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Caderno de Laboratório

CEC1018
Fenômenos Físicos Aplicados à
Engenharia
Sumário

Aula 1 Metodologia: Relatórios e Normas de Laboratório.............................................................. 01


Aula 2 Teoria de Erros I: Algarismos Significativos, Arredondamentos e Incertezas.................... 05
Aula 3 Teoria de Erros II: Tratamento Estatístico de Medidas....................................................... 09
Aula 4 Aplicações da Teoria de Erros............................................................................................ 13
Aula 5 Instrumentos de Medidas I: Paquímetro............................................................................. 17
Aula 6 Instrumentos de Medidas II: Micrômetro............................................................................. 23
Aula 7 Gráficos I: Papel Milimetrado.............................................................................................. 29
Aula 8 Lei de Hooke....................................................................................................................... 37
Aula 9 Gráficos II: Papel Monolog.................................................................................................. 43
Aula 10 Gráficos III: Papel Dilog.................................................................................................... 49
Aula 11 Queda Livre........................................................................................................................ 55
Aula 12 Lançamento Oblíquo de um Projétil................................................................................... 59
Aula 13 Verificação Experimental da 2ª Lei de Newton.................................................................. 63
Aula 14 Equilíbrio I: Momento de um Força.................................................................................... 67
Aula 15 Equilíbrio II: Forças Coplanares......................................................................................... 71
Aula 16 Colisão Inelástica: Pêndulo Balístico................................................................................. 75
Aula 17 Movimento Harmônico Simples......................................................................................... 77
Aula 18 Pêndulo Físico................................................................................................................... 81
Aula 19 Lei de Resfriamento de Newton......................................................................................... 84
Aula 20 Pêndulo Simples................................................................................................................ 88
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Aula 1
Metodologia: Relatórios e Normas de Laboratório

1.1 Introdução

As práticas de laboratório representam um elemento complementar fundamental para a


disciplina Física Geral e Experimental 1, devendo merecer especial atenção em sua multiplicidade de
funções. Os experimentos foram estruturados de modo a abranger grande parte do programa teórico
dessa disciplina.

1.2 Cronograma

AULAS
01 Metodologia: Relatórios e Normas de Laboratório
02 Teoria de Erros I
03 Teoria de Erros II
04 Aplicação da Teoria de Erros
05 Instrumentos de Medidas I: Paquímetro
06 Instrumentos de Medidas II: Micrômetro
07 Construção de Gráficos I: Papel Milimetrado
08 Lei de Hooke
09 Construção de Gráficos II: Papel Logarítmico - Monolog
10 Construção de Gráficos III: Papel Logarítmico - Dilog
11 Corpos em Queda Livre
12 Lançamento Oblíquo de Projéteis
13 Leis de Newton: verificação experimental da 2ª lei de Newton
14 Equilíbrio I: Momento de uma Força
15 Equilíbrio II: Resultante de Forças Coplanares
16 Colisão Inelástica: Pêndulo Balístico
17 Movimento Harmônico Simples
18 Pêndulo Físico
18 Lei de Resfriamento de Newton
20 Pêndulo Simples

1.3 Relatório
Uma etapa importante no trabalho científico é a divulgação dos resultados obtidos. O relatório
deve ser o mais objetivo possível e conter as informações essenciais sobre o que foi feito, como foi
feito e os resultados obtidos. São apresentados a seguir os itens essenciais de um relatório
correspondente a uma prática de laboratório.
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a) CAPA DO RELATÓRIO – Deve conter: a) nome da instituição e departamento; b) título


da experiência; c) nome do aluno; c) turma de laboratório; e) data da realização da
experiência; f) nome do professor.

b) OBJETIVO (OU OBJETIVOS) – Descrição, de forma clara e sucinta, do(s) objetivo(s) a


ser(em) alcançado(s) no experimento.
c) INTRODUÇÃO – É a parte inicial do texto, em que o aluno expõe o assunto de forma
clara e sistemática, incluindo informações sobre a natureza e a importância do
experimento.

d) MATERIAIS UTILIZADOS – Descrição completa do material utilizado, dando suas


características principais e, se possível, um esboço gráfico das partes principais do
equipamento. As figuras devem conter números e legendas que as identifiquem.

e) PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS – Descrição, de forma objetiva, das etapas na


realização do experimento.

f) RESULTADOS – A apresentação dos resultados obtidos deve ser feita de forma objetiva,
exata, clara e lógica. Podem ser incluídas tabelas, desenhos, gráficos, mapas,
esquemas, modelos, fotografias, etc. Se possível, faça uma comparação entre os
resultados experimentais e os resultados teóricos, e caso exista discrepância entre eles,
faça comentários.

g) CONCLUSÕES – É a parte final do relatório, em que se apresentam, resumidamente, a


conclusão dos resultados obtidos, tendo em vista o objetivo do experimento.

h) REFERÊNCIAS – As referências constituem um conjunto de livros e/ou textos utilizados


na elaboração do relatório. As referências devem ser numeradas e conter os seguintes
elementos: autor, título, número de edição, editor e data, endereço eletrônico (se for o
caso). Exemplos:

Artigos:
Pires, M. G. S.; Rodrigues, P. H.; Sampaio, C. C. C.; Rodrigues, C. G. Measure of the
Sound Pressure Level in an Urban Center, Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, vol. 03,
pp. 263-266, 2002.

Livros:
Hallyday, D.; Resnick, R.; Walker, J. Fundamentos de Física, vol. 1, editora LTC, Rio de
Janeiro, 2003.

Sites: Coloque o nome do autor e o título do texto que foi retirado do site, o nome do site, e a
data em que o site foi acessado para a pesquisa.

Rodrigues, Clóves Gonçalves. Poluição Sonora. In: http://www.sbfisica.org.br/rbef/ojs/


index.php/rbef, acessado em 15 de fevereiro de 2013.

1.4 Formas de Avaliação


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Na composição das médias N1 e N2 da disciplina, a nota das atividades experimentais terá o


valor máximo de dois pontos (2,0). Todas as aulas de laboratório são avaliativas. A participação do
aluno na realização do experimento, a entrega do relatório, as atividades correspondentes aos
experimentos e o porte do material necessário (apostila de laboratório, calculadora, lápis, borracha,
etc.) serão considerados na avaliação. Não haverá reposição de práticas de laboratório. Os alunos
que faltarem à determinada prática de laboratório terão automaticamente nota zero naquele
experimento. No processo de avaliação será considerado para a nota, o número total de aulas
menos uma, ou seja, a nota mais baixa será desprezada. No entanto, não há abono de faltas.
Observação: antes de entregar as notas para o professor de teoria, o professor de laboratório
deverá apresentar e discutir essas notas com os alunos.

1.5 Normas de Laboratório


O laboratório é um lugar onde observações são feitas sob condições controladas, de forma que
os resultados podem ser reproduzidos. Portanto, na execução das experiências, os alunos devem
seguir certas normas. São elas:

a) Não é permitido o uso de apostilas dos semestres anteriores;

b) Chegar pontualmente à aula prática de laboratório (tolerância máxima de 15 minutos);

c) Ler atentamente as instruções relativas à sua experiência;

d) Começar a manipular o experimento somente após a autorização do professor;

e) Examinar os aparelhos que serão utilizados nas experiências, de modo a se familiarizar


com o seu funcionamento e leitura de suas escalas;

f) Nunca tocar com lápis ou caneta em escalas, instrumentos de medida, lentes etc.;

g) Nunca apertar de forma demasiada os parafusos que servem para imobilizar


temporariamente certas peças, e não forçar uma peça que não se mova com facilidade.
Deslocar suavemente as peças móveis;

h) Procurar executar cada medição com a maior precisão possível, pois disso depende o
correto resultado do experimento;

i) Anotar todas as explicações dadas pelo professor, pois essas notas serão úteis na
resolução das questões;

j) Elaborar o relatório com clareza, e sempre que necessário, ilustrá-lo com gráficos e
esquemas;

k) Levar para o laboratório o material didático necessário: apostila de laboratório,


calculadora, caneta, lápis ou lapiseira e régua. A apostila de laboratório está disponível
no site: http://labfisicapucgoias.blogspot.com.br/. Click em “Cadernos de Laboratório” =>
MAF2201-Física Geral e Experimental 1;

l) Em hipótese alguma brincar com materiais e equipamentos destinados aos


experimentos;
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m) No final de cada aula, antes da saída dos alunos, o professor verificará o funcionamento
dos equipamentos utilizados. Em caso de dano de algum material ou equipamento
decorrente de mau uso por parte do(s) aluno(s), o professor deverá comunicar ao
coordenador responsável pelo laboratório para que sejam tomadas as devidas
providências.

1.6 Bibliografia Sugerida

 HELENE, O. O que é uma medida física? Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 13,
no. 12, Rio de Janeiro, 1991.

 LKHACHEV, V. P.; CRUZ, M. T. Quantas medidas são necessárias para o conhecimento


de uma grandeza física? Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 22, no. 4, Rio de
Janeiro, 2000.

 HALLYDAY, D.; RESNICK, R.; e WALKER, J. Fundamentos de Física, vol. 1, editora


LTC, Rio de Janeiro, 2003.

 ALONSO, M. S.; FINN, E. S. Física, vol. 1, editora Edgard Blücher, São Paulo, 1998.

 NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica, vol. 1, editora Edgard Blücher Ltda., São
Paulo, 1981.
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Experimento 2
TEORIA DE ERROS I
Algarismos Significativos, Arredondamentos e Incertezas

2.1 Objetivos
Familiarizar o aluno com os algarismos significativos, com as regras de arredondamento e as
incertezas inerentes às medidas.

2.2 Algarismos Corretos e Avaliados


Imagine que se esteja realizando uma medida qualquer, como por exemplo, a medida do
comprimento de uma barra de madeira com uma régua milimetrada (veja Figura 2.1). Observe que a
menor divisão da régua utilizada para fazer a medição é de 1 mm (um milímetro). Ao se tentar
expressar o resultado dessa medida, percebe-se que ela está compreendida entre 152 e 153 mm. A
fração de milímetros que deverá ser acrescentada a 152 mm terá de ser avaliada, pois a régua não
apresenta divisões inferiores a 1 mm. Para se fazer esta avaliação, deve-se imaginar um intervalo
entre 152 e 153 mm subdividido em 10 partes iguais, e acrescentar a fração de milímetro que for
avaliada.
Na Figura 2.1, pode-se avaliar esta fração como sendo de 3 décimos de milímetros e o
resultado da medida poderá ser expresso como 152,3 mm. Observe que existe segurança em
relação aos algarismos 1, 5 e 2, pois eles foram lidos através de divisões inteiras da régua, ou seja,
eles são algarismos corretos. Entretanto o algarismo 3 foi avaliado, isto é, não se tem certeza sobre
o seu valor e outra pessoa poderia avaliá-lo como sendo 2 ou 3. Por isso, este algarismo avaliado é
denominado algarismo duvidoso ou algarismo incerto.

130 140 150 160 170

mm

Figura 2.1 - Régua milimetrada usada para medir o comprimento de uma barra de madeira.

O resultado de uma medida deve conter somente o(s) algarismo(s) correto(s) e o primeiro
algarismo avaliado. Essa maneira de proceder é adotada convencionalmente por todas as pessoas
que realizam medidas (físicos, químicos, engenheiros etc.). Esses algarismos (os corretos mais o
primeiro avaliado) são denominados algarismos significativos.
Assim, quando uma pessoa informar que mediu a temperatura de um objeto e encontrou
27,840C, deve-se entender que a medida foi feita de tal modo que os algarismos 2, 7 e 8 são corretos
e o último algarismo, neste caso o 4, é duvidoso (ou avaliado).
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2.3 Arredondamentos de Números


Frequentemente ocorre que números devem ser arredondados. Por exemplo, na soma ou
subtração de duas quantidades, as mesmas devem ser escritas com apenas um algarismo duvidoso.
O arredondamento deve ser empregado na eliminação dos algarismos não significativos de um
número. Suponha, por exemplo, que uma determinada medida de temperatura foi apresentada na
forma

28,63480C; 28,3500ºC; 28,6500 ºC; 28,276ºC; 28,85007ºC

e queremos apresentá-la somente com três algarismos significativos. Para os propósitos das práticas
de laboratório desenvolvidas neste curso, serão adotadas as seguintes regras:

a) Se o primeiro algarismo excedente for menor do que cinco, o algarismo anterior


permanece inalterado (arredondamento para baixo);
b) Se o primeiro algarismo excedente for maior do que cinco, ou cinco seguido de pelo menos
um número diferente de zero, o algarismo anterior é aumentado de uma unidade
(arredondamento para cima).
c) Se o primeiro algarismo excedente for igual a 5 seguido apenas de zeros, faz-se com que
o número fique par (caso o último algarismo que fica seja ímpar, soma-se a ele uma
unidade para torná-lo par).

Portanto, as medidas anteriores podem ser expressas como:

28,6ºC; 28,4ºC; 28,6ºC; 28,3ºC; 28,9ºC

2.4 Operações com Algarismos Significativos

A) ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

Suponha que queiramos fazer a seguinte adição:

4,806 + 0,0793 + 73,646 + 325,34

Para encontrar o resultado, efetue a soma sem abandonar nenhum algarismo e escreva o
resultado com um número de casas decimais igual ao da parcela que possui o menor número dessas
casas. Assim, para o exemplo acima, a soma resultaria em 403,8713. Reduzindo esse resultado ao
menor número de casas decimais das parcelas, o resultado final é

403,87

B) MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO

Considere a multiplicação dos números 3,67 por 2,3. Fazendo a multiplicação normalmente,
encontra-se:
3,672,3 = 8,441

Note que realizando o cálculo dessa forma aparecem no produto algarismos que são
incoerentes com a precisão das medidas. Para evitar isso, deve-se observar a seguinte regra:
“verifique qual fator possui o menor número de algarismos significativos e, no resultado da
multiplicação, mantenha apenas o número de algarismos igual ao deste fator”. Assim, como o fator
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que possui o menor número de algarismos significativos é o 2,3, o resultado deve ser escrito da
seguinte maneira:
3,672,3 = 8,4

COMENTÁRIOS:

a) As regras discutidas acima para os algarismos significativos não devem ser consideradas
com extremo rigor, pois se destinam apenas a facilitar os cálculos e evitar o trabalho com
números sem qualquer significado para a medida. Na multiplicação anterior seria razoável,
sem extremo rigor, manter um algarismo a mais no resultado:

3,672,3 = 8,4 ou 3,672,3 = 8,44

b) Ao se realizar uma mudança de unidades, deve-se tomar cuidado para não serem escritos
zeros que não sejam significativos. Suponha, por exemplo, que queiramos expressar, em
metros, uma medida de 8,4 km. Observe que esta medida possui dois algarismos
significativos, sendo duvidoso o algarismo 4. Escrevendo: 8,4 km = 8400 m, o número 4
estaria sendo considerado como um algarismo correto e o último zero acrescentado seria o
algarismo duvidoso, o que não estaria certo. Para não cometer esse engano de interpretação,
utiliza-se da notação de potência de 10 e escreve-se: 8,4103 metros. Assim, realizou-se a
mudança de unidades e o algarismo 4 continua sendo o algarismo duvidoso.

c) Para números encontrados em fórmulas e que não são resultados de medidas, não faz
sentido falar em número de algarismos significativos. Ou seja, na fórmula que fornece a área
A de um triângulo de base b e altura h: A = bxh/2. O número 2 não foi obtido através de
medida e, assim, não deverá ser levado em consideração para a contagem do número de
algarismos significativos do resultado.

d) Para alguns resultados deve ser utilizado a notação de potencia de 10. Veja o exemplo
abaixo:
54382,5 = 1,4104

2.5 Incerteza na Medida de um Instrumento


A incerteza de uma medida é uma fração avaliada da menor divisão da escala utilizada, ou
seja, é no algarismo duvidoso que reside a incerteza da medida. A incerteza de uma medida é o
intervalo de incerteza fixado pelo operador com o sinal mais ou menos (  ). Ela depende da perícia
do observador, de sua segurança, de sua facilidade de leitura da escala, além do próprio aparelho ou
instrumento utilizado na medição.
Uma forma de apresentar a incerteza de uma medida é utilizar a metade da menor escala.
Por exemplo, na Figura 2.1, a menor divisão da régua é 1 mm e a incerteza poderá ser, então, 0,5
mm. Assim, o resultado desta medida deverá ser escrito como: 152,3 mm  0,5 mm ou (152,3  0,5)
mm. Alguns autores adotam como norma uma incerteza correspondente a 10% da menor divisão da
escala. No caso do exemplo da Figura 2.1, o resultado poderia ser escrito como: 152,3 mm  0,1 mm
ou (152,3  0,1) mm.
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2.6 Exercícios

EXERCÍCIO 1 – Considere a Figura abaixo:

30 40 50 60 70

mm

a) Qual é o comprimento da barra


b) Quais são os algarismos corretos e o avaliado desta medida
c) Expresse sua medida também em função da incerteza.

