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6 ASPECTOS E 20 DICAS

DA BOA SONORIZAÇÃO

INTRODUÇÃO

Este material aborda 6 aspectos relacionados ao programa de treinamento em Sonorização,


que pertence ao Canal do Áudio, que não podem ser negligenciados para uma boa
sonorização. Estamos dispostos a andar com você e oferecer ajuda para que você possa
aprimorar seus conhecimentos sobre som e eliminar algumas dificuldades que poderá
encontrar nessa desafiadora e prazerosa caminhada pelo áudio.
Listamos aqui SEIS ASPECTOS IMPORTANTES PARA SONORIZAÇÃO. Estes não são os
únicos aspectos, mas chamamos a atenção para estes que, se você seguir, evitará muitos
erros comuns e perceberá uma grande diferença no som final.

Acompanhe nosso site, canaldoaudio.com.br e nosso canal no YouTube, Canal do Áudio, que
estaremos trazendo mais informações nessa caminhada. Vamos juntos!

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ASPECTO 1: ACÚSTICA X CAIXA DE SOM

#DICA 1: “Esteja consciente do tipo de ambiente que você está


sonorizando”

Muitos problemas de som podem acontecer em função da acústica do local que está sendo
sonorizado. Tem locais que o som reverbera muito tempo. Reverbera? Sim. Ficamos ouvindo
o som durante alguns segundos pelo simples fato de que as paredes, chão e até mesmo o teto
não possuem um material que “amorteça” as ondas sonoras. Assim, o resultado pode ser um
som embolado porque ele está saindo das caixas e se misturando com o som que está
refletindo no ambiente (reverberação).
Isto pode acontecer em locais como ginásios, salões de eventos, igrejas, bares, salas de aula,
teatro e auditórios em geral. Se estes locais receberem tratamento acústico adequado, este
problema é eliminado. As próximas dicas que vamos listar aqui é considerando que o local não
tenha acústica ideal para sonorizar.

#DICA 2: “Se possível, julgue se realmente precisa sonorizar o evento”.

Digamos que você esteja num curso em uma sala ou pequeno auditório para 40 ou 50 pessoas
próximas umas das outras. Suponhamos ainda que a acústica do local não seja adequada para
sonorizar o palestrante com um microfone. Outra situação é um concerto de instrumento ou
voz, num ambiente nas mesmas condições.
Cabe aqui um julgamento. Será que vale realmente a pena sonorizar nesta situação? Um
sistema de sonorização não seria um fator a mais para trazer eventuais problemas (som
embolado ou microfonia) e prejudicar o evento, visto que as pessoas poderiam ouvir
perfeitamente sem equipamento de som?
Se você tem a oportunidade de julgar isto com a organização do evento, faça isso. A não ser
que você esteja contratado para fazer este serviço e não queira perder este contrato. Neste
caso, as demais dicas também servirão inclusive para esta situação.

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#DICA 3: “Posicione as caixas viradas para o público”.

Parece óbvio, mas é comum ver caixas de som por cima das primeiras fileiras de público,
posicionadas de lado para algumas pessoas ou ainda com uma inclinação inadequada. Toda
caixa de som possui um ângulo de abrangência e nitidez, tanto na horizontal quanto na
vertical. O público ouvinte precisa estar posicionado dentro deste ângulo de abrangência.

#DICA 4: “Domine o ambiente grande*”

A #DICA 3: “Posicione as caixas viradas para o público”. serve tanto para ambientes pequenos
quanto para eventos grandes. Mas se o local a ser sonorizado for grande, talvez seja o caso de
instalar mais caixas de som espalhadas no ambiente, mas com menos volume. Neste caso,
jamais posicione uma caixa de frente para outra.
*grande: é um conceito relativo, em se tratando de sonorização. Grande pode ser uma igreja
para 100 pessoas, uma casa de shows para 1.000 pessoas ou um estádio para 40mil pessoas.
Depende da referência. O que realmente quero considerar aqui é que numa situação com
acústica inadequada, talvez a dica acima possa ajudá-lo. Já precisei fazer isso em situações
com cerimonial para 100 pessoas num local onde a reverberação era mais de 5 segundos!!!
Funcionou!

#DICA 5: “Domine o retorno de palco”

Se estivermos num contexto de banda ao vivo ou em outras situações que exijam caixas de
retorno de palco, considere a possibilidade de utilizar fones de ouvido para os integrantes da
banda. Caso não seja possível, é importante baixar o máximo possível o volume do som dos
retornos de palco para que este não se misture com o que está sendo sonorizado para o
público. Isto vale também para os amplificadores de baixo e guitarra.

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#DICA 6: “Considere utilizar bateria microfonada com aquário”

Se a bateria for acústica e microfonada (utilizando microfones para captar o som das peças da
bateria), creio que seria uma boa ajuda usar um aquário para cercá-la para poder ter um
controle melhor da timbragem e volume de cada peça da bateria no sistema de som.

ASPECTO 2: ALINHAMENTO DAS CAIXAS DE SOM

Uma mesma caixa de som pode soar de maneiras diferentes em cada ambiente. O volume de
algumas frequências poderá diminuir enquanto o volume de outras poderá aumentar,
conforme o local onde as caixas estiverem funcionando.

#DICA 7: “Na equalização, identifique as frequências que precisam ser


alinhadas de acordo com o ambiente”

De uma forma simplificada, alinhamento das caixas de som é regular os volumes de cada faixa
de frequência, de maneira que os ouvintes não escutem mais algumas frequências do que
outras.
Citando como exemplo, suponha que uma caixa em um determinado ambiente, esteja com o
som muito grave. Neste caso estas faixas de frequências graves precisam ser atenuadas
(baixar o volume dos graves).

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#DICA 8: “Em sistema de som mais complexo, saiba que pode ser
necessário regular o tempo de reprodução do som”

No caso de um sistema de som maior e mais complexo, onde se utilize várias caixas de som
para uma grande área, pode ser necessário regular também o tempo em que cada caixa
“dispara” (ou reproduz) o som.
Considerando os diversos tipos de sistemas de som que precisamos alinhar, podemos utilizar
equipamentos em dois níveis de alinhamento. Separei em básico e avançado somente pra
ficar mais didático.

 Nível Básico de Alinhamento:


 Equalizador gráfico embutido em algumas mesas analógicas;
 Equalizador gráfico e/ou paramétrico presente nas mesas digitais;
 Equalizador gráfico externo.

 Nível Avançado de Alinhamento:


 Microfone calibrado para alinhamento de caixas de som;
 Processador de áudio (que regula frequência, fase e tempo das caixas);
 Analisador de espectro de áudio (RTAS);
 Computador ou tablet com software de alinhamento;
 Interface de áudio para conectar ao computador.
Estes equipamentos podem ser utilizados de diversas formas, com alguns ou todos os
dispositivos listados acima.

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#DICA 9: “Tenha a compreensão de como compensar a equalização no
canal de cada sinal de áudio”.

Talvez você esteja muito longe da realidade citada no nível avançado de alinhamento, não
tendo acesso e talvez nem necessidade de utilizar um alinhamento neste nível. Mas é
importante você ter a compreensão de que as caixas de som vão ter sonoridades diferentes
em cada ambiente em que você as instalar e que no mínimo você precisará compensar isto no
canal de cada instrumento, microfone ou dispositivo plugado na mesa de som.

#DICA 10: “Entenda a resposta de frequência das caixas de som, não


perca tempo tentando ajustes inalcançáveis”.

Preste atenção na resposta de frequência da sua caixa (leia no manual do fabricante).


Resposta de frequência de uma caixa de som é a capacidade que ela tem de reproduzir as
frequências. Cada modelo e marca de caixa de som tem suas próprias características de
resposta de frequência.
Suponha que sua caixa de som tenha uma resposta de 100Hz (grave) até 15.000Hz (agudo).
Se você quiser ouvir sub-graves (frequências abaixo de 100Hz), não vai adiantar você dar
volume no equalizador nesta faixa porque a caixa não irá reproduzí-la, simplesmente porque
ela não foi fabricada para isso. O mesmo vale neste exemplo para frequências acima de
15.000Hz (ou 15KHz) nesta mesma caixa de som.

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ASPECTO 3: CONEXÃO DOS EQUIPAMENTOS

Precisamos saber qual é o tipo de saída de áudio (dos equipamentos, instrumentos e


microfones) e qual é o tipo de entrada de áudio para onde estamos enviando este sinal.
Pra ficar melhor, vamos deixar algumas dicas importantes.

#DICA 11: “MIC OUT para MIC IN & LINE OUT para LINE IN”

Toda saída de nível de microfone (MIC OUT) deve ir para uma entrada de nível de microfone
(MIC IN). Toda saída de nível de linha (LINE OUT) deve ir para uma entrada de nível de linha
(LINE IN). Se você não obedecer esta regra, o som poderá até sair de um equipamento e
chegar em outro, mas com menos qualidade, com risco de distorcer o som e em alguns casos
poderá até acarretar em queima de entrada de áudio.

#DICA 12: “BALANCED IN / BALANCED OUT” saiba utilizar um


sistema balanceado

Balanceamento de sinal, de uma maneira simples, é a tecnologia que protege o sistema de


som contra ruídos e aumenta o sinal de áudio. É a maneira correta e profissional de trabalhar
com o som e transportá-lo a longas distâncias. Existem equipamentos e instrumentos que
têm saídas e entradas balanceadas e tem equipamentos que não possuem balanceamento de
sinal.
Preste atenção nas saídas e entradas balanceadas. É recomendado que você utilize cabos e
conectores balanceados para conectar saídas e entradas balanceadas. Lembre-se que se
você tem um equipamento com saída NÃO balanceada, de nada adianta utilizar cabo e
conectores balanceados, porque a saída do equipamento não fornece o balanceamento de
sinal. Se a saída do equipamento for balanceada e a entrada do outro não for, também não
adianta utilizar cabo e conectores balanceados. TODO O SISTEMA tem que ser balanceado
para tirarmos vantagem desta tecnologia.

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ASPECTO 4: QUALIDADE NA CAPTURA DO SOM

#DICA 13: “Capture o som com qualidade já na fonte”

Muito comum ver situações onde a captura do som é negligenciada, com o pensamento de
que na mesa de som tudo pode ser arrumado. A mesa só irá processar aquilo que foi
capturado. Se a captura for ruim, a mesa irá pré-amplificar um sinal ruim.
Este aspecto se mistura com o ASPECTO 3: CONEXÃO DOS EQUIPAMENTOS . Podemos
capturar o som com microfones ou simplesmente conectando os instrumentos via cabo aos
equipamentos. Se você vai tirar o som de um computador, tablet ou celular, também temos
que seguir algumas regras importantes.
Sobre captura do som, temos que analisar algumas dicas que listamos aqui.

#DICA 14: “Saiba as características dos seus MICROFONES”

Se você conhecer bem os microfones que tem em mãos, poderá tirar vantagens das
características deles para fazer uma boa captura de som. Os microfones têm diferentes
padrões polares (ângulos de captação do som), resposta de frequência (quais frequências ele
captura) e sensibilidade. Cada uma destas características bem utilizadas são essenciais para
uma boa captura de som.

#DICA 15: “Na hora de comprar prime por qualidade da captura”

Se você está diante de uma necessidade de decidir qual (ou quais) microfone(s) vai comprar,
analise antes qual a sua real necessidade, o orçamento disponível e o valor de mercado. Às
vezes vale mais a pena ter 8 microfones medianos e mais baratos do que 4 bons e mais caros,
dependendo da necessidade. Às vezes o contrário também é verdadeiro.

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O mesmo vale para cabos, caixas de som, mesa de som (com mais ou menos canais) e todo o
restante do sistema de som.
Por incrível que pareça, isto influencia diretamente na qualidade da captura do som. Veja por
exemplo um local que tem por característica ter somente palestras ou debates. Talvez o
máximo de microfones que vai precisar é 3 ou 4. Vale a pena investir um pouco mais e ter
qualidade nestes microfones. Por outro lado, um lugar que tenha sempre que sonorizar uma
banda com bateria acústica, vozes, guitarra e teclado, sem ter um orçamento avantajado,
talvez o melhor pra captura do som seja ter mais microfones de menor qualidade.
Claro que sempre é bom reunir QUALIDADE e QUANTIDADE, mas nem sempre o “bolso”
permite.

#DICA 16: “Faça um caminho dos cabos”

Ao montar o sistema de som, tome cuidado para não misturar cabos de áudio com cabos de
energia elétrica. Isto poderá injetar ruídos no seu sistema de som.
Aliás, por falar nisso, cuide no capricho de não fazer uma “teia de aranha” no palco com os
cabos. Passe todos juntos, pelo mesmo caminho, agrupando separadamente o que é áudio e
elétrica. Faça uma “estrada imaginária” por onde os cabos vão passar e passe todos os cabos
por lá. Se possível, use fita crepe para dar um acabamento melhor e até prevenir que pessoas
tropecem no cabo e tenha um acidente ou desconecte algum equipamento. Isso dará um
aspecto mais “clean” no visual do seu trabalho e transmite mais segurança e organização pra
quem está trabalhando com você.

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ASPECTO 5: O CONHECIMENTO

#DICA 17: “Conheça o equipamento que você está trabalhando”

Talvez você tenha que estudar alguns conteúdos teóricos para conhecer o seu equipamento e
trabalhar com ele. Por exemplo: os equalizadores da mesa de som. Você poderá encontrar 2,
3, 4 ou mais potenciômetros (botões) no equalizador do canal da sua mesa de som. Você
precisa conhecer as frequências: GRAVES (20Hz a 200Hz), MÉDIOS (200Hz a 6,3KHz) e
AGUDOS (6,3KHz a 20KHz). Além das frequências do espectro de áudio, é necessário saber
que tipo de equalizador você tem em mãos: LOW SHELVING, HIGH SHELVING, PEAKING,
SWEEPING, SEMI-PARAMÉTRICO, PARAMÉTRICO ou combinação de alguns destes.
Outro exemplo é o COMPRESSOR DE ÁUDIO. Se você está utilizando um, no mínimo precisa
saber pra que servem os botões de THRESHOLD, RATIO, ATTACK e RELEASE.

ASPECTO 6: IDENTIFICANDO AS FONTES SONORAS

#DICA 18: “Aprenda a ouvir cada fonte sonora no contexto e


separadamente”

É muito importante ter um senso de julgamento sonoro para decidir o que queremos com o
som que estamos trabalhando. Por isso é importante saber separar do todo cada fonte sonora
e também como encaixá-lo no espectro geral do som. Por exemplo: uma banda com bateria
acústica (microfonada), baixo, guitarra, teclado, violão, três backing vocals e o líder da banda.
Você precisa aprender a diferenciar o som do bumbo separadamente do contexto da banda.
Precisa julgar o som do bumbo mesmo quando a banda está tocando todos os instrumentos e
saber como encaixá-lo no contexto da banda. Isto vale para cada fonte sonora.

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#DICA 19: “Compare volume e timbragens”

Mesmo num contexto mais simples, como num debate ou bate papo ao vivo com 2 ou 3
pessoas no palco, é importante sempre estar julgando se os 3 microfones estão com o
mesmo volume e timbragem (sonoridade).

#DICA 20: “Ouça sons de referência”

O aperfeiçoamento deste ASPECTO 6 virá somente com o conhecimento técnico, tempo,


experiência e REFERÊNCIA. Por que REFERÊNCIA? Se eu estou acostumado a ouvir somente
sons com má qualidade, meu ouvido se acostumará com isso e qualquer coisa que eu faça
soará como “bom”. Se eu acostumar meu ouvido com boa sonoridade, meu cérebro irá
sempre “buscar” aquele som bom que estou acostumado e a tendência do que eu fizer será
sempre um som melhor.

CONCLUSÃO

Temos então uma visão geral, um início, um norte pra que você possa apontar e nos
acompanhar. Vamos abordar muitos destes assuntos em nossos cursos e também em vídeos
gratuitos que complementarão muito este material que você acabou de ler. Se você chegou
até aqui, é porque você está buscando mais. E garanto pra você: ENCONTRARÁ.
Conte conosco, aqui no Canal do Áudio.

Abner Borba
www.canaldoaudio.com.br

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