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Alessandra Alves e Vinícius Gruppo Hilário


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GEOGRAFIA
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Caro aluno

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Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclu-

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siva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado.
O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.

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O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de
forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo

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complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.

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A seguir, apresentamos cada seção:

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INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO

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NAS PRINCIPAIS PROVAS

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Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-

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vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos

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principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-

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vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações

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entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato

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em seu dia a dia.
TEORIA

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Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção

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tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-

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pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados 20
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e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
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que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
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mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-


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cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento


aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
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a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.


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MULTiMÍDiA
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No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-


sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
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tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-


ÁREAS DE
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são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.


Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
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fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os
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fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o


estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
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de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
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critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
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Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são


apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
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e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.


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Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a


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apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-


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CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.


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Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
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de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não


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exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos


conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
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Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-


Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
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gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,


mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
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como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-


suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
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mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com


que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
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essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do


esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
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Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da


sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
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entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
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estudos e até a resolução dos exercícios.


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© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021

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Todos os direitos reservados.

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Autores

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Alessandra Alves

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Vinicius Gruppo Hilário

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Diretor-geral
Herlan Fellini

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Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

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Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
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Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa


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iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
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Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
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Leticia de Brito Ferreira


Matheus Franco da Silveira
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Projeto gráfico e capa


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Raphael de Souza Motta


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Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
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ISBN: 978-65-88825-90-7
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com
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a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum
texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional,
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ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos


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todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as


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imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de


crédito em futuras edições.
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O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado


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apenas para fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomenda-


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ção de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.


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2021
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Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.


58

Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP


72

CEP: 04043-300
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Telefone: (11) 3259-5005


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www.hexag.com.br
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contato@hexag.com.br
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SUMÁRIO

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GEOGRAFIA 1 20
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Aulas 45 e 46: Região Norte: Amazônia 6


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Aulas 47 e 48: Região Nordeste 33


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Aulas 49 e 50: Região Sudeste 53


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Aulas 51 e 52: Regiões Centro-Oeste e Sul 64


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Aulas 45 e 46: População: teorias demográficas 82


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Aulas 47 e 48: População: conceitos e transição demográfica 89


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Aulas 49 e 50: População brasileira 100


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Aulas 51 e 52: Fluxos migratórios nacionais e internacionais 118


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INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

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O Enem tradicionalmente cobra conhecimentos Questões sobre Geografia física são predominan-
sobre questões ambientais e biomas brasileiros. Dê tes. Atente-se aos aspectos geológicos, relevo,

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atenção aos processos de ocupação e exploração hidrografia, clima, vegetação e solos de cada
de cada região. região brasileira.

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As questões que mais caem são sobre Não tem Geografia na prova da Unifesp. A prova costuma cobrar conhecimentos sobre
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Geografia do Brasil. A prova pode relacionar Geografia física das regiões do Brasil. Dê
questões econômicas com aspectos geomorfo- atenção às regiões Norte e Centro-Oeste.
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lógicos das regiões.


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Aborda questões sobre o desenvolvimento Análises das características morfoclimáticas Aborda conhecimentos sobre Geografia física Costuma cobrar questões sobre ocupação e
econômico e as desigualdades regionais do regionais. Atente-se também aos processos de regional. Atente-se aos aspectos do relevo, desenvolvimento regional relacionado aos
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Brasil. urbanização. hidrografia, vegetação e clima. impactos ambientais sobre os biomas.


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UFMG
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O tema mais comum é relacionado às ques- Questões que exigem interpretação de texto. Não tem Geografia na prova da FCM-MG.
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tões ambientais de cada região. Atente-se aos problemas ambientais regionais.


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Atente-se aos aspectos da Geografia econô- Cobra Geografia de forma bem ampla dentro Atente-se a problemas ambientais das regiões
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mica, como industrialização, urbanização e do campo de Estudos Sociais. Não costuma do Brasil.
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setores da economia das regiões brasileiras. apresentar questões específicas sobre regiões
brasileiras.
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Não há como aceitar a ideia simplista de que determinados
AULAS 45 E 46

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espaços ecológicos devam corresponder a espaços econô-

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micos, numa sobreposição plena e totalmente ajustável.

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É utópico supor que o potencial dos recursos naturais de
uma área possa ser avaliado em termos de uma sociedade

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homogênea na sua estrutura de classes e de padrões de

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consumo. Somente as comunidades indígenas têm a possi-

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bilidade de utilização direta dos recursos oferecidos por um

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REGIÃO NORTE: AMAZÔNIA espaço geoecológico determinado.

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(AZIZ AB’SABER)

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A floresta precisa ter valor em pé.

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(BERTHA BECKER)

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COMPETÊNCIA: 6 1. Amazônia

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É comum referir-se à Região Norte como região amazônica.

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HABILIDADES: 26 e 29 No entanto, para planejar e promover o desenvolvimento,

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a região amazônica é dividida em Amazônia Legal, Amazô-

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nia Internacional e ainda como Região Norte.

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Amazônia Legal e Amazônia Internacional
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A Amazônia Legal, também chamada de Amazônia bra- A Amazônia Internacional engloba nove países: Brasil,

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sileira, foi instituída pela lei nº 1.806/1953, durante o go- Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana

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verno Vargas. A partir de então, os estados do Mato Gros- Francesa (departamento ultramarino da França) e Suriname.
Isso equivale a aproximadamente 7 milhões de km2 da Amé-

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so, Tocantins (na época, Goiás) e metade do Maranhão
(até o meridiano de 44º) foram incorporados à região, não rica do Sul – mais de 60% dessa área estão no Brasil. Sua

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necessariamente nessa ocasião, mas a legislação permitiu extensão corresponde à região ocupada pela floresta Ama-

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que, posteriormente, isso fosse feito. Com a definição, o zônica, além de áreas de transição para o cerrado e para

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governo pretendia levar desenvolvimento à região. caatinga, no sul do Maranhão e Tocantins, além de campos,

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terra firme, alagados, cidades, metrópoles, vilas, pequenas
Os critérios para incorporação à Amazônia Legal são

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comunidades e muitos idiomas.
as características naturais, como bacia hidrográfica, o

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clima equatorial, as comunidades tradicionais (indí- A Região Norte, por sua vez, a maior macrorregião do

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genas, seringueiros, ribeirinhos) e a própria floresta. Brasil, é onde está localizada grande parte da Amazônia

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Além das questões naturais, existem as questões polí- brasileira. Possui 3.869.639,9 km2, ou seja, mais de 45%

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ticas... E fazer parte da Amazônia Legal é ter acesso a do território brasileiro e compreende os estados do Ama-

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recursos. A instituição da definição geográfica e políti- zonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins.

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ca da Amazônia Legal também possibilitou a desmis- Esse macrodomínio se destaca pela extraordinária conti-
tificação de ideias, como a de que a Amazônia é uma nuidade de suas florestas, pela grandeza de sua rede hi-

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grande planície, uma vez que possui grandes planaltos drográfica e pelas sutis variações de seus ecossistemas em
e extensas depressões. nível regional e de altitude.

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1.1. Aspectos físicos 20
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Relevo
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Depressões
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Depressão da Amazônia
ocidental
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Depressão marginal
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norte-amazônica
Depressão marginal
sul-amazônica
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Depressão
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do Araguaia
Depressão
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do Tocantins
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Planaltos
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Planaltos residuais
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norte-amazônicos
Planaltos residuais
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sul-amazônicos
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Planaltos da Amazônia
oriental
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Planaltos e chapadas da
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bacia do Parnaíba
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Planícies
Planície do
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rio Amazonas
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Planície do
rio Araguaia
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Planície e pantanal do
rio Guaporé
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Planície e tabuleiros
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litorâneos
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Predomina nessa região um relevo com altitudes modestas de até 200 metros. Essas terras baixas acompanham os vales dos
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rios da bacia Amazônica, formando as extensas planícies. As terras mais elevadas encontram-se principalmente no norte dos
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estados de Roraima e do Amazonas, onde se localiza o ponto mais alto do Brasil, o pico da Neblina, com 2,9 mil metros de
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altitude, na serra do Imeri, fronteira com a Venezuela (região do planalto das Guianas). Mais ao sul da região, existe uma es-
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trutura complexa de relevo, composta de chapadas e planaltos residuais, principalmente nos estados de Rondônia e do Pará.
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1.1.1. Hidrografia

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O mundo das águas na Amazônia é o resultado direto da excepcional pluviosidade que atinge a região. O grande rio, ele
próprio, nasce em plena cordilheira dos Andes, através de três braços, onde existem precipitações nivais e degelo de primavera,

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a mais de quatro mil metros de altitude. Fora esse setor andino restrito e localizado, o corpo principal da bacia hidrográfica

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depende de um regime hidrológico totalmente pluvial.

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Bacia hidrográfica do rio Amazonas

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MAPA ELABORADO NO BANCO DE INFORMAÇÕES E MAPAS DOS TRANSPORTES DE SECRETARIA EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
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A bacia Amazônica é navegável da foz até Nauta, no Peru, zônica (e sua evapotranspiração) e o clima equatorial,
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numa extensão de mais de 4 mil quilômetros. Como os com chuvas em quase todos os dias do ano. Essa é uma
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rios facilitam o transporte e a comunicação, o maior po- das características mais famosas pela qual a Amazônia
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voamento da região concentra-se nas planícies do rio é conhecida – sua bacia hidrográfica e sua infinidade
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Amazonas e de alguns de seus afluentes. A locomoção da de água doce.


população local é amplamente dependente dessa bacia.
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O Amazonas tem sua origem na nascente do rio Apurí-


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Os igarapés, por exemplo, foram fundamentais para a ocu-


mac (alto da parte ocidental da cordilheira dos Andes),
pação indígena da Amazônia, uma vez que a invenção da
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no sul do Peru, e deságua no oceano Atlântico junto ao


canoa possibilitou a organização da maioria dos grupos
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rio Tocantins, no delta do Amazonas, no norte brasileiro.


