metnt c. 0,01
Mílit-metro m. 0,001.
i
Da multiplicação successiva destas quantidades Lineares
.___ .
(n) Instrui t i ou jur lês Mesures deduites de Ia Grandeur de Ia Ter ré ,
par Ia Commission dês Poids et Mesures pag. 25. j
(l~) Metliodes nrialyticiK-s pour Ia deteimination d'un are du ftleit»
die» pai Delauibie: de pag. 17 até 111.
J?8t CoMPBSDld'* Tf«<»ICOrPR AtICO
rçsultao os quadrados e os cubos para representar as Sb-
perii.ics e os Sólidos.
'' •' ' ' • . •*•".' '""l
A unidade de capacidade he o Litro , que correspon
de a hutn Deci-metro cubico, e com a mesma subordi
nação de unidades se forma a seguinte Ta boa.
, -.„...---• tcxooo Litrot
jfílo-litro -,._--..,„ 1:000
tíecto-litro --*--.--,,. 100
tro -.--.

0,001.
A unidade de pezo heo Gramma , que he equivalen
te a hum Centímetro cubica de agua pura , e segue hu-
aaaloga Nomfioclatura.
Myria-gramma ----- 10:000 Granima*
Kjlo-gramma ------ u. i.-ooo
Hecto-gramma - - - ----- - iocr
Deca-gramma ~ - - - _ - - _ ^- IQ
Cramma, ------ -^» r
Deci-gramma. - - - _ - . .^ _ o,-r .
Centi-gramma -------- 0,01
Milli-gnam-ma -- - - — - - — _• 0,00 r.

A unidade de medida agraria !ie o ./ír* ou Gcir<tf


que corresponde a 100 Metros quadrados.
Heet-Are ---------- roo ^írfj.
A urtídíide devolúnié fie oStere , que corresponde a
cubico; a sua Nomenclatura composta não se '
i. -.«. .1 ; .9 J i';, -l . '•• •>
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DE AKTILHAMA NAVAL.

•X . Err pregando a Geometria obteremos algumas ana


logias, que vantajosamente se podem empregar nas de
monstra 5 Ões e cálculos a que devemos proceder.
« . f<f — diâmetro àe bumá circunferência
eJa \c — circumferencia, .

Segundo arelaçSo calculada por Leopoldo Cullen temos:


ã : c : : IIJ : 35? - - - V - - (E) .
I.» Diâmetro : Circumferencia : : IÍJ : 355:.
Multiplicando a i.» razão por^, e os antecedentes por4,
temos :
4</a -.Cd, : 4 X 113 : 35-5-
00 d* '• '{ : : 451 = 35*5
mas — = d Superfície do circulo, logo
a.»Quadrado do diâmetro, : Suferf. do circulo : : 4^1 :
Multiplicando na analogia (E) a i.» razão por <T, e os an
tecedentes por 6, temos dividindo depois a i.J razão por

^':: r 6 X
frf1 i
— = cdx - d =. Solidez da Esfera, logo .f
3.» G^<? </o diâmetro : Solidez da Esfera : : 678 : 375*.
Multiplicando na analogia (E) a i.» razáo por </*, emuí-
tipHcando os antecedentes por 4, e dividindo depois a i.*
razão por 4 , temos :
f *

*••'• - • 4
COMPENDIO THEOMCO-PRAÍHCOÍ
mas ^ = '- X ^ = Sflidez do cylindro equilátero 9
logo
4." Cubo do diâmetro : Solidez do tylinàro : :
Porém' nós temds achado :

Solidez do cyíindr» = --
6

Solidez da Esfera = —
^

j.« SoMez. da. Esfera : Solidez do cyitndro :


. PU: : í : j : : 4 : $ : : t ; ^

£ »9 3
O e /)' 0/>mj í/e </»<zj- quantidades de Pólvora
4 g e g' *s suas gravidades esptcificas
C v e v' «j volumes , o» solidezcf.

; Mecânica temos M = *,* £


\/> — tf X ^
; P • ^ ' - vg : -v'g'
porém se asgravidades especificas forem as mesmas isttí
ne, se for Polvoxa da mesma qualidade: '

he g = g
temos : p : f : : v : v'
\
isto he, ospezos proporcionaes ds solidezes ou volumes*

[30] ;
Dada huma Esfera se determina graficamente o seu
- diâmetro da maneira seguinte r
-'
-• Co» num compasso curvo ft?endo ctntro érft hum
ponto qualquer yí da Baila , cujo «in-fretro K fertendtsa*
ter, se descreva hurra circumferencia Í.CC, na qur.l se
fomem cora o rnesrr.o' coirpasôo as prsnde/as <l?s cerdas
imaginadas PD „ DC „ BC: com ellas se construa' sobre
e papel num triângulo bdc , e circunscreva-se l;um eircn*
Io , e pelo seu centro se tire o diâmetro </, que ò será
do circulo menor BCD.
Tire-se depois huma linha LH iguaí ao diâmetro
rf, e ao meio delia se levante a perpendicular indefinitá
xz ; e fazendo centro em L com o raio AC se descreve
Èum arco , que cortará xz em hum ponto A> que será d
j.° extremo do diâmetro da Baila ; tire-se AL, e ao seu
extremo L se levante a perpendicular LB , que determi
nará o outro extremo K do diâmetro pedido.
Porque o ponro L existe na circumferencia , e he
YWtice de hum angulo recto, lego seus lados devem pas^
sar peles extremos do seu diâmetro respectivo.

' C 3* 3
Csmetaes distinguem-se dosoufros corpos pelo seu
brilhante, considerável gravidade especifica, e falta de
transparência.
Alguns são maneáveis , e debaixo de martello erti
Hum gráo de temperatura mais ou menos elevada , fa
cilmente se manufncturão , como o Ouro , Prata , Cobre ,
Ferro , Estanho; outros partem-se , como o Ffrro coado %
o Cobre roseta.
Os metaes tem differente gráo de tenacidaíe-, es'r£
mede-se pela percussão , ou suspendendo de hum nó do
metal que está em exame, successivamente dlfferentes
pezos. 'J' '
Os metaef- fámhern s^-tfistingue
gráo de temperatura em que se" funcíemV '
Três são r,s- maneicns e fbrmás tfá 'e
tats na uaturezà}'a'te!bet: ; ^ . -^v^»'"*
i.° Em metal virgem ou nativo , e he quando es
tá reduzido ao estado de pureza , sem matérias heterogé
neas.
i.° Era Oxidos metal/icos , ou metaes combinados
com o Oxygeneo , que se encontrão debaixo de apparen-
cia de terras, ou pedras mesmo em forma de crystaes.
g.° Em mineraes , que apparecem combinados com
substancias differentes, principalmente Sulfúreas.
A maior parte dos metaes tem a propriedade de
absorver o Oxygeneo atbmosferico , quando erahum cer
to gráo de calor são expostos ao seu contacto ; e por is
co para obter a sua conservação he preciso, quanto for
possível , evitar-lhes o contacto do ar.
Alguns metaes ha , que tem a propriedade de dis
solver os outros , como o Mercúrio ao Ouro,
O F- rr^-raras vezes se encontra puro na natureza ;
he necessário submete-lo a operações metallurgicas , pa
ca dos mineraes obter os seus 3 differentes estados.

i.° Ferro coado


i.° Ferro forjado

Ferro coado , que he o resultado da i.» fundição do mi


neral primitivo , he rijo , e quebra facilmente.
Para se obter o Ferro coado se lança o mineral
em fornos rectangulares com carvão de pedra e pedras
calcarias, e se Iheapplica hum vivo fogo, cuja activida
de he augmentada empregando folies movidos por vapor ,
OU Maquinas Hydraulicas : os metaes derretidos sanem
pela bocca para as formas, donde se tirão para commer-
cio ou uso.
Estas barras de Ferro partidas, efundidas de novo,
nos dão o Ferro forjado , que depois se extende debaixo
do malho; esta fundição augmema-lhe a tenacidade, po
rem rouba-lhe a propriedade de se tornar a fundir.
rara do Ferro forjado se obter o Aço se introdur
h "ARTILHA F IA NAVAL.
ttern pequenas barras com pó de carvão em vasos bem ta
pados, e se expõem a hum activo fogo durante y ou (í
íioras , o que reduz tudo a braza : neste estado o Ferro
absorve hmna quantidade de Acido Carbónico j donde
resulta restituir-lhe a natureza de Ferro coado, conser
vando-lhe a flexiblidade, e hum grão mais fino, proprie
dades do Aço. : :•
Também ha minas primitivas à'Aço. < '>
O Cobre existe na natureza em estado nativo , ou
em mineraes combinados com outras substancias \ para
o purificar se lança em fornos parallelipipedos rectângu
los., edesta fundição resulta oCoíre verde , que he ordi
nariamente huraa mistura de Cobre , Ferro , e Enxofre,
e algumas vezes Zinco , c Antimonú).
Torna- se a fundir, e o resultado he oCobre bruto,
que conserva ainda metade do seu pezo de matérias he
terogéneas.
Na 3." fundição se obtém o Cobre roseta-, este O-
Ire he muito poroso e quebradiço, qualidades que per
de sendo ligado com o Estanho ; o metal que resulta
desta liga se denomina Bronze : aquelle que se emprega
na construção das Bcccas de fogo , resulta da :
Estanho - - - - ,,- - 7 a 11 partes
Liga de -| Cobre roseta ----- 100 ditas.

O Eronze que se emprega na construcção dos Sinos pa


ra satisfazer á afinação , se forma da /
*' * •"'
j[Cobre roseta
Estanho - - ''-
-'•-•'- - . -.'-J
•-••*/ '- -;
-• -J •**•
*'4 «
- - - - - '..'••- -^ -- 5 a 6
{Chumbo - - - - -'-.'-"i.-- 4.
O Estanho encontra-se na natureza como metal
trvo, ou combÍDado com o Enxofre; extrahe-se da mi
na, funde-se em pequenos fornos , e fica prcmpto para o
uso j exposto a hum intenso calor calcina-se. , > < .1
Rr
O TfftORICO-PRArtCO
"' •' O Chumbo apparcce na natureza fo era
Gxido.
O^7»f#.apparece seiuelhantoraente ; tem muita teaa*
cidade , e he muito difficil de se partir.
"• ' 'O Latão he composto de duas partes de Caírft e
huraa de Zinco.
A grande difficuldade que se tem encontrado cm
obter hura metal para a constrqcjão da« Peças, que sa
tisfaça as condições necessárias, rena instigado aos mais
fcabíis Chyraieos , Artilheiros , e Maquinistas a delica
das analyses e experiências.
O Ferro eoado náo he muito dispendioso ; porém a
•ua pouca tenacidade nos obriga a augmentar a grossura,
dos metaes , de que resulta hu ma dificuldade para os trans
portes ^ por isso náo se faz uso delle nos Parques de cam
panha; somente se erapregáo em guarnições de Praças,
Baterias , Navios , sendo ainda nestes últimos algumas ve
zes prejudicial. '»
O Ferro forjafo poderia reunir proximamente es»
tas vantagens; porém as Peças ficando muito leves na
éccasião do tiro daranificarião considerarelmeníe as Car
retas ou Reparos por causa do grande recuo; além dis
so. a ferrugem , <jue ataca em excesso este metal , pront-
ptaménte oxidaria a arma, e tornaria a Peça inútil.
'Não obstante , tem-se construído era todo o tempo
Pífias de Ferro forjado t empregando-o sp, oo, combina
«íoxom o Ferro coado- ou Bronze.
No Arsenal do Exercito de Lisboa existe huraa Pe
ça àfrFerroforjado. , de Calibre 36 , comprimento 1-5 pal-
mos, cylindrica. da, Culatra áboçca, com. dous palmos de
diâmetro.; 4 alnia he hum cano formado com barras de
Ferr^ de» polegada e 7 de grossura., equasi 3 polegadas
de largo , reformado com grossos arcos de Ferro de 3 po
legadas de largo , e 3 \ às grossura , fez«ndo ao total y
polegiJ »s de inetal constante em todo oseu comprimen
to, 4 pnres de argolas sáo distribuídos pelo seu compri^-
mento a distancias, qu.isi iguaes; a Culatra he formada
«p T»* A UTILHABIA NAVAL.
grossas chapas , caldeadas á forja , assim como o
t&o as outras Peças.
,r,. • Em o Castcl Io de S, Dezier se achou hutna Peça de
HO polegadas de Calibre , e 68 quintaes de pezo, cora n
bolada de Ferro forjado , e a Culatra e Camerade Fer~
ro coado.
Em Brest ha h u ma Peça , que foi tomada aos In-
glezes pelo Navio Proteo , construída de 7 barras de &r«
ro forjado, abraçadas por arcos do mesmo Ferro , cujo
fundo hc soldado; o exterior lie forrado com luima gros
sa chapa de Bronz-e : consta fora fundida era 1-666 «09
Multan na índia pelo Árabe Muchenied-Benhassan, per
za 77»3'*-, tem de comprido n *• if-t be de Calibre de
36-
No Arsenal de Lisboa no Campo de Santa Clara
existem 9 Pecas de d ifterenres calibres , cujas almas sá«
li uns canos de Hi-otiz-e , reforçados com arcos de Ferro ^
c cobertos por fora com grossas chapas de Cobre.
Em 1813 a Companhia de Etienne apresentou a«
Governo Francez para modelo huma Peça forjada d*
calibre 8 com a seguinte construcçao.
Sobre hum tubo de Ferro como hum cano de fusíl
«e soldarão cintas de Ferrv abraçando o tubo, sobreposta*
em difterentes sentidos até obter huma grossura conve
niente j a Culatra se unia ao fundo por meio de parafu-r
sós, e tudo se soldava com solda de Prata ± assim mes
mo, estas Boccag de togo estão sujeitas aos defeitos poa-
flerados.
Ò Cobre tem tenacidade, porém he táo Vando e
poroso, que o Projéctil em poucos tiros dilataria a alma
<la Peça irregularmente com amolgaduras e regos pro
fundos, e a tornaria inútil; por isso se tem ensaiado dif-
ferentes ligas «ntre as quaes apontamos as seguintes:
O General Conde de La Martiliere adopta :
Cobre i- r- ..».-,. ^ - - - - - IOÔ
Estanho *»•->. ^ .., - i-, ^
Rr z
308
^ O Eftanho nesta ligi (diz elle) endurece o Co%ret
insinuando-se nos seus poros , e ao mesmo tempo contri-
buc para a sua ruína diminuindo a sua tenacidade (no*
taremos que esta opinião não he geral, mas combina com
a pratica ).
Ora o Estanho he mais fusível que o Cobre , ecom-
municarido-lhe esta propriedade o amollece a ponto , que
a Peca esquentada pelo Calorico, que resulta da inflam-
maçao da Pólvora, depois de alguns tiros se acha dilata
da na alma e Ouvido a ponto de ficar inútil ; donde re
sulta , que a liga destes dous metaes nos fornece Peças
insuficientes para resistir a fogo aturado.
Notaremos também , que a fundição contribue em
grande parte para o bom resultado da liga ; porque Q Es
tanho deve lançar-se no forno , logo que o Cobre esteja
derretido, momento assaz difficil de determinar, atren-
dendo a que quanto mais tarde se lança, mais elevada es
tá a temperatura do Cobre derretido , e por consequên
cia maior porção de Estanho se calcina , e transforma
em Escoria , o que considera v cimente altera a liga dos
metaes.
Segundo Decker a escandecencia , que sofFrem as
Peças, depois de alguns tiros consegue derreter o Esta
nho , e em consequência perturba a proporção da sua li
ga , e as conduz a ruina.
Segundo a opinião de outros o gaz elástico produ
zido pela inflammação da Pólvora , e a humidade que
deixa nas paredes da alma , obrão chymicamente sobre o
Estanho como hum dissolvente , e accelerão a ruina dai
arma.
Na Fabrica dos Kellerts se emprega a liga de
Cobre roseta - - - - 100
Latão ------ 6
Zinco ------ L da lata» *
Estanho - - - - - p.
Devemos advertir, que o Zinco he mais fusível que
e menos sujeito a oxidar-se. .
MMrs. Darcet, Pai e Filho, conhecendo * dureza
do Ferro coado, e a tenacidade do Qohre , julgarão quç
da sua liga resultaria hum iret;il com tcdns as vantagens
para a ccnstrocção das Boccas de fogrt ; porém nada con
cluirão das suas experiências. . u. i . . . ..<.:}
Não obstante Mr. Bergeot formou huma

C Cobre -----'--.._ I200"-


Liga de < F<?rn? - - - - - .-•-. •*.;«.' . - jgg
LZinco- - -_ -.-,:- -_ - - 83z y
«tendo fundido huma Peça , que rebentou, depois deaí-
guns tiros encontrou no fundo do forno todo o Ferro
o que prova que esta Jiga fie inadmissível. Depois se
conseguio hum metal para as Pecas , cuja liga se tem mos
trado superior a quantas se tem experimentado: que se
compõe de _ .
Ferro *3aí partes
Cobre roseta - - - - .100
Estanta * - - - - ». (*>
Mr. lê General Gassendi tem proposto o metnodo
de construir Peças, cuja alma he hum cylindroíteFfrn?
reforçado exteriormente com huma capa de Bronze (i)*
Mr. Darten dizem fora inventor de huma semelhan
te Bocca de fogo.
Em conclusão attendendo ás experiências de Mr.
Dussausoy , e ás que se tem feito em Hollanda em 175-3 >
em Vaíenç^a em 1737, em Sevilha em 1781, em Turim
em 1810, em Douai em 1786, em Strasbourg em 1813^
1814, 1 8 15-, o meio de obter Peças, que resistão em bom
estado a hum fogo mais aturado, se reduz
i.c A empregar na sua constru,ççao roetaes ROTOS
e puros.
C«) QuelqtiM Considerations sur l' «til. Gassendi Jornal dito. Tcni
í.» par. 504, i g 7. ' '
CO Aide-tóeu.oire pag. 8aor • • - - - wl-- --»
Tnaomoo-PRATico
j.* Fazer a liga de Cobre e Eftanho , quando es
tes meraes tenhão adquirido o gráo de fundição, que a
facilite.
3.° Vasar as Peças , quando se conhecer que a Jigt
tem adquirido hum gráo conveniente de calor.

t 3* 3
Segunda LombarJ f
As Peças de 12 , 8 , 6 , 4 devem ter de comprimento 17 Calibre»
• de 48 ....ao ditos.

Os Prussianos tem Peças de Bronze compridas :


De ^ com comprimento - - 18 Calibret
— 17 - - 17 eitos
— 3 - ao ditos. .
A Ordenança de França determinada por Dumets e La
Valiere estabelece para o comprimento da alma das Pe
cas de 24 - - - - - 21 Diâmetros ou Calibres
— ii -----14
- 8 2?
— 4 - , _ „ .
Gribauval procedendo a hura grande n.* de erpe*
rícncias obteve .em resultado, que as Peças de campanha
ee podia o reduzir
As de Calibre ia, 8 e 4 a terem 18 Calibres ât
comprimento total e 16,8 de comprimento d''alma , e as
de bater a 24 Calibres de comprimento de alma.
Comprimento das Peças de campanha pela Ordenança
de França de i8iy de Bronze :
1 8 Comprimento - - t- - .. 13 Calibrei
12 Ligeiras ---,--, 13,000 0
12 •• -•-»»!•«*"
ca ter AwiMiAKfi' NATA*. *>
* - - - - -i--* - - - I3.COO
6 Pfí&oéts 4t Dtsagvliers - 22,876
é Ligeiras - - , .... l tf,CQp . ,
«-- j 1M> Dtsaguliert - -...-. ^717
--*< j Ligeir#t - « * • --- 1 14,418,
' * f i .
Para as •Peça?
'
de sitio. tçmos . .. : i. . .1 •• . • ,
•..'•• •• •. .Q
*m

Calibre 14 Pezadas -( ---.._ ro,c74


---- Medias -L* '-J. - - . . 16^483
--- Modernas • . -. • - - V ^ •-'••,••,
- 18 L/^/V^T ' - i- '.f -'.-;- 13,000;
• . " •. *"jfl

Para guarnecer Navios trataremos daquellas, qoç actual


mente se fimdeni em Inglaterra j porque são dessas que
se abastecem os nossos Arsenaes de Marinha ; seus Calj-
brçs , comprimentos , e respectivos pezos , tudo são dimeq-
sõcs Inglezas.
--4

Çomftimento

9 i*>
COMPENDIO THEORICO-PRATICO
f- 1776 - «í
- 1464 -:--— 8
i
2016 -- 6\
1904 -• . •
6. r *

Das Caronadas tratamos no seu respectivo lugar.


[ 31* ] . "
Ainda que oraethodo de explicar os fenómenos pro
duzidos pela inflammação da Pólvora , e de resolver os
principaes Problemas d' Artilharia seja, quasi por parecer
unanime, fundado sobre os resultados das experiências
que Hutton, Miller, Doutor Gregory, e outros tem fei
to para determinar a velocidade inicial das bailas; me-
thodo que he considerado per Wilamroys e outros como
muito perferivel ao dos alcances i com tudo para conhe
cimento dos meus Leitores extractei de huma Memória
de M. Madelaine o seguinte (a\
Este hábil OfficiaT pertende mostrar com raztíes plau-
siveis^, que não he exacta em toda a sua extensão a pro
posição geral , que Wilantroys avança de nada provarem ,
e serem inteiramente inexactas as provas deduzidas
dos alcances , indicando que etIas ordinariamente nos
conduzem a absurdos. Madelaine pensa que esta pro
posição só será admissível , quando o n.° dos tiros , entre
os quaes se tomar o médio , não exceder de 3 a j1 ; porêra
quando o médio for tomado entre hum grande n.°, não
pode conformar- se com a asserção de Wilantroys , cuja
adopção seria mesmo prejudicial , por quanto privaria a
importante Scieucia do Artilheiro de hurii meio simples,
directo, e eíBcaz de obter as provas , que tanto necessita.
Além disso (diz elle) que a divergência de resulta
dos nas provas de Turim, alleg.idas por Wilantroys, taU
jjuraal «k-3 íkw.hws uuliuiics , Toiu. i.9 pag. j j 4.
DE A*TítHARÍA NAVAt. ' ' JTJ *
ver não fosse sensível , se o n.° dos tiros fosse maior , e
houvesse uniformidade tanto nas cargas , como no vento
das bailas, e ângulos de projecção.
Nota omesmoauthorque os incidentes , que affectao
as experiências , tanto pelos alcances como pelas veloci
dades iniciaes, huns são mais facilmente apreciáveis pe-
Jo i.° methcdo , outros se tornao menos sensíveis, e ou
tros ultimamente tem igual influencia em ambos: taessao
as irregularidades provenientes dos effeitos da Pólvora,
e da maneira de a empregar &c.
Em conclusão he de parecer , que em lugar de repro
var inteiramente as provas pelos alcances , ao contrario
ellas se devem pôr em pratica para combinar com os re
sultados dos outros processos.

• ' • - • . ' f jj J • • " ' ' ."


» o • •)
• i/ •• • t •l

Entre todas as Maquinas até agora inventadas pa


ta determinar por experiência a velocidade inicial das Bai
las he seguramente o Pêndulo Ballistico , de que trata
mos , aquella que mais vantajosamente se tem empregado j
h.a com tudo outras, de que daremos a descripçao.
Empregou o Dr. Hutton o recuo de numa Peça sus-
pensa por hurna barra de ferro, dirigida pelo centro de '*"* *
gravidade , e sobrecarregada com alguns pezos de chumbo ,
afim de dar menor amplitude ásoscillaçóes, e medindo a
corda do arco do recuo atirando sem Baila , e depois a
corda do mesmo atirando cora ella , observou que na
diferença destas cordas se obtém a corda do movimento
imprenso á Baila.
Isto necessariamente em consequência de serem as
velocidades dos corpos ascendentes, descrevendo diíferen-
tcs arcos do mesiro raio, proporcionaes ás suas cordas:
isto supposto, passemos a determinar a Formula da velo
cidade da Baila pelo recuo. % u
Ss
t — Corda duvida á velocidade da Baila
p — Pezo da Peça e equipagem com que está suspensa
à = da l'alla
- Distancia do eixo de rotação ao centro de gravidade
— - . «o centro d,- oscillacio
_ •— i. ao eixo da Peça
a ~ Numero de oscillaçúes que faz por minuto
r ~ Raio do arco que tem c por corda
v — Velocidade da Baila
V— Velocidade da Peça , ou do sen eixo.

Seja bi9v — Somma dos momentos da Baila


r* — Somma dos momentos da Peça

quantidades , que representando a acção e reacção são em


equilíbrio iguacsj logo

Porém V representa a velocidade no ponto , cuja distan


cia ao eixo de rotação — i
Jogo pela propriedade das linhas proporcionaes temos
•r
ê : 0 : : V : -j- = Velocidade do centro de oscillaçãp,
Porém a velocidade deste centro hc igual áquella .,
que elle teria adquirido cahindo livremente da altura ver
tical, ou do Seno verso do arco que elle descreveo; mas
ar : c : : c : — = Seno verso
ou também
* ? • : : ~; : Seno verso do arco cujo raio he 0 —
Porém nós ternos , que a velocidade , que hura corpo
qtúriria ^ he representada ( B. M. § z 8 ) por
= a x
' D« ARTILHARIA NAVAL.
nas ^ = jzp-,i8; logo

....
e substituindo

igualando ao valor achado temos

ou ff ^

Substituindo na Equação dos momentos temos


#'* - 7,67:17 SSftfí
donde v = 5^717 f 0 V^

Formula geral empregada pelo Dr. Hutton no seu sy-


•tema de experiências.
Com tudo d'huma Memória impressa (a) em 1826 ex-
rractamos a este respeito o seguinte.
Este mctliodo parece essencialmente vicioso; porque.
para admittir que o excesso do recuo do Canhão carrega
do com Balia sobre o Canhão carregado comPolvorasecn
ca represente a força impressa á Baila he preciso con
cluir, que a Pólvora obra da mesma maneira em ambo*
es casos, e que a inflam mação mais ou menos comple
ta , sua rapidez , o seu gráo de temperatura , em fim a po-r
tencia da Pólvora não varião a pezar da resistência , que
o Projéctil deve oppér em hum dos dous casos; resisçen-
«ia que terá tanto maior influencia , quanto mais curto
O) Memoite de M. Joaquim Madelaine Jouinal dês Sciences, Tom,
S.» pag. ííó. ...'--. i
Ss 2
... CoMíBWDIO TKEOMCO-PR ATIÇO
for o Canhão , mais grosso o Projéctil , e mais fortemen
te atacado com o Taco , c ultimamente se a carga for mais
forte; eífèitos, que «e devem considerar como positivos,
equeRobins, crArcy, e Thompson terião adraittido,
se tivessem podido melhor avaliar as causas da violenta
reacção dos Gazes da Pólvora.
Mr. Mattheus, Maquinista do Rei de Sardenha,
inventou, para determinar a velocidade inicial, huma
Maquina , cuja peça principal consistia em hum cylin-
dro de papel movei horizontalmente sobre hum eixo ver
tical , e gyrando uniformemente pela potência de hum
pezo.
Para se fazer uso ddle se dá fogo á arma horizon
talmente em o plano vertical, que passa pelo eixo, oPra-
jectil fere a superfície cylindrica em dous pontos , a posi
ção do 2.° a respeito do diâmetro, que passa pelo r.° de
termina o arco descripto pelo cylindro-, durante o tem
po , que o movei tem percorrido a distancia dos dous pon
tos ; esta Maquina tem pouco uso , porque se náo pode
construir de hum diâmetro considerável.
O Coronel Grobert inventou outra. Maquina muito
simples ; elle fez montar sobre hum eiró de rotação
horizontal (<?) dous Discos perpendiculares de cartão ,
e fez mover este systema por huma corda enrolada em
hum eixo cylindrico de madeira , a que se adaptou hu
ma roda movida por huma Cadeia sem fim , que passa
por huma Roldana , que recebe o movimento , e o com-
m única ao eixo de rotação. ,• >
Quando o systema tem adquirido hum movimento
uniforme, se situa e dispara a arma a pouca distancia
do i.° Disto , horizontal e parallelamente ao eixo de ro
tação, e bem se entrevê que os dous buracos feitos pelo
Projéctil não estarão em linha parallela ao eixo de rota
ção -} porém se pelos dous bunacos e pelo eixo de rota
ção fizermos passar duas planos, elles formarão human-

(a) Memórias de MM. Bossu , Monge , e Pronj.


f ~ 1JBt'Al«T7LHAKIA -NAVAL.-'5
guio,; que 'medirá o arco dcscripro, durante o'-terr.po,
que o movei pcrcorrco o inrcrvpllo dos dous Discos ; e
tromo o movimento dejrotaçãr« deve ser uniforme, de-
duz-se -relativamente o tempo correspondente a hum ar
co conhecido. • • . ' . ;
ir. ... Em Woohvick, segundo Charles Dupin, os Discos
tem li a* 13 decimetros, eo cartão he sustentado nocerç-
tro por duas chapas circulares de folha de ferro dei de
cimetros de diâmetro, e i a 2 millimetros de espessura j
jio centro destes doas círculos está solidamente fixo hum
quadrado, no qual ajusta a extremidade do eixo; a cir-
cumferencia do Disco he fortificada com hum annel de
ferro de 3 a 4 miílhnetros de espessura e j centímetros
de largo. . •. '
Durante o movimento de rotação, que á roda do
«ixo adquirem os Discos , a força centrífuga do annel
metallico dá huma grande tensão e estabilidade ao car
tão do Disco , e tal , que a Baila lhe forma hum rombo
também contornado, como na prancha de Chumbo do
Pêndulo Ballistico.
v Para dar huma idéa do modo, como pode empregar-
se este systema na determinação das velocidades iniciaes,
supponhamos. por exemplo que huma Baila percorre 400
•metros por segundo , sendo a distancia dos Discos — &
-jnetros, deverá percorrer este espaço em ^ do segundo. ==
Ora segundo o aparelho, que em Woolwick póe es
ta Maquina em rotação, deve fazer S revoluções por se
gundo , ou 2880 , que divididos por 50 dará 57,6 de gráo;
arco assaz considerável para se medir com exactidão, e
•fazer conhecer a velocidade inicial, daqui se segue, que
0 n.° de gráos , que o buraco da Baila no a.° Disco es
tiver mais adiante que no i.° , indicará a velocidade da
Baila.
1 • ••' ír ' • ' •"' i ""
. -C 33*1 .'•'•' ' -

Acreditou-se durante muito tempo , que a conibuff


CQMPBKDIO THEORICO-?RATIOO
tão de huraa quantidade de Pólvora encerrada em bata
recipiente qualquer era instantânea (a).
Estava reservado ao Cavalheiro d'Arcy demonstrar
a falsidade deste pertendido principio, e desenvolver a
verdade sobre este essencial ramo da arte militar: nó*
passamos a descrever as i." experiências , que se fizerão
para este fim.
i." Experiência.
i â
D'Arcy senrindo-se de calhas de 12 Pés de compri
mento, com huma escavação de 4 linhas de altura , e ou
tro tanto de largo, perfeitamente unidas a topo, e cheia»
exactamente de Pólvora , estabeleceo hum rastilho de 136
Pés de comprido, e applicando-Ihe fogo em huma extre
midade observou , que o fogo tinha gastado em o percor
rer 15* segundos e í ; determinado este tempo com a maior
attençáo por hum bem regulado relógio de segundos.
» •
t,* Experiência.
• - .» • v
Depois elle cobrio exactamente esta linha. Ac ca lhaf
depois de cheias igualmente de Pólvora, eapplicando-lhe
novamente fogo a huma das aberturas, notou que não
obstante a grande quantidade de clumma , que sahia por
entre a uaiáo das Caibas e a cobertura , o fogo tinha che^
gado ao outro extremo em 7 segundos e ~; donde con-
duio que a Pólvora encerrada se inflainma com mais ve
locidade que exposta ao ar livre ; e h e essa a razão por
que a Pólvora encerrada nas armas de fogo offerece hu
ma combustão tão rápida , que pode ser considerada ca*.
100 instantânea.
. .« . j.»
Huraa pequena Peca de 7 polegadas de comprido

(a) Memoire sur Ia Poujre par M. Poumet de Palácio 1827 , pag. 1 1


frguiMtl.
*t pc!egad* f"<l linV-as de«dir metro, perfeita rr.ente cylim
drica , e aberta em srrhas as extremidades, tinha em lu»
gar de Baila livro cylrndro de duas polegadas deconiriri-
mento, e do Calibre da Peça , oqual era furado nadirec-.
cão do seu eixo cylindricameme com 435 linhas dedia-
metro. [ . ;; .
Ko meio do comprimento do cylindro , e na direc
ção de hum dos seus raios se brocou hum Ouvido, que
terminou no furo longitudinal.
Semelhantemente a meio do comprimento da Peça
seabriohum Ouvido, cem luima distancia igual ao com
primento do cylindro se abrirão de luima e outra partt
outros doas Ouvidos.
Para fazer a experiência se carregou a Peça da ma
neira seguinte : encheo-se primeiro de Pólvora o furo do
cylindro , depois fez-*e entrar na Peça até que o Ouvido do
cylindro correspondesse exacta mente ao Ouvido do meio
da Peça ; depois se carregou de ambos os lados com car.
gás de Pólvora do mesmo pezo , e atacadas igualmente
com buchas bera exactas.
Tendo-se escorvado o Ouvido do meio e applicado
O fogo, aconteceo que ambas as cargas se inflammarão ao
mesmo tempo, e por consequência o cylindro solicitada
por forças iguaes e oppestas ficou immovcl na sua j r>»
mitiva posição. »
Porém tendo carregado e escorvado de JVOTO, tudo
da mesma maneira , e applicando o fogo a bum dos Ou
vidos extremos , aconteceo que o cylindro fosse cora vio
lência arremeçado para o lado opposto , nqucllc a que se
linha dado fogo. • . , .• '
Esta experiência mostra manifestamente que a Pol»
tora se não inrLmma instantaneamente, e que o tempo ,
que o fogo gasta para secommimicar á a.a carga atravea
do Orificio do cylindro, he assaz considerável para da»
tempo á i.» carga actuar contra o Projéctil, e lança-lo
fora da bocca da Peça ; se a Pólvora se queimasse instan
taneamente, quaqdj sjç a,ç>^ qy^rajlfl,. as djias, cargas
arderião ao mesmo tempo, e o cylindro não rondaria- àc
lugar.
Logo a Pólvora arde successivaraente mesmo encer
rada na alma da Peça.