EXERCÍCIO 2 – Uma pessoa sabe que o resultado de uma medida deve ser expresso apenas com
algarismos significativos. Se esta pessoa lhe disser que a velocidade de um carro era de 153 km/h,
a) Quais são os algarismos que ela leu no velocímetro analógico
b) Qual foi o algarismo duvidoso avaliado pela pessoa

EXERCÍCIO 3 – A temperatura de um menino foi medida usando-se dois termômetros diferentes,


encontrando-se 36,8ºC e 36,80ºC.
a) Qual é o algarismo duvidoso da primeira medida
b) Na segunda medida o algarismo 8 é o duvidoso ou correto Justifique.

EXERCÍCIO 4 – Considerando as regras de arredondamento, escreva as medidas seguintes com


apenas três algarismos significativos:
a) 272,92 cm
b) 6,545 g
c) 12,67 s
d) 78,90 N

EXERCÍCIO 5 – Um estudante precisa realizar a seguinte soma, de tal forma que o resultado
contenha apenas algarismos significativos: 77,12 cm + 2,6 cm. Qual é o resultado da adição

EXERCÍCIO 6 – Considere a multiplicação: 345,72,34. Responda:


a) Qual dos fatores possui o menor número de algarismos significativos
b) Com quantos algarismos devemos apresentar o resultado da multiplicação
c) Escreva o resultado apenas com algarismos significativos
d) Seria aceitável apresentar 808,9 como resultado e 808,94 Justifique.

EXERCÍCIO 7 – Ao medir o comprimento de uma estrada, um agrimensor encontrou 75 km.


a) Qual o algarismo duvidoso desta medida
b) É aceitável escrever esta medida como 75000 m Por quê
c) Qual é a maneira certa de se expressar esta medida em metros, sem deixar dúvidas quanto
aos algarismos significativos
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Experimento 3
TEORIA DE ERROS II
Tratamento Estatístico de Medidas

3.1 Objetivos
Familiarizar o aluno com o tratamento estatístico de medidas e com a propagação de erros.

3.2 Erros Sistemáticos e Estatísticos


Nos laboratórios de física, as grandezas determinadas experimentalmente têm uma incerteza
intrínseca que vem das diferentes fontes de erro. As fontes de erro fazem com que toda medida
realizada, por mais cuidadosa que seja, seja afetada por um erro experimental. Esses erros podem
ser classificados em dois grupos: os erros sistemáticos e os erros estatísticos.
Os “erros sistemáticos”1 são aqueles causados por diferentes fatores e são classificados em:

a) Instrumentais: Erros que resultam da calibração do instrumento de medida;


b) Ambientais: Provenientes de fatores ambientais como temperatura, pressão, umidade,
aceleração da gravidade, campo magnético terrestre, luz e ruídos;
c) Observacionais: Aqueles devidos a pequenas falhas de procedimento ou às limitações do
próprio observador. Um exemplo de erro deste tipo é o de “paralaxe”, que ocorre devido a
uma posição inadequada na leitura das escalas de instrumentos;
d) Acidentais: Que ocorrem inevitavelmente. Por exemplo, erros de julgamento na estimativa da
fração da menor divisão de uma escala;
e) Grosseiros: Devidos à falta de atenção ou de prática do operador. Por exemplo, enganos na
leitura de instrumentos, ao escrever 7248 ou 7428 quando o número é 7482.
f) Teóricos: São erros que resultam do uso de fórmulas teóricas aproximadas para a obtenção
dos resultados.

Os “erros estatísticos”, por sua vez, são aqueles causados por flutuações (variações) nas
medidas das grandezas.

3.3 Tratamento Estatístico de Medidas

3.3.1 Valor Médio de uma Grandeza

O valor médio de uma grandeza x é representado por x ou  x  e é calculado dividindo a


soma de todos os valores medidos de uma grandeza pelo número de medidas que deu origem à
soma, isto é, a média aritmética de uma série de medidas:

1
Observação – Uma das principais tarefas do experimentador é identificar e eliminar o maior número possível de erros sistemáticos.
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N
1
x
N
x
i 1
i , (3.1)

sendo: xi : o valor de cada medida;


N: o número total de medidas;
x : o valor médio das N medidas.

3.3.2 Desvio Padrão  e

A estatística indica que uma estimativa do desvio das medidas em relação ao valor médio é
dada pelo cálculo do desvio padrão (ou desvio padrão amostral)  e , cuja expressão é a seguinte:

1 N
e   ( xi  x )2 .
N  1 i 1
(3.2)

É importante observar que uma grandeza medida é caracterizada pelo seu valor médio, e que
esse valor médio deve sempre ser escrito com o seu respectivo desvio padrão, que representa um
intervalo onde o valor verdadeiro pode se situar. Por exemplo, várias medidas da aceleração da
gravidade g resultarão em um valor médio g e seu respectivo desvio padrão  . O verdadeiro valor
da aceleração da gravidade provavelmente estará contido no intervalo [ g   , g   ] ou,
resumidamente, g   .
Note ainda que todo instrumento de medida possui uma incerteza, que chamaremos de  m .
Por exemplo, numa régua milimetrada o menor valor de leitura é 1 milímetro (mm), e uma grandeza
cujo comprimento estiver compreendido entre uma e outra marca na escala dessa régua
necessariamente terá uma incerteza  m associada a ela. Essa incerteza geralmente é tomada como
sendo a metade da menor escala do instrumento, ou seja,  m  0,5 mm no exemplo da régua.
Assim, associada à média, há a incerteza inerente ao instrumento de medida (  m ) e a incerteza
estatística (  e ), dada pela Eq. (3.2). Em qualquer caso, a incerteza a considerar é sempre a maior
delas, ou seja:

a) Se o desvio padrão for maior que a incerteza instrumental, o valor x mais provável da medida
estará compreendido no intervalo x  x   e ;
b) Se o desvio padrão for menor que a incerteza instrumental, o valor x mais provável da
medida estará compreendido no intervalo x  x   m .

Exemplo
Num laboratório um estudante realiza quatro medidas do diâmetro de um furo circular obtendo os
seguintes resultados: x1 = 2,0 cm; x2 = 2,1 cm; x3 = 2,0 cm; x4 = 2,2 cm. a) Qual o valor médio do
diâmetro? b) Qual o desvio padrão das medidas? c) Qual o valor da medida com sua incerteza se a
incerteza do instrumento de medida é de 0,1 cm? d) Qual o valor da medida com sua incerteza se a
incerteza do instrumento de medida é de 0,05 cm?

Solução:
a) Como foram realizadas quatro medidas temos N = 4. Usando a Eq. (3.1)
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1 N 1 8,3
x 
N i 1
xi  [2, 0  2,1  2, 0  2, 2] 
4 4
 2, 075 cm

b) Usando a Eq. (3.2)

1 N 1
e  
4  1 i 1
( xi  x )2 
3
[(2, 0  2, 075) 2  (2,1  2, 075) 2  (2, 0  2, 075) 2  (2, 2  2, 075)2 ]

1
e  [(0, 075)2  (0, 025) 2  (0, 075) 2  (0,125) 2 ]
3

1 1
e  [0, 005625  0, 000625  0, 005625  0, 015625]  0, 0275 ; 0, 009167 ; 0, 0957
3 3
 e ; 0,0957 cm

c) Neste caso: x  x   m = (2,075  0,1) cm

d) Neste caso: x  x   e = (2,075  0,0957) cm

3.4 Propagação de Erros


Certas grandezas físicas são calculadas a partir de outras obtidas através de medições
diretas, por exemplo, a área de um retângulo. Se cada grandeza medida (lado do retângulo) vier
acompanhada de um desvio, a grandeza calculada (área) também deverá ser representada com seu
respectivo desvio. Para calcular este desvio, existem regras definidas pelo cálculo diferencial que
fogem do enfoque deste curso. Existe, porém, uma forma simples que não exige conhecimento mais
profundo do cálculo: para se achar o desvio padrão  A da área do retângulo associada ao produto
dos lados a  a   a e b  b   b , calcula-se os valores máximos e mínimos da área:
Amax  (a   a )  (b   b )  a  b  a   b   a  b   a   b
Amin  (a   a )  (b   b )  a  b  a   b   a  b   a   b
O desvio  A da área será então dado por:
Amax  Amin
A   a  b  b  a
2
O mesmo procedimento é adotado para as outras operações (divisão, subtração e soma) e o
resultado final é mostrado abaixo:

Soma: a  b  (a   a )  (b   b )  (a  b )  ( a   b ) (3.3a)
Subtração: a  b  (a   a )  (b   b )  (a  b )  ( a   b ) (3.3b)

a  a  b  b  a 
Divisão: a  b  (a   a )  (b   b )    (3.3c)
b  b2 
Multiplicação: a  b  (a   a )  (b   b )  a  b  (a   b  b   a ) (3.3d)
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3.5 Erro Relativo Percentual


Uma outra forma de avaliar o resultado da medida de uma grandeza é feita pela comparação
deste resultado com um valor preestabelecido da mesma. Como valor de referência pode-se
escolher o valor tabelado ou a média de um conjunto de medidas da grandeza. Esta comparação
permite determinar o erro relativo percentual, que é dado por

xx
E (%)  .100
x
onde x é o valor medido e x é o valor de referência.

3.6 Exercícios

EXERCÍCIO 1 – A distância focal em centímetros de uma lente convergente foi determinada a partir
das posições de um objeto luminoso e da imagem correspondente formada pela lente. A medição é
repetida 12 vezes obtendo-se os seguintes valores:

204 206 208


227 229 230
237 237 238
240 241 243

Pede-se:
a) O valor médio;
b) O desvio padrão;
c) O valor da medida com sua incerteza.

EXERCÍCIO 2 – Efetue as operações:

a) (2,345  0,005) + (1,824  0,003);


b) (4,03  0,01) x (2,74  0,03);
c) (2,345  0,005) – (1,824  0,003);
d) (2,523  0,004)  (5,121  0,006).

EXERCÍCIO 3 – Calcule a diferença percentual entre os seguintes valores:

a) x  10 e x  8
b) x  100 e x  20
c) x  120 e x  150
d) x  40 e x  80
Caderno de Laboratório – CEC1018 13

Experimento 4
Aplicações da Teoria de Erros

4.1 Objetivos
Realizar uma série de experimentos aplicando a teoria de medidas, de erros e de algarismos
significativos.

4.2 Introdução
A física está fundamentada em medidas. Dentre as várias grandezas físicas estão as
fundamentais: comprimento, tempo, massa e temperatura, as quais serão medidas e tratadas
estatisticamente nesta aula.

4.3 Materiais Utilizados


a) Balança de travessão; f) Cronômetro digital;
b) Quatro caixas de gelatina; g) Pêndulo;
c) Régua milimetrada; h) Termômetro;
d) Trena; i) Barbante.
e) Uma barra de metro padrão;

4.4 Procedimentos Experimentais


4.4.1 Medidas de Massa

a) Com a balança que se encontra sobre a bancada, meça a massa de cada uma das quatro caixas
(incluindo o seu conteúdo) de gelatina. Anote os valores obtidos na linha “massa total” da Tabela 4.1;
b) Calcule o valor médio ( M ) e o desvio padrão (  ) e anote na Tabela 4.1;
c) Com quantos algarismos significativos podemos representar essa medida?
d) Qual o valor da “incerteza na medida” referente ao equipamento de medida utilizado?
e) Escreva o resultado final na forma M  M   , onde  é o “desvio padrão” ou a “incerteza na
medida” (deve-se usar aquele que possuir o maior valor);

Tabela 4.1
Massa total (g) M1 = M2 = M3 = M4 =
Massa total média, M (g)
Desvio padrão,  (g)

M  M  (g)

f) Repita o procedimento anterior “apenas” para o conteúdo da caixa de gelatina (anote as medidas
na linha “massa do conteúdo” da Tabela 4.2);
14 Caderno de Laboratório – CEC1018

g) Calcule a diferença percentual entre o valor médio do conteúdo e o valor escrito na embalagem do
produto. Os valores medidos estão de acordo com as especificações do fabricante?

Tabela 4.2
Massa do conteúdo (g) M1 = M2 = M3 = M4 =
Massa média do conteúdo, M (g)
Desvio padrão,  (g)

M  M 

4.3.2 Medidas de Comprimento

a) Com os instrumentos de medida que estão sobre a bancada, meça o comprimento do barbante
sobre a mesa. Anote os valores na Tabela 4.3;
b) Com quantos algarismos significativos podemos representar essa medida?
c) Calcule o valor médio L e o desvio padrão  das medidas;
d) Qual o valor da “incerteza na medida” referente ao equipamento de medida utilizado?
e) Escreva o resultado final na forma L  L   , onde  é o “desvio padrão” ou a “incerteza na
medida” (deve-se usar aquele que possuir o maior valor);

Tabela 4.3
Comprimento L (cm) Instrumento 1 Instrumento 2 Instrumento 3
L1 = L2 = L3 =
Valor médio, L (cm)
Desvio padrão,  (cm)
L  L   (cm)

4.3.3 Medidas de Tempo

Considere o pêndulo montado sobre a bancada.

a) Com o cronômetro digital, faça dez medidas do período de oscilação do pêndulo (tempo
necessário para a massa ir e voltar ao mesmo ponto de saída). Anote as medidas na Tabela 4.4;
b) Com quantos algarismos significativos podemos representar essa medida?
c) Calcule o valor médio T e o desvio padrão  e anote na Tabela 4.4;
d) Qual o valor da “incerteza na medida” referente ao equipamento de medida utilizado?
e) Escreva o resultado final na forma T  T   , onde  é o “desvio padrão” ou a “incerteza na
medida” (deve-se usar aquele que possuir o maior valor).