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indígenas da região.
Ele entra no território brasileiro com o nome de rio Soli-
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A hidrografia é a característica mais marcante da re- mões e, finalmente, em Manaus, após a junção com o rio
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gião, que apresenta a maior bacia hidrográfica da Terra, Negro. Assim que suas águas se misturam, ele recebe o
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cobrindo mais de 7 milhões de km2, banhando, além nome de Amazonas e como tal segue até a sua foz no
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de terras brasileiras (4 milhões apenas no Brasil), terras oceano Atlântico. Sua foz é classificada como mista, por
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na Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Essa apresentar uma foz em estuário e em delta, o único com
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imensa rede depende de dois fatores: a Floresta Ama- essa característica no mundo.
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A quantidade de água liberada pelo Amazonas para o

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oceano Atlântico é enorme, cerca de até 300 mil m3 por ƒ Rio Nhamundá: um dos principais afluentes do

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segundo na estação chuvosa. O rio empurra uma pluma rio Trombetas, é responsável por dividir os estados
do Amazonas e do Pará. Possui um leito arenoso e

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grande de água doce no oceano. A pluma tem cerca de
400 km de comprimento e entre 100 e 200 km de largura. águas azul-escuras. Com sua nascente na serra do

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Jatapu, ele percorre mais de 300 km até chegar ao
A água doce, sendo mais leve, substitui o oceano salgado,

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Amazonas. Sendo bastante utilizado para ativida-
diluindo a salinidade e alterando a cor da superfície do oce-

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des esportivas, como a prática da pesca, é nele que
ano por muitos quilômetros. Vários navios, durante séculos, se encontra o tucunaré, um dos peixes mais famo-

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relataram água doce perto da Amazônia, ainda que bem sos e que atrai os pescadores por causa do seu esti-

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longe da vista da terra, o que, de outra forma, parecia ser lo de briga (eles atacam qualquer objeto que veem).

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o oceano aberto.
ƒ Rio Tapajós: percorre a extensão de 795 km, ini-

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cialmente, sendo formado pelos rios Arinos e Jurue-

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Alguns dos principais afluentes do Brasil na. Ao chegar ao seu afluente Capitão Teles Pires,

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recebe o nome de Tapajós. É um dos principais
ƒ Rio Negro: é o maior afluente da margem esquer-

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afluentes do Amazonas e, quando deságua neste,
da do rio Amazonas, o mais extenso rio de água não se mistura com as águas claras do rio, por cau-

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negra do mundo e o segundo maior em volume sa de sua composição. As águas desse rio possuem
de água – atrás somente do Amazonas, o qual

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uma característica importante: são cristalinas e, as-

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ajuda a formar. Tem sua origem entre as bacias sim como outros rios, o Tapajós também tem sido
do rio Orinoco e Amazônica, e também conecta-se

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alvo da pesca esportiva, com peixes como o jáu, a
com o Orinoco através do canal de Casiquiare. Na piranha e o tucunaré. Há empresas que até dispo-
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Colômbia, onde tem a sua nascente, é chamado de 70nibilizam barcos com rádio, TV, vídeo, cozinheiros e
rio Guainia. Seus principais afluentes são os rios guias para os turistas e visitantes do local. O rio ba-
Branco e Vaupés, que disputam ser o começo do
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nha os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas.


rio Orinoco junto com o rio Guaviare, que drena a
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região leste dos Andes, na Colômbia. Após passar ƒ Rio Xingu: na margem direita do Amazonas, com
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por Manaus, une-se ao rio Solimões e, a partir dessa 1.979 km de extensão, o rio Xingu atravessa o Mato
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união, passa a se chamar rio Amazonas. Grosso até chegar na Amazônia. Tendo uma bacia que
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O rio Negro é navegável por 720 quilômetros acima cobre uma área de 531 mil km2, faz parte dela 35 mu-
de sua foz e pode chegar a ter um mínimo de 1 metro nicípios e cerca de 25 mil indígenas que vivem ao lon-
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de água em tempo de seca, mas há muitos bancos go desse rio. Destacado por cachoeiras que possuem
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de areia e outras dificuldades menores. Na estação mais de 50 metros de altura, ele é constantemente
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das chuvas, transborda, inundando as regiões ribei- ameaçado pelo desmatamento no Brasil. É em seu
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rinhas em distâncias que vão de 32 km até 640 km. curso que a usina de Belo Monte foi construída, pró-
xima ao município de Altamira, no sudoeste do Pará.
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O rio negro possui essa cor por causa do húmus que


é carregado para dentro do rio com as inundações.
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ƒ Rio Juruá: nascendo na serra da Contanama, no


O grau de acidez de suas águas é elevado, com um
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Peru, a 453 m de altitude, é um dos mais importantes


pH de 3,8 a 4,9 (devido à grande quantidade de áci-
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afluentes da Amazônia, por ser bastante caudaloso


dos em seu interior, proveniente da decomposição
e o mais sinuoso da região. Banha as cidades de Ca-
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dos vegetais), por isso muitos insetos e mosquitos


rauari, Juruá, Eirunepé, Itamarati, Ipixuna e Canamari.
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não sobrevivem na região. Este rio recebe o nome


De sua foz até o rio Tarauacá, sua largura média é
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de “rio da fome”, porque é pobre e possui poucos


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de 140 m, caindo para 100-120 m nos estirões e 80-


nutrientes para os peixes. A cidade de Manaus é
120 metros nas curvas. Seu leito pode sofrer variações
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banhada pelo rio que percorre 1.700 km e banha


entre 8-16 metros no nível das águas entre a vazante
a Venezuela, a Colômbia e o Brasil. Quando o rio
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Negro se encontra com o rio Solimões, que possui e a enchente, respectivamente. Mais de mil km de
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uma cor clara, ele fica bicolor. seu curso são navegáveis durante a cheia (janeiro e
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fevereiro); no período da seca (maio a setembro), a


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ƒ Rio Solimões: sua nascente se encontra no Peru navegação se restringe a 136 milhas de sua foz.
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e o rio só recebe o nome de Solimões quando en-


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tra em território brasileiro. . Ao chegar em Manaus ƒ Rio Juruá: com 3.240 km, é o mais notável
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e passar por todos os seus afluentes, ele atinge o afluente do Amazonas, nascido da junção dos
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comprimento de aproximadamente 1.700 km. É rios Mamoré e Guaporé, em frente à cachoeira


Madeira, formada por grandes rochedos e ilhas,
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um rio de muita influência para o Norte, pois é nele


que as principais atividades são realizadas, como como também por entulhos trazidos durante as
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enchentes. Pode ser navegável de sua foz até a


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pesca, transporte, comércio, lazer e pesquisas.


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1.1.2. Clima

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cabeceira de Santo Antônio, na divisa com os es-

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tados do Amazonas e do Mato Grosso. O principal
braço do Madeira deságua no Amazonas, com

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cerca de 50 km a montante da cidade de Itacoa-

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tiara. Em suas águas barrentas, carrega restos de

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árvores, terras caídas, balsedos (ilhotas flutuantes
formadas por emaranhado de plantas) e matupás

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(capim aquático), principalmente na enchente, o

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que inspira muito cuidado, pois por ele trafegam

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centenas de embarcações. Durante as estiagens,
emergem bancos de areia, que mudam de direção

58
nas cheias, e baixios, que obrigam os navegantes

72
a reduzir a velocidade das embarcações. Nesse rio,

85
próximo à cidade de Porto Velho, ficam as usinas

NY
hidrelétricas de Santo Antônio e de Jiral.

TO
ƒ Rio Purus: com águas barrentas iguais a do So-

AN
limões e variando de cor conforme a época da
enchente ou vazante, esse rio nasce com o nome CLIMOGRAMA DA REGIÃO NORTE, MUNICÍPIO DE UAUPÉS, AM

N
de Pucani a uma altitude de 500 m, na serra de CLIMA EQUATORIAL (2.892 MM)

MY
Contamana, que o separa da bacia do rio Ucayalli. O clima da região amazônica é equatorial úmido, carac-

0A
Seus principais formadores são os riachos Curiuja
e Cujar. É um rio bem extenso, considerando que
teriza-se por elevadas médias de temperatura e de preci-

20
possui cerca de 3.325 km de extensão. pitação durante todo o ano, e a sua amplitude térmica é
70
bastante estável.
ƒ Rio Içá ou Putumayo: afluente do Amazonas,
58

com a maior parte de seu percurso no estado


72

brasileiro do Amazonas, é paralelo ao rio Japurá. 1.1.3. Vegetação


85

O Içá possui 1.645 km de extensão, nasce nos Apesar de a região amazônica abrigar manchas de ve-
NY

contrafortes andinos do Equador com o nome de


Putumayo, corre em direção sudeste, faz a divisa
getação de cerrado e de campos em Roraima, Rondônia
TO

entre a Colômbia e o Peru, percorre terras colom- e no Amapá, além de vegetação litorânea no Pará e no
AN

bianas e, com 310 km aproximadamente, aden- Amapá, a maior parte de sua cobertura vegetal é forma-
tra o território brasileiro no estado do Amazonas, da pela Floresta Amazônica, também conhecida como
N

quando passa a chamar-se Içá. Deságua no rio


MY

floresta tropical pluvial, hileia ou floresta equatorial.


Amazonas, próximo à cidade de Santo Antônio
0A

do Içá, com uma desembocadura de 700 m de


largura aproximadamente e uma altitude, nesse
20

ponto, de 55 m. É navegável quase na totalidade.


70
58

ƒ Rio Paru: é um dos rios que banha o estado do


72

Pará. Nasce na serra de Tumucumaque, na fron-


teira com o Suriname, cruzando em toda a sua ex-
85

tensão o município de Almeirim, no Pará, até de-


Y

saguar na margem esquerda do rio Amazonas. Em multimídia: música


N
TO

seu curso superior e médio, cruza as nações dos


povos apalaí e wayana. Possui ainda em seu curso FONTE: YOUTUBE
AN

a cachoeira Acutumã. Não se deve confundir esse - Saga da Amazônia – Geraldo Azevedo
rio com o rio Paru do Oeste, que nasce próximo
N
MY

ao Pará, mas deságua no rio Trombetas, afluente


do Amazonas, e que serve de divisa entre os mu- Floresta Amazônica
A

nicípios de Óbidos e Oriximiná, também no Pará.


00

Este último, em seu curso, atravessa as nações dos


2

tiriós e dos zoé.


70
58

ƒ Rio Uatumã: é um curso de água, afluente da


72

margem esquerda do rio Amazonas. Tem instala-


85

do em seu leito a usina hidrelétrica de Balbina. A


sua nascente se localiza na divisa dos estados do
YN

Amazonas e de Roraima, no maciço das Guianas.


TO
AN
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10
AM
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85
O fato de possuir terras nos dois lados da linha do equa- Como as demais formações vegetais do Brasil, a Floresta

NY
dor reflete diretamente na marcha dos períodos de maior Amazônica vem sofrendo significativas intervenções huma-

TO
precipitação no espaço total da região amazônica, pois, en- nas predatórias, como as queimadas e os desmatamentos
decorrentes da ação de madeireiros, da implantação de fa-

AN
quanto a porção sul é dominada por chuvas de verão austral
(de janeiro a março), a porção norte recebe chuvas mais in- zendas de gado e de agricultura e de empresas de mineração.

N
MY
tensas durante o verão boreal (de maio a julho). Entre esses De modo geral, são encontrados na Floresta Amazônica
dois períodos extremos, existem transações progressivas, dois ecossistemas principais: as matas de terra firme e as

0A
sendo que, na maior parte da calha central, chove também matas de inundação, como vimos anteriormente nas aulas

20
nos meses de março a maio. de domínios morfoclimáticos.