[34]

Este he o systema de Tcxier de Norbec, Robins,


o Prussiano Scharnhorst, e outros, e para me cingir a
huma experiência muito familiar, dispare-se numa Pis
tola Carregada com Baila contra o meio do vidro de hu
ma vidraça na distancia de 5: a 6 pés, e se observará que
a Baila passa o vidro fazendo-lhe hum perfeito rombo
circular , sem lhe occasionar mais estrago ; se porém em
pregar 7 da mesma carga o vidro se partirá em pedaços.
Se atirarmos contra massiços de madeira, podemos
demonstrar este resultado empregando o seguinte racio-»
cinio (a). • . i . >.
Se a Peça for carregada com a carga precisamente
necessária para a Balia penetrar o solido do alvo, o rom
bo que resultar do seu tiro será irregular ; porque a Bák
Ia em consequência da concussão do choque corta adiffe-
rentcs distancias as fibras da madeira , o que produz os
estilhaços em todas as direcções ; ao contrario , tendo a
Baila grande velocidade , choca com tal violência o alvo ,
que corta rapidamente as fibras á madeira, sem que dê
tempo a communícar a sua acção ás partes adjacentes.
Em consequência nos combates marítimos travados
em curtas distancias, se conclue ser vantajoso diminuirás
cargas, ou augmentar o pe/o dos Projecteis, reservando
as cargas inteiras para os tiros de Caça , Coxia , Enfiada.-
ou Recocbete , ou quando se bate alguma obra de fortifi
cação.

(p) ÂttiHerie naval do Gentral Dougl» 182$ pag. ) 6.


f CE ARTILHARIA NAVAÍ.. ns
• *•••". . .
[34*]
Madelaine («) julga, que esta Lei não he «acta,
e que este, e alguns outros erros de Robins, e Hutton,
assim como a facilidade cora que estabelecerão algumas
Leis em Ballisttca, resultou na maior parte da persuasão
em que estavão , de que a Pólvora obra sempre da mes
ma maneira , qualquer que seja o obstáculo, que seoppo-
nha á sua expansão; erro que ejle considera capital, ecu-
ja avaliação impediria tanto esta proposição, como a que
deo objecto á nota [33].
Continua Madelaine a este mesmo respeito , e nota
que ^a potência dos Projecteis mais pezados poderia de
/acto ser maior com huma menor velocidade, ou inver
samente; porém não são estes os Projecteis nem o senti
do em que falíamos; certamente huma Baila tão leve co-
.mo o ar , e sem fricção alguma teria a máxima velocida
de ; porque ella .seria comparável á que adquirem os Ga
zes da Pólvora no seu desenvolvimento, e precederia
promptamente ao Projéctil mais pezado; porém nós tra
tamos aqui de Projecteis que pezao f.yoo vezes mais que
.o ar , e que além disso são retidos pelo contacto com as
paredes , pelo Taco , e pelo seu recalcamento , caso em
cjtre deve manifestar-se hum efíeito notável, por isso que
a Pólvora tem huma resistência a vencer, e não poden
do as primeiras porções inflammadas levar diante de si
o resíduo por queimar , he preciso que a quantidade de
Gaz desenvolvido seja maior ; mas pelo augmehto deste
.Gaz a temperatura deve elevar-se, e a combustão, que
deve ter .lugar tanto pela sua alta temperatura concentra
da, como pela communicação do fogo, deve tornar-st
mais rápida ; ora os Gazes era maior abundância , e mais
elevados em temperatura , entre tanto comprimidos no
* —-; r—T
00 Journal dss Sckiuca miliraires Tom. j.° pag. :j6j,e pag. JJJ
1 8 »6.
Tt 4
mesmo espaço devera ter maior forca , e em fira a Bafla
ser projectada com mais velocidade, sendo a carga suffi-
ciente.

A 'este respeito Charles Dupin assim «ô eiprinse. « Qft


»> Projecteis , cujo pe7Ò especifico he o máiimo , lan-
» çados com huráa velocidade inicial dada obtém o maior
» alcance possível ; Se dons Navios armados com Peças
» dó mesmo Calibre empregâo Bailas de huma dettsida-
» de difFerente com cargas de Pólvora propiorcio»ada8
» ao pezò dos Projecteis, a^ Bailas mais pezadas tendo
>> no momento do choque huma maior velocidade , e hu-*
» ma maior massa produzirão hora effeifo, queficafánâ
>» tazão composta destas duas causas de superioridade. »
Ora além da poderosa authoridade da eiperieocii
poderemos cohvencér-nos desta verdade , notando que1 erfc
duas Bailas, cujas gravidades especificas são differentes,
jjorêm do mesmo diâmetro ? sendo as cargas proporcio-
naes aos pezòs , terá a que tem maior gravidade tíspecifi-
ca maior velocidade, e soffrerá da parte doar menor re-
'éistencia ; por consequência conservará por mais tempo a
sua velocidade, e obterá maior alcance, de que também
Resultará a vantagem de seexcusar maior elevação, o que
<lá mais certeza nas pontarias.
He disto hum exemplo o i." sitio deCadii, emqufe
os Francezes da bateria , que estabelecerão no Trocade-
ro, lançarão Bombas cheias de Chumbo, que adquirirão
a velocidade de 2.000 Pés por segundo, eobtiverão huts\
alcance de 15726 Pés.
Foi com este mesmo fim que Hutton empregou b
methodo das Bailas oblongas nas suas experiências , de
cujos resultados seconclue, qáe podem sei vantajosamen
te empregadas nos combates navaes, não obstante a ia»
'«erteffca dos seus tiros , conseq uencia do movimento irre
gular , com que estes Projecteis descrevem a sua Trajecto^
BB AUTTLHARTÀ
•i* , vantagem , que facilmente se manifesta , observan
do , que nos combates navaes o defeito da incerteza dos
tiros, he tanto menos a temer, quanto mais próximo es
tá o inimigo; logo sendo nesta occasião empregadas, a
tua mesma irregularidade de movimentos augmentará os
«stragos a bordo dos Navios, não só nos mastros, ver
gas*, panno , e cabos, porém mesmo nas amuradas , por
que os seus rombos dificilmente se podem buchar com
madeiras. ' •
Estas Bailas cylindrico-esferieas são proximamente
as mesmas que o Chymico Gayton Morveau propoz á
França como da maior vantagem; suas dimensões se en
contrão no Aide-Memoire.
Agora se offerece occasião de dizer alguma cousa
sobre as vantagens e inconvenientes , que resultão de ad-
mittir »a pratica a carga de dous ou mais Projecteis;
como porém exista huma considerável divergência de opi
niões , notaremos as dos mais acreditados authores.
Os que (a) condemnão absolutamente toda e qual
quer espécie, de cargas duplicadas , fundão-se nas seguin
tes razões:
i.» No risco de rebentar e arruinar a arma; por
que , diz Norbec « aquclles , que tem tratado das velo-'
>» cidades iniciaes das Bailas , considerão o seu pezo co-
» mo hum obstáculo á acção das cargas, e por tanto o
w augmen to deste pezo , sendo constante a carga , con-
t> tribuirá a diminuir a velocidade do Projéctil; além!
M disso o Fluido elástico desenvolvido pela inflammaçap
» da Pólvora achando-se mais comprimido pela acça»
M do pezo dos Projecteis duplicados exercer^ numa con-
» sideravel força contra as paredes da alma da Peça , e>
>» tal , que seja rauito fácil nestas circunstancias a Peç*
» rebentar, principalmente se estiver esquentada coman-
wteriore»,tires; he por consequência a maior imprudea-
00 Texier tfe Notbec Rec/icic. siír Partitlerie pá». 2Í8 , e pag. a jJí
M. Lucas, e Ccrnibert Tatit.i áçs Wortcis ps^ç, 1^9.
Co|ipe , FiOEjatctu. du. UteUKtfial d'Ait)llfriv de i'. anr;c pag. 49,
Tt 2
3 í4 COMPENDIO TH£o*rcò-PRA*rrco
>> cia metter três Projecteis em huma Peça ,**aiwcfa"
>» mo que se lhe diminua R carga ordinária; porque.se*
» não pode segurar que esta percatiçao haste para evitar1
» o risco "da ruptura, podendo assina este meio deoffen-
n der o inimigo resultar 'em inais desastroso prejuízo de*
>> quem o emprega. >»" fr"*
"' ii.4 Que as velocidades iniciaes diminuem pela lírat-
tiplicacão dos Projecteis: O sábio Robins (#), que foi o
i.° que se destinou a determinar a velocidade inicial dos
Projecteis tanto pela experiência como pelo calculo, diz:
tt Que tendo atirado eradifferentes occasiões convhuraa,
>»• duas , e três Bailas com a mesma carga achou sempre
» (dirigindo os tiros contra o Pêndulo Ballisrico) que
y» as velocidades erao entre si proximamente na razão
r» inversa das raizes quadradas dos seus pezos : assim a
» mesma carga , que communica a huma só 'Baila 1700
3» pés de velocidade por segundo, imprime a duas 115x5
» a 1300, e a três 105*0 a noo. »
Com tudo as experiências feitas em grande naFran-
ça (b} em 1783 não concordao \ porque duas Bailas mos
trarão huma differença em alcance menos sensível , sendo
comparado com o alcance que sé obteve com huma Bai
la lançada com a mesma carga , pelo mesmo angulo, e
empregando a mesma Peça , como se conclue dos resul
tados seguintes :
Duas Bailas de 36 com carga de i z '*• de Pólvora
lançadas pelo angulo de 17° obtiverão o alcance de 1200
Toczas ; e a mesma Peça em iguaes circunstancias , e mes
ma carga com huma só Baila obteve 14^0.
Duas Bailas de 24 com carga de 8'*- de Pólvora ai*
cançarão 1000 Toezas •, a mesma Peça , e com a mesma
carga , e huma só Baila alcançou 1360.
Semelhantemente Peçis de difterentes calibres a uso
da Marinha atiradas alternativamente com huma , e duas

(a) Nouveax Príncipes cTArtillerie pa«. 81. •


(;*}• Reglèí ds Poiutsge a bord d« Vaissaux Moutgery pag. 44. ^
<-• t>E ARTILHARIA NAVAI~ "*
Bailas, ofíèrecerão resultndcs análogos , que se-confirma-
rao por experiências em Inglaterra em 1793 (a\ •. [
A 3." objecção he a divergência dos Projecteis-, por
quanto 'repetidas experiências tem mostrado, que as B?.!-Í
Ias aosahir dabocca da Pe^a sechocão : se este choque he
directo, a Baila que o recebe, ci! a que vai dian Ce ^ ga
nha maior velocidade, e se adianta , e a 2.' se retarda , pcr-«
que perde huma igual parte; (caso muito raro) porém se
o choque he obliquo, como ordinariamente acontece, aé
Bailas divergem consideravelmente apartando-se na ra
zão composta das suas velocidades, da força , e direcção
do choque.
A 4." causa , absolutamente prejudicial á exactidão
do tiro, he o resultado dos irregulares movimentos, que
soffrem as Bailas durante a passagem pela alma da Peca ,
por quanto a Baila mais próxima á carga impelle a ou
tra , obrigando-a contra a parede opposta , a qual pela
reacção lhe perturba a direcção, e assim sane pela bocca
da arma com hutna desviaçáo de pontaria em sentido
vertical, ou horizontal , defeito tanto mais sensível , quan
to maior he o vento.
Como porém na Marinha está admittida a pratica
de empregar no maior empenho dos combates Projecteis
duplicados, exporemos as principaes razões em que se
fundão aquelles (b} , que são desta opinião.
l.° Posto que concedamos , que o a ugrnento dos Pro
jecteis diminua a velocidade , resta-nos ainda investigar
se a velocidade eftectiva he suíliciente para fazer penetrar
os Projecteis nas amuradas dos Navios, attendendo á dis
tancia em que costumao ser empregados a bordo.

(a) The bombardier and prcket yunner's pag. 205 e aio.


(i) Robcrt Paik Def«nslvt v ar \>y 3ta pag. 1 62.
Maitz de Goimpy Trailé lur Ia .conitrtt. Jei Yait: pag. 141
D. Kerguelen Rclat. dei ctnnb. 'et dei cvtnem. de Ia Guerrt mtriti-
me pag. 11.
Audibttt de Ramatuelle Cours eltm. ile tati. nev. pag. 430^ . , 4
Chuiiuu laitfiKtitn >»brt puutariat pag. fia., ft|, , .
Jltf COMPENDIO THEOKreo-PRATICO
Ora pelas experiências de Hutton (a) seconclue, que
huma Baila de 6 '*• lançada cora a carga de z '*• penetra
ra 42 polegadas no massiço do Pêndulo, que era de ala-
mo, e na distancia de z 8 ç Pés; ora as amuradas dos Na
vios de maior lote não excedem a 11 polegadas de es
pessura , por tanto não poderá duvidar-se que aã penetra
rão também.
Porém nas experiências de 1783 se concordou , que
huma Peça de 6 carregada com a '*• de Pólvora , aponta
da pelo angulo de 17°, e com huma só Baila , fornecia
tum alcance de njo Toezas, e que huma Peça de 56
carregada cora n'*, pelo mesmo angulo, e com duas
Bailas dava huin alcance de uooTdezas; por consequên
cia correspondendo quasi o alcance da Peça de 6 com hu
ma Baila ao da Peça de 36 com duas , poderemos asse
gurar que no alcance de 185" Pés as duas Bailas de 36
atravessarão o costado; porque terão o effcito da Baila
ile 6.'*-
Ora M. Texier de Norbec dirigindo em pessoa as
experiências feitas na Enseada de Castineau era 1785,
observou que as Balias de 36 lançadas com 6U de Poln
Tora penetrarão as amuradas da Não Leão nas distancias
de 200 r-, 400 r-, e 600 T>, e que ellas occasionárao raais
estrago e estilhaços que as mesmas Bailas lançadas cora
g /*. «/^ I0/^ ,i.«.
Mas segundo Cornibcrt e as Taboa* approvadas
pela Ordenança Franceza de 1808 (£) a velocidade ini
cial d'huma Baila de 36 lançada cora huma carga de iz tí-
he de 1343 v- por segundo, logo § 91 teremos que a ve
locidade da Baila de 36 lançada somente com a carga de
j6 '*• de Pólvora se determinará pela analogia.
\/7í : \< é r :• 1-343.»' í ** ta
~ pro3fimarnente a yç&p- por segundo.
(n) Tracti an mathcmatical and philosophical lubjeftl. Toai.
4) e 1.4*
(àj TabJes d« Poitéw 3cc. pag. 1 98,
>, «s ACTIMCAMA NATAU.
Pelo § 91 teremos que a velocidnde de duas Piiiag
de 56 lançadas com ia"1- de carga se determinará pel»
analogia adoptada pelo mesmo Robins.
7» • : : 1343 : * t=
valor idêntico áquelle, que a experiência mostrou produ
zir o mais enérgico effeko contra o costado da Náo Lcat
empregando hutna só Baila de 36 com a carga de 6 •'•''• de
Pólvora. .
Ora Robins nota ainda a favor da pratica de empre
gar duplicados Projecteis, que nSo obstante osresuhado*
dc« seus cálculos , pelos quaes duas Bailas lançadas .por
hum só tiro dcvião obter táo somente Jiuma velocidade
de i zoo pés por segundo , elle observara que tinhãa
adquirido 1250 a 1300; («) diferença que eile attribue
á porção de fluido elástico , que passando por entre as
paredes da arma e a i.a Baila vai impellir a a.» em lugar
de se escapar, e ficar assim inutilizada a sua força, co
mo deve acontecer empregando hum só Projéctil.
Está por consequência evidente, que as Bailas du
plicadas ainda conservão alcance e força suficiente pa
ra vantajosamente se empregarem nas distancias, em que
ordinariamente se dão as acções navaes.
Quanto á divergência dos Projecteis não se pode du
vidar que na distancia além de 300 Toezas he hum de^
feito real; porém em distancias menores e sobre hum al
vo, que nos grandes Navios offerece Imma superfície de
1000 Pés quadrados, será vantajosa esta pratica, e tanto
mais , quanto maior for o Calibre , visto que ellas terão
força não só para atravessar as mais reforçadas amura-
•das, fazendo mesmo dous rombos em lugar. d'hum , mas
cada hum delles occasicnará maior numero de estilhaços.;
porém para obter a máxima vantagem se não i deverão
empregar cargas c^e Projecteis duplicados amais de 300 p-
a 400 em distancia , e então se poderá segurar que a di-
CO Nouv. ftjncip. 4'irtiL- trtfc de Dupuy |>ag. j 74.- • "> ' ->
TffEOMCO-PRA.ttCO
tergencia dos Projecteis já mais -impedirá , que etíes uril-
meqte se empreguem no casco ou aparelho do Navio ini
migo.
Montgery (de que temos extractado huma parte des
tas doutrinas) he de opinião, que quando se atira a quei
ma roupa , se devem carregar todas as Peças com dous
otTtres Projecteis, dirigindo as de menor Calibre contra'
33 trincheiras, e as outras horizontalmente.
: - Ultimamente fundado em muitos factos acontecidos
na guerra próxima da França e Inglaterra , e nos resul
tados das experiências de Hutton , elle pensa , que nos
tiros a queima ro:<pa os Projecteis duplicados , não me
diando tempo paru se apartarem sensivelmente, percutem
ò alvo quasi no mesmo ponto, e os seus choques reuni
dos não só concorrem para a saa immersão, porém além
disso contribuem para que haja maior quantidade de es
tilhaços , e o rombo se torne mais irregular; de resto el-
les devem ser considerados como formando hum só Pro
jéctil, de hum volume, e huma massa dupla, tripla, ou
quadrupla da massa primitiva , e que sendo lançada pela
mesma quantidade de Pólvora deve produzir resultados
mais consideráveis , como Hutton («) tem provado pelas
experiências , e demonstrado pelo calculo.
Examinemos agora se o tiro com Projecteis dupli
cados , tão destruidor para o Navio inimigo, expõe a
nossa Artilharia a graves damnos, e se temos algum meio
de evitar estes perigos.
Ora as Taboas djexperiencias (£) sobre a tenacida
de das cargas, ou adherencia que ellas adquirem ás pa
redes da alma da Peça , executadas por Texier de Nor-
bec em Toulon em 1785 , e pelo Cavalheiro D'Abouille
* m Strasbourgo em 1784, nos conduzem aos seguintes
resultados.
Peja- combinação das Taboas seconclue que, hume-
* *j i • j >
_j QO ]ft»vtllei fxperien, tl'artil. pag. 4 por Willantroys. ,,
(J>) &csktrtlKi^iur Çqrttiltng Tqçy; i.° pag. «a« Norbec,
* »
' TTE ARTILHAUIA NAVAL.
«tecendo-se as paredes da alma da Peça , a tenacidade da
carga ás paredes augmenta consideravelmente , o que po-
íe muito contribuir para a ruptura das Peças , oppondo-
ae é súbita sabida do fluido elástico, por consequência
éeve-se evitar refrescar as Peças , principalmente quando
se tenciona atirar com dous ou mais Projecteis ; ao con
trario seria muito prudente precaução enchuga-las inte
riormente da humidade , que resulta do salitrado da Pol-
Tora , o que diminuiria o recuo e risco de rebentar a ar
ma.
Conclue-sc igualmente que oaugmento tThuma Bai
la produz menos tenacidade que o augraento de hum
Taco ou bucha , e por consequência hc menos arriscada
a ruptura com duas Bailas que cora dous Tacos intro
duzida a Baila entre elles , como amiga mente era costume,
e ainda hoje em algumas partes se pratica sem receio da
ruptura.
Hum incidente devemos prevenir, e-que he sunima-
mente arriscado, porque pode facilmente contribuir pa
ra rebentar a Peça ; e tem lugar , quando tendo-se desfiado
hutna parte do fio de carreta do Taco, na sabida succe-
de algumas pontas ficarem entaladas entre a Baila e as
paredes da alma , e augmentarem a tal ponto a tenacida
de, que chega a occasionar-lhe a ruptura.
Ultimamente recommenda Montgery como luima
precaução , que deverá contribuir para a conservação das
Peças , <juer '« etnpregue hum ou muitos Projecteis , qu«
se use de Tacos esféricos ; porque desta maneira se cony
eegue, qae a carga tenha menos tenacidade ás paredes dg
arma, offèreça por tanto menos resistência, e será cm con
sequência menor a pressão que soífrerão as paredes, logp
diminuirá ro TÍSCO àe rebentar; por este .motivo he prati
ca 6a -Hollairda -fazer os 7'acos em forma de novellos , fi
gura cjue he -altamente -reconunendada por Witsen (a}.
• fim conclusão segundo OB principiei geralmente ado-

(O Diccionan«d««i»inh»d'A«bin pug. i.85. ; . . t ,,»


Vv
3'jo COMPENDIO Tireontco^Pn \fico
prados, e authenticidade de factos modernos e arftigos,
será vantajoso empregar conforme a occasião nos comba
tes de Marinha dous e mais Projecteis juntos, com tajuo
que se tenha a precaução de limpar bem interiormente a
arma, diminuir a carga ordinária, e empregar h um só
Taco esférico não excedendo a distancia a 400 Pés.
Notaremos de resto que a combinação das bailas
com a metralha, Baila encadeada, Palanqueta , he sem
pre menos vantajosa que duas ou três Bailas , ou geral-.-
mente corpos esféricos ; porque no i.° caso a divergên
cia augmenta , e se perde quasi a pontaria , como observou
M. Cornibert em innuraeraveis experiências, a que pro-
cedeo nos dous annos que foi Inspector da Fundição de
Never. (a)

.
O maior prejuizo , que o -vento supérfluo da Baila
occasiona , resulta do movimento em forma de zigueza-
fue , que a Baila adquire em quanto percorre a alma da
eça ; pois em consequência delle varia o angulo de Pro
jecção; além disso a fricção communica á Balia hurn mo
vimento de rotação , que se não for no plano da Traje
ctória , soffrerá da parte do ar huma resistência muito ir
regular.
O vento que na Inglaterra se dá ás Bailas , he ordi
nariamente ^j do seu diâmetro, excepto nas Caronadas,
nas quaes os seus inventores , aproveitando os resultados
das experiências, reduzirão o seu vento como se observa.
Calibre de 36 f^ent» - - - - -i - - i^>» 6ftm
-- 30 --- __-_--•! •»> 6
- M --- - ..... a » 3
jr

(«O Tabks dês Portccs dês Canoro, pag. 174, 175.


DE ARTILHABIA NAYAL. - 331
Entre as considerações , que manifestão a impossi
bilidade de diminuir o "vento a ponto de quasi ajustar o
diâmetro do Projéctil cora o diâmetro da alma , se notao
as seguintes :
l.a A dilatação da Baila pelo Calorico do Fluido
elástico , que produz a inflamraação da Pólvora ; ora pe
las Taboas de dilatação temos que em huma Peça
r 14 hee ±±- do s<seu Diâmetro
de -2 16 — ^ dito
C 6 — ^ dito.
a.a A ferrugem , que augmenta o Calibre das Bai 0
las, e diminue o da alma da arma.
3." O encasco, que seaccumula nas paredes da alma
da arma depois d'alguas tiros , e que he tanto maior , quan
to maior he a carga. . ,. -.., , ^
Em 1817 foi em França nomeada huma Commis-
são para proceder a experiências Ballisticas , que fixassem
o vento , que devia dar-se ás Peças de campanha e de
sitio j as experiências forão dirigidas pelo Dr. Gregorjr,
e em consequência se reduzio o -vento a ser
KT.. TJ . „ A* fCampanhg --- = o?-, l
Nas Peças de ggJJ ^ Pf^ _ Q » ^ .

Na França segundo as ultimas determinações do Estado


he o vento na Artilharia
j (Sitio - - — - - - :;- _ J F» W r ,

- - - - - a >» 3
* Marinba /g »
+. • Jde 8 - •
/de 6 -
V de 4. -
Vv
33* COMPENDIO Tnioaieo-PRAfico
He facif de perceber quaes forão os morivOs , <que obri
garão os antigos a darem tanto vento ás Bailas, Jembran-»
do-nos das imperfeições- das bailas antigas, e mesmo Pe
jas j mal puriHcado ferro , &c.
Não estando da parte do Official encarregado da
Artilharia o diminuir o vento das Bailas, está com tudo
da sua parte ter tod"as as precauções para o não augmen-
tar, o que conseguirá não usando de Bailas mal calibra
das , e evitando que estejão expostas ao tempo , e pro-
hibindo que se limpem da ferrugem batendo-as a mar-

Parece qiít tfeye haver hum comprimento que dê o


maximum da velocidade : Mr. d'Arcy , e Wilaatroys (a)
são de opinião que em quanto a Peça não tiver hurn com
primento tal, que a pressão do Fluido elástico d.i Pólvo
ra, que he empregada contra a Baila, não seja menor
ane a resistência que á mesma Balia oppoe o ar athmos-
íerico , ou ao menos igual a esta resistência , a Baila será
continuamente accelerada , e por consequência ganhará
velocidade. Sé considerarmos esre Fluido 20.000 ou 30.000
vezes mais elástico que o ar athmosferico , se conclui-
rá q«e para obter o maximnm de comprimento com as
cargas ordinárias será este desmarcado. LPArcv achou que
para huraa Peca de 24 carregada" com 8 '*• de Pólvora se
ria o ittaxlmvnf da sea comprimento igual a 343 Pés.
Diz Wiíanfroys , tjue- tendo- a nossa Pólvora ganha
do em força , depois que D'Arcy fez as suas experiências ,
dtfvfi o maximum do comprimento actualmente ser maior
do que cllc achou.
M. Madelaine julga pouco exactas estas asserções (b) ,
por quainto não concebe como a Pólvora por ser mais for-

.(<>> Nouvelles Experiences d'artiL trad pai Willamtroysnotapag. 1-69.