Tabela 4.4
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10
Período (s)
Período médio, T (s)
Desvio padrão,  (s)
T  T   (s)
Caderno de Laboratório – CEC1018 15

4.3.4 Medidas de Temperatura

a) Com os termômetros, faça medidas de temperatura ambiente em três pontos diferentes da sala.
Anote os resultados na Tabela 4.5;
b) Com quantos algarismos significativos podemos representar essa medida?
c) Calcule o valor médio e o desvio padrão. Anote os valores na Tabela 4.5;
d) Qual o valor da “incerteza na medida” referente ao equipamento de medida utilizado?
e) Escreva o resultado final na forma      , onde  é o “desvio padrão” ou a “incerteza na
medida” (deve-se usar aquele que possuir o maior valor).

Tabela 4.5
Temperatura (ºC) 1  2  3 
Temperatura média,  (ºC)
Desvio padrão,  (ºC)
     (ºC)
16 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 17

Experimento 5
Instrumentos de Medidas I: Paquímetro

5.1 Objetivos
Realizar experimentos fazendo uso do paquímetro, aplicando os conhecimentos adquiridos no
estudo da teoria de erros e medidas.

5.2 Introdução
O paquímetro é um instrumento usado para medir com precisão as dimensões de pequenos
objetos. Trata-se de uma régua graduada, com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. O
paquímetro possui dois bicos de medição, sendo um ligado à escala e o outro ao cursor. Com um
paquímetro podemos medir diversos objetos, tais como: parafusos, porcas, tubos, entre outros. Para
realizar tal medição basta aproximar o objeto do bico superior e deslizar o cursor até que a peça
fique justa. O Paquímetro é usado principalmente para medir dimensões lineares internas, externas e
de profundidade de uma peça com precisão de décimos ou centésimos de milímetro, ou, ainda, em
frações de polegadas. A Figura 5.1 mostra as maneiras corretas e erradas de usar um paquímetro
para realizar medições.

Figura 5.1 - Maneiras corretas e erradas de usar o paquímetro

Na indústria existem vários tipos de paquímetros: paquímetro universal, paquímetro com


relógio, paquímetro com bico móvel, paquímetro de profundidade, paquímetro duplo, paquímetro
digital e traçador duplo, sendo cada um desses instrumentos o mais apropriado para um determinado
tipo de medição (para maiores informações procure livros sobre Metrologia). Na Figura 5.2 listamos
os principais tipos de paquímetros existentes no mercado, suas respectivas características e uma
imagem representativa.
18 Caderno de Laboratório – CEC1018

É o paquímetro mais
utilizado. Serve para
realizar medições
Paquímetro universal
internas, externas, de
profundidade e de
ressaltos.

Possui um relógio
acoplado ao cursor que
Paquímetro universal com relógio
facilita a leitura,
agilizando a medição.

É muito empregado para


medir peças cônicas ou
Paquímetro com bico móvel (basculante)
peças com rebaixos de
diâmetros diferentes.

Serve para medir a


profundidade de furos
não vazados, rasgos,
Paquímetro de profundidade rebaixos, entre outros.
Esse paquímetro pode
apresentar haste simples
ou com gancho.

Serve para medir dentes


Paquímetro duplo
de engrenagens.

Utilizado para leitura


rápida, livre de erro de
Paquímetro digital
paralaxe e ideal para
controle estatístico.

Figura 5.2 - Tipos de paquímetros


Caderno de Laboratório – CEC1018 19

5.3 Paquímetro Universal

O paquímetro universal é o mais utilizado. A representação estrutural de um paquímetro do tipo


universal é mostrada na Figura 5.3.

Tabela 5.1 – Componentes de um paquímetro.


1. Orelha fixa; 8. Encosto fixo;
2. Orelha móvel; 9. Encosto móvel;
3. Nônio ou vernier (Polegada); 10. Bico móvel;
4. Parafuso de trava; 11. Nônio ou vernier (milímetros)
5. Cursor; 12. Impulsor
6. Escala fixa de polegadas 13. Escala fixa de milímetros;
7. Bico fixo; 14. Haste de profundidade.

Figura 5.3 – Representação estrutural de um paquímetro.

O paquímetro possui em seu corpo duas escalas principais fixas. Na parte superior apresenta
uma escala graduada em polegadas e na parte inferior uma escala graduada em milímetros.
Acoplado ao corpo do paquímetro tem-se o nônio ou vernier (esta nomenclatura é em homenagem
ao português Pedro Nunes e ao Francês Pierre Vernier, considerados seus inventores.). O nônio
possui uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa. No sistema métrico, existem
paquímetros em que o nônio possui dez divisões equivalentes a 9 mm. Há, portanto, uma diferença
de 0,1 mm entre o primeiro traço da escala fixa e o primeiro traço da escala móvel, que é a menor
divisão da escala. Essa diferença é de 0,2 mm entre o segundo traço de cada escala; de 0,3 mm
entre o terceiro e assim por diante. A seguir mostramos dois exemplos de medidas usando o
paquímetro.

EXEMPLO 1 – Leitura com um paquímetro de 10 divisões.


RESOLUÇÃO 1 mm/10 = 0,1 mm
LEITURA NA ESCALA FIXA 103,00 mm
LEITURA NO NÔNIO 0,5 mm
LEITURA 103,5 mm
20 Caderno de Laboratório – CEC1018

EXEMPLO 2 – Leitura com um paquímetro de 20 divisões.


RESOLUÇÃO 1 mm/20 = 0,05 mm
LEITURA NA ESCALA FIXA 73,00 mm
LEITURA NO NÔNIO 0,65 mm
LEITURA 73,65 mm

5.4 Materiais Utilizados


a) Paquímetro; d) Peças de madeira;
b) Fios de eletricidade; e) Canos hidráulicos.
c) Porcas com parafuso;

5.5 Procedimentos Experimentais

5.5.1 Medida da Espessura e da Área de um Fio Condutor

a) Meça o diâmetro do fio em quatro pontos diferentes e anote os resultados na Tabela 5.2;
b) Calcule a área de seção reta do fio para cada diâmetro medido e anote na Tabela 5.2;
c) Calcule o diâmetro médio e a área de seção reta média do fio bem como o desvio padrão dessas
grandezas e anote na Tabela 5.2;
d) Escreva na tabela o valor do diâmetro e da área nas formas d  d   e A  A   . Caso o
desvio padrão calculado seja menor que a incerteza do aparelho de medida, dê a resposta usando a
incerteza do aparelho utilizado na medida.

Tabela 5.2
Diâmetro, d (mm) d1  d2  d3  d4 
Área, A (mm2) A1  A2  A3  A4 

Diâmetro médio, d (mm)

Área média, A (mm2)


Desvio padrão do diâmetro (mm)
Desvio padrão da área (mm2)

Diâmetro, d  d   (mm)

Área, A  A   (mm2)

5.5.2 Medida do Diâmetro Interno de um Cano Hidráulico

a) Meça o diâmetro interno do cano em quatro pontos diferentes e anote-os na Tabela 5.3;
b) Calcule o diâmetro médio e o desvio padrão e anote na Tabela 5.3.
Caderno de Laboratório – CEC1018 21

c) Escreva o valor do diâmetro na forma: d  d   . Caso o desvio padrão calculado seja menor do
que a incerteza do aparelho de medida, dê a resposta usando a incerteza do aparelho utilizado na
medida.

Tabela 5.3
Diâmetro, d (mm) d1  d2  d3  d4 

Diâmetro médio, d (mm)


Desvio padrão,  (mm)

Diâmetro, d  d   (mm)

5.5.3 Medida das Dimensões de Parafusos e Porcas

Nos parafusos e porcas sobre a mesa, meça as dimensões indicadas nas figuras abaixo e
anote os valores medidos no espaço abaixo.

d b
a
e
c

a= b= c= d= e=

5.5.4 Desenho em escala de uma peça de madeira

Meça as dimensões da peça de madeira sobre a bancada (comprimento, largura,


profundidade, diâmetro, separação entre os furos, etc.) e faça um desenho indicando as medidas
realizadas.
22 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 23

Experimento 6
Instrumentos de Medidas II: Micrômetro

6.1 Objetivos
Realizar medidas experimentais fazendo uso do micrômetro, aplicando os conhecimentos
adquiridos no estudo da teoria de erros e medidas.

6.2 Introdução
O micrômetro (Fig. 6.1) é um instrumento cuja precisão atinge a casa do milionésimo do metro,
vindo daí o nome micrômetro (micro,  = 10-6) que corresponde a 10-6 metros ou 10-3 milímetros. Na
França, este instrumento recebe o nome de “Palmer”, em homenagem ao seu inventor Jean Louis
Palmer, que requereu sua patente em 1848. É utilizado, por exemplo, em medidas de espessura de
lâminas, diâmetros de fios, etc. O micrômetro é ainda mais delicado do que o paquímetro e deve ser
manuseado com muito cuidado (nunca force um micrômetro). A representação estrutural de um
micrômetro deve conter:

1. Precisão do micrômetro; 6. Isolante Térmico;


2. Faces de medição; 7. Trava;
3. Batente; 8. Tambor;
4. Fuso; 9. Catraca;
5. Arco; 10. Escalas no tambor e nônio.

8
3 4

5 2
9
7 10

6
1
Figura 6.1 A estrutura do micrômetro.

Conforme se vê na Figura 6.1, o micrômetro consiste de um parafuso de rosca fina de alta


precisão (parafuso micrométrico) que avança ou retrocede ao longo do próprio eixo. O objeto que
será medido deve ser colocado entre as duas faces de medição. Gira-se o parafuso micrométrico até
24 Caderno de Laboratório – CEC1018

que as faces encostem de leve no objeto. Para não danificar as faces com um aperto excessivo do
parafuso, deve-se apertá-lo, exclusivamente, por meio da catraca afixada no fim do tambor. A
catraca contém um dispositivo de segurança que não permite que se apliquem pressões excessivas
às esperas (batente e fuso). Cada volta completa do parafuso corresponde em geral a uma avanço
de 0,5 mm (“passo” do parafuso). No tambor há uma escala circular que geralmente tem 50 divisões.
Cada divisão corresponde então a um avanço de 0,5/50 = 0,01 mm (resolução), como mostra a
Figura 6.2.

Figura 6.2

Para se fazer uma leitura no micrômetro, observa-se primeiro a que valor da escala horizontal
corresponde a borda circular do tambor (leitura na escala fixa, ver exemplos a seguir). Essa borda é
o índice de leitura para a escala horizontal. Depois soma-se a este valor o valor lido na escala
circular (leitura na escala móvel), ou seja, o valor que coincide com a reta da escala horizontal. Veja
os exemplos a seguir.

6.3 Procedimentos de Medida

As medidas podem ser feitas com micrômetros com resolução de 0,01mm ou com resolução
de 0,001mm:

6.3.1 Leitura no Micrômetro com Resolução de 0,01 mm

a) 1º passo: leitura dos milímetros inteiros na escala de milímetros (também conhecida pelo nome de
bainha).
b) 2º passo: leitura dos meios milímetros (também na escala da bainha).
c) 3º passo: leitura dos centésimos de milímetro na escala do tambor.
d) 4º passo: a leitura final será a soma dessas três leituras parciais.

Exemplos:

a)

17, 00 mm (escala dos milímetros)


0,50 mm (escala dos meios)
0,32 mm (escala centesimal do tambor)
17,82 mm
Caderno de Laboratório – CEC1018 25

b)

23, 00 mm (escala dos milímetros)


0, 00 mm (escala dos meios)
0, 09 mm (escala centesimal do tambor)
23, 09 mm

6.3.2 Leitura no Micrômetro com Resolução de 0,001 mm

a) 1º passo: leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha.


b) 2º passo: leitura dos meios milímetros na mesma escala.
c) 3º passo: leitura dos centésimos na escala do tambor.
d) 4º passo: leitura dos milésimos com o auxílio do nônio da bainha, verificando qual dos traços do
nônio coincide com o traço do tambor.
e) 5º passo: a leitura final será a soma dessas quatro leituras parciais.

Exemplos:

a)

20, 000 mm (escala dos milímetros)


0,500 mm (escala dos meios)
0,110 mm (escala centesimal do tambor)
0, 008 mm (escala nônio)
20, 618 mm

b)

18, 000 mm (escala dos milímetros)


0, 000 mm (escala dos meios)
0, 090 mm (escala centesimal do tambor)
0, 006 mm (escala nônio)
18, 096 mm
26 Caderno de Laboratório – CEC1018

6.4 Materiais Utilizados


a) Micrômetro; b) Fios de cobre; c) Placas retangulares; d) Esferas.

6.5 Procedimentos Experimentais


6.5.1 Medida da Espessura de uma Camada de Tinta

a) Meça a espessura da placa na parte em que não há tinta, LST , e na parte em que há tinta LCT .
Após realizar as medidas indicadas anote-as na Tabela 6.1;

b) Encontre a espessura da camada de tinta LT subtraindo os valores encontrados no item (a):


LT  LCT  LST . Anote o valor encontrado na Tabela 6.1;

c) Use a incerteza  do micrômetro (metade da menor escala) para expressar o resultado final.
Anote o valor na Tabela 6.1.

Tabela 6.1

LST (mm) LCT (mm) LT (mm) LT   (mm)

6.5.2 Medida do Diâmetro de um Fio

a) Meça o diâmetro D de um fio e expresse o resultado da medida levando em conta a incerteza 


do micrômetro. Anote o resultado na Tabela 6.2;

b) Meça o diâmetro d de um pedaço de grafite usado em sua lapiseira e expresse o resultado da


medida levando em conta a incerteza  do micrômetro. Anote o resultado na Tabela 6.2. A medida
do diâmetro do grafite está de acordo com as especificações do fabricante?

Tabela 6.2
Diâmetro do fio (mm) Diâmetro do Grafite (mm)
D   d  

6.3.3 Cálculo do Volume e da Área de uma Esfera

a) Com o micrômetro meça o diâmetro D de uma esfera em quatro pontos diferentes. Anote os
valores na Tabela 6.3;

b) Em seguida calcule o diâmetro médio: D . Anote o valor na Tabela 6.3;

c) A partir do diâmetro médio, calcule a área média da superfície da esfera através da relação:
A    D  . Anote na Tabela 6.3 o valor encontrado;
2

 
3
d) A partir do diâmetro médio, calcule o volume médio da esfera pela relação: V   D 6 . Anote
na Tabela 6.3 o valor encontrado.
Tabela 6.3
D1 (mm) D2 (mm) D3 (mm) D4 (mm) D (mm) A (mm2) V (mm3)
Caderno de Laboratório – CEC1018 27

6.3.4 Estimativa da Quantidade de Folhas de um Livro

a) Meça a espessura L de uma das folhas de um livro (pode ser sua própria apostila de laboratório).
Repita esse procedimento para outras quatro folhas do livro, escolhidas ao acaso e anote os valores
na Tabela 6.4;

b) Calcule a espessura média de uma folha L e anote o resultado na Tabela 6.4;

c) Meça a espessura total G do livro, excluindo a capa. Anote o resultado na Tabela 6.4;

d) Estime a quantidade N e de folhas do livro dividindo a espessura G do livro pela espessura média
L de uma folha, ou seja Ne  G L . Anote o resultado na Tabela 6.4;

e) Conte manualmente o número de folhas N que o livro possui. Anote o valor na Tabela 6.4;

f) Calcule o erro percentual cometido entre o número de folhas da estimativa N e e a quantidade


verdadeira de folhas N usando a relação:

N  Ne
E (%)  .100
N

Tabela 6.4

L1  L2  L3  L4  L5 
L
G
Ne 
N
E (%) 
28 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 29

Experimento 7
Gráficos I: Papel Milimetrado

7.1 Objetivos
Construção de tabelas e gráficos, escalas especiais para construção de gráficos e ajuste de
curvas à dados experimentais.

