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INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
DIAGNÓSTICO E REFORÇO DE 91
JUL-SET
Inspeção e diagnóstico
em estrutura de concreto
pré-fabricado
RACHEL MORAIS – Engenheira
DOUGLAS COUTO – Engenheiro
PAULO HELENE – Diretor
PhD Engenharia
1. INTRODUÇÃO torânea do Brasil. O objetivo principal tos e Classe I nos ambientes internos e
E
ste estudo consiste de um deste trabalho foi a avaliação dos pa- climatizados, conforme classificação da
trabalho de inspeção, onde râmetros de segurança e durabilidade Tabela 6.4.2 da ABNT NBR 6118:2014
foram realizados ensaios fí- desta estrutura. [1], apresentada na Tabela 1.1.
sicos e químicos detalhados, além A estrutura em questão está inseri- De acordo com os relatos dos
da análise de projeto estrutural, para da em uma atmosfera classificada, em usuários, os problemas estruturais
assim proceder com o diagnóstico seu macroclima (fachada e partes ex- iniciaram no primeiro ano de uso da
referente à ocorrência de diversas ternas), de acordo com a normalização edificação, onde detectou-se o apa-
manifestações patológicas em uma brasileira, como Classe de Agressivi- recimento de fissuras com diversas
estrutura de concreto pré-fabricado, dade III (agressividade forte, urbana e medidas de abertura, excesso de vi-
construída em uma área urbana e li- marinha), Classe II nos interiores aber- bração nas lajes, deformações nas
portas. Essas ocorrências e percep-
ções levaram, em um primeiro mo-
u Tabela 1.1 – Classes de agressividade ambiental (CAA)
mento, à execução de reparos paliati-
vos e intermitentes.
Classificação geral
Risco de Essas medidas, realizadas durante
Classe de agressividade do tipo de ambiente
Agressividade deterioração
ambiental para efeito de os cinco anos de uso do edifício não
da estrutura
projeto foram suficientes, em virtude de não
I Fraca Rural Insignificante haver um diagnóstico adequado dos
I Fraca Submersa Insignificante problemas dessa estrutura, sendo
II Moderada Urbana1,2 Pequeno então impossível corrigir a real causa
III Forte Marinha1 Grande dos problemas patológicos, que, nes-
III Forte Industrial Grande te caso, como será visto , trata-se de
IV Muito forte Industrial1,2 Elevado problemas patológicos congênitos de
IV Muito forte Respingo de maré1,3 Elevado projeto e execução, acrescidos por
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Pode-se admitir um micro clima com classe de agressividade um nível mais brando para ambientes internos secos (salas,
dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviços de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes
outros adquiridos ao longo dos anos,
com concreto revestido com argamassa e pintura). devido ao desempenho insatisfatório e
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Pode-se admitir uma classe de agressividade um nível mais branda em: obras em regiões de clima seco, com umidade
relativa do ar menor ou igual a 65%, partes das estruturas protegidas de chuvas em ambientes predominantemente secos reparos insuficientes.
ou regiões onde chove raramente.
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Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em industrias de celulose e papel,
Tendo em vista que diversas
armazém de fertilizantes, industrias químicas. partes da estrutura apresentavam
deficiências em seu desempenho
u Figura 4.1
Distribuição normal dos resultados de profundidade Para avaliação da resistência do
de carbonatação média concreto à compressão, foram reali-
zadas extrações de testemunhos de
concreto conforme procedimento da
Cobrimento (cm) ABNT NBR 7680:20071 [4]. Com o uso
de um detector de barras de aço (pacô-
metro) procedeu-se no local uma inves-
tigação minuciosa do posicionamento
das armaduras longitudinais e transver-
sais para evitar o corte das mesmas.
Para realização das extrações foram
escolhidos 10 pilares, de forma repre-
sentativa, e o diâmetro indicado do cá-
lice para as extrações foi de Ø 75mm,
com objetivo de agredir o mínimo possí-
vel a estrutura de concreto. Sequencial-
u Figura 4.2
mente às extrações, foram realizados os
Distribuição normal dos resultados de espessura média de cobrimento
das armaduras preenchimentos dos óculos resultantes
da retirada dos testemunhos.
4. RESULTADOS
Tendo em vista os ensaios acima
descritos e realizados tanto em campo
u Figura 4.4
como em laboratório, apresentam-se Resistividade elétrica
nas figuras 4.1 a 4.6, os resultados ob-
tidos nos respectivos ensaios.
Verifica-se na comparação dos re-
sultados de ensaio de carbonatação e
verificação do cobrimento (Figs. 4.1 e
4.2), que em mais de 50% das amos-
tras a frente de carbonatação atinge
ou supera o cobrimento medido. Nos
ensaios de resistividade elétrica e po-
tencial de corrosão (Figs. 4.3 e 4.4),
pôde-se observar que a maior parte
das amostras apresenta nível baixo
ou insignificante de probabilidade de
início de processo de corrosão.