Çí) Joutnal dês Science* mUitaires Tom. f.9 pag- 147-
i* AKTH.HASIA NAVAL.
fé exija maior comprimento da alma, antes lhe pareça
que deveria acontecer o contrario; porque sendo mais
prorapta a inflammacao, os Gazes adquirem mais rápida»
mente o maxtmum da sua elasticidade, e por consequên
cia a maior força de impulsão , e he por isso mais cettyi
comprimida a Baila , e os esforços dos Gazxs sobre elfa
devem decrescer com tanto maior rapidez , quanto mai$
violento tiver sido o i.° esforço; de maneira que em
pregando por ex. Polvoras Cloratadas se podeVia con
cluir , que bastaria metade do actual comprimento das
Peças para obter as actuaes velocidades , e que o seu tna-
xinium não seria muito superior aos comprimentos de
que nos servimos.
Se examinamos a r." asserção a respeito dosdesmar-
cados comprimentos , que se tem julgado necessários pa
ra obter o maximum da velocidade cora luima carga da
da , está persuadido que D*Arcy e Wilantroys não atten-
derão ao que se passa na alma da Peça até á sabida da
Baila.
Ha sempre bum ponto em a alma ( diz elle) aonde
oeffeíto do Gaz sobre o Projéctil he o ma is considerável,
a distancia deste ponto á carga he variável , c depende da
qualidade e quantidade de Pólvora empregada , assim co
mo da resistência a vencer ; porém sendo tão rápida a in-
flammação, o ponto em questão não poderá sermnitodis-
tante do alojamento da Baila (aposição deste ponto, con
seguida a sua determinação, fornecerá a mais importan
te discussão, a saber, a relação complicada entre os ef-
fcitos dos Projecteis e a conservação das Peças e Carre
ias. ) Ora depois deste ponto os Gazes continuão a obrar
porcfieito da sua expansão, que he ainda mais rápida que
a velocidade impressa á Balia; porém quanto maior he
oseudesenvolrimerrto, menor he a sua força , não somen
te em razão do maior espaço que elks progressivamente
occupão, como pela diminuição da sua temperatura que
tão poderosamente obra sobre elles , e em graqde parte con-
tribus ^«a a s, ua primaria energja -f temefaffira > <ju«
COMPENDIO Tneoiuco-PR ATIÇO
to mais deve abaixar , quanto maior for a superfície que
o volume do? Gazes occupa comparativamente ( sendo
aliás ns paredes da alma boas conductoras do calor.)
Assim pode-se acreditar que a velocidade expansiva
dos Gazes se redtiz;ria bera depressa áquella que teria
adquirido o Projéctil ; mesmo attendendo ás percas dos
Gazes que escapão p?lo Ouvido e pelo vento da Baila ,
durante o tempo em q^c a sua velocidade he menor que
a dos Gazes , percas que devem concorrer para aproximar
o termo em que os Fluidos elásticos tem sobre a Baila
huma acção inapreciável.
Por fim que extraordinária resistência teria a vencer
a Baila no interior d'huma Peça muito comprida? Por
que o ar, ainda que extremamente raro, não he com tu
do menos material e sujeito á fricção contra as paredes
da arma que os Fluidos elásticos da Pólvora.
Em resultado destas considerações , bem longe de ad-
mittir a hypothese d'Arcy , pensa que hum comprimento
de ao a 30 Pés bastaria nas Peças de 24 para obter orna-
ximum da velocidade com a ordinária carga de $ '*•, e
que poderia talvez reduzir-se a menos de ao Pés dando
huma particular disposição á mesma carga. - . -:

[37]
Eu já notei algumas vantagens das Peças curtas pá- .
rã guarnição dos Navios , e ainda mais sensíveis se tor-
não estas admittindo as Caronadas ; porém os resulta
dos da acção de 12 de Setembro de 1813 entre n Es
quadrilha commandada pelo Capitão Barclay e a Flori-
lha Franceza , e a das Fragatas a Phoebe e L' Esscx
nos devem pôr de prevenção, que hum navio de força
já mais deve ser guarnecido cm todas as suas Baterias de
Caronadas e Peças curtas, ainda que de grossos Cali
bres, porêiu-pequenos alcances; porque o inimigo reco
nhecendo a vantagem do alcance diligenciará incommo-
dar muito antes que o incommodem , e hum desastroso
. . ire ARTILHAMA NATAL.
incidente pode causar grande confusão e transtorno a
bordo.
[38]
.
i As seguintes experiências, em que principalmente
se funda o que exposemos , e seus resultados são o inte^
ressantc objecto que occupa esta nora.
i.4 Huma Peça de 18 carregada cora r !í- de Pólvo
ra foi atirada contra duas pranchas de Carvalho , que faT
zião a grossura de 13 poleg. e em distancia de 90 Pés;
as Bailas ns atravessarão lançando estilhaços de 5* a iy
Toezas de distancia.
í a.» A mesma Peça carregada successivamentc com
3?j» 3 53 ^k de Polvos f°i atirada contra y espessuras
de pranchas, que davão 32 poleg. i, c bem ligadas; as
Bailas as atravessarão fazendo huma grande quantidade
de estilhaços; porém a carga mais fraca occasionou mais
estragos , fez saltar as peças , separou as pranchas , e par-
tio duas do interior.
3.» A mesma Peça carregada com 6lí- de Pólvora
foi atirada contra hum massiço construído de pranchas
de Carvalho Inglez , muito bem ligadas com cavilhas de
ferro , que formavão hum solido de 4 Pés e | de espessu
ra ; as Bailas penetrarão de 27 até 46 poleg.
' : . •'
A mesma com *L
3'»- -.
_.-...-
- - -.U - - 28
30 poleg.

[393' ,':'
A velocidade inicial assim determinada pela expe
riência he aquella , que constantemente se emprega ; po
de com tudo demonstrar-se geometricamente , sendo co-
niu.cu.k> *
,»..
O Comprimento e Calibre da Peça
Pezo ao. Baila e carga de Pólvora
E a Força elástica da mesma Pólvora no instan
te da inflammaçao.
Deve além disso a força da Pólvora cessar de actuar
sobre a Baila no mesmo instante em que ella sahirda boc-
ca da arma , e a Pólvora ser inflammada e convertida
inteiramente em Fluido elástico, antes que a Baila adqui
ra hum movimento sensível (<f).

[40]

A pressão , que exerce o Fluido elástico contra as pa-


tedes da alma , está na razão da intensidade do Calorico
desenvolvido, o qual [nota 18] dá, conservadas as deno
minações:
J : > : : s : S.
ou P : p : : b : b -¥• X.
mM
Sendo

donde P : p : : p—- : X
ôuP = -£-
*-»-«,
Porém ^pressão em F = m "vezes a presta»
feriça — m x p'
logo p rz mp'
f substituindo teremos : P = »~—
. -. 4- se
donde P : f' : : T s i > como está deduzido.

Desta Fcrrrmrla -quadrando temos :


Robitu frintifigi 4'ertil. i»m. fw EuJct pag. ;j.
DE ARTILHARIA NAVAL. •• 337

i J
donde
, r ..» gncv*
logo Log. tabular - =
e * = rIIí^E x Log° Formula.
ncg> 6

[4»]
He sobre a Theoria dos movimentos lentos que
Robins busca a Regra para os movimentos rápidos \ e
por isso daremos destes cálculos algumas ideas, e estabe
leceremos alguns princípios, que illustrem esta matéria.
Se hum Globo se move no ar com huma velocida
de igual i que elle adquiria, se cahisse de huma altura
= v ; a experiência nos mostra , que elle encontrará hu
ma resistência igual ao pezo de huma columna de ar do
mesmo diâmetro, cuja altura = \ v (B. M. § 237).
Segundo Euler este principio satisfaz perfeitamente
para determinar a resistência do ar nas medíocres alturas
v.
Porém ella será maior que 7 v, se a altura v for tal,
que a velocidade que delia resultar, seja de 1000 pés por
segundo j e tanto que chegar a ser de 1700 Pés, a re
sistência do ar será representada por huma columna ath-
mosferica da mesma base do diâmetro do Projéctil , e
cuja altura — quasi i -o.
Seja x — altura de huma columna de ar do mes
mo diâmetro do Globo, e equivalente á resistência que
o ar lhe oppõe.
Este valor he tal , que sendo .v ~ ? nas velocidades
medíocres, será x = -i na máxima velocidade, que aqui
calculamos, qx:e são íyco Pés por segundo, isto he; será
v = 46400 Pés.
Assim x indica a força resistente do ar.
Xx
COMPÈVDTO
V ^ Velocidade de \jx> Pés Portugaezet
Seja ^ V1 =. •— para a qual se pede a resis-
C. tenda t. -t
Seja se' = x qudndo V =: V
Ftg'IO'logo *' =r -i proximantcnre
e quando *' =: 7 seja AB =z a
e sempre poderemos ter:
: : V: V
a?'
donde AC— T?-
w •

Semelhantemente :
'- '• BD : AD : : { : *'
.. . w AD - BD : AD : : x' - '-z : x'
e pela figura ^5 : ^ííí : : A?' — i : yf
, -^ aã*'
loeo
6 AD — —;-a* — i
« mas AC=."-^:
donde AD - AC= -4^-
a* — i
- íV.
Reduzindo:
- ( 2 *' - l ) —
aV'
.
Ultimamente temos:
CZ) : ^ÍD : : I : *
^P^
* — Tcõ
e substituindo temos :

2 <ia;'T/' — f 2 x' l)
—õ^^y^~
dividindo por a e por ( i x' — i ) temos :
x- «*y
2 (2xy — (_2X' - l ) V)
. DE ARTILHARIA NAVAL» T 319
dividindo por ^
~ a * K - ( a*' - i) V
SL . -.•>.,
*_>

Estb valor de x tem as condições pedidas; porque quan


do V he muito pequeno , a quantidade ( i x — i ) V
desapparece , e temos :
U
*'*"
l

e quando V •=. V, então

* = . *Y -L'V + V ~ * = * C0m°

He preciso fazer distincçao entre a resistência abso


luta , que o ar oppóe aos corpos que nelle se movem ,
e o effeito, que esta resistência produz nas suas veloci
dades ; porque este effeito está na razão directa das su-
perficies, e inversa dos pezos, sendo constante a gravi
dade especifica ( B. M. § 299 ) e mais circunstancias.
Observaremos por fim , que se carregamos duas Pe-
Çâs de differentes Calibres , porém iguaes comprimentos ,
com cargas proporcionaes ao pezo das suas Bailas, acon
tece, xjue a BaHa menor sahirá com maior velocidade
que a maior, e o seu alcance horizontal será também
maior.
Porém se estas duas Peças se disparão sobre hum
terreno inclinado , e que desce do cume de huma monta
nha até huma extensão sufficiente para estas experiências,
•e tem observado constantemente que o alcance da Baila
maior se aproximará cada vez mais da Baila mais peque
na. á medida que o terreno abaixa , e finalmente virá a
Ser maior.
Este fenómeno he resultado de crescer a resistência
á proporção que a velocidade cresce 3 e por outro lado
varia na razão directa das superfícies, e inversa das mas
sas e pezos.
XX 1
34» COMPENDIO THEORICO-PRATICO
' •

' " [4**]


Nesta parte temos tratado das Boccas de fogo, que
tera m iis frequente uso na marinha , e cora que geralmen
te se ,gu irnecem os Nivios de todas as Nações cora mui
pouco sensíveis diíR-en^as-, porém nas Barcas Bombar
deiras e Canhoneiras se tera era todos os tempos era-
pregndo, além das mencionadis, outras de differentes
dimensões e perfis , e mesmo empregando outros agen
tes além da Pólvora, objectos de que vamos dar nesta
nota huma ligeira idea , podendo aquelles , que quizerera
adquirir mais extensos conhecimentos, consultar as obras
que noto. /
A i.3 partedesta nota he destinada a tratar dás Boc
cas de fogo, que inventou ou aperfeiçoou Paixhans,
Vallier &c» ; na i.» se tratará daquellas , em que se cm-
pregão outros agentes, como o ar comprimido, o vapor;
assim como de algumas Maquinas , que Madelaine em
prega para lançar os Projecteis; na 3.' se tomará por
objecto as Barcas, Baterias fluctuantes, e Embarcações
de qualquer lote , em que se montão estas Boccas de fo
go, tanto ordinárias como extraordinárias, dando huma
noção da navegação debaixo d'agua , como seus invento
res a projectarão.
Concluirei com algumas reflexões sobre as vanta
gens , que se podem esperar da pratica do que temos ex
posto.
O Canbao-Paixhans considerado como huma Peça
reforçada , destinada a lanhar Bombas ou Bailas ocas ,
não he invenção moderna , porque consta (<z) que em 1691
M. Deschiens empregara contra os Inglezes, e depois
contra os Hollandezes, Peças para atirar horizontalmen
te Bombas.

(a) Histoire militairc de Ouinci.


(A) Nouvelle Aitilkiw pai Paishanj i8aa pag. 84.
t>E "AKTILHATIIA NAVAL.
Os Obu?es de 10 polegadas, a que dão o nome de
Obuzcs de Marinha , com que li i muito tempo os Inglc-
zes guarnecem assuas Barcas Canhoneiras, sãomuitose-
melhantes ao CanhSo-Paixhans; alem disso elies fundi
rão em 1817 Peças de 8 polegndas perfeitamente seme
lhantes ás que Paixhans diz ter inventado em i8iit («)
M. Texier de Norbec, Congreve, e outros apresen
tarão iguilmente planos para a construcção d'humas se-
jrelhantes Pecas j M. Charles Dupin diz que dera parte
dos seus traços, e ideas a M. Paixhans, antes que elle
tivesse feito conhecer seu pertendido segredo para de
struir os Navios.
O Canhão-Obuz, de 8 polegadas, e do calibre de
8o, fundido emDouvai em 1811 , lie também de hum se
melhante modelo; taes são os projectos relativos ao ti
ro horizontal das Bombas coma Peça , que em 1792 lem
bra (b) Mr. Balair; parece pois que a este respeito M;
Paixhans nos transmitte muitas opiniões e trabalhos do
General Andreossy, e MM. Montgery e Vallier (r).
O Canbao-Paixhans he de propósito inventado e
destinado para o serviço da Marinha ; suas experiências
fizerão Época na França ; e esta arma , huma vez ado
ptada , alterará considerável mente osystema da Marinha
de guerra ; já na grandeza dos vasos e sua armação, já
no seu ataque e defesa.
A figura exterior desta arma he semelhante á da
Caronada com Munhões , ou d'hura Obuz mais compri
do.
As suas dimensões , assim como dos Projecteis que
elle lança , são as seguintes :

00 Journal dês Science* mi|it»ires Tom. a.° p»f. 547.


(6) Elemens de Fottification par Julienne Belair pás;. ( i.
CO AdJttivii a Ia iiíiti mr Iti Olmitn p»r M, Valiki \'ii6 pag. 4
«Kg.
COMFEWÍIO THECMCO-PRATICO
DIMENSÕES DO CANHÂO-PAIXHAWS (*).
CalUrtt - 48 - - - „ ÍO „ IJO
f. i. ft. p. í. pt. p. t. ft.
f Da alma -.--r-6.ll.6,, 8 . ) . O „ to. t .6
• • j Grande do Reforço - ai . 2. 0 „ 24.0,6 ,} 25. 2.0
j Pequeno dita - - - - - 18. 2.0 „ 21. 0. ó „ 24. i. O
Diâmetro < Grande da Bolada - - lê. IO. O „ 19.4.) „ 22. IO. O
I Pequei* d» dita ---12. 4. o ,,14.}. o,, 17. j. o
Da Comera * - 4.10.0,, j. 6. 8,, 6. 4. í
{Dgi Manhies .--- 5.9.6,, 6.7.6,, 9.0.0
.» í Da Culatra á boeca 86. O . O „ 91.0.0 ,, IOO. O. O
j Do Reforço j8 . o. o „ 42.0.0 „ 47 . o. o
Comprimento. ^ Da parte cylindri-
| ca da Comera - J . } . O „ 8.4.0,, 8. 6. 0
i Dos MunhSci - - $.9.6,, 6.7.6,, p.C.O
DÍJtã,tc!a do plano da Culatra ao
plane do fundo da Comera -.- $ . O.O ,, 5.6.0,, 6. O* O
•Diltaacia do eixt dei Muiihóes á
bocca 55- 6.0 „ 56.0.0 „ $8. 6. t»
fetf Já Pega em Librat Jioo - - „ 7200 - „ lOÍOO.
_. . i

r. DIMENSÒES DO PROJÉCTIL E CARGA.


• 'i
Calilra ^ - 48 ... „ 80 - - - „ I f O
r. ". f Exterior -------- 6 . IO. 6 „ K . 2 , o ,, ic. 6 .o
|^. S Grande do Cone do Olho l . $ . O „ , i .£*. O „, t .9 .O,
ííiiK ca < pc(>aeaa jlto ...... | , 1.0,, I.1.0M 1.4. P
v. Interior do Cartaxo - - 4. 6. O,, $.O.O,, .6. 0. 0
Èipeisura' uniforme ---------I.o.fl,, i . i . 6 „ 1.7.0
Viltaneia dai ditai tales do tronco - j. <S.O,, ).6.O,, 4.6.0
Profundidade do furo • - I . o. O „ l . J .O „ 1.9.0
Peio do Projettlt v,;.n,. J.: fira' - - - f J • - - »» 5° ~ ' • w IOa
írio da car»a da Peça ---- — - 6 - - - jj ., 8 - - - „ IS •
Pés» </a Pólvora do Projéctil }6---,, ^4 --•»,, IOO
Comprimento da carga • 9. 4-° »i J1 -2 >o »> 12.0.0.-

Assim esta arma he semelhinte ás Peças tanto pelo


"seu perfil "exterior , côMQô pôr fornecer com exactidão 6%
tiros horizowae»; dia he ao trtesmo 'tampo análoga ao
Morteiro ihteriormenre , e pelo Calibre das Bombas que
-'•_!> í :""'t ' •— i^i-i-^ '---*- --^- • l l l
•(«) Nouvelle foice Alaiitime 1 822 Paixhans pag. 447.
CE AmiRAnT* NAVAL.
projecta; porém ainda Jie-mais semelhante aos Obuzes,
posto que superiot cm vantagens; porque sendo mnnta-
da sobre Carretassemellnntes ás-Hvtuaesde M<>rinha£xer-
çita contra cll.is menor esforço sendo O libre de 8o, que
huma Ieva de 36; além disso tem huin Fufiiriente comr
primenro para entrarem nas portas, e vencerem a gros*-
sura do tosta-do ; ultimamente a sua inércia he tal , que
o recuo he summartiente lento, fornecendo ao mesmo
tempo huma potência capaz de lançar Projecteis massir
cos de 8o u- a distancia de 190 Toezas, empregando ân
gulos de projecção menores de 17.°
O Obuz Francez pelos ângulos de 5-° e 6° tendo 8
polegadas de Diâmetro alcança 200 Toezas, e G Canhão-
raixbans de 8o7*- pelos mesmos ângulos r.ícança 1000;
análogas e mesmo superiores vantagens terão osdei^o.'*-
Para fazermos a merecida apologia desta arma da
remos por integra os artigos do Relatório daCommissão
nomeada em Brest para assistir ás experiências , a que
se procedeo por Ordem do Governo Francez em Janeiro
de 1824 (a).
Depois de tratar minuciosamente das circunstancias,
e processo, <jue seseguio nas experiências feitas com h ura
Canbao-Paixhans de Calibre 8o, estabelecido sobre hum
pontão fundeado a distancia, de 300 Toezas do Navio
facificateur , segue o texto: «< A arma offerecida por
>> sua natureza produz hum effeito prodigioso , e tal, que
j» pode assegurar-se a victoria á Nação, que primeiro
*» delia fizer uso, e pode por isso motivar huma conside-
a> ravel alteração na disposição das forças navaes. »
Depois se segue a opinião da Commissão , cujo texto
.-he o seguinte: u M. Paixhans tem proposto: >»
*< i.° Lançar Bombas pelo mesmo angulo, que as
.»» Peças crdiiiarias lanção as Bailas ; as experiências cor-
->» responderão. »
«< 2.° Produzir no interior dos Navios chocados
*•(<?) Exp«ienc« poui Já Marinc Française par Paixhans 1825 pag. 4».
COMPENDIO THBOMCO-PRAfICO
»» pelas Bombas hum grande estrago ; pelas experiências
>» se tira para prova, que se huma ou duas Bombas des-
»> tas rebentarem dentro de hum Navio , resultaria huma
» tal desordem, que quando não fosse abandonado, se-
» ria pelo menos essencialmente comproraettida a sua de-
" fesa. n
« 3.° Reduzir pela sua força e estilhaços, caso a
» explosão seeffectue no costado, hum estrago, que ten-
» do lugar na linha d'agua exponha o Navio a hir api-
>» que; não ha duvida a este respeito, porque o resulta-
>•> do da Bomba n." n prova, que se ella tivesse choca-
» do o objecto hura pouco mais abaixo, produziria hurn
>j mal irreparável. >»
Depois quando trata das vantagens, termina da ma
neira seguinte: «i Depois de ter examinado se he possi-
» vel empregar os Canhões Paixbans sobre os Navios
v de Linha, foi decidido afirmativamente, com tanto que
» fossem em pequeno n.°, restava ainda investigar , quê
» outro uso se poderia fazer desta arma na Marinha ; em
» resultado a Coramissao unanimemente reconheceo: >»
«t i." Que esta arma seria de hura prodigioso effei-
« to sobre huraa Bateria de Costa e de Praça, guardadas
» as competentes precauções, e que nenhum Navio, qual-
» quer que seja a sua força, estando no alcance de 300 T-,
» 400 r-, ou 500 T- se animará a atacar huma tal Bateria j
» e pode-se segurar que, seelle oemprehender , abando-
» nará o seu projecto, Jogo que receba a i.» Bomba. >f
«c 2.° Será muito vantajosa esta arma nos Pontões
5» fluctuantes , Barcas Canhoneiras, sejao a remos ou
» de vapor ; e ella pensa que para a defesa dos ancora-
»> douros, enseadas, e ataque dos Navios em calma, o
•» bom resultado dos Canhões Paixhans será infallivel.
iy Assim em resumo a Commissao declara unanimemente,
» que o Problema indicado por M. Paixhans está satis-
5» factoriameirte resolvido; que a arma, que elle in-
>» ventou, tem hum etfeito terrível, e nos não offerece-
99 rá, feicas algumas correcções, mais diíficuldade para
DE A*TIL»AMA NAVAL. •»
99 ser servida , do que se encontra nas Peçss ordinárias.»»
» 3.° Pela pluralidade se decidio que ella pode ser
»» adoptada mesmo sobre os Navios de linha , porém em
>» pequena quantidade, e tomando precauções, que de-
M vem ser objecto d'hum especial exame. «
« 4." Declara unanimemente, que ella será de hu-
»» ma utilidade incalculável sobre as Baterias deCosta,
>» Chalupas, e Barcas Canhoneiras , Bombardas, Ba-
i> terias fluctuantes , Baterias ele vapor &c. »»
Em 26 de Outubro de 1824 (</) se repetirão em
Brest as experiências , e os resultados concordarão exa
ctamente -, algumas delias se destinarão a determinar , se
os seus alcances corresponderia© aos alcances da Artilha
ria de Marinha carregada com Baila.
Para este fim se compararão os alcances do Canhão
Paixhans com os das Peças de 36 e 24 de Marinha , ten
do-se prevenido diminuir a estas o vento usando de Pro
jecteis de maior diâmetro (£).
Pela combinação das Taboas dos alcances se con-
cluio:
Alcance médio da Bomba de 8o,
: Alcance dito de Baila de 36
: : 5-747 : 6121 : : 100 : 106 í
tendo ainda esta differença de vantagem , attendendoádif-
ferenca entre as gravidadcs especificas das Bombas c
Bailas.
A sua manobra exige mais dotis até quatro homens ,
que a Peça de 36.
O tempo que se emprega em cada tiro he de 4', ;',
até 6J ,,.i:.
Para Carretas servem exactamente as de Marinha.
_' O recuo he muito lento; porque a sua grande inér
cia, cooperando para a acção , obsta á, reacção de ma
neira , que -..*
^. lembrou «e seria vantajoso faze-fos fitós.
....•'. i :
<») Ex^rirticw de Marin« f»r Paixhans pag. j j , j8 , (9.
(i>~) Expciiences de Alarine par Paixbans pag. 64 e 6$. : ( (
34$ CoMf*rtyt'oí"
Esta arma empregada cm Barcos de vapor pode ser->
vir como Esquadrilha ligeira de huma Esquadra; mesino
se pbdem empregíf com vantagem na defesa de entradas
de Portos, Rios, Barras -, estabelecidas era Baterias e
Pragas marítimas forno respeitar consideraveJmente as
Costas ,''que ellas defendessem.
t ' Com tudo notaremos que MM. lê General Andreos-
s~y e Montgèry tem (a) concluído das suas experiências,
que os Projecteis Esferico-cylindricos dos Americanos e
dos Inglezes, sera ter mais que 6 polegadas de Diâme
tro, contêm 64 onças de Pólvora, e delles se faz uso nas
Peças de 36 e 30, e que assuis explosões sáo tão fortes,
como as que produzirão os Canhões Paixbans experi
mentados era Brest, e por consequência que he inútil
fundir semelhantes Peças tão incommodas e difficeis de
manobrar.
A invenção desta arma foi e he disputada por M.
Vallier , que era 30 de Maio e 6 de Junho de 1810 era
Bayona (b) armou huma embarcação denominada Flor
de Liz , que tinha 13 Pés de quilha , 5: de Bocca , e z de
pontal , forrada de ta boa trincada , e reforçada convenien
temente com chapas , e curvas de ferro ; na sua poppa mon
tou sobre huma espécie de carreta fixa hura Obuz deCar
libre 24 com o pezo 477-*-, e outro semelhantemente á
proa de Calibre iz com o pezo de 173 '*• ; sua figura e
dimensões são semelhantes ás do Canhão Paixbans.
Quanto á 2.a parte notaremos , que sendo conheci
da e experimentada a prodigiosa força do ar comprimi
do e do vapor, era natural o suscitar-se a lembrança de
empregar estes 'Fluidos no 'serviço da Artilharia como
agentes, o que necessariamente exigia huma nova confi
guração" para as Boccasde fogo. Foi em i 810 (c) que ap-
: ç/n :•!> .>"... -;. j .OM .'••' JJ> __
""
(«) Journal de« Sciences MiHtaires.Torn. a.° ; ,; _.,
<*)—Nv»t« suf lê». Ojjíiers par ftl Vallier 182 J pag. U-
(c) Stat^iV J- !-> à^tstK par M. lê Barão. R" *&c P'* Paris
PS- }'*• « ' :•— ' i .
~> 347
-pareceo em- França huma Memória sobre a oonstrucção
d'huma espécie de Peças , cujo agente devia ser o ar con
densado, ou o vapor; sua construcção he a segiiiptp.
: 'Sobre hum reparo simples de campanha se montou
hum Tubo cylindrico de 2 polegadas de diâmetro e 6
pés- de comprimento ; huma Culatra de Cobre estanhado,
cora capacidade para conter hum reservatório para o ar,
ou vapor, e o maquinismo se lhe atarrachou em hum dos
•extremos; esta Culatra sendo de rosca , esgotada a, sjuácar-,
ga de vapor, facilita o meio de lhe substituir outras Cu-^
Jatras carregadas , que para este fira se devem conduzir
«n carros construídos convenientemente; he igualmente
necessário que pequenas Maquinas de vapor montadas
em carros acompanhem estas armas para lhes fornecerem
novas Culatras carregadas.
Este mesmo author dá o plano de formar Corpos,
arregimentados armados com Espingardas de vento ou
vapor ; a construcçao destas armas he a seguinte. r)
A hum cano leve de Espingarda de 18 polegadas
de comprimento se adapta hum Tubo parallelo, encer-
•rando 30 Bailas, que communica com o cano, e abrindo
huma mtíla. faz nelle cabir huma nova Baila , logo quê
tenha disparado o tiro. , ; ••. ,
i : -.' A este cano se atarracha huma Coronha de Cobre
«estanhado, encerrando duas onças de ar comprimido ,.01,1
vapor no mesmo grão de pressão ; nesta Coronha existe
hum Orifício com sua válvula no sentido do ejxo do tu
bo, e este systema está disposto de maneira,, que pela
acção de huma ir.ola d'a.ço, que communica com o ga
tilho, a válvula abrç e fecha rapidamente. . , ,'T
Cada Coronha assim disposta fornece 30 tiros , c
trazendo outra de sobre»elente sobre a Patrona ficará, ca^
da Soldado municiado com 6o i carros com Coronhas car-j
regadas podem fornecer os tiros que se precisarem.
He com tudo ao engenhoso Perkjns que se devem
as numerosas e delicadas experiências, que cm Inglaterra
se tem feito empregando o vapor para servir de agente
• ' Yyi' • "
lios tiros dás Balias. {*) Rawson mostra cora a maior
exactidão a origem da extraordinária força do vapor nas
Maquina* falta pressão de M. Perkins; ella existe na
feliz descoberta de elevar a agua a huraa temperatura su-
jDerior ao gr.ío de fervara do Thermoraetro , cuja força
se es ti mi à pressão de jo.ooo'*- por polegada quadra
da.
As experiências feitas modernamente por Ordem do
Governo Britannico , a fim de demonstrar as vantagens des
tas Maquinas no serviço da Artilharia , tem mostrado,
qoft o vapor na pressão de 8o athmosferas fazia penetrar
huraa Baila de Espingarda em huraa peça de madeira
huma quinta parte mais do que o tinha feito anteceden-
femente pela acção da Pólvora.
Devemos aqui notar , que as delicadas experiências
de Rumford nos mostrão , que a Pólvora eleva consran-
temente hura pezo superior a 300.000 '*• por polegada
quadrada Ingleza; ed'huma experiência seconcluio, que
chegaria a sua força a 7.100.000.'*-
Não obstante concluose , «m consequência das ex
periências Inglczas, que o vapor na pressão de 55: ath-
rnosferas gosa de huraa força equivalente á da Pólvora
ordinária.
Notaremos aqui também , que a força da Pólvora
írâo he constante , e que varia conforme temos visto em
diferentes artigos desta Obra.
M. Perkins mostrou a força das suas Maquinas por
aquelhs, que clle acaba de empregar na elevação das
aguas; elle construio huma Maquina da força de 70 ca-
vallos (^) tendo hum cylindro de 9 \ polegadas de dia-
ittetro, quando nas Maquinas de baixa pressão o cy
lindro he de 9 polegadas para a força dez cavallos; es
ta Maquina , além da «ua carga regular de ta Tonela-
O) Jou ul .l.-s Sciences miliuires. Memoire de M IcChav. Sii V^ U-
Iia,-n lt vsiu. rom. $.* pag. 149.
(li) Etti/nMi a força efiectiv» de hum cavallo em ijolb ou 7 J Ki-
, iu'cie/í(jáo J; j péa d« altura ou i metro.
»B
e a fesistencia devida á fricção, dá jw>viinenío
huma Bomba de 10 Toneladas e ~ de pezo.
A possibilidade de dominar o vapor nesta alta, pres
são está demonstrada pela pratica, visto pjue o Cqnstru-
•ctor durante mais de três aiwios o tem cousra.ntemcn.tf
Dirigido e -empregado, co.rno poderia acontecer em. CH-
<ma Maquina de baixa pressão. ... . .. ' 0
Não he menos importante o terem rr.rstrado as ex
periências , que os metaes empregados jtaiuo na Maquj-
ii a , como no seu Generador , submetidos a tão altas
temperaturas não se daiunificao mais que nas Maquinas
e Caldeiras ordinárias. ,;
Com efFeito o author desta interessante Memória diz ,
que pode .mostrar hum Braço metallico, cujas molas
(d'aço depois do serviço diário de perto d'h um an no coa-
servno toda a sua elasticidade : e pode igualmente mos
trar btJma parte do Gettcrador de ferro forjado, que de
pois do mesmo lapso de tempo se encontrou como na
J.a hora de serviço.
o" • O pezo e volume do maquinismo he muito menor
-do que nas Maquinas ordinárias de baixa press.ao, por
que está desembaraçado do Aparelho de condensação ; p
jdiminue a tal ponto oue não excede á quarta parte do
•pezo e volume de qualquer Maquina de baixa fressÕfl
aae igual força.
A difièrença entre estes dous systemas de Maquinas
consiste em que para obter huma determinada força em
.huma Maquina fa baixa pressão he preciso expor huma
grande superfície do Braço á forca expansiva de h um va-
•por fraco, e ao contrario M. Perkins expõe huma peque-
-na superfície á força expansiva de hum vapor muito for
te.
Quanto á segurança M. Perkins para tirar toda .a
duvida, fez de propósito dispor para rebentar hvuna par
te da Maquina e Geaerador; ou as peças fossem de
Cobre, Bronze, Ferro fundido ou forjado, em tipdos es
tes casos olo cajjàou prejuízo ;aos exjpectadores, nempro/r
N 1>ÍO ' TH*ÓR!âO-P« ATIÇO
fragmento algum raetallico; a explosítf do
não occasionou senão huma simples fenda ou racha , por
Onde o fluido se escapou para a athmosfera.
A isenção de perigo que gosa este sysreraa de Per-
kins provêm da pequena capacidade dos Tubos, em que
a agua fortemente carregada de Calorieo se converte em
vapor, e da sua grande'força relativa, e ultimamentt
porque não ha 'reser-óatorias de vapor como nas Maqui
nas de baixa pressa*; porque he a accumulação deste
vapor que tornando-o por isso mais forte que a Calder-
ra tem occasionado os desastres , que se tem experimen
tado.
A agua segundo o processo dePerkins carregada for
temente de Calorieo se evaporiza instantaneamente, fogo
que he posta em liberdade i desta sorte huma pequena
Maquina trabalhando 7 mezes sem descanço não tinha
reservatório algum 3 e b vapor era rransraittido da Val-
Tiula de pressão ao cyltndro. . r
Em geral a causa dos desastres occasionados pela
explosão das Maquinas de baixa pressão consiste no
grande volume de vapor das Caldeiras , enaimmensidâ^
de das superfícies expostas ao seu esforço. Costuma-se,
qualquer que seja a grandeza de huma Caldeira , reservar
hum terço da sua capacidade1 para servir àc reservatório
do vapor; podemos fazer huma idea da grandeza das
Caldeiras, notando que corresponde a 14 Pés quadrados
a superfície que se lhe dá para a força de cada cavallo;
daqui resulta que nasv grandes Maquinas ellas contém
alguns milhares de Pés cúbicos de vapor.
Assim quando a força elastitía do Fluido se torna mui
to enérgica ; e vem exercitar a sua acção em huma super
fície tão vasta , a explosão he quasi inevitável , e os fra
gmentos do aparelho partido devem ser projectados em,
todos os sentidos e em grandes distancias; tomemos pa
ra termo de comparação huma Caldeira para huma Ma
quina de baixa pressão da força de 70 cavallos, e ou
tra. Maquina de M. Perkins da mesma força j na i.a o v»
- :DB mtiwAMA ATAI*
por cccupará hiim espaço cie 3.000 Pés cubiçQfr Cob
contra buma superfície de perto de i.cop Eésv, e na de
M. Perkins ha verl, 10 Pé« cúbicos cfe vapor ojbf^ijdq con
tra 15" Pé? de superfieie, ditferença bastante .paça djçr to
da a preferencia a estas segundas. v < • », •^ A
Quanto á economia dtyem^ J&a<j«i^ftsdft?erkins
custar rr.erade do preço das Maquinas ordinárias de bai
xa pressão; porque muitas pecas importantes emhi-
-mosas lhe são supprimidas, tem menores, dimensões de
Caldeira ôíc. < .. /.ti .
Tem grande economia no combustível , cujas causas
julga serem as seguintes:
s • i.» A vantagem de aquecer em estado de compres
são, o que obriga o liquido a tocar consrantemente aspa
redes dos Tubos, e lhe faz absorver facilmente o Calo-
rico , logo que eHe eetá desenvolvido.
2.a O grande -ganho , que resulta de empregar o vá--
por na alta pressão, comparado cora o do vapor na
baixa pressão ; por isso que a força elástica do vapor
cresce em huma proporção mais forte que .a temperatu
ra.
3.» A voltada agua para alimentar ^oGenerador^
Jogo que ella tem sido elevada acima do gráo de fervura
pela acção do vapor sahido do cylindro*
4.* A grande extensão da superfície do Generador
que está exposta ao fogo, e que permitte absorver todo
o Calorifo , excepto a porção que se deixa escapar pela
chaminé.
5-a A diminuição das resistências devidas á fricção
e á suppressão da Bomba d'agua fria , que serve nas Ma
quinas de baixa fressão ynz elevar a agua para o Cgn-
àensador. -":• í ••?. oir-::.,., ..,. . :,« ... •;;
Em conclusão M. Rawsson julga ter sufficientemen-
te demonstrado, que M. Pèrkins tem corapletamente con
seguido estabelecer as principaes qualidades, que deve
possuir huma Maquina de vapor, a saber :
• i J» i .11114
Jjfl COBOBHDIO TOT6MCO-PRATICO
Huma força tilimitada •• • ••
- ' ' Segurança completa
Economia de despesas em geral
Diminuição de volume e pez*
Ligeireza comparativa
Simplicidade no systema ••
• m \ °i
circunstancias , que fazem esta invenção precisa , ou seja
para estas Maquinas serem empregadas ao serviço da Ar
tilharia ou das artes , tanto em terra como abordo de Na
vios para ejse fim expressamente construídos.
••« M. Perktns (<») fez projectar durante duas horas a
huma Maquina de 65 athmosferas Baila», que adquirirão
a velocidade das que forão lançadas pela Pólvora , cilas
a distancia de IQJ Pés atravessarão onze pranchas de
madeira assaz dura de huma polegada de espessura cada
huitvi; além disso passarão huma chapa de retro de gros
sura de ~ de polegada , que he considerada como a pro
va da máxima força da Pólvora.
O inventor affirraa que pode triplicar com seguran*-
já à potência do- motor , e eleva-la até 200 athmosferas,
e que equivaleria á força que sobre hum pé quadrado
exerceria o enorme pezo de 400.0001'' •
Quanto á rapidez da execução, cjuandoseconsiderão
os effeitos de hum tal agente , he ella verdadeiramente
espantosa ; quasi 1000 Bailas podem ser dirigidas e laar
çadas por minuto empregando huma só Maquina. ^
O tiro varia à vontade . podendo ser obliquo , fixan- (
te, horjisontal r ou por elevação.
, :• Nào pensa desta maneira M. Madelain* (b) : nós e*- fc
tractaremos da sua Memória quanto julgarmos indispeôr
savel. ; ../ "' .- v.1 t >..-..-. T-,',
-A, Pólvora pala si» inflaramação produz Ga&e^ j:'
-tanta, mais; força , quanto maior he a sua qwa&-
Jounial dís Sciences militaires Tom. 4'.* pag. 169. '+ ' -1
dcs Sciences miiiuires Tom. a.° pag. 46a jt
DE ARTILHAUIA NAVAL.
tidade, mais elevada sua temperatura , e menor o espaço
em que estão encerrados; elles devem pela sua elasticida
de vencer a resistência , e imprimir-lhe hum movimento
tanto mais rápido, ouihuma potência tanto maior, quan
to roais forte for a carga da Pólvora inflammada, ç o
Projéctil .tiver mais massa.
Em fim quaesquer que sejão os Gazes, mais ou
menos permanentes , diferentes, ou da mesma espécie,
o seu effeito depende unicamente da sua quantidade, do
espaço que elles occupão, e da temperatura a que estão
elevados ; ou em geral o seu effeito depende unicamente
da sua quantidade e da sua tensão.
Muitas pessoas tem acreditado , e acreditão que se
chegaria a empregar com alguma vantagem o vapor pa
ra obter os effeitos produzidos pela Pólvora : com effei
to até ao presente lia poucos factos , porém muitas pro
messas ; entre ellas a de se servir deste agente para lan
çar Projecteis de Douvres a Callais, de transportar as
Maquinas de guerra em campanha , os Carros defensi
vos, as Casamatas moveis &c. se estes projectos des-
cancao sobre solidas bases, deveremos esperar huma per
feita revolução em todas as regras d'Artilharia.
As Maquinas de vapor podem ser consideradas co
mo armas offensivas , ou como meios de transportar os
materiaes, elevar as aguas &c. no i.° exercicio deverão
•obrar por intervallos, e nos 2.°* terão huma acção con
tinua.
Consideremos as Maquinas de vapor como armas
offensivas, e examinemos os effeitos por ellas obtidos até
hoje ; reconhecida a prodigiosa força do vapor , notare
mos que as j." provas de htiraa Maquina de vapor con
siderada como arma de guerra forão feitas em 1814; ain
da não existem as relações circunstanciadas da força im
pressa ás Bailas , do seu effeito , e do seu alcance.
Mr. Perkins hábil pratico fez sobre este objecto as
«eguintes experiências.
. Huma Maquina , cuja Caldeira apenas continha duas
Zz
COMTOTDTO THEOMCO-PRATTCO
canadastfagua , e lançava em hum minuto 15-0 Balias poT
hum cano d'Espíngarda ordinária , projectava estas Bai
las em bania chapa de ferro collocada na distancia de
54 Pós, numas peio vapor na pressão de f athmosfe-
fras, as i." na pressão de 35: athmosferas, e as 3." na
pressão de 40 athmosferas, conservando-se o alvo na mes
ma distancia; em resultado as Bailas mudarão de forma
jnais ou menos conforme a velocidade.

