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O Casamento Da Dona Baratinha
O Casamento Da Dona Baratinha
Era uma vez uma barata chamada Dona Baratinha. Dona baratinha era uma
barata das mais limpinhas, que gostava de tudo bem ajeitadinho. Por isso vivia
limpando e arrumando a sua casinha.
E limpa que limpa, arruma que arruma, achou uma moeda de ouro. Dona
Baratinha ficou felicíssima. Pensou que estava rica e já podia se casar.
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando um boi elegante que disse todo galante:
E o boi respondeu:
-Meu mugido quando estou dormindo? Acho que é mais ou menos assim:
Muuuuu! Muuuuu!
-Ai! Assim eu não caso não. Nunca mais iria dormir com todo este barulhão.
Sai fora!
E o boi foi embora. Mas Dona Baratinha não se deu por vencida.
Recuperou-se do susto, arrumou seu laço de fita e foi para a janela cantar:
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando um cavalo esbelto, que foi falando e
chegando mais perto:
-Hum! Com você eu bem poderia me casar, mas antes de aceitar, tenho
algo para lhe perguntar: como você vai relinchar quando estiver a sonhar?
-Quando eu estiver sonhando vou relinchar mais ou menos assim:
Riiiiiiiiiiiiiiinch! Riiiiiiiiinch!
-Ai, assim não caso não! Nunca mais ia dormir com todo esse barulhão. Sai
fora.
E o cavalo foi embora. Mas Dona Baratinha não se deu por vencida.
Recuperou-se do susto, arrumou seu laço de fita e foi para a janela cantar:
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando um carneiro que disse faceiro:
-Hum, o senhor daria um marido maneiro, seu carneiro. Tenho apenas uma
pergunta antes de decidir a nossa sorte: como é o seu balido quando o senhor
dorme?
-Ai! Assim eu não caso não. Nunca mais ia dormir com todo este barulhão.
Sai fora!
E o carneiro foi embora. Mas Dona Baratinha não se deu por vencida.
Recuperou-se do susto, arrumou seu laço de fita e foi para a janela cantar:
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando um cachorro latindo e sorrindo:
-Meu latido dormindo? Acho que é mais ou menos assim: Aufauf! Aufauf!
E o cachorro foi embora. Mas nem mesmo assim Dona Baratinha se deu
por vencida. Mais uma vez ela recuperou-se do susto, arrumou seu laço de fita e
foi para a janela cantar:
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando de um gato. Chegou e soltou o papo:
-Hum, o senhor eu levaria para o altar. Só tenho uma pergunta pra fazer
antes de aceitar: como o senhor vai miar quando estiver a sonhar?
-Ai! Assim eu não caso não. Nunca mais ia dormir com todo este barulhão.
Sai fora!
E o gato foi embora. Mas Dona Baratinha tinha a casca grossa e ainda não
foi dessa vez que ela se deu por vencida. Não! Pela última vez ela recuperou-se
do susto, arrumou seu laço de fita e foi para a janela cantar:
“Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro
na caixinha. Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e
dinheiro na caixinha.”
Olhou para um lado e não viu ninguém. Olhou para o outro e nada também.
Olhou para a frente… e viu chegando de mansinho o senhor Ratinho:
-O barulho que eu faço pra dormir? É mais ou menos assim: iiiic, iiiic!
Mas foi tão baixinho que Dona Baratinha teve que pedir para que fizesse
mais duas vezes antes que ela conseguisse ouvi-lo.
-Ah, que maravilha! Com este barulhinho eu posso dormir a noite inteirinha.
O senhor seu ratinho será o meu marido. Já está decidido.
E assim toda a floresta começou a organizar a grande festa.
E já era a hora do seu Ratinho ir pro altar quando a tal feijoada começou a
cheirar. E o cheiro de toicinho era tão gostoso que o ratinho não se segurou.
Aproveitou que as cozinheiras tinham ido assistir ao casamento e deu uma corrida
bem rapidinha na cozinha, para sentir de perto aquele suculento cheiro. E subiu na
beirada do fogão e abriu a panela pra melhor cheirar e resolveu roubar só um
toicinho, que ninguém ia notar. Mas quando se debruçou pra pegar, acabou
perdendo o equilíbrio e poft. A tragédia estava armada. Com o casamento todo
pronto perdeu-se o noivo e a feijoada.
Na verdade não muito. Quer dizer, no começo ela ficou muito triste e chorou
até cansar, afinal onde já se viu, ficar viúva antes mesmo de se casar. Mas depois
ela pensou bem e concluiu que tinha sido o melhor. Ter um marido que gostava
menos dela do que de feijoada, no fim ia ser a maior roubada. E assim ela decidiu
aproveitar sua moeda de ouro viajando pelo mundo. E não é que em suas viagens
ela conheceu o senhor Baratão? Pois foi o que aconteceu. E mesmo sem ter mais
a moeda os dois se apaixonaram e se casaram. E até hoje a dona Baratinha vive
muito feliz na sua casa ajeitadinha e cheia de baratinhas bem limpinhas…
FIM