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FENOMENOLOGIA
DA DEPRESSÃO

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PRAXIS
Centro de Filosofia, Política e Cultura

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Fabio Caprio Leite de Castro

FENOMENOLOGIA
DA DEPRESSÃO
Aspectos constitutivos
da vivência depressiva

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Coleção Fenomenologia e Cultura | Volume 1
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Castro, Fabio Caprio Leite de
Fenomenologia da depressão: aspectos constitutivos da vivência depressiva / Fabio Caprio
Leite de Castro – Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: NAU Editora; Lisboa: Editora Sistema Solar –
chancela Documenta, 2021. 240 pp.; 20,5 cm

Inclui bibliografia
ISBN (Ed. PUC-Rio): 978-65-88831-20-5
ISBN (NAU Editora): 978-65-87079-24-0
ISBN (Editora Sistema Solar – chancela Documenta): 978-989-9006-74-4

1. Depressão mental. 2. Fenomenologia existencial. 3. Psicopatologia. I. Título.

CDD: 616.895

Elaborado por Lizandra Toscano dos Santos – CRB-7/6915 / Divisão de Bibliotecas e Documentação – PUC-Rio

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Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

parte 1
Análise preparatória para uma abordagem
fenomenológico-existencial da depressão

A epidemia da depressão no contexto do século XXI . . . . . 17


O parentesco entre a melancolia e a depressão . . . . . . . . . . 19
O modelo normativo de psicodiagnóstico da depressão . . . 27
A abordagem da neurociência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
A abordagem das ciências sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Sobre a necessidade da abordagem
­fenomenológico-existencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
O mundo da vida e suas vicissitudes: angústia, tédio,
­náusea, fatiga, insônia e melancolia . . . . . . . . . . . . . . 61

parte 2
Contribuições pioneiras da psicopatologia
fenomenológica e da psiquiatria fenomenológica

O estado depressivo na psicopatologia fenomenológico-


-hermenêutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A vivência do tempo na depressão segundo a psiquiatria
antropológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

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A dissolução do sincronismo vivido na perspectiva da
análise estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
O sofrimento atroz da perda melancólica segundo a análise
existencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
A endogeneidade, o tipo melancólico e a patogênese da
melancolia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
A depressividade como modo de ser global na ­fenomenologia
da depressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

parte 3
Aspectos constitutivos da
vivência depressiva

Interlúdio metodológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159


O significado etimológico da depressão e a angústia
depressiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
As tonalidades afetivas e a afetividade depressiva . . . . . . . . 175
A perda de ressonância do corpo deprimido . . . . . . . . . . . 191
A dessincronização do tempo vivido na depressão . . . . . . . 201
A depressão como inibição da abertura ao outro . . . . . . . . 213

Epílogo | Inibição da abertura ao outro, individualismo e


aceleração social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

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Apresentação

Fenomenologia da depressão é um livro incomum. Não se des-


tina a um público-alvo, a um consumidor específico ou a um leitor
definido. É uma obra em que tanto um pesquisador quanto um
leigo se beneficiarão da leitura. Isso porque o livro é acessível tanto
ao público em geral, interessado na atualidade de nossa civilização,
quanto, por outro lado, se mostra obrigatório a um público especia-
lizado, notadamente no campo da psicologia e da filosofia, devido à
profundidade de sua reflexão a partir do estudo da depressão. Esta
rara capacidade de percorrer caminhos distintos em uma mesma obra
torna-se possível graças à estrutura do texto construída por Fabio
Caprio Leite de Castro. Partindo de uma vasta bibliografia técnica, o
autor consegue impor ao texto um ritmo claro e convidativo ao leitor
não especializado.
Em contrapartida, esta gentileza para com o leitor não impede
que o livro contenha uma aposta teórica. Iniciando com a exposição
do estado da questão, organiza um relato das principais perspectivas
teóricas sobre o tema, em nome de uma interpretação capaz de nos
fornecer um diagnóstico, não da doença da depressão stricto sensu,
mas, efetivamente, dos indivíduos que vivem em nosso tempo.
A abrangência do livro deve-se ao objeto de estudo: o homem a
partir da depressão. Neste sentido, a importância de refletir sobre a
depressão será proporcional ao perigo que a atualidade nos impõe. O
risco identificado pelo autor está no processo de normatização, não

Apresentação 9

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somente da doença, mas da própria condição humana. A passagem
de um estado com lastro histórico proporcional a sua amplitude
clínica para uma noção que se restringe a sua dimensão biológica ou
social não só limita sua justa compreensão, bem como aliena de seu
processo analítico as relações do ser humano com os outros homens,
com o mundo e consigo próprio. Se não bastasse tal reducionismo
terapêutico, há outra ameaça nesta cegueira deliberada: ignorar o
tempo presente. Para Fabio Caprio Leite de Castro, a questão posta
de tal forma interdita toda a amplitude característica da temporali-
dade, que resultará em uma perda de mundo, não somente daquele
que está em depressão, mas, extrapolando o circunscrito terapêutico,
de todos nós, do mundo contemporâneo que habitamos. Não por
outro motivo, o autor designará de inibição da abertura ao outro a
razão da depressão, em toda a sua potencialidade especulativa. Tendo
como vértices constitutivos a condição humana enquanto relação
e a temporalidade enquanto vivência, a depressão, longe de ser um
sintoma a ser corrigido, é um índice de nossa época, da nossa cultura,
da nossa existência contemporânea.
Todo este trabalho de carpintaria filosófica, da costura da forma
com o conteúdo, da história com a ontologia, da psicologia com a fe-
nomenologia, resulta em uma filiação inequívoca deste pensamento.
Fenomenologia da depressão é uma obra engajada, de denúncia, no
sentido mais sublime do termo. Fabio Caprio Leite de Castro quer
resgatar a questão dos sintomas da apreensão estritamente cientifi-
cista, que obscurece diversos trabalhos da psicologia contemporânea.
Se Eric Kandel, Nobel de Medicina, defende, com justeza, que só
há um futuro promissor tanto para a psicologia quanto para a neu-
rociência se ambas dialogarem, Fenomenologia da depressão relembra
a urgência de se observar o caráter estrutural da reflexão filosófica
neste processo, não enquanto clínica, o que seria uma apropriação

10 Apresentação

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de função indevida, mas na qualidade de uma descrição rigorosa
da vivência, das relações constituídas, do solo sobre o qual ocorre a
experiência humana.
Se quiséssemos, ao fim do livro, retomar sua força vital e em
sintonia com o pensamento ali exposto, poderíamos subscrever
as palavras de Émile Zola em “J’accuse: mon devoir est de parler, je
ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de
l’innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime
qu’il n’a pas commis”1.

Marcelo S. Norberto
Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro

“Meu dever é falar, eu não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam assom-
1

bradas pelo espectro do inocente que ali expia, na mais terrível das torturas, um crime
que ele não cometeu” (minha tradução).

Apresentação 11

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Introdução

O uso do termo “depressão” em um sentido técnico é relativa-


mente recente. Aquilo que ao longo dos séculos se chamou de “me-
lancolia” ganhou novos contornos com a psiquiatria do século XIX.
Surge então uma nova forma de sofrimento psíquico, concorrente
da melancolia, que ganha uma proeminência nas últimas décadas
do século XX. Os casos depressivos cada vez mais frequentes, que
pairavam sob um campo inominável, vago e de difícil discernimento,
exigiam uma nova nomenclatura e uma nova forma de entendi-
mento, por parte da psicopatologia, da psiquiatria e da psicologia.
Diversos estudos com as mais diversas metodologias, nos campos das
ciências biológicas e das ciências sociais desenvolveram-se no sentido
de entender o enigma clínico e social que é a depressão em nosso
tempo. É aí onde emerge a importância fundamental da filosofia e da
psicopatologia fenomenológica. A nossa hipótese é que a abordagem
fenomenológico-existencial se mostra necessária para a interrogação
sobre a definição e o sentido da depressão na medida em que é aquela
que conduz a uma compreensão dos aspectos constitutivos da vivên-
cia depressiva.
Com o objetivo de desdobrar a hipótese formulada, o livro é
dividido em três partes. A primeira parte tem por objetivo mostrar, a
partir do estado da arte na psicopatologia, nas ciências biológicas e
sociais, a necessidade de uma abordagem fenomenológico-existencial

Introdução 13

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da depressão. Essa parte tem o intuito de designar o campo da feno-
menologia existencial no qual se insere a presente investigação e fazer
uma revisão de aspectos fundamentais dessa tradição filosófica que
permitem fazer aproximações da dimensão existencial da depressão –
a angústia, o tédio, a náusea, a fadiga de ser e a insônia.
Considerando que o tema da depressão foi explorado no campo
da psicopatologia e da psiquiatria fenomenológica, a segunda parte do
livro faz um movimento em direção às suas múltiplas contribuições,
com o objetivo de estabelecer as abordagens pioneiras sobre o estado
depressivo, a inibição vital, a defasagem do sincronismo vivido, a
perda melancólica, a endogeneidade e a depressividade. Com base
nesse estudo, faremos um percurso através das principais construções
acerca da depressão em fenomenologia, chegando até os nossos dias.
Por fim, a terceira parte propõe uma análise da vivência depres-
siva através dos seus aspectos constitutivos essenciais. Tomando por base
a filosofia fenomenológico-existencial e a psicopatologia fenomeno-
lógica, colocaremos em relevo a angústia depressiva, a afetividade
depressiva, a perda de ressonância do corpo deprimido, a dessincro-
nização do tempo e a inibição da abertura ao outro.

14 Fabio Caprio Leite de Castro

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