M. Aubert querendo examinar , que cargas de Pól


vora ordinária seria necessária, para na mesma distancia
configurar da mesma maneira os Projecteis , achou que

r 5 athmosfiras - - \ gramma de Pohor*


para ^ 35: ditas - - - - i dita
C 40 ditas - - - - i j dita.

Doirde se conclue que sendo n grammas a carga erapre*


cada em huraa Espingarda ordinária , não comprehenden-
ao a escorva , o Gaz que desenvolverá será quasi 7 ve«
zes maior.
A' falta de provas directas e de factos positivos, so-
fcre os quaes nos possamos apoiar, recorreremos a resul
tados tomados nas artes, e ao raciocínio, para apreciar
õ merecimento das Maquinas de vapor , querendo-se des
tinar ao Serviço da Artilharia.
A força nas Maquinas de vapor se pode aogmentar
de duas maneiras , ou augrnentando o Reservatório de
vapor, e o Diâmetro dos cylindros onde el lê acrua, a
fira de produzir ao mesmo tempo maior quantidade de
vapor e com a mesma tensão, ou elevando a temperatura
do vapor sem augmentar as dimensões das Maquinas;
no i.° caso he pelo augmento do volume, no 2.° hfc
pelo da tensão-: o 2.° methodo tem maiores vantagens,
porque emprega menos espaço, e tem Maquinas menos
complicadas em massa 3 e económicas em combustível,
f »B AuriutAMA NATAL.
Por consequência somente as Maquinas de alta pres*
são poderão ser admissíveis na Artilharia , por quanto
he preciso termos em vista não só a potência , mas tam
bém a facilidade em se transportarem.
Notaremos, que estas Maquinas são mais simples,
que as que se empregao nas artes, por quanto o vapor
obra directamente sobre os Projecteis.
Ora fazendo variar o diâmetro das Peças e das Bai
las em a Maquina de M. Perkins , e notando as veloci
dades iniciaes impressas ás Bailas década Calibre, se po
deria conhecer, que influencia real deviao exercer as mas
sas dos Projecteis para huma mesma pressão, e modifi
cando as pressões se determinarião igualmente, quaes
são as velocidades correspondentes a cada Calibre diíFe-
rente.
Desta maneira se concebe como se poderiao obter
os i.01 pontos da escala Ballistica das pressões, compa
rando os effeito? do vapor com os da Pólvora.
Em consequência das experiências a que se tem pro
cedido se conclue, que o vapor com" huma tensão de 40
j|thmosferas tem pouca força , e que necessitaria , para lan
çar as mesmas Bailas com huma velocidade de 15-00 a
lóoo Pés por segundo , adquirir a tensão de 600 a 800
athmosferas; portanto a que gráo deveria subir esta ten
são para obter a força sufficiente para lançar as Bailas de
4j 8, rz, 16, 24 í a quantos riscos e difficuldades se
não exporia? quando já empregando huma pressão de
40 athmosferas se offcrecem tantas.
Como poderá M. Perkins conceber a esperança de
projectar Moveis mais consideráveis, taescomoos que já
exigem a força de jo.cco ou talvez 100.000 athmosfe
ras, corno por ex. as Bombas de 1 8o '*•, ao alcance de 3.eco
Toezas ?
Como poderemos contar com a resistência das ma
térias empregadas nos Generadores , expostas a soífreros
esforços do vapor em tão elevadas temperaturas ?
Concedendo mesmo a facilidade de se poderem em-"
Zás a
pregar 40, 70, 100, e r p athmosferas, que inconve
nientes se não offereceráÓ para suspender a acção do va
por?
Em resumo reduzindo á sua verdadeira expressão as
altas virtudes attribuidas a estas novas armas diremos:
l.° que a expressão maior, a que praticamente se tem
podido elevar o vapor, não excede a 40, 6o, 100 , até
150 athraosferas; i." que com huma tal pressão se po
dem apenas lançar pequenos Projecteis, como Bailas de
Espingarda ; 3.* que além dos riscos que offerecem estas
armas no Serviço, o effeito dos seus Projecteis não pas
saria além de 40 a 6o Toezas de distancia.
Persoadido pois (a) M. Madelaine de que tanto pe
la Theoria, como por factos (£) se mostra a diíficulda-
de, ou antes impossibilidade de fazer obrar o vapor di-
fectamente sobre as Bailas de 4'*-, e de 8™', e ainda
peior a respeito das de 16 e 24, como tem proposto
M. Perkins , sem com tudo até ao presente se terem
lançado outros Projecteis maiores que Bailas de Fusil ,
(não obstante terem os Jornaes de 182,4 annunciado que
M. Pé kins seoccupava na construcção d'huma Peça de 4
a vapor, que devia ser manobrada com a ajuda dei cavai-
los) , e certo de que as mesmas Bailas de Fusil projecta
das horizontalmente comluima potência menor que a do
mesmo Fusil não poderão ter considerável effeito, con-
clue que as Maquinas de vapor de alta pressão parece
não terem lugar no serviço da Artilharia.
Por isso Madelaine offerece o projecto de apropriar
ao serviço da Artilharia as Maquinas ordinárias , ou de
baixa fréssão , e desta sorte empregar o vapor indire
ctamente para lançar por elevação quantidades prodi
giosas de Projecteis de grosso calibre , mesmo Obuzes
e Bombas , o que de maneira alguma será praticável se-

(«) Journal dês Sc «n. mflit. Tom. 6Ò pag. 26 j.


Intioduction a l' etude de 1'artill. par Madelaine.
BB ARTTLHAMA NAVAI*
•gttnclo o processo de M. Perkins , e daquelles que o se
guem.
Huma Maquina de vapor de baixa presrão de for
ça de 6 , e ainda 4 cavallos, lançará no espaço de luira
minuto 100 a lio Projecteis de 6 a %!í- produzindo o
effbiro da mais grossa metralha ; assim a quantidade de
Projecteis lançados por huma só Maquina será em cada
hora perto de 7.000, sendo de 8'*-; esta quantidade se
rá ainda mais considerável, se os Projecteis forem mais
leves j ella poderá lançar até 20.000 por hora , se forem
de duas a 3 libras, e houver meio de os poder fornecer
com a velocidade necessária.
Empregando huma Maquina de 12 a ly cavallos os
Projecteis poderão pezar 24'*- e Obuzes de 6 P-, poderão
•ser lançados a distancia de 100 Toezas em quantidade
de é.ooo a 7.000 por hora.
Se a Maquina fosse de 24 cavallos , se conseguiria
lançar Bombas de SP-, a IOP-; e se os braços dos homens
podessem fornecer o serv iço activo, que exigiãosemelhan-
tes Maquinas, o numero dos Projecteis lançados não di
minuiria consideravelmente.
Notaremos <jue estes effeitos são avaliados aproxima
damente, além disso que o consumo extraordinário dos
Projecteis de grosso Calibre não «endo praticável com o
fornecimento da-s Praças mais abastecidas, nos obriga a
limitar o uso destas Maquinas a lançar Granadas, Obu
zes , e em medíocre quantidade.
Huma difficuldade que se nos apresentou , consistia
no meio de communicar o fogo ás Espoletas dos Proje
cteis carregados com Pólvora-, lembrou-nos empregar es
corvas de Pólvora fulminante, porém este uso precisa
de muitas cautellas para «vitar o perigo daquelles , que
estão empregados no serviço da Maquina : como porém
este emprego he secundário, esta dificuldade não obsta
a que satisfaça em todos os Projecteis massiços.
Madelaine passa, depois a fazer applicaçao á defesa
das Praças, era que mostra a grande vantagem, que ré-»
COMTENDIO THEOMCO-PRATICO
sulcaria, attento o gravíssimo damno que se causa ao»
sitiantes ; segundo o seu plano estas Maquinas se devem
construir a coberto em Cazarnaras.
Segundo a comparação do numero de Projecteis lan
çados por huma Maquina com os que no mesmo tempo
lançaria hum Pedreiro ou Morteiro, que apenas em hu
ma hora poderá dar de 5 a 3 tiros , ou de 8o a 100 em.
24 horas, como ordinariamente se conta, huma só Ma
quina de vapor lançaria os Projecteis , que no mesmo tem
po poderião lançar 40 Morteiros.
Além disto para dirigir huma Maquina bastarão i
Maquinista, i Artilheiros, «4 Serventes; quando pa
ra huma Bateria de 40 Morteiros serão precisos 160 ho
mens. . ... f
Accresce a vantagem de não serem incommodadas
as Cazamatas com o fumo, como aconteceria coma Pól
vora , e sem o risco de se arruinarem as fortificações e
obras com a detonação violenta das Boccas de fogo , que
abalão, e até allucm os Edifícios acazamatados.
Outra vantagem se manifesta era não poder o sitian
te ser prevenido do tiro , como acontece empregando a
Pólvora ; vantagem real , principalmente durante a nou-
te. Attendendo pois ao exposto julga ter demonstrado que
são muito vantajosas as Baterias a vapor; elle lembra
que o motor destas Maquinas pode também ser empre
gado para inundar os trabalhos do sitiante segundo o pro
jecto de M. de Ia Joraariere.
O projecto das armas de vapor de Madelaine se re
duz ao seguinte.
Supposto o conhecimento de huma Maquina ordi
nária de va^oràe baixa pressão , se notará que estas Ma
quinas entre outras peças montão Ivum Volante , ou R&-
da melallica , que serve para regular o seu jogo.
Ora augmentando o pezo deste Volante ou o seu
raio a potência da Maquina se augmenta , e a experiên
cia mostra , que este augraento he proporcionalmente
«aior augm estando o raio j e por consequência quanto
DE ARTILHARIA N ATA t.
maior he o diâmetro do Volante, mais considerável se
torna a sua velocidade.
Nas Maquinas de 30 a 40 cavallos os Volantes tem.
de 18 a 20 Pés de diâmetro, e estas Maquinas apenas
forneceráõ de 16 a 20 gyros por minuto-, porém todoa
os que tem visto trabalhar estas Maquinas reconhecera a
grande violência, com que serião projectados os corpos
que cahissem sobre a superficie exterior da sua circum-
ferencia ; he pois , servindo-se destes Volantes , que M.
Madelaine nos apresenta huraa maneira simples , econó
mica, regular, e sufficiente para lançar Projecteis a dis
tancias de 6o, i ao, e ijo Toezas.
Nota M. Madelaine, que não pode servir de objec
ção o dizcr-se que o Volante , recebendo hum novo em
prego , deixará de servir ao principal fim de regular o
movimento da Maquina; porque as Maquinas a vapor
tem a propriedade de conservar hum movimento regular,
não obstante as desiguaes resistências que tem a vencer ;
taes são os movimentos de vai e vem das Bombas dos
Pilloes , dos Martinetes , e Serras : e isto acontece por
que o Volante era todos estes casos , recebida a forca da
Maquina , a reparte regularmente de huma maneira uni
forme. Ora ainda que no nosso caso a acção pareça va
riar por ser motivada esta resistência da parte do Volan
te , e por intervallos, cora tudo isto só motivará a pre
cisão de augmentar o Diâmetro , ou a massa ao Volan*
fé, a fim de conseguir , pelo augraento da velocidade ,
tornar estas resistências insensíveis.
Além disso sendo as massas dos Projecteis extrema-*
•mente pequenas em relação á do Volante , os choques
«e praticarão por intervallos iguaes , e a força activa
moderada pelas fricções e pela resistência do ar será
perfeitamente regulada.
O projecto destas Maquinas se reduz aos seguintes
artigos.
i.° Construir huma Maquina ordinária de
de baixa pressão destinuda a mover o Volante*
CoMíEtroio THEOMCO-PR ATIÇO
l.° Dar a esta Maquina bum movimento mais
rápido transmittido ã arvore do Volante por meio df
bum systema de rodas dentadas.
3.° Obter bum Volante de grande diâmetro com
buma ou duas palhetas elásticas e resistentes , dispos
tas convenientemente pela sua circunferência , etaes,
que os Projecteis não fiquem expostos a partirem-se
pelo choque , ou divergirem.
4.° Estabelecer buma calha própria para receber os
Projecteis buns apoz outros , tendo de largura o seu
diâmetro , e a lança-los por intervallos nas palhetas \
fazendo esta peça systema com a arvore do Volante ,
for consequência movendo-se com e lie.
f.0 A arvore do Volante deve ser disposta de ma
neira , que gyre sobre hum pião , e facilite a projec-
fao dos Moveis em diferentes pontos.
6.° Deve , servindo-se do registo da Maquina de
vapor , offerecer hum meio fácil de variar a velocida
de do Volante , podendo assim o campo do tiro receber
maior ou menor extensão em comprimento ou largu
ra.
7.° Poderão estas Maquinas dispor-se com van
tagem em Casamatas construídas de propósito nos
Reductos das Praças â"'armas reintrantes , e nas meias
Luas , e seus Reductos ; e no marpoderão utilmente em
pregar-se nos Navios a vapor.
M. Madelaine ainda em outro lugar (a) nota , a
respeito de admittir, como M. Perkins, o uso do vapor
obrando directamente sobre os Projecteis o seguinte.
Como o vapor deve obrar directamente, só elevan-
do-o ás altas temperaturas se poderão lançar Projecteis
com força sufficiente para produzir effeiro a huma certa
distancia ; he necessário pois examinar até que ponto se
pode produzir e encerrar o vapor nos recipientes for

00 Journal dei Sciences milit. Toro. 6.° pag. 282.


DE AuTiLHAMÀ NAVAL. 361
mados pelss substancias metallicas , que nos fornece a in
dustria.
Ora como o vapor provêm da agua, e he com a
ajuda do calor que tem lugar a sua transformação, para
que o vapor seja elevado áquella alta temperatura , que se
necessita a fim de conseguir huma sufficiente pressão, o
calor deverá também affectar os involmes metallicos, e
eleva-los também a huma alta temperatura ; então estes
corpos dilatando-se diminuem a tenacidade dos metaes,
fàcilitão a oxidação , e podem mesmo amollecer-se, e ti
rar-lhes toda a resistência ; além disso crescendo a força
expansiva do vapor, augmenta o seu esforço de dentro
para fora , circunstancias , que juntas a outras nos conven
cem que os effeitos do vapor empregado directamente se
gundo o rnethodo de M. Perkins são mais a recear para
os que servem estas Maquinas que ao mesmo inimigo.
A invenção das extraordinárias Boccas de fogo que
temos descripto , cujas vantagens , principalmente no ser
viço da Marinha , tem Paixhans e Vallier assaz demon
strado pelas experiências, nos conduz a expor em que
qualidade de Embarcações mais vantajosamente podem,
ser empregadas, e para que fins j o que será objecto da
3,» parte desta nota.
As Embarcações , que pela sua mais forte e resisten
te construcção se podem armar com os Obttzcs de 24
636,6 Canhões Paixhans de 8o e ifo , são Barcas Bom
bardeiras ou Canhoneiras , Baterias fluctuantes , Pon
toes , e Embarcações a vapor de diffcrentes lotes.
A armação e grandeza das Bombardeiras, cujo;
serviço he lançar Bombas, tem sido muito variável des
de as primeinis Bombardas Veneziannas, que se redu-
ziao a serem humas grandes Barcas com pouco pontal,
armadas com hum ou dous Morteiros.
Estas Errbarcacées também se denominarão G-' leo-
faf Pffmbardeiras\ nellas se montavao diante do mas
tro grande hum ou dous Morteiros, dirigido o seu ebío
longitudinal parallelamente á quilha ; circunstancia", dcii-
Aa'a'
COMPENDIO TTTCORICO-PRATICO
de resultavão gravíssimos defeitos, sendo o principal pro
veniente da necessidade de situar na direcção da quilha
o objecto, que se destinava ferir.
Para remediar estes inconvenientes se estabelecerão
os Morteiros no centro da Galeota , fazendo adquirir ao
seu Leito bura movimento circular, de que resultou a
vantagem não só de fazer fogo em todas as direcções,,
mas de mudar de posição debaixo delle.
As primeiras Bombardeiras , que os Francezes con
struirão, servirão no reinado de Luiz XIV. no Bombar
deamento de Alger pelo celebre Duquesne em 1681 e
1683 , as quaes se dia serem inventadas por hum hábil En
genheiro Bernardo Renaud. Elle fez construir 5: Navios
mais pequenos que os Navios ordinários de navegação
a-lta , porém mais reforçados de madeiras , e sem cober
ta, aos quaes mandou solhar próximo ao cavername, e
ihassicou este vão com alvenaria e madeiras ; sobre este
solho assentou grossas pranchas , e sobre ellas montou.
os Leitos dos Morteiros.
Isto prompto , partio com ellas contra os Algeri-
nos(tf)', os quaes e Duquesne ficarão admirados do eífei-
6b das Bombas ; porém isto não obstante , o Bombardea
mento não produzio hum effeito correspondente á sua
enorme despeza ; ora o mesmo resultado se obteve naquel-
les, que se praticarão no Havre em Julho e Agosto de
1804, em B°l°nha em Outubro de 1806, em Cadix aaj,
de Setembro de 1823.
Os Inglezes (£) empregão nas suas Bombardas Mor
teiros de Bronze e de Ferro de Calibre de 13?» e IO.P-
Agora attendendo ao que temos dito he fácil de con-
duir , quanto seria vantajoso empregar nesta espécie de
Embarcações os Obuzes de M. wallier tendo attençao
ás considerações e melhoramentos , que as experiências (c)
lhe mostrarão serem necessários.
(a) Journal d« Sciences militaires. Parisot 1837 Tom. 6." pag. 79.
(t) Force naval dela Grande Bretagne par Dupin Tom. 2.° pag. 111,
(í) Addition a Ia note sur lês Obiuieis par Yallier 1826 pag. 12,
DE ARTILHAIUA NAYM* §5|
Sarça ou Chalupa Canhoneira he huma Embar
cação com quilha ou fundo chato, conforme he destina»
da para navegar em Costa ou Rio manso, em muito ou
pouco fundo ; he ordinariamente armada com huraa Pe
ça de 12 até 24 montada convenientemente, e que jogi
á barbeia ; algumas ha que são guarnecidas de pequenos
Pedreiros de i '*• até 2 '*• montados sobre a borda em
forquilhas de ferro ; arvorao dez a doze remos por ban
da, e tem seu mastro e vela, que varia conforme a
Nação a que pertencem.
OsBrimansna índia estabelecera a sua principal for
ça militar em 500 Barcos , com que cobrem as margens
do Rio Jravaddi , armado cada hum com huma Peça ,
30 Fusileiros , e 8o Remeiros ; os Inglezes na tomada
de Rangan os atacarão com o Barco de vapor Diana
armado em guerra , de que resultou terem os Briraaos
huma perda de 32 Barcos destes.
Os Obuzes de 10 polegadas denominados Obuzef
de Marinha são aquelles , com que os I/iglezes guarnecem
as suas Chalupas : esta arma , como já dissemos , sendo
cm tudo semelhante ao Canhão Paixhans tem todas as
íuas va-ntagen«.
Quanto ás Baterias fluctuantes ellas tem nppare-
eido em differentes Épocas e Paizes, de muito particu
lares construcções ; as mais celebres são a« que o Geher
í-al Darçon empregou em 1782 no cerco de Gibraltar;
tstas Baterias sendo formadas sobre reforçadas Bar
ras erao protegidas contra as Bailas ordinárias por huma
Amurada de 4 i Pés de espessura, e contra as Bombas por
huma trincheira inclinada ; as Bailas vermelhas não pro-
duziáo effeito por causa da continua circulação de aguas,
*jue gyrava por entre as suas madeiras.
Estas fíaíerias erão assaz pezadas, e tinhao huma
marcha muito irregular , por isso que tinhao para a par-
«e-de-foge da Praça iiuni nvaicr reforço i a4ém dis»o os
rasgamentos dí^.pqrtas .fróo pauto .
Aaa
384 COMPENDIO T«BO*ICO-PRATICO
•"• ' Os Americanos (a} construirão segundo o plaho de
Fulton rauiras Embarcações desta natureza , que podem
ser úteis em algumas circunstancias ; pelo geral são Ba
terias flvctuaKíes postas em movimento por vapor, de
fendidas por amuradas extremamente grossas, e armadas
com Boccas de fogo de grossos Calibres.
Estas Baterias não tem mastros nem velas, e a
Roda motriz labora era hum canal interior , por consequên
cia as manobras e evoluções do Navio não podem ser
interrompidas pelo inimigo.
A Bateria Americana de maior lote he , segundo
dizem , maier que huma Fragata , e he posta em movi
mento pala acção de huma Maquina de força de 100 ca-
vallos; seu Parapeito de madeira he de 4 Pés e meio de
grossura , he armada com 44 Peças de grosso Calibre.
Estas espécies de Baterias fluctuantes podem ter
grande vantagem para defender a entrada de hum For-
to, ou d'hura Estreito, d'hum Kio, ou Bahia; porém
de'nada servirão nos combates d'alto mar-, porque a sua
manobra he muito lenta , e a sua construcção muito pe-
zada para poder resistir a qualquer temporal ; além djs-
so o consumo do combustível não permitte huma longa
•YÍageni.
Deve também notar-se que o calor da Maquina li*
-tal, que em poucos minutos he preciso desemparar *B*-
teria; outro grande defeito procede da extraordinária
espessura dos Parapeitos; porque daqui resulta, que ou
as portas ficão muito estreitas, e a Peça por isso náo po
de dar tiros senão na direcção da perpendicular ao Para
peito, ou dando-lhe maior rasgamento se formará hu-
,ma espécie de funil , que encaminhará a direcção das Bai
las inimigas pela porta dentro, donde facilmente pode
resultar o serem desmontadas as Peças , e arruinadas as
Carretas.
(a) Nouvelle force Maritime par Paixhans pag. (S. i
'D* AUTILTIÁMÁ NAVAL.
Com tudo pequenas Chalupas Canhoneiras movi
das por vapor, e armadas convenientemente com Canhões
Paixhans, ou Obuzes Inglezcs de Marinha, ou Obuzes
de M. Vallier terão grandes vantagens, porque podem in
dependentes de vento entrar nos Portos e sahir, tomar
as mais opportunas posições , navegar mesmo em pcuço
fundo e muito próximo as Costas ; além dis?o , como não
tem arvoredo, apenas serão visíveis ; sendo por outro la
do hum inimigo formidável pelas Boccas de fogo que o
guarnecem ; são seguramente, em consequência do que
temos dito, estas Embarcações as próprias para a defesa
dos Portos e Costas.
A navegação Submarina , ou debaixo d'agua , nos
offerece novas especulações e meios de fazer a guerra.
Principiemos pela sua invenção, assim como encontramos
em huma Memória deMontgery (a)t depois passaremos
ao seu uso na guerra.
A invenção das Maquinas de mergulhar lie antiquís
sima ; Aristoteles nos explica a construcção da Cornemu-
se e da Campana de mergulhar; nos fins do Século XIV.
os habitantes de Vkraine se servião de grandes Canoas,
nas quaes mergulhavão para escaparem á perseguição do
Grão Senhor.
Era 1644 o Padre Mersenna foi o primeiro, que
escrcveo com maior extensão sobre este objecto; tendo
em 1624 Cornelio Van-Drebell construído em Londres
hura barco Submarino , foi o Rei Jaques I. hum dos pas
sageiros que nelle navegou. Dizem que Van-Drebell ti-
descoberto hum licor , que dava ao ar os princípios
necessários para a respiração.
David Bushnell habitante de Connecticut construio
em 1776 hura pequeno Barco desta natureza , que nave
gava fora e debaixo d'agua , e que se fazia mergulhar
deixando entrar agua em hum Reservatório formado só

00 Jpumal dês Sciences Militaiies Tom. *.' pag. 167, i8aó.


COMPENDIO TWEOKTCO-?RATICO
bre o Cavername, e obrigava a boiar esgotando este flui
do por meio de numa Bomba aspirante.
Hutn Remo talhado á maneira de Parafuso de Ar-
quimedes , e collocado horizontalmente debaixo do cos
tado lhe communicava o movimento progressivo ou re
trogrado , conforme o sentido em que se movia; outro se
melhante Remo elevado verticalmente sobre a parte su
perior ajudava a regular a profundidade das imraersóes ,
independente da quantidade d'agua que se admittia no
Reservatório.
Fulton em 1801 em Brest experimentou hum Bar
co desta espécie, que denominou NautiJus; era guarne
cido com 4 homens , tinha velas que se dobra vão sobre
clle quando se queria fazer mergulhar ; hum Globo de
Cobre conservava o ar puro condensado, e servia para
tenovar a athmosfera interior.
Em 1809 MM. Cóésin irmãos por ordem de Bona-
•parte construirão hum semelhante Barco, cuja equipa
gem devia constar de 9 homens.
M. Shuldhan Official distincto da Marinha Britan-
nica experimentou em Portsmouth hum Barco Submari-
ito construído á sua própria custa , em que elle mergu
lhou á profundidade de 30 Pés; e destina-se a construir
outros , em que desça a maior profundidade.
Outro Inglez denominado Johnson concebeo o en
genhoso projecto de tirar Bonaparte de Santa Helena ,
empregando o maior Navio mergulhador , que se tem
"construído; este Navio teria roo Pés de quilha, os seus
'rtiasrros e vdlas erão dispostos de maneira, que quan
do se queria mergulhar dobrassem sobre a Coberta.
Johnáon sé propunha fazer a sua derrota de sorte ,
que ao anoitecer reconhecesse Santa Helena ; e para me
lhor evitar o ser descoberto deveria mergulhar até vir
gartíiat a Praia , e depois mandar hum emissário aBona-
jjarte, e esperar pela resposta. o tempo necessário: som-
mas enormes se tinhío promettido caso alcançasse o fim
desejado, além de 40.000 Libras esterlinas, que recebe
. tfc ARTTIWAMA NAVAÍ.
ria logo que a Embarcação estivesse prompta a partir ; po
rém quando estava concluindo o ultimo torro de Cobre,
chegou a noticia de ter falecido o celebre captivo.
Muitas e divcrsissimas tem sido as armas de fogo
inventadas para se empregarem na guerra Submarina;
no extracto que fizemos da memória de Montegery assaz
falíamos dos Petardos, e TremeIgas , eu Minas flu-
ctuantes , para que delias se possa fazer huraa perfeita
idea; agora trataremos d'outras invenções.
Os Americanos segundo o plano de M. Joshua Blair
construirão humas armas , a que derão o nome de Âme-
rican-torpedois : huma CommissSo encarregada de â»
examinar tem decidido, que hum só Navio armado de
huma Bateria destas armas combateria com vantagem a
Esquadra mais numerosa , e destruiria com facilidade to
dos os Navios, que não tivessem a propriedade de po
derem mergulhar. Persuade-se Montgery , que estas armas
se reduzem a Foguetes aquáticos de grandes dimensões,
empregados conforme o plano de Desagulieres.
M. Paixhans fez em 1813 experiências sobre Fogue
tes desta espécie; porém elles fluctuarão em Jugar de
mergulharem, e a explosão se manifestou no ar.
Durante a ultima guerra antre a Grã-Bretanha e
es Estados unidos em a Fundição do General Masson no
districto de Columbia se construio huma espécie de Ca-
ronadas de Calibre de ioo;*-, armas a que sedeo o nome
de Columbiadas.
Estas Boccas de fogo não tem molduras nem resal-
tos ,e por consequência são perfeitamente Cones troncados ;
forao inventadas de propósito, e empregadas porFulton
na guerra Submarina , montando-as sobre Barcos p«o-
prios , como se segue.
Estabeleceo-se em huma ou muitas partes da Em
barcação huma Plataforma fixa á coberta , e de encon
tro á amurada, e sobre ella huma Carreta de Co/issa ,
cujo único movimento fosse perpendicular á amurada i

L_
368 COMPENDIO THBORICO-PRATICO
nesta Carreta se montou horizontalmente huma Colum-
biada.
Defronte da Bolada ha hum resbordo circular da
grandeza da bocca da arma, tapado cora hum Taco de
madeira em forma de Válvula , e tão justo, que a agua
não possa entrar dentro da Embarcação.
Mettida dentro a Columbiada se carrega tendo at-
tençao a que o Taco vá bem ensebado , e bem justo , de
pois se escorva a caçoleta dos fechos , e se faz entrar exa^-
•ctamente a Bolada no resbordo, que deve ajustar perfei
tamente; e quando estiver ii a ij Pés em distancia do
alvo, se levanta a Tapa que fecha por fora o resbordo, e
faz fogo. Ora quando a Columbiada recua, trazcomsigo
a Tapa e fecha o resbordo; apouca agua, que neste mo
mento entra , se deposita nas cavernas , e depois com as
Bombas se esgota.
Fulton trabalhou na construcçãode hum Navio, que
denominou Mute\ porém elle bem conhecia adifficulda-
de de lhe dar direcção inteiramente mergulhado debai
xo d'agua, e para remediar este inconveniente concebeo
a idea dos Navios , que se denominarão Invisíveis; por
que podião roubar-se á vista dos inircigcs, todas as vezes
que lhe fosse necessário.
Estes Navios ordinariamente navegavão por meio
de velas e Maquinas á superfície d'agua : os que forão
apresentados em modelo devião ter 86 Pés de quilha, 23
de bocca , e 14 de pontal.
Era these geral conviria que estes Navios fossem
construídos de ferro ; porém ate ao presente todos o tem
sido de madeira ; a Coberta he hum pouco semelhante ao
fundo, ainda que mais achatada por causa da manobra;
tem dous EscotilhÓes , he todo guarnecido de vidros len-
tioulares da maior grossura, os Mastros tem huma forte
Charneira junto á Coberta para dobrarem sobre ella; o
interior he dividido ao meio por hurca Coberta, que ser
ve para alojar a gente; o Porão he dividido em Paioes
DE ARTILHARIA NAVAL. 369
para munições e mantimentos, e no meio he formado
o tanque ou Reservatório para receber a agua, que o faz
mergulhar, o que gradualmente se consegue abrindo as
torneiras destinadas para este fim ; e quando se pertende
subir , se lança a agua fora por meio da Bomba que está
no dito tanque, cujo corpo sahe fora da Coberta supe
rior.
Era huma Memória de M. lê Baron de R.** en
contramos outra arma Submarina, cuja construccão («)
he a seguinte.
>•

Em hum forte Caixão de madeira em forma de


tronco quadrangular perfeitamente calafetado se intro
duz huma Caronada de Ferro de Calibre 48 , e se dispõe
verticalmente com a bocca para a superfície superior do
tronco ; a Culatra descança sobre huma reforçada pran
cha situada a pouco menos de meia altura do Caixão , apoia
da sobre fortes escoras , e de raes dimensões , que possão
resistir ao recuo da arma.
Esta Caronada tem junto ao Ouvido huma concha
para receber a escorva , sobre a qual jogao em tempo e
lugar próprio huns fortes fechos de Espingarda ; o gati
lho recebe o movimento pela percussão de huma haste
de Ferro vertical , e parallela ao eixo da Caronada , na
extremidade desta haste está hum botão em forma de char
neira, que com duas alavancas metallicas curvilíneas for
ma hum tal systema , que logo que estas alavancas pelo
contacto com o costado do Navio são obrigadas a abai
xar, a haste de ferro se eleva , e percutindo o gatilho faz
disparar a Caronada.
Para evitar que alguma agua se introduza pelo ori-
ficio onde labora a haste merallica , e vá humedecer a
Pólvora da escorva , se guarnece interiormente a haste com
hurn cylindro de ccuro: o mesmo se pratica nas extremi
dades das alavancas.

(a) Statique àg. U Guerre iSjO pag. j 70 e 172.


Bbb
COMPENDIO TnsoRrco-FuATico
• w- . [ 43 l

As Peças antigamente distinguião-se por numa no


menclatura particular, que d ifferençava os Calibres e com
primentos, a mais geralmente seguida era a seguinte:

NOMENCLATURA.
Calibre»» Pezo »» Comp.
"Basilisco («) ------ 48 »» 7200 >» 10 Pés
Dragão- -------40» 7000 »» 167
Dragão volante - - - - - 32 » 7200 »» 22
Serpentina ------- 24» 4300 » 13
Çolubrina -------20» 700 » 16
Passa-muro ------16»» 4200 »» 18
Asfid -------- i:» 425*0 »> ir
JM«£ Çolubrina ----- ja.tt 385:0 »» 13
Pelicano ------- £»> 2,400 »» 9
Jrfgrtf ---,---_ j, i 285-0 » 13
Pequeno Sagre ----- 4 » 25-00 >» 12^
falcão -------- j»» 2300 »» 8
falconete ------- 2» 135-0 » iof
Ribaudequim tia França - - l » 7^0 >» 8
Outro mais pequeno - - - - i >» 45-0 »» í
Esmerilhão ------ i»> 400 »»

Em 1572 se introduzirão
bastardo ----__- 7!
Çolubrina ------- i^

12 Apóstolos Peça Hespanhola.


Desde a invenção das Pecas , que data yo annos de
pois da da Pólvora , tem na Europa apparecido além das
(4) Nau vau dictionnaiie mUitake Gaigné pag. 7;.
DE ARTILHARIA NAVAI*- ••> 571
regulares acima indicadas, e das que actualmente estão
em uso, algumas outras extraordinárias entre as quaes se
fazem notáveis as seguintes.
A Peça de Mabometh II. empregada em o anuo
de 145-3 j <3ue era de Ferro> tinha de Calibre 200.'*'
O Griffon fundida em 1^28 por Simao Gosmich.
denominada a Colubrina de JLrbenbreststein , de Cali-,
bre 141 ;í-, comprimento 14 p-,, 2 P-,, 4'- e de diâmetro
a f- 5 P- 10. '•
Luiz XI. em 1600 mandou fabricar huma Peca e.m
forma de Morteiro , que lançava hum Projéctil de 800'*-
de Ferro; este mesmo Monarca mandou fundir em Tourç
Peças , que lancavão Projecteis de pedra de joo'*- de pe-
zo, no alcance de 1700 Toezas ou 12200 Pés Régios.
Na Fundição de cima em Lisboa existe a celebre
Peça de Diu de Bronze , de Calibre 96 '*-, comprimentp
27 palmos e^, diâmetro exterior na Culatra 3 palmos, e
na Bocca 2 palmos, pezo 186 quint. 3 arrob. 12 arrat.
ou 23016 arrat. »
A Colubrina de Marselha , que alli existia em 1524,
era de Calibre de 100'*- de Ferro.
Na Torre de S. Julião em Lisboa existe huraa Pe
ca de Calibre 90'*- com 32 Pés de comprido. ;
Segundo Froissart os Flamengos fizerão uso de hu
ma Bombarda no cerco de Oudenarde , cuja Balia era do
Calibre 300 7í-, e que tinha yo Pés de comprido (a} ; em
pregava-se hum pequeno Guindaste para a carregar.
As Peças, que os Turccs empregarão no cerco de
Constantinopla em 1453 > lançarão Projecteis de pedra até
1200.0- T

[44]
Foi questão se o Ouvido devia ser collocado no
principio, meio, ou fim da carga, ou se era indiffèrente :
t ^ -
(*) Nouvau dktkmnaire milit»ire Gaignc pag. 5 j. .. , >
Bbb 2
37* CÒMMWMÔ TlTCÔ*TCO-P*ATlC<l
as experiências mostrarão , que devia reprovar-se o Ou
vido na extremidade da carga próxima ao Projéctil ; e se
concordou , que elle teria huma posição vantajosa logo
que dirigisse o fogo ao centro da carga , afira de promo
ver huma quasi instantânea inflammacão e combustão
da Pólvora.
• No Século de 1700 se usou no fundo das almas e
Cameras huraa pequena Camera cylindrica equilátera do
diâmetro de j do Calibre da arma , onde terminava o Ou
vido: o inconveniente de se poder limpar, e a repetição
de desastrosos acontecimentos por ficar o fogo dentro,
fez abolir este uso; donde alias a experiência mostrou
grandes vantagens.
Das experiências de Robins e de Hutton em 16 de
Fevereiro de 1784 se conclue ser indifferente a posição
do Ouvido para os alcances ; Thompson segue a mesma
opinião.
Lombard he de parecer , que o Ouvido termine no
meio da carga pelas razões acima , e pelas experiências a
que procedeo em 1 808.
Em França o canal do Ouvido he inclinado para a
bocca fazendo num angulo de 15° com a direcção per
pendicular ao eixo.
Os Ouvidos nas Peças de Bronze são ordinariamen
te de Cobre roseta , ou mesmo de Ferro, a que se dá o
nome de Grão.

•_ i •» -•

Isto porque se suppóe a inflaramação quasi instanta-


___ , e por tanto a força expansiva igual em todo o com
primento da carga.

i • -
RoBins fundado em que a inflammacão da Pólvora
era instantânea , sustentou , que a figura das Cameras não
í «•fc<í'A*ínUHA*TÁ TÍAVJt.
influía nos alcances; porém Euler reconhecendo já en
tão ser successiva, prova que afigura esférica era amais
vantajosa.
Lombard he de parecer, que será preferível aqucl-
la figura , que sendo do volume da sua carga , abranger
maior porção de superfície esférica , combinando-se cora
a menor abertura , a fim de que a acção do Fluido elás
tico contra o Projéctil seja a maior possível.
Com tudo he a forma cylindrica a que está consi
derada como preferível , eaquella que melhor satisfaz na
combinação da Theorica com a Pratica.

[47]
O Morteirohe actualmente a Bocca de fogo de maior
importância no ataque das Praças: esta arma foi pela
i.« vez empregada pelos Turcos no cerco de Rhodes em
15-22.
Desde essa Época tem grandemente variado ; porém
a differença mais notável entre elles consiste na figura da
sua Caraera e local dos MunhÓes.
Para investigarmos a razão , porque na maior parte
dos Morteiros os MunhÕes são situados na Culatra , e
não no meio do corpo do Morteiro , notaremos que o
Fluido elástico produzido pela inflammacão da Pólvora,
escapando-se pela parte superior da Bomba , comprime o
Projéctil contra a parede inferior da alma , donde resul
tara , que se os MunhÓes estiverem collocados no meio
do Morteiro , se deverá augmentar o pezo da Culatra
de maneira , que embarace pelo seu equilíbrio , que a
parte dianteira do Morteiro mergulhe na occasião do ti
ro ; o que lhe addicionaria , sem vantagem , hum pezo enor-
xne.
Além dos Morteiros de que demos a construcção
temos alguns celebres , como são i.° Morteiro deGomer
inventado pelo General Gomer , Official distincto na sua 1£" ' *
arma: estes Morteiros são mais simples e leves, e de
maiores alcances em iguaes circunstancias; em 178^ se
fundirão alguns segundo o Perfil da sua invenção.
O seu Perfil he despido de ornatos e molduras; dis-
tingue-se particularmente pela sua Cimera, e por ter os
Munhães situados a meio corpo Ao Morteiro cora as con
siderações que fizemos a respeito das Peças.

DIMENSÕES DOS MORTEIROS DE GOMER.


ptt.l.pt. poll.pt. poll.pt. pol.lpt.
f da alma ---ia o o „ 10 i 6 ,, 8 J O „ 6 i 6
Vlamttr» ) '.'Ç™ ?" ,Ca""r* 9 4 i „ 7 9 o „ $83,, 4 ,, V»
} inferior da dit* - 4 11 6 „ 4 8 l „ 2 9 4 „ j o o
( daí Munhats - - * oo,, 800,, 480,, j 70
f da alma - - - - 18 o o,, 1$ 6 o „ ia 46 „ 9100
Comprimento <( dos MuuhSct - 6 oo,, 600 „ 400 ,,v j 70
( total do Morteiro H i o „ *8 j o „ lí 4 tf „ 17 fio
Ftu mtdl» Í7ii «l» ^'*iJÓ»>,Vjtf/Í6 ,"aiS.lb

A Camcra he conica-troncada com a maior base para a


bocca, cuja circumferencia toca a superfície cylindrica
da alma.
A Bomba introduz-se na alma , até que se apoia na
superfície lateral da Camera , resultando ordinariamente
ficar hum vasio entre a Pólvora e a Bomba ; o que não di-
minue a vantagem deste perfil.
Morteiros d Còéborn , nome também do seu inven
tor, tem huraa construccão semelhante á descripta no §
141 ; era 1808 se mandarão fundir alguns em França
por ordem de Napoleão das seguintes dimensões. *

r j -o p»L L ptt.
Diâmetro J °a B™ca' 6» O»9
\dos Munhoes 3,, o «O
f da alma na parte cylindrica - - - 6' M 9 w O
ComprinwUo < áaParte cónica trancada da Camará 2 « 10 » 6
J da parte curva da almçi - «" 3 51 O
\.flos Munhoes --- ...3,, o,,{>
Diâmetro exterior da Bolada - . Q „ g,,g
-Grossura de metal tio fundo do Morteiro 3 n 2 n 9.
f «E ARTILHAMS NAVAI»? -, o
'Morteiro e Cominees estes Morteiros forão man
dados fundir por Luiz XIV. no tempo em que o Conde
de Cominges era seu Ajudante de Campo, o qual sendo
de estatura mais que ordinária , e sendo estes Morteiros
os de maior calibre que se tinhao fundido , por analo
gia de grandeza lhe ficou Q nome , suas dimensões são as
seguintes.
pol. ?
Tti**a,tr» Jda alma 18 » 4 '
Viametro ^ MunbÕes o » o
f da alma ; - 27 »» 6 ^
>, . t } daCamera na maior lar pura 7 » 6 ]
Comprimento < ^ menor QU ^ 7 ^ &
( aos Munhoes 32» o
Grossura de metal na Camera 7»» 6
'Carga Pólvora n n-
Pezo do Morteiro 5200"•
*—*- da Carreta ou Plataforma de Eronze 36oo.7>-
DIMENSÕES DA BOMBA.
pol £
Diâmetro ---------- 17 >»io
Grossura de Ferro ------- a,» o
Segmente --•-..-.-« a»»io.
Os Morteiros da invenção do General Conde de La
Martilicre tinhao h uma construcçao muito económica e
ligeira : com tudo como não consta , que se tenha fundi
do algum , por isso omittimos suas dimensões.
Os Morteiros da invenção do Florentino Perri de
(Calibre de %rtl- erão circundados cora 13 outros peque
nos Morteiros , com capacidade sufficiente para lançar
Granadas j pezavao ajo.'*-
O Morteiro do centro se carregava somente com |
libra de Pólvora , e deste sahia hum Ouvido para cada
Imm dos pequenos Morteiros , nos quaes se lançava lm
COMPENDIO
ma muito pequena quantidade de Pólvora; a Bomba e
ás Granadas partiáo juntas , o seu alcance era de 140 a
300 Toezas.
[48]
O Obuz he huraa arma de invenção mais moderna
que o Morteiro , ella he reconhecida desde a guerra com
os Hollandezes no reinado de Luiz XV.
Os i.01 Obuzes Francezes forão fundidos emDouai
cm 1749 , elles obtém a vantagem de reunirem as pro
priedades das Peças e aos Morteiros; porque o seu Pro
jéctil percute e recoxeta como a Baila rasa, e rebentan
do faz explosão, estilhaços, e incendeia como as Bom
bas, tornando-se assim esta arma utilíssima no ataque e
defesa das Praças, e pela economia de metal fácil de
acompanhar os Exércitos nas suas evoluções. As dimen
sões áosO&uzestem soffrido poucas alterações notáveis»
porém indicaremos essas mesmas.
Dimensões dos Obuzesfundidos em Douay e Stras-
bourg em 1808.
P- *• p*'- P. 1. /*'. p. l ftf.
f\ U
O r\ U
f\ f t\
J i-
O 1
Diâmetro acalma - - - 830 6 i 6
Comprimento da alma 24 9 o 18 4 6 27* 72t
9 r|
Diâmetro da Camera - 300 300 1 II O
Comprimento dita - - 700 707 700
Diâmetro dos MunbÕes 449 390 3 9 o"
Comprimento dos ditos 400 3 ?o 3 9 o
Pez,o médio - - - - - innft /*• /ícn /*. /£rvi /*«

Os Inglezes empregão no ataque e defesa de Praças


Obuzes de IO/1»'-, e 8/-, cujas dimensões são proxima
mente as que expusemos.
Em 1819 elles fundirão em o Arsenal de VoolwicK
5-00 Obuzes de Ferro coado pezando cada hum iz q.e»
Inglezes ; elles parece serão preferíveis aos fundidos eoí
Bronze, pela sua maior resiste-,cia debaixo do fogo.- -•*
r »B ; ARTILHARIA
Reconhecendo o Coronel Wilantroys e o General
Ruty , que muitas vezes acontece ser necessário attender
ao ma ior^ alcance, que possa obter-se das Boccas de fo-
gor, fraeraa construir huns novos Obnzes , a que derao o
nome de Canhao-Obuz.
• DIMENSÕES DO CANHÂO-OBUZ DE WILANTROÍS.

pol. pol. l. pti. pot.


Calibre ------- --p 900 II
Comprimento da alma - - 54 II

——— — da carga - - 9 10 ia
Peta da carga - - - - lb 40lb?a4j»>,ajOlb
da Baila oca - - - - 90 9» ib 175"
— — media -------671o"5 í
a da Balia - - - - 2 f01 apól

DIMENSÕES DO CANHÍO-OBUZ DE MR. RUTT.


Foi fundido em Sevilha em 1811.
pol. r. f
Diâmetro da alma ------ IO » I M 6
•'" '• -~ superior
inferior dita
da (Camera
- - -— - 9 >» 10 » o
9 >» 6 » o
ty»iCTlOT 710 I. J\.cJ OrÇO — 23 " i tt 6
18 »» i >» 6
Grossura na
de Bolada
metal no i.°
- Reforço
- ~ . - 6 » 6 »» o
4 >» o >» o
Diâmetro dos MunhÕes - - - - 7 » ' 7 »» d
Comprimento dos ditos - - - - 5 j» o » o
• ____ . daalniti — - - - _ 70 >» o »».o
—-•• du Camera tronco-conica 13 >» 6 >» o
92 » o » o.
Appareceo também huma espécie de Obuz ou Pe
ça curta, denominada de Foiard ^ de Calibre 24, compri
mento 28 pol., e 1700'*- de pezo (//). . i
00 S. Remy Tom. i.° pag. 142. ""l
Ccc
TKBOBICO-PRA-HCO

; [49]
Os Pedre';ror podem ser de muita vantagem na de
fesa das Praças, principai.nente carregados com cesto»
de Granadas ; no mar não se usão.
Da-se também o nome de Pedreirva. huma peque
na Peça montada sobre huma forquilha, e que se empre
ga a bordo para armar a« embarcações miúdas, e mesmo
em occasião de combate situar nas Gáveas.

DIMENSÕES DOS ULTIMO* CONSTRUÍDOS EM FRANÇA.


pol. l. pt*.
Diâmetro da alma - - - - - - 15" » o » o
—'• superior da. Camera - - y >» o » o
inferior da dita - - - a »> 10" »> o
— dos MunbSes - - - - - &»> o » o
fezo médio- -------- 15-00 "•
Comprimento da alma - - - - - 18 >» O »* O
—r-—»—•—•»• da Comera» -p- * «< - 6 » 7 » 6
• »< '--^—«? dos. Mjínhões - - - 6 » o » o.

- [50]
O interior da Bomba não he perfeitamente esférico ;
«lia tem hura segmento de Ferro na parte opposta ao
Ouvido 4a altura de 16 •: quando a sua parede for de
16 •, este augmciito de metal se destina a dous fins.
I.s Para que este augmento de pezo , rompendo o
equilibrio, que causaria a gravidade especifica homogé
nea da composição da Pólvora á roda do centro, obrigue
a Bomba a cahir sobre o alvo to.ando-o coma parte op
posta ao Ouvido , evitando que caia com o Ouvido para
baixo, de que resultaria vedar-lhe a cormnunicação do
V, e por consequência apagar-se a composição , e nuo
rebentar a Bomba.
t . -tat
4." Para fazer maior effeito o choque > offerecendo
hum corpo mais resistente.
• &.s Bombas podem recoxetar-se como as Balhs ra
sas j e ellas se introduzem dentro dos madejíros, e mas
sas de terras , e depois rebentão,, fazendo espantosos e€-
tragos, espalhando estilhaços, e até ateando as matéria*
combnsthreis , q»e toca ; algumas vezes as Bombas são
destinadas a este fim empregando-se composições prp-
prias , de que trataremos em seu lugar ; em consequência
podem empregar-se os Obuzes com muita vantagem a
bordo dos Navios de guerra.
S» • < r • «. •

DIMENSÕES DAS BOMBAS E OBUZES.


I2poi 1 pts I0pol d 'oPts 8 P01 o 1 o P"
Cràisura dai paredes - * • * 0 * â 0 i 1 '•a o
——— ao íegiiiento I 8 O s 4 0 O IO o
£ fda Samba - • - - 11 10 6 9 li 6 t i o
T? J superior do Ouvido 0itf } o tf 9 o ii 9
o 15 J o 14 9 o o0
R *- para o aunei 5 o ,o 5 i ( ,f to " "-
Pcte da Samba - - - i4S'b a I$0 98 a 102 4alb V4-lb
•4

As Caronadas são muito leves em proporção dos


seus grandes Calibres •, segundo a opinião do General Dou
glas as Caronadfls- Francezas de 24 equivalem em pezo
ás Peças de 4 compridas; as Caronadas Jnglezas são num
pouco mais pezadas , porque mesmo as suas dimensões lhes
dão mais comprimento; a Taboa seguinte nos mostra os
pezos , alcances , e cargas das Caronadas Inglezas segun-
ao Deker.

Ccc
380 COMPENDIO THEORICO-PRATIÇO
<:-,— ••- *
5
l? ?ír s?£
2
68 » 3 pP' ii "'„ 8;'t»
/ 3148'*'
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fP.emB. 130 r.
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C».' - - 33i
P.emB.-i»il
41 » 4 . 3

31 » 4 . o . a ,» 1918 ». 4

24 ti 3 . o . o H 1313 .» 3»- <1%


^ "" ' 1J* ,
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a. - - 331
3
6
18m . 4.0 „ 947 „»/»•

. em B. cz
TO TT8 '
. 2: o » 674 «

Com tudo ellas tem desvantagens, que durante a


ultima guerra lhes fizerâo diminuir o merecimento na
opinião d'alguns Officiaes Inglezes, por isso que se lhes
reconheceo menos alcance, e menos exactidão no tiro,
comparadas com as Peças do mesmo Calibre. Segundo
aífirmão os Inglezes , as Caronadas de que usavão erao
fixas sobre os seus Latos; porém ellas rebentarão os \rer
DE ARTILHARIA NA v Ai;. " 381
gueiros , e volta vão a Bolada para baixo , quando esra-
vão esquentadas; além disso por serem curtas , são mui
to sujeitas .a communicar fogo aoaparelho próximo; gra
víssimo inconveniente, que se deve evitar, e por tanto
parece-me muito imprudente que se montem Caronadas
próximo aos Colhedores das Enxárcias, Ovens, Bran-
daes, &c.

[5-1*3
l

A construcção das nossas Carretas de Marinha he


surnmamente defeituosa.
i.° Porque ellas exigem muita gente e trabalho pa
ra a sua manobra.
2.° Porque esta gente está sempre arriscada a ficar
estropeada e mesmo morta , se por hum incidente qual
quer a carga se inflamma inesperadamente , ou se repen
tinamente sobrevem hum violento balanço.
3.° Notaremos, que sendo fysicamente mais dif-
ficeis a dirigir as pontarias obliquas que as por eleva
ção, aquellas já mais podem ser executadas somente pelo
Chefe de Peça ; ellas exigem , que a Carreta ladêe por
intervallos , dando saltos mais ou menos sensíveis , don
de resulta maior difficuldade para ajustar a pontaria, e se
arruinao as Cobertas.
O conhecimento destes defeitos obrigou M. Julien-
ne Belair, (*) Kerguelen (£), e Montegery (r) a darem
differentes planos de Carretas , que satisfazendo aos fins
que as actuaes desempenhão , remedeiem estes defeitos.
William (d) Congreve inventou humzs Carretas de
Marinha, com que em 18 n se armarão mais de £O Na-
yios ; sua descripção encontramos em Charles Dupin (e}
(<0 Elemens de Fottif. pag. 7j8 Est. 18.
(A) Relation dês eombats de Ia Guerre maritim* pag. 6.
(c) Notes jur lês Regles de Pointage 1816 pag. 217. . ,
(rf) An Elementar/ treatise of naval Ordenance pag. 46.
CO force nèvale pag. i j 3 Tom. a.'
381 COMÍBVOIO
da maneira mais clara e circunstanciada, cujas excellen-
tes qualidades (ainda que exaggeradas pelo inventor) as
tornâo consideravelmente superiores ás que actualmente
usamos.
M. Bourdé de Villehuet (/f) descreve numas Car
retas inventadas em Inglaterra, em -cujas Falcas, sendo
separadas em duas por numa secção horizontal , gyra a
parte superior livremente á roda d'huma cavilha; esta
disposição facilita ao Chefe de Peça dar elle mesmo á
arma huraa posição conveniente. Hutchinson (£) faz men
ção de algumas outras semelhantes Carretas, e as traz
muito bera gravadas.
Alguns authores modernos Inglezes elogião muito
as Carretas inventadas (r) por M. Gover ; porém segun
do M. Congreve ellas são muito pezadas, e até incom-
xnodas, aisim como as do Engenheiro Sueco Chapman,
ao qual com tudo damos a preferencia.
Os Inglezes tem modernamente tentado introduzir
no Serviço da Marinha as Carretas de Ferro fundido (á) ,
cujo pezo segundo Dupin he de 1294 Kilogrammas pa
ra as de Calibre 32, de 1013 para as de 24, 849 pa
ira as de 18, de 824 para as de 12, de 760 para as
de 9 , e de 748 para as de 6 ; porém tem-se reconhe
cido nestas Carretas alguns defeitos, como são o serem
muito pezadas, partirem-se facilmente pelo choque diu
rna Baila, e daqui resultarem terriveis estilhaços, que
naturalmente raolestarião muito os seus Serventes : por
isso se tem absolutamente abandonado este uso no mar.
O Canhão Paixhans também tem sua particular
Carreta , cuja construcção seu author descreve (f) : he
semelhante a huraa Carreta de Marinha , porém só

•- (a) Mtnoeiivrier )8i4pag. a 1 7. -


(4) A treatise ou naval architecture.
QO A new »nd eiilarged militar/ dictionaiy na palavra Gun by Cbar-
lês James.
(rf) Force na vale pag. 115.
(.O Nouvelle force mutitirne 1822 pag. 214.
M AUTILHAW* NAVAK "~
com dtías rodas dianteiras, as quaes para facilitar a mu-
dança de posição tem na sua periferia e sobre as chapa*
«berros Luns quadrados, onde st introduz huma alavanca
semelhante ao Leme das Caroncttaf , o que facilita o
movimento progressivo ou retrt grado a Luma ou a am
bas as Rodas conjunctamcnte.
Esta Carreta he guarnecida com hum pequeno apa
relho de parafuso, que serve para elevar o Prcjectil até
á bocca do Canhão Paixbans.

[f*}
Era França e Inglaterra , quando nos Arsenaes ou
Fundições se recebem Pecas para serviço , além das es-
periencias de resistência , que são feitas pelas provas de
fogo, ha as visitas e inspecções relativas ás suas propor
ções e perfeição de construccão ; para cujo fim se era-
pregão muitos instrumentos , como são 4
A Estrella movei , que serve para verificar a exa
ctidão do Calibre , mettendo-se para este fim dentro da
alma da Pega (a).
O Gabari ou Escantilhão de Ferro , que serve para
verificar o contorno e Perfil da figura exterior da Peça.
Huma Passadeira se emprega para reconhecer se
os MunhÔes tem o necessário Diâmetro.
Huma Escala graduada com os Diâmetros da
Peça em diffèremes pontos do seu corpo a verifica nesta
parte, auxiliada com hum compasso de pontas curvas.

A experiência tem mostrado, que a dilatação deu


Ouvidos he ordinariamente a causa de ficarem muitas Pe
ças inutilizadas.
Ora oCaloric», e os Gazes produzidos pela ínflam

00 Aitk-Alemoire pag, j 67.


$84 COMPENDIO THEORICO-PR ATIÇO
mação da carga , evadindo-se pelo canal do Ou-vido, oxi-
dão o Estanho desta parte meta l liça , e o fundem , dila
tando bem depressa a sua abertura , a ponto que dando
passagem a huma grande quantidade de Fluido elástico ,
esta diminue progressivamente a força que obra contra
o Projéctil , e por consequência o seu alcance : daqui re
sulta huma das causas , que obrigao a metter hurn novo
Ou-vido ou Grão, o que actualmente se exercita a frio.
Era França costuma-se metter nas Peças de Bron
ze mesmo em quanto novas , Grãos de Cobre roseta , e
a frio ; o pezo dos Grãos antes de abertos os Ouvidos ser
gue a escala seguinte.
P. 16. anf,
Para Peças de Praça de - 24 PezaoGrão 13 » 8 »
Ditas de - - - - 16 - - - - 12 v 8 >i
Ditas de ----12---- £»»o»f
Ditas de ----8---- 8»8„
Para Peças de Campanha de 12---- 8 » 8 >»
Ditas de ----8---- 8 >» 4 >»
Ditas de ----4---- 6» 4»
Para os Obuzes -------- 8 >» 8.»
A experiência mostra que estes Grãos supportão rooo
tiros sem se arruinarem.
Na França se emprega para este fim huma Maqui
na, cuja vantagem, uso, e construcçao se podem ver no
Jtide-Memoire pag. 772.

Estas provas em Inglaterra se fazem nas Peças de


tf. «if.
Bronze de Calibre - - 42 Com 3 1 >» 2 de Pólvora
Ditas de - — 32 - - 21 >» i
* Ditas de --- 24 - - 20 » 9
Ditas menores- - - - o fezo da Baile
• BE AUTILHAMA NAVAL. 38J
Zte Ferro de Calibre de 42 - - 24 » ir
Ditas de --- 32 - - 21 » 4
Ditas de - - -14 - - 17 » 8 .
Ditas ligeiras- • - - metade dopezo da Baila.
Em França pela Ordenança de 1731 se fazião as provas
com três tiros
x.° Com o pezo da Baila
s a.° Com £
t 3.° Com f
Pela Ordenança de u de Março de 1744 as provas se
deviao fazer com j tiros
-•
Os dons i."' com } do pezo da "Baila
Os outros três com j do dito pezo.
4

Pela Ordenança de 31 de Outubro de 1769 as provas de^


vião constar de 4 tiros distribuídos pela seguinte tabeliã
Pefas de sitio - - \ _ com \ da Bal/a

fiz -S
i
r
1 2 --- a
Ia 5-
-i
Ditasdecam-j< o0O ^íf ^i --- a 2-5
fanba \ {.a --- a 3
{.a

1 4 {l! :: - a l1
Cbuzes â Camera cheia
•elevação </<f
de 6o.a
30"

Pelas modernas Ordens do Ministério se fixarão as rro-


vás a cinco tiros com as Peças rrontadas nas suas respe-'
ctivas Carretas , e pda"seguinte tabeliã ' '
i
Para as Pecas de Mtio a | do pezo da Ealla
Ditas de Ca/iire 12 - -.. 4 '*••;• . . ->
Ddd
Ditas - •» • de 8 - - - j "*
D/Vtfs - - de 6 * - - x4 • • »
D/MJ - - do -4 -. - - a. "' '•' \
&ita.s --de 3- --••*,• -» \
.-

Os Paloés da Pólvora * bordo devera ser construí


dos segundo os mesmos principies geralmente adoptado»
para os de terra, isto he, que fiquem a abrigo dos tiros do
inimigo , distantes do fogo ^ e preservados da humidade.
Os Ir.gkzes os situai» 4 vante , nós e os Prancezes 4
ré y posição que nos parece satisfará melhor as condições
requeridas. As precauções , que geralmente setomão rela
tivamente ao fogo , nada deixão a desejar , huma vez que
sepratique quanto se tem adoptado na construcção des
tes Patoes; porém quanto aos meios de conserva jãa^
tudo o que até agora se tem ppsto era pratica , julga M. Pi-
chot (a) que he ineffkaz.
Os. meios, que lembra empregar para evitar as hu-
midades e ar. quente, em que anundão os Paioes-, e que
extremamente danmifica a Pólvora , se reduzem a usar
de caixas ou mesmo Barris de madeira forrados de folha
grossa de Chumbo , e arcados com arcos de Cobre -y e quan*
to ao cartuxame , a que se guarde era caixões forrados de
Chumbo em chapa , fechados com duas tampas , huma de
corrediça , outra de dobradiça? de LatSo.
Plano qus em 1726 foi objecto dfi huma Memória
do Capitão. de ro^r- ç guerra M. Gautien. O mesmo pla
no segue M., Su.rir.ey.de S. RiCmyi
Além disto recommenda, que para absolutamente
ftwtar, que o-, terrível. agente da humidade ataque a liga
«&>s simplices.ds Polyiora-, se deve arejar todos os dias o
Pa -ol empregando num. bem construído ventilador , epaT
rã absorver a humidade huma porção de Cal viva li-

(•) Jairiul d<H á:icqs£s iniliuiMi Tona,».*


387
geiramente torrada, ou nlguns arráteis de Chlottro de
Calcium , ávidos absorventes da agua.
Notaremos , que se recommendão es caixões de ma-
drira ou Barris, e róo os de Cobre que já se tem pratica
do; porque em Outubro de iSzjr na presença do Minis
tro da Marinha de França , e debaixo da Inspecção do
Coronel Aubet, fàzendo-se differentes experiências sobre
a inBammação , que resulta do attrito e choque dos cor-
fos meraJlicos, se obteve em resultado, que a irtflarnma-
çSo se manifestava com maior ou menor difficuldade,
vencível pela violência do choque, chocando-se
Ferro contra Ferro
Ferro contra Cobre
Cobre contra Cobrt
Ferro centra Mármore J
Chumbo contra Chumbo '
Chumbo contra madeira.
Ultimamente M. Pichot propge o uso da Bomba de fd-
go para servir de ventilador, fundado em que a Eombk
empregando a agua , he pela pressão do ar que o fluido
he obrigado a entrar r,o vácuo que lhe faz o Embolo*,
e depois sahe para fora pelo continuo movimento do mes
mo Embolo , e passa aos tubos de conducção; assim na
Bomba empregada como ventilador será o ar pela sua
elasticidade que encherá o vácuo feito pela Bomba, e pe
lo movimento do En bolo elle será obrigado a escapar
pelo orifício de comrr.iinicaçáo para a Mangueira coffc
tanta maior rapidez , quanto mais repetidas forem as em
boladas , e isto deve produzir o efreito que se deseja ;
porque deslocando o ar corrupto em consequência do ar
novo que se introduz, e que rapidamente se dilata, o
Paiol em poucos minutos ficara purificado.

II l..'
Ddd s
3 88 COMPENDIO THEOMOO-PRATICO
- :»•'•- -.'--^
[ 55 ] .
Era resultado de repetidas experiências se concor
dou que a maior parte dos erros commettidos a bordo na
direcção e alcance dos tiros, nasce do differente gráo de
alteração que produz a humidade nas munições de guer
ra, e por isso se devem empregar todas as precauções pa
ra as roubar á influencia deste funesto agente. Foi com
este fim que lembrou o transporte da Pólvora em vasos
lierraeticamente fechados, e por esta razão a Marinha
Ingleza admittio o importante melhoramento dos caixo
tes parallelipipedos rectangulares para a conducçao da
Pólvora ; desta maneira , como já notámos na nota ante
cedente, se conseguirá não só a conservação no seu esta
do primitivo , mas mesmo a vantagem de se accommo-
dar e conduzir cora menos risco.
A Fragata Svrveillante construída em L' Orient
já sahio fornecida cora hum sufficiente numero de caixo
tes de Cobre , e outros de Nogueira forrados de Chum
bo em rolo. A Pólvora se tira de dentro porhuma aber
tura circular feita era hum dos ângulos da parte supe
rior; esta abertura he guarnecida cora hura aro de La^
tão, no qual mette de rosca a sua respectiva tampa.

[ 5«5 3
A Trajectória he plana e descripta no mesmo pla
no; porque esta curva sendo formada, como a suppo-
mos, unicamente peia acção successiva e combinada- da
gravidade e forja de projecção, he necessariamente sim
ples.

.[•57 J
Isto he, o espaço igual ao producto da velocidade
pelo tempo , ou £ — V T.
ABTILHAKIA NAVAL.
- • -i

A altura , donde hum grave deve cahir pira adquirir


a velocidade 7X, he igual ao quadrado da velocidade di
vidido pelo dobro daquella , que hum grave adquire li
vremente no espaço de hum segundo ; que
•.'..'.
f Paris se achou = i f p-, i
Em < Inglaterra - - = 10 , l
C Portugal - - - = 14 ,9.

{. 59 ]
Sen. (</ 4- 0') = Cos. a' Sen. <* 4- Sen. a' Cos. *.
Mas se for a == <j', teremos

Sen. 2 <z = i Sen. « Cos. ^.


[6o] • ;
Nós sabemos pelas repetidas experiências feitas no-.
Recipiente da Maquina Pneumática , que he á resistên
cia do ar que se deve o adquirirem os corpos na sua que
da tanta maior velocidade , quanto maior he a sua mas
sa.
Para investigar a expressão da resistência do nr no
taremos, que se huma superfície qualquer S se expõe ao,
choque perpendicular de hum fluido quieto, levando im
pressa huma velocidade v, ella percorrerá em o tempo
dt hum espaço vdt , e por consequência deslocará hum
volume sudt de fluido : e sendo D a densidade do flui
do será (B. M. §11) SDudt a massa em movimento,
e por consequência ( B. M. § 10) será SDv^dt a quan
tidade de movimento , que elle terá. (Devemos notar , que ,
neste raciocinio suppomos tacitamente, <jue todo e^tç flui-
COMPENDIO T«EOllCO-?RâffCO
do vai a diante do corpo, sem attenção ao que se aparta
para os lados j porém esta liypothese para os nossos fins
pode sempre conceder-se sem influir erro sensivel.)
i. iOra se for M a massa do corpo, que offcrcce a su
perfície «f ao choque directo do fluido, e dv a diminui
ção instantânea da velocidade , causada peia resistência
deste fluido , como a percussão faz perder ao corpo que
percute huma quantidade de movimento (B. M. § 206)
igual áquella que elle communica , teremos

Mdv =
dv SD

Porém jt (E. M. § 31) representa a força que faz a


resistência , logo

isto he, a resistência proporcional aos quadrados das


velocidades. (B. M. § 230, e § 237) Esta quantidade
'M ^ue suPPomos 'Sua' a ^> ^ie determinada pela expe
riência ; e por isso será
yfp7 = Resistência tio ar nesta bypothese.
Os Authores, que tem tratado da resistência dos fluidos,
mo concordão sobre a proporcionalidade do quadrado
das velocidades ;' já a este; respeito demos a Theoria dê
Newton.

[61] V
Nós temos v — ^ , mas de he aqui representado pôs
4y^ e assim discorreremos ea> alguns outros casos aná
logos, que se seguem. .... / ,, j-
r - w AWILHAMA Kinu
r» • : • i
[6-z]
í
Ora (£. C. § 113 ) temos
H • •
fydx = arjr — f xdy,
Para integrar por este metnodo

Faça-se <y = V i •*• í*


^y

E substituindo teremos

T » • . * - m -^~ — r-
V » -r 9*

[ 4» 3
Imagine-se que próximo á beeca- da Peça se forma
hum pequeno triângulo RAO; e sendo a o angulo de
projecção , teremos ., .. .;..-,,;. -i
i : AO : : Cos. a- : Pefocidade no sentido hori
zontal — AR.
Mas lie AO — V — Velocidade inicial
Logo ^ÍA = V Cos. /i
e semelhantemente OR ~ ^ Sen. a,
. -' [b 64« J} n f,- .(

Se ç-=: Ta«g. » '* t*- (13T


será \/ 1 4- <pa = \/ R* + Tang.' s = Sec, «
e também
» + V* i + 9a = Tang. a -i- Sec. a.

fTang.Ns = g^-
Mas he < ,«
f oCC. 25 — *v* ••* •*
\. Co», s
Q ^ i -i ir i C t
Logo Tang. z + Sec. z — j^ h Co»,
rr-—c =: - * "*" '•
'' ° Cos. i Cos. i.
,-. , í Sen. 90
90°=:
EsendoÍGos. = oR — i

podemos ter por transformação


Sen. » -t- i Sen. « -t- Sen. 90*
Cos. * ~" Co». > -H Cos. 90* *

Semelhantemente
•9» Vi •*- V = Tang. z X Sec. z — 7^-—
• ^--os- s*

f."
'j:« '
Para extrahir esta raiz aproximada teremos
• ' .' • ~
i 7-» ^ - a -k -

_
t —
Logo i •+• ç1 = i •*• ? ?2 — T *4 -í- f, f6 — &c.

t^]
Posto que esta definição seja geralmente seguida por
Tignola, Schcel, Hoyer, Granville Eliot , MorJa Hu
r"DÉ ARTILHARIA NAVAL. 393
fcrt ~ XSáSséndi , e Gibert para authorizar daremos por
integra a de M. Gibert («).
*"~-'n A' sahida do cylindro da arma a Baila descreve
n htimâ curva ; he esta huma lei, que a gravidade impfie
fcfá-todos os corpos lançados obliquamente: esta linha
» curva , que o Movei descreve, corta logo era curta dis-
n tancia da Peça a Linha de mira , e passa depois por
* cima delia , até que a força da gravidade actuando so-
»» bre o Projéctil o aproxima de novo desta Linha , e que
»» he alli segunda vez cortada , e assim acaba de des-
tt crever á sua Parábola , e cahe. He a este segundo
»> ponto de intersecção , que se chama alcance da ar-
» ma de ponto em branco , que será mais ou <nenos dis-
» tante da extremidade do cylindro, em proporção á aber-
»» t u rã do angulo, que formão entre si as Linhas do ti-
»> ro e de mira , da força com que he arrojado o Mo-
» vel , do seu volume e densidade , e daquella do meio
» que elle deve atravessar , e ultimamente do compri»
» mento da carga proporcionado ao seu Diâmetro. >»

v
[«73 ,

As vantagens , que se obtiverão dos Recocbeíes nas


experiências feitas em 1785 na Enseada de Castineau, e
em Cherbourg , repetidas posteriormente em Brest, não
permittem, que deixemos de extractar algumas conside
rações de Montegery a este respeito (b).
l.» Se o plano Já Bateria fosse de nivel com o pla
no sobre o qual se effectua o Recochete , o angulo de in
cidência do Projéctil ccria igual ao angulo de projecção,
se a curva fosse huma Parábola; poróm a resistência do
ar diminuindo gradualmente a velocidade de projecção
augmenta a curvatura do ramo descendente , e por isso

(a) Fssai geiíeial de Tactique Tem. i.° pag. 226.


(b) R«gles de foibtagc a i w ti de» Vaiueaux pag. 2 f e
Éee
994 CoM?E*roro
a angulo, dd i IK idenci.i he sempre maior que o
de projecção (a\
• / *.-*' Que não obstante ser Lei geral, que o^ choque
dos, corpos 'elásticos, seja sobre os duros ou sobre outro*
Vftiçlhantcrouuvj stasticos, se pr.it iça hueiulooangulode
reflexão igual ao angulo de incidência , esta Lei nos Re~
eafbefes lie alterada juesnjo nos terrenos unidos , e super-,
ficiè das aguas ; porque se tem observado , diz Mandar (b).9
que os ângulos de reflexão das Bailas são mais abertos
que os de incidência.
r.' -M. Bidone (f) que fez hum estudo particular sobra
os Recocbetes , que tcra lugar na superfície das aguas, ha
de opinião») «< que as moléculas do fluido chocadas pe-
» io Projecta formão huin.i espécie de rolete á seinc-
>» lhança do que acontece produzido pelas moléculas do>
M terreno: e julga elle, que além deste motivo existo
>» outro, que principalmente constrange o Projéctil a ele-r
>» var-se fazendo o angulo de reflexão maior que o da
» incidência j e que consiste era hinua espécie de reacção
» das partes do ar ambiente, e das adherentes a este
» corpo e ao plano reflectidor , que se achão fortemen-
»> te comprimidas debaixo do Movei no instante docho-.
«í^Uft. >\. .:. (.' ., i
9 jNotaretnos agora, que. Bidone considera a agua per-»
jfeilflmente incompressivel , e sem elasterio ( o que rigo-
»ojsamente não tem lugar) e por isso conclue , ««que a
»» verdadeira causa dos Recocbetes sobre a superfície das
>* águas consiste na acção da camada de. ar comprimido
>» entre a superfície do corpo e a do liquido , e na ac-
»> cão do vento , que se introduz apoz o corpo eni a ca-f
M vidade, que faz no fluido, combinados com a veloci-
n dade e direcção do corpo no momento do Recoche-
» te, »• •

(«) Memória soiite oj Tiros de recochete por M. Tenente Coronel


Lyautry, Joutnsl dês Sciencfs Militaires 1826 Tom. 4." pag. 100.
(t) Kssai sur Ia Fortification pa^. 299.
O J Miin. sujr Já cause dês rkochets pag. 66 Tuiim 1811. 4
f m
'*<• rlteu&$ehenbfoéfc (/i), D'AlenibeTt (3),
Spàflartíani (o/), é feutros dão diflfefemes ciosas aos .&?->
/ócforts ria igaa ; queomlttiiHos por não sferém ftiáls ptáif-
stveis que a dê M. Bidonfe; com tudo Montegerj' pensa
que M. Bidone , imitando a maior parte daquelles, quô
dUfàSObfém a cáuáa ióV àlgilm fénómefid , afrrttfttfô de-
nlíísiádii influencia á feíacção das partes do afr COfnptt-
níidas debaixo dos Moveis na1 occasíaò dó choqae ; pop-
q«è â eTáfiricidade dós mesttfôs T9ít>fe\8 á' fa^rf da dcj
piano' reflectidor deve contribuir para õ' Recofhetk \K~
dependente da? differentes outras causas ftidicãdís peloí
Sábios acirtí nomèadQs» ". • , . -:
3.a As experiências feitas em Metz ;tt>nfcrâ1ifcHltei»è
Iftbsfrafão , que em hum pfano d'e nivel com a Bateria
seobtinhao com pequenas cargas rouíío bortS tifoá de Re-
cochête emprega nd'ò os ângulos de 7° até 8fl (e} ; pórênf
com as cargas ordinárias e estes mesmos ângulos de prT5-'
jecção , pelas experiências que se ftaerao em Anvers, sé
conclue , que para terem lugar os Recochetes fie néceg-t
sario, que o plano, que os Projecteis chccao, seja rfiaiá
elevado que a Bateria ; porque assim pode ser o angule
de incidência muito agudo, mesmo sendo gráhdê a pro-
Dupujet (g*) diz que para ter \\ignfoRecocbete fei-
fd-corn huma Baila de 24, e estando o plano, que deve
ferir, ilop- até 1 8o r- eleva'do sobreo plano da Bateria'i
deve 'esta ser situada na distancia de 3600 Pés, e atirai
com carga inteira por 13° a 14° de angulo de projecção!
c' 4.» Lombard' pensa que (/&) o Recockeíé se facilil
-?*.,•-• . •...--. . . .... . .- •••.'.:. j
(u) Cours de Phys. § 1447.
••(*) Eneycl. na p»lavTi«-Ricoehet.
(r) Dictionnaire de Fhys. rã palavra Refraction dês RiçocheU.
(a) De lapidibus ab aqua resilirhtib'tij disserfatio 176;.'
(í) Rech. sur ks meiltótih efftti a^obteiiir de 1'Artil. Tom. i.° phg.
428.
(/) Rech. sur l'AW!lléríé § aji : Tableou dês epreiives d'Anverj.
(g) Hsfai sur 1'usage de 1'Attiílèrié1 pag. 14^.
(Ji) Tuiu du Mouv. dn ?rejt«til« p*». 81.' ......
Eee 2
396 CoMfEWDTO THEOÍICO-PRATTCO
tara consideravelmente, se o angulo de incidência nloet-
ceder de 8° a 10' \ porém as citadas experiências de Metz
feitas com o angulo de projecção de 8 ', que dá para
o de incidência maior angulo, fornecerão até 9 Recocbc-
tes.
Noanno de 1798 em Langen-Hagen se comprovou
o (a) mesmo ; Lombard (£) observa , que a natureza da su
perfície reflectidora influe essencialmente , como foi reco
nhecido em 1800 e 1801 nos contornos de Hanovre so
bre hura terreno coberto de gelo, que por esta causa se
mostrou mais resistente e elástico , e reflectindo os Moveis
melhor, que era qualquer outra Época era que se tivesse
desfeito o gelo.
j.a O celebre Vauban descobridor dos Recocbetes he
de parecer , que se adoptem pequenas cargas , e quer que
a Bateria esteja afastada do objecto, que sepertende ba
ter, nunca mais de izoo a 1800 Pés; e que a elevação
seja aquella, que permittir a Carreta, assentada a Cula
tra da Peça sobre a Soleira , sem Chapuz nem Palmeia (c\
Corrnontaigne (d) e Antons (e) seguem esta mesma má
xima.
< . , (f) MM. d'Arçon , Morla , e Mandar são de opi
nião opposta , e assentão que pouco importa a distancia ,
com tanto que se empreguem sempre cargas fortes, e se
diminua o angulo de projecção , devendo-se no ataque
das Praças dirigir os tiros a rasar as cristas dos parapei
tos no momento em que começao a descrever o rama
descendente da sua Trajectória , e de maneira que en
fiem os Terraplenos fazendo ao muito hum Recochete,
que terá lugar debaixo d 'hum angulo pouco aberto, opor.

00 Handbucli Taboa 50 Tom. a.°


(A) Traité du Mouv. dês Project. Pag. ío.
(r) Attaque dês Places pag. 176.
(fl) Memorial pour 1'attaque dês Places pag.
(e) Dell'Artiglieria pratica Lib. 2.° $9.
(J ) Essai sur 1'usage de 1'AuiIJ. pag. 144.
cr :i«- ARTILHARIA. NAVAUy--'1 397?
íonsequeficia fornecerá huma trajectória muito rasanre (a\
i ': Parece cora tudo que e systema de Vauban , além
dê mais económico obtém. 3' vantagem- ?de ar.rflin.af m&-
nos a Artilharia; além disso em consequência de milha
res de experiências se cone! ue, que os Recochetes (b) pro
duzidos por pequenas cargas l&vaç força sufficiente até
para rebentar Carretas , quanto mais para matar e estro-
pear gente. -n
6.* Com tudo algumas circunstancias ha , em que:
pode tirar-se vantagem empregando cargas fortes , e ati
rando debaixo de ângulos de projecção muito agudos a
fim de obter bons Recochetes ; como por ex. para destruir
Tropas espalhadas sobre huma vasta planície, ou sobre,
huma praia no momento do desembarque, ou quando se
pert«nde bater hum Navio que está a grande distancia.
Nas experiências de Anvers huma Peça de 18 car
regada com 6W- de Pólvora, e apontada pelo angulo de
hura gráo forneceo 8 Recochetes , e alcançou huma dis
tancia de 10.320 Pés. E huma Caronada de 36 com a
carga de 4'*- % apontada debaixo do mesmo angulo for
neceo 10 Recocbetes formando hum alcance de 5.636
Pés.
• . .--.-•:: [68] \ '' ' .
/.',••,..>... • • '. . ' )
. ; Difficil , quando o não consideremos impossivel , se
rá conseguir o Artilheiro a faculdade de medir essa dis
tancia ; conhecimento que unicamente lhe poderia resul-;
tar de huma longa pratica; notando que sempre subsistia
o obstáculo que resulta do fumo mascarar o casco inimi
go. Além disso não está admittido na pratica, que O^P*»
tilheiro , olhando atravez da portinhola, se demore a
avaliar a distancia em que se acha do inimigo.
(a) Ballistica pag. 8o e seguintw, e 128 e seguiníe»'r> rr;»Ir* {-. >
(A) Memória de M. Costa sobre os reROelietei : e Ctuetra^n sobre a
Theoria dos recochetes por AL Poisou itweiidt no Boletim de ftL f erassac
em Setembro de 1826. _• i
COMUNDIO
Nío duvidamos que seria vantajoso obter huma tal
éMactidío nos tiros , oue todos se empregassem j porém
no èater do combate Re isto impraticável", pois are mui
tas vezes acontece, que o Artilheiro dirija a sua ponta-
ris ao clarão do fogo inimigo. r
Com- tudo M M. TexierdeN'ôrbec, Churruca , Cor-
niberf, Robert»» SSmons, o General Douglas, Montege*
ry, os mais celebres authores, que segundo o meu confie-'
Cimento- tem escripto sobre pontarias no mar, todos re-
eornineudão Taboas>, que indiqaem as distancias a qoe
«xiste o casco inimigo. i
O uso destas Tafcoas exige , que se meçãa os angu-
fcw e lado conhecido, o q«r pedirá evitar-se empregan
do os Micrometros , ou Megametros. ' ; !
A descripção- de diffe/enres Micrffrtretfôs otr Poly->
lflètroscffpos-4'toptritof se encontrão effi M. Scheel (a).
^ Para este fim inventou M. Cliarnieres huW
metro (), de que fez uso o Capitão Phipp9.ua' viagem
ab Pbk>. . i L .- .-. :
Era 1813 M. Brewster (r) publicou huma Obra', enf
qup dá a descripção de oiro ou dez Murometros , con»
os quaes entre outros empregos se medem as distancias
de^hum Navio a outro.
Mr. Montegery (d) diz que elle fizera experiências
cora hum Micrometro de Crystal de rocha inventado
por M* Alexis Rochon Membro <lo Irretituto : seu uso
he extremamente fácil, porém tem o inconveniente 'de
obscurecer 03 objectos. Outro defeito geral em todos oS
Micrometnas até hoje inventados consiste na necessida
de de ter hum conhecimento exacto* da dimensão do
objecto observado. f" Jii:?>' i.vaní.n .
£ -. ) :.j'.> • • . . k ' ' : :\> .•< jvLlJ- ')\. : . • , • " I
»•-. i.i.-i ...» ..• , . o:; o, i 3 ; i • íi^fi(,?-'r> (. 'li.v

Mem. ii"Artiil. pa»j 547.- . »* '•<•>•• •» ">A . M r.


- Voyage .ao Polé paj. 8 9.

Notes aux Refles de Pointage pag. 17$. .t.- i. :•: . ,.


c -v**
• •Tf '. ?=•'•» m-ii .• .

• f:'. ''.:!'} *' V\ ' > ÍJ..J..


Os Instrunaeflbòs que a bordo dos Navios? se podem
empregar para este fira > .são Qitantc-s , Sextantes , eu
Circulares, geralmente Instrumentos de reflexão ^queas-t
sim mesmo oecessitâo-, para que se consiga o conheci-r
mento da distancia , ter como nos Micremctrôs o exa-»
oto conhecimento de certas dimensões, do objecto, istohe^
a precisa altura delle. Ora daqui a respeito dos Navioí
resultrío duas frequentes causas de erro; a r." nasce do
engano a que' se.e?rá sujeito relativamente ao lote doNa^
rio; 2.:1 a probablidatie de empregar mesmo dimensõeji
falsas da mastreaçãu do. Navio avistado: porém como
he melhor tentar a determinação das distancias com al
guns dados , ainda que duvidosos , do.que estima-la arbi
trariamente , nds poderemos empregar quanto aos Na-
vips, Heçpanhoes as-Tafaoas calculadas por Churruca(«),
quanto aos Navios Inglezes as de Robert Simons (^):
quanto aqs Navios Franoçzes temos as ca-lculadas port
MM- Verdun de Ia Crenne. (<r) , lê General Douglas (dy.
e;Gueprat{e, (e); co«i estas Taboas-e-os Instrumentos de»
reflexão poderemos aproximadamente obter a distancia ?
como se 'indica no corpo da Obra. ••,,.,.-„ •••• . jit

..... . . . - . - . - -
%
O uso dos artifícios remonta á mais obscuro aaiiguU
dadej os antigos os empregarão para incendiar as Ma
quinas, de que se serviao no ataque das-Rraças e mura
lhas das Cidades fechadas* Elles piara este fim formavão
Bailas de Estopa embebidas em Bitvme , Petz, ç Enxó*-
—"^^» -•^—~^— i i •^r^*^ ii • i i» ••-•^•^•••••••^.^i^••••^•^^ .

(a) Instrnction sobre punterias pag. Si.


(Jf) The sea-gunnerí vade-mecuin pag. 44 e 46.
(jí) Cours elementaire de radique navaie pdr K an)átu«lte 'fiag. i }.
. 00 Artilletic navale par Cliarpenter pag. 220.
(Õ Problcmes d'Astronomie mutile pag. 251 -T»b«»j«»j J • i
400
fre\ também empregavão estas matérias mettidas em va
sos de barro , (a) ás quaes applicavão fogo por meio de
hum murrao enxofrado.
'• > Usavão ta"mbem de Massas de Ferro guarnecidas de
pontas , com os intervallos cheios de matérias incendia
rias-, outras veres communicavão o fogo aos combustí
veis por meio de arcos de Ferro em braza , tendo primei
ro lançado sobre aquelles objectos por meio de huma es
pécie de Bomba fluidos inflaramaveis, como a Nafta de
Babyionia , e outros óleos.
Serriáo-se também de Flechás , Dardos com pluma
gem, e pontas impregnadas de matéria incendiaria, a
que communic<ivão fogo no momento de disparar. Ainda
que a tradição nos-affirme que a invenção do Fogo Gre
go he devida ao Arquitecto Callinico emoanno de 670,
e que a sua receita se tinha perdido , consta com tudo
que Napoleão (b) mostrara a num seu General os escrí-
ptos relativos a este objecto, e que seu inventor se cha
mava Dupré. O que podemos dizer a respeito deste arti
ficio he que elle consome cora detonação e viva cham-
ma ; a agua não o extingue , apaga-se com vinagre , ou
terra; presume-se que o Enxofre e o Salitre dissolvi
dos em algumas substancias molles ou óleos muito inflam-
ma veis erão os principaes ingredientes deste artificio. Se
gundo a tradição formava-se huma massa deste mixto,
e involvia-se em hum panno enxofrado e alcatroado, e
passava a ser projectado pelas Maquinas applicando-íhe
fogo no momento.
Este Fogo foi empregado pelo Imperador Constanti-
no III. em 673 contra a Esquadra dos Sarracenos, e de
pois os mesmos Sarracenos o empregarão para queimar
as Torres de madeira, que S. Luis tinha feito elevar pa
ra proteger huma passagem sobre hum Braço dp Nilo.

00 Mbndar Architecture dês Forterwses pag. 5$.


(4) Moyen? Extraordmaiies de Warine dai.s Ia Nouvelle force Maritime
5- i1 pv
DE ARTILHARIA NATAL 401
Philippe Augusto com este mesmo artificio queimou o»
ííavios Inglezes.
He notável , que muitos sábios , incluindo Descartes,
tenhão duvidado da veracidade sobre a tradição do in
cêndio da Armada Romana por cflcito dos raios do Sol
reflectidos nos espelhos de Archimedes, fundando suas
desconfianças no silencio de Polybio , Tito Livio , e PJu-
tarcho; assim como era algumas Theorias, que fazião
olhar como fabuloso este passo da Historia.
Mas Luciano, Eustachio , Tzetezes tem contado
este facto , referindo-se a Diodoro de Sicília , e aos es-
criptos de Hieron e de Pappus , que existião no Século XII. ,
e hoje se tem perdido. Elfes nos dão huma ideados meios,
que Archimedes tinha empregado para a construção dos
seus espelhos.
Anternio Mathematico e Arquitecto de reputação,
que vivia no tempo de Justiniano , explica o maquinis-
mo destes espelhos (a}.
Zonare nos conta , que noanno 5" 14 o Mathematico
Proclus reanimou a invenção do Geometra Syracusano,
e queimou com os seus espelhos a Esquadra deVithaliea
Chefe dos Godos , que cercava Constantinopla. Roger
Bacon era njo fez também hum destes espelhos.
As experiências de Buffon feitas no Jardim Botâ
nico em 1747 com hura espelho de 6 polegadas de largo
sobre 8 polegadas de alto, composto de 168 vidros distan
tes entre si 4 linhas, montados de maneira , que obtives
sem o gráo de incidência necessária , derao hum resulta
do satisfactorio ; porque se reconheceo, que a 140 Pés
derretia o Chumbo, e a 150 de distancia occasionava
promptamente o incêndio nas matérias combustíveis. No
taremos, que as experiências forao feitas nomez d'Abril,
e com hum Sol fraco , por consequência , empregando
hum Sol de Verão e activo, reunindo muitos espelhos
de maneira , que obrigassem a imagem do Sol a reflectir
(«) M. Dupuis tem modernamente traduzido os ftagm«ntos das SUM

* Fff
no meSmo ponto , seria possivel proroptaraentc prodlielf
a inflammação era matérias combustíveis a 300 ou 400
Pês.1 '
Esta experiência moderna náo deixa alguma dúvida
Sobre a realidade dos factos citados, e ainda menos para
òccdsionar o incêndio em algumas Galeras, que provavel>-
rncnte estariáo fundeadas maito próximas de terra,

• n •• [Ti I
MaHotte e Nollet atrribuera a elevação rápida dl»
Fogueies á resistência , que o ar exerce contra os Gazes
fesultantes (a) da inflammaçao da Pólvora , de que deve
nascer a reacção, cora que elles então obrão contra O
corpo do Foguete, e determinão a sua subida.
Desaguners e Antoni pensão , que O ar nada coo
pera para este fenómeno , e attribuem tudo á poderosa
reacção dos Gazes da Pólvora contra a cabeça ÀvFogve*
'te.
Montegery pensa , que a subicía do Foguete hedevi-
ch não somente á pressão dos Gazes da Pólvora , mas tam
bém á resistência , que o ar opptfe á sua sabida : por fim
elle julga seria fácil determinar a intensidade das for
cas, que os arrojão , e mesmo a velocidade destes corpos
em cada instante do seu movimento. Nota também , quê
esta determinação se poderia conseguir pela comparação
entre oscffritos, que resultassem do movimento que da
ria a huma roda hum Foguete atado fortemente á sua
circu-nferencia , e os que se obtivessem pelo movimento das
rodas movidas por vnpor ; ou mesmo empregando o Pen>-
dulo ballistico, tendo para este fim posto fixo hum Fo-
feuete á extremidade inferior do Pêndulo.
A Theoria dos seus alcances differe sensiyelmen-re
da dos Projecteis ordinários; porque os Projecteis ordi-
nnrios são arrojados para o espaço por hum impulso
— . ._ _ _, - i ... •
(a) Journal dês Sciences militaires, Montegery, 1 826 Tom. a.cpag »*
M AitriWAWA. N**A«,. 403
tteftnto e qnasi instantâneo , que lhes imprime iiuma
grande velocidade inicial ; os Foguetes ao contrario são
arrojados com muito fraca força., cujos fiffeitos accumu-
lados conseguem imprimir ao Morei por fira huma v§*
íocid:;de considerabilissima.
Assim para determinar a velocidade dehum Fogue*
fé em hum instante qualquer . sua direcção, sua Traje
ctória, seu alcance &c. he necessário considera-lo com»
submettido á acção da Pólvora , e á gravitação e resis
tência do ar , e deduzir por formulas os eleiftentos do
seu movimento (a). Deixando pois esta Teceria , que 9«
poderá examinar nas Memórias de Moo tegery, e dos Ca
pitães de Artilharia Morton e Bourrée, notaremos,, que
o angulo de projecção , que por experiência tem forneci
do o máximo alcance , existe nos limites entre fo0 e 60°,
quando nos Projecteis ordinários se encontra entre 30° e
V-°
Os Foguetes de Congreve reconhecidos pelo antigo
ttome Latino-Italico Rocheta tem entre os artificies hura
principal lugar (£). Principiando pelas propriedades , que
D Mixto deve possuir, notaremos, que he essencial que
a composição no mesmo volume e pezo produza a maior
quantidade possível de Gaz , a fim de obter a mesma for*
ca de projecção, diminuindo a grandeza dos cartuxos,
ou maior forca , conservando-os constantes. Reduz-sepor
consequência a solução da questão a descobrir, empre
gando os mesmos simples Salitre, Enxofre , e Carvão.,
qual será a combinação de suas doses, de que se obterhâ
•íiuTna composição mais 'abundante de Gaz.
Ora o Salitre por si só não se inflamma , eajuntan-
'do-lhe —; de Enxofre e Carvão , ainda que se inflamme ,
não faz estampido ; tem-se por consequência adoptado
^>ara os Foguetes -ordinários 7 de Enxofre , e outro tan-
ío de Carvão.

•(B) A trtatise on the motion and fliglit of R'otk«ls . . 'M. Moer. •


(*) Journal dss Sci«n«s militaiies Tora. 5,° pag. aã.; i
Fíf z
v

404 COMPENDIO THEORIÔO-PRATICO


Esta inflammação he assaz lenta; o que Congreré
intentou evitar ajuntando o Cblorato de Potassa , Sal ,
que tendo por base a combinação do Oxygeaeo, e Cblo-
re Gazes eminentemente combustíveis, compensa o defei
to do Azote, que involve o Nitrato de Patasfa , que
tanto retarda a combustão.
Montegery nota a maneira de proceder á trituração
destes ingredientes , e evitando o risco que se tem reco
nhecido nos Moinhos de Pilões, emprega o methodo
dos cylindros. Destas composições , cuja inflammação se
effectua sem estampido , elle passa ás composições deto-
nantes , era que constantemente o Cblorato de Potassa
substituído em parte ao Salitre nos dá numa Pólvora
três ou quatro vezes mais forte que a Pólvora ordiná
ria (a).
Para augmentar a força da Pólvora se lhe tem tam
bém ajuntado hutna pequena dose de Mercúrio fulmi
nante (b) ; porém a Pólvora que resultou applicada ao
serviço das Peças ordinárias as fez rebentar (c). Em con
clusão, qualquer que seja o Mixto fulminante , que se
incorpore aos ingredientes ordinários da Pólvora, he ne
cessário que a dose seja tal , que não fique sujeita a in-
flammar-se pela simples fricção , ou muito pequeno cho
que.
Os Foguetes empregados como artifícios incendiá
rios se reduzem ás mesmas construcções que temos in
dicado, só com a differença de lhes adaptar alguns mur-
rÕes fortemente impregnados em matérias incendiarias.
Ha muitas substancias , que de novo se tem desco
berto como eminentemente próprias para produzir o in
cêndio em casos particulares; taes são oCbloruro de En
xofre , o Pyropboro de M. Serullas, e o Hydregeaee
phospborico , que se inflammao pelo contacto do ar ; tal

' («r) Bibliothequs physico-economique Tom. 2.' pag. 85.


(Jt). Eswi stir Iss poudrss fulminantes par Vergnaud 1824 psg. ai.
(f) Eulktin universal dn Scieuces Avríl iSa; pag. i3z.
• »E AwiLHAiiiA NAVAL.
he o Potasium e o Sodium, que seinflammão pelo con
tacto da agua.

C f» 3 .
Receita da composição para os Foguetes incendiários.
Embeba-se completamente algodão em essência de
Terebentina , á qual se deve misturar huma porção de
Pólvora moida , melhor será daquella em cuja composi
ção entrar o Cblorato de Potassa , isto de maneira que
se obtenha huma massa solida e quasi secca.
Cheios os Foguetes deste artifício y e dirigindo pe
los Ouvidos Estopins ao centro, ou ainda melhor mur-
rSes impregnados nos mesmos artifícios , teremos os Fo-
Ê vetes incendiários, que na pratica tem produzido orae-
or effeito.
Receita para a composição dos Foguetes de illu-
minaçao produzindo luz dourada.
Salitre --------- jo partes
Enxofre -------_j6
Antimonio --------$
Deuto-sulfureo de arsénico - - 8.
Outra composição, cuja luz he prateada.

Salitre -----------48
Enxofre ---------- 17 .
Antimonio ---------- jr.
Além dos Foguetes indicados Montegery- na sua f." (a)
Memória sobre este objecto trata da constnicção e uso
de alguns outros , e também expõe algumas reflexões

GO Journal dês Sciences nulitaires Toro. 5.° pag. 48 a


T»EO*tCO-?RATlCO
sobre s importa-ncia àa sua applicaçS» como artificio de
guerra; donde extractaremos quanto for indispensável pa
ra formar huma ligeira idea do seu conteúdo.
Foguete f de Fatexa.
A construcçao destes Foguetes se reduz á de hum
fbgaetf de grande Calibre, com cauda, clinicamente
frarregado com a composição própria para o fazer subir;
Sobre a CA^CÇ* ao Ftgxete se fazem solidamente fixas
fortes -Barbas metallicas, e na extremidade inferior do
cartuxo se adapta huma cadeia , que forma o prolonga-
mento de htiraa comprida corda. Esta corda he coibida
de modo, que com facilidade siga o movimento do Pro
jéctil , â fim de que nío tenha algum obstáculo que a
Obrigue a quebrar-se : ~pode lançar-se cora hum cavailete
simples.
Esta invenclo não he inteira mente nova , porque mui
tas vezes com as Boccas de fogo ordinárias se tem lança
do Projecteis semelhantemente conductcres de huma cor
da: differentes maneiras decolher esta corda se tem pro
posto ; porém parece que o mais conveniente será dispo-
la em Hélices ou em linhas sinuosas, e extende-la assim
pelo maior espaço possível (a).
Esta espécie de Foguetes -pode ser -vantajosamente
empregada : i.° para lançar sobre a Costa hum cabo quan
do o Navio tem naufragado , ou da Cesta para bordo
do Navio a fim de estabelecer (í) hum Vai-vem.
íz;° fará fazer fundear "hum ou muitos Foguetes no
lugar , onde conviria espiar hum Ancorote ou Ferro
qualquer , havendo porém impossibilidade por falta de
.Lancha, ou por náo o permittir o máo tempo.
3.° Para lançar HarfSes á amurada de huma Em
barcação que se quer tomar de abordagem.
. (j) Memoire sur lês mo yens de sauver lês naufragls.
Bulletin tmiversel de? Sciences 5-a Sect. Agosto 1824.
(6) TraducciOn de 1'ultou par Nunes de Taborda pag. aj.
, DB ARTILHARIA NAVAL. , • .
4.° Para lançar escada? formadas de cordas , ou ca
deias de Ferro , ou mesmo as Mangueiras das Bombas , aos
lugares mais elevados na occasiao de hum incêndio.
y." Para lançar as mesmas escadas de cordas, ou ca
deias de í erro sobre as muralhas das Praças ou qualquer
eminência , que se pertenda escalar.
6.° Fará estabelecer numa Ponte de corda , ou ca
deia de Ferro, sobre Rios , correntes, ou entre despenha
deiros, que d'outra maneira dificilmente se podem atra
vessar.
7.° Para harpoar as Baléas e outros Cetáceos : e se
ria talvez fácil de accrescentar em seguimento á ponta far-
peada hum Petardo , que tivesse forja sufficiente para mar
tar subitamente este animal.

Fogttetes de bóia.
Estes Fogttfttif são exteriormente formados como os
ordinários de cauda , e para serem mais leves não se ar»
rochão em Hélices , mas se carregão com a composição sim
ples; os orifícios serão guarnecidos com pequenas Válvu
las , que se fecharão por meio de molas logo que a for
ça superior seja menor que a ac^ão da mola ; e para. se
inflammar se conservarão abertos por effeito de huns Es
topins grossos, por ondese lhes communica o fogo, huma
cadeia formando o prolongamento de huma corda se íàr
rá fixa á extremidade da cauda.
Aconstrucção das Válvulas he tal, que devçráfí fé*.
char-se logo que a composição se tiver inflarnínadQ.j e
então o Foguete czihindo na agua necessariamente fiuctua-
-rá. " l :.,. -^ -,
Podem-se empregar estes íegjw/fj^para.salv.ar gente
naufragada, ou que cahio ao mar em tempo que -cê -nj»t>
pode lançar fora Fmbarcaçaa para e.stfc. fim. De noite se
pode adaptar ao corpo do Fogueft huma JSaJJa
nação , mesmo da composição líaiante,, o.
cer ao naufragado a posicua a.fta» j »..ij'.i:.'; •„
43* COMÍBMMO TltBOKlG 0-PnATICO
* \ •

Ffguetes de Brecha.
Estes Foguetes derem ter de Dia metro ro polegadas
e perto de 6 Pés de comprido; todas as suas partes devem
ser de Ferro fundido, seu pezo será de mil libras compre-
hendendo 200 '*• de Pólvora doratada e ioo'*« da com
posição dos Foguetes ; o tubo para lançar estes Foguetes
deve ser reforçado , e montado sobre duas rodas, e n'hu-
ma espécie de Carreta com suas alavancas para lhes dar
direcção.
Esta arma será manobrada por 32 homens, que fa
cilmente poderão dar movimento a hura pezo de 3.000 "•,
a que poderá montar todo este aparelho com o seu Pro
jéctil , o qual deve pôr-se na distancia de fo a 6o Toe-
zas da Obra que se pertende bater em brecha : e teremos
(segundo Montegery) em resultado, que huma mura/Aã
de 5* a 8 pés de espessura será atravessada , e por con
sequência demolida pelo choque de hum semelhante Pro
jéctil,
Foguetes navaes.

Ha destes Foguetes com cauda , ou sem cauda , do


pezo de 6o;í- até 300 />• ; os tubos destinados a lançar os
i.01 são assentados sobre forquilhas semelhantes as dos
Pedreiros ordinários ; os 2.°' erigem , que as Calhas ou
Tubos sejão montados sobre Carretas , e que por isso
se ponhão nas portas das Peças , e em seu lugar , ou
nos guarda lemes: costumão-se dar a estas Carretas di
mensões mais reforçadas que ás de terra ; seu pezo regu
la por 1000.'*-
Quanto ao effeito destes Foguetes notaremos , que
hura Foguete de 60^- tendo 5" polegadas e meia de diâ
metro, e animado com huma velocidade de 500 pés por
segundo penetrará mais de 22 polegadas em hum massi*
' DK ARTILHARIA NAVAL. "
ço de madeira de Carvalho (<z), porque he esta a quanti
dade que penetra huma baila de 24'*- com 1000 Pis de
velocidade (á).
Ora a amurada de hum Navio de Linha não exce
de a 22 polegadas de espessuta ; logo hum Foguete de
6o'*- não só atravessará o costado de aualquer Navio, mas
rebentando depois dentro lhe causara o mais devastador
estrago ; e se elle fizer a explosão na amurada , lhe occa-
sionará hum rombo de 12 a ij Pds de Diâmetro, ou tal
vez a sua total ruina : isto mesmo nos Navios mais bem
construídos. Os tiros desta natureza nos altos de quaí-
quer Navio o obrigarão assim a render-se j e se forem
empregados junto á linha d'agua , os metteráÓ no fundo.
Foguetes Submarinos.
Estes Foguetes , ha muitos Séculos , que se tem pos
to em pratica (c) ; a sua situação he na parte mergulha
da do Navio, e disparão-se contra o casco inimigo em
pregando hum aparelho e resbordo de Válvula, como te
rnos indkado para as Columbiades nos Barcos Submari
nos (d).
* .i
Foguetes de Costa.
Os^Fogaetes considerados como Projecteis em lu-
r algum podem offerecer maior vantagem que na de-
esa d'huma Costa ; porque elles podem ser empregados
em todas e quaesquer posições : não exigem Baterias an
teriormente preparadas, nem numerosos Artilheiros, trans-
portão-se facilmente, e por quaesquer caminhos, ou mês1-'
•»^^———»—^™*^———
00 Journal dês Sciei cês Milftaires Tem. J.* pag. 488.
(ij Robins traductioti de Dupuy pag. j---6. . jj- y
(O Woyage ae Jionconys Tytn. j.^ pag. 28 J. '
Traité dês fcux artificieis par ftíartíie pag.' 9?. •
Recreatiori Mailitmatiques Oianan Tom'. 2.°Va^. io<.
" *- Tem. j.c 4*3.4*0.. í
4W CoMWSWDÍrt) THKOMCO-PRATICd
mo varedas; podem até estabelecer-se emquaesqtter Ro
chas ou penhascos destacados, de sorte que todos os lu
gares , mesmo os inaccessiveis á mais ligeira Artilharia , po
dem ser guarnecidos com Fogveter.
Recapitulando quanto temos expendido a respeita
Aos Foguetes notaremos, que elles forao empregados ena
1806 pelos Inglezes contra os Francezes; porém que o
seu tiro nesta Época se encontroa muito incerto , e qu«
elles erao unicamente guarnecidos com matérias incen
diarias. Os Francezes os imitarão na fabrica dos que fo-
rão construídos em Vincennes em 1810, em Sevilha era
i8iz , éemToulon em iSif ; depois os Jornaes tem tra
tado de diffêrentes Foguetes tanto Inglezes , como Diná»
marquezes e Austríacos: sua opinião se tem mostrado
variável; porém entre os Francezes, Hespanhoes, ePor-
tuguezes elles tem sido considerados como de pouca van
tagem. Devemos com tudo notar, que estes Projecteis
actualmente se tornao dignos de attenção examinando o
estado de melhoramento em que se achão.
Estes melhoramentos se podem reduzir aos seguin-*
fés artigos.
i.° Na construcçSo dos Foguetes de Projéctil dês»-
tacado imaginados pelo Capitão Schuraacher , e aperfei
çoados pelo Coronel Augustift, que nos oferecem a gran
de vantagem dos tiros rasantes , e mesmo Recochetes.
a.° No emprego dos Poguttes para illuminar a ath-
fnosfera com Bailas de illuminação guarnecidos dejjpara*
quedas.
3.° Na formação de huma correspondência Tele»-
gráfica empregando signacs variados em cores. '"
^>° No augraento de força a ponto de destruir as
abobcdas e edificios á prova das mais grossas Bombas.
^.° Na disposição própria para serem empregados
vantajosamente no harpoamento e morte' dos Cetáceo».
6.° No emprego destes Projecteis era guarnecer as
Embarcações de todos os lotes.
7.° Na construcção dos Foguetes Submafivos ,
»e ARTILHARIA NAVAU 411
TMrJeCrôria dekaiio tfàgtiâ *6 rem encontrada ma i» COfl-
sideravel que a do Obuz e Balia rasa : desta natureza
deveremos considerar Os Projecteis dtí M. Biair denomi
nados Anterican-torpeàoes.
Outros muitos empregos « notareis vttlfágens atf-
trescem a estas , e que são sufficientes provai para nos
convencer que estes Projecteis, fio estado actual de per
feição, merecem hum distincto lugar na Artilharia.

[733 .
Ainda que nestes foguetes sempre o Carrtnco he de
chapa de Ferro , pode com todo acontecer , estando em hu-
xna Praça sitiada , ou em hum Paiz cujas communica-
Ç6"es estejáó Interrompidas , que falte a folha de Fefro , e
que assim seja indispensável empregar outra qualquer ma
téria , como papel , estofo de seda , pellcs , ou raçsrao ma
deira : nestas circunstancias observareitfbs o segbinté.
O £apel pôde em pregar-se, coroo temos dito § 3^
para os Foguetes ordinários; sendo estofo de seda ou
pelles , devem enrolar-se na forma , e depois trineafiát coni
Voltas de fio bera forte. Ô mesmo sé praticará sendo fór-
taado de pequenas aduéllffs de ràadeká: e para lhes dar i
solidez necessária se prcparão com huma mão de Collâ
forte ; assim como para resistir a hnmediata combustão ,
«e banháo em huma íbrte dissolução de Pedra Humc é
Sal Ammoniaco. Ultimameme notaremos, quê deve sem
pre diligenciar-se , que os- fundos sejão metallicos , a fira
de diminuir a imperfeição, que os Foguetes assim con
struídos soarem em maior ou menor grão.

[ 74 l . ' ' '


A cauda àe Feguete , que hé, segundo temos fisto,
indispensável para o séU equilíbrio e direcção , tem sjdo
ftMxkrn.inienu: substituída . segundo Montegery , por Jmm
Ggg a
COÍWBNDIO TIIRORICO-PRATICO
particular maquinisoKVyern consequência do qual seobterrf
nuior exactidão no tiro,; '
, M. Ducherain concebeo o projecto de substituir ás
hastes de madeira caudas metallicas: seu plano se redu-
7i.i a formar a cauvia de quatro folhas metallicas, dei-
xá iulo entre cl ias lium vasio , por onde devia ter sahida
a, cliamrna que lança o Ouvido do Foguete. Diversas ou
tras maneiras de empregar estas caudas metallicas tem
apparecido; e em resultado concluiremos, que devendo
ser muito mais curtas que as de madeira , serão precisa-
mente mais commodas e úteis.
» . *• . •; ~" . -

[75-1
• « Os Foguetes de luz fluctuante fazem parte das in
venções que podem utilmente ser empregadas no mar; e
por isso merecem , que demos delles huraa ligeira, idea.
Supposto hum Foguete de Congreve prompto pata
arrojar í uma Baila ou Carcassa, forme-se hurna Baila
de ílluminação , era cuja composição se empreguem sub
stancias e matérias especificamente mais leves que a
agua , e que se não apaguem sobre a sua superfície , taes
como o Petrole , a Camfora , e o Algodão; e prepare-se
com ella o Chapitel do Fogueie , e disponha-se de ma
neira , que rebente logo que a composição se tiver inflam»
macio; então a Baila ou Bailas começarão a brilhar na
athraosfera , e continuarão a espalhar luz no Horizonte,
mesmo depois de calarem no mar, isto em consequência
da sua propriedade natante. ,

[76 J
Omethodo empregado pelo General Congreve para
os Foguetes de Apara-quedas soíFre huma pequena ex-
plpsão, ehe posterior a ella , logo que se separaa /?<*//# de
íjluminaçao suspensa pelo respectivo Apara-quedas. Nós
cpnsideramos esta explosão como hum obstáculo á con
41$ ...
scrvaçao do Jlpara-quedat^A por-i^r> exftractamos tU
4." Memória de Montçgery o sQg^yijejnetíwdo, em que
o Apara-quedas pode ser de seda., fjfai; risjço de se quei
mar. .•:, v.-.cj'.!!- .» o'* •> rii £.'.<• f. rol :.bcre~i \ -..:•. * i»
... , . Colkw<ar-$e-ha hunna #<*//* ^#/##/»tfp70 sobre 6
Chapitel do Cartuxo, e a,hi se sujeit-wá-(f)or meio d'al-
guns fios atra vez degta parte -do finguete^ os fios neces-:
sariamente se queimarão jogo que.se inflamme a ultima
camada da composição, e por consequência a Baila se se
parará repentinamente do Cartucho , e íará;peJa sua des-
cida desdobrar o /jpara-quedas , que estará fechado so
bre a sua superfície. .-:..••' . {-.-:—/" .(••>
As varetas do Apara-quedas deveráó ser de Latão ~t
e se reunirão era hum ponto , donde se suspenderá a Bai
la empregando huma pequena cadeia i a Baila deverá es
tar preparada de tal maneira, que principie a incendiar-t
se pela parte inferior, isto » fm, de que a sua chamma
não ganne o Apara-quedas antes de aberto, e a Baila
pendente da cadeia. Além disto se deverá ter preparado
o Âpara-quedas com huma dissolução ignifuga , e huma
folha de papel banhada na mesma preparação se adapta
rá sobre a Baila, a fim de retardar a commtjnieac^o do
r~ *o e a sua inflaramação na parte supefjor. ''írr-i
.:*!
) ,rr.,f
...
Os Foguetes ordinários se podem empregar facil
mente para formar hum Sysrema Telegráfico nocturno.
empregando não só a combinação das differentes espécies
de que tratamos, assim como também variando as corea
de fogos em verdes, azues, brancas x, e amarellaiS..
• •> • ;• :. !i»»9 :•,•-•. r» .'••>.
• -i- : •. ^ ;£.?$• j]. •-, . /.•v.-L " •: • •••. ..i
' ' i:" '^ : ''•'•'
, M outros tempos (<*) se fazia muito frequente uso
__ _ .",., '•-... f

(a) Ciiarles_Dupia, Force Naval Tom. 2.° pg. -íc*. í." ».;.:
CoM»«m»io
aos meios incendiários , cada Armada era por costurm
seguida de Bonthgrdas « Rfutvtes.
O mais feliz ettmplo de Brtthtes empregados con
tra liu.na Armada fundeada he o do combate de Mes-
sina; hum só Brulote obrigou o Navio do Almirante
He?panboí a largar as amarras, e estando rota a linha
Duquesne penetrou por esta abertura , e metteo o inimi
go entre dous fogos. A victotia dos Francezes etn Messi-
na he mais -fcrUhante ainda que a vicroria dô$ Inglezeí
na Bahia del\<joultir , onde Nelson imitador de Duques-
ne metteo semelhantemente entre dous fogos a linha
que per tendia destruir.
Os Brulotes empregados nos combates travados em
mar largo raras vexes tem produzido eíFeito, e por isso
está quasi abandonado o seu serviço; como era de espe
rar attendendo ao excesso de mobilidade, que as Arma
das tem adquirido, e wl que as Bombardas c Brulotes
dificilmente poderião acompanha-los : notaremos com
lodo que quando hábeis e intrépidos Marítimos tiverem
a lutar com adversários sem experiência , podem por meio
dos Brulotes tirar grandes vantagens.
Longo tempo ha que os Brulotes tem sido unica
mente empregados pelas mais hábeis Potências marítimas
em lançar Projecteis incendiários sobre as Cidades marí
timas, ou sobre Armadas concentradas em alguns anco
radouros.
Assim o Almirante Elphinstone , que commandava
no Mediterrâneo a Esquadra da Imperatriz Catharina ,
tendo cforigado a Esquadra Turca a refugiar-se na Ba-"
hia de Tehesraé , lançou contra elía dous Brulotes , que
lhe causarão a sua total ruina : o incendia desta nurtíero»
sã armada , e a explosão dos Navios á medida que as
chamraas os devoravão , produeio a ruina das Fortifica
ções do Porto.
Nófc vimos n» ultima guerra hum grantíe n.° de
Navios incendiados a pezar da protecção das Baterias de
terra j eu vou íalJar ( diz Dupin ) da Esquadra ás Qr-
r . BB A R TILHAUIA NAVAI*- r T: 41 f
do Almirante Lallemant destruída na embocadura
de Charento. Este General , temendo à sorte da Esqua
dra d'Aboukir , e não suspeitando que os Brulotes o vi-
riao atacar , tinha disposto os seus Navios era duas li
nhas; huma forte estacada posta na frente desta Linha
duplicada devia deter os primeiros Navios, que sedcsti-»
nassem a penetraria ; em fim a forca do máo tempo obri
gou a Esquadra a arrear os mastareos : os Inglezes apro
veitando-se do mar arrojarão contra ella enormes Navio»
armados em Brulotes , tendo as Proas guarnecidas de
hum aparelho próprio para arrancar a estacada , e as
sim destrui-ia mais facilmente ; o que fizcrão de facto.
Com tudo estes Brulotes não conseguirão incendiar
hum só dos nossos Navios , porém muitos dclles , em lu
gar de subir a Charento , e de evitar assim a aproxima"
cão dos seus antagonistas , encalharão na Costa , onde pe
quenas Embarcações inimigas os v terao atacar e incen
diar , sem que podeseera ser soccorridos pelos Navios que
restavão em nado ; foi pois como espantalho , e não pela
sua força , que os Erulotes occasionarao a perda da Es
quadra de La llema n i. 'V
Os Inglezes fizerão bastantes tentativas para des
truir pelo fogo a Esquadrilha ancorada nos Portos de
Bolonha ; porém seus esforços íbrao inúteis.
Conclue Dupin que nãofallandodos?0r/ftfo.r, nem
Minas fluctua»tts , Fogtfetfsde CtMgreve , e outras mui-
tas invenções , cujos resultados tem sido qu.nsi nullos no
mar , he necessário , que estas ia venções todas tenhao maior
efficacia para poderem occupar hum lugar no quadro dos
grandes meios ofensivos e defensivos da forca naval.