7.2 Construção de Tabelas e Gráficos

A apresentação de dados experimentais em forma de gráficos é uma técnica usada em todas


as áreas do conhecimento. A análise gráfica é muito útil, pois permite, em muitos casos, descobrir a
lei que rege o fenômeno através de uma visualização imediata do comportamento de suas variáveis.
Após a realização de um experimento, geralmente temos em mãos um conjunto de dados que
podem ser apresentados em tabelas e/ou gráficos. As tabelas e os gráficos devem ser construídos
na forma mais clara possível para quem lê o trabalho de forma que se tenha uma interpretação
correta dos dados. Na construção de gráficos devemos obedecer às seguintes regras gerais:

a) Escolher as escalas de maneira a não obter um gráfico mal dimensionado;

b) Escolha a área do papel com tamanho adequado;

c) Os eixos devem ser desenhados claramente. A variável dependente geralmente estará no


eixo vertical, eixo y, e a variável independente no eixo horizontal, eixo x;

d) Marque nos eixos as escalas, escolhendo divisões que resultem em fácil leitura de valores
intermediários; por exemplo, divida de 2 em 2 e não de 7,7 em 7,7. Se possível e
conveniente, cada um dos eixos deve começar em zero;

e) Colocar título e comentários. É conveniente que uma pessoa observando o gráfico, possa
entender do que se trata este gráfico, sem recorrer ao texto;

f) Colocar a grandeza a ser representada e sua unidade, em cada eixo coordenado;

g) Marque cada ponto do gráfico cuidadosamente e claramente, escolhendo para isto um


símbolo adequado e de tamanho facilmente visível (por exemplo, um círculo ou um quadrinho
com um ponto no centro).
30 Caderno de Laboratório – CEC1018

7.3 Construção de uma Escala Linear

Para construir uma escala linear em um certo segmento de reta (chamado de eixo), deve-se
conhecer, inicialmente o tamanho deste segmento (L). Deve-se conhecer a diferença entre os
valores máximo e mínimo da grandeza medida. Essa diferença será representada por “ D”. Dividindo-
se “L” por “D”, obtém-se uma certa constante denominada de “módulo da escala” (Mod). Por
exemplo, considere a tabela a seguir para ser marcada em uma escala linear de 18 cm de
comprimento.

Força (N) 4 9 20 26 32

O intervalo das medidas é D = 32 – 4 = 28 N e o comprimento do eixo é L = 18 cm. Portanto, o


módulo da escala é dado por: Mod = 18/28 = 0,6428 cm/N. Este resultado indica que cada unidade
da força será representada por um comprimento igual a 0,6428 cm. A escala deve ser construída,
então, com espaçamentos iguais de 0,6428 cm. Como se percebe, o módulo da escala acima é
inconveniente para se trabalhar e, portanto, adota-se um número melhor que facilite as marcações.
Na escolha deste melhor número para representar o módulo Mod, o arredondamento deverá ser
sempre para menos e deve ser tal que seja utilizado pelo menos 2/3 do comprimento L (por razões
estéticas). No exemplo acima, um número conveniente para representar o módulo da escala seria
0,5 cm/N. Escalas do tipo 1:3, 1:7 e 1:9 devem ser evitadas, pois dificultam a marcação de
submúltiplos dos valores da escala. Em tabelas onde o valor mínimo é próximo de zero, como no
exemplo acima, é aconselhável incluir o zero para efeito de cálculo do módulo Mod. Isto pode ser
feito quando for necessária a apresentação da origem da escala. Nestes casos, divide-se o
comprimento disponível L pelo valor máximo de grandeza: Mod = 18/32 = 0,5625 cm/N. Com a
determinação do módulo, obtêm-se os comprimentos que representarão cada uma das medidas da
tabela. No exemplo anterior considerando-se o módulo como 0,5 cm/N, tem-se a correlação dada
pela Tabela 7.1.

Tabela 7.1 Comprimento em cm que representa cada valor de Força.


Força (N) 4 9 20 26 32
Distância (cm) 2,0 4,5 10,0 13,0 16,0

Note que para obter o ponto correspondente à força, basta multiplicar o Mod pelo valor da
força. É tecnicamente errado, ao se montar o eixo da escala, representar nela as medidas da tabela.
O que se costuma fazer é representar no eixo da escala pontos igualmente espaçados, marcando e
destacando cada um deles. Indica-se, abaixo de cada ponto, o valor respectivo da grandeza, sem, no
entanto, sobrecarregar a escala com excesso de números. Em suma, deve-se sempre observar o
aspecto da escala, procurando construí-la de modo a se ter uma boa visualização de seus valores.
Em alguns casos a escolha de uma escala inadequada na construção de um gráfico, pode
indicar, visualmente, uma informação confusa sobre o experimento. Veja o exercício 1.

7.4 Ajuste de Curvas a Dados Experimentais

Consideremos duas grandezas que podem ser relacionadas, teoricamente, por uma função
do 1o grau, cuja representação gráfica é uma reta. Quando determinamos experimentalmente os
Caderno de Laboratório – CEC1018 31

dados (os quais estão sujeitos a erros de medidas) e representamos as coordenadas cartesianas
(x,y) no gráfico, verificamos que geralmente, os pontos não estão perfeitamente alinhados, então, o
nosso problema passa a ser o de determinar a equação, isto é, os coeficientes angular e linear da
melhor reta que se ajusta ao conjunto de dados experimentais.
Uma das maneiras de encontrar esta reta pode ser “a olho”. Neste método o observador
deverá ajustar uma reta aos pontos a partir da observação visual destes pontos. Este procedimento
tem a desvantagem de observadores distintos obterem retas com coeficientes angulares e lineares
diferentes, já que a escolha é subjetiva devida a interpretação de cada um.
Para evitar o critério individual na determinação da reta, torna-se necessário encontrar
matematicamente a “melhor reta ajustada”. Isto pode ser feito com o “Método dos Mínimos
Quadrados”, no qual podemos encontrar os coeficientes a e b de uma reta (y = ax + b) que se ajusta
a N pontos experimentais. Os coeficientes desta reta são:

N   xi yi     xi     yi 
a (7.1)
N   xi2     xi 
2

b
  y     x     x y   x  .
i
2
i i i i
(7.2)
N  x    x  2 2
i i

7.5 Material Utilizado


a) Régua milimetrada;
b) Papel milimetrado.

7.6 Aplicações

Exercício 1
Considere um carro inicialmente em repouso, partindo da posição inicial S0 = 500 m, com uma
aceleração constante de 2 m/s2 (MRUV). Neste caso, sua equação horária será:

1
S  S0  at 2  S  500  t 2
2
Com esta última equação obtêm-se o valor da posição S para cada valor do tempo t. A Tabela 7.2
indica estes valores variando o tempo t de um em um segundo.

Tabela 7.2

tempo t (s) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

posição S (cm) 500 501 504 509 516 525 536 549 564 581 600

Com os dados da Tabela 7.2 foi construído o gráfico Sxt, em duas escalas diferentes, como
mostra a Figura 7.1.
32 Caderno de Laboratório – CEC1018

(a) (b)
S(m) S(m)

1000 600

800 580

560
600

540
400

520
200

500

0
0 2 4 6 8 10 t(s) 0 2 4 6 8 10 t(s)

Figura 7.1 Gráficos Sxt em duas escalas diferentes.

Em qual dos dois gráficos (os dois estão corretos) se observa melhor o resultado esperado?
Justifique sua resposta.

Exercício 2
Considere que a população de uma região varie linearmente conforme a função P(t )  200t , onde t é
dado em anos. Construa, num mesmo papel milimetrado, dois gráficos P  t em escalas diferentes,
de maneira que em um deles a população aparentemente aumente rapidamente e no outro ela
aumente lentamente.

Tabela 7.3

tempo t (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

população P

Exercício 3
a) Represente no gráfico YxX os pontos da Tabela 7.4.

Tabela 7.4

X (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Y (m) 10 14 17 18 19 20 25 26 27 31

b) Ajuste uma reta “a olho” aos pontos do gráfico e determine os coeficientes a e b desta. Compare
com os valores encontrados com os de outros alunos.

c) Aplicando o método dos mínimos quadrados (veja as equações (7.1) e (7.2)), determine a equação
da reta (y = ax + b) que melhor se ajusta aos pontos do gráfico. Represente esta reta no gráfico e
compare com a reta ajustada “a olho”.
Caderno de Laboratório – CEC1018 33
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Caderno de Laboratório – CEC1018 35
36 Caderno de Laboratório – CEC1018
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Experimento 8
Lei de Hooke

8.1 Objetivos
Obter o valor da constante elástica de mola fazendo uso do método gráfico em papel
milimetrado e comparar esse valor com o obtido pelo método estático.

8.2 A lei de Hooke

Se uma mola de comprimento L0 for distendida de L , veja Figura 8.1, a mola exercerá
sobre o agente que a deforma uma força cujo valor, em boa aproximação, será

F  k L (8.1)

sendo k uma constante denominada “constante elástica da mola” (a unidade no SI é o N/m). A Eq.
(8.1) é a lei da força para molas, também conhecida por “lei de Hooke” [Robert Hooke (1635 –
1703)]. O sentido dessa força é sempre oposto ao deslocamento da extremidade, a partir da origem.
Quando a mola é distendida, L  0 e F é negativa; quando a mola é comprimida, L  0 e F é
positiva. Note que a força exercida pela mola está sempre orientada para a origem, sendo por isso
uma força restauradora. As molas reais obedecerão à equação acima se não forem distendidas além
do limite elástico (a lei de Hooke é válida até o limite elástico para a maioria dos materiais comuns).
Além do limite elástico, a força não pode ser especificada por uma função energia potencial, pois a
força depende então de muitos fatores, inclusive da rapidez da deformação e da história prévia do
material (se já havia ou não deformação no material, ou seja, “efeitos de memória”). Um instrumento
que utiliza a lei de Hooke para medir forças é o dinamômetro (veja Fig.8.1).

Dinamômetro Dinamômetro
sem Massas com Massas
Aferidas Aferidas

Lo
Lo+Δ

ΔL Massas Aferidas

Figura 8.1: Deformação de uma mola de L0 para L  L0  L.


38 Caderno de Laboratório – CEC1018

8.3 Materiais Utilizados

a) Mola Helicoidal; d) Balança eletrônica;


b) Massas; e) Dinamômetro;
c) Papel Milimetrado; f) Régua graduada (ou trena).

8.4 Procedimentos Experimentais

8.4.1 Medida da Constante Elástica pelo Método Estático

a) Montar o equipamento com os materiais fornecidos;

b) Adotar a base do suporte para massas como referencial para as medidas de deformações;

c) Escolher 10 (dez) massas diferentes (com valores gradativamente maiores). Anote os valores na
Tabela 8.1.

d) Colocar a menor massa no suporte e medir a deformação L . Repita o procedimento para as


outras massas com valores gradativamente maiores que a primeira. Anote os resultados Tabela 8.1.

e) Calcule a força exercida pela mola em cada massa. Na posição de equilíbrio o módulo da força F
exercida pela mola é igual ao peso do corpo ( F  mg ). Anote os valores na Tabela 8.1;

f) Utilizando a Equação (8.1) calcule as constantes elásticas para cada massa. Anote os valores na
Tabela 8.1;

g) Calcule a constante elástica média k . Anote o resultado na Tabela 8.1;

h) Calcule o desvio padrão  . Anote o resultado na Tabela 8.1;

i) Represente a medida na forma k  k  . Anote na Tabela 8.1.

Tabela 8.1
Massa (kg): m Deformação (m): L Força (N): F  mg Constante elástica (N/m): k

k 

k k 
Caderno de Laboratório – CEC1018 39

8.4.2 Medida da Constante Elástica pelo Método Gráfico

a) Construa em um papel milimetrado o gráfico de F  L usando os dados da Tabela 8.1;

b) Provavelmente os pontos não estão alinhados, então, ajuste uma reta a estes pontos usando o
método dos mínimos quadrados;

c) Obtenha a constante elástica k a partir do coeficiente angular da reta;

d) Encontre a diferença percentual entre o resultado do item c) com a constante elástica média k ,
obtida na Tabela 8.1, através da expressão:
k k
E (%)  100
k

8.4.3 Medida da Gravidade Local Utilizando um Dinamômetro

a) Escolha 5 (cinco) massas diferentes. Anote os valores na Tabela 8.2;

b) Utilize o dinamômetro para determinar o módulo da força F exercida pela gravidade sobre cada
uma das massas. Anote os valores obtidos na Tabela 8.2;

c) Para cada massa calcule a aceleração da gravidade. Use que F  mg . Anote os valores na
Tabela 8.2.

d) Calcule a aceleração da gravidade média g . Anote o resultado na Tabela 8.2;

e) Calcule o desvio padrão  . Anote o resultado na Tabela 8.2;

f) Represente a medida na forma g  g   . Anote o resultado na Tabela 8.2.

Tabela 8.2
Massa (kg) Força (N) Aceleração da gravidade (m/s2)

g

g  g  
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Caderno de Laboratório – CEC1018 41
42 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 43

Experimento 9
Gráficos II: Papel Monolog

9.1 Objetivos
Linearizar funções usando o gráfico no papel monolog.

9.2 Introdução
Nos gráficos cartesianos, a linha que une os diferentes pontos assinalados é uma curva que
pode, em alguns casos, ser representada por uma função conhecida. Logicamente, o gráfico mais
fácil de ser traçado e analisado (interpretado) é uma reta, portanto, é comum efetuar o processo de
transformações de variáveis, de modo a se obter uma reta.

9.3 Escalas Logarítmicas


Se o gráfico dos valores tabelados em uma experiência for uma curva, a sua função pode não
ser de fácil determinação. Algumas vezes, funções deste tipo podem ser determinadas pelo uso
adequado dos papéis logarítmicos: papel mono-logarítmico (mono-log) e o papel dilogarítmico (log-
log). O papel mono-log possui escala linear no eixo das abscissas (eixo X) e escala logarítmica no
eixo das ordenadas (eixo Y). O melhor papel a ser utilizado dependerá dos dados obtidos
experimentalmente.
Numa escala linear (papel milimetrado), como já foi visto na Aula 7, a distância entre os traços
consecutivos representa sempre o mesmo intervalo da grandeza a ser representada. Numa escala
logarítmica, isto não acontece. As distâncias entre os traços não são lineares, ou seja, o passo é
variável. A escala logarítmica é constituída de “décadas”. Uma década é uma escala contida em um
comprimento L, iniciando pelo número 10N e terminando no número 10N+1, sendo N um número
inteiro que pode ser negativo, nulo ou positivo, isto é, N  Z . Entre estes números são colocados os
algarismos inteiros de 2 a 9, representando os múltiplos de 10N.
No papel mono-log, os pontos no eixo de ordenadas (eixo Y) estarão representando os
logaritmos dos números, portanto, para se construir o gráfico basta marcar diretamente os pontos
correspondentes aos valores de y nos eixos logarítmicos. A função do papel logaritmo é poupar o
trabalho de se extrair os logaritmos de todos os valores de y.
As regras para construção de gráficos em escala logarítmica são as mesmas que foram
colocadas na Aula 7 (Gráficos I), a menos no que diz respeito à escala dos eixos.

9.4 Papel Mono-log


Ao se deparar com um gráfico cuja curva obtida é do tipo
y  y0ekx , (9.1)
44 Caderno de Laboratório – CEC1018

poderemos fazer uma transformação aplicando o operador logaritmo em ambos os lados da


expressão da seguinte forma:
log( y)  log( y0ekx )  log( y)  log( y0 )  log(ekx )
e finalmente:
log( y)  log( y0 )  k log(e) x . (9.2)

Dessa forma, transformamos uma função do tipo exponencial em uma reta do tipo:
Y  A  Bx , (9.3)
sendo Y  log( y) , A  log( y0 ) e B  k log(e) . Note que y0 e k são, agora, facilmente obtidos
fazendo uso do gráfico dessa reta, onde B é a inclinação da reta. Comparando as equações (9.2) e
(9.3) temos:
B
k . (9.4)
log(e)
O coeficiente angular da reta da equação (9.3) é B que será determinado pela expressão:

Y Y2  Y1 log( y2 )  log( y1 )
B   . (9.5)
x x2  x1 x2  x1

A constante y0 é obtida extrapolando a reta até que ela toque o eixo Y.

9.5 Exercício

Num circuito RC (resistor em série com um capacitor) a voltagem V em função do tempo t ,


para um capacitor que está descarregando é dada por:
V  V0et / ,
onde V0 é a voltagem inicial e  é a constante de tempo capacitiva (   RC ). Considerando V0  10
volts e   47 segundos complete a Tabela 9.1.

Tabela 9.1
t (s) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

V (V)

a) Construa o gráfico V  t num papel milimetrado;

b) Linearize a equação V  V0et / ;

c) Construa o gráfico V  t num papel mono-log (com V na escala logarítmica e t na escala linear) e
determine o coeficiente angular desta reta para obter o valor de  . Compare o valor de  obtido no
gráfico com o valor dado   47 s.
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48 Caderno de Laboratório – CEC1018
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Experimento 10
Gráficos III: Papel Dilog

10.1 Objetivos
Linearizar funções do tipo exponencial usando escalas logarítmicas através do papel dilog.

10.2 Introdução
Nos gráficos cartesianos, a linha que une os diferentes pontos assinalados é uma curva que
pode, em alguns casos, ser representada por uma função conhecida. Logicamente, o gráfico mais
fácil de ser traçado e analisado (interpretado) é uma reta, portanto, é comum executar uma
transformação de variáveis, de modo a se obter uma reta.

10.3 Escalas Logarítmicas


Se o gráfico dos valores tabelados em uma experiência for uma curva, a sua função pode não
ser de fácil determinação. Algumas vezes, funções deste tipo podem ser determinadas pelo uso
adequado dos papéis logarítmicos: papel mono-logarítmico (mono-log) e o papel dilogarítmico (log-
log). O papel log-log possui escala logarítmica nos dois eixos. O melhor papel a ser utilizado
dependerá dos dados obtidos experimentalmente.
Numa escala linear como a do papel milimetrado, visto na Aula 7, a distância entre os traços
consecutivos representa sempre o mesmo intervalo da grandeza a ser representada. Numa escala
logarítmica, isto não acontece. As distâncias entre os traços não são lineares, ou seja, o passo é
variável. A escala logarítmica é constituída de décadas. Uma década é uma escala contida em um
comprimento L, iniciando pelo número 10N e terminando no número 10N+1, sendo N um número
inteiro que pode ser negativo, nulo ou positivo, isto é, N  Z . Entre estes números são colocados os
algarismos inteiros de 2 a 9, representando os múltiplos de 10N.
No papel di-log, os pontos no eixo de ordenadas (eixo Y) e no eixo das abscissas (eixo X)
estarão representando os logaritmos dos números, portanto, para se construir o gráfico basta marcar
diretamente os pontos correspondentes aos valores de x e y nos eixos. Assim, a função do papel di-
log é poupar o trabalho de se extrair os logaritmos de todos os valores de x e y. As regras para
construção de gráficos em escala di-log são as mesmas que foram colocadas na Aula 7 (Gráficos I),
a menos no que diz respeito à escala dos eixos.

10.4 Utilização do Papel Log-Log


Se a curva obtida ao construir um gráfico em um papel milimetrado for do tipo
y   xk , (10.1)
onde  e k são constantes a serem encontradas para que a função y ( x) seja determinada, caso
fosse possível construir um gráfico de y em função de x k , que seria uma reta passando pela
50 Caderno de Laboratório – CEC1018

origem, a constante  seria determinada através do coeficiente angular desta reta. No entanto, isto
não é possível, pois, não conhecendo o valor de k , não se pode obter os valores de x k . Para
resolver esse problema, aplica-se o operador logaritmo em ambos os lados da equação (10.1):
log( y)  log( xk )  log( y)  log( )  log( xk )
resultando em:
log( y)  log( )  k log( x) . (10.2)
Observamos que a expressão resultante é uma reta do tipo:
Y  A  kX , (10.3)
sendo Y  log( y) , A  log( ) e X  log( x) . Note que A e k são, agora, facilmente obtidos
fazendo uso do gráfico dessa reta. A constante k é a inclinação da reta, sendo dada por:

Y Y Y log( y2 )  log( y1 )
k  2 1  . (10.4)
X X 2  X 1 log( x2 )  log( x1 )

O valor de A é obtido por extrapolação da reta tomando X  0 (observe que isto implica em
tomar x  1 na equação (10.1)).
Observamos que no papel log-log o coeficiente angular da reta pode ser encontrado
diretamente do gráfico, medindo Y e X com uma régua e dividindo Y por X .

10.5 Exercícios

Para um corpo em queda livre, partindo do repouso, a distância h em função do tempo t


para um dado referencial, onde h0  0 , varia de acordo com a expressão: h  gt 2 2 . Considerando
g  10 m/s2 teremos simplesmente:
h  5t 2 . (10.5)
Usando esta equação complete a Tabela 10.1.

Tabela 10.1
t (s) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

h (m)

a) Construa o gráfico hxt num papel milimetrado;

b) Linearize a equação h  5t 2 ;

c) Construa o gráfico hxt num papel log-log e determine o coeficiente angular desta reta. Verifique se
o valor encontrado é aproximadamente igual a 2, que é justamente o expoente da variável t da
equação (10.5).
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54 Caderno de Laboratório – CEC1018
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Experimento 11
Queda Livre

11.1 Objetivos
Determinar a aceleração da gravidade local e deduzir a lei de queda livre fazendo uso do
papel log-log na construção de gráficos.

11.2 Introdução
O exemplo mais comum de movimento com aceleração (aproximadamente) constante é o de
um corpo caindo na superfície terrestre. Desprezando a resistência do ar, verifica-se que todos os
corpos caem com a mesma aceleração, em um mesmo ponto da superfície terrestre, não importando
seu tamanho, seu peso ou sua constituição; se a altura de queda não for muito grande, a aceleração
permanecerá constante durante todo o movimento. Este movimento ideal, no qual são desprezadas a
r
resistência do ar e algumas pequenas variações da aceleração com a altitude (o valor de g depende
da latitude e da altitude terrestre) é chamado de queda livre. A aceleração de um corpo em queda
livre é chamada aceleração da gravidade e é representada pelo símbolo g (a seta indica a natureza
vetorial da grandeza). Próximo à superfície da Terra, seu valor é de aproximadamente 9,8 m/s 2, sua
direção é normal à superfície terrestre e seu sentido é dirigido para o centro da terra.
Escolhendo um referencial rigidamente ligado à Terra (veja a Fig. 11.1), a direção do eixo Oy
r
será vertical e seu sentido positivo para cima. Então a aceleração da gravidade, g será um vetor
apontando verticalmente para baixo (para o centro da Terra), no sentido negativo de Oy (essa
escolha é arbitrária: em outros problemas poderá ser mais conveniente escolher o sentido para baixo
como positivo). A equação horária de um objeto em queda livre é a mesma de um corpo em
movimento uniformemente acelerado, ou seja:
ay
y  y0  v0 y t  t2 , (11.1)
2
em que y0 é a posição inicial, v 0 y é a
y
velocidade inicial na direção y, e
t0  0, v0 y  0, y0  h, ay   g
a y   g é a aceleração da gravidade,
dirigida para baixo em relação ao eixo
vertical orientado para cima como
mostrado na Fig. 11.1. h

t  tq , y  0 m
0
x

Figura 11.1 Representação esquemática de um corpo em queda livre.


56 Caderno de Laboratório – CEC1018

A equação da queda livre é:


g 2
h t (11.2)
2

11.3 Materiais Utilizados


a) Sensor eletrônico de medida de tempo; d) Esfera metálica;
b) Trena; e) Papel Log-Log.
c) Cronômetro Digital;

11.4 Procedimento Experimental


11.4.1 Determinação Direta do Valor de g Usando Cronômetro Digital e Trena.

a) Mostre, a partir da Eq. (11.2), que a aceleração da gravidade local pode ser determinada pela
2h
relação g  :
tq 2

b) Fixe a altura em aproximadamente 1,80 metros e, com o cronômetro digital, meça o tempo (em
segundos) de queda. Repita esse procedimento 10 vezes, anotando os resultados na Tabela 11.1;

c) Calcule o tempo médio de queda tq e anote o resultado na Tabela 11.1;

d) Em seguida, calcule o valor médio da aceleração da gravidade g usando que g  2h ( tq )2 . Anote


o valor encontrado na Tabela 11.1.

Tabela 11.1

t1  t2  t3  t4  t5  t6  t7  t8  t9  t10 
t 
g

11.4.2 Determinação do Valor de g Usando o Sensor Eletrônico de Medida de Tempo

a) Com a altura fixa em 1,80 metros, use desta vez o sensor eletrônico de tempo para medir o tempo
de queda. Repita esse procedimento 10 vezes e anote os valores do tempo de queda (em segundos)
na Tabela 11.2:

b) Calcule o tempo médio de queda tq e anote o resultado na Tabela 11.2;

c) Calcule g usando g  2h ( tq )2 . Anote o valor encontrado na Tabela 11.2. Ele difere do valor
obtido anteriormente? Por quê?

Tabela 11.2

t1  t2  t3  t4  t5  t6  t7  t8  t9  t10 
t 
g
Caderno de Laboratório – CEC1018 57

11.4.3 Dedução Experimental da Equação de Queda Livre

a) Com a trena, meça a altura h a partir da qual a esfera é solta. Observe o tempo de queda
decorrido. Repita o procedimento para cinco alturas diferentes e anote os resultados na Tabela 11.3.

b) Construa um gráfico h  t em escala log-log. Qual é o tipo de curva?

Tabela 11.3
h (m) Tempo de queda (s)
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
k


c) Suponha que a lei da queda livre é do tipo h   t k , em que  e k são constantes. Linearize a
equação.

d) A partir do gráfico determine as constantes k . O resultado do experimento está de acordo com o


que você esperava? Por quê?
58 Caderno de Laboratório – CEC1018

Gráfico Log-Log de h  t

1,8

1,6
h (m)

1,4

1,2

1
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
tq (s)
Caderno de Laboratório – CEC1018 59

Experimento 12
Lançamento Oblíquo de um Projétil

12.1 Objetivos
Estudar o movimento de um projétil em duas dimensões para medir sua velocidade inicial e
relacionar o ângulo de inclinação com o alcance atingido.

12.2 Introdução
Um exemplo de movimento curvilíneo com aceleração é o movimento de um projétil, isto é, o
movimento bidimensional de uma partícula lançada obliquamente no ar (Figura 12.1). O movimento
ideal (desprezando a resistência do ar) de uma bola de futebol ou de uma bola de golfe são
exemplos de movimentos de projéteis. Esse tipo de movimento se realiza com aceleração constante
g , dirigida para baixo, isto é, a componente horizontal da aceleração é nula. Caso seja escolhido um
sistema de coordenadas Oy dirigido para cima, Figura 12.1, pode-se escrever ax  0 e a y   g , e o
movimento será descrito pelas equações:
x  x0  v0xt (12.1a)
1
y  y0  v0 y t  a y t 2 (12.1b)
2
em que x0 e y0 são as coordenadas da posição inicial do projétil, v 0 x e v 0 y são as componentes da
velocidade inicial do projétil, e a y   g , sendo g o módulo da aceleração da gravidade.

V0 x

t  tq , y  0

x 0

Figura 12.1: Representação esquemática do movimento de um corpo lançado horizontalmente a partir de uma
altura h. D é o alcance máximo do projétil, t q é o tempo de queda, t0  0, v0 y  0, x0  0, y0  h, v0 x  0 .
60 Caderno de Laboratório – CEC1018

12.3 Materiais Utilizados


a) Lançador de projéteis; d) Fita crepe; g) régua.
b) Esfera de plástico; e) Papel carbono;
c) Trena; f) Papel A4;

12.4 Procedimentos Experimentais

12.4.1 Obtenção do Alcance em Função do Ângulo de Lançamento

a) Certifique-se que o projétil será arremessado a partir do plano da superfície da mesa;

b) Monte o lançador de projétil em um ângulo de inclinação de 30º;

c) Coloque um papel carbono em cima de um papel branco (uma folha A4) para marcar o ponto onde
a bola atinge o plano da mesa. Faça um teste antes lançando o projétil para saber a posição correta
em que se deve colocar o papel. Para que o papel não se desloque ao ser atingido pelo projétil, fixe
o papel com fita crepe;

d) Dispare o lançador e meça com uma trena ou régua o alcance D . Repita o procedimento para dez
disparos e anote o resultado na Tabela 12.1;

e) Repita os procedimentos (c) e (d) para os ângulos de 45º e 60º;

f) Calcule o valor médio e o desvio padrão do alcance D para cada um dos três ângulos;

g) Represente os alcances em termos dos valores médios D e de suas respectivas incertezas  ;

h) Verifique, observando o desvio padrão, que os alcances para os ângulos de 30º e 60º são iguais
(duas médias são iguais se estiverem dentro do intervalo do desvio padrão) e que o maior alcance é
para o ângulo de 45º.

Tabela 12.1
Alcance (cm) – 30º Alcance (cm) – 45º Alcance (cm) – 60º

D D  D D  D D 


12.4.2 Medida da Velocidade Inicial do Projétil
Caderno de Laboratório – CEC1018 61

a) O lançador de projétil deve ser posicionado na horizontal (observe no transferidor a posição


angular) a uma altura h da superfície da mesa.

b) Meça a altura h do lançador de projétil ( h é a altura da boca do canhão até o plano da mesa);

c) Coloque um papel carbono em cima de um papel branco (uma folha A4) para marcar o ponto onde
a bola atinge o plano da mesa. Faça um teste antes, lançando o projétil para saber a posição correta
em que se deve colocar o papel. Para que o papel não se desloque ao ser atingido pelo projétil fixe o
papel com um fita crepe;

d) Obtenha, a partir da equação (12.1a) e (12.1b) a seguinte relação para a velocidade inicial v 0 x de
lançamento do projétil:
g
v0 x  D , (12.2)
2h
sendo g o módulo da aceleração da gravidade local;

e) Com a trena, meça o alcance D do projétil para 10 lançamentos. Anote os resultados na Tabela
12.2;

f) Para cada valor de D calcule a velocidade horizontal v 0 x do projétil usando Eq. (12.2). Anote os
valores na Tabela 12.2;

g) Calcule a velocidade inicial média horizontal v 0 x do projétil e a represente em termos do desvio


padrão v0 x  v0 x   . Anote os resultados na Tabela 12.2.

Tabela 12.2
Alcance (m) Velocidade (m/s)

v0 x 
v0 x  v0 x   
62 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 63

Experimento 13
Verificação Experimental da 2ª Lei de Newton

13.1 Objetivos
Verificar experimentalmente a segunda Lei de Newton no plano horizontal e no plano
inclinado.

13.2 Introdução
Durante séculos, o problema do movimento e de suas causas foi um tema central da
“Filosofia Natural”, como era chamada a Física. No entanto, foi somente na época de Galileu Galilei e
Isaac Newton (século XVII d.C) que se realizou um progresso extraordinário no conhecimento do
assunto. Newton desenvolveu plenamente as idéias de Galileu e de outros cientistas, e formulou em
1866 as três leis do movimento em sua obra Principia Mathematica Philosophia Naturalis,
usualmente chamada de Principia. Estas leis se resumem em:

 1ª Lei: Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo


uniforme, a menos que seja obrigado a modificar tal estado por forças aplicadas a ele.
 2ª Lei: A taxa de variação do momento linear é proporcional à força aplicada, e na
direção em que age a força
 3ª Lei: A cada ação sempre se opõe uma reação, ou seja, as ações mútuas de dois
corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas para partes contrárias.

A primeira Lei de Newton é uma afirmação sobre referenciais, pois em geral a aceleração de
um corpo dependerá do sistema de referência pelo qual ela é medida. A Lei nos diz que se não
houver objetos próximos é possível encontrar uma família de referenciais em que a partícula não
possui aceleração (por exemplo, as estrelas distantes). O fato de os corpos permanecerem em
repouso ou em movimento retilíneo uniforme, em relação a um dado referencial, na ausência de
forças aplicadas, é frequentemente descrito atribuindo à matéria uma propriedade chamada “inércia”.
A primeira Lei de Newton é frequentemente chamada Lei de Inércia e os referenciais aos quais ela
se aplica, são, por isso, chamados referenciais inerciais. Tais referenciais ou são fixos em relação às
estrelas distantes, ou se movem com velocidade constante em relação a elas. Nota-se que, na
primeira Lei, não existe diferença entre um corpo em repouso e outro que se move com velocidade
constante em relação a outro: ambas as situações são “naturais” na ausência de forças. A segunda
lei de Newton pode ser escrita de forma matemática da seguinte forma:
dp d dv dm
 (mv )  m v ,
dt dt dt dt
e se não haver variação de massa ( dm dt  0 ) teremos:
dp dv
m  ma
dt dt
ou seja:
64 Caderno de Laboratório – CEC1018

F  ma , (13.1)
que é a equação fundamental da mecânica clássica. Nessa equação, F é a soma vetorial de todas
as forças que atuam sobre o corpo, m é a massa do corpo e a é a aceleração resultante. A
equação 13.1 é a segunda Lei de Newton para uma partícula formulada em linguagem matemática
(válida somente quando há variações da massa m ).
A terceira Lei de Newton afirma que as forças que atuam em um corpo originam-se em outros
corpos que constituem sua vizinhança. Uma força é, apenas, um aspecto de uma interação mútua
entre dois corpos. Em outras palavras, verifica-se experimentalmente que se um corpo A exerce uma
força sobre o corpo B, este exercerá sobre A uma força de mesma intensidade, mas de sentido
oposto; a ação e a reação têm a direção da reta que passa pelos dois corpos. Nota-se que as forças
de ação e de reação, que sempre ocorrem em pares, atuam sobre corpos diferentes. Se agissem no
mesmo corpo, nunca se teria movimento acelerado, pois a força resultante sobre qualquer corpo
seria sempre nula.

13.3 Materiais Utilizados


a) Trilho dinâmico; e) Massas aferidas;
b) Cronômetro digital; f) Tripé com barra;
c) Super polia; g) Transferidor (preso ao trilho).
d) Carrinho;

13.4 Procedimentos Experimentais


13.4.1 Segunda Lei de Newton no Plano Inclinado

Neste experimento pode-se verificar quantitativamente a segunda Lei de Newton utilizando


um equipamento simples, cujo esquema é mostrado na Figura 13.1. Nota-se que as forças
envolvidas são a força peso e a força normal.

y

m1
m2


y  y0

Figura 13.1: Representação esquemática do equipamento utilizado no experimento.


Caderno de Laboratório – CEC1018 65

a) Monte o trilho dinâmico inclinado a 10º;

b) Certifique-se de que a aceleração será significativa, aumentando a massa m2 e deixando o


carrinho deslocar-se pelo menos um metro. Verifique se o comprimento da corda é adequado: a
distância percorrida pelo carrinho deverá ser menor que a altura do plano ao solo;

c) Meça na balança eletrônica a massa m1 e a massa m2 . Anote os valores na Tabela 13.1;

d) Obtenha, a partir da segunda Lei de Newton, a expressão para a aceleração teórica aT da massa
m1 e m2 na forma:
m2  m1 (sen)
aT  g (13.2)
m1  m2
e) Calcule a aceleração teórica usando a equação (13.2). Anote o resultado na Tabela 13.1;

Tabela 13.1
massa do carrinho (kg) massa 2 (kg) aceleração teórica (m/s2)
m1  m2  aT 

f) Solte o carrinho de uma posição fixa sobre o trilho e meça a distância percorrida y e o intervalo
de tempo t gasto pelo carrinho para percorrer essa distância. Calcule a aceleração, chamada de
aceleração experimental aexp , usando a equação do movimento uniformemente acelerado:
2y
aexp  . (13.3)
t 2
g) Repita esse procedimento dez vezes. Anote os resultados na Tabela 13.2;

h) Calcule o valor da aceleração experimental média: aexp . Anote o resultado na Tabela 13.2.

i) Determine a diferença percentual E (%) entre a aceleração teórica aT obtida na Tabela 13.1 com a
| aT  aexp |
aceleração experimental média aexp . Use que: E (%)  100 .
aT

Tabela 13.2

t (s) aexp (m/s2)

aexp 
E (%) 
66 Caderno de Laboratório – CEC1018

13.4.2 Segunda Lei de Newton no Plano Horizontal

a) Coloque o trilho sem nenhuma inclinação no plano da mesa (   0 );

b) Verifique novamente se o comprimento da corda é adequado, ou seja, se a distância percorrida


pelo carrinho é menor que a altura do plano da mesa ao piso;

c) Meça a massa m1 e a massa m2 . A massa m2 deve ser ajustada para que o carrinho deslize
vagarozamente. Anote os valores das massas na Tabela 13.3;

d) Faça   0 na equação (13.2) e obtenha que a expressão para a aceleração teórica aT da massa
m1 e m2 assume a forma:
m2
aT  g (13.4)
m1  m2
e) Calcule a aceleração teórica aT usando a equação (13.4). Anote o resultado na Tabela 13.3;

Tabela 13.3
massa do carrinho (kg) massa 2 (kg) aceleração teórica (m/s2)
m1  m2  aT 

f) Solte o carrinho de uma posição fixa sobre o trilho e meça a distância percorrida y e o intervalo
de tempo t gasto pelo carrinho para percorrer essa distância. Calcule a aceleração, chamada de
aceleração experimental aexp , usando a equação (13.3).

g) Repita o procedimento do item f) dez vezes. Anote os resultados na Tabela 13.4;

h) Calcule o valor da aceleração experimental média: aexp . Anote o resultado na Tabela 13.4.

i) Determine a diferença percentual E (%) entre a aceleração teórica aT obtida na Tabela 13.3 com a
| aT  aexp |
aceleração experimental média aexp . Use que: E (%)  100 .
aT

Tabela 13.4

t (s) aexp (m/s2)

aexp 
E (%) 
Caderno de Laboratório – CEC1018 67

Experimento 14
Equilíbrio I: Momento de um Força

14.1 Objetivos
Verificar as condições de equilíbrio de um corpo sobre o qual atuam diversas forças.

14.2 Introdução
A análise do equilíbrio estático é muito importante na prática de engenharia. O engenheiro, ao
projetar qualquer estrutura, deve isolar e identificar todas as forças e torques externos que podem
atuar sobre ela e, por meio de um bom projeto e de uma escolha inteligente de materiais, garantir
que a estrutura permanecerá estável sob a ação dessas forças e torques. Tal análise é necessária
para garantir, por exemplo, que pontes não entrem em colapso sob suas cargas de tráfego e de
vento, ou, para citar outro exemplo, que o trem de aterrissagem de aeronaves resistam ao choque de
aterrissagens bruscas.
Os movimentos de translação e rotação de um corpo são governados pela segunda lei de
Newton, expressa em termos do momento linear P e do momento angular L :
N N
Fres   Fi 
dP
e  res   i  dL , (14.1)
i 1 dt i 1 dt
em que Fres é a força resultante e  res é o torque resultante. Se o corpo estiver em equilíbrio de
rotação ( L for constante) e translação ( P for constante), podemos enunciar duas exigências para o
equilíbrio:

 Equilíbrio de Translação: A soma vetorial de todas as forças externas que agem sobre o
corpo deve ser nula:
N
Fres   Fi  0
i 1

 Equilíbrio de Rotação: A soma vetorial de todos os torques externos que agem sobre o
corpo, medidos em relação a qualquer ponto possível, deve ser nula

N N
 res   i   ri  Fi  0
i 1 i 1

14.3 Materiais Utilizados


a) Barra metálica (ou plástica) – travessão;
b) Massas aferidas;
c) Régua graduada (ou trena);
d) Balança.
68 Caderno de Laboratório – CEC1018

14.4 Procedimentos Experimentais

14.4.1 Equilíbrio

a) Monte o equipamento com os materiais fornecidos (veja a Fig. 14.1);

Figura 14.1 Representação do Equipamento utilizado.

b) Com o travessão colocado no suporte (preso pelo orifício central), coloque duas massas iguais em
cada extremidade do travessão e observe o equilíbrio;

c) Altere a posição e o valor das massas, procurando novas posições de equilíbrio em que a barra
fique na horizontal. Repita o procedimento 5 (cinco) vezes e anote os resultados na Tabela 14.1;

d) Para cada posição de equilíbrio meça os comprimentos r1 e r2 em relação ao ponto de apoio, e

calcule o módulo das forças F1  | F1 | e F2  | F2 | e os respectivos torques 1  |1 | e  2  | 2 |


provocados por estas duas forças. Adote g  9,8 m/s2. Anote os resultados na Tabela 14.1;

e) Calcule a diferença percentual entre os torques  1 e  2 usando a expressão:


|  1  2 | .100
E (%)  ,
i
sendo  i o menor valor dos dois torques calculados.

Tabela 14.1

r1 (m) F1  m1 g (N) 1  r1F1 (N.m) r2 (m) F2  m2 g (N)  2  r2 F2 (N.m) E (%)


Caderno de Laboratório – CEC1018 69

14.4.2 Medida de uma massa desconhecida

a) Escolha um objeto de massa desconhecida;

b) Use a montagem anterior e a condição de equilíbrio de rotação e determine a massa


desconhecida de um objeto mdesc em termos de uma massa conhecida mconh através da relação:
r1
mdesc  mconh ,
r2
sendo r1 a distância da massa conhecida até o ponto de apoio e r2 a distância da massa
desconhecida até o ponto de apoio. Anote os resultados na Tabela 14.2;

Tabela 14.2

r1 (cm) mconh (g) r2 (cm) mdesc (g)

c) Utilize a balança para medir a massa do objeto desconhecido e calcule a diferença percentual
entre o valor apresentado na balança mbalança e o valor obtido para mdesc na Tabela 14.2. Use a
expressão:

mbalança  mdesc
E (%)  100 .
mdesc
70 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 71

Experimento 15
Equilíbrio II: Forças Coplanares

15.1 Objetivos
Verificar experimentalmente o equilíbrio de forças usando um dispositivo conhecido como
mesa de forças.

15.2 Introdução
As grandezas físicas são divididas em escalares e vetoriais. As grandezas que ficam bem
caracterizadas apenas por um número e uma unidade, tendo consequentemente apenas um valor
numérico, são denominadas escalares. Massa, tempo, energia e temperatura são exemplos de
grandezas escalares. Já as grandezas vetoriais, como força, velocidade e aceleração, para serem
completamente caracterizadas, exigem a especificação de um módulo, uma direção e um sentido
que se combinam segundo certas regras de adição, subtração e multiplicação vetorial.
Sejam dois vetores F1 e F2 de comprimentos F1 e F2 fazedo entre si um ângulo  .
Calculando as componentes dos vetores em relação a dois eixos perpendiculares é possível mostrar
que o comprimento da soma dos dois vetores Fres é dado por:

Fres  F12  F22  2F1F2 cos  . (15.1)


O método experimental desta aula consiste em aplicar duas forças em uma mesa de força
sobre polias posicionadas em ângulos determinados. Sobre a terceira polia ajusta-se o valor da força
e o posicionamento desta polia em função do ângulo até que se estabeleça o equilíbrio entre as três
forças. Essa terceira força é chamada força de equilíbrio ( F3  P3 ) . Essa força não é a mesma força
resultante, ela possui o mesmo módulo, mesma direção, porém sentido oposto, visto que equilibra o
sistema, como mostrado na Figura 15.1, ou seja: Fres   F3 .

Figura 15.1 Esquema de montagem da mesa de força.


72 Caderno de Laboratório – CEC1018

15.3 Materiais Utilizados

a) Mesa de força;
b) Três polias;
c) Três suportes para massas ligados por fios em um anel de plástico;
d) Conjunto de massas.

15.4 Procedimento Experimental

15.4.1 Equilíbrio Entre Três Forças

a) Prepare a mesa de força com a ajuda do professor;

b) Coloque a polia 1 na posição angular de 0º (zero grau) e a polia 2 na posição angular de 30º. A
polia três será utilizada como polia móvel e será a polia da força de equilíbrio;

c) Escolha duas massas fixas: de 50 g para a polia um e de 100 g para a polia dois;

d) Procure a posição angular de equilíbrio da polia 3: posição em que o anel não toca a coluna
central;

e) Coloque massas na polia 3 até que o anel fique bem centralizado. Anote o valor da massa
suspensa na polia 3: m3 ;

f) Varie a posição angular da polia 2 em intervalos de 15º até 165º repetindo o procedimento dos
itens d) e e) para cada variação. Anote os resultados na Tabela 15.1.

Tabela 15.1
posição angular da polia 1 posição angular da polia 2 posição angular da polia 3 m3 (kg)
0º 30º
0º 45º
0º 60º
0º 75º
0º 90º
0º 105º
0º 120º
0º 135º
0º 150º
0º 165º
Caderno de Laboratório – CEC1018 73

15.4.2 Cálculo do Módulo da Força de Equilíbrio

a) Calcule o módulo da força de equilíbrio F3 para cada valor de massa da Tabela 15.1 utilizando a
relação F3  P3  m3 g (use g  9,78 m/s2). Anote os resultados na Tabela 15.2;

b) Calcule o módulo da força de equilíbrio Fres utilizando a lei dos cossenos (equação 15.1) para
cada posição angular da Tabela 15.1. Note que: F1  P1  m1 g e F2  P2  m2 g . Anote os resultados
na Tabela 15.2;

c) Calcule a diferença percentual entre F3 e Fres para cada um dos pares da Tabela 15.2 usando a
relação:
Fres  F3
E (%)  100
Fres

d) Os valores de F3 e Fres deveriam ser iguais. Explique os motivos da discordância (caso exista)
entre esses dois valores.

Tabela 15.2
 30º 45º 60º 75º 90º 105º 120º 135º 150º 165º
F3 (N)
Fres (N)
E(%)
74 Caderno de Laboratório – CEC1018

Experimento 16
Colisão Inelástica: Pêndulo Balístico

16.1 Objetivos
Verificar a conservação do momento linear em uma colisão inelástica. Determinar a
velocidade de um projétil.

16.2 Materiais Utilizados


a) Pêndulo balístico;
b) Esfera metálica (Projétil);
c) Folha de papel A4;
d) Papel carbono;
e) Régua milimetrada (ou trena);
f) Fita crepe;
g) Balança eletrônica.

16.3 Colisão Inelástica


As colisões costumam ser classificadas conforme a conservação, ou não, da energia cinética
na colisão. Se a energia cinética é conservada, dizemos que a “colisão é elástica”; caso contrário,
dizemos que a “colisão é inelástica”. Um equipamento utilizado para estudar as colisões inelásticas é
chamado de pêndulo balístico. Esse equipamento consiste de um lançador de projétil, uma haste
metálica com suporte e um transferidor para medida do deslocamento angular do pêndulo, como está
representado na Fig. 16.1.

Figura 16.1 Representação esquemática do pêndulo balístico.


Caderno de Laboratório – CEC1018 75

Um projétil de massa m é disparado pelo lançador com velocidade v 0 , atinge o pêndulo de


massa M e nele se aloja. Se o tempo de colisão (tempo requerido para que o projétil atinja o
repouso em relação ao suporte) é muito pequeno comparado com o período de oscilação, a haste
que sustenta o pêndulo permanece praticamente na vertical durante a colisão. Portanto, não há força
horizontal externa atuando no sistema (projétil + haste) durante a colisão, e a componente horizontal
do momento linear é conservada. A velocidade do sistema após a colisão, v1 , é menor que a
velocidade do projétil antes da colisão. Esta velocidade final pode ser facilmente determinada pelo
princípio da conservação do momento linear no sistema (esfera + pêndulo):
(m  M )
mv0  (m  M )v1  v0  v1 , (16.1)
m
onde v 0 é a velocidade da esfera imediatamente antes da colisão e v1 é a velocidade do conjunto
imediatamente após a colisão.
Após a colisão, o pêndulo sobe até uma altura hmax (veja Figura 16.2). Desprezando a
resistência do ar, a energia mecânica do sistema se conserva, ou seja, a energia cinética do sistema
se transforma em energia potencial gravitacional:
1
(m  M )v12  (m  M ) ghmax  v1  2 ghmax . (16.2)
2
Substituindo a Eq. (16.2) na Eq. (16.1) tem-se:
(m  M )
v0  2 ghmax , (16.3)
m
A altura hmax pode ser expressa em função do comprimento L do pêndulo e do deslocamento
angular  da seguinte forma:
hmax  L  L cos   hmax  L(1  cos ) . (16.4)


L cos  L

hmax

Figura 16.2 Deslocamento angular do pêndulo balístico após a colisão.

Substituindo a Eq. (16.4) na Eq. (16.3) tem-se:


(m  M )
v0  2 gL(1  cos ) , (16.5)
m
76 Caderno de Laboratório – CEC1018

16.4 Procedimentos Experimentais

16.4.1 Medida da Velocidade Inicial v 0 do Projétil

a) Monte o pêndulo balístico;

b) Meça o comprimento (em metros) L do pêndulo que é a distância do ponto de sustentação do


pêndulo até o centro de massa (coloque o pêndulo em equilíbrio horizontal sobre a haste para
determinar o seu centro de massa);

c) Meça a massa m do projétil (esfera) e a massa M do pêndulo usando a balança eletrônica.


Anote os valores na Tabela 16.1;

Tabela 16.1
𝐿= m M

d) Arme o lançador no nível 2 (dois) e coloque o projétil no lançador;

e) Coloque o pêndulo em frente ao lançador de projétil e em seguida verifique se o marcador do


transferidor do pêndulo está em 0º (zero grau);

f) Dispare o lançador e anote o ângulo  marcado pelo transferidor.

g) Repita o procedimento 10 (dez) vezes. Anote os valores angulares na Tabela 16.2.

h) Calcule o valor médio  e o seu desvio padrão 𝜎. Anote o resultado na Tabela 16.2. Um pequeno
erro na medição do ângulo  implica em um grande erro no cálculo de hmax , por isto a utilização do
valor médio de  e a determinação do seu desvio padrão são necessários.

i) Utilizando o valor de  na Eq. (16.5) determine o valor de v 0 ;

j) Faça um comentário sobre os possíveis erros presentes no experimento.

Tabela 16.2

1  2  3  4  5  6  7  8  9  10 
 𝜎= v0 
Caderno de Laboratório – CEC1018 77

Experimento 17
Movimento Harmônico Simples

17.1 Objetivos
Analisar o movimento oscilatório em sistema do tipo massa-mola, medir o período de
oscilação de um objeto em movimento harmônico simples (MHS) e comparar a medida experimental
com o valor teórico.

17.2 Conceitos Teóricos


Qualquer movimento que se repete em intervalos de tempo iguais constitui um movimento
periódico. O movimento periódico de uma partícula pode sempre ser matematicamente expresso em
termos das funções “seno” e “co-seno, motivo pelo qual ele é denominado também de “Movimento
Harmônico”. Existem muitos movimentos vibratórios na natureza, como por exemplo, o do relógio de
pêndulo, o de uma corda de violino, o de uma massa presa a uma mola, o dos átomos nas moléculas
de ar atingidas por uma onda sonora.
O período T de um movimento harmônico é o tempo necessário para que uma partícula em
movimento periódico percorra uma vez a trajetória fechada, isto é, para completar uma oscilação ou
ciclo. O inverso do período é a frequência f, a qual representa o número de oscilações realizadas em
um determinado intervalo de tempo correspondente. Focalizamos nossa atenção em uma partícula
que oscile em um movimento retilíneo bem definido. Seu deslocamento x varia periodicamente tanto
em módulo quanto em sentido, sua velocidade v e sua aceleração a também variam
periodicamente em módulo e sentido e, devido à relação F  ma , o mesmo acontece com a força
que atua sobre a partícula.
Um tipo de movimento oscilatório comum, e muito importante, é o movimento harmônico
simples, como por exemplo, o movimento de um bloco de massa m preso a uma mola de constante
elástica k, como está representado na Figura 17.1.

k m

x=0
Amplitude
-x
Figura 17.1

Na posição de equilíbrio (x = 0) a mola não exerce força no bloco. Quando o bloco é


deslocado de uma distância x a partir da posição de equilíbrio, a mola exerce uma força restauradora
que é proporcional ao deslocamento, mas com sinal contrário (Lei de Hooke). Desprezando o atrito e
aplicando a 2ª Lei de Newton para o movimento unidimensional do bloco, temos:
F  ma  kx (17.1)
78 Caderno de Laboratório – CEC1018

d 2x d 2x k
m 2
  kx  2
 x (17.2)
dt dt m

A equação (17.2) é uma equação diferencial, cuja solução, pode ser escrita como:
x(t )  x0 cos(t   ) , (17.3)

sendo x0 a amplitude do movimento, (t   ) a fase do movimento,  a frequência angular e  a


constante de fase. Então, a velocidade e a aceleração da partícula serão dadas por:
dx
v (t )    x0 sen(t   ) , (17.4)
dt
d 2x
a(t )  2
  x0 2 cos(t   ) . (17.5)
dt

Substituindo as equações (17.3) e (17.5) na equação (17.2), temos


k k k
 x0 2 cos(t   )  
x0 cos(t   )   2     ,
m m m
que é a frequência angular do movimento. A frequência f do movimento será então
 1 k
f  f  . (17.6)
2 2 m
Como o período é o inverso da frequência, temos
m
T  2 . (17.7)
k

Das equações (17.6) e (17.7) concluímos que o período e a frequência num movimento
harmônico simples não dependem da amplitude. Podemos, então, tomar a Eq. (17.1) como uma
definição alternativa do movimento harmônico simples. Ela afirma o seguinte: “quando a força que
atua em um objeto é proporcional ao seu deslocamento e tem sentido oposto ao mesmo, o objeto se
moverá como um movimento harmônico simples”. Vamos considerar um objeto preso a duas molas
oscilando num piso horizontal sem atrito, como representado pela Figura 17.2.

k1 m k2

Figura 17.2

A força resultante sobre o objeto é dada por:


F  k1 x  k2 x  (k1  k2 ) x
que é da forma F  kx , onde k  k1  k2 . Então, o bloco executa um movimento harmônico simples
com o período dado por
m
T  2 , (17.8)
k1  k2
onde k1 e k 2 são as constantes elásticas das molas.
Caderno de Laboratório – CEC1018 79

17.3 Materiais Utilizados

a) Trilho; d) Dinamômetro; g) Molas com constante elástica k1 e k 2 .


b) Balança; e) Cronômetro;
c) Carrinho para trilho; f) bloco de madeira;

17.4 Procedimentos Experimentais

a) Monte o equipamento conforme a Figura 17.2.


b) Desloque o carrinho aproximadamente 20 cm de sua posição de equilíbrio e marque com um
cronômetro o intervalo de tempo t para o qual o carrinho executa quatro oscilações.

c) Repita o procedimento anterior, item b), mais 4 vezes e anote os resultados na Tabela 17.1. Para
cada medida determinar o período T. Lembre que o período é dado por T  t N , onde N é o
número de oscilações para o respectivo intervalo de tempo t . Em seguida calcular o período médio
T e o desvio padrão para o período. Toma-se o valor médio porque ocorre uma pequena variação
no tempo de cada medida devido ao erro experimental.
NOTA: o valor médio e o desvio padrão podem ser calculados pelas relações:

1 N 1 N
T  Ti
N i 1
e   (Ti  T )2 ,
N  1 i 1

ou diretamente usando o modo estatístico da calculadora.

Tabela 17.1
t para 4 oscilações (s) T  t N (s)
t1  T1 =
t2  T2 =
t3  T3 =
t4  T4 =
t5  T5 =
T =


d) Coloque um bloco sobre o carrinho para aumentar a massa oscilante e repita os procedimentos (b)
e (c). Anote os resultados na Tabela 17.2.
Tabela 17.2
t para 4 oscilações (s) T  t N (s)
t1  T1 =
t2  T2 =
t3  T3 =
t4  T4 =
t5  T5 =
T =

80 Caderno de Laboratório – CEC1018

e) Determine a constante elástica de cada mola: pendure um corpo de massa M igual a 100 g na
extremidade da mola e meça o deslocamento (x) sofrido por ela. A constante elástica da mola será
determinada por:
Mg
k .
x
Uma maneira alternativa para medir a constante elástica da mola é usando um dinamômetro. Deixe a
mola em repouso sobre a régua existente no trilho, coloque o dinamômetro em uma das
extremidades da mola e em seguida puxe a mola até uma certa distância d. Verifique então o valor
da força F marcada pelo dinamômetro. A constante da mola será dada por: k  F d .

f) Com os dados do experimento complete a Tabela 17.3.

Tabela 17.3
Massa do carro (kg)
Massa (carro + bloco) (kg)
Constante da mola, k1 (N/m)
Constante da mola, k2 (N/m)
Período médio (carro) (s)
Período médio (carro + bloco) (s)

g) Calcule o período teórico usando a Eq. (17.8) para o carro e para o carro com a massa extra.
Anote os resultados na Tabela 17.4. Usando os valores teóricos e experimentais ( T das Tabelas
17.1 e 17.2), determine o erro percentual entre os valores teóricos e experimentais. Use que

| Texp  Tteor |
E (%)  100
Texp

Tabela 17.4
Período Teórico (s) Período Experimental (s) E (%)
Carro
Carro + bloco

h) O período aumenta, diminui ou permanece constante com o aumento de massa?

i) A frequência aumenta, diminui ou permanece constante com o aumento de massa?


Caderno de Laboratório – CEC1018 81

Experimento 18
Pêndulo Físico

18.1 Objetivos

Estudar o período de oscilação de um pêndulo físico e determinar o valor da aceleração da


gravidade g.

18.2 Introdução

Qualquer corpo rígido suspenso de forma que possa oscilar em um plano vertical em torno de
um eixo que passe pelo corpo é denominado “pêndulo físico” ou “pêndulo composto”. Trata-se de
uma generalização do pêndulo simples, em que um fio de massa desprezível suporta uma partícula.
Realmente todos os pêndulos reais são pêndulos físicos. Por conveniência escolhemos um pêndulo
em forma laminar como, por exemplo, uma peça cortada de uma folha de metal fina, e o eixo de
oscilação em ângulo reto com o plano do corpo. Com essa restrição nada de essencial é perdido na
discussão do problema. Na Fig. 18.1 representa-se um corpo de forma retangular que pode girar em
torno de um eixo horizontal sem atrito que passa pelo ponto de sustentação P. O corpo é deslocado
de um ângulo  em relação à posição de equilíbrio, que corresponde à posição em que o centro de
massa do corpo está verticalmente abaixo de P. Sendo d a distância do eixo de rotação ao centro de
massa, I a inércia rotacional (momento de inércia) do corpo em relação ao eixo e M a massa do
corpo. O torque restaurador, para um deslocamento angular  será  gd sen , que é devido
à componente tangencial da força da gravidade. Como o torque é proporcional a sen e não a  ,
não é válida aqui, em geral, a condição de movimento harmônico simples angular. Se os
deslocamentos angulares forem pequenos pode-se usar sen  , e assim, para pequenas
oscilações, tem-se:

  dMg , (18.1)
que pode ser escrito como
  k ,
sendo a constante k  dMg .
Comparando o movimento de rotação com o de translação (como visto, por exemplo, no
MHS), podemos afirmar que no movimento de rotação, um corpo sob a ação de um torque
restaurador   k , executa um movimento harmônico simples angular de período
I
T  2
k

Então, para pequenas amplitudes o pêndulo físico da Figura 18.1 executa um movimento
harmônico simples angular com período dado por:
I
T  2 . (18.2)
dMg
82 Caderno de Laboratório – CEC1018

Portanto, o período do pêndulo simples físico fica determinado em termos das constantes
dMg e I. O momento de inércia I do pêndulo representado na Figura 18.1 em relação ao ponto de
sustentação pode ser calculado utilizando o teorema dos eixos paralelos (também conhecido como
teorema de Huygens-Steiner), resultando em

1
I  ICM  Md 2  I  M (a 2  b 2 )  Md 2 , (18.3)
12

onde d é a distância do ponto de sustentação ao centro de massa e ICM o momento de inércia em


relação a ao centro de massa. A partir da Eq. (18.2) a aceleração da gravidade local será dada por

4 2 I
g . (18.4)
M T 2d

18.3 Materiais Utilizados

a) Barra metálica;
b) Cronômetro digital;
c) Trena ou régua;
d) Suporte.

PONTO DE
SUSTENTAÇÃO

CENTRO DE MASSA


b

FIGURA 4.1 – Pêndulo Físico “laminar”


a
r
Mg

Figura 18.1
Caderno de Laboratório – CEC1018 83

18.4 Procedimentos Experimentais

a) Monte o experimento como ilustra a Figura 18.1;

b) Meça a largura a, o comprimento b e a massa M da barra retangular. Anote os resultados na


Tabela 18.1;

c) Suspenda o pêndulo pelo primeiro orifício. Em seguida meça a distância d entre o orifício e o
centro de massa da barra;

d) Calcule o momento de inércia I usando a equação (18.3) para o primeiro orifício;

e) Com amplitudes máximas de aproximadamente 5 cm, meça o tempo necessário para dez
oscilações completas. Repita o procedimento mais quatro vezes, anotando os valores na
Tabela 18.1. Para cada valor do tempo determine o período de oscilação T;

f) Repita os procedimentos dos itens (c), (d) e (e) para o segundo, terceiro e quarto orifícios.

Tabela 18.1
a (m) = b (m) = M (kg) =
PRIMEIRO ORIFÍCIO SEGUNDO ORIFÍCIO TERCEIRO ORIFÍCIO QUARTO ORIFÍCIO

d1 (m) = d2 (m) = d3 (m) = d4 (m) =


I1 (kg.m2) = I2 (kg.m2) = I3 (kg.m2) = I4 (kg.m2) =
t1 (s) T1 = t1/10 (s) t2 (s) T2 = t2/10 (s) t3 (s) T3 = t3/10 (s) t4 (s) T4 = t4/10 (s)

T 1 (s) = T 2 (s) = T 3 (s) = T 4 (s) =


g1 (m/s2) = g 2 (m/s2) = g 3 (m/s2) = g 4 (m/s2) =

g) Calcule o período de oscilação médio, T , para cada um dos orifícios. Use a equação:
N
1
T
N
T
i 1
i

h) Para cada posição, usando o período médio, calcule o valor de g e anote o resultado na
Tabela 18.1.

i) Use as equações abaixo para determinar o valor médio da gravidade g e o desvio padrão 
para a aceleração da gravidade local, e escreva o valor de g na forma: g  g   :

1 N 1 N
g  gi
N i 1
e  
N  1 i 1
( gi  g ) 2
84 Caderno de Laboratório – CEC1018
Caderno de Laboratório – CEC1018 85

Experimento 19
Lei de Resfriamento de Newton

19.1 Objetivos

Comprovar a lei de resfriamento de Newton e investigar as variações de temperatura de um


objeto esfriando.

19.2 Introdução

Na investigação de um homicídio, ou de uma morte acidental, é muitas vezes importante


estimar o instante da morte. Vamos descrever uma forma matemática que pode ser usada para este
problema. A partir de observações experimentais, sabe-se que, com uma exatidão satisfatória em
muitas circunstâncias, a temperatura superficial do corpo se altera com uma taxa proporcional à
diferença de temperatura entre o corpo e meio ambiente. É o que conhece se como “Lei do
Resfriamento de Newton”.
Da mesma forma, quando se coloca café em uma xícara, o café começa a esfriar. O processo
de resfriamento é rápido no início, posteriormente fica uniforme. Após um período longo de tempo, a
temperatura do café alcança a temperatura ambiente. Estas variações de temperatura para
esfriamentos de objetos foram estudadas por Newton. Ele definiu que a taxa na qual um corpo
quente esfria é aproximadamente proporcional à diferença de temperatura entre a temperatura do
objeto quente e a temperatura do seu entorno. Esta relação é expressa matematicamente da
seguinte forma:
dT
 k (T  Ta ) , (19.1)
dt

onde dT representa uma pequena variação (infinitesimal) de temperatura do objeto durante um


intervalo de tempo dt muito pequeno (infinitesimal), T é a temperatura do corpo em um determinado
instante de tempo t, Ta é a temperatura ambiente e k é uma constante de proporcionalidade que
varia com o material de que é feito o corpo. A contribuição do coeficiente k depende de diversos
fatores, tais como:

 Superfície exposta: pode-se verificar que quanto maior for a superfície de contato entre o
corpo e o meio externo (ambiente) maior será a rapidez de resfriamento/aquecimento.

 Calor específico do corpo: sabe-se que quanto maior o valor do calor específico de um corpo
uma maior quantidade de energia será necessária para variar a sua temperatura de um
determinado valor. Logo, para dois corpos que recebem a mesma quantidade de energia num
mesmo intervalo de tempo, aquele com maior calor específico apresentará menor rapidez de
resfriamento/aquecimento.
86 Caderno de Laboratório – CEC1018

 Características do meio: assim como as características do corpo são importantes neste


processo, as características do meio em que este está imerso, também o são. Por exemplo,
se o objeto está em contato com o ar, que é um bom isolante térmico, mais lentos serão os
processos de resfriamento ou aquecimento do que se estiver imerso em água, por exemplo. A
condutividade térmica da água é maior que a do ar. Uma outra característica importante é o
deslocamento do meio externo em relação ao objeto, quanto maior for este deslocamento,
mais rápidas se darão as trocas térmicas entre o objeto e o meio em contato com o mesmo
(por exemplo, quando queremos resfriar mais rápido um cafezinho sopramos sobre ele).

A equação (19.1) pode ser resolvida usando-se técnicas de cálculo diferencial e integral da
seguinte forma:

T t
dT dT
 k (T  Ta )  dT  k (T  Ta )dt    k  dt  ln(T  Ta ) T  kt
T

dt T0
(T  Ta ) 0
0

substituindo os limites de integração:

 T  Ta  T  Ta
ln(T  Ta )  ln(T0  Ta )  kt  ln    kt   ekt  T  Ta  (T0  Ta )ekt
 T0  Ta  T0  Ta

obtendo-se finalmente que:

T (t )  Ta  (T0  Ta )ekt , (19.2)

onde T0 é a temperatura do corpo quando t = 0. Este experimento investiga as variações de


temperatura de um objeto em resfriamento, e procura confirmar o modelo matemático desenvolvido
por Newton.

19.3 Materiais Utilizados

a) Bequer com água quente;

b) Termômetro digital;

c) Cronômetro digital;

19.4 Procedimento Experimental


19.4.1 Verificando o Decaimento Exponencial da Temperatura

a) Use o termômetro do laboratório para determinar a temperatura ambiente Ta em graus Celsius.


Registre este valor na Tabela 19.1.

b) Aqueça água e quando esta estiver a uma temperatura de aproximadamente 80°C despeje até a
metade do béquer. É importante que esta temperatura não esteja muito acima de 80°C para que
não seja necessário um tempo grande para a análise gráfica do resfriamento da água. Coloque o
sensor de temperatura do termômetro dentro do béquer e meça a temperatura inicial T0. Registre
Caderno de Laboratório – CEC1018 87

este valor na Tabela 19.1. Faça a medida da temperatura a cada 1 minuto durante um intervalo
de tempo de 35 minutos e anote os valores na Tabela 19.1.

Tabela 19.1 (Ta = e T0 = )


t (mim) T (ºC) t (mim) T (ºC) t (mim) T (ºC) t (mim) T (ºC)
1 11 21 31
2 12 22 32
3 13 23 33
4 14 24 34
5 15 25 35
6 16 26
7 17 27
8 18 28
9 19 29
10 20 30

c) Com os dados da Tabela 19.1 construa um gráfico Temperatura T versus tempo t (min) em papel
milimetrado. O seu gráfico deverá demonstrar um comportamento exponencial.

90

80

70
Temperatura ( C)
0

60

50

40

30
0 5 10 15 20 25 30 35
tempo (min)
88 Caderno de Laboratório – CEC1018

19.4.2 Estimando o Valor da Constante k

Segundo a Eq. (11.2) quando t  t   1 k teremos:

T0  Ta
T (t )  T   Ta  . (19.3)
e
Substitua os valores de T0 e Ta da Tabela 19.1 na equação (19.3), adote e; 2,72 , e encontre a
temperatura T  . A partir do valor encontrado para T  no gráfico, estime o valor para o
correspondente tempo t  . Assim a constante k é dada por k  1 t  . Anote os resultados na Tabela
19.2.

Tabela 19.2
T  (ºC) t  (min) k (min-1)

19.5 Aplicação da Lei de Resfriamento de Newton

Vamos admitir que a temperatura de um corpo (cadáver) seja 30ºC no instante em que ele foi
encontrado e 23ºC duas horas depois. A temperatura ambiente é de 20ºC. Admita que no instante da
morte tm a temperatura do corpo fosse 37ºC, que é a temperatura média do corpo humano. Estime o
tempo decorrido (em minutos) desde o instante do óbito.
Caderno de Laboratório – CEC1018 89

Experimento 20
Pêndulo Simples

20.1 Objetivos
Verificar que para pequenas amplitudes de oscilações o período de um pêndulo simples
independe do valor da massa suspensa e varia de acordo com o comprimento do fio.

20.2 Introdução

O Pêndulo Simples consiste de uma massa m puntiforme suspensa por um fio inextensível e
de massa desprezível. Quando afastado da posição de equilíbrio e abandonado, o pêndulo oscilará
em um plano vertical, sob a ação da gravidade. O movimento é oscilatório e periódico. Desejamos
medir o período de oscilação T, definido como o tempo que a partícula gasta para realizar uma
oscilação completa, ou seja, sair de um ponto e a ele retornar.
Na Figura 20.1(a) é mostrado um
pêndulo de comprimento L e massa m. O fio
forma com a vertical um ângulo θ . As forças
que atuam em m são o peso mg e a tração do
fio  . Escolhemos um sistema de referência
em que um dos eixos seja tangente à trajetória
circular percorrida pela massa m e o outro
tenha a direção do fio, isto é, do raio do círculo
(veja Figura 20.1(b)). Decompondo o peso mg
segundo esses eixos, o módulo da
componente radial será mg cosθ e o da Figura 20.1- Representação de um pêndulo simples.
tangencial será mg senθ (veja Figura 20.1(b)).
A resultante das forças radiais origina a força centrípeta necessária para manter a massa m na
trajetória circular. A componente tangencial de mg constitui a força restauradora que atua em m e
que faz o corpo tender a voltar à posição de equilíbrio. A força restauradora será, portanto.
F  mg senθ (20.1)

Para pequenos ângulos, pode-se usar a aproximação sen θ ; θ e


escrever a Eq. (20.1) como F  mgθ . Sendo s  Lθ o arco que descreve
a trajetória do pêndulo (veja Fig. 20.2), temos que:

mg
F  s
L
que é uma equação do tipo
F  kx
Figura 20.2
90 Caderno de Laboratório – CEC1018

com
mg
k
L

Um corpo sob ação de uma força do tipo F  kx , executa um movimento harmônico simples
com período
m
T  2 ,
k
como foi visto no experimento do Movimento Harmônico Simples (MHS). Então, um pêndulo simples
executa um movimento harmônico simples com período dado por
m m L
T  2  2  T  2 . (20.2)
k mg g
L
Analisando a equação (20.2), notamos que o período do pêndulo independe da massa
suspensa. Consequentemente a frequência do pêndulo simples também será independente da
massa m suspensa.

20.3 Materiais Utilizados

a) Massas aferidas;
b) Fio inextensível;
c) Suporte metálico, tripé, barras metálicas e ganchos;
d) Cronômetro digital;
e) Trena.

20.4 Procedimentos Experimentais

20.4.1 Variação da Massa do Pêndulo

a) Monte o experimento como mostra a Figura 20.3; Figura 20.3

b) Ajuste o comprimento L do pêndulo de modo que tenha, aproximadamente, 50 cm desde o


ponto de sustentação até o centro de massa da massa aferida;

c) Escolha inicialmente uma massa de 20 g para o pêndulo;

d) Desloque a massa suspensa de aproximadamente 5 cm da linha


de equilíbrio e solte-a (veja a Figura 20.4). Em seguida, anote o
intervalo de tempo t gasto para dez oscilações completas.
Lembre que T  t N , onde N é o número de oscilações no
intervalo de tempo t .

e) Repita o procedimento para mais seis valores diferentes da


massa, calculando o período para cada uma delas.

Figura 20.4
Caderno de Laboratório – CEC1018 91

Tabela 20.1 – Dados experimentais (comprimento fixo de 50 cm)


Massa (g) t para 10 oscilações (s) T = t /N (s)

T


f) Determine o valor médio para o período e o respectivo desvio padrão usando as equações
abaixo ou utilizando diretamente as funções da calculadora.
1 N 1 N
 Ti   Ti  T 
2
T e 
N i 1 N  1 i 1

g) Observando os resultados experimentais, o período do pêndulo simples aumenta, diminui ou


permanece o mesmo quando aumentamos a massa suspensa? A sua resposta está coerente
com a equação (20.2)?

20.4.2 Variação do Comprimento do Pêndulo

a) Ajuste o comprimento L do pêndulo de modo que tenha aproximadamente um metro, desde o


ponto de sustentação até o centro de massa da massa aferida;

b) Escolha uma massa de 50 g para o pêndulo;

c) Desloque a massa suspensa de aproximadamente 5 cm da linha de equilíbrio e solte-a (veja


a Figura 20.4). Em seguida, anote o tempo gasto para dez oscilações completas;

d) Repita o procedimento para os valores, do comprimento L do fio, indicados na Tabela 20.2,


calculando o período para cada valor;

Tabela 20.2 – Dados experimentais (massa fixa de 50g)


L (cm) t para 10 oscilações (s) T  t N (s) g (m/s2)
100
90
80
70
60
50
92 Caderno de Laboratório – CEC1018

e) Observando os resultados experimentais, o período do pêndulo simples aumenta, diminui ou


permanece o mesmo quando aumentamos o comprimento L? A sua resposta está coerente
com a equação (20.2)?

f) Isolando a aceleração de gravidade g, na equação (20.2), temos que:


4 2 L
g (20.3)
T2
Para cada período da Tabela 20.2 determine a aceleração da gravidade usando a Eq. (20.3).

g) O valor da aceleração da gravidade aumenta, diminui ou permanece o mesmo quando


aumentamos o comprimento do pêndulo? Este resultado é coerente com a equação (20.3)?

20.4.3 Variação da Amplitude de Oscilação do Pêndulo

a) Ajuste o comprimento L do pêndulo de modo que tenha um metro, desde o ponto de


sustentação até o centro de massa da massa aferida;

b) Escolha uma massa de 50 g para o pêndulo;

c) Desloque a massa suspensa aproximadamente 5 cm de sua posição de equilíbrio e solte-a.


Anote o tempo gasto para dez oscilações completas;

d) Repita o procedimento utilizando aproximadamente os deslocamentos da Tabela 20.3


calculando o período para cada valor da amplitude.

Tabela 20.3 – Resultados experimentais com massa fixa de 50 g e comprimento fixo de 1 m.


Deslocamento (cm) t para 10 oscilações (s) T  t N (s)
5
6
7
8
10
15
20

e) Observando os resultados experimentais, o período do pêndulo simples aumenta, diminui ou


permanece o mesmo quando aumentamos a amplitude? A sua resposta está coerente com a
Eq. (20.2)?

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