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om
ROBERT BARRASS
erland) a
(Professor da Politécnica de Sund
OS CIENTISTAS
PRECISAM ESCREVER
guia de redação
para
s
cientistas, engenheiros e estudante
Tradução de
LEILA NOVAES
e
LEÔNIDAS HEGENBERG
T. A. QUEIROZ, EDITOR
DE SÃO PAULO
EDITORA DA UNIVERSIDADE
São Paulo
BIBLIOTECA DE CIÊNCIAS NATURAIS
DIREÇÃO
Dr. Antonio Brito da Cunha
(do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo)
“ Volume 2
Para Ann
Do original inglês
SCIENTISTS MUST WRITE
A guide to better writing
for scientists, enpineers and students
publicado por
Chapman and Hall Ltd
Ti 0 do “quisição V Londres
Fdguir do obelo & 1978 Robert Barrass
ata fqu' sição.
roço, ECO, L
egg IP-Brastl. Catalogação-na-Fonte
mara Brasileira do Livro, SP
RO
bb. cum
- Robert.
B252c — Oscientistas precisam escrever : quia de redação
para cientistas, engenheiros e estudantes/ Robert
Barrass ; tradução de Leila Novaes e Leônidas He-
genberg. — São Paulo : T, A. Queiroz : Ed. da
Universidade de São Paulo, 1979.
(Biblioteca de ciências naturais
3 v.2)
na Bibliografia.
ai! q
lhos científicos - Normas 3, Trabalhos ctentifi-
cos - Redação 1. Título.
79-1457 CDD-BOB.0665
1979
Impresso no Brasil
Sobre a edição brasileira
zidas
No limite do indispensável, algumas adaptações foram introdu
s vi-
nesta tradução, todas elas decorrentes de exigências naturai
sujeitas
sando ao leitor local: exemplificação de formas redacionais
no inglês e no
a interpretações ambíguas — nem sempre análogas
e inclusã o de
português —, de problemas mais comuns de língua,
normas técnicas adotadas em nosso País e sugestões de leitura
complementar pertinente.
Essa reduzida colaboração, necessária além de útil, e exercida
valor deste
com anuência do Prof. Barrass, reforça o interesse e O
ro, pre-
pequeno livro, dele fazendo, também para o leitor brasilei
não
ciosa fonte de informações e instruções sobre a arte de escrever
da
sô correta como apropriadamente sobretudo na área do ensino,
pesquisa e da atividade profissional ligada à ciência em geral.
Nestes tempos de deterioração do ensino, de descaso com O
r
vernáculo, de dificuldade às vezes quase insuperável de se traduzi
um pensamento em palavras, este livro surge como uma contri-
buição válida e oportuna ao esforço de superação do problema da
comunicação escrita. E é, por isso, com grande prazer profissional
que o oferecemos aos interessados em aprimorar a arte de escrever,
seja nas faculdades, seja nos laboratórios, seja ainda nas empresas.
Os editores
Sumário
Agradecimentos XV
Prefácio 1
2. REGISTROS PESSOAIS 8
Escrever ajuda a lembrar 8
(Anotações feitas em aula — Registro de trabalhos
práticos)
Escrever ajuda a observar 12
Escrever ajuda a pensar 13
(A descrição de um experimento — Pensar e recordar
— Relatórios sobre o andamento do trabalho)
O exercício de escrever 17
3. COMUNICAÇÕES 19
Relatórios internos 19
Cartas e memorandos 20
A comunicação como parte da ciência 27
(O método científico — A publicação dos resultados
da pesquisa)
A popularização da ciência 29
Exercícios de comunicação 29
(Redação de uma carta — O preparo de instruções)
Vocabulário 58
O significado das palavras 62
Termos técnicos 68
(Definições)
Abreviaturas 70
Nomenclatura
Palavras no contexto 72
Palavras supériluas 74 -
(Motivos da prolixidade — A redação de um resumo)
AJUDANDO O LEITOR B6
Decisão sobre o que o leitor necessita saber 86
Escreva com a preocupação de tornar fácil a leitura 87
(Como principiar — Controle — Ênfase — Comprimento
das frases — Ritmo — Estilo) -
Captar e manter a atenção do leitor 92
Usar bom vernáculo 94 ,
(Obstáculos à comunicação efetiva — Regras da comunicação
eficiente)
ão de projetos)
(Teses — Relatórios de projetos — Avaliaç
TIGAÇÃO 156
13. PREPARO DO RELATÓRIO DE UMA INVES
O preparo do manuscrito 156
(Pontos a verificar no manuscrito)
O preparo do original datilografado 159
a
(Instruções para o trabalho de datilografia — Pontos
verificar no original datilografado)
O preparo do índice remissivo 163
O prepar o do origina l datilo grafad o para a tipografia 164
(Correspondência com o redator — Pontos a considerar
pelos avaliadores, e autores — Direitos autorais —
Pontos a verificar na revisão de provas)
Resumo 170
sobre uma
(Como preparar, para publicação, um relatório
investigação ou um artigo)
APÊNDICE 181
Unidades legais no Brasil 183
Projeto NB-66, da ABNT 197
Agradecimentos
.
na de
Não escrevo na condição de especialista em linguagem, mas
é
cientista atuante — sabendo o quão é difícil escrever bem e como
importante que os cientistas e engenheiros procurem fazê-lo.
Agradeço às seguintes pessoas, que leram os originais deste
livro, por sua ajuda e encorajamento: Professor P. N. Campbell,
Diretor do Courtauld Institute of Biochemistry (The Middlesex
Hospital Medical School, Universidade de Londres); J. Collerton,
e
" Diretor do Departamento de Humanidades da Newcastie-upon-Tyn
Polytechnic; Dr. G. Evans, do Depart amento de Geologi a do Im-
perial College of Science and Technology, da Universidade de Lon-
dres; Professor M. Gibbons, do Departamento de Estudos Liberais
E.
em Ciência, da Universidade de Manchester; e aos meus colegas
B. Davidson, Professor Titular do Departamento de Engenharia
Elétrica e Eletrônica, e Dr. J. B. Mitchell, Professor do Departa-
- mento de Biologia, da Sunderland Polytechnic. O Sr. D. W. Snow-
down preparou as fotografias dos desenhos reproduzidos de outras
fontes (como se indica nas legendas dessas figuras). O Sr. D. B.
Douglas desenhou as charges.
Prefácio
plicida de
técnicos são os mesmos: clareza, inteireza, acuidade, s
(ver o capítulo 4). Neste livro, por conseguinte, a palavra cientista
significa cientista e tecnólogo; e a expressão escrito científico
abrange escritos científicos e escritos técnicos.
as
Escrever é parte da ciência. Não obstante, muitos cientist
treinam ento na arte de escrever . Há uma certa
deixam de receber
ironia no fato de ensinarmos nossos cientistas e engenheiros a utili-
ão |
zarem instrumentos e técnicas, muitos dos quais jamais utilizar (mem
Robert Barrass
30 de maio de 1977
1
Os cientistas precisam escrever
O
OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER — 5
E. H. McClelland (1943)
Ra
Dave
Deuslas
Fig. 1. Conservar, em lugar seguro, uma cópia de cada página do caderno de ano-
tações.
REGISTROS PESSOAIS — 13
* Sampson aludia, naturalmente, às pessoas que falam o inglês, asseverando que esse idioma é 0
único meio de expressão “by which they become articulate and intelligible human beings”, mas &
observação é válida, sem dúvida, para o português ou outra língua viva qualquer. (N.T.)
. REGISTROS PESSOAIS — 15
Pensar e recordar
anotações e um
É útil ter sempre no bolso um pequeno caderno de
de outra forma , acab ariam sendo
lápis, para registrar idéias que,
16 — OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER
Registros particulares
Comunicações
O exercício de escrever
1. Conservar o registro de todo trabalho prático numa cader-
neta de laboratório.
2. Usar escrever e desenhar como auxílios para a observação
e descrição. Boa parte dos escritos científicos baseia-se em
descrição clara e acurada; entretanto, se solicitarmos que
diversas pessoas, numa sala de aula, por exemplo, descre-
vam um acontecimento, processo ou qualquer coisa, nota-
remos consideráveis diferenças nas descrições não só quanto
18 — OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER
Relatórios internos
Uma pessoa é apreciada também pelo que escreve e seu valor, como
empregado, depende não apenas do conhecimento que tenha de
ciência e de engenharia, mas também da sua habilidade na trans-
missão de informações e de idéias.
Cartas e memorandos
Uma carta é um bom teste para avaliar a capacidade de comuni-
cação adequada. Toda carta é um exercício de relações públicas; ela
representa quem escreve e, muitas vezes, o próprio empregador.
Quem escreve precisa, pois, cuidar da aparência de suas cartas, do
seu conteúdo e da disposição do texto escrito na página, assegu-
rando uma boa impressão do destinatário. Excetuando as breves, é
possível aperfeiçoar e encurtar todas as cartas: basta anotar os
mad
ee
COMUNICAÇÕES — 21
Claro, direto,
Resposta (a um pedido de informações ou a uma recla-
informativo, polido,
mação) dando informações, instruções ou explicações.
e sincero.
— prestativo
Dar resposta a todos os pontos levantados no pedido.
Simples e direto.
Notificação de recebimento (de um pedido ou requeri-
mento).
Discreto.
Notificação de recebimento por cartão postal.
De reconhecimento.
Carta de agradecimento.
22 — OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER
Não é necessário usar pontos finais no endereço. As palavras não devem aparecer
abreviadas. A data deve ser indicada por extenso, sem pontuação. A saudação inicial
inclui o nome do destinatário. A saudação final toma, em geral a forma “Cordial-
mente”. A assinatura deve ser legível. Nome e endereço do destinatário escritos de
modo igual ao utilizado no envelope. A carta pessoal é usada na correspondência
de negócios quando o autor e destinatário já se conhecem pessoalmente, já falaram
por telefone ou já trocaram cartas anteriormente.
Endereço do remetente
(
espaços (
(
Data
,.
)
Saudação
)
1 Informação requerida
(
2 Pormenores de apoio
€
3 Conclusão e/ou ação exigida
(
Saudação final, ou fecho
(
Assinatura ,
( o
Nome (datilografado) do remetente
)
)
Nome e endereço do
destinatário*
)
)
)
Linha de referência: iniciais da pessoa que assina a carta;
iniciais do datilógrafo.
* Entre nós também é usual a colocação do nome e endereço do destinatário antes da saudação
inicial, ficando, neste caso, o endereço do remetente ou no pé da página ou logo abaixo da
assinatura, em seguida ao nome. (N.T.)
E qem e E
COMUNICAÇÕES — 23
Endereço do remetente
(
espaços (
(
Data
. )
)
Cargo e endereço do
destinatário )
Saudação )
)
Referência (indicação do assunto)
1 Informação desejada
2 Pormenores de apoio
Assinatura
COMUNICAÇÕES — 25
ama
randos não precisam ser impessoais, mas devem ser diretos, dando
informações, sugestões ou recomendações, ou indicando claramente
cem
DIET STE en
a providência r requerida. Os parágrafos de um memorando devem
ser numerados (ou precedidos de títulos de referência). Os números
dm
naquilo que deve ser dito; (3) levar o remetente a dispôr os assuntos
numa ordem adequada; e (4) facilitar a leitura pelo destinatário.
Cada memorando deve ser cuidadosamente elaborado; deve ser tão .
breve quanto possível, mas tão longo quanto necessário. É preciso
verificar com cuidado a quem o memorando será endereçado. Não
se deve remeter cópias desnecessariamente para pessoas que delas
não necessitam: isso é desperdício de papel, perda de tempo da
parte de quem lê e revela faita de discernimento do remetente.
Data
Mensagem |
Assinatura
(1) Lembre-se que um cartão postal pode ser visto por outras pessoas, além do
destinatário. Se, pois, um cartão postal é utilizado para acusar o recebimento de uma
carta, não deve ser redigido de modo a tornar público o conteúdo ou o propósito da
carta; deve conter apenas a data e os números de referência da carta.
COMUNICAÇÕES — 27
|O método científico o
A pesquisa científica origina-se de um problema que pode ser levan-
tado por observação pessoal ou da verificação de trabalhos alheios.
Os problemas são examinados pelo método de investigação, numa
tentativa de obter-se evidência que se associe a uma hipótese. Se o
problema é posto como uma indagação, então cada hipótese é uma
possível resposta a essa indagação ou uma possível explicação. As
observações e medidas registradas durante uma investigação trans-
formam-se em dados, que são organizados, classificados, estudados
e comparados com outros dados recolhidos em outras investigações.
Esta análise leva a reunir informações de variadas fontes, conduz a
sínteses, ao reconhecimento da ordem (para classificações) e leva a
generalizações (apresentadas como normas, conceitos, princípios,
teorias e leis).
Quando uma evidência dá apoio a uma hipótese e rejeita outras,
hipóteses adicionais podem proporcionar explicações alternativas.
Cada hipótese é conservada apenas enquanto fornece explicação
- satisfatória para as observações colhidas sobre o assunto. Uma hipó-
tese de aceitação geral entre os cientistas que trabalham na mesma
área pode ser considerada uma teoria, e pode conduzir a um prin-
cípio, ou lei, cujo valor está não apenas no fato de explicar as obser-
vações feitas mas também em permitir previsões do que acontecerá,
em futuras observações e experimentos. .
28 — OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER
ão
A comunicação está envolvida em todos os estádios de aplicaç
do método científico. A hipótese em que cada investigação se baseia
po
A popularização da ciência
Os cientistas devem escrever relatos formais de seu trabalho para
publicação em revistas lidas apenas por especialistas, mas que são
acessíveis a cientistas em toda parte. Mas, a ciência está moldando o
nosso mundo, e os cientistas, quer estejam buscando a verdade
apenas pela verdade, quer estejam tentando resolver problemas
práticos, também devem escrever artigos, resenhas e livros — rela-
tando o que estão fazendo, e porque, e comentando o trabalho de
outros cientistas — disseminando informações entre cientistas de
outras áreas, entre alunos de ciência e outros interessados.
Se não nos preocuparmos com a divulgação da ciência, ou com
o debate sobre o impacto da ciência na sociedade, não deveremos
nos surpreender se a ciência e a tecnologia permanecerem um livro
fechado, inacessível a muitas pessoas educadas, se o povo não confia
no cientista, se não se dá valor à interdependência entre a ciência
pura e a aplicada, ou se as pessoas esperam demais da ciência.
Nos livros escolares os cientistas apresentam a ciência não
apenas para os cientistas de amanhã, mas também para os estu-
dantes que irão trabalhar e tomar decisões em outros campos. O
autor de livros didáticos dispõe, assim, de uma oportunidade única
de despertar interesse e informar. Se não tiverem esse interesse
despertado na juventude, é pouco provável que as pessoas venham a
interessar-se pela ciência depois de maduras. Escrever bons livros
para os jovens é uma das mais importantes obrigações de cada
geração de cientistas. Quanto mais baixa a faixa etária de leitores
para os quais se escreve, mais importante é o seu trabalho, pois as
crianças não titubeiam em escolher entre os assuntos que interessam
e os de que não gostam. Se uma criança não entende ouCL não é levada
a interessar-se pelo seu primeiro livro sobre um determinado as-
sunto, à oportunidade de cativá-la pode estar perdida para sempre.
Exercícios de comunicação
O preparo de instruções
Usamos instruções na ciência e na tecnologia, assim como na vida
cotidiana: como montar um equipamento, como preparar uma mis-
tura, como encontrar um livro numa biblioteca, etc. O preparo de
instruções claras é um bom teste na arte da comunicação. O exer-
cício seguinte pode ser feito por qualquer pessoa, trabalhando sozi-
nha, ou pode ser utilizado por um professor de redação científica,
primeiro como trabalho de grupo e posteriormente como assunto de
discussão em classe:
Escrever um conjunto de instruções com o título “Como escre-
ver instruções"
Veja uma solução, ou resposta, no próximo capítulo.