E 79 l
O i * •

Nas Ordenanças de França para os exercícios marí


timos be expressamente recommendado , que se evitem,
os tiros mergulhantes , e são' nella considerados como per
didos. Nós no corpo da Obra seguimos esta doutrina, e
COMPENDIO TH EORICO-PR ATIÇO
por isso passamos nesta 'nora a expor as razoes que há
contra e a favor desta opinião.
Como oppostos a esta doutrina temos MM. Gre-
beival Ç*) ,. Mandar (*) , Gbrnibert (r) , Garre (</), eBi-
dono (e), em cujas Obras se demonstra com a maior evi
dencia a. vantagem dos tiros lançados pelos ângulos de
projecção raeuores de to°, donde podem resultar Recocbe-
tes ; vantagens que se devem aproveitar , se as circun
stancias o permitirem ; accresce ter a experiência con-
stantcmeiite demonstrado, que nos combates as Bailas ar-
rojad.is por elevação passa o ordinariamente entre os Mas
tro», ou por cima delles \ e mesmo quando os offendão,
os estragos feitos nas extremidades do arvoredo são sem
pre ou quasi sempre mui pouco consideráveis. Além do
exposto seria fácil concluir-se, mesmo Mathematicamen-
te , a difficuldade em se empregarem vantajosamente os
tiros por elevação de 10 até 16° ; porque r.° he preci
so , que o Artilheiro avalie o ponto a que se deve por
elevação dirigir a pontaria; em 2.° he preciso ter atten-
ção ás inexactidões , que devem produzir os defeitos re
sultantes do raáo golpe de vista do Artilheiro, dos ba
lanços do Navio, e da alteração que a direcção do Pro
jéctil sqffre pelo movimento de zigzague adquirido den
tro da alma da anua , em consequência do vento da Bai
la ; defeitos estes , que tendo simultaneamente influencia
no tiro podem produzir na pontaria hum erro superior
a 3% erro que nas pontarias baixas não pode produzir a
total perca do tiro; porque se não encontra o casco, po
derá encontrar a superfície d'agua, e então teremos a van
tagem dos Recue betes , e por meio delles ferir o costado,
ou encontrar o arvoredo. Assim cingindo-nos ao pare-

(«) Áide-Memoire pag. 1050.


(Jk . Enai sui Ia Fortitication pag. 299.
(f) Tablss dês portées pag. 1 5 o.
00 Mem. de 1'Acadeinie dês Sciences 170$. pag. a,M.(..
(e) Mem sur te» cause» dês ticochets, qui font lês pièrres, elesboú-
ÍMs Janccs obliqiwment wr Ia surface de Teaó : Turiin iSu.
DE ARTILHARIA NAVAIS , 417
cer deMontgery (a) estamos persuadidos , que nesía par
te a doutrina das Ordenanças de iSij não he admissível.
Agora se nos offerece occasião de dar alguma idea
de huma questão altamente ventilada entre muitos Theo-
ricos e Práticos , que se reduz a decidir , qual será mais van
tajoso se atirar ao casco e corpo principal do Navio,
ou a desarvorar ? «
Bourdé (£) , Texier de Norbec (f) , Robcrt Park (ã) ,
Montaine , (f) Douglas, e outros recommendão as pon-«
tarias baixas, e geralmente ao corpo do Navio.
Além disto a experiência nos convence pelos resul
tados da Batalha naval entre as Esquadras Hollandeza e
Ingleza , era Sculsbaie (f) ; do combate entre o Navio
Inglez Hannibal e o Corsário Francez Luis (g); do com
bate entre a Fragata Franceza Africana e a Ingleza a
Phoebe (b) ; e d'outras muitas acções , que corroborao es
ta opinião.
Agora temos , sustentando a opinião das Ordenan
ças de França, M. Audibert de Ramatuelle (/'), que se
exprime coaio segue. « Os Navios devem começar o fo-
» go logo que o iniirigo estiver em alcance, dirigindo-
t> se á mastreação; porque alguns homens de mais ou
» de menos mortos nas Baterias não embaraçaráó o ini-
»> migo na execução do seu plano d'ataque; quando em
»> os Navios desmastreados e desaparelhados pode ira-
•> possibilita r- se a manobra a ponto de se embaraçarem
*? huns com os outrcs, e occasionar a desordem entre
•>•> si. »

(a~) Regles de Poinuge à bord dês Vaisseaux 1819.


iii) Manoeuvper pag. 189.
(Õ Recher. sur Ia Arcill. § 261.
(rf) Defensive war by sea pag. a6i.
(V) The seaman's vade nnecum pag. 101.
(/) Vie de Ruyter par Richer. Tom. a." pag. 196.
(gO Collection rics Voyages. Tom. 6." pag. 171. f •
(Jt) Nouvcau Dictionnaire historique dês Siéges et batailles memora»
blesl Tom. i.* pag. 42 « 44.
(í) Couis eleju. de taçt. navale pag. 471. s 490. ,
Cnurruc*(«) segue a mesma opinião dizendo <c Que
>> rodo o Cômmandante ou Offici.il de Bateria dere
n lembrar-se que o primeiro e principal objecto d'hum
»> cômbare naval he desmastrear o inimigo. >i
Em resultado não duvidamos que poderá ofFerecer-
*o huma occâsiao, em que seja vantajoso empregar tiros
tontra o arvoredo ; porém geralmente as pontarias bai-
x.is oferecem mais seguros resultados ; porque , se pene-
trão os Mastros próximo ás Enoras do Castello ou Tom
badilho, obtém o mais vantajoso meio de o desarvorar;
se os não offendem, podem destruir-lhe as Embarcações
miúdas, cortar-lhe os Ovens, Brandaes, Estais, e outro»
muitos dos mais interessantes cabos da manobra , quebrar-
lhe a roda do Leme, arruinar-lhe a Bomba de fogo, des
montar a Artilharia, matar, e estropear seus Serventes,
fezer calar o fogo de mosquctaria, tirar do combate ó
Cômmandante e principaes Officiaes, &c.
Persuado-me por tanto que, não estando ornar mui
to picado, ou huma briza muita. fresca , deverá sempre
dirigir-se a Artilharia ao corpo do Navio, empregando
pontarias baixas; porque ainda além do exposto devemos
lembrar-nOe , que se acontece atravessar huma Baila o
etmado junto á linha d'agua , ou recochetar a pouca dis
tancia do inimigo, e liir empregar-se no costado, resul*
tão tiros, que devem ser considerados como da maior im
portância , cujos estragos e riscos não admittem com
paração comosqueoccasionaria huma Baila , que atraves
sa o Navio próximo ás Borlas dos Mastros ou na altura
dos Joanetes -t porque , como já dissemos , são estes es
tragos de menos monta : por fim devemos notar o grande
intervallo , que ha entre os Mastros por onde as Balks
podem infructiferamente passar.
Notaremos , que todas estas considerações se faiem
na hypothese de usarmos de B;ilJa rasa , e de que o mar
não está extraordinária mente agitado; porque empregan-
— , - , _^ ^._- '

(^ i Insmiccion militar paia et nav&Coaquistador pag. 40.


DB ARTILHARIA NAVAL.
doLanternetas, Pyraraides, Bailas encadeadas , Palanque-
tas , ou mesmo Projecteis duplicados , e estando o mar agi
tado de maneira, que a Baila rasa não possa recochetar,
então as pontarias devem ser sempre por elevação di
rigindo-as ao meio dos mastros do Navio inimigo.

F I M.

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Fig. i&
. 16.

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l 'H-. Ju Aeatt. R. i/ar
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Fig. 53

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27.

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Fig. 9.

10.
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Fig.34.

Fig.3«.

Fig.ar.
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Fi g. 38.

A At*d K. eu 3.
em f.
Jt'
n

Fig. 48

i- ti dm Àa*. J», i», 9


ÍNDICE
Do QUE CONTEM ESTE COMPENDIO.

As Definições, divisões da Artilharia ,


Ordem que deve seguir na sua Theoria i » i
Da Pólvora --------- 10»» 4
Do Salitre - 11 .» —
Do Enxofre - - - - 13 >» ?
Do Carvão ----------14»» 6
Da composição da Pólvora - - - - - 15 J» —
Analyse da Pólvora , ou methodo de ava~
liar asproporções dos componentes de hu-
ma Pólvora dada -------17» 8
Analyse dos componentes da Pólvora para
deduzir a causa da sua inflammação - 18 »> 9
Methodo de conhecer a bondade da Pólvora 19 » JO
Determinar a força da Pclvora - - - 20 »> J l
Dimensões do Prcveíe d'Crdenança - - — » —
^Theoria do Fluido elástico produzido pela
inflammação da Pólvora, suaapplicação
ao comprimento das cargas , efigura das
Cameras ---------- 22, »rz
Construcção das Cameras cylinârico-esfe-
ricas ----------- 48 >» 30
Dos pezos , f medidas , que podem ser em
pregadas na Artilharia - - - - - ji » 33,
DtfJ medidas para regular as cargas da
Pólvora -------- .- - £4 » 35
Taboa das gravidades especificas de algu- . .
mas matérias, que se empregas na Ar- .," ,
tilbaria - - - - r r -• »- . - .. r- í4í ,«f •..
k
ÍNDICE.
§ Pag.
JIppHcaçUo das gravidadef especificai d de
terminação da grandeza dos Diâmetros
das Bailas -,•.---- - - 59 "3*
Formula geral para determinar o Diâme
tro das Bailas --- — »» 39
Taboa dos Diâmetros das Peças, e Bailas
conforme os seus pezos -----6o «49
^ dtí Diâmetros das Bailas de Fer
ro diurna ouça até 39 para empregar
nas Pyramides , e outra Taboa dos Diâ
metros das Bailas de Chumbo desde r
até 39 em libra -------- 6% >» 45.
Do metal das Peças ------- 63 » 44
Determinar a liga de bum Bronze dado - 65 >» —
Experiências relativas ao comprimento das
Peças ^grandeza dos Ouvidos , vantagem
e figura das Camefas , e lugar do Ouvi
do - - tá >» 46
Experiências para determinar a velocida
de inicial dos Projecteis , e descripçâo
das Maquinas , quepara esse fim se tem
construído --------- 71» 49
Grande Pêndulo Ballistico de Robins - 71 »» jo
Formula geral para determinar a veloci
dade inicial das Bailas empregando o
Pêndulo 8? » 57
Determinar pela Tbeoria a velocidade ini
cial dos Projecteis , e da Formula dedu
zir resultados que confirmão as expe
riências ---------- 104 » 6?
Da resistência do ar , e da maneira como
pela experiência se determina a sua ava-
liafã» "i »» 7Í
Das Peças _---------! 16» 79
Nomenclatura daf Péfas - - - - -118» 8o
Cíwfrimcnto da Pifa ------ uo » Sr
I N D í C S. 423
§ Pag.
Grosfurâ ao metal - - - - - - - 111 »» 8a
Ouvido ----------- ,2j „ g^
Bocca -----_-____ I24 „ —
MunhSes --------- -i ay»» —
Calibres -----__._-__ I26 „ gj
Constracção geral das Peças de Bronze , <fr
J7//0 e de guarnição - - - - - -127»
Cascavel --..-._--- lzg „ g£
Boccal ----------- 129 ,, 87
Camera -----.---.- JJQ >» 88
Construcção das Peças de Ferro debater,
e guarnição 131 »> 89
•- • • das Péfas de Bronze para lardo Jja » —
das Péfas ile Ferro para bordo - 133 »» —
das Peças de Bronze ligeiras , e
de campanha 134 >» 90
— das Péfas de Ferro ligeiras - - 125- ,»
• das Peças de Ferro de guarnição 136 >» 91
Dos Morteiros , Obuzes , Pedreiros , e Bom
bas -----------138» —
Nomenclatura dos Morteiros' - - - - i^o „ QJ
Construcção dos Morteiros fará 9 Servifo
de terra -------.-. j^t „ —
dos Obuzes ------_ j42 ,, ^
tios Morteiros para tordo - - ~ 144 » 04
-— AOS Pedreiros ---_._ ^ M ^j.
í/^/j- Bombas -----.- i^g >» 0^
Das Cawnadas , e suas dimensões ~ - 14^ „ cg
Construcção das Caroxadas - - - - 15-0 >»
— das Carreias e Leitos fará bordo 151 >» no
Ferragens de Carretas - - - - - - 15:4 » 101
Dimensões dos Leitos fará 0f Morteiros
de bordo ---«.»---.• t<f f» W»
Ferragens dos Leitos - - -- - - -15-6,, _-.
Dos Leitos das Caronadas - - - - --15-7 »» io>
- Instrumentos t Petrechos. - - - - 15-91 »> 104
424 I H D I C E.
§ Pag.
Construção da regoa de Calibres - - - 188 » 109
Do Massame , e guarnição das Peças , e
Baterias 189 »» no
Da vestidura , atracadura , e contraatra-
cadura ---------- 202 » iry
Montar as Peças a farJ*, e lançar ao mar
cm occasião de temporal - - - - - ail »» 119
Encravar, e dessncravar a Artilharia , e
deitar Grão - - - 213 » 121
Modo de examinar, e frovar as Peças - 21$ » 124
Das munições de guerra , e lugares onde
se guardão a bordo ------ 228 » 12,7
Do Paiol da Pólvora- 23? » 132
Z>0 corte dos Cartuxos , e metbodo de con
tar as Bailas empilha , considerações re
lativas aos Calibres , que devem guar
necer as Baterias - - - - - - - 236 >» 134
Formula e Regra para as pilhas triangu
lares ----- 238 »» I3y
para as quadrangulares - - - 239 „ 137
. para as oblongas ----- 240 >» 138
Da Ballistica , e sua applicaçao ã Pratica
l° do movimento dos Projecteis no vá
cuo ----------- 244 » 14*
Definições 24?» —
Equação geral da Trajectória no vácuo - 147 >» 14$
Do movimento dos Projecteis aos meios re
sistentes ---------- 25-4 » 149
Equação da Trajectória fará os tiros de
Recochete - - 273 « 164
Da construcçao das Trajectórias , e resul
tados geraes deduzidos da analyse - - ayjr »» 166
Applicaçao da Ballistica ã Pratica - - a8i » 171
Do ponto em branco ------- 285" » 174
jipplicaç&es em particular á Artilharia de
fardo - - - - -.- - - - - - 289 « 177
IrrwttreEÍ 4*5"
. " § Pag.
Los Instrumentos que se emf^egao naspon-
tarías em terra - - - - - - - 297 » 181
Appendice em que se trata das composições,
e artificias tanto modernos , como anti
gos , Foguetes , e Brulotes - - - - 300 »» 183
Bombas e Bailas ocas 3°* " l84
Sambas incendiarias - - - - - - - 302 » —-
Bailas -vermelhas -------- 303 » !»£
incendiarias ^- - - - - - - 304 » 1 06
de illuminação ------ 30? »» —-
fumigerantes ------- 306 "187
Murrao ----------- 307 » ~
Bota-fogo ---------- 308 "
Estopim ----- ^ ----- 309 »»
Espoletas - - 310 » —
Tranças enxofradas - - - - - - -314»» 192
Faxinas alcatroadas - - - - -- - - 515- » —
Arroellas alcatroadas ou incendiarias - 3x6 ,-> 194
Camizas, ou Cortifias incendiarias - - 317 » —
Barris incendiários ---•».--- 318 »
Coxins , o» Estopadas incendiarias - - 319 >»
flechas ou lanças incendiarias -' - - 320 »
Petardos- - - -'--•- - - - - - 321 » 196
Recameras - - - - - '----- 321 » 197
Bailas incendiarias de mão - - - -313» —
Granadas de mão - - - - - - - 324 » 198
Foguetes de Congreve - - - . - - - 31^ » —
ligelinhas de signaes ----- .- - - 336 » 204
Foguetes para siguaes - - - - - - 337 » 205-
— <te Enrellas - - 33^»» 206
í/e Serpentes ou Bixas - - - - 339 » —
de Bombas - - - - - - - 340 » 207
Rocha-fogo ---------- 342 f» —
Panellas de illuminação .- - - - - 343 » 208
Archotes de composição ------ 344 » ".-r
.-..- . - .?.. -•-..-. - - •- 346 >7
lii
§
Petardos , o» Minas flvct**ntff , e Maqui
nas infernaes- m*ritim*f - -~ - *. *• 949 »»
Tremeigás de' M. Fxltm - ' r ' - - «c 3*0 w
D0 exercido de Pefa -••-•»*<•* 371 t*
formaturas ----,*;..•.--». 37/6 »>
Safanões de Caiu* ------*•••. 38$ >*
Vozes para » exercida dt Ptça <• - - 584 >»
ÇtnsMÍetaçtfef s*brt as- pontaria* - "• - 35^ »»
Yof.es pertencentes aos.Commandantes èax
baterias ------<•--- 407 »
Ditas seguidas - - - - -— - ~4«a>» 24»-
Do exerdd» daCaronada. a Vei*gue4ro fixo 41-? " 245
—— ao Morteiro d* Marinha - - - 429 >» 249
Ye&e>f stguidas* -------- 446 «» ayd
Mudanças , que- s? devia* fazer nos exet*-
ciciof dêscriptas admittindo osfecèas nas
Peças ----- ----- -f . 447. >» -.
ftcbts da iwefifão da General Douglas - 448 >» 157
NOTAS.
n.0
Gpinra» geral sobre a invenção e destebri-
meats da Pólvora -------i»>
l^efiniçao de- Movei , quando br tomado no
sentido de- Projéctil, e suas distinções i n
Definições das Baterias em geral , e par
ticular , dos Espahloes , Banquetas , e
Ffffsts ------;------ 3 »» —
Definição de Calibre ------- - 4 » 164
— </e Carmada -------f** —
Comparação entre as Casamattas e af ga
lerias dos Navhs ------- 6X' » —
Definição de Canhoneiras , Merlòes , Ban
quetas --------- -7 » -r
Opinião geral sobre a inveafão-da Artilha- • '>•••'.
^ Europa te a descripçao das cek-
I ir DM
*.r n.° Pag;
Ptfas denominadas de Ceurt - - 5 i»
jDtfx Armas aurigas , y»? Wí> Jtifctjntir tf
Artilharia, ftu antiquíssimo as» , r»>*
huma Uea Cbronoloeica dos mais cele
bres sitias em quefirSo empregadas » •** j»
Descripcão das armas , r Maqvinàt onti*
gás de arremccv ou Êallisttctf - - - — ••
«•-* •• «far Maquinas antigas de aprvxi-
maçao e demolição ----*->-•*— »è
QpinrÕes apoiadas sobre experiências , #»£
j<? oppSem ao systema atada adoptou» fa
refinar o Salitre 3^4 wa^j - - - 9 »• 174
Decomposição Ckymica d» Sal neutro - 7* »• —
Definição do Acido ititrito , j//<z decompwsi-
cão Cbymica , £ a analyse dos seus «•*!»-•
ponentes : descripção da Potassa , f meie
de a obter ---.--__. 10»»
Diversas opiniões dos Fysicos e Cby micos
relativas és porçSes de Acido atiritu *
Potassa que entrao no composição do Sá- ;
litre; e o mesmo relativamente tos com
ponentes do Acido nítrico ----- ir »» t7<5
Definição de Pedra hume ----- ia » ijrfj
Maneira de obter o Enxofre das Terras • •»
sulfuretadas , e de o refinar pela fundi
ção -----*•>----. ij»»Wi
Proporções diversas entre os componentes .. •.
da Pólvora segundo a opinião dos mais
celebres Fysiws e Chymicos , e aigamas . • . . .'»
interessantes considerações - - - - 14 »» 170
Metbodos mais acreditados de fabricar a
Pólvora ---------- 15- »
Considerações importantes deduzidas da
experiência , ? observações relativas d
densidade da Polvsra - - - -- -itf>»
Definições de Fluido elástico e Gaz perma* •
lii/i
t W: Ur £:£•*.*
n.« Pag.
Mente ------------- 17 »*~
Definições de Calorico eCalorico Radiante ,
intensidade e -sua razão com as distan
cias ----------- ig»
Explicação do fenómeno da inflammação
da Pólvora por M. Joaquim Madelaine-.
e mostra-se que he prejudicial o recalca
mento da carga ------- ip „
OpiniSes sobre a avaliação daforça da Ptl-
vora - - -- -. - - - - - >i 287
Differentes espécies de Provetes ; descrtvt-
se o de suspensão empregado nas experiên
cias de Hutton -------- ip* » 2,88
Differentes Ordenanças , que se tem obser
vado em França na admissão da Pólvo
ra desde a invenção dos Provetes - - 20 »• 289
Determina-se a Equação da curva , que sa
tisfaz ás condições necessárias para re
presentar o perfil exterior anhuma Peça 22 >* 290
Demonstra-se que a Esfera he entre todos:
os sólidos de revolução àe igual capaci- -
dade aquelle que tem menor superficit 2j n
Opiniões differentes sobre- a relação entre-
o Fluído elástico da- Pólvora e o ar atb-
mosferiço - - - - - ->.- -- -24 »
Demonstra-se que entre todos os Cylindros
da mesma capacidade be o Equilátero o,
qite tem menor superfície - - - - - 2á »
Systfma de vavas medidas epezos , e duas
Taboas de reducçao reciproca - - - 27 » 296
Huma collecçaa ds relações Geométricas
para facilitar o desenvolvimento d'al-
guns cálculos __.--.---_ 28 »> 301
Mostra-se que os pezos são proporcionaes
aos volumes sendo iguaes as gravidades
especificas - - •.->..- -. .- - -.29; »» joa
I N D ICE.
n.« Pag,
Determinar graficamente o Diâmetro de
buma Baila - - - - - :- -'.- '--30 »> 301
Descrifcão wetaHurgica do Cobre , Ferro ,
e Estanho , e sua composição para for-
. mar o Bronze : diferentes opiniões e ex
periências nesta liga ------ ^i » 303
Comprimentos das aijferentes Boccas de
v fogo conforme as diversas Ordenanças
e usos na Europa ------- 31 » 310
Opinião de M.Madelainesobre a preferen
cia que M. Wilantroys e quasi todos 43
autoores modernos dão ao methodo de em
pregar nas experiências as velocidades
• iniciaes dos Projecteis , e não os seus al
cances ---------- 33* n 31*
Descripçao da Maquina de que se servio
Hutton para determinar a velocidade • •
inicial das Bailas empregando o recue»;
igualmente a Formula que empregou,
e a Maquina do celebre Mdthey , assim
como outra do Csronel Golbert - - -33 "313
Experiências , que se fizerao debaixo da
• Inspecção de M. D. Arsy para reconhe
cer se a inflanimaçao da Pólvora er*
instantânea ou successiva - - - - 33* >» 317
Mostra-se por experiência que seria van
tajoso diminuir a carga , ou augmentar
o pezo dos Projecteis a bordo - - - 34 » 310
Opinião em que M. Madelaine não concor
da em algumas relafÕes e Leis Ballis-
ticas, que Roíins e Hutton estabelece
rão -----------
Mostra-se a vantagem que resultaria de
augmentar a gravidade especifica do*
Projecteis : trata-sé das Bailas oblon
gas : expendem-se as razÕej , t w
43* I K D I C E*
.'. -1 n.° Pag.
se apoia aúdmifífo dastarggt ftví Pr*-
j?cieis duplicados , «sfim como a sua re
provação: indicãô-se as providencias e
cautellas q*è te devtm tomarpara usar
destas cargas sem ritct - - - - - 35- »» yii
Prejuízos do vento supérfluo, cãJtcrsfves
que a este respeita se fizttrSb em Fran-
fa e Inglaterra -------jó» 330
Considerações e parectr de M. Madelaine
sobre a opinião de MM. D"1Arcy e Wil-
lantroys a respeito da determinação da
comprimento da Peça necessário para
obter o máximo alcance , sendo constan
te a carga •-------. 36* „
Nvta-se que ba casos em que he preciso
que a bordo dvs Navios cajá algumas
Peças de maior alcance - - _ - . ^ „
Exposição d*algumas etcperiencias para
servirem de illustração aos resultados
que se transcreverão no § 98 - - - jg »»
Nota-fe que Ro&ins tem demonstrado Geo
metricamente e metbodo de determinar
a velocidade inicial das Bailas - - 39 n
Princípios que nos conduzem aformar al
guma idea da Tbeoria dos movimentos
lentos de Robins , para de ld passar aos
rápidos ; accrescem algumas considera-
ftíes notáveis --------4a»
Descrevem-se At Bochas defogo , que inven
tou Paixbans e Vallier , suas dimen
sões ; resultado das experiências a que
se pro/cedeo j parecer da Cemmissão em
pregada para assistir a ellas : trata-se
das mais celebres invenções para empre
gar no serviço da Artiltiaria outros agen
tes além da Pólvora , taes corno o ar com-
I N D t C B." 471
' n.° Pag.
primido , nas Peças e Espingardas â* •'
vento dt Barão £*** de S.< C** eova~
for d*agua na Maquina de M. Perkins
empregado em alta pressão. Nesta nota
se expendem todas as razSes 3 que ab&-
não os bons resultados que st devem
esperar desta Maquina , assim fema ar
razSfs f argumentos com que M. Ma-
delaine procura mostrar a inutilidade
deste invento : destreve-se a Maquina que
o tntsrno Madelaine propõe para , empre
gando o vapor em baixa pressão, arro
jar d maneira das antigas Maquina*
Ballistrca-s Projecteis dt toda a gran
deza: trata-se ultimamente do arma
mento das Galevtas, liareis Bombar
deiras , Baterias fluctuantes , e Embar
cações a -vapor de todos os lotes \ e ex-
poem-se algumas importantes considera
ções sobre ette oíjtet* - - - - » - 41* MI 540
flomsnclatur-a das Peças antigas , e buma
relação das Pesas m aif notáveis que
ye tem construído e empregado - - - 45 » 370
Differentes epintÕes jobre aposição do Ou
vido ----.---_.-44,,37j
Opiniões sobre as dijfcrentesJíguras de Co
meras -----------46» 371
Descripçao e csnstracção dos Morteiros de
Comer, Còéborn , Gominges , e Floren-
tino Pietri -------- .47 »» 373
dos Obttzes construídos em Dovay
e Strasbourg, e dos Canboes-Obuzes de
Wilantroys e Ruty , e da Peça de F«-
lard -----_„ ,.__4g,, ^?6
Sobre os Pedreiros - - - * - - - 4^ „ 378
Algumas «bscrvaçÕet sobre as razfat por
431 T N- D r c E,
n.° Pag.
que as Bombas nSo são igualmente gros
sas em toda a periferia ----- fo »> 378
Taboa dos alcances das Caronadas - - 5"! "379
Defeitos que se notao nas Carretas de Ma
rinha que actualmente guarnecemos nos
sos Navios: trata-se de algumas que se
tem inventado em França e Inglater
ra-----'------ fi* »» 381
Nota. de alguns instrumentos , que se em-
pregao em França fará facilitar a in
specção das Peças novas - - - - - $z »» 383
Razões por que muitas vezes sefazpreci-
so deitar hum Ouvido, ou hum Grão ; suas
dimensões e pezo ------- 5-3 „ —
Maneira de empregar as provas em algu
mas Nações da Europa ----- 5-^ » 384
Considerações sobre o modo de evitar os
effeitos da humidade nos Patoes da Pól
vora , e desinfectar do ar corrupto em
pregando a Bomba de fogo , como lembra
M. Pichot - - 5-4* „ 386
PropSe-se e metbodo de encaixotar a Pólvo
ra em vez de a embarrilar - - - - 5*^ j» 388
Processo para mostrar que as resistências
aos meios em que se movem os Projecteis ,
estão entre si na razão dos quadrados
das velocidades --------6o»» 3 89
Definição do ponto em branco de M. Guil-
bert - - - --------66» 3-9z
Mostra-se a vantagem dos Recochctes no
mar , e transcrevem-se as causas a que
Bidone attribue ofenómeno dos Recocbe-
tes na agua : notáo-se as cargas e ân
gulos , quç^ a experiência tem mostrado
produzirem melhores Recochetes e em
maior numero - - - - t N- - - 67 >'
I * 0 x c & 435
.
Sobre a dificuldade de avaliar o Artilhei
ro pela simples -vista a distancia , em
que se avista o casco inimigo: apontao-
se alguns instrumentos inventados para
este fim ---- - - - - - - - -68 »» 397
Notão-se os Instrumentos , que se podem
empregar a bordo para medir os ângu
los, e apontão-se algumas Taboas onde
se podem encontrar as alturas das mas-
treaçoes Hespanholas , Inglezas , e Fran-
cezas - - - - - - - - - - -69 » 399
Origem dos artificias desde a sua mais re
mota antiguidade : relação das mais me
moráveis acções em que forao emprega
dos : trata-se dos meios incendiários , é
particularmente dos celebres espelhos de •.'•
Arcbtmedes --------- 70 » —
Dijferentes opiniões sobre as causas da su
bida dos Foguetes , e maneira como actua
o Fluido elástico da Pólvora : trata-se da
maneira como sepoderia determinar pe
la Theoria a sua Trajectória , e alcan
ce : notao-se as propriedades que deve
possuir o mixto tios Foguetes de Congre-
ve , a respeito dos quaes se ajuntão mui
tas considerações de Montegery - - - 71 >» 402
Receita particular para os Foguetes incen
diários e de illuminação , tanto com luz
dourada como prateada ----- 72 »> 405"
Explica-se a maneira como nos Foguetes
de Congreve se poderia empregar nos
Cartuchos o papel , estofo de seda , pel-
les , ou mesmo aduellas de madeira em
lugar de Ferro -------- 7^
Substituição de caudas ou hastes metalli-
cas ás de madeira nos Foguetes de Con-
Kkk
4 .' 4 t' K O ICE.
" f» n.° Pag.
£r<?™ - -r. V.» - .-, - - - '- '- - .' 74 „ 4fa
Receita e cotstrutção Aos Foguetes de luz
flttctuante -------- _ 75-
CoHftruccão particular para os Foguetes de
\jilmninacao com Apara-quedas mesmo
(lê seda sem risco de st inflammarem - 76 *> —r
Os Foguetes ordinários podem ser utilmen
te empregados para formar bum Tele
grafo - - - - ~ - - - - - - 77 » 413
i rata-se dos Brulotes\ expoem-se alguns
ataques em que farão empregados , e o
juízo de Charles Dvpin a seu respeito 78 n -±
Trata-se da questão altamente -ventilada
entre o.r Theoricos e Práticos ,. se geral
mente faliando be mais vantajoso fazer
foatarias ao casco , se ao arvoredo r - 79 »>
l

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