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APLICAÇÃO DIRETA DA RADIAÇÃO SOLAR CONCENTRADA EM FORNOS E

CÂMARAS DE PROCESSO: DESENVOLVIMENTOS RECENTES E


TENDÊNCIAS FUTURAS

Rosa L.G.*, Rosa N.F.

*IDMEC, Dep. Eng. Mecânica, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa,


Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal, luisguerra@tecnico.ulisboa.pt

RESUMO

Considerando as publicações existentes na base de dados Web of Science™ Core Collection


para o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017, este trabalho fornece uma visão sobre
as aplicações mais recentes dos denominados “fornos solares”, “câmaras de processo” e
respetivos acessórios que são usados em processos físicos e químicos que exijam a obtenção
de altas (>400°C) e muito altas (>1500°C) temperaturas. São também apresentados dois
exemplos de atividades realizadas na Universidade de Lisboa: 1) desenvolvimento de
técnicas de aquecimento indireto para utilização em fornos solares, com o objetivo de
melhorar as condições de homogeneidade da temperatura que são imprescindíveis para o
adequado processamento de materiais; 2) conceção de novos sistemas-modulares, práticos e
flexíveis, para captação, concentração, controle e condução da radiação solar.

PALAVRAS CHAVE: Fornos Solares, Energia Solar Concentrada, Calor Solar

ABSTRACT

Considering the published works available at Web of Science™ Core Collection for the
period from January 2008 till December 2017, this paper provides a vision of recent
applications of the so-called “solar furnaces”, reactors or process chambers and
corresponding accessories, used for physical and chemical processes requiring high (>400°C)
and very high (>1500°C) temperatures. Two examples of research activities carried out at the
University of Lisbon are also presented: 1) development of indirect heating techniques to
improve the temperature homogeneity conditions inside reaction chambers for materials
processing using solar furnaces; and 2) design of new modular systems, practical and flexible,
for capture, concentration, control and conduction of solar radiation.

KEYWORDS: Solar Furnaces, Concentrated Solar Power, Solar Heat


INTRODUÇÃO

Uma simples lente de Fresnel disponível no mercado com dimensões de 1400×1050mm,


fabricada em vidro acrílico (PMMA), montada sobre um seguidor solar com orientação polar
permite concentrar a radiação num pequeno foco (ou área focal) com cerca de 8 a 10 mm de
diâmetro e assim se podem alcançar facilmente 1500°C ou mesmo mais, dependendo do
material que esteja a ser irradiado. Uma grande instalação (como, por exemplo, o famoso
forno de 1000 kW th do PROMES-CNRS em Font Romeu, França) pode permitir atingir
temperaturas de trabalho até cerca de 3400°C em maiores áreas irradiadas. Quer num, quer
noutro caso, as vantagens da aplicação direta da radiação solar sobre o alvo (material ou
estrutura) são fundamentalmente as seguintes: ‒ aquecimento muito rápido provocado no
alvo (pois a exposição à radiação concentrada consegue-se praticamente de modo quase
instantâneo); ‒ emprego de uma radiação de largo espectro i.e. de uma mistura de ondas
eletromagnéticas que vão desde os raios ultravioletas (comprimentos de onda entre 10 nm e
400 nm), incluem o espectro eletromagnético visível, e também a radiação infravermelha
(comprimentos de onda entre 700 nm e 1 mm). Em contrapartida, existem dificuldades
inerentes à manipulação da radiação solar concentrada, que derivam principalmente do facto
de: i) a radiação depende das condições atmosféricas (especialmente se existirem nuvens),
da hora solar, e da latitude do local; ii) a radiação ao ser concentrada adquire características
praticamente unidirecionais pelo que os objetos-alvo são geralmente irradiados/aquecidos
numa única direção (ao contrário do que acontece na generalidade dos fornos industriais,
sejam eles fornos de combustão, micro-ondas, elétricos, ou até fornos óticos que usam outras
fontes de radiação que não a radiação solar). Acresce que o fluxo de radiação que chega ao
alvo localizado na zona focal tem teoricamente uma distribuição não-homogénea com um
perfil que na prática também depende das aberrações óticas.

Usando na análise presente apenas as publicações existentes na base de dados Web of


Science™ Core Collection para o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017 (últimos
10 anos já completados) pretendemos mostrar quais têm sido as aplicações mais recentes dos
denominados “fornos solares”, e respetivos acessórios que são usados para a realização de
estudos físicos e químicos. O objetivo é fornecer uma visão, tão global quanto possível, sobre
progressos recentes relacionados com equipamentos e instalações que usam ou simulam a
radiação solar de alta e muito alta concentração para obtenção de altas (> 400°C) e muito
altas (> 1500°C) temperaturas.

ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA

A Fig. 1 é um print screen que revela o modo como a pesquisa bibliográfica foi iniciada.
Usando a base de dados Web of Science™ Core Collection, a pesquisa foi iniciada através
de uma advanced search (pesquisa avançada), empregando field tags, operadores booleanos
e parêntesis, realizando query sets (conjuntos de consultas) de modo a restringir a pesquisa
aos assuntos que interessa analisar. Cada advanced search incidiu sobre um ano específico,
começando com PY = ano de publicação = 2017 e terminando com PY = 2008. Além do field
tag PY = ano de publicação, usaram-se outros field tags tais como: TS = tópico; TI = título;
e SU = área de investigação (research area). Foi decidido não considerar as publicações que
tivessem como objetivo principal a produção de energia elétrica por via solar-térmica; assim
como por via fotovoltaica. Também não foram consideradas as publicações dedicadas aos
processos de dessalinização, bem como todos os trabalhos cujo objetivo incide na obtenção
ou desenvolvimento de sistemas de armazenagem de calor (thermal storage, em inglês)
nomeadamente através de banhos de sais fundidos (molten salts).

Fig. 1. Print screen do computador quando se conduz uma “WEB OF


SCIENCE™ Advanced Search”.

A Tabela 1 indica o número de publicações obtidas através das consultas efetuadas por meio
da WEB OF SCIENCE™ Advanced Search para cada um dos anos (de 2008 até 2017). Após
a seleção primária, i.e. exclusivamente feita pelo computador, procedeu-se à análise de cada
uma das publicações de modo a selecionar apenas aquelas que de facto abordam a temática
em consideração. Esta análise é essencial pois a seleção feita pelo computador é apenas uma
primeira etapa.

Tabela 1. Publicações na base de dados Tabela 2. Publicações por países


Web of Science™ Core Collection em considerando as 191 publicações da
31-3-2018. seleção secundária.
Número de publicações %
Países nº
em 191
Seleção
Seleção USA 45 23,6
pelo
Ano Secundária França 36 18,9
computador
(Final) Espanha 29 15,2
(Primária)
2008 87 20 Suíça 18 9,4
2009 149 19 China 16 8,4
2010 145 15 Portugal 15 7,9
2011 169 19 Itália 13 6,8
2012 234 21 Alemanha 9 4,7
2013 225 15 Japão 8 4,2
2014 370 24 Ucrânia; Uzbequistão 6 3,1
2015 349 31 Austrália; México 5 2,6
2016 375 15 Áustria; Roménia 4 2,1
2017 411 12 Inglaterra; Grécia; India;
Total 2514 191 Israel; Rússia; Qatar; 3 1,6
Coreia do Sul
Chama-se a atenção para o facto da Tabela 1 considerar as publicações referentes ao período
desde janeiro de 2008 a dezembro de 2017 (últimos 10 anos já completados) que estavam
inseridas na base de dados Web of Science™ Core Collection até ao dia 31 de março de 2018.
É notório que o número de publicações que abordam temas no âmbito da radiação solar e
suas aplicações aumenta de uma forma gradual no decénio em análise (ver gráfico referente
à seleção primária na Fig. 2). No entanto, o número de publicações dedicadas à aplicação
direta da radiação solar concentrada em fornos, dispositivos e câmaras de processo, para
obtenção de altas e muito altas temperaturas, representa apenas uma pequena parcela: a
correspondente à seleção secundária. Assim, das 2514 publicações encontradas através da
seleção primária no decénio entre 2008 e 2017 apenas 191 satisfazem os requisitos da seleção
secundária.

400 55
Nº de Publicações

200
144

ARTICLES (144)
0
PROCEEDINGS PAPERS (55)

REVIEWS (2)

Seleção Primária Seleção Secundária EDITORIAL MATERIAL (1)

Fig. 2. Seleções primária e secundária. Fig. 3. Tipos de publicações.

Artigos em Revistas versus Atas de Conferências; Principais Revistas e Países Envolvidos

Considerando as 191 publicações selecionadas por abordarem assuntos na temática aqui


proposta, a Tabela 2 mostra o número de publicações por país(es) de afiliação/morada dos
autores, tendo-se usado como limiar mínimo para inclusão na tabela um número de 3 artigos
publicados durante o decénio.

Nas 191 publicações selecionadas verifica-se que 144 delas são consideradas “artigos”
publicados em periódicos; 2 são “revisões” (também publicadas em periódicos); e 1 é
considerado um editorial (Robinson e Wu, 2013). Teoricamente sobrariam 191 – (144+2+1)
= 44 publicações que teriam sido publicadas apenas em atas de conferências (proceedings
paper). Acontece que (entre as 191 publicações) 11 delas foram publicadas não só como
proceedings paper mas também como “artigo” em periódico. Deste modo, o número total de
publicações que têm a classificação de proceedings paper é 44+11 = 55 (ver Fig. 3).

A Tabela 3 mostra os nomes dos principais periódicos onde os artigos foram publicados,
considerando como critério para inclusão na tabela um número mínimo de 3 artigos
publicados durante o decénio.
Tabela 3. Lista das principais revistas no decénio 2008-2017.
Nº de %
Revista (Publisher)
artigos em 144
Solar Energy (Elsevier) 19 13,2
Journal of Solar Energy Engineering (ASME) 15 10,4
Energy Procedia (Elsevier) 9 6,3
Solar Energy Materials & Solar Cells (Elsevier) 7 4,9
Applied Thermal Engineering (Elsevier) 6 4,2
Materials Transactions (Japan Inst. Metals) 6 4,2
Proceedings of SPIE (Soc. of Photo-Optical Instrumentation Engineers) 6 4,2
Applied Energy (Elsevier) 4 2,8
Journal of Materials Science (Springer) 4 2,8
Metalurgia International (Editura Stiintifica FMR, Romania) 4 2,8
Applied Surface Science (Elsevier) 3 2,1
Journal of Materials Processing Technology (Elsevier) 3 2,1
Optics Express (Optical Soc. Amer.) 3 2,1
Refractories and Industrial Ceramics (Springer) 3 2,1

Tópicos de Investigação mais Inovadores

Dos dois trabalhos de revisão publicados durante o decénio 2008-2017, destacamos o de


Alonso et alt. (2017) que analisa a tecnologia dos fornos rotativos (rotary kilns) e a sua
utilização em processos térmicos e termoquímicos conduzidos com radiação solar
concentrada. Ao analisar modelos e protótipos de fornos solares rotativos, o trabalho aponta
também as atuais limitações.

O outro trabalho de revisão (Ho, 2016) revela a preocupação da comunidade técnico-


científica em encontrar formas mais eficientes de gerar altas temperaturas e de as controlar
devidamente. Se bem que o objetivo de muitos dos estudos seja a produção de energia elétrica
através de concentração solar num recetor localizado numa torre central (concentração em
central tower), a utilização de recetores avançados do tipo leito-fluidizado ou de partículas
sólidas móveis (falling particle receivers) pode contribuir para a evolução de tecnologias
úteis para outros tipos de processos industriais em que se necessitem de temperaturas
superiores a 1000ºC.

Em termos de desenvolvimento de câmaras de processo salientam-se os estudos e os projetos


levados a cabo por grupos sediados na Suíça, e em particular os relativos à dissociação
térmica do ZnO. O objetivo é realizar um ciclo redox em duas etapas: (1) a dissociação
endotérmica do ZnO originando Zn e O 2 acima de 2000 K usando a radiação solar
concentrada; e (2) a subsequente oxidação do Zn com H 2 O/CO 2 de modo a obter H 2 /CO
(Villasmil et alt. 2017). Outro tipo de trabalhos verdadeiramente inovadores envolve estudos
sobre a viabilidade de utilização da radiação solar concentrada para gerar calor para a
produção/fusão de vidro, tendo neste caso os estudos sido realizados com um simulador solar
de alto fluxo (Ahrnad et alt. 2014).

Nos Estados Unidos da América (USA) e ao longo dos últimos dez anos, os estudos têm
incidido sobre variados temas, sendo de salientar os trabalhos pioneiros que recorrem à
utilização de cabos de fibras óticas para a condução da radiação solar concentrada
(Nakamura, 2009; Nakamura e Smith, 2011; Nakamura et alt. 2015). Também noutros países
se estão usando feixes de fibras óticas para manipulação e controlo da radiação solar
concentrada, como por exemplo na Inglaterra (Henshall e Palmer, 2016) e na Austrália
(Alwahabi et alt. 2016).

ATIVIDADES RECENTES REALIZADAS NA UNIVERSIDADE DE LISBOA

Como exemplos da procura de soluções para o desenvolvimento de tecnologia para a


utilização da radiação solar concentrada em processos industriais que requeiram a obtenção
de altas (>400°C) e muito altas (>1500°C) temperaturas, apresentamos duas atividades
realizadas recentemente na Universidade de Lisboa:

Desenvolvimento de Técnicas de Aquecimento Indireto

Para a maioria das operações de processamento de materiais à escala industrial (por exemplo,
cozedura de cerâmicos, tratamento térmico de peças metálicas, fornos de fusão de vidro,
fornos de calcinação, etc.) é imprescindível garantir condições de controlo e de uniformidade
ou homogeneidade da temperatura. Assim, em trabalhos de cariz inovador (Li et alt. 2015;
Oliveira et alt. 2016) foram dados alguns contributos para o possível desenvolvimento de
técnicas de aquecimento indireto utilizáveis em fornos solares, com o objetivo de melhorar
as condições de uniformidade ou homogeneidade da temperatura. Estudaram-se diferentes
configurações e usaram-se discos de grafite aquecidos a 1400ºC, ensaiados em vácuo ou em
atmosfera de árgon (Oliveira et alt. 2016). Também se usaram outros materiais como
recetores, nomeadamente aço inox AISI 310 e um material de muita alta refratariedade: o
dissilicieto de molibdénio MoSi 2 (Li et alt. 2015).

Fig. 4. Montagem experimental para aquecimento indireto (foto à esquerda) e seu


posicionamento no interior de uma câmara pronta para ser irradiada (foto à direita).

Novo Sistema para Captação, Concentração, Controle e Condução da Radiação Solar

A Fig. 5 mostra um desenho (realizado em CAD) de um sistema do tipo modular idealizado


para captar, concentrar, controlar e conduzir radiação solar. O sistema apresentado é
constituído por duas lentes de Fresnel, montadas lado a lado numa estrutura. Cada lente de
Fresnel tem no seu foco um captador/recetor da radiação de modo que a radiação captada
pela lente possa ser transmitida por um feixe/cabo de fibras óticas. Havendo duas lentes
haverá dois feixes/cabos de fibras óticas os quais podem conduzir a radiação concentrada até
ao local ou locais onde a mesma é necessária. Como os cabos/feixes de fibra ótica são
flexíveis a radiação concentrada captada pode depois incidir sobre o objeto-alvo vinda de
várias direções, eliminando-se assim o problema da unidirecionalidade típica dos recetores
solares tradicionais. A estrutura deve ter a capacidade de acompanhar o movimento da Terra
em relação ao Sol; devendo possuir a estabilidade necessária para manter o ponto focal na
entrada do feixe de fibras óticas e para resistir a condições climatéricas adversas. Por cima
de cada lente de Fresnel está colocado um atenuador (shutter) constituído por lâminas
paralelas (persianas muito leves) acionadas por um motor elétrico (que pode ser alimentado
por energia fotovoltaica). Este sistema de persianas pode ser controlado online usando
técnicas de controle adaptativo. O movimento rápido das persianas permite, de acordo com
as necessidades, ajustar o fluxo de radiação que o cabo de fibras óticas transmitirá.

Fig. 5. Desenho de um protótipo (com 2 lentes de Fresnel e 2 cabos de fibra ótica)


destinado a captar, concentrar, controlar e conduzir radiação solar.

COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES

Considerando as publicações disponíveis na Web of Science™ Core Collection (uma base


de dados prestigiada) referentes ao período de 10 anos compreendido entre janeiro de 2008 e
dezembro de 2017, conclui-se que a utilização da radiação solar concentrada para fins de
obtenção de altas (> 400°C) e muito altas (> 1500°C) temperaturas se carateriza por uma
baixa percentagem de publicação, comparativamente aos outros tópicos da energia solar. A
análise bibliográfica efetuada permite identificar os principais tipos de estudos levados a cabo
e a sua finalidade; bem como identificar quais têm sido os principais protagonistas:
instituições e países onde os estudos se realizaram; assim como as principais revistas
científicas onde esta temática tem sido divulgada.

Em face das limitações das atuais tecnologias e das dificuldades inerentes à manipulação da
radiação solar concentrada para geração de calor aplicável a fornos industriais, novas ideias
e novos caminhos estão a ser explorados. Em nossa opinião, tal passa pela conceção e
desenvolvimento de novos sistemas-modulares, práticos e flexíveis, para captação,
concentração, controle e condução da radiação solar recorrendo à utilização de cabos de
fibras óticas.

AGRADECIMENTOS
Este trabalho beneficiou do apoio financeiro da União Europeia através do SFERA-II EC
Grant Agreement 312643 e da participação no projeto INSHIP (Integrating National
Research Agendas on Solar Heat for Industrial Processes) www.inship.eu.

REFERÊNCIAS
Ahrnad S.Q.S., Hand R.J., Wieckert C. (2014). Use of concentrated radiation for solar
powered glass melting experiments. Solar Energy 109, 174–182.
Alonso E., Gallo A., Roldan M.I., Perez-Rabago C.A., Fuentealba E. (2017). Use of rotary
kilns for solar thermal applications: Review of developed studies and analysis of their
potential. Solar Energy 144, 90–104.
Alwahabi Z.T., Kueh K.C.Y., Nathan G.J., Cannon S. (2016). Novel solid-state solar thermal
simulator supplying 30,000 suns by a fibre optical probe. Opt. Express 24 (22), A1444–
A1453.
Henshall P., Palmer P. (2016). Concentrator pointing control concept for fiber optic
augmented solar thermal propulsion systems. J. Spacecr. Rockets 53 (1) 230–245.
Ho C.K. (2016). A review of high-temperature particle receivers for concentrating solar
power. Appl. Therm. Eng. 109, 958–969.
Li B., Oliveira F.A.C., Rodriguez J., Fernandes J.C., Rosa L.G. (2015). Numerical and
experimental study on improving temperature uniformity of solar furnaces for materials
processing. Solar Energy 115, 95–108.
Nakamura T. (2009). Optical waveguide system for solar power applications in space. Proc.
SPIE 7423, doi: 10.1117/12.826255
Nakamura T., Smith B.K. (2011). Solar thermal system for lunar ISRU applications:
Development and field operation at Mauna Kea, HI. Proc. SPIE 8124, doi:
10.1117/12.892810
Nakamura T., Smith B.K., Irvin B.R. (2015). Optical waveguide solar power system for
material processing in space. J. Aerospace Eng. 28 (1), 04014051.
Oliveira F.A.C., Fernandes J.C., Rodriguez J., Canadas I., Galindo J., Rosa L.G. (2016).
Temperature uniformity improvement in a solar furnace by indirect heating. Solar Energy
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Robinson A.L., Wu C. (2013). Brewing fuels in a solar furnace. MRS Bull. 38 (3), 208–209.
Villasmil W., Cooper T., Koepf E., Meier A., Steinfeld A. (2017). Coupled concentrating
optics, heat transfer, and thermochemical modeling of a 100-kW(th) high-temperature solar
reactor for the thermal dissociation of ZnO. J. Sol. Energy Eng. 139 (2), 021015.

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