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revisão integrativa
1
Acadêmica de Odontologia, Universidade Estadual de Montes Claros/UNIMONTES, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail:
isabelle.ramalho@hotmail.com
2
Enfermeiro, Especialista em Saúde da Família e Didática e Metodologia do Ensino Superior, Universidade Estadual de
Montes Claros/UNIMONTES, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: patrick_mocesp70@hotmail.com
3
Enfermeiro, Mestre em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/ENSP/FIOCRUZ, Rio de Janeiro
(RJ), Brasil. E-mail: aguiar.wilson@gmail.com
4
Enfermeira, Mestre e Doutoranda em Enfermagem, Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual
de Montes Claros/UNIMONTES, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: renatapfonseca@yahoo.com.br
5
Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde, Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de
Montes Claros/UNIMONTES, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: simonegts28@yahoo.com.br
6
Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde, Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de
Montes Claros/UNIMONTES, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: valdira_oliver@hotmail.com
RESUMO
Introdução: como em muitas outras áreas, o Brasil apresenta enormes disparidades nas estatísticas de doações e
transplantes de órgãos. Enquanto alguns estados há anos alcançam números comparáveis aos melhores no mundo, outros
chegam ao final do ano sem realizar um transplante sequer. Objetivo: identificar os principais indicadores de resultado do
processo de doação e transplantes de órgãos no Brasil. Método: trata-se de um estudo de natureza descritiva do tipo revisão
integrativa da literatura realizada na rede da Biblioteca Virtual da Saúde. Foram utilizados os descritores: bioética;
transplante de órgãos; família e; obtenção de tecidos e órgãos. Resultados: estudos levantados descrevem o ato de doação
de órgãos relacionando-o ao estado emocional e familiar; os aspectos geradores de sofrimento e alívio no processo da
aceitação do ente querido ter falecido e a possibilidade da doação dos seus órgãos; os conflitos de interesses profissionais e
a abordagem aos familiares; os fatores facilitadores e os impeditivos para doação de órgãos. Considerações finais: é
primordial ressaltar a responsabilidade e a compreensão de que, eticamente, doar é uma opção generosa, um gesto de amor
para com o próximo, que expressa solidariedade humana.
Palavras-chave: Bioética. Família. Transplante de órgãos.
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Tabela 1 – Distribuição dos artigos encontrados e selecionados Base de dados da Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS).
Base de dados Publicações encontradas Publicações excluídas Publicações selecionadas
SciELO 11 06 05
Lilacs 13 12 01
BDEnf 06 04 02
Total 30 22 08
Fonte: Pesquisa Unimontes, Montes Claros/MG; 2014.
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Tabela 2 – Distribuição dos artigos selecionados segundo título, periódico, local, autor(es), ano, objetivo(s), metodologia e conclusões (2005-2013). Montes
Claros (MG), 2014.
no Título Periódico Local Autor (Ano) Objetivo Metodologia Conclusões/Considerações finais
Descrever as
A doação de órgãos é um ato complexo que
Bioética e doação questões éticas que
gira em torno da revelação da morte cerebral
de órgãos no poça influenciar
Pessalacia, Artigo original do cliente aos familiares até o ato da
Brasil: aspectos Revista nas taxas de
1 Brasília Cortes e de análise retirada. Sendo regularizado por leis.
éticos abordagem Bioética consentimento de
Ottoni (2011) descritiva. Verifica-se um grau de dificuldade em
à família do familiares em
aceitação a morte para assim a ação de doar
potencial doador. relação à doação
órgãos e tecidos do falecido.
de órgãos.
Objetiva tecer
O tema, transplantes de órgãos, certamente,
considerações
Doação de órgãos tem características que o diferenciam de
teóricas sobre Artigo de
e tecidos: relação Acta Paulista qualquer outra questão de saúde. Assim,
São Roza et al. doação de órgãos e revisão de
2 com o corpo em de verifica-se que a taxa de doação depende de
Paulo (2010) tecidos e sua análise
nossa Enfermagem um olhar ampliado além das questões
relação com o descritiva.
Sociedade. técnicas do processo de doação de órgãos e
corpo em nossa
tecidos.
sociedade.
Discorrer sobre os
conflitos éticos no Os profissionais que vivenciam os conflitos
Doação de órgãos processo de existenciais e morais no processo de doação
Artigo de
para transplante: doação de órgão de órgãos necessitam resignificar o sentido
O Mundo da São revisão de
3 conflitos éticos Lima (2012) para transplante a do seu trabalho, por meio de um processo de
Saúde Paulo análise
na percepção do partir da autoconhecimento para saber lidar com o
descritiva.
profissional perspectiva do significado da morte, sofrimento e a dor da
profissional perda.
enfermeiro.
O anencéfalo Descrever sobre a As possibilidades éticas de se usar o
como doador de Revista possibilidade do Artigo original anencéfalo como fonte de órgãos e tecidos
4 órgãos e tecidos Brasileira de Recife Rocha (2010) uso de órgãos e de análise para transplante são tão restritas que acabam
para transplantes: Saúde Materna tecidos de descritiva. por desestimular as pesquisas científicas e a
possibilidades portadores de ocorrência de doações neste sentido, algo
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legais, morais e anencefalia, que tem despertado sua revisão na tentativa
práticas. ressaltando os de produzir reconsiderações liberais.
aspectos morais
legais e práticos.
Avaliar o desafio
médico, jurídico e
ético conferido
Verifica-se que enquanto se espera a
pela anencefalia ao
satisfação dos critérios de morte do tronco
Crianças debate sobre a
Artigo de cerebral, não se consegue obter órgãos que
anencefálicas e utilização de
Carvalho e revisão de sejam viáveis para transplantes, mesmo com
doações de Saúde, Ética & São órgãos
5 Miziara análise suporte de terapia intensiva. Cientes de que
órgãos: questões Justiça. Paulo provenientes de
(2012) descritivo- toda problemática apontada não será
legais e éticas no neonatos
exploratória facilmente solucionada, apenas tenta-se, a
Brasil anencéfalos para
partir da dissertação, contribuir para o
fins de transplante
debate em torno de tal tópico.
sob o ponto de
vista bioético no
Brasil.
Desvelar a
Processo de
percepção de
doação de Artigo original Revelou-se que o processo de doação
Revista familiares de
órgãos: Santos e de análise inicia-se com a internação do paciente e
Latino- São doadores
6 percepção de Massarollo qualitativa- termina somente com o sepultamento do
Americana de Paulo cadáveres sobre o
familiares de (2005) fenomenológic mesmo, sendo considerado burocrático,
Enfermagem processo de
doadores a demorado, desgastante e cansativo.
doação de órgãos
cadáveres
para transplante.
A ótica dos adolescentes, a doação de órgãos
.Doação de Revista
Conhecer a Artigo original é necessária e eles desejam contribuir,
órgãos: Brasileira de
Monteiro et perspectiva dos de análise porém seus conhecimentos são inadequados.
7 compreensão na Saúde Recife
al. (2011) adolescentes sobre descritivo- Há necessidade de informações sistemáticas
perspectiva de Materno-
doação de órgãos exploratório e precisas para tornar realidade seu desejo
adolescentes Infantil
em doar órgãos e salvar vidas.
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Avaliar a força de
Seria importante que o transplante fosse
músculos
realizado precocemente – antes das
Força muscular e respiratórios e de
Artigo original manifestações da doença, o que dificulta o
mortalidade na Revista mão em pacientes
São Carvalho et de análise prognóstico. Existem muitos estudos
8 lista de espera de Brasileira de na lista de espera
Paulo al. (2009) descritivo- abrangendo prognóstico, estado nutricional,
transplante de Fisioterapia para o transplante
exploratória terapêuticas nutricionais pré-transplante e
fígado de fígado e
sobrevida, mas que, devido à escassez de
associá-los a
órgãos, proporcionam infinitas discussões.
mortalidade.
Fonte: Base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO considera a assistência prestada durante a
internação do paciente satisfatória, quando
Todos os oitos artigos selecionadas observa que o atendimento é adequado e que
atenderam aos critérios de inclusão e estão os profissionais estão empenhados no
assim distribuídos: cinco na base SciELO; um tratamento.
na Lilacs e dois na BDEnf. A Tabela 2 Imediatamente após a constatação da
apresenta os artigos selecionados, segundo morte do paciente, um profissional informa
título, periódico, local, autor(es), ano, sobre a possibilidade da doação de órgãos,
objetivo(s), metodologia e conclusões do averigua o conhecimento e o preparo da
estudo no período de 2008 a 2012. No ano de família sobre a questão, explica o processo de
2010, 2011 e 2012 houve maior número de doação e aconselha que os familiares sejam
publicações (n=6), seguido de uma em 2009 e consultados para a tomada de decisão. Um
o mesmo número em 2005. Quanto ao dos motivos que contribui para a dificuldade
objetivo das publicações, os autores na compreensão e/ou não aceitação do
buscaram, em sua maioria, descrever o ato de diagnóstico de morte encefálica advém do
doação de órgãos relacionados ao estado fato do paciente apresentar batimentos
emocional familiar; os aspectos geradores de cardíacos, movimentos respiratórios e
sofrimento e prazer no processo da aceitação temperatura corpórea. A família não percebe o
do ente querido ter falecido e a possibilidade paciente como morto e crê na possibilidade de
da doação dos seus órgãos; os conflitos de reversão do quadro. Essa esperança,
interesses profissionais e a abordagem aos largamente alimentada por narrativas de
familiares; os fatores facilitadores e os história oral bem como por filmes e novelas,
impeditivos para doação de órgãos. torna-se ainda mais arraigada quando o
Os artigos selecionados revelaram que paciente é criança, cuja morte é mais difícil
as internações ocorrem de forma inesperada e conceber e aceitar.
decorrem, principalmente, de causas Um aspecto importante a ser
traumáticas, podendo decorrer, também, de considerado na definição de morte são as
doenças congênitas ou adquiridas. Com a várias nuances que envolvem todo o processo
internação, a família é informada da de morrer. É fato que familiares e pessoas
gravidade do quadro clínico e do risco de leigas questionam os critérios de definição de
morte do paciente. Antes mesmo da morte encefálica. Embora a mesma seja
informação médica, a família, muitas vezes, caracterizada como morte clínica, para os
percebe a seriedade da situação e a familiares ela só é evidenciada pela parada
proximidade da morte do paciente. A família cardiopulmonar. A morte individual do
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cérebro não faz com que os indivíduos a liberação do corpo, a família é informada
encarem como morte, pois o coração continua sobre a possibilidade de atrasos e
batendo e dá a impressão de que o indivíduo intercorrências na realização dos exames para
está apenas dormindo. Infelizmente, essa o diagnóstico de morte encefálica, sobre o
situação dificulta a distinção entre a vida e a tempo de cirurgia necessário para a extração
morte e provoca intensa emoção e ansiedade dos órgãos e sobre o encaminhamento do
para a família (PESSALACIA; CORTES; corpo ao Instituto Médico Legal (IML), nos
OTTONI, 2011). casos de morte traumática. Há famílias,
A assistência dispensada ao paciente e entretanto, que não consideram a liberação do
à família também influi na decisão quanto à corpo complicada, entendendo a demora
doação de órgãos. Estudo apontou como como normal e decorrente da burocracia
fatores determinantes para a doação de existente.
órgãos, pela família, questões socioculturais Embora a situação vivenciada seja
tais como: etnia, crenças religiosas, nível sofrida e estressante, não há arrependimento
socioeconômico e informação sobre a doação quanto à doação dos órgãos, havendo,
e transplantes, conhecimento do status de inclusive, a crença de que, se ocorrer
doador do morto, experiência prévia da novamente a situação, a família concordará
família com doação ou transplante bem como com a doação. São mencionados como fatores
e campanhas educacionais. Além destes dificultadores do processo de doação a não
fatores de cunho geral contribuem também compreensão do conceito de morte encefálica,
aqueles mais relacionados aos profissionais e o aspecto religioso envolvido e a demora na
à forma como é prestado o serviço: liberação do corpo pelo IML (SANTOS;
credibilidade no sistema de transplante e MASSAROLLO, 2005).
distribuição de órgãos; grau de satisfação com Segundo as diretrizes básicas para a
o atendimento médico e com as explicações captação e retirada de múltiplos órgãos e
acerca da morte encefálica; condições e tecidos da Associação Brasileira de
momento de abordagem da família; grau de Transplante de Órgãos (ABTO), o sucesso da
treinamento do entrevistador; explicações entrevista familiar depende basicamente de
sobre custos e funeral e; legislação de três fatores: predisposição à doação,
consentimento presumido (SANTOS; qualidade do atendimento hospitalar recebido,
MASSAROLLO, 2005). habilidade e conhecimento do entrevistador
Não há como negar que o processo de (BRASIL, 2009). Além do disso, destaca-se
doação é burocrático, desorganizado, ainda que as condições para a entrevista
demorado, desgastante e cansativo. Quanto à familiar envolvam vasta compreensão, por
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parte do entrevistador, da situação que a nos indivíduos que a vivenciam e naqueles
família está vivenciando, na qual, em período que estão à sua volta intensas reações
difícil como o luto, terá que decidir pela emocionais. Morrer é um processo inexorável,
doação dos órgãos de seu ente querido ciente que expõe a nossa condição humana de
de que a mesma poderá repercutir em nova vulnerabilidade e caracteriza tanto o que
vida para outro indivíduo. Outras condições temos de universal quanto o que nos é
importantes da entrevista envolvem a singular. Atualmente, encara-se o morrer
conversa com o médico que assistiu ao como um processo construído socialmente,
paciente, a identificação da melhor pessoa que não se distingue das outras dimensões do
para oferecer a opção de doação e, ainda, universo das relações sociais. Sendo assim,
ambiente tranquilo e confortável. está presente em nosso cotidiano e,
A família deve também saber que a independente de suas causas ou formas, seu
responsabilidade não precisa ser dada no grande palco continua sendo os hospitais e
exato momento da entrevista, que pode se instituições de saúde. Por isso, a morte ainda
reunir e discutir o assunto a fim de obter a pode ser considerada como algo
melhor decisão. Essa decisão deve ser institucionalizado e medicalizado,
respeitada, seja qual for. Não é recomendável principalmente hoje, quando os hospitais
tentar convencer os familiares sobre o bem da possuem aparelhos com alta tecnologia que
doação ou tentar influenciá-los com permitem a manutenção do corpo do paciente
argumentos religiosos ou morais. Expor em funcionamento, independentemente da
estatísticas não apresenta qualquer validade condição de qualidade de vida.
neste momento. O entrevistador deve explicar No Brasil, o termo morte encefálica
que alguns órgãos podem não ser doados e foi oficialmente aceito a partir da publicação
orientar que a decisão de doação pode ser da Resolução 1.346/91 do Conselho Federal
revogada a qualquer momento, mesmo após a de Medicina (CFM), atualizada pela
assinatura do termo de consentimento. A Resolução 1.480/97, que propõe uma mescla
literatura registra que explicar pontos de protocolos, destacando-se como critérios
específicos pode estar associado a maior taxa clínicos o coma profundo não reativo e
de consentimento, aspecto também imperceptível, apneia, midríase paralítica
relacionado ao tempo que o entrevistador bilateral e o reflexo óculo motor ausente.
passa com a família (ROZA et al., 2012; Esses parâmetros devem ser mantidos
BRASIL, 2009). inalterados por período superior a seis horas,
A morte é um consentimento biológico além da obrigatoriedade da realização de
que encerra uma vida, sendo capaz de suscitar testes de confirmação. Só então poderá
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considerar o indivíduo como potencial doador Esta visão precisa ser parte integrante
de órgãos e tecidos (BRASIL, 1997). de quem sonha ter neste processo a certeza de
Segundo preconiza esta resolução, o desenvolver um trabalho justo e benéfico à
potencial doador deverá ser submetido a uma comunidade. Além da priorização no contexto
avaliação clínica e a um exame complementar sanitário brasileiro, um dos compromissos
por dois médicos não participantes das que se deve esperar do Estado é o
equipes de transplante, e pelo menos um deles estabelecimento de uma legislação adequada,
deverá ser neurologista, neurocirurgião ou acompanhada de infraestrutura sanitária
neuropediatra com título de especialista pertinente que estimule e facilite o controle de
devidamente registrado. Portanto, a morte todo o conjunto de um novo Sistema Nacional
encefálica pode ser caracterizada pela perda de Transplante. Desse modo, o grande desafio
definitiva e irreversível das funções do para o profissional que trabalha com captação
encéfalo (hemisférios cerebrais e tronco de órgãos e tecidos é ter competência ética,
cerebral), de causa conhecida e determinada para garantir a melhoria contínua desse
de forma inequívoca, sendo que a processo, dando ênfase à comunicação
especificidade do diagnóstico deve ser de adequada entre a equipe e os familiares, além
100% (BRASIL, 1997). de investir em processos de trabalho que
A possibilidade de alegrar pessoas que identifiquem questões cotidianas que tornam a
esperam por um transplante, mediante doação assistência prestada impessoal e rude. Por
de órgãos, consola e recompensa a família, fim, incorporar nas campanhas de doação de
embora a dor não termine. Há a manifestação órgãos e tecidos, familiares de doadores
do desejo da família de ajudar a incentivar a falecidos e suas experiências (ROZA et al.,
doação para possibilitar que aqueles que 2010).
necessitam de um transplante continuem a
viver (CARVALHO; MIZIARA, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS
Adicionalmente, percebe-se que o aumento da
taxa de doadores depende de um olhar que A alocação dos órgãos para transplante
extrapole as questões técnicas do processo de deve ser feita em dois estágios, o primeiro
doação de órgãos e tecidos. Vários países deve ser realizado pela própria equipe de
trabalham sistematicamente nesse processo, saúde, contemplando os critérios de
há longo tempo, incorporando a abordagem elegibilidade, de probabilidade de sucesso e
social e a perspectiva ética, baseadas no de progresso à ciência, visando à beneficência
voluntarismo das famílias e no respeito ao ampla. O segundo estágio, a ser realizada por
direito de autonomia dos potenciais doadores. um Comitê de Bioética, pode utilizar os
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critérios de igualdade de acesso, das Transplante de Órgãos. Diretrizes básicas
probabilidades estatísticas envolvidas no caso, para captação e retirada de múltiplos
da necessidade de tratamento futuro, do valor órgãos e tecidos da associação brasileira de
social do indivíduo receptor, da dependência transplante de órgãos. São Paulo (SP):
de outras pessoas, entre outros critérios. ABTO; 2009.
Para a Equipe de Saúde trabalhar com
o transplante de órgãos deve ser, e é BRASIL. Conselho Federal de Medicina.
considerado gratificante, além de poder ajudar Resolução CFM nº. 1.480/1997. Dispõe
a salvar vidas o mesmo proporciona maiores sobre a retirada de órgãos, tecidos e partes do
oportunidades no campo de trabalho e corpo humano para fins de transplante e
desenvolvimento profissional aumentando seu tratamento. Brasília: CFM; 1997.
conhecimento e tendo uma melhor interação
com a família do potencial doador. Contudo, é CAMPOS, H. H. Aumento do número de
primordial ressaltar a responsabilidade de transplantes e da doação de órgãos e
fortalecer a compreensão de que eticamente, tecidos: processo de construção coletiva.
doar é uma opção generosa, um gesto de amor São Paulo (SP): Associação Brasileira de
para com o próximo, e uma expressão de Transplante de Órgãos (ABTO); 2001.
solidariedade humana.
Perante o exposto, a Bioética torna-se CARVALHO, F. I.; MIZIARA, C. S. M. G.
indispensável ao ser humano nos dias atuais, Crianças anencefálicas e doações de órgãos:
devido aos constantes e acelerados avanços da questões legais e éticas no Brasil. Saúde,
Biociência, necessitando contar com uma Ética & Justiça. São Paulo (SP), v. 17, n. 1,
presença maior da sociedade, para a p. 3-11, 2012.
promoção da reflexão em torno do transplante
de órgãos e tecidos, através da qual cada CARVALHO, E. M. et al. Força muscular e
pessoa poderá estabelecer uma postura frente mortalidade na lista de espera de transplante
a esta problemática contribuindo para mais de fígado. Revista Brasileira de
estudos e discussões entre a população Fisioterapia. São Paulo (SP), v. 12, n. 3, p.
científica, e sociedade para um conhecimento 235-240, 2008.
mais aprofundado sobre esses aspectos.
DINIZ, D.; GUILHEM, D. O que é bioética?
REFERÊNCIAS São Paulo (SP): Brasiliense; 2002.
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transplante: conflitos éticos na percepção do Revista Brasileira de Saúde Materno-
profissional. O Mundo da Saúde. São Paulo Infantil. Recife (PE), v. 10, Supl. 2, p. 297-
(SP), v. 36, n. 1, p. 27-33, 2012. 302, 2010.
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