70
58
Perfil do rio Amazonas, com suas respectivas vegetações

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1.2. Processo de ocupação e o que viabilizou a redução de florestas, o desaparecimento


N
MY

de nascentes e favoreceu a redução de algumas espécies


políticas públicas na Amazônia de plantas e animais, comprometendo a flora e a fauna
0A

No governo militar, a Amazônia foi marcada por uma série presentes na região. Essas medidas ratificaram a idealiza-
20

de políticas voltadas para promover a ocupação e o desen- ção de que a Amazônia necessitava, a qualquer custo, ser
70

volvimento da Região Norte, considerada, até então, um desbravada, povoada e protegida de possíveis interesses
58

grandioso vazio demográfico. Esse vasto “espaço vazio” estrangeiros voltados à internacionalização da região e,
72

existente na Amazônia e seus recursos naturais surgiam ao mesmo tempo, visava a inserir na região a lógica de
85

para os representantes militares como forma de soluciona- livre-mercado, à medida que se financiavam os projetos
Y

rem os problemas de ordens econômica, social e geopolí- infraestruturais básicos necessários para ocupação e con-
N
TO

tica. A Amazônia se tornava envolvida pelo projeto militar sequente expansão da fronteira agrícola, facilitando, ao
de desenvolvimento e ocupação.
AN

mesmo tempo, o deslocamento da fronteira econômica dos


No entanto, todo processo de ocupação vivenciado no grandes centros, à medida que se tornavam viáveis as ins-
N
MY

território amazônico é considerado, por muitos pesqui- talações das primeiras indústrias privadas, resultantes dos
projetos de integração e fomentadas por meio da liberação
A

sadores e estudiosos, como um processo que ocorreu de


de recursos governamentais em prol da região.
00

forma desordenada e predatória, em que as palavras de


2

ordem eram “integrar para não entregar” e “homens sem As políticas de ocupação implantadas, em geral, tinham
70

terra para terra sem homens”, definidas como estratégias como objetivo atrair colonos para a região amazônica, visan-
58

militares que aliaram a ideia de desenvolver e ocupar a do a fortalecer um ciclo de povoamento regional por meio de
72

região a uma estratégia de segurança nacional. A definição estímulo à migração de pequenos produtores e agricultores
85

de “desordenada” surgiu à medida que houve ausência de oriundos do sul e sudeste do país. Essas políticas assegu-
NY

planejamento adequado para o processo, e a de “predató- raram o povoamento da região, como forma de resguardar
TO

ria” se entende pela falta de gerência do Estado brasileiro, a soberania nacional, assim como do território amazônico.
AN
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11
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72
85
Assim, foi possível utilizar a região para manobras políticas A partir de 1970, devido a facilidades de locomoção e dis-

NY
– em um contexto que favorecia a política agrária brasileira ponibilidade de terras e de financiamentos advindos do

TO
–, pois surgia como válvula de escape para as pressões ocor- governo federal, começam a ser observados crescentes

AN
ridas nas regiões Nordeste e Sul, influenciadas, principalmen- fluxos migratórios e de colonização das margens dessas
te, pelos constantes e intensificados conflitos agrários. grandes rodovias. A partir de então se observa uma nova

N
estruturação no modo de ocupação da região, em que

MY
O desenvolvimento da Amazônia brasileira envolve dois pe-
as cidades começam a surgir de frente para as estradas

0A
ríodos: o primeiro corresponde ao regime militar, quando
e as rodovias, apresentando extraordinário crescimento,
foram implantadas várias estratégias de desenvolvimento

20
impulsionado pelos surtos de desenvolvimento advindos
com objetivo de se obterem vantagens econômicas e ganhos

70
da exploração dos recursos naturais , facilidade de acesso
imediatos, o que resultou em consideráveis impactos socio-

58
e disponibilidade de terras.
ambientais nas áreas rurais e urbanas da Amazônia; já para

72
o segundo período, pós-constituinte, são observados maior

85
desempenho e responsabilidade do governo federal, com a

NY
As agrovilas
formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento

TO
O modelo dos militares para ocupação da Amazônia
sustentável da Amazônia. No primeiro período, o governo fe-
previa a construção de agrovilas, que eram núcleos

AN
deral buscou formular e introduzir um conjunto de políticas de residenciais e, ao mesmo tempo, lotes de terra para
integração da Amazônia, com base no decreto-lei nº 1.106,

N
produção. Faziam parte do plano de colonização, onde

MY
de junho de 1970, criando o Plano de Integração Nacional brasileiros de várias regiões pudessem lá se esta-
(PIN) e os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento belecer com suas famílias e, sobretudo, povoar aquele

0A
(ENIDs), justificados com caráter de urgência e pelo relevante território praticamente isolado do resto do país. Para

20
garantir razoáveis condições de vida aos novos ha-
interesse público de promover a maior integração à economia
70
bitantes, o projeto previa a construção de estrutura
nacional das regiões compreendidas nas áreas de atuação da urbana usando a madeira das árvores derrubadas nos
58

Sudam. Os programas foram estabelecidos por meio do Pro- lotes de plantação. Assim, dotaram-se as agrovilas de
72

grama Avança Brasil e favoreceram a formação de novas fren- residências, escolas, rodoviária, instalações comerci-
85

tes de expansão do povoamento rumo ao interior da região. ais, centro de lazer, posto médico, etc.
NY

A partir de então, o governo começou a viabilizar um proces-


TO

so dinâmico e estruturado para a ocupação da região. Nesse


AN

contexto, surgiram vários projetos, entre eles as construções


N

das rodovias Transamazônica (BR-230), Cuiabá-Santarém e


MY

Perimetral Norte, que visavam à política de estruturação e ex-


0A

pansão dos eixos rodoviários, os quais objetivavam viabilizar,


de forma intensa, o processo de interligação da região aos
20

demais centros econômicos do Brasil. As primeiras ocupa-


70

ções na região fizeram surgir as primeiras cidades, que, em


58

A criação de uma rede de pequenas cidades planeja-


comum, tinham a arquitetura voltada para frente dos rios, das ao longo da Transamazônica vislumbrou não só a
72

fato justificado devido aos principais meios de locomoção ocupação pioneira de uma vasta área de floresta a ser
85

disponíveis na região dependerem dos rios e igarapés, seja colonizada, mas também e principalmente a possibi-
Y

lidade de construção de um ambiente urbano novo,


N

para transporte humano ou para escoamento da produção e


sem contingências.
TO

exportação da borracha produzida.


Pois ali, segundo seus idealizadores, as desigualdades
AN

seriam eliminadas com a reforma agrária, garantin-


N

do uma distribuição de renda mais igualitária. Ali,


MY

“homens selecionados” seriam capazes de utilizar


A

as modernas técnicas da agropecuária e incrementar


00

a produção agrícola. A nova comunidade planejada,


“coesa, feliz e progressista”, receberia orientação so-
2
70

bre conduta do grupo, moral, espírito comunitário e


58

religioso. O traçado racionalista dos núcleos urbanos


72

aproximaria os moradores e a seleção criteriosa dos


colonos impediria a segregação por religião, costumes,
85

vínculos pregressos ou procedência. Essa estrutura ur-


Y

bano-rural seria a base para “uma nova civilização“.


N
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ABERTURA DA TRANSAMAZÔNICA
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mas também para a metalurgia, agricultura, reflorestamen-

NY
Para atrair colonos para a Amazônia, uma grande to e pecuária, que foi considerado por muitos como um dos

TO
campanha publicitária foi lançada em rádio, televisão pilares do programa de desenvolvimento e integração da
e jornal. A notícia do assentamento de colonos na região. Na visão do governo federal, devido a sua magni-

AN
Transamazônica circulou entre os sem-terra através da tude, com o projeto ressurgiu o potencial econômico e um

N
mídia e do contato pessoal. Candidatos viajaram até novo ciclo de povoamento da região.

MY
as cidades onde a seleção estava acontecendo, e líde-
Pensar em políticas públicas para a região amazônica requer

0A
res de Igrejas protestantes usaram seus púlpitos para
dar conhecimento aos membros da sua congregação uma análise contextual em termos da dinâmica territorial e

20
das oportunidades de se “buscar a terra prometida”; sociopolítica envolvida no processo de desenvolvimento da

70
cartas dos pioneiros encorajaram seus familiares a se região. Nesse sentido, é importante enfatizar que, apesar de

58
inscreverem no processo seletivo de colonos.
seu registro verde no imaginário global, a região amazôni-

72
Órgãos do governo, entre eles o Incra e o Banco do ca vem se tornando progressivamente, nas últimas décadas,

85
Brasil, se encarregavam da administração e do finan- palco de inúmeros conflitos envolvendo uma gama bastante

NY
ciamento de plantações, mas o plano não colheu os diferenciada de atores, tais como instituições governamen-
resultados esperados. Alguns colonos ficaram por

TO
tais, ONGs, populações indígenas, pequenos agricultores,
lá; a maioria, porém, não se adaptou às condições
pescadores artesanais, quilombolas, grupos extrativistas,

AN
de vida na selva e deixou a região. Em contraste
com a bem-sucedida colonização privada do norte grandes latifundiários, madeireiros, garimpeiros, entre outros.

N
do Paraná, o empreendimento estatal no território Tais conflitos expressam não apenas uma luta material pelo

MY
amazônico apresentou problemas de concepção, uso dos recursos naturais da região, mas também disputas

0A
de implantação e de gerenciamento. Mais que isso, simbólicas em torno da significação desses recursos e de
aproximou-se de um modelo utópico, idealizando não
20
diversos elementos da natureza para cada um dos grupos
apenas o ambiente físico, mas também o homem vin-
70
envolvidos. O processo de integração regional, promovido a
culado a ele.
58

partir da segunda metade do século XX, teve forte influência


72

sobre os conflitos na região. Paralelamente aos programas


85

de integração regional, a política ambiental brasileira tam-


Ao longo do período entre 1977 e 1987, intensificou-se bém contribuiu fortemente para a configuração atual desse
NY

a pressão da população sobre a floresta, principalmente espaço tanto no plano concreto como no plano simbólico,
TO

nas regiões de Rondônia e de Mato Grosso, em torno do tendo sido, em alguns casos, a origem de conflitos entre dife-
AN

eixo Cuiabá-Rio Branco e em Tocantins, Maranhão e Pará, rentes usos e interesses sobre o território.
N

localizando-se em torno de quase toda extensão da malha


MY

rodoviária Belém-Brasília.
0A

Já no período entre 1988 e 1991, houve uma expansão no


20

processo de ocupação em todo território, sendo observados


70

focos de populações nos estados de Roraima, Acre, Pará,


58

principalmente na cidade de Santarém e às margens da BR-


72

364. O fato que chama a atenção nesse período está na ele-


85

vação dos níveis de ocupação das terras no estado do Mato multimídia: livro
Y

Grosso, influenciada diretamente pela expansão da pecuária


N
TO

e introdução da monocultura da soja na Amazônia.


As Amazônias - Bertha K. Becker
AN

Nesse sentido, as políticas públicas para a Amazônia ex-


As Amazônias de Bertha K. Becker (em três volumes) reúne
pressaram interesses divergentes e conflituosos – umas
N

as pesquisas de mais de 40 anos da geógrafa sobre a re-


MY

baseadas no favorecimento de novas infraestruturas para gião. Bertha Becker é uma referência internacional em Ge-
o desenvolvimento econômico, principalmente do agrone-
A

ografia Política, principalmente em estudos sobre a Ama-


00

gócio em grande escala, e outras focadas nos interesses zônia, que considerava estratégica para o país. Sua obra
2

das populações locais e na sustentabilidade socioambien- propõe um novo modelo de desenvolvimento sustentável
70

tal. Além dessa influência gerada por parte dos projetos para a região: “Produzir para preservar.” Assim, chama a
58

rodoviários de ligação da região às demais regiões do País, atenção para a necessidade do desenvolvimento social,
72

outros projetos impulsionaram o fluxo migratório para a


85

econômico e tecnológico integrado, protegendo a nature-


Amazônia, entre eles o projeto Grande Carajás, fazendo za, a qualidade de vida da população local e a autonomia
NY

parte da terceira fase do projeto de desenvolvimento da do Brasil no mundo global.


TO

Região Norte e voltado não só para o ramo da mineração,


AN
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85
e os núcleos urbanos, com forte pressão sobre o meio

NY
ambiente. Tal macrozoneamento também conforma

TO
grandes espaços entre os eixos, domínio de terras indí-

AN
genas, unidades de conservação e populações extrati-
vistas e ribeirinhas isoladas.

N
MY
multimídia: site

0A
20
70
www.mma.gov.br

58
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85
1.3. Aspectos populacionais

NY
A Amazônia legal possui uma extensão de 5,2 milhões

TO
de km2, correspondente a cerca de 61% do território na-

AN
cional, e abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas,
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte

N
CASAS AO LONGO DO RIO JUTAÍ, AFLUENTE DO RIO AMAZONAS

MY
do Maranhão, a oeste do meridiano 44º. Em que pese POPULAÇÃO RIBEIRINHA (2013)
sua grande extensão territorial, o efetivo demográfico da

0A
região é de 21 milhões de habitantes, ou seja, 12,4% da ƒ Grande arco de povoamento: o adensamento de
população nacional, o que lhe confere a menor densida- 20
estradas no leste do Pará, Maranhão, Tocantins, Mato
70
de demográfica do Brasil (4,14 hab/km2). Grosso e Rondônia, compõe um grande arco de po-
58

voamento. Essa faixa acompanha a borda da floresta,


72

Historicamente, a dinâmica demográfica da Amazônia es-


justamente onde se implantaram as estradas, e se situa
85

teve sempre condicionada aos períodos de prosperidade


e decadência por ela experimentados, que eram acompa- como cerne da economia regional, à exceção da Zona
NY

nhados de fluxos e refluxos de população, resultado de sua Franca de Manaus e de alguns projetos de mineração.
TO

frágil base econômica de natureza extrativista. A partir de A ocupação da região amazônica se fez em surtos de-
AN

1970, contudo, com a implementação na Amazônia de vassadores ligados à valorização momentânea de pro-
um conjunto de políticas de desenvolvimento, imprimiu-se
N

dutos no mercado internacional, seguidos de longos


MY

uma nova configuração ao seu processo de ocupação eco- períodos de estagnação. A esse padrão associam-se
0A

nômica e demográfica. duas características básicas da ocupação regional: a


ocupação se fez invariavelmente e ainda hoje se faz a
20

O padrão de povoamento regional, tradicionalmente


partir de iniciativas externas; e a importância da Geo-
70

fundamentado na circulação fluvial, sofreu alterações


política, que explica o controle de tão extenso território
58

estruturais significativas nas quatro últimas décadas, em


com tão poucos recursos. A Geopolítica esteve sempre
72

decorrência do processo de ocupação econômica verifica-


associada a interesses econômicos, mas estes foram
85

do. As rodovias atraíram o povoamento para terra firme


e para novas áreas, abrindo grandes clareiras na floresta via de regra malsucedidos na sua implementação,
N Y

e, sob o influxo da nova circulação, a Amazônia urbani- não conseguindo estabelecer uma base econômica e
TO

zou-se e industrializou-se, embora com sérios problemas populacional estável, capaz de assegurar a soberania
AN

sociais e ambientais. A várzea e a terra firme, elementos sobre a área. O controle do território foi mantido por
estratégias de intervenção em locais estratégicos, de
N

históricos de organização da vida regional, embora esma-


MY

ecidos, permanecem como pano de fundo. posse gradativa da terra (uti possidetis) e da criação
de unidades administrativas diretamente vinculadas
A

Duas características marcantes devem ser ressaltadas em ao governo central.


00

relação à ocupação do espaço regional:


2

No período entre 1970 e 2010, a população amazônica qua-


70

ƒ Padrão linear: na Amazônia, a integração terrestre e se triplicou, evoluindo de aproximadamente 7,3 milhões para
58

fluvial do território tendeu a formar eixos de transpor- 21 milhões de habitantes, em decorrência das elevadas taxas
72

te e infraestrutura ao longo e em torno dos quais se anuais de crescimento experimentadas, sempre superior à
85

concentram investimentos públicos e privados. Esses média brasileira, que se mostra declinante ao longo das três
YN

eixos acabam definindo um macrozoneamento da re- últimas décadas – 4,38% a.a. (1970-1980), 3,30% (1980-
TO

gião e neles concentram-se a população, os migrantes 1991) e 2,26% (1991-2000). Essa tendência manifesta-se
AN
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em quase todas as unidades federadas, à exceção do Amapá, que registrou taxas crescentes e elevadas de incremento populacio-

NY
nal, atingindo 5,71% a.a. (1991-2000), como resultado de fluxos migratórios em direção ao estado.

TO
A distribuição da população entre os estados mantém o seu perfil concentrador, embora mais atenuado. Cerca de 70% do

AN
total de habitantes estão em apenas três estados: Pará (29,41%), Maranhão (26,84%) e Amazonas (13,36%). Ressalte-se,

N
todavia, que o Maranhão vem declinando sua participação relativa, uma vez que passou de 41,60 (1970) para 26,84%

MY
(2001), que mostra sua característica de estado de saída de migrantes. Em oposição, Rondônia, Mato Grosso e Amapá,

0A
embora ainda detenham reduzida participação no contingente populacional total, ampliaram-na de forma significativa,
despontando, dessa forma, como novas áreas de atração populacional.

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1970 1980

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Legenda

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1.500.000
1991 2000
20 750.000
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150.000
Princ. Rodovias
58

Princ. Rios
Delimitação das
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Ufs.
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0 150 700 km
NY

Escala Gráfica
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* POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS COM MAIS DE 20 MIL HABITANTES. OS DEMAIS MUNICÍPIOS NÃO ESTÃO REPRESENTADOS.
0A

ELABORAÇÃO: DOUGLAS SATHLER. PROJEÇÃO: LAT × Long. SAD69.


FONTE: CENSOS DEMOGRÁFICOS (1970-2000).
20
70

A composição da população por sexo mantém certo equilíbrio entre o número de homens e mulheres, já que eles represen-
58

tam 50,4% do total populacional e elas, 49,5%.


72

A faixa etária da população amazônica é essencialmente caracterizada pelos jovens. O contingente dos menores de 20 anos
85

de idade representa 51% do efetivo total, o que suscita a necessidade de fortalecimento de políticas públicas sociais dire-
Y

cionadas para esse segmento populacional, principalmente na área educacional e de formação profissional. Outro aspecto a
N
TO

destacar do crescimento demográfico refere-se ao componente migração, cujo papel foi relevante na conformação do atual
perfil demográfico da região, sobretudo nos anos 1970. Apesar da indisponibilidade de dados mais recentes que permitam
AN

uma avaliação mais precisa do movimento migratório para a Amazônia, é opinião majoritária que a migração inter-regional
N

reduziu-se em relação às décadas anteriores e, hoje, é dominantemente de natureza intrarregional.


AMY

Existem diferenças na história e nas formas de ocupação das distintas porções da Amazônia Legal. Parte dos movimentos no
00

século XX envolvendo o Mato Grosso, Maranhão e Tocantins é mais antiga que a ocupação dos demais estados. Há também
2

diferenças significativas entre os estados do Norte. Antes da década de 1970, já havia um pequeno fluxo migratório para
70

o sul do Pará, norte de Goiás (atual Tocantins), Rondônia e Acre, num processo de “colonização espontânea” que buscava
58

“terras virgens”, na verdade já ocupadas por indígenas e posseiros. Na década de 1970, a colonização intensiva ocorreu
72

inicialmente em áreas cortadas pela rodovia Transamazônica, no Pará. Diante dos problemas ali enfrentados, o governo
85

passou a conceder incentivos para a incorporação de terras por grandes empreendimentos agropecuários (ocupação em
NY

larga escala). De modo geral, sob o regime militar, novos fluxos migratórios se dirigiram para as margens dos novos eixos
TO

rodoviários, atraídos pelos projetos de colonização e de desenvolvimento.


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Pirâmide etária do Brasil por estados (2010)

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ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR. RIO DE JANEIRO: IBGE (2010).


20

É importante sublinhar as direções dos fluxos migratórios que balizam o povoamento atual e indicam a direção futura. O
70

Mato Grosso e o Pará foram os estados que mais atraíram migrantes entre 1991 e 1996. Contudo, esse padrão tradicional
58

foi rompido em três pontos:


72
85

ƒ A emergência de novas áreas de atração no extremo norte, isto é, no Amapá, na porção que faz fronteira com o Pará e a
Guiana, e em Roraima, na fronteira com a Venezuela e no eixo da BR-174.
N Y
TO

ƒ O delineamento de novos corredores de povoamento. A partir de Mato Grosso, um segue a estrada Cuiabá-Santarém
AN

(BR-153) e outro penetra pelo estado do Amazonas, em direção a Manaus e à BR-174. No Pará, a migração para a calha
do Amazonas tende a se ligar ao norte, com forte migração para o Amapá.
N
MY

ƒ A grande redução da migração para Rondônia que, revertendo sua condição de receptor, hoje pode ser considerado um
A

estado de saída de migrantes, principalmente em favor de Roraima.


00
2

Embora com ritmo reduzido e de caráter sobretudo intrarregional, a migração continua a ser fator espontâneo e induzido de ocu-
70

pação pioneira do território e de abertura de matas, delineando novos corredores de povoamento que unem o sul da Amazônia a
58

Roraima e Amapá, onde se reproduz o ciclo do uso da terra, característico da região nas últimas décadas.
72

O binômio mobilidade/urbanização da população é um dos mais dolorosos aspectos do processo de ocupação regional, uma
85

vez que as cidades não tiveram condições de recursos e de tempo para absorver os migrantes. Como resultado, a Amazônia
YN

é uma floresta urbanizada, em que seu processo de formação de núcleos urbanos representa um dos maiores problemas
TO

ambientais nessa região.


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de então, esse padrão foi rompido, com a exceção dos

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estados do Amazonas, Roraima e Amapá.

TO
A Amazônia é, assim, a única região do País onde cresce

AN
a população que vive em cidades com menos de 100 mil

N
habitantes, sendo expressivo o crescimento de cidades pe-

MY
quenas entre 20 e 50 mil habitantes.

0A
multimídia: livro

20
Quanto às cidades, tiveram um papel logístico

70
essencial no processo de ocupação. A Amazônia
Amazonia - Geopolítica na Virada do

58
tornou-se uma floresta urbanizada, com 61% da
III Milenio - Bertha K. Becker

72
população, em 1996, vivendo em núcleos urbanos,

85
Esse livro oferece a estudantes, professores, pesquisa- apresentando ritmo de crescimento superior ao
dores, especialistas em gestão e políticas públicas – e

NY
das demais regiões do País, a partir de 1970, e
a todos os interessados no tema – uma compreensão uma desconcentração urbana, à medida que

TO
da dinâmica regional amazônica a partir da análise das cresceu a população não mais apenas nas capi-

AN
formas conflituosas de sua apropriação por diferentes tais estaduais, mas nas cidades de menos de 100

N
autores. Essa compreensão é pontuada pelo conceito mil habitantes. É verdade que as cidades se tor-

MY
de fronteira, desenvolvido pela autora em obras ante- naram um dos maiores problemas ambientais da

0A
riores, enquanto espaço não plenamente estruturado e, Amazônia, dadas a velocidade da imigração e a
por isso mesmo, potencialmente gerador de realidades
20
carência de serviços, mas são também importante
novas; um espaço cuja especificidade é a sua virtuali-
70
mercado regional.
dade histórica. A esse conceito somam-se perspectivas (BERTHA BECKER, 1997)
58

derivadas da observação aguda das complexidades do


72

contexto contemporâneo, que contribuem para redefinir


85

a dinâmica da região. Esse processo é decorrente, sobretudo, da criação de muni-


NY

cípios após a Constituição de 1988, processo esse que in-


TO

cidiu de forma intensa e generalizada em todos os estados


AN

1.3.1. Urbanização da região. Fator importante a registrar é que as capitais,


N

Uma das características mais marcantes do recente apesar de continuarem crescendo em termos absolutos,
MY

processo de ocupação demográfica do espaço regio- não são mais as principais concentradoras da população
0A

nal amazônico diz respeito à urbanização, que vem se urbana, que hoje passa a viver, crescentemente, em cidades
fazendo em ritmo intenso e acelerado, introduzindo médias e pequenas fora das grandes aglomerações.
20
70

profundas mudanças na estrutura do povoamento re-


O ritmo de urbanização, embora acelerado até agora,
58

gional. Entre 1970 e 2000, a população urbana cresceu


tende a se reduzir por dois motivos: primeiro porque a
72

mais que a população total, com taxas correspondentes


multiplicação de núcleos, ocorrida na década de 1990,
85

ao dobro da média do País, passando de 35,7% para


deveu-se, em grande parte, ao intenso processo de for-
68,2%, embora a taxa de crescimento anual da popu-
Y

mação de novos municípios e não dá sinais de continui-


N

lação urbana apresente tendência declinante ao longo


TO

dade; e, segundo, devido ao arrefecimento da migração.


do período.
AN

Em contraposição, a população rural vem apresentando ta-


N

xas de crescimento decrescentes e negativas. Registrou, no


MY

período 1991-2000, a taxa de –1,72%, fato verificado em


A

cinco dos nove estados, denotando um contínuo e progres-


00

sivo processo de esvaziamento da zona rural.


2
70

Associada ao crescimento da população urbana, verifica-


58

-se a formação de novos núcleos. Contudo, o traço mais


72

importante da urbanização é a alteração no tamanho das


85

cidades. Até 1970, elas mantinham um padrão estável


NY

de forte primazia urbana, pois o crescimento contínuo


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sempre foi concentrado nas capitais estaduais. A partir VISTA AÉREA DO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO, CAPITAL DO ACRE (2014)
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População da Amazônia Legal (2007)*

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Prínc. Rodovías

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Prínc. Rios
Delimitação das

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Ufs.

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* POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS COM MAIS DE 20 MIL HABITANTES. OS DEMAIS MUNICÍPIOS NÃO ESTÃO REPRESENTADOS.
ESTIMATIVAS: IBGE (2007). ELABORAÇÃO: DOUGLAS SATHLER. PROJEÇÃO: LAT. × Long. SAD69.

N
FONTE: CONTAGEM (2007).

MY
O acelerado e descentralizado processo de urbanização Rondônia e Mato Grosso, é significativa a agropecuária,

0A
regional não é sinônimo de uma urbanização autônoma, com enormes fazendas de criação de gado de corte e plan-
revelando muito mais uma “emancipação dependente”. 20
tação de soja. Em Rondônia, nos últimos anos, também
70
Com efeito, as cidades e municípios dependem da trans- vem ganhando destaque a plantação de café.
58

A região também é rica em minérios – no Pará, está a serra


72

ferência de recursos financeiros, sobretudo da União, e da


dos Carajás, a mais importante área de mineração do País,
85

arrecadação do ICMS (imposto sobre operações relativas à


circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços produtora de grande parte do minério de ferro exportado,
NY

de transporte interestadual, intermunicipal e de comuni- e a serra do Navio, no Amapá, rica em manganês. A extra-
TO

ção mineral, porém, praticada sem os cuidados adequados,


cação), incrivelmente concentrados nos municípios das
AN

contribui para a destruição ambiental. No Amazonas, na


capitais estaduais. Desse modo, os municípios não corres-
região de Coari, está o maior polo de extração de petróleo
N

pondem a uma força econômico-financeira motriz, mas


MY

em terra firme do Brasil, onde há também produção de gás


certamente constituem uma força política, na medida em natural. No Amazonas, o gasoduto Coari-Manaus, em fase
0A

que expressam o pacto entre o poder local e as instâncias de conclusão, busca atender a carência de energia do Ama-
20

superiores da ordem federativa. zonas, especialmente da capital, onde está o maior polo
70

eletroeletrônico da América Latina.


58

O governo federal oferece incentivos fiscais para a ins-


72

talação de indústrias no Amazonas, especialmente para


85

montadoras de eletrodomésticos. Sua administração cabe


Y

à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa),


N
TO

e os incentivos deverão permanecer em vigor, já que o Polo


AN

Industrial de Manaus (PIM), além de ser a base da econo-


multimídia: música mia do Amazonas, também contribui para diminuir o des-
N

FONTE: YOUTUBE matamento no estado, segundo estudos da Universidade


MY

- Amazônia – Roberto Carlos Federal do Amazonas (Ufam).


A
00

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de


2

Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), a região ocupa


70

1.4. Desenvolvimento econômico, o segundo lugar – atrás do Sudeste – nos investimentos


58

públicos e privados.
72

impactos ambientais e
85

A região amazônica tem priorizado a oferta e a redistri-


propostas de solução buição de energia para seus estados. O Pará, por exemplo,
YN

A economia na Amazônia baseou-se no extrativismo de concluiu em 1999 a linha Tramoeste, que leva a energia de
TO

produtos como látex, açaí, madeira e castanha. No Pará, Tucuruí, no rio Tocantins, ao oeste paraense. No Amazonas,
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como a planície da bacia Amazônica inviabiliza a construção Em 1910, metade da borracha consumida no mundo saía

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de hidrelétricas, o estado investe no gás natural. da Amazônia. A procura por seringueiras nativas levou

TO
muitas pessoas, desde o final do século XIX, a se embre-
Um exemplo disso é a instalação do gasoduto Urucu-Co-
nharem na mata e atingirem a região que é hoje o estado

AN
ari-Manaus, construído pela Petrobras, que liga o Polo
do Acre – na época, o território pertencia à Bolívia.
Arara, localizado na região petrolífera de Urucu (município

N
MY
de Coari, Amazonas) à refinaria Isaac Sabbá, em Manaus,

0A
num trajeto de 663,2 km, que abastece sete municípios.
Sua construção foi parte do Programa de Aceleração do

20
Crescimento (PAC) e recebeu R$ 2,49 bilhões de financia-

70
mento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

58
e Social (BNDES). Sua vazão é de 4,1 milhões de m3 diários

72
e está em operações desde 2009.

85
NY
O programa federal de eletrificação rural – Luz no Campo
– atende os estados de Rondônia, Acre, Roraima, Pará e

TO
Tocantins. A chegada da energia elétrica permitiu a me-

AN
canização da agricultura. No rio Madeira, em Rondônia,
MIGRANTES NORDESTINOS NO FINAL DO SÉCULO XIX

N
estão sendo construídas duas grandes usinas hidrelétri-

MY
cas que, além de atender a região, levará energia para o O extrativismo do látex e da castanha-do-pará (fim do sé-

0A
Sudeste do País. culo XIX e início do século XX) foi o motor do processo de

20
produção e organização do espaço regional, estimulando:
1.4.1. Redes de informação e tecnologia
70
ƒ a atração de migrantes brasileiros de outras regiões e de imi-
58

O Sipam/Sivam – Proteção e Vigilância da Amazônia – é grantes estrangeiros (espanhóis, portugueses, franceses, etc.);
72

um gigantesco projeto do governo brasileiro para o con-


85

trole da Amazônia, baseado em tecnologia moderna, sob ƒ a construção dos portos de Belém e de Manaus;
NY

o qual jaz uma estratégia contra a intervenção territorial ƒ a incorporação do Acre ao território brasileiro e a funda-
TO

externa, com relação ao tráfico de drogas e ao meio am- ção das cidades de Xapuri e Brasileia pelos seringueiros;
biente. Iniciativa nacional, com um custo total de US$ 1,4
AN

bilhão e necessitando de tecnologia avançada, o projeto ƒ a expansão da rede urbana e a modernização dos es-
N

se fez graças às facilidades de financiamento externos, paços urbanos, principalmente de Manaus e de Belém;
MY

com o banco estadunidense Eximbank voltando a fazer


ƒ a instalação de pequenas indústrias de bens de consu-
0A

um empréstimo ao Brasil, e com grandes facilidades, res-


mo, sobretudo em Belém e Manaus; e
20

pondendo por 85% do financiamento. Foi através do fi-


70

nanciamento do projeto Sivam que os EUA conseguiram ƒ a atração de capitais estrangeiros por meio da instala-
58

participar, de alguma forma, da War on Drugs (guerra às ção de bancos, empresas de comércio e companhias de
72

drogas) no Brasil. E a Amazônia entra, no século XXI, sob o navegação inglesas, francesas e estadunidenses.
85

comando de um sofisticado sistema de informação. Alguns Além desses impulsos à produção de espaços geográfi-
Y

núcleos urbanos regionais servem de apoio ao projeto.


N

cos, foram implantadas colônias agrícolas na chamada


TO

Zona Bragantina, no nordeste do Pará, ocupada por


1.4.2. Extrativismo do látex
AN

migrantes nordestinos e estrangeiros que lá desenvol-


Por volta de 1870, a região amazônica passou a receber veram a agricultura. Essas colônias foram criadas por
N
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grande número de migrantes – principalmente da região iniciativas públicas e privadas, e os loteamentos foram
Nordeste, em razão da seca prolongada no sertão nordes- vendidos a longo prazo ou doados aos interessados em
A

se estabelecer no lugar e desenvolver atividades agrícolas


00

tino e do desenvolvimento de atividades extrativistas no


e de criação de animais.
2

norte do País, como a extração de castanha-do-pará, de


70

madeiras e do látex para a fabricação da borracha. Com a perda de mercado, a Região Norte deixou de rece-
58

ber investimentos e fluxos migratórios e de ser um espa-


72

Naquele período, a borracha já era conhecida no mercado


ço de atração populacional, desacelerando o processo de
85

mundial; no entanto, foi somente a partir de 1888, após a


invenção do pneu e da popularização do automóvel, que construção espacial, retomado apenas a partir da década
NY

a borracha transformou-se num produto de grande valor e de 1930 e, principalmente, 1960, por meio de políticas de
TO

de grande procura pelas indústrias. incentivo do governo federal.


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ARCO DO DESMATAMENTO OU FRONTEIRA AGRÍCOLA

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1.4.3. A mineração e o avanço da agropecuária: os problemas ambientais decorrentes

0A
Os projetos de mineração 20
70
58

A mineração apresentava-se como alternativa viável para o desenvolvimento da Amazônia, com destaque ao Projeto
72

Minério de Ferro Carajás, gerido pela CVRD – Companhia Vale do Rio Doce – e localizado no município de Marabá,
85

sudeste do Pará. Outro projeto de grande porte, localizado também no Pará, foi o Projeto Trombetas, que consistia
NY

na mineração e exportação de bauxita metalúrgica. Analisando-se os documentos da época, percebia-se uma grande
preocupação com o desenvolvimento, sem levar em conta os custos sociais e ambientais. Pretendia-se com os projetos
TO

em implantação transformar a região num importante exportador de produtos mínero-metalúrgicos e também de


AN

produtos agrícolas.
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A partir do Projeto Ferro Carajás (mina, ferrovia e porto), foi concebido todo um programa de aproveitamento integra-
do de recursos minerais, agrícolas e florestais. Denominado Projeto Grande Carajás, que visava dar suporte a investi-
0A

mentos do setor privado na região, tinha o objetivo de atender a projetos agrícolas e industriais que se instalassem
20

numa área de 900 mil km2, que circunda o polo minerado.


70
58

O Projeto Trombetas teve, em 1979, o início de sua operação de mineração e de exportação de bauxita metalúrgica,
72

primeira etapa na produção do alumínio primário, pela Mineração Rio do Norte (MRN), no município de Oriximiná,
85

às margens do rio Trombetas. No início da operação, a madeira não considerada de lei era utilizada na secagem
do minério. Atualmente, os resíduos da biomassa, removidos para facilitar a mineração, são aproveitados para o
NY

reflorestamento.
TO

A partir do final da década de 1950 e até a década de 1990, a serra do Navio foi a principal mina de manganês do Brasil,
AN

com uma produção acumulada de mais de 30 milhões de toneladas. Em 1968, havia a preocupação com o crescimento
N

da pauta de exportação, mas também com a ocupação do espaço. Buscava-se sair da economia baseada na indústria
MY

extrativa vegetal e em modestas atividades agropecuárias para novas formas agropastoris e a industrialização dos pro-
A

dutos naturais. A exaustão dessa mina foi compensada com a definição de novas reservas no sul do Pará, em especial a
00

jazida do Igarapé do Azul.


2
70

A casseterita é o principal mineral de minério de estanho. Foi encontrada pela primeira vez na região em 1952, no antigo
58

território de Rondônia, mas sua exploração econômica só se iniciou em 1959, através da garimpagem. Tratava-se de uma ati-
72

vidade sazonal, em que se trabalhava na estação seca nos aluviões, e, quando chovia, os garimpeiros iam para as cidades ou
85

retornavam às áreas agrícolas de origem. Na década de 1980, houve uma gradual substituição da garimpagem pela produção
YN

mecanizada, controlada por grandes grupos privados, como o Grupo Paranapanema, que implantou e opera a mina de Pitinga,
TO

maior produtora do País, no município de Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas.


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IMAGEM DE SATÉLITE DE CARAJÁS (PA), EM 2009.


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UMA ENORME CRATERA É RESULTADO DA REMOÇÃO DE MILHÕES DE TONELADAS DE MINÉRIO DE FERRO.


TAL IMPACTO OBRIGA AS EMPRESAS A CUMPRIREM UM RÍGIDO PROGRAMA
N

DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL.


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20

O garimpo de ouro na Amazônia tem sido praticado


70

de modo desordenado e itinerante. Essa prática deixa


58

grandes problemas socioeconômicos para as comuni-


72

dades locais, tendo em vista o dano ambiental causa-


85

do pelas práticas rudimentares, como a amalgamação


Y

ineficiente combinada ao lançamento de rejeitos no


N
TO

meio ambiente. No entanto, após décadas de intensa


multimídia: vídeo
AN

extração, com mais de duas mil toneladas produzidas,


a garimpagem passou por transformações à medida FONTE: YOUTUBE
N

que o ouro, facilmente aproveitável, tem se tornado


MY

Amazônia em chamas
escasso. Os principais distritos de produção do ouro
A

Baseado em fatos reais, o filme conta a vida e o assas-


na Amazônia são Roraima (zona fronteiriça com a Ve-
00

sinato do líder Chico Mendes, seringueiro que organizou


nezuela), vale do Tapajós (regiões de Itaituba e Santa-
2

os povos da floresta para lutar contra o desmatamento


70

rém), norte do Amapá (regiões de Cassiporé, Calçoene


provocado pelos fazendeiros.
58

e Vila do Lourenço) e o distrito da serra de Carajás


72

(serra Pelada).
85

A exploração mineral colaborou para o desmatamento e não considerou os impactos socioeconômicos decorrentes
NY

dessa atividade. Verificou-se o surgimento de cidades sem uma infraestrutura adequada, além da exploração de jovens
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para o trabalho semiescravo e a invasão de terras indígenas.


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O caso da Renca

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A Reserva Mineral de Cobre e seus Associados (Renca) foi criada em 1984, no fim da ditadura militar, com o objetivo
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de fazer pesquisa mineral nessa região. Tem 47 mil km2 de área, equivalente ao estado do Espírito Santo. A ideia era ex-
N

plorar o potencial dos recursos minerais da região. Apesar de estar localizada no limite dos estados do Pará e do Amapá,
MY

em plena Floresta Amazônica, não havia preocupação do governo da época em preservar a Amazônia.
A

Quando foi criada, a pesquisa mineral na Renca seria feita exclusivamente pelo Estado. Com o decreto do governo
00

de Michel Temer, as atividades de pesquisa e mineração foram abertas ao setor privado. A ideia do governo foi atrair
2
70

investimentos para a área, dinamizando a economia do País.


58

O primeiro decreto extinguindo a Renca foi publicado em 22 de agosto de 2017. Tinha apenas quatro artigos e não
72

deixava clara a extensão que a atividade mineradora do setor privado teria dentro da Renca. Porém, devido à má
85

repercussão da decisão, o governo decidiu editar novo decreto, esclarecendo como seria feita a pesquisa mineral na
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antiga Renca.
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Ambientalistas argumentam que a decisão por decreto não permitiu a discussão com a sociedade. Um projeto de lei,

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por exemplo, exige a realização de audiências públicas no Congresso para o debate. Estima-se que de 15% a 30% da

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área foram liberados ao setor privado para pesquisa mineral. O restante é ocupado por unidades de conservação – são
nove no total, sendo sete de proteção ambiental e duas terras indígenas.

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O novo decreto reforça outras normas já existentes e deixa claro que não será autorizada pesquisa mineral nem será

0A
concedida lavra ou qualquer outro tipo de direito de exploração minerária nas unidades de conservação, exceto se
previsto no plano de manejo dessas unidades. Das sete unidades de proteção ambiental que têm sobreposição com a

20
Renca, três (Estação Ecológica do Jari, Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e Reserva Biológica de Maicuru)

70
são de proteção integral, ou seja, a mineração não é permitida.

58
72
Há quatro áreas de uso sustentável, isto é, a mineração será permitida se prevista no plano de manejo. Em duas delas

85
(Reserva Extrativista do rio Cajari e Floresta Estadual do Amapá), já foi tomada a decisão de não liberar a atividade. O

NY
plano de manejo da Floresta Estadual do Paru libera a atividade mineradora em algumas de suas áreas. Já a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável do rio Irataputu não tem plano de manejo ainda. Por enquanto, a mineração é proibida

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lá, e só será autorizada se o plano de manejo assim prever futuramente.

AN
Há duas terras indígenas cortadas pela Renca: Waiãpi, no Amapá, e Rio Paru D’Este, no Pará. Segundo a Funai, a terra

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indígena Waiãpi é de uso exclusivo do povo waiãpy, com população de 874 pessoas (dados do Censo de 2010). Já a

MY
terra indígena Rio Paru D’Este é de uso exclusivo dos povos apalaí e wayana, com população de 244 pessoas (dados

0A
de 2010). A extinção da Renca não muda em nada o status dessas áreas. Há, no entanto, projeto de lei que tramita no

20
congresso para permitir a atividade mineradora em terras indígenas, dentro ou fora da Renca.
70
58

O avanço do agronegócio 1990, para cerca de 20 milhões, em 2005, porém sofreu uma
72

queda no ano seguinte (ficando por volta de 17,5 milhões) e,


85

Na Amazônia, o avanço do agronegócio é, claramente,


em 2008, voltou à faixa dos 20 milhões de toneladas.
NY

uma consequência de um contexto mundial, no qual


mercados externos pressionam e incentivam a produ-
TO

Por todos os números apresentados, fica evidente, en-


ção de determinados produtos. Nesse sentido, a ex- tão, que se trata de uma importantíssima atividade, do
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pressão “conexão hambúrguer” é bastante apropria- ponto de vista econômico, e que, por isso mesmo, des-
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da para descrever o rápido aumento das exportações perta interesse geral. Entretanto, é importante que não
MY

de carne das Américas do Sul e Central para atender se confunda questão econômica como um peso absoluto
0A

a cadeias de lanchonetes estadunidenses, levando ao em detrimento dos aspectos sociais e ambientais, pois é
desflorestamento. Na década de 1980, o Brasil expor-
20

cada vez mais difundido e aceito (o que realmente parece


tava pouca carne e tal ligação não se aplicava para o
70

inquestionável) que o mundo precisa buscar o desenvol-


País. Porém, entre 1997 e 2003, o volume de exporta-
58

vimento de maneira sustentável.


72

ção disparou e alguns fatores explicam esse aumento


O desmatamento na Amazônia apresentou acentuado
85

tão significativo:
crescimento a partir do início da década de 1990, com
Y

ƒ a desvalorização da moeda nacional, fazendo com que


N

a principal mudança do uso do solo se dando em razão


TO

o preço da carne (em reais) dobrasse, incentivando a


da enorme expansão da área ocupada por pastagens,
expansão de áreas de pastagem;
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as quais correspondiam a cerca de 70% das áreas des-


ƒ a melhora na situação da febre aftosa no País, permitin- matadas em 1995 – a avassaladora maioria das áreas
N
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do o acesso da carne brasileira a diversos mercados; e desmatadas acaba convertida para pastagens. Diversos
A

autores consideram que o “arco do desmatamento”


ƒ melhoras infraestruturais e tecnológicas na região
00

Amazônica. (faixa do território aproximadamente paralela ao limi-


2

te entre as macrorregiões Norte e Centro-Oeste, que se


70

Associado a esses aspectos, pode-se incluir ainda o impul- estende do sul do Pará até o Acre, passando pelo nor-
58

so proporcionado pela Lei Kandir, ao isentar da tributação te dos estados do Tocantins, Mato Grosso e Rondônia
72

de ICMS os produtos primários destinados à exportação e e que se constitui na região onde a fronteira agrícola
85

a redução do IPI para máquinas agrícolas. avança em direção à Floresta Amazônica) é a mais ativa
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Quanto à produção na Amazônia Legal, a produção de soja fronteira no mundo, em termos de perda total de flores-
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passou de aproximadamente 3 milhões de toneladas, em ta e intensidade de atividade de fogo.


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arrasto”. Tal efeito consiste, basicamente, na atração

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de outras atividades/investimentos para a região, em

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virtude da infraestrutura implantada, as quais, muitas
vezes, geram impactos ambientais negativos. Dentre

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essas outras atividades, costumam estar incluídas, por

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exemplo, a pecuária e a extração madeireira, ambas

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potencialmente danosas à biodiversidade.

20
O problema dessa situação recai na falta de um me-

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canismo legal, pelo qual o governo possa estabelecer

58
compromissos irrevogáveis para que não sejam cons-

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truídos projetos específicos que sejam reconhecida-
Historicamente, o padrão dominante de conversão da flo-

85
mente danosos.
resta foi de exploração de madeira em pequena escala

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ou agricultura de subsistência, seguido pela consolidação Pode-se citar, como exemplo, o caso de Santarém,
no Pará, para o qual se destacam como infraestru-

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por pecuária extensiva ou abandono para floresta secun-
dária. Recentemente, porém, o Brasil vem se tornando tura de transporte a hidrovia Teles Pires-Tapajós, a

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um líder na produção mundial de grãos, especialmente rodovia Cuiabá-Santarém e o porto de Santarém.

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a soja. A grande questão que surge – a qual terá impor- A hidrovia Teles Pires-Tapajós destinava-se fundamen-

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tantes consequências para os serviços ecológicos e para talmente ao transporte de soja. Porém, ela foi suspensa,

0A
a dinâmica de desmatamentos futuros – é se essa expan- em 1997, em decorrência de falhas no seu estudo de

20
são de campos agricultáveis contribui diretamente para o impactos ambientais, especificamente no que concernia
70
desflorestamento ou ocorre somente pela intensificação a impactos relacionados às tribos indígenas existentes
na área. A pavimentação da rodovia Santarém-Cuiabá,
58

de uso de áreas já desmatadas.


obra incluída no programa do governo federal deno-
72

Por meio da combinação de observações de campo com minado ”Avança Brasil”, também tinha como principal
85

dados de satélite, estudos examinaram o destino dos gran- motivação o escoamento da soja. A pressão política
NY

des desflorestamentos, durante o período de 2001-2004, pela pavimentação daquela rodovia era liderada por
TO

a fim de prover evidências das contribuições relativas de Blairo Maggi, do Grupo Maggi, o qual estava financian-
agricultura e pasto para a redução de floresta no período. do a plantação de soja na região e a construção do ter-
AN

Segundo os resultados obtidos, em todos os anos a média minal portuário de Santarém. Além desse “efeito arras-
N

de áreas abertas para agricultura era mais que o dobro da to”, cerca da metade da área potencial para expansão
MY

média para pastagens. A evolução da soja apresentava, da soja no Brasil (50 milhões de hectares) é considera-
0A

ainda, relação de dependência com o preço mundial da- da vegetação secundária, que, muitas vezes, já cumpre
quele grão em cada período. Assim, as pastagens continu- de 80% a 85% do papel de uma floresta madura, ou
20

avam sendo o uso predominante de áreas desflorestadas, seja, já poderia ser considerada praticamente regenera-
70

mas os resultados indicavam uma tendência de aumento da. Dessa forma, desmatar essas áreas novamente teria
58

do desflorestamento destinado à agricultura. Para os auto- impacto similar ao desmatamento de uma vegetação
72

primária no que diz respeito ao clima, à biodiversidade,


res do estudo, esse aumento significaria, então, um novo
85

às águas e a outros aspectos ambientais.


paradigma do desflorestamento na Amazônia, definido por
NY

maiores e mais rápidas taxas de conversão da floresta.


TO

A construção de barragens
AN

Houve erros na escolha de alguns terrenos para


Efeito arrasto construir barragens hidrelétricas; além disso, os
N
MY

Os possíveis impactos da soja não se limitam àque- gastos e o tempo destinados a essas construções
não melhoraram as condições socioeconômicas
A

les diretamente relacionados às áreas convertidas


00

a tal cultura. Graças ao peso político que possui, a das populações e estimularam conflitos entre po-
2

sojicultura promove a implantação de obras de in- vos locais e trabalhadores braçais. Surgiram ques-
70

fraestrutura na região em que avança, especialmente tões relativas à apropriação de terra e impactos
58

as relacionadas a transporte, tais como rodovias, fer- na flora e na fauna amazônicas. O Movimento dos
72

rovias, portos, etc. A implantação desses projetos de Atingidos por Barragens (MAB) foi criado nesse
85

infraestrutura (especialmente de transporte) em uma contexto de resistência, assunto a ser tratado


Y

mais adiante.
N

região provoca um efeito que se denomina “efeito


TO
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e é palco de conflitos entre os que pretendem lucrar com

NY
A construção de rodovias, sem que fossem mensu- a derrubada da floresta e os que buscam um desenvolvi-

TO
rados os impactos ambientais, sejam eles naturais, mento sustentável em prol da floresta.

AN
sociais, ecológicos ou fundiários, devasta as áreas
Outro problema decorrente daquelas ações governamen-
marginais e não promove uma ocupação ordenada,
tais foi a expulsão da população pobre do campo para as

N
MY
planejada, que atenda às necessidades das popu-
cidades, em busca de melhores condições de vida. Em al-
lações residentes. Além disso, esses projetos descon-

0A
gumas cidades, esse fenômeno promoveu um acelerado e
sideraram a proteção dos mananciais, elementos cen-
desorganizado crescimento urbano. A cidade de Manaus,

20
trais na Amazônia.
por exemplo, é a capital brasileira com a maior proporção

70
de moradores em habitações precárias.

58
Uma séria questão que afeta o meio rural em toda a

72
Esses projetos foram criticados em vários fóruns mundiais e
região relaciona-se à posse da terra. Historicamente, a

85
por diversos estudiosos da Amazônia, do Brasil e de outros
questão fundiária constitui-se em tema recorrente na

NY
países. As críticas pressionaram as autoridades a promo-
região, geradora de disputas que, com frequência, resul- ver mudanças políticas relacionadas ao desenvolvimento

TO
tam em violência e assassinatos. De acordo com estudos, da Amazônia e são constantemente divulgadas nas mídias

AN
até meados da década de 1960, a quase totalidade das nacional e internacional. As pressões exercidas por am-
terras da Amazônia era constituída por terras públicas

N
bientalistas do mundo inteiro são responsáveis, hoje, por

MY
e sem titulação como propriedade privada. Essas terras transformações tanto discursivas (ideias, pensamentos, te-
eram ocupadas por pequenos posseiros, que nelas ha-

0A
orias) quanto práticas (ações governamentais).
viam constituído seu trabalho efetivo (como extrativistas
na coleta de frutos, raízes, óleos, resinas e sementes das 20
70
matas ou como pequenos agricultores). Os naturais da 2. Movimentos sociais na
58

região habitavam essas terras secularmente, sem disputa


Amazônia e desenvolvimento
72

ou conflito, assim como muitos migrantes de longa data.


85

Essa situação começou a mudar no decorrer das décadas sustentável


NY

de 1970 e 1980, quando o governo federal iniciou um


TO

Estudos realizados na Amazônia Legal mostram que as


projeto de ocupação e desenvolvimento da Amazônia. A
vastas áreas da região apresentam solos arenosos e rasos
AN

proposta governamental baseava-se em oferecer inúmeras


(devido à ação da lixiviação), impróprios, portanto, para a
vantagens fiscais a grandes empresários e grupos econô-
N

prática da agricultura. A floresta “vive por si só”. Alimenta


MY

micos nacionais e internacionais que quisessem investir


o solo com a decomposição de troncos, galhos e folhas,
novos capitais nos empreendimentos que viessem a se ins-
0A

que formam uma espessa camada de solo orgânico – o


talar na região. A partir dessa política, uma série de fatores
20

húmus. Se retirada, a vegetação de floresta teria poucas


contribuíram para gerar a disputa pela terra na região: des-
70

chances de se recompor, ainda que ficasse intocada por


de empresários que não investiram os recursos em novas
58

muitos anos, aumentando a possibilidade de desertificação


empresas na região, mas sim na compra de terras para
72

simples especulação futura, passando pelo significativo au- da região. Assim, há na Amazônia – como também em ou-
85

mento populacional ocasionado pela atração de migrantes. tras regiões e em todas as atividades humanas – a neces-
sidade de aplicação do desenvolvimento ecologicamente
Y

O legado desse período foi o surgimento de conflitos vio-


N

sustentável – como, aliás, o fazem muitas comunidades e


TO

lentos pela disputa da terra por toda a região.


empresas de exploração de recursos da floresta.
AN

Os projetos governamentais foram responsáveis por trans-


formações devastadoras na Amazônia. Cerca de 50% das É o caso do extrativismo do látex, da castanha-do-pará,
N

do jambo, do açaí, de fibras vegetais para a confecção de


MY

áreas destinadas foram devastadas para a introdução de


atividades agrícolas e pecuárias. A extração madeireira, de artefatos, de gomas para a fabricação de chicletes, etc.,
A

forma seletiva, atingiu outras áreas, além das permitidas sem causar a degradação ambiental. Atualmente, além de
00

coletados, são também cultivados o guaraná, o cupuaçu,


2

inicialmente, pois não houve uma fiscalização coordenada.


70

Além disso, esses programas estimularam conflitos entre o bacuri, a pupunha e o açaí, utilizados na indústria de
58

fazendeiros e seringueiros, latifundiários e índios, latifun- refrigerantes e alimentos ou vendidos in natura.


72

diários e posseiros, garimpeiros e índios, índios e peões da


85

agropecuária, povos da floresta e pecuaristas. 2.1. As reservas extrativistas


NY

A região amazônica é constituída atualmente por uma di- Desde os anos 1970, seringueiros e castanheiros opõem-
TO

versidade social muito mais complexa que anteriormente, -se à forma como a Amazônia vem sendo ocupada. Com o
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avanço da colonização na região, eles vêm sendo expulsos Entre esses grupos, destacam-se populações indígenas,

NY
das áreas onde praticavam o extrativismo vegetal. Em face caboclos, seringueiros, castanheiros, açaizeiros, ribeirinhos,

TO
disso, decidiram se organizar e pressionar o governo fe- pescadores, populações remanescentes de quilombos, ca-

AN
deral para a criação de reservas extrativistas. Estas devem tadeiras de coco de babaçu, pessoas atingidas por barra-
ser entendidas como unidades de conservação da natureza gens e assentadas.

N
(UC), legalmente instituídas pelo poder público para a utili-

MY
A organização social desses povos teve início no período
zação por populações extrativistas tradicionais.

0A
de abertura política ocorrida na década de 1980, após 20
Nelas, além de os recursos da floresta serem explorados de anos de ditadura. No caso da Amazônia, houve introdução

20
forma sustentável, praticam-se a agricultura de subsistên- de projetos de controle territorial baseados em um modelo

70
cia e a criação de animais de pequeno porte, assegurando de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente

58
os meios de vida das populações tradicionais. São ainda sustentável. Esses grupos expressam identidades próprias,

72
garantia de proteção contra a invasão dessas terras, con- originados em diferentes situações: problemas sociais ou

85
tra o desmatamento e a destruição de ecossistemas. Na étnicos, no caso dos índios e dos negros; relações com a

NY
criação das reservas extrativistas, destacou-se a atuação do natureza, no caso dos extrativistas; movimentos político-

TO
seringueiro e líder sindical Chico Mendes, que lutou por -sociais, no caso dos atingidos por barragens, em assenta-

AN
essa causa e foi assassinado, em 1988, pois se opunha à mentos de trabalhadores rurais, etc.
criação das reservas contrárias aos seus interesses.

N
Esses movimentos representam uma nova perspectiva para

MY
A primeira reserva extrativista foi criada pelo poder público, em as pessoas que viviam de favores das classes dominantes

0A
7 de março de 1990, após a morte de Chico Mendes. Locali- e que veem na organização social uma possibilidade de
za-se no município de Xapuri, no estado do Acre, onde vivia o superar as dificuldades e as condições estabelecidas. Nem
líder seringueiro. Posteriormente, foram criadas outras reservas 20
por isso deixaram de enfrentar diversos desafios, como a
70
extrativistas na região Norte e em diferentes regiões do Brasil. visão tradicional e conservadora das classes dominantes
58

e a própria condição de analfabetos e migrantes, razões


72

Chico Mendes (1944-1988) é reconhecido no Brasil e no


pelas quais não conseguiram constituir uma representação
85

mundo como um dos principais líderes da luta dos serin-


política formal. A eleição de representantes para assumir
NY

gueiros na Amazônia. Vivia e trabalhava nos seringais da


cargos públicos é um fato muito recente no Brasil.
região de Xapuri (AC), onde foi assassinado por fazendei-
TO

ros em 1988. Um ano antes, viajou aos Estados Unidos, Destaca-se também que esses grupos atingiram visibilida-
AN

onde, a convite de membros da ONU, discursou contra o de nacional e internacional, o que vem lhes dando força
N

desmatamento e em defesa dos direitos dos seringueiros. para continuar a luta. Têm recebido apoio pessoal e institu-
MY

Ao contrário do que se costuma difundir, a Amazônia é uma cional de diversos intelectuais e pesquisadores, que, junto a
0A

região que apresenta enorme diversidade de grupos sociais esses grupos, têm proposto o desenvolvimento sustentável
20

com culturas específicas. Em face dos problemas ocasionados da região. Na atualidade, com a internet e outros meios de
70

pelo tipo de desenvolvimento que se estabeleceu na região, comunicação, esses grupos podem fazer denúncias, mos-
58

as populações locais organizaram-se em busca de conquistas trar suas realizações e comunicar-se com o mundo sem a
72

sociais. Esses povos formam hoje grupos atuantes, que lutam intermediação da classe dominante.
85

pelas questões ambientais, culturais e socioeconômicas. Os seringueiros, por exemplo, organizaram-se e conse-
Y

guiram estabelecer, até 2009, 53 reservas extrativas (Re-


N
TO

sex), que ocupam a área de 12,3 mil hectares. As Resex


AN

constituem áreas delimitadas que pertencem ao governo


federal e podem ser usufruídas pelas famílias, organizadas
N

por entidades civis que planejam o uso sustentável delas.


MY

Elas se baseiam na concepção das reservas indígenas, es-


A

truturadas em lotes para cada família, mas não em terras


00

coletivas. Esse conceito de reserva foi criado pelos grupos


2
70

extrativistas aliados ao movimento sindical e a intelectuais


58

envolvidos com questões sociais.


72

Após a década de 1980, a população indígena brasileira


85

cresceu, especialmente em virtude da melhor organização


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social e do estabelecimento de novas políticas públicas con-


TO

CHICO MENDES (1944-1988) quistadas, como a criação de reservas indígenas. Entretanto,


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apesar da delimitação de suas terras e de algumas conquis- guerra, da escravidão, da ideologia religiosa e das doenças,

NY
tas, ainda há vários conflitos decorrentes da invasão das provocou na Amazônia uma das maiores catástrofes demo-

TO
terras indígenas, da construção de barragens e estradas, da gráficas da história da humanidade, além de um etnocídio

AN
instauração de rede de eletricidade, da exploração da madei- sem precedentes. A participação da Igreja no processo, que
ra e mineral, entre outras atividades. teve nos jesuítas sua atuação mais marcante, presa à coroa

N
MY
Os quilombolas são outro grupo de destaque na Amazô- portuguesa pelo regime do padroado e movida pela missão
de converter os índios ao cristianismo, foi incapaz de perce-

0A
nia por sua atuação na luta ambiental e pela conquista de
identidade. Nela, há cerca de 360 comunidades remanes- ber o valor das culturas e, portanto, o projeto histórico desses

20
centes de quilombolas. São áreas que tiveram diferentes povos. Mesmo assim, muitos missionários foram persegui-

70
funções ao longo da história, entre outras: efetivamente dos, presos e expulsos porque denunciaram a violência e a

58
territórios de liberdades, ou quilombos, no período escravo- injustiça praticadas contra os índios. Segundo o antropólogo

72
crata; plantations abandonadas; terras doadas a escraviza- Moreira Neto, os índios passaram de maioria para minoria na

85
dos que prestaram serviços na guerra do Paraguai. Amazônia entre 1750 e 1850.

NY
Em virtude da diversidade de grupos e da busca de sua Muitos dos povos indígenas sobreviventes, que se refu-

TO
identidade, verifica-se no chamado “vazio demográfico” giaram nas terras firmes dos altos dos rios, foram poste-

AN
da Amazônia uma realidade complexa constituída de múl- riormente alcançados pelo extrativismo da borracha, para
o qual foram trazidas levas de nordestinos que, mantidos

N
tiplos sujeitos portadores de diferentes formas de viver e de

MY
pensar o mundo. na condição de semiescravizados pelo sistema de avia-

0A
mento, viram-se obrigados a invadir territórios indígenas
Estudos recentes revelam que a Amazônia não poderá mais
pela força. Milhares de índios e nordestinos morreram
ser vista como uma região na qual se estabelecem, de “fora
20
para sustentar a opulência da elite da borracha. Os mas-
70
para dentro”, projetos desarticulados ao modo de vida da
sacres contra os povos indígenas voltariam a se repetir, já
58

população local. Isso rompe com o modelo de desenvolvi-


recentemente, a partir das décadas de 1960 e 1970, com
72

mento predominante no passado histórico dessa região.


as políticas de desenvolvimento e integração da Amazô-
85

A Amazônia indígena, com sua natureza exuberante e, ao nia, que começaram a rasgar a floresta com a abertura
NY

mesmo tempo, frágil, acolheu uma grande diversidade de de estradas como a Transamazônica, a Belém-Brasília, a
TO

povos, ao longo da história, no interior de suas matas e na Perimetral Norte e as BR-364 e BR-174. Povos como os
AN

beira dos rios. Depois da Conquista, em 1500, esses povos waimiri atroari, yanomami, arara, parakanã, cinta larga e
passaram a ser chamados, genericamente, de indígenas. nambikwara, entre muitos outros, foram duramente atin-
N
MY

A perspectiva histórica desses povos foi interrompida de for- gidos, inclusive por expedições de extermínio com partici-
pação do poder público.
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ma brusca e violenta pelo projeto colonial que, valendo-se da


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TRIBO WAIMIRI ATROARI EM TERRA INDÍGENA LOCALIZADA ENTRE O AMAZONAS E RORAIMA. FOTO: RICARDO OLIVEIRA.
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A década de 1970 marcou um novo capítulo na luta e tiