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Gerente de produção editorial Marcus Polo Rocha Duarte


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Editoração eletrônica Eduardo Silva de Medeiros
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: Editora Universidade de Brasília

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Antenor Ferreira Corrêa
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta
publicação poderá ser armazenada ou reproduzida
por qualquer meio sem a autorização por escrito da
Editora. Música: uma atividade promissora para a estimulação cognitiva ............. 17
Emmanuel Bigand
Tradução: Lina Maria Ribeiro Noronha

Forma musical: um projeto inconcluso .................................................. .49


Marcos Nogueira

O que ensinamos quando ensinamos música?:

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de Brasília


a educação musical e a construção dos referenciais simbólicos ................ 97
Cristhian Uribe Valladares
MS49 A mente musical em uma perspectiva interdisciplinar
I Antenor Ferreira Cmrêa, (org.). - Brasilia : Edit.ora Tradução: Antenor Ferreira Corrêa
Universidade de Brasflia, 2015.
337 p. ; 22 cm.

ISBN 978-85-230-1160-4 A noite, a música: uma hipótese cognitiva ............................................. 117


1. Cognição musical. 2. Psicologia cognitiva. 3. Maurício Dottori
Perfomsnce musical. 4. Processos criativos em música. S.
Educação musical. 6. Neurociência. 1. ColTêa, Antenor
Ferreira, (org.).
Performance instrumental: escopo da área de investigação e
CDU perspectivas do estudo da comunicação da emoção ............................... 147
Impresso no Brasil Cristina Capparelli Gerling
Regina Antunes Teixeira dos Santos

1..
KOTLYAR, G. M.; MOROZOV, V. P. Acoustic correlates of >..

emotional content of vocalized speech. Soviet Physics Acoustic, v.


22,pp.370-376,1976.

LAZARUS, R. S. Emotion and adaptation. New York: Oxford ESTUDO DELIBERADO E EXPERTISE MUSICAL
University Press, 1991.

OATLEY, K. Best laid schemes. 7he psychology of emotions.


Afonso Galvão
Cambridge: Harvard University Press, 1992.

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(Eds. ), Cognition and categoriwtion, p. 27-48, Hillsdale: Erlbaum, 1978.
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and socialpsychology, v. 39, p. 1161-1178, 1980.
Expertise musical
SLOBODA, J.; JUSLIN, P. N. Psychological perspectives on
Há ampla aceitação para a tese de que a expertise na música,
music and emotion. In:JUSLIN, P. N.; SLOBODA,J. A. (Eds.),
Music and emotion: theory and research, p. 71-104. New York:
em suas diferentes áreas, assim como em qualquer outro campo
Oxford University Press, 2004. do conhecimento, é alcançada por meio de prática ou estudo
individual de longo prazo deliberado, intencional, organizado e '
THOMPSON, W.F.Music, 7hought & Feeling:understanding the eficiente tanto em termos metacognitivos como no que concernce
psychology of music. New York: Oxford University Press, 2009. à autorregulação. O estudo individual, no entanto, tende a ser, na
WIDMER, G.; GOEBL, W. Computational models of expressive maiorpartedasvezes,desprazeroso(GALVÃ0,2000;ERICSSON,
performance: the state of the art.]ournal ofNew Music Research, v. 1996). Mesmo na área de instrumentos musicais, ao contrário do ,,
33, n.3, p. 203-216, 2004. que talvez muitos pensem, o estudo individual tende a ser penoso
e a competir com outros aspectos da vida capazes de provocar
WILUAMON, A.; COIMBRA, D. (Orgs.). Proceeding of the
muito mais prazer imediato. Assim, o alcance da expertise torna-
International Symposium on Performance Science. Oporto: AEC, 2007.
se também dependente de processos motivacionais de longo prazo
WILLIAMON, A.; PRETTY, S.; BUCK, R. (Orgs.). Proceeding complexos e cuja natureza e mecanismos ainda não conseguimos
of the International Symposium on Performance Science. Utrecht: compreender com profundidade. Conceitos como experiência de
AEC,2009.
pico (MASLOW),ouftow (CSKISTZENTMIHALYI) parecem
WILLIAMON, A.; EDWARDS, D.; BARTEL, L. Proceeding não dar conta de prover explicações que alcancem a natureza
of the International Symposium on Performance Science. Toronto: profunda desse tipo de motivação.
AEC,2011. Nesse texto, especularei sobre o papel da prática no
desenvolvimento da expertise e tentarei lançar alguns insights sobre
l

166 1 A mente musical em uma perspectiva interdisciplinar


Antenor Ferreira Corrêa (Org.)i 167
)
a estrutura motivacional que sustenta a aprendizagem extenuante A partir de 1950, a pesquisa em aprendizagem de habilidades
que torna alguém notável em um campo do conhecimento e motoras tornou-se secundarizada como paradigma de processos
especificamente no domínio musical. Depois, são oferecidas de aprendizagem, em consequência da ascensão da psicologia
algumas sugestões sobre boas práticas derivadas da pesquisa na área. cognitiva. A abordagem estruturalista de Chomsky (1957)
estabeleceu as bases do novo paradigma, juntamente com os
Prática trabalhos de Miller sobre memória de curto prazo e os modelos
computacionais de Newell, Shaw e Simon (1958).
Processos de aprendizagem instrumental envolvem ações cujos
A área de prática, vista como repetição mecânica, talvez tenha
resultados expõem simultaneamente a emergência de aprendizagem
sido associada a condicionamento e resposta aberta, típicos da
de natureza motora fina, especialmente cinestésica (GALVAO;
posição comportamentalista, cujo fundamento epistemológico
KEMP, 1999), cognitiva e motora (SLOBODA, 1985). Assim,
já estava por demais criticado e desgastado. Apesar disso, alguns
para que se compreenda a área, processos de aprendizagem aqui
importantes estudos emergiram nos anos 1960. Houve, por
têm de ser pesquisados nesses três contextos. Pesquisas sobre prática
exemplo, o estudo de N eis ser, N ovick e Lazar (1963) sobre
e aquisição de habilidade motora fina possuem uma longa história.
detecção rápida de alvos dispostos visualmente, algo que requeria
Entre os estudos mais antigos, há o de Brian e Harter (1899) sobre
prática extensiva.
linguagem telegráfica e os de Starch (1912) e Pyle (1913, 1914)
Foi somente a partir do começo da década de 1970 que a
que endereçavam o problema da distribuição da prática. Tratava-se
pesquisa sobre prática começou a absorver de modo mais
de saber se era melhor estudar num único período do dia e de uma
adequado as ideias sobre cognição desenvolvidas a partir de 1950.
vez ou distribuir o estudo em tempos menores ao longo do dia.
Dois trabalhos marcantes aqui foram os de LaBerge (1974) e
A maioria dos pesquisadores hoje (HALLAM, 1997; GALVAO,
Shiffrin e Schneider (1977) em que são associados processamento
2000; SLOBODA, 1985) opina que a prática distribuída tende a automático e prática estendida.
oferecer melhores resultados, devido principalmente aos limites Uma abordagem teórica dominante no estudo sobre
do sistema atentivo, embora isso tenda a variar consideravelmente prática e desenvolvimento de habilidades são as teorias do
entre pessoas e entre objetos e fases de aprendizagem de um objeto processamento de informações (NEWELL; SHAW; SIMON,
no contexto de um mesmo aprendiz.
1958; ANDERSON, 1980, 1987; FITTS; POSNER, 1973;
Estudos sobre prática no domínio musical também são SCHMITH, 1972; SINGER, 1980). Assumindo que a mente
relativamente antigos. Há, por exemplo, o de Brown (1928) humana funciona como um computador, presume-se que a
que comparou diferentes métodos de prática pianística. Outro, informação que alimenta a mente humana vem do ambiente e é
de Rubin-Rabson (1937), discutiu a importância da análise na codificada em padrões neurais guardados no cérebro. Desenvolver
memorização de música para piano. Rubin-Rabson também programas computacionais com modelos capazes de reproduzir
publicou uma série de artigos (RUBIN-RABISON, 1939, 1940, esses padrões, de modo a oferecer insights explicativos sobre
1941) sobre a psicologia da memorização de música para piano. processos de aprendizagem é o principal objetivo das teorias do
'
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Antenor Ferreira Corrêa (Org.)j 169
'I

processamento de informações (para uma revisão do tema, ver


GALVÃO, 2005). Um dos aspectos mais importantes do estudo individual diz
respeito à dimensão temporal, tema com importância histórica
no contexto da pesquisa sobre aprendizagem, já que os primeiros
Prática como estudo deliberado
trabalhos mais sistemáticos nessa área endereçaram este assunto.

8 (Q O estudo individual deliberado constitui um termo usado Podem ser incluídos aqui os estudos de Brian e Harter (1897; 1899) sobre a
aprendizagem da linguagem telegráfica e outras pesquisas desenvolvidas

~r
por Ericsson et al. (1993) para definir uma atividade de estudo
em que o aprendiz não somente controla, como também toma as no começo do século XX (STARCH, 1912; PILE, 1913; 1914)
iniciativas do processo. A meta explícita do estudo individual é que concluíram que a aprendizagem se beneficia mais da prática
distribuída do que da prática concentrada. Além disso, intervalos

~t
a melhoria do desempenho. O estudo individual deliberado tem
sido constantemente definido em relação à obtenção de alguma prolongados de descanso, seguidos de sessões curtas de estudo são
mais eficientes para a aprendizagem. Em apoio a essa perspectiva,
habilidade. Pear (1927), num estudo já clássico, argumenta que a
Hull (1943) argumenta que o incremento de reação de inibição é
habilidade está relacionada à quantidade e qualidade do produto
um fenômeno que trabalha contrariamente à potencialidade de
final, daquilo que emerge. À exceção de algumas habilidades
reação da resposta presente. Isso parece ser causado por períodos
como andar, correr e controlar movimentos do corpo próprio, que
extensos de trabalho sem descanso. Adams (1987) considera que
nascem com a pessoa, em geral, habilidades - isto é, a capacidade
a reação inibidora é uma aversão que espontaneamente se dissipa
para desempenhar bem uma tarefa - são aprendidas. O estudo
como função do tempo entre respostas. Longos períodos de
individual é a organização da habilidade passo a passo. Trata-
descanso após o estudo concentrado causam maior reminiscência
se do processo por meio do qual objetivos de aprendizagem são
alcançados. devido à dissipação da reação inibidora.
O problema da relação idade/maturação/aprendizagem foi
O estudo individual para a aquisição de uma habilidade envolve
abordado em pesquisa de Wheeler e Perkins (1932). Esse trabalho
a identificação de passos de ação que são componentes sequenciais
relaciona o fenômeno da aquisição de uma habilidade com o
ou alternados da habilidade, novos ou conhecidos do aprendiz,
fenômeno da maturação e considera a questão do desenvolvimento
que se tornam uma habilidade total quando operados de forma
de uma habilidade em relação ao tempo de maturação. Mencionam
compósita (GAGNÉ, 1985).Alguns autores (FITTS; POSNER,
ainda Wheeler e Perkins que em uma dada idade o estudo
1973; GAGNÉ, 1985) identificam certas fases fundamentais deliberado traz melhoras na aprendizagem relacionadas ao tempo
na aquisição de uma habilidade, tais como (i) compreensão dos total de estudo individual desde que o estudo começou, em vez de
comportamentos iniciais ou de entrada, que correspondem a um relacionadas a um período específico.
estágio cognitivo inicial; (ii) organização de procedimentos e de A dimensão 'tempo de estudo' é particularmente relevante
regras que determinam sequências, envolvendo a prática de partes na pesquisa sobre aprendizagem para a expertise. Investigações
de uma habilidade antes de tentá-la de um modo completo; e (iii) longitudinais em uma variedade de áreas têm demonstrado de
o domínio final da tarefa.
modo cada vez mais convincente que diferenças nas primeiras
l

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)

expenencias de vida, preferências, hábitos, oportunidades e, se desenvolve (NEWELL; ROSENBLOOM, 1981). Essa
principalmente, tempo de estudo individual deliberado qualitativa linha reta relacionando acúmulo de prática a desempenho foi
e quantitativamente eficiente são os principais determinantes da demonstrada em uma grande quantidade de tarefas motoras e
obtenção da capacidade performática expert. Por exemplo, para cognitivas (ANDERSON, 1987).A Figura 1.1 mostra um gráfico
alguém se tornar jogador de xadrez capaz de disputar torneios representativo da lei ampla do estudo deliberado, bem como sua

~J.
internacionais, são necessários pelo menos dez anos de preparação expressão matemática.
sistemática (SIMON; CHASE, 1973). Na composição musical a
preparação pode levar quase vinte anos (HAYES, 1981), enquanto T

~~ que, na música instrumental, o estudo de Ericsson et al. (1993)


revelou que violinistas estudantes de conservatório superior,
\-./

'
~ .. atingem em torno de dez mil horas de estudo individual deliberado
~ô1 ) com 21 anos de idade. Em geral, pesquisas têm confirmado que, na
\-

\_ '.
maioria das áreas, são necessários pelo menos dez anos de estudo
individual deliberado para que a expertise seja alcançada. Isso é
Figura 1: Lei de potência da aprendizagem: tempo de performance diminui com a
particularmente verdade para a música instrumental (SOSNIAK, prática Log (T) = log (B) - ã log (N): (B) é o tempo de performance quando da primeira
1985, 1990), matemática (GUSTIN, 1985), tênis (MONSAAS, tentativa. (T) é o tempo, que é uma função de (N) que é o número de tentativas.
(N) é um modo de marcar o contínuo temporal (t) em intervalos temporais de
1985) e ciência e literatura (LEHMAN, 1953). performance. ã é a razão de aprendizagem (adaptado de NEWELL & ROSENBLOOM,
Esses resultados, juntamente com outras investigações na 1981).
área de estudos da expertise ajudaram a reforçar a ideia de que o
conhecimento expert é consequência de estudo individual deliberado Prática e aprendizagem musical
de longo prazo em um domínio específico do conhecimento. Essas
A importância da prática ou estudo deliberado no
pesquisas também serviram para sustentar o desenvolvimento da
"lei de potência da aprendizagem". Trata-se de uma das poucas leis desenvolvimento da expertise musical tem sido amplamente
da psicologia da aprendizagem, amplamente demonstradas, válida enfatizada tanto por leigos, como por pesquisadores (GRUNSON,
1988; SLOBODA, 1985; WAGNER, 1975; BARRY, 1992). Há,
tanto para a performance motora quanto para a performance
cognitiva. Essa lei explica o estudo deliberado como sendo a no entanto, dois estudos, um de Ericsson et al. (1993) e outro
de Sloboda et al. (1996), que ofereceram evidências bastante
base do processamento automático. Pode ser aplicada a qualquer
situação de aprendizagem. De acordo com a lei da potência de robustas sobre o papel fundamental do estudo deliberado no
aprendizagem, da grafia de uma coordenada de eixos logarítmicos desenvolvimento da capacidade expert. O estudo de Ericsson et
relacionando tempo por tentativa com número de tentativas al. (1993), que investigou o desenvolvimento da aprendizagem de
resulta uma linha reta. Em outras palavras, o tempo que se leva músicos novatos e profissionais, concluiu que os melhores músicos
para realizar uma performance diminui à medida que a prática tinham acumulado o dobro do tempo de estudo individual de
'
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'I

para 0,84 quando o fator 'tempo gasto em aprendizagem' foi


músicos tidos como de capacidade moderada durante a infância,
levado em conta. Na pesquisa de Hallam, a relação entre prática
adolescência e começo da vida adulta. Sloboda et al. (1996),
e sucesso no instrumento parece ser mais forte no longo prazo
cuja pesquisa utilizou um delineamento similar ao de Ericsson
e ao envolver o nível de expertise do instrumentista ao invés da
et al., confirmaram a forte correlação entre prática e sucesso de
performance meramente orientado a uma tarefa específica.
aprendizagem. Foi encontrado que, para atingir o oitavo grau de
capacidade performática da BritishAssociate Board Examinations in
PerformingMusic,músicos tinham de empreender um tempo médio Função monotônica

'~
de 3.300 horas de estudo individual. Esses resultados convergem A aprendizagem de instrumentos musicais é um fenômeno
com os de Sosniak (1985, 1990), segundo os quais muitos músicos complexo em que a quantidade de tempo de prática deliberada 1 •
de alto nível tinham no tempo de prática individual acumulada acumulada, embora muito importante, parece ser uma de muitas
ao longo da história pessoal uma forte variável a diferenciá-los de dimensões. Há outras, facilmente perceptíveis, como recursos
músicos menos capazes. Além disso, muitos desses músicos não materiais, acesso a boas escolas e professores, e outras mais
apresentavam sinais de alta habilidade musical quando crianças,
subjetivas, como motivação, envolvimento com a área geral
argumento que desafia a noção de talento.
e específica e significados do objeto de aprendizagem para o
Esses argumentos de pesquisa, que enfatizam de modo tão
aprendiz. Assim, o argumento de que a expertise musical é uma
monotônico o estudo individual, não estão, porém, livres de
consequência direta do total de prática empreendido parece
contestação. No estudo de Sloboda e Howe (1991), os estudantes
simplificado e reducionista, operando no mesmo tipo de lógica
mais talentosos, tal como percebido por professores, empreendiam
dicotômica dos defensores da noção de talento. Tal visão parece
menos prática em seus instrumentos. O experimento de
derivar de um tipo de pensamento científico que, ainda influenciado
Wagner (1975), envolvendo uma intervenção que aumentava
pelo paradigma positivista das ciências naturais, concentra-se na
significativamente a quantidade de prática, não obteve como
descoberta da resposta única, um vício histórico desse paradigma.
retorno uma melhora significativa correspondente da performance.
A aprendizagem musical ocorre em consequência de muitas
Além disso, uma série de estudos de correlação, relacionando
interações. Aqui, não há fórmulas mágicas, respostas simples ou
quantidade de estudo individual e sucesso num instrumento
musical, obtiveram resultados muito variados. Por exemplo, no garantia de sucesso.
Tendo feito as ressalvas acima, deve ser enfatizado que
estudo Doan (1973), a correlação foi de 0,25; em Brokaw (1983),
a pesquisa sobre prática ou estudo deliberado pode facilitar
foi obtido o resultado de 0,44 para fatores técnico-físicos e de
consideravelmente os processos de aprendizagem. Para que
0,54 para fatores musicais. Sloboda et al. (1996) encontraram
isso ocorra, no entanto, é necessário que professores conheçam
correlações de 0,30 e 0,37 para estudantes com idade de 8 e 13
e incorporem resultados de pesquisa em sua prática de ensino,
anos, respectivamente. O trabalho de Hallam (1996) reportou
correlação de 0,67 ao relacionar escore de aprendizagem, nível no ainda que isso pareça, às vezes, contradizer, padrões já bem
instrumento e quantidade de estudo individual. Esta aumentou estabelecidos. Aqui, algo que deve ser questionado diz r~speito a
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Y'

até que ponto, estudantes e mesmo músicos profissionais podem ·' Estudo individual - recomendações da pesquisa na área

ser somente individualmente responsabilizados pelos resultados A primeira recomendação da pesquisa na área, um tanto
de aprendizagem que exibem. Os resultados de uma pesquisa óbvia, mas pouco realizada, é que se deve persuadir estudantes
de Jorgensen (2000) sugerem que uma proporção considerável a se envolverem em estudo deliberado. Essa recomendação vale
de estudantes de instrumentos na educação superior tiveram para qualquer área de expertise, mas é particularmente importante
pouquíssima ou nenhuma informação sobre métodos efetivos no campo musical. Infelizmente, não há por parte de professores ( '
de aprendizagem. Pesquisa de Galvão, Machado e Câmara (no ou instituições a cultura de trabalhar o 'aprender a aprender'. A q
prelo) indica que isso é verdade também para outras áreas como pesquisa de Galvão (no prelo) com estudantes universitários de <
Medicina, Pedagogia, Matemática, Psicologia e Direito. Esses
·~
seis cursos mostrou que mesmo estudantes universitários com já
resultados contradizem a visão implícita em alguns estudos bastante tempo de estudo possuem habilidades metacognitivas e "'
(ERICSSON et al. 1993; NIELSEN, 1997) de que estudantes autorreguladoras fracas. Torna-se então necessário à formação de
universitários são bons aprendizes por já possuírem muitas horas professores a inclusão de conhecimentos sobre metacognição e
acumuladas de estudo individual quando entram na universidade. autorregulação e como isso interage com boas práticas de estudo.
Um aspecto importante do estudo individual de músicos

1
Na visão deJorgensen (2000), compartilhada por Galvão et al. (no
prelo), as instituições de ensino devem assumir a responsabilidade profissionais que emergiu tanto da pesquisa de Hallam (1997),
de influenciar estudantes a se tornarem aprendizes independentes como da de Galvão (2000) diz respeito a ouvir gravações da obra • ~ o:;;:,
e responsáveis. a ser aprendida. Muitos professores de instrumento consideram
O papel da instituição na produção de resultados de que ouvir a obra atrapalha, pois pode influenciar na geração
(\
aprendizagem pode ser impactante mesmo no mundo profissional. de padrões interpretativos. Em outras palavras, ao invés de um
Como sugere a pesquisa de Galvão (2000), músicos de orquestra músico criar o seu próprio padrão, ele apenas imita o padrão ~

iniciam suas atividades profissionais com relativamente pouco estabelecido por outros intérpretes. A pesquisa na área sugere ~(
conhecimento sobre as peculiaridades do trabalho orquestral. algo bem diferente disso. Músicos desenvolvem e automatizam
Assim, a instituição orquestral é responsável pela aprendizagem padrões interpretativos exatamente da forma como aprendem
individual de músicos em muitas dimensões. Isso inclui desde o a falar: imitando outros (SLOBODA, 1985). Ouvir uma peça
monitoramento das interações pessoais horizontais e verticais, musical muitas vezes antes de começar a praticá-la proporciona
até aspectos como repertório, carga de concertos e condições de um conhecimento direto da sua estrutura geral. Aspectos como
trabalho. Por exemplo, ao decidir sobre programas de concertos, afinação, ritmo, intervalos, andamentos e expressividade podem
diretores artísticos devem levar em consideração o nível de ser mais facilmente internalizados. Além disso, seguindo conceitos
dificuldade das peças, o tempo disponível para preparação e a e ideias de Bandura (1971, 1977), gravações estabelecem modelos
quantidade média de tempo individual de estudo necessária ao referenciais. São instrumentos de aprendizagem dos mais
domínio da obra. Além disso, no longo prazo, deve ser levado em eficientes. Há diversas investigações sobre modelos aurais (FOLT,
conta um equilíbrio entre repertório mais e menos demandante. 1973; ROSENTHAL, 1984; ROSENTHAL et al., ~988) que
Antenor Ferreira Corrêa (Org.)I 1 77
1 76 1 A mente musical em uma perspectiva interdisciplinar
,J

enfatizam a importância de ouvir gravações no processo de Além de auxiliar nos aspectos mais técnicos, professores podem
aprendizagem de peças musicais. ajudar nos aspetos mais emocionais e motivacionais do estudo
..
'1

Outro aspecto importante e constantemente privilegiado deliberado. Como diversas pesquisas indicam, o estudo deliberado
tanto na aprendizagem musical, como em outras formas de não é uma atividade intrinsecamente prazerosa (GALVÃO, 2000;
aprendizagem diz respeito ao aprender a aprender, ensino de ERICSSON, 1996). No caso específico do instrumento musical, ('. ~·

estudo deliberado ou meta-aprendizagem. Como Holyoake o prazer maior, caracterizado por Kemp (1996) como estético-
(1994) sugere, regras e estratégias são dependentes de contexto.
Derivam da capacidade dos experts de diagnosticar problemas e
sensual, é proporcionado pela capacidade de tocar uma peça
musical e não de praticá-la. No caso de estudantes, os primeiros
~-
decidir sobre os melhores meios de se lidar com eles. Portanto, momentos do aprendizado de uma nova peça tendem a ser
é tarefa árdua criar regras de aprendizagem sem considerar muito difíceis por haver uma grande desproporção entre o som
contexto (tema, motivação, condições de aprendizagem, entre idealizado e o executado. Entre estudantes adultos, isso é ainda
outros). Ainda assim, há regras gerais que podem ser ensinadas mais problemático devido a uma cultura musical já consolidada
para aumentar a efetividade do estudo individual. Uma que os torna muito exigentes em relação à performance própria.

~~l
forma de fazer isso é envolver alunos em estudo individual Assim, o professor deve compreender os aspectos mais e menos
supervisionado, em que o professor observa a prática do aluno motivadores da performance. Um fator importante de motivação
e oferece feedback de aperfeiçoamento apontando pontos falhos para a prática é o repertório. As pessoas tendem a estudar mais as
~~
....
', _'>..) ou mesmo contraproducentes do estudo individual. Além disso,
'l" peças com as quais se identificam mais (GALVÃO, 2000). Dessa

~~t
aspectos mais gerais da prática efetiva também podem ser forma, o professor deve, na medida do possível, negociar, em vez
trabalhados pelo professor tais como gerenciamento de tempo e de impor o repertório a ser estudado.
concentração. Um processo desenvolvimental de aprendizagem Professores podem também orientar no equih'brio do tempo
segue de um estágio inicial no qual músicos podem fazer pouco de estudo dedicado às partes mais e menos prazerosas do estudo
por si mesmos até um estágio em que eles são capazes de individual. Por exemplo, as práticas mais técnicas de escalas,
aprender e progredir por conta própria, por meio de autofeedback. arpejos e outros, tendem a ser mais enfadonhas por estarem mais
Num estágio mais avançado, tornam-se aprendizes autônomos, distantes da frase musical e da emoção que lhe é associada. Por isso,
capazes de apontar tanto erros na performance, como na própria o trabalho técnico exige mais concentração e deve ser realizado
representação da situação-problema e corrigi-los. O papel do logo no início do estudo, quando a pessoa tem mais condições de
professor nesse processo consiste em identificar aquilo que induzir a concentração. No caso da prática musical, quanto mais
o estudante pode aprender por conta própria do que pode ser fluida está a peça, menor a necessidade de concentração induzida.
conseguido somente com a sua ajuda. Isso pode ser associado A quantidade de dedicação ao estudo individual deve ser
à noção de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY, 1962). considerada com cuidado. Incentivar, ou mesmo obrigar, como
Assim, aos poucos, estudantes vão criando e incorporando um alguns fazem, iniciantes a praticar o instrumento por longos
repertório de resolução de problemas. períodos pode ser prejudicial ao desenvolvimento da aprendizagem,
l

1 7 8 1 A mente musical em uma perspectiva interdisciplinar Antenor Ferreira Corrêa (Org.)I 1 79


já que pode tanto influenciar o surgimento precoce de lesões por 1941). No caso de músicos de orquestras profissionais, tende
esforço repetitivo, como pode afetar negativamente a motivação a ser bastante comum (GALVÃO, 2000). A prática mental,
para o estudo individual. Há, portanto, o perigo de traumas fisicos como o nome sugere, consiste em imaginar movimentos físicos,
e psíquicos. Aliás, nos primeiros momentos do envolvimento com concentrando-se na resolução de problemas de dedilhado, arco ou
o instrumento, o aspecto mais importante do ensino consiste no solfejo mental da peça para dar significado a passagens mais
justamente no desenvolvimento da motivação. Assim, o professor difíceis. A prática mental ajuda no processo de memorização, evita
deve buscar criar uma atmosfera de trabalho em que aspectos mais a fadiga ao proporcionar a elaboração de padrões interpretativos
lúdicos sejam explorados. Os aspectos mais cansativos da prática

ll
que depois podem ser trabalhados no instrumento e ajuda no
devem ser feitos em sessões curtas que, no caso de iniciantes, podem desenvolvimento da consciência cinestésica.
durar apenas quinze minutos. Nesse momento, é mais importante
·~·'V estabelecer rotinas e hábitos de estudo do que atingir resultados
Em conclusão
rapidamente. Mesmo entre estudantes mais experientes, o ideal é
~ desenvolver sessões de estudo individual curtas, algo entre trinta A prática efetiva de músicos profissionais tende a ser
~~ minutos e uma hora, diversas vezes por dia. Essa forma de estudo, caracterizada por uma preocupação em dominar fragmentos
chamada por pesquisadores de "distribuída" tende a ser mais significativos do texto musical de modo a produzir resultados
efetiva do que a prática concentrada, em que se estuda de uma rápidos e eficientes,.,eom uma relação negativa entre a extensão
vez, durante uma única sessão de, digamos, duas ou três horas. da passagem e sua dificuldade (MIKLASZEWSKI, 1989, 1995;
Isso ocorre porque, embora haja variações de pessoa a pessoa, NIELSEN, 1997). Trata-se de um processo de aprendizagem
durante os primeiros trinta minutos de uma atividade, o nível de multifacetado que tem como base uma estrutura metacognitiva
concentração tende a estar em seu estado ótimo. Depois disso, a ' bem fundamentada (HALLAM, 1997). O estudo individual
concentração tende a decair progressivamente, podendo chegar a de músicos profissionais tende a ser caracterizado pelo uso de
um ponto em que estudar torna-se contraproducente. Além disso, estratégias de alto nível, tais como interpretação, priorização,
deve ser reservado um tempo justo de descanso entre sessões de padronização e monitoramento. Usam-se também estratégias
estudo. Diversos estudos (ERICSSON et al., 1993; HALLAM, medianas, incluindo alteração de andamento, agrupamentos e
1995a; BASTIAN, 1989; JORGENSEN, 1997) sugerem que a conexões entre frases. Estratégias mais básicas como associação
prática física do instrumento não ultrapasse quatro horas diárias e memorização simples e tentativa e erro tendem a ser evitadas.
no longo prazo.
No que diz respeito à motivação para o estudo individual,
Em momentos de cansaço ou em que, por alguma razão, o esta parece bastante vinculada ao material praticado (GALVÃO,
instrumentista não tem condições de praticar fisicamente, há a 2000; HARNISCHMACHER, 1997; HALLAM, 1995).
possibilidade de que se recorra à prática mental. Diversas pesquisas Nesse sentido, o repertório mais contemporâneo, que rompe
indicam essa modalidade de estudo como efetiva (RAWLINGS com a notação tradicional, parece ter pouco poder motivacional
et al., 1972; JACOBSON, 1932; RUBIN-RABSON, 1940, (GALVÃO, 2000; PIPEREK, 1981). Especulativament~, pode-
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se tentar explicar as tensões para com a música contemporânea BASTIAN, H. Leben fur Musik: Eine Biographie-Studie uber
levando em conta o contexto cultural em que a aprendizagem da musikalische. (hoch)-Begabungen. Mainz: Schott, 1989.
música de tradição clássica ocorre. Para construir a significação de BROKAW, J.P. 7he extent to which parental supervision and other
uma peça, o intérprete tem de codificá-la em padrões significativos. selected Jactors are related to achievement of musical and technical-
Por exemplo: em um experimento de Halpern and Bower physical characteristics by beginning instrumental music students.
(1982), foi solicitado a músicos que tocassem melodias "boas" Ph.D. thesis: University ofMichigan, 1983.
e "ruins". As boas seguiam as regras tradicionais de harmonia e BROWN, R. A. A comparative study of whole, part and
progressão melódica, enquanto as ruins violavam a maioria das combination methods of learning piano music. Experimental
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consideravelmente melhor do que as "ruins", apesar de possuírem
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