Observa-se que os teores de íons
cloreto obtidos nos ensaios (Fig. 4.5)
u Figura 4.5
não excedem o limite de 0,4% confor-
Teores de íons de cloreto
me estabelecido na Tabela 5 da ABNT
NBR 12655:20062 [6], ou seja, são in-
suficientes para desencadear e acele-
rar a corrosão do aço das armaduras.
Conforme se observa na Figura 4.6,
os resultados obtidos comprovaram
uma correlação fraca, pois o coeficien-
te de correlação de Pearson (R²) não
atingiu 0,50. Essa dispersão exagerada
dos resultados se deve ao fato de, pos-
sivelmente, a estrutura estar carbona-
tada e com alto grau de umidade, além
de fatores ligados as operações de ma-
nuseio e de adensamento do concreto
e variabilidade intrínseca do método
esclerométrico. Em suma, estes resul-
tados foram utilizados como auxilia- u Figura 4.6
Correlação entre o índice esclerométrico médio e resistência
res nas análises dando-se preferência
à compressão axial
aos resultados obtidos no ensaio de
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Norma revisada em 2015. Consultar catálogo da ABNT. CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018 | 69
compressão axial de testemunhos, por tência obtida e especificada no proje- demolir todas as alvenarias internas e
estes serem mais representativos. to estrutural é inadequada à classe de externas, substituíndo as paredes inter-
Tratando-se da análise do ensaio agressividade ambiental. nas por placas de gesso acartonado,
de apreciação petrográfica, verificou- e as paredes externas por painéis de
-se que os agregados graúdos extraí- 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS placa cimentícia. Após a análise estru-
dos dos corpos de prova são de rocha Os resultados dos ensaios realiza- tural realizada, o projeto de intervenção
granítica, cujas feições micro e macros- dos em campo e em laboratório con- contemplou a redução dos vãos de de-
cópicas indicam potencialidade inócua duziram à elaboração de um projeto de terminadas lajes, inserindo vigas metáli-
quanto à reação álcali-agregado. O intervenção corretiva, com o intuito de cas transversais às vigotas, diminuindo
agregado miúdo foi identificado como garantir a durabilidade e desempenho assim o desconforto aos usuários cau-
areia detrítica natural sem indícios de estrutural adequado desta estrutura. A sado pelas vibrações excessivas.
reatividade potencial. intervenção, com vistas à durabilidade, Por fim, observados os problemas
O ensaio de ultrassom apresentou prevê a aplicação de proteção super- e análises realizados, constata-se que
resultados com média de 4421m/s, ficial, com o objetivo de compensar a o uso de solução em concreto pré-fa-
desvio padrão de 130m/s e coeficiente deficiência do material de cobrimento, bricado constitui sempre uma alternati-
de variação de 2,9%. Esses resultados bem como desacelerar o processo de va viável para esse tipo de edificação,
mostram que o concreto se apresenta carbonatação, já bastante adiantado desde que procedimentos adequados
em boas condições, do ponto de vista nessa estrutura. de projeto, aderentes à normalização
de continuidade e adensamento. Os problemas de ordem estrutu- vigente e às boas práticas de constru-
Já os resultados de resistência à ral, encontrados através de avaliação ção sejam empregadas, evitando, as-
compressão de testemunhos extraí- específica, foram objeto de um projeto sim, manifestações patológicas como
dos apresentaram resistência média de de reabilitação estrutural, elaborado em as indicadas neste artigo.
28,6MPa, desvio padrão de 5,2MPa e conjunto com as recomendações de
coeficiente de variação de 18%. Embo- durabilidade mencionadas neste artigo. 6. AGRADECIMENTOS
ra a maior parte dos resultados tenha Entretanto, não foi objetivo dos autores Registra-se agradecimento à Te-
atendido ao especificado no projeto es- tratar dos aspectos estruturais neste do- comat Engenharia, de Recife-PE, diri-
trutural, e os valores do desvio padrão cumento, pois se considera tema para gida pelo Prof. Tibério Andrade, que
e coeficiente de variação estejam em um trabalho futuro e mais específico. foi contratada para realizar os ensaios,
um patamar aceitável para resultados Diante das análises realizadas nas em especial à equipe liderada pelo
de testemunhos, nota-se que a resis- alvenarias, houve a necessidade de Eng. João Ribeiro.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[9] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. “ABNT NBR 7584. Concreto endurecido – Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão –
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[10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. “ABNT NBR 7389 – 1 e 2. Análise petrográfica de agregado para concreto. Parte 1: Agregado miúdo e Parte
2: Agregado graúdo”. Rio de Janeiro, 2009.