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Pós Graduação

Conservação e Reabilitação de Construções


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Aula 1- REBOCOS

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A degradação dos revestimentos de paredes engloba os efeitos


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negativos de natureza estética e os efeitos sobre as propriedades


do material que podem influenciar a sua durabilidade.

Os materiais aplicados em ambientes


expostos aos agentes atmosféricos, podem
apresentar pouca durabilidade.

A durabilidade depende das diferentes


propriedades dos revestimentos, dos factores
agressivos e da sua interacção.

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Os factores de agressividade são de:


• natureza física (amplitudes térmicas, gelo, acção do vento);
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• natureza química (poluição atmosférica);


• natureza biológica (líquenes, vegetação parasitária).
Principais agentes agressivos:
• a água;
• os gases (CO2, SO2, …);
• a temperatura;
• os seres vivos.

FUNÇÕES DOS REBOCOS


• Impermeabilização
• Regularização
• Acabamento

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REVESTIMENTOS DE PAREDES
REBOCOS

LIGANTES MINERAIS COM BASE EM LIGANTES MINERAIS COM BASE EM


CAL E/OU CIMENTO GESSO

EXTERIORES INTERIORES INTERIORES

TRADICIONAIS NÃO TRADICIONAIS


(Pré-doseados)

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REBOCOS TRADICIONAIS
ELEMENTOS CONSTITUINTES
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Mistura de:
• um ou mais ligantes inorgânicos
• agregados usada como revestimento
exterior e interior
• adjuvantes /aditivos
• Água

Definição segundo a Norma Europeia de Argamassas EN 998-1

(Rebocos Exteriores e Interiores)

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REBOCOS TRADICIONAIS

REVESTIMENTOS
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FORTES FRACOS

ELEVADO TEOR DE LIGANTE BAIXO TEOR DE LIGANTE

 BOA ADERÊNCIA  FRACA ADERÊNCIA


 BOA TRABALHABILIDADE  POUCA TRABALHABILIDADE
 ELEVADA TENDÊNCIA PARA FENDILHAÇÃO  POROSO
 BAIXA TENDÊNCIA PARA FENDILHAÇÃO

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MATERIAIS LIGANTES
Substâncias com capacidade de ligar materiais sólidos conferindo ao conjunto coesão
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e resistência. Os ligantes podem aglomerar (agregar) sólidos ou uni-los ao longo das


suas superfícies de contacto.

LIGANTES

Hidráulicos Não Hidráulicos


Endurecem por um processo de cura rápida Endurecem por um processo de cura lenta
(hidratação), reagindo com a água de (carbonatação), reagindo com o CO2 da
amassadura atmosfera

Cimento Cal
Portland Hidráulica Cal Hidratada

Até debaixo de água! Atmosfera, CO2

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Exemplos
Afinidade para a água
Materiais Aplicações
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Aéreo
Ganha presa e endurece ao • Gesso • Cerâmica
• Cal aérea • Argamassa
Hidrófilo ar. Depois de endurecido
Substância inorgânica não é estável ao ar
sólida que reage
quimicamente com a • Cimento • Betão
Hidráulico
• Cal hidráulica • Argamassa
água Ganha presa e endurece ao • Escória de alto forno • Calda
ar e dentro de água.
Mantém a estabilidade e a
resistência nos dois meios
• Hidrocarboneto • Impermeabilização
Hidrófobo (betume, alcatrão) • Pavimento
Substância orgânica sob a forma de liquido viscoso • Polímero • Revestimento
ou sistema coloidal que endurece por cura térmica, ( colas, resina) superficial
evaporação do solvente ou reacção química entre os
componentes. A água não interfere no processo de
endurecimento, e o material endurecido repele-a.
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CAL AÉREA
Obtida por calcinação, a temperaturas da ordem de 800 a 1000ºC, de rochas
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carbonatadas, constituídas predominantemente por carbonato de cálcio


(calcário ou CaCO3), ou por carbonato de cálcio e magnésio (calcário
dolomítico ou CaMg(CO3) 2): Mais trabalhável,
macia e plástica
Gorda - teor em carbonatos ≥ 99%
cálcica
Magra - teor em carbonatos entre 95-99%
dolomítica Magnesiana - teor em óxido de magnésio excede os 20% (cal
obtida da calcinação de rochas calcárias que contêm uma percentagem
significativa de dolomite)
A cal negra ou parda é em geral cal magnesiana sendo a cor escura dada
pelo magnésio; pode tratar-se de cal magra e a cor ser devida a impurezas.

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CAL AÉREA
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Calcinação ou cozedura
CaCO3 + calor CaO (cal viva) + CO2
Cristal de calcite
Extinção, apagamento ou hidratação
CaO + H2O Ca(OH)2 (cal apagada, hidratada ou extinta em pó ou cal em
pasta, se água em excesso) + calor

Secagem e carbonatação (ou endurecimento e presa)


Ca (OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O + calor (pouco)

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Ciclo da Cal Aérea

CO2 Carbonato de cálcio- CaCO3


CARBONATAÇÃO
CO2
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Ca (OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O


Cal carbonatada (argamassa) COZEDURA
Calcário (rocha)
CaCO3 CaO + CO2
H2 O

Argamassa fresca
Cal Viva CaO- Óxido de cálcio

CaO + H2O Ca(OH)2


AMASSADURA Cal em pasta
Cal Hidratada EXTINÇÃO

H2O + agregado H2 O
Hidróxido de cálcio- Ca(OH)2

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A qualidade da cal aérea depende de:

• Proporção e reatividade do hidróxido de cálcio


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• Constituintes

• Finura das partículas - A finura da cal é sem dúvida o fator de maior importância
entre as suas propriedades como material de construção, pois quanto maior a finura
do material maior sua contribuição para as propriedades de plasticidade e retenção
de água das argamassas que a utiliza.

Caso da cal aérea hidratada em pó:


Se estiver parcialmente carbonatada (por contacto com CO2 emmeio húmido), o traço
será mais fraco que o suposto.

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Vantagens da presença da Cal Aérea


A presença de cal aérea nas argamassas promove aumento da deformabilidade, bem como da trabalhabilidade no
estado fresco, pois necessitam, comparativamente aos ligantes hidráulicos, de maior quantidade de água de
amassadura. Isto resulta do facto da cal aérea possuir uma superfície específica maior o que implica maiores
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quantidades de água para a molhagem das suas partículas.

• Redução da fissuração resultante da retracção;


• Alto poder de retenção de água, que evita a segregação, promovendo superfícies sem fendas e
suficientemente elásticas com capacidade de absorver pequenas deformações do substrato sem
fissuração;
• Redução da possibilidade de ocorrência de eflorescências (ou criptoflorescências) nos
rebocos , pois as argamassas à base de cal aérea libertam menor quantidade de sais
solúveis que o cimento ;
• Argamassas com menor módulo de elasticidade, o que confere aos rebocos a capacidade de
acompanhar as pequenas deformações das alvenarias, fenómeno corrente nos edifícios antigos.
• A absorção de água vai diminuindo com a idade da argamassa de cal aérea o que se reflecte
numa melhoria de comportamento face à água ao longo do tempo (coerente com a maior
compacidade da argamassa conferida pela evolução da carbonatação no processo de
endurecimento).
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Vantagens da presença da Cal Aérea


• As argamassas com cal apresentam uma característica interessante, pois sendo uma argamassa
porosa e bastante permeável à água, permite que a água penetre até ao suporte. Como essa
porosidade é superior à do material do suporte, a água tem tendência para se fixar no
revestimento e não no suporte. É possível evitar que o transporte pela água dos sais solúveis
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resulte em penetração dos mesmos no interior do suporte, com posterior recristalização e


desagregação do material da alvenaria. As argamassas à base de cimento, ao contrário das de
cal aérea, não apresentam esta característica.

Inconvenientes da presença da Cal Aérea

• Pouca resposta quando aplicada em ambientes húmidos ou que envolvam contacto esporádico
com água (nomeadamente em reboco exterior), oferecendo baixa resistência à penetração da
água, quando comparada às argamassas de cimento.

• Um excesso de água poderá conduzir a um aumento indesejável de porosidade (criando uma


estrutura menos compacta, resultando em resistências mecânicas demasiado baixas) e a uma
maior retracção, o que poderá fomentar problemas de fendilhação durante o endurecimento.

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CAL HIDRÁULICA
• Obtida por calcinação, a temperaturas da ordem de 1000-1250ºC, de rochas
carbonatadas com teores de argila entre 5 e 24%.
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O processo de Calcinação ou cozedura (activação térmica) ocorre num forno e


contempla as seguintes etapas:

• Decomposição da argila: Al2O3.SiO2 Al2O3 + SiO2

• Descarbonatação do Calcário: CaCO3 CaO + CO2

• Reacção do CaO com SiO2 e Al2O3 formando silicatos e aluminatos de cálcio:

2CaCO3 + SiO2 + calor 2CaO. SiO2 (C2S) + 2CO2


3CaCO3 + Al2O3 + calor 3CaO. Al2O3 (C3A) + 3CO2

A fase que se forma maioritariamente é (C2S) surgindo em quantidades mais


reduzidas outras fases (C3A), (C2AS), (C3S) e (C4AF).

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CAL HIDRÁULICA

As propriedades hidráulicas do produto final dependem:


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• Da quantidade de • Do perfil de temperatura da • Tempo de permanência


argila presente activação térmica no forno
Nas cais hidráulicas, uma quantidade significativa de CaO (>3%) não reage, permanecendo sob a
forma de “CaO livre”. A reacção deste composto com a água CaO + H2O Ca(OH)2 chama-se
extinção da cal viva e conduz a uma expansão do material porque a densidade do Ca(OH)2 é
sensivelmente metade da do CaO.

É necessário garantir que se adiciona água em quantidade suficiente para reagir com a cal livre
mas que não fica água disponível para reagir com os silicatos e aluminatos, impossibilitando a
hidratação nesta fase.
• Previne expansões nocivas
posteriores
Vantagens desta etapa • O efeito mecânico da expansão
contribui para o aumento da finura
do produto final

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CAL HIDRÁULICA

A presa e o endurecimento das cais hidráulicas ocorrem em 2 fases:


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• Processo predominantemente hidráulico • Fase aérea associada á recarbonatação


associado às reacções de hidratação dos do hidróxido de cálcio
silicatos e aluminatos que conduzem á
Ca (OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O
formação de fases C-S-H, C-A-H e AFm

As argamassas de cal hidráulica apresentam:

• Maior resistência mecânica, fraca retracção, razoável trabalhabilidade e menor tempo de


endurecimento (relativamente a argamassas de cal aérea)
• Boa permeabilidade ao vapor de água, capacidade de absorver deformações do substrato
• Boa adesão a substratos á base de cimento
NP EN 459-1:2002
• Resistência aos sais e ao gelo

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CIMENTO

O domínio da microestrutura de materiais de base cimentícia (MBC), essencial para a manipulação e


controlo das propriedades e comportamentos que estes materiais apresentam à escala macroscópica, é
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fundamental para o desenvolvimento de materiais e técnicas construtivas sustentáveis que:


(i) incluam maior consideração pelos impactos ambientais;
(ii) reflictam a crescente preocupação da gestão de recursos materiais e financeiros
(iii) ponderem as consequências de longo prazo das intervenções construtivas.

A microestrutura dos MBC é determinada essencialmente pelas reacções químicas do cimento com a
água, sendo influenciada por diversos factores tais como:
(i) o tipo de cimento (em termos de composição química, mineralogia e grau de finura);
(ii) a razão água/cimento;
(iii) o processo de mistura;
(iv) as condições de cura
(v) a natureza, quantidade e dimensão de agtrgados ou outros aditivos. As reacções de hidratação
conferem aos MBC uma microestrutura complexa que apresenta variações locais ao nível da
composição química, dimensão, morfologia e distribuição espacial das fases.

A estrutura interna sofre alterações ao longo do tempo em resultado de processos


químicos e físicos que ocorrem nestes materiais em função das condições ambientais.
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CIMENTO
O cimento é normalmente comercializado na forma de partículas com dimensões entre 1 e 90
μm, sendo essencialmente constituídos por:
(i) silicato tricálcico (C3S - 30 a 70%);
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(ii) silicato bicálcico (C2S - 10 a 55%);


(iii) aluminato tricálcico (C3A - 0 a 15%);
(iv) aluminoferrato tetracálcico (C4AF - 5 a 15%) e (v) sulfato de cálcio i.e, gesso (C S - 3 a
8%). O cimento com estas características designa-se Portland.
• CIMENTO PORTLAND
Obtido por calcinação, a temperaturas da ordem de 1600ºC, de rochas carbonatadas com
teores de argila entre 20 e 29%.

Calcinação ou cozedura

3CaCO3 + SiO2 + calor 3CaO. SiO2 (C3S) + 3CO2


2CaCO3 + SiO2 + calor 2CaO. SiO2 (C2S) + 3CO2
3CaCO3 + Al2O3 + calor 3CaO. Al2O3 (C3A) + 3CO2
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Características da presença da Cimento


• Elevada capacidade resistente

• Menores tempos de presa e endurecimento, e capacidade de o fazer debaixo de água


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• O cimento (como único ligante) é um material que é fortemente desaconselhado para


intervenções de reabilitação de rebocos sobre alvenarias antigas

• Tem uma estrutura interna bastante compacta o que é vantajoso relativamente às


resistências mecânicas e, consequentemente, pouco porosa e com permeabilidade ao
vapor de água reduzida, dificulta a evaporação de água para o exterior

• Liberta grandes quantidades de sais solúveis, principalmente sulfatos, o que pode


acelerar a degradação dos revestimentos e afectar a imagem estética com o surgimento
de eflorescências.

• Elevado módulo de elasticidade, o que torna este material menos apto a acompanhar os
pequenos movimentos e deformações das alvenarias.

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Os agregados são geralmente o constituinte em maior percentagem na constituição de


argamassas
As características e dosagem dos agregados têm impacto directo:
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• No desempenho e estética dos revestimentos, nomeadamente na retracção, resistências


mecânicas, módulo de elasticidade, comportamento face à água e ao gelo, coloração,
estrutura porosa.
natureza Os agregados são normalmente substâncias pouco
porosas como areia, rochas, conchas e gravilha ou
dimensões substâncias porosas e físico- quimicamente ativas
Características como tijolo e cerâmica. Funcionam como um
formas das partículas enchimento, reduzindo a quantidade de ligante
necessário e a contração de volume durante a
massa volúmica secagem.

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Os adjuvantes e aditivos têm como finalidade modificar as propriedades das


argamassas ajudando-as a alcançar determinadas funções e objectivos.
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Os adjuvantes e aditivos considerados mais úteis para as argamassas são:

 hidrófugos;  introdutores de ar;  plastificantes;  promotores de


 fungicidas;  aceleradores e  cargas leves e aderência;
retardadores de pozolanas naturais  pigmentos;
 fibras;
presa; e artificiais
 retentores de água;

Os aditivos resolvem problemas de colocação em obra (prazos, consistência etc.) e melhoram


o desempenho das argamassas:

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ARGAMASSAS

ARGAMASSAS ARGAMASSAS DE CIMENTOS-COLA ARGAMASSAS ARGAMASSAS DE


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DE REVESTIMENTO DE JUNTAS REGULARIZAÇÃO


ASSENTAMENTO DO PAVIMENTO
DE ALVENARIA

Argamassas de
Revestimento de
Paredes

Mistura de um ou mais ligantes,


REBOCOS
agregados e eventualmente adjuvantes
e/ou adições, utilizada para revestir
paredes interiores ou exteriores ; podem
ser minerais ou orgânicas conforme a
natureza do ligante

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A qualidade dos revestimentos de paredes tem uma influência significativa nas condições de
habitabilidade dos edifícios e por isso é fundamental estudar a solução de parede como um todo e
verificar as características do revestimento que, em cada caso, proporcionam as condições
requeridas.
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Revestimentos exteriores de paredes:


• Estanquidade à água das paredes exteriores
• Isolamento térmico (influenciam a existência de condensações no interior)
• Durabilidade
• Aspecto estético dos edifícios e nessa medida são um factor de grande importância
no desenho das nossas cidades e na qualidade de vida das populações

Revestimentos interiores de paredes:


• Garantem a regularidade e o aspecto estético dos espaços interiores
• Condicionam o conforto higrométrico
• Influenciam a acústica e podem ter um papel no conforto térmico
• Estética dos compartimentos.

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A filosofia exigencial é a mais adaptada às situações onde a inovação surge com frequência e implica três passos:

1. Definição das funções 2. Estabelecimento de métodos 3. Identificação das


que pretendemos ver de quantificação e de avaliação características do revestimento
desempenhadas pelo dessas características relevantes para o desempenho
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revestimento das funções definidas;

Escamas de ardósia numa empenas e ladrilhos Revestimento de placas de pedra com


isolante na lâmina de ar (Lisboa: Centro
Revestimento de placas de pedra colados em fachadas (Porto: Ribeira)
Cultural de Belém)
(ardósia) fixados mecanicamente ao
suporte (Lisboa)

Revestimento incompatível com o Edifício antigo com pintura de cal Sistema de isolamento térmico pelo exterior com
suporte não-tradicional (Luz de Tavira, Algarve) revestimento aplicado sobre isolante (tipo ETICS) (Lisboa)

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CAMADAS CONSTITUINTES - REBOCOS TRADICIONAIS

• CRESPIDO, SALPICO OU CHAPISCO - 3 a 5 mm - funções de aderência e de


regularização de absorção
• CAMADA DE BASE (uma ou mais) - 10 a 20 mm - funções de regularização e
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de impermeabilização
• CAMADA DE ACABAMENTO - 8 a 10 mm - funções decorativas e de proteção

REGRAS DE QUALIDADE PRINCIPAIS

• ADERÊNCIA AO SUPORTE
• CAPACIDADE DE IMPERMEABILIZAÇÃO
– RESISTÊNCIA À FENDILHAÇÃO (baixa retração, baixo módulo de elasticidade...)
– CAPACIDADE DE IMPERMEABILIZAÇÃO EM ZONA NÃO-FENDILHADA (baixa capilaridade,
elevada permeabilidade ao vapor de água...)
• ASPETO ESTÉTICO
• DURABILIDADE

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Revestimentos de paredes em ligantes minerais com base em cal e/ou cimento

SUPORTE REBOCOS TRADICIONAIS


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LIGANTE Á BASE DE CAL


1ª CAMADA
CRESPIDO/ SALPICO/CHAPISCO

MISTURA EM OBRA
2ª CAMADA
CAMADA DE BASE ou EMBOÇO
APLICADO EM 3 CAMADAS

CONFERÊNCIA DE
RUGOSIDADE

3ª CAMADA
CAMADA DE ACABAMENTO OU REBOCO

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Revestimentos de paredes em ligantes minerais com base em cal e/ou cimento

REBOCOS CORRENTES

APLICADO EM 3 CAMADAS
1ª CAMADA
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CRESPIDO/CHAPISCO/SALPICO

MISTURA EM OBRA
2ª CAMADA
DE BASE OU DE REGULARIZAÇÃO
(EMBOÇO)
LIGANTE
À BASE DE CIMENTO
3ª CAMADA COM OU SEM CAL
CAMADA DE ACABAMENTO
(REBOCO)
REBOCOS NÃO TRADICIONAIS

APLICADO NUMA CAMADA


CAMADA ÚNICA 1 OU 2 DEMÃO

PRÉ-DOSEADO DE FÁBRICA

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Revestimentos de paredes em ligantes minerais com base em cal e/ou cimento

• CONSTITUIÇÃO DO REVESTIMENTO
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REVESTIMENTOS ESPESSOS EXECUTADOS COM: ARGAMASSAS

CIMENTOS E CAIS (AÉREA OU HIDRÁULICA) LIGANTES

GRANULOMETRIA DIVERSA AGREGADOS

ÁGUA

ALTERAM PROPRIEDADES NORMAIS (EX.FUNGICIDAS) ADJUVANTES /ADIÇÕES

AUMENTA RESISTÊNCIA DO REBOCO ARMADURAS

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EXIGÊNCIAS ESSENCIAIS E EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS GERAIS DOS


REBOCOS
A Directiva dos Produtos da Construção estabelece seis Exigências
Essenciais para os produtos, materiais e sistemas a utilizar na construção
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de edifícios:

• estabilidade (EE1);
• segurança contra riscos de incêndio (EE2);
• higiene, saúde e ambiente(EE3);
• segurança no uso (EE4); A durabilidade e a adequabilidade ao
• protecção contra o ruído (EE5); uso são propriedades essenciais para
• economia de energia(EE6). que as Exigências Essenciais façam
sentido.

As Exigências Essenciais são aplicáveis às paredes no seu conjunto, mas os


revestimentos têm que dar o contributo necessário em cada caso. Cada tipo de
revestimento de paredes tem que verificar os requisitos para desempenhar as
funções que lhe são atribuídas e para que a parede onde se integra possa
cumprir as Exigências Essenciais.

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Exigências funcionais gerais dos rebocos -Requisitos para a Exigência Essencial 3:

Capacidade de impermeabilização
em zona não-fendilhada
1. Capacidade de
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impermeabilização Resistência à fendilhação


e de protecção das paredes
Resistência mecânica

2. Capacidade de promover a
expulsão da água infiltrada e do
vapor de água formado no interior

3. Ausência de libertação
de produtos tóxicos Não têm
constituído problema no que se
refere aos rebocos minerais
4. Resistência ao desenvolvimento
de fungos

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Exigências funcionais gerais dos rebocos -Requisitos para a Exigência Essencial 4:

3. Ausência de libertação 4. Resistência ao desenvolvimento


de produtos tóxicos de fungos
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5. Boa aderência ao suporte para prevenir o risco de queda de placas de


revestimento

Requisitos de durabilidade:

6. Resistência às acções climáticas 7. Resistência química

Requisitos de adequabilidade ao uso:

8. Capacidade de regularização - em princípio, inerente a qualquer argamassa de


ligante mineral e areia

9. Aspecto estético aceitável - resistência à fendilhação e homogeneidade de


textura e, no caso dos monocamada, também de cor.
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Os revestimentos de paredes de ligante mineral, designados simplificadamente,


por rebocos, são de utilização muito antiga em toda a Europa e durante séculos
vêem cumprindo as funções de:

• regularização das alvenarias


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• Impermeabilização das fachadas (contributo significativo para a estanquidade


global da parede exterior e não de constituírem, por si próprios, um
revestimento de estanquidade)
• protecção das paredes contra acções externas e
• acabamento e suporte de decoração

Adaptaram-se, sucessivamente:
• à evolução da tecnologia, das correntes arquitectónicas
e estéticas e da mão-de-obra existente

São conhecidos em Portugal rebocos com centenas


e até milhares de anos, em boas condições de
conservação e com capacidade funcional.

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Rebocos correntes executados em obra

Três camadas:
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• chapisco ou camada de aderência, bastante fluida, rugosa, com elevada


dosagem de ligante, destinada a homogeneizar a absorção do suporte e a
estabelecer a ligação com a alvenaria;

• camada de base, destinada a promover a regularização e a


impermeabilização;

• camada de acabamento, mais fina, de menor granulometria e mais fraca que


as anteriores, vocacionada para protecção e para conferir um acabamento
esteticamente aceitável, que será depois complementado por exemplo, por
uma pintura.

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REBOCOS TRADICIONAIS- ADERÊNCIA AO SUPORTE

Camada: crespido, salpico ou chapisco


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• Boa preparação do suporte - limpeza; rugosidade; humedecimento prévio

• Argamassa rica em cimento e com bastante água


Traço recomendado: 1:2

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Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS- CAPACIDADE DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Camada(s): camada(s) de base


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Aptidão para resistir à fendilhação - argamassas com retração e módulo de


elasticidade baixos: fraca dosagem de cimento, baixo teor de argila, pouca água;

• Capacidade de impermeabilização em zona não-fendilhada - baixo coeficiente


de capilaridade: boa compacidade ou adjuvantes que inibam a capilaridade (por
exemplo introdutores de ar);

• Elevada permeabilidade ao vapor de água - as argamassas de cal e bastardas


são mais permeáveis ao vapor de água que as de cimento
Regra da degressividade do teor de ligante

Área Departamental de Engenharia Civil 42


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
ASPETO ESTÉTICO ACEITÁVEL

Camada: camada de acabamento


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Aptidão para resistir à fendilhação - argamassas com retração e módulo de


elasticidade baixos: fraca dosagem de cimento, baixo teor de argila, pouca
água
Regra da degressividade do teor de ligante

As camadas devem obedecer à regra da


degressividade do teor de ligante no
sentido alvenaria-exterior, para que o
revestimento seja mais poroso e mais
deformável do interior para o exterior

Área Departamental de Engenharia Civil 43


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

Rebocos correntes executados em obra

Cada camada tem uma função principal


Exemplos
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• ter boa aderência e ser


impermeável na massa -a • ter boa resistência à fendilhação e uma
argamassa a usar deve ter permeabilidade ao vapor de água elevada-
uma dosagem forte em é necessário reduzir o teor de cimento.
cimento e ser bastante fluída

Os rebocos monocamada e as massas de reboco aplicadas em camada única, têm que


cumprir todos os requisitos através de uma só camada e de uma formulação única.

• as exigências para estas argamassas pré-doseadas têm que ser superiores, para que o
reboco, no seu conjunto, tenha desempenho pelo menos semelhante ao reboco corrente.

Aspectos do comportamento dos rebocos particularmente influenciados pelo


número de camadas:

• Susceptibilidade à fendilhação
• Capacidade de impermeabilização em zona não-fendilhada
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

SUSCEPTIBILIDADE Á FENDILHAÇÃO

As fendas tendem a evoluir até atravessar toda a camada; assim, quanto mais
espessa for a camada mais largas tendem a ser as fendas formadas.
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• As fendas num revestimento multicamada, por


se formarem aleatoriamente na superfície, são
desfasadas entre camadas.
• As fendas de um revestimento aplicado em
camada única são muito mais perigosas que as
de um revestimento aplicado em várias camadas
de espessura total idêntica, porque a água e
fluidos agressivos (poluição, sais, etc.) penetram
A fendilhação é muito mais mais facilmente até ao suporte por fendas largas
gravosa em revestimentos atravessando directamente todo o revestimento, do
em camada única que por fendas estreitas e desfasadas, obrigando a
um percurso muito mais longo e atravessando as
interfaces entre camadas.
Um reboco monocamada pode ter módulo de elasticidade inferior e menor resistência à
fendilhação que uma argamassa corrente de cimento e areia, e não ter um melhor
comportamento à fendilhação que o reboco corrente.
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

CAPACIDADE DE IMPERMEABILIZAÇÃO EM ZONA NÃO FENDILHADA

Comparação dos revestimentos pré-doseados com os revestimentos correntes feitos em obra

• A passagem da água é significativamente dificultada pelas interfaces entre


camadas, enquanto, pelo contrário, a capacidade de secagem não é
afectada negativamente por tais interfaces, que se verifica não constituírem
barreiras adicionais ao vapor de água.

Os rebocos monocamada apresentam, Um reboco monocamada pode ter


em geral, coeficientes de capilaridade um módulo de elasticidade inferior e
muito inferiores aos das argamassas uma menor resistência à fendilhação
correntes de cimento, tal pode não que uma argamassa corrente de
significar obrigatoriamente que tenham cimento e areia, sem que tal implique
maior resistência à penetração da água obrigatoriamente um melhor
que um revestimento corrente em três comportamento à fendilhação do
camadas. revestimento.

Não é possível comparar directamente os comportamentos previsíveis de rebocos multicamada


e monocamada, a partir das características das argamassas que os compõem, de forma a
estabelecer exigências comuns.
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
COMPORTAMENTO Á FENDILHAÇÃO
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Método desenvolvido no LNEC


(FE Pa 36) - ensaio de retracção
restringida

Classe de Retração Módulo de Mód. Elast./ Resist.


fissurabilidade (mm/m) Elasticidade à tração por flexão
(Mpa)
Fraca  0,7 7000  2500

Média 0,7 – 1,2 7000 – 12000 2500 - 3500

Forte 1,2 12000  3500

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
TRAÇOS VOLUMÉTRICOS HABITUAIS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

 CRESPIDO - consistência fluida


 1:2 (cimento:areia)
 CAMADA DE BASE - consistência “seca”
 1:4 (cimento:areia) - desaconselhado
 1:1:5 a 6 (cimento:cal aérea:areia)
 1:1:6 a 8 (cimento:cal hidráulica:areia)
 1:3 (cal hidráulica:areia)
 1:5 a 7 + IA (cimento:areia + introdutor de ar)
 CAMADA DE ACABAMENTO - consistência “seca”
 1:5 (cimento:areia) - desaconselhado
 1:1:6 ou 1:2:9 (cimento:cal aérea:areia)
 1:1:8 ou 1:2:12 (cimento:cal hidráulica:areia)
 1:4 (cal hidráulica:areia)
 1:6 a 7 + IA (cimento:areia + introdutor de ar)

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Regra da degressividade do teor de ligante

CRESPIDO > CAMADA DE BASE > CAMADA DE ACABAMENTO


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

MUITO IMPORTANTE:
O revestimento deve ter sempre módulo de elasticidade dinâmico e
resistências mecânicas MAIS BAIXOS que o suporte
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Argamassas de cal aérea- CARACTERÍSTICAS
• Resistências mecânicas relativamente baixas e obtidas a longo prazo

• Boa deformabilidade
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Elevada absorção capilar mas também elevada permeabilidade vapor de água

• Capacidade de refechamento das fendas resultantes da retração inicial de secagem,


através do reaperto da argamassa

• Reduzida resistência aos sais solúveis que atuem por ação mecânica

• Baixa dureza superficial (exceto se forem aplicadas algumas técnicas de aperto ou


polimento)

• Dificuldade de presa em ambientes muito húmidos ou com fraca presença em CO2 (a


cura é feita exclusivamente por carbonatação)

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Argamassas bastardas com base em cal aérea e ligante hidráulico

Com estas argamassas pretende-se colmatar as deficiências das argamassas


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

de cal aérea, mas introduzem-se algumas das deficiências das argamassas


com ligantes hidráulicos.
Características:
– dependem do traço entre os ligantes
– grau de compatibilidade variável
Traços correntes:
• 1:1:6, 1:2:9, 1:3:12 - volumes de cimento, cal aérea e areia (traços
decrescentes em cimento, mantendo proporção 1:3 de ligante:agregado)

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Argamassas de Cimento- CARACTERÍSTICAS

• Resistências mecânicas elevadas


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Baixa deformabilidade

• Libertação de sais solúveis

• Desenvolvimento de compostos expansivos do tipo da etringite e da taumasite


quando em contacto com sulfatos

• Susceptibilidade à fendilhação

• Baixa absorção capilar mas também baixa permeabilidade ao vapor de água

• Presa mesmo em ambientes muito húmidos e com fraca presença em CO2 (por
hidratação)

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

Revestimentos de paredes em ligantes minerais com base em cal e/ou cimento


APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO

MANUAL MECÂNICA
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

ESPESSURA 20 A 25 mm ESPESSURA 15 mm

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
CUIDADOS NA EXECUÇÃO

• PREPARAÇÃO DO SUPORTE: secagem suficiente; correção da planeza;


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

regularização da absorção; limpeza e desempoeiramento

• CONDIÇÕES CLIMÁTICAS: evitar temperaturas muito altas ou próximo de


zero, vento seco e quente, sol quente direto, chuva

• DISPOSIÇÕES PARTICULARES: juntas; interrupções ou armadura nas


ligações entre materiais diferentes; proteção das arestas salientes

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
POSSÍVEIS INCONVINIENTES:
• Ritmo cada vez mais rápido da
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

construção incompatível com


• Surgimento de materiais de suporte
a execução cuidadosa de
não- tradicionais;
rebocos tradicionais

• O desempenho do reboco fica


• Muitas vezes recorre-se a
bastante dependente das condições
matérias-primas inadequadas
de fabrico em obra, formulação
para o fim pretendido;
adoptada e cuidados de aplicação. O
produto final dependerá da
experiência e especialização dos • Ocupação de muito espaço e
operadores, que muitas vezes não é geração de sujidade em
satisfatória; estaleiro; As matérias-primas
ficam muitas vezes expostas
• Muitas vezes recorre-se a ao meio ambiente, sem
matérias-primas inadequadas protecções.
para o fim pretendido;

Área Departamental de Engenharia Civil 55


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
COMPORTAMENTO À FENDILHAÇÃO

A fendilhação é uma anomalia frequente e grave:


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• afecta a capacidade de impermeabilização


• prejudica gravemente a aparência
• facilita infiltrações de água e de outros agentes e
fixa microorganismos reduz a durabilidade do
revestimento e da própria parede.

Depende de vários factores e envolve


fenómenos complexos, ao nível da
microestrutura da argamassa, tornando-se
difícil de controlar completamente.

A passagem da água é dificultada pelas interfaces entre camadas enquanto a


capacidade de secagem não é afectada negativamente por tais interfaces, que se
verifica não constituírem barreiras adicionais ao vapor de água.

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
COMPORTAMENTO À FENDILHAÇÃO – Armaduras e reforços
Materiais de suporte diferentes – uma só superfície a revestir
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
COMPORTAMENTO À FENDILHAÇÃO – Armaduras e reforços
Pontos de concentração de tensões
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
COMPORTAMENTO À FENDILHAÇÃO - Armaduras e reforços
Zonas fendilhadas
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
ACABAMENTOS
ACABAMENTOS RUGOSOS

Raspagem geral do paramento com uma lâmina denteada, uma prancha de


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Raspado madeira com pregos, uma talocha de madeira revestida com rede antes do
endurecimento completo a argamassa (2 a 3 horas após a execução).
Passagem sobre a camada de acabamento ainda fresca segundo a forma de
Rolado
decoração pretendida.
Acabamento de textura fina obtido por projecção mecânica da última camada de
Projectado argamassa. Deve ter aspecto uniforme e ser aplicado por mão de obra
especializada.
Roscone Acabamento obtido por passagem de uma boneca de serapilheira
Esponjado Acabamento obtido por passagem de uma esponja
Acabamento muito rugoso obtido pela projecção de agregados seleccionados
Seixo à vista grossos sobre uma camada de argamassa ainda fresca e previamente alisada, são
geralmente de marmore ou quartzo com dimensão 5-15 mm.

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
ACABAMENTOS
ACABAMENTOS RUGOSOS
Seixo à vista
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Raspado

Rolado

Projectado

Esponjado

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
ACABAMENTOS
ACABAMENTOS LISOS

Acabamento alisado com talocha


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Talochado

Marmorite
Alisamento da marmorite lavada , por polimento
polida

Talochado Marmorite polida

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)

Devido ao elevado custo da mão-de-obra e aos curtos prazos impostos à construção,


mas também como consequência do potencial de inovação e de melhoria do
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

desempenho da indústria, usam-se cada vez mais produtos pré-doseados aplicáveis


numa única camada (rebocos monocamada) ou em uma ou duas camadas seguidas
de pintura (massas de reboco).

Esses produtos, embora baseados em constituintes idênticos aos rebocos correntes,


contêm diversas adições e a sua formulação elaborada permite-lhes, em princípio,
atingir com menos camadas níveis de desempenho que as misturas correntes apenas
conseguem com três ou mais.

Produtos em pó, pré-doseados em


fábrica, de constituição basicamente
idêntica aos rebocos tradicionais,
geralmente aplicáveis por projeção e
geralmente aplicáveis em camada
única.

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)

Chegam à obra em forma de pó pronto a amassar mecanicamente com água e são, em geral,
aplicáveis por projecção mecânica, com recurso a máquinas apropriadas.
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• LIGANTE: cimento branco ou cinzento, CEM II, (ou CEM I, ou outros); cal
hidráulica; cal aérea hidratada; outros ligantes minerais
• AGREGADO: areias siliciosas e calcárias selecionadas; agregados leves
• ADJUVANTES: hidrófugos, introdutores de ar, plastificantes, retentores de água,
pigmentos
• OUTROS ELEMENTOS (eventualmente): fibras minerais ou outras; pozolanas
naturais ou artificiais

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
LIGANTES
 CIMENTO PORTLAND E CIMENTO BRANCO
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

 PROPORCIONAM CORRECTA LIGAÇÃO ENTRE AGREGADOS;


 CONFEREM BOAS CARACTERÍSTICAS RESISTENTES AO REBOCO.

PROBLEMA:

 QUANTIDADES EXCESSIVAS CAUSAM RETRACÇÃO DO REBOCO

 FISSURAÇÃO

SOLUÇÃO:CAL HIDRÁULICA

 CARACTERÍSTICAS RESISTENTES ACEITÁVEIS


 LIGANTES DE ELEVADA PLASTICIDADE
 REDUZ QUANTIDADE DE CIMENTO EVITA FISSURAÇÃO
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)

AGREGADOS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

RESPONSÁVEIS POR:
• COMPACIDADE
• PERMEABILIDADE
• FISSURAÇÃO
• RESISTÊNCIA

EXIGÊNCIAS:

• GRANULOMETRIA EXTENSA PEQUENAS FISSURAÇÕES


• INALTERABILIDADE FACE À ÁGUA OU OUTROS AGENTES EXTERNOS
• COMPATIBILIDADE QUÍMICA COM OS OUTROS CONSTITUINTES DA
ARGAMASSA
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
ÁGUA
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

ADICIONADA EM OBRA

EM EXCESSO POR DEFEITO

 REBOCOS POROSOS;  MÁ TRABALHABILIDADE


 BAIXAS COMPACIDADES E RESISTÊNCIAS;  FRACA ADERÊNCIA AO SUPORTE
 ELEVADAS PERMEABILIDADES POR
CAPILARIDADE.

SOLUÇÃO
 USAR ADITIVOS REDUTORES DE ÁGUA
 PLASTIFICANTES

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)

MISTURAS DE PÓ PRÉ-DOSEADA EM FÁBRICA:


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

 REVESTIMENTOS ESPESSOS DE LIGANTES HIDRÁULICOS; ARGAMASSAS

 MONOCAMADA (1 OU 2 DEMÃOS);

CIMENTO PORTLAND OU CIMENTO BRANCO (+CAL HIDRÁULICA) LIGANTES

AGREGADOS

ALTERAM PROPRIEDADES (EX.: PIGMENTOS) ADJUVANTES /ADIÇÕES

ADICIONADA POSTERIORMENTE EM OBRA DURANTE A APLICAÇÃO ÁGUA

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS PRÉ-DOSEADOS
DESEMPENHO
Rebocos monocamada: única camada, uma só formulação, para todas as funções exigências
superiores para garantir o mesmo desempenho
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

APLICAÇÃO DE UM REBOCO PRÉ-DOSEADO ACABAMENTO DE UM REBOCO PRÉ-DOSEADO

MONOCAMADA

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS PRÉ-DOSEADOS
VANTAGENS:
Composição: Utilização de ligantes, agregados Produção: Processos rigorosos de produção em
seleccionados, adjuvantes, adições, quantidades unidades tecnologicamente evoluídas,
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

de água e outros componentes, é feita mediante acompanhados com registos, permitindo a


composições rigorosamente estudadas e rastreabilidade; existência de produtos
testadas; reduzida percentagem de sais solúveis especialmente concebidos para uma determinada
na sua composição função, como por exemplo, resistência aos sais e à
presença de humidade; desperdício reduzido nas
Aplicação: Desperdício reduzido; prestação final matérias primas e energia.
do produto está menos dependente da
especialização e experiência do operador que Qualidade: Garantia de qualidade, mediante
no caso das argamassas tradicionais; existência cumprimento das recomendações do fabricante e
de fichas técnicas, de segurança e a respeito dos domínios de aplicação; cumprimento
possibilidade de obter assistência técnica por de normas, como por exemplo EN 998-1:2003
parte do fabricante. Quando pigmentados relativa à marcação CE, obrigatória para
dispensam a aplicação de pintura. argamassas de reboco desde 2005; certificação na
qualidade e ambiente por parte de vários
Conservação: Melhores condições de
fabricantes.
conservação e protecção das argamassas, em
silos ou sacos, com maior protecção da
humidade.

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
INCONVINIENTES:
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Planeamento: Exigência de um
rigoroso planeamento de obra e
organização de estaleiro. Custo direto inicial mais elevado:
Pode ser mais oneroso que as
Aplicação: Prestação final do argamassas tradicionais, a mais-
produto está menos dependente valia decorrente da sua utilização
da especialização e experiência do (possível incremento de durabilidade
operador que no caso das dos revestimentos) poderá em
argamassas tradicionais no muitos casos justificar as diferenças
entanto a manipulação dos de custos.
métodos de aplicação exige treino
por parte da equipa.

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
CAMPO DE APLICAÇÃO - SUPORTES
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Em geral:

• Betão moldado

• Alvenaria de tijolo

• Alvenaria de pedra natural

• Alvenaria de blocos de betão de agregados correntes

• Alvenaria de blocos de betão de argila expandida

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
CAMPO DE APLICAÇÃO - SUPORTES
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Por vezes:

• Alvenaria de blocos de betão celular autoclavado


• Isolantes térmicos
• Alvenarias antigas, fracas e friáveis

Comprovação da qualidade:

• Marcação CE

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS PRÉ-DOSEADOS
Requisitos: EN 998-1 (Marcação CE)
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Em 2003 foi publicada a EN 998-1, “Specification for mortar for masonry - Part 1: Rendering and
plastering mortar”. A nível europeu, as especificações para argamassas para reboco, no que
respeita a rebocos para aplicação em paramentos interiores e exteriores, são abordadas na referida
norma, nomeadamente no que se refere às propriedades da argamassa no estado fresco e
endurecido.

Proposta de três classificações: em função da localização da produção; concepção; e


propriedades e uso associados.

• Definição de requisitos obrigatórios para propriedades no estado fresco e endurecido.;


• Instruções para a designação dos produtos e respectiva rotulagem;
• Avaliação da conformidade, através de testes iniciais aos produtos e controlo de
produção industrial;

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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS PRÉ-DOSEADOS
Requisitos: EN 998-1 (Marcação CE)
Todas as argamassas pré-doseadas para reboco possuem obrigatoriedade marcação CE,
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

desde 2005 e segundo o Sistema 4, declarando conformidade com a referida norma EN


998-1. O Decreto-Lei n.º 4/2007 de 8 de Janeiro obriga à aposição da marcação CE aos
produtos de construção, desde que se verifique a sua conformidade com as
especificações técnicas aplicáveis, neste caso Normas Europeias (EN) harmonizadas ou
Aprovações Técnicas Europeias (ETA).

Esta marcação significa que o produto está “Conforme os requisitos Essenciais”, tais
como: resistência mecânica e estabilidade; segurança em caso de incêndio; higiene,
saúde e ambiente; segurança na utilização; protecção contra o ruído; isolamento
térmico e poupança energética.

Área Departamental de Engenharia Civil 77


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS PRÉ-DOSEADOS
CUIDADOS NA EXECUÇÃO EM OBRA
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• IDÊNTICOS AOS CITADOS PARA OS REBOCOS TRADICIONAIS

• CONSTÂNCIA na proporção da água de amassadura, da técnica,


velocidade e tempo de amassadura e de pressão da máquina de projetar

• NÃO INTERROMPER os trabalhos exceto em arestas ou em linhas de


esquartelamento (no caso dos produtos pigmentados)

Área Departamental de Engenharia Civil 78


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES


REBOCOS NÃO TRADICIONAIS (PRÉ-DOSEADOS)
CUIDADOS NA EXECUÇÃO EM OBRA
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

REBOCOS
MONOCAMADA

MANCHAS
(deficiências de
aplicação e reparação)

REBOCOS
MONOCAMADA

MANCHAS
(deficiências de aplicação e
reparação)

Área Departamental de Engenharia Civil 79


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCO ARMADO ( TRADICIONAL E NÃO TRADICIONAL)


OBJECTIVOS:

 Distribuir as tensões
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

 Melhorar a resistência à tração


 Melhorar a aderência
 Durabilidade

SITUAÇÕES TÍPICAS DE APLICAÇÃO:


 Ligações entre materiais de suporte diferentes revestidos em continuidade
 Ângulos dos vãos e outros pontos de concentração de tensões
 Aplicações sobre suportes antigos e muito deteriorados ou sobre suportes
muito lisos

Área Departamental de Engenharia Civil 80


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ARMADURAS E REFORÇOS
Redes metálicas

• Aderência: aplicar diretamente sobre o suporte, fixadas com pregos


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

ou parafusos de aço galvanizado

• Resistência à tração (melhoria do comportamento à fendilhação):


aplicar sobre uma camada de base ainda fresca, sendo depois
recoberta por uma 2ª camada de base.

Nota: Como exigem que o revestimento fique com uma certa espessura e
como normalmente têm maior abertura de malha, promovendo a aderência ao
suporte, não funcionam bem nos casos de melhoria do comportamento à
fendilhação (em zonas fendilhadas é conveniente haver um certo
“desligamento” do revestimento, para facilitar e promover a distribuição de
tensões).

Área Departamental de Engenharia Civil 81


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ARMADURAS E REFORÇOS
Redes de fibra de vidro

• Resistência à tração (melhoria do comportamento à fendilhação): aplicar


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

sobre uma camada de base ainda fresca, sendo depois recoberta por uma 2ª
camada de base

• Distribuição de tensões (na ligação entre suportes diferentes ou sobre uma


fenda do suporte): aplicar uma faixa diretamente sobre o suporte

Nota: Não são habitualmente usadas para promover a aderência ao suporte:


têm geralmente menor abertura de malha, implicando menores espessuras.
Ideais para reforço de camadas de barramento, pinturas, etc.

Área Departamental de Engenharia Civil 82


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REBOCOS TRADICIONAIS
ARMADURAS E REFORÇOS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Redes metálicas:
– Proteção anti-corrosiva; abertura de malha  8 a 25 mm; d  1 mm
• Arame zincado soldado
• Metal expandido com proteção anti-corrosiva
• Redes especialmente fabricadas para o efeito
• Redes de fibra de vidro:
– Proteção anti-alcalina; abertura de malha  10 mm; massa por unidade de
superfície  200 g/m2

Área Departamental de Engenharia Civil 83


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

REVESTIMENTOS INTERIORES DE PAREDES


GESSO ESCURO OU
REVESTIMENTOS DE REGULARIZAÇÃO PARDO
Revestimentos de
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

Rebocos tradicionais ligante misto


Estuques tradicionais
Rebocos pré-doseados
de gesso e cal
Estuques pré-doseados
Estuques pré-doseados
sintéticos
de gesso

REVESTIMENTOS DE ACABAMENTO GESSO BRANCO

Estuques tradicionais Estuques pré-doseados


de gesso e cal sintéticos
Estuques pré-doseados
de gesso

Área Departamental de Engenharia Civil 84


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

Revestimentos de paredes em ligantes minerais com base em gesso

TRADICIONAIS NÃO TRADICIONAIS


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

MISTURA EM OBRA PRÉ-DOSEADO DE FÁBRICA

APLICADO EM 2 CAMADAS
APLICADO EM 2 CAMADAS
SOBRE O REBOCO

REBOCO (CRESPIDO + EMBOÇO)


CAMADA DE REGULARIZAÇÃO
CAMADA DE BASE (ESBOÇO)
CAMADA DE ACABAMENTO
CAMADA DE ACABAMENTO (ESTUQUE)

Área Departamental de Engenharia Civil 85


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


MATERIAIS
GESSO
O gesso natural é uma rocha sedimentar de estrutura cristalina, constituída
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

fundamentalmente por sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O).


O gesso usado como ligante em estuques e argamassas de gesso é obtido por
cozedura a temperaturas que variam entre 130ºC e 170ºC da pedra de gesso e é
constituído, fundamentalmente, por sulfato de cálcio hemihidratado:
CaSO4.2H2O + calor CaSO4.1/2 H2O + 3/2 H2O
A matéria prima do gesso é a pedra de gesso ou gesso
bruto (sulfato de cálcio dihidratado). A pedra de gesso é
triturada e de seguida colocada num forno, a uma
temperatura de 160ºC, a fim de sofrer uma desidratação
parcial (sulfato de cálcio semi-hidratado). Segue-se a
Pedra de Gesso redução a pó e obtém-se o gesso corrente. Este pó pode
ser amassado com água, nas devidas proporções, Anidrite
originando sulfato de cálcio dihidratado.
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


CAMADAS
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• REBOCO - Enchimento a pardo (argamassa de cal e gesso) - nem sempre


aplicada atualmente

• ESBOÇO - pasta de cal e areia + gesso de esboço - 1:2:1, ou só de gesso e areia


- 1:2 a 3

• ESTUQUE - (pasta de gesso e cal aérea apagada, ou só de gesso com retardador


de presa; água/gesso = 50 a 70% em volume)

Área Departamental de Engenharia Civil 87


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


COMPOSIÇÃO

• LIGANTES - gesso (branco ou escuro) e cal em pasta


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• AGREGADOS - areia limpa, branca e fina, siliciosa ou calcária


• ADJUVANTES (< 3% da massa do gesso):

- Retardadores de presa (ácido cítrico, dextrina, grude, silicato de sódio,


anidrite)

- Endurecedores (alúmen, sulfato de zinco, silicato de potássio)

• ELEMENTOS ADICIONAIS - protetores de esquinas (perfis de plástico


perfurados); redes de reforço (de fibra de vidro)

Área Departamental de Engenharia Civil 88


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO

• PREPARAÇÃO PRÉVIA DAS PAREDES


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• PREPARAÇÃO DA MÁQUINA
• PROJECÇÃO
• DESEMPENAGEM
• APERTO
• RASPAGEM
• AFAGAMENTO
• COLOCAÇÃO DE MOLDURAS E ORNATOS
• PINTURA (OPCIONAL)

Área Departamental de Engenharia Civil 89


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


ACABAMENTOS

• Polimento (com pedra pomes ou pó de jaspe)


Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Molduras e ornatos moldados (antigo)

• Molduras e ornatos pintados (antigo)

• Pintura (atualmente com tinta de água)

Área Departamental de Engenharia Civil 90


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


REGRAS DE QUALIDADE

• Aderência ao suporte
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

• Espessura • Resistência ao ataque alcalino


• Planeza • Resistência ao desenvolvimento de fungos e
bolores
• Verticalidade
• Resistência às ações de degradação devidas
• Regularidade e Perfeição ao uso: choque, atrito, água, sujidade
superficial
• Durabilidade

• O estuque constitui uma estrutura de elevada porosidade aberta e higroscopicidade,


com uma enorme variabilidade de propriedades, mercê não só da variação das
dosagens de gesso e cal aéreas empregues e do teor de água de amassadura, como do
vasto número de aditivos que podem ser utilizados.

• Apesar de o gesso ser pouco solúvel em água, a sua acção intensa e contínua pode
servir de veículo a diversas agressões de natureza física, química ou biológica.
Área Departamental de Engenharia Civil 91
Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ESTUQUES TRADICIONAIS DE GESSO


PATOLOGIAS
ANOMALIA CAUSA EXEMPLO
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

PERDA DE ADERÊNCIA Suportes muito


(descolamento, lisos e
abaulamento, impermeáveis
destacamento) sem preparação;
água no suporte

EFLORESCÊNCIAS E Água; sais


CRIPTOFLORESCÊNCIAS solúveis

Área Departamental de Engenharia Civil 92


Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ASPETOS GERAIS DE CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO DE ARGAMASSAS DE REBOCO

1. Adequabilidade do Reboco ao projeto

O projeto deve incluir desenhos e especificações com pormenor: Natureza do suporte, Natureza e
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

condições do reboco, Exigências normativas, Tipo de reboco e tipo de acabamento, Influência dos
elementos metálicos embebidos, Influência de pormenores arquitetónicos etc.

• O suporte contribui significativamente para o desempenho do reboco em serviço; a


resistência mecânica (módulo de elasticidade e resistência à tração) e a sua absorção de água
devem ser compatíveis com o reboco aplicado (compatibilidade mecânica, geométrica e química
entre o suporte, o reboco e o acabamento final).

• Acabamento final do reboco é outro elemento que pode influenciar o seu desempenho.

• Existência de soluções construtivas de vários elementos da parede particularmente na


proteção adicional à água- é um fator crucial para o bom desempenho dos rebocos exteriores;
as formas arquitetónicas e dispositivos de drenagem devem proteger homogeneamente a
fachada da acção da água evitando a criação de caminhos preferenciais de circulação de água
na superfície.
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Pós Graduação
Conservação e Reabilitação de Construções

ASPETOS GERAIS DE CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO DE ARGAMASSAS DE REBOCO


2. Armaduras de Reforço

Utilizadas no sentido de melhorarem o desempenho das argamassas (servirem de suporte ao reboco e


reforçarem determinadas zonas) , empregam-se redes de várias origens: redes de metal distendido com
Patologia, Diagnóstico e Metodologias de Intervenção II

dimensões de malha 15-30 mm com tratamento contra a corrosão; redes de fibra de vidro (tratamento
antialcalino para proteger do ataque químico das argamassas) especialmente em Pontos singulares e
Encontro entre suportes de materiais diferentes.

3. Adequabilidade às condições locais da obra

• Meios existentes, condições climáticas no período de aplicação, andaimes, acessos, tempos de cura…..

4. Recepção dos materiais

5. Preparação do suporte

• Regularidade superficial, planeza, verticalidade, nivelamento da superfície, coesão e resistência do


suporte com eliminação de partículas friáveis em suportes antigos e/ou degradados.
• Inspecção do suporte a nível de resistência, sucção, limpeza, juntas, fissuras, estabilidade dimensional,
durabilidade…

6. Condições atmosféricas de aplicação

Área Departamental de Engenharia Civil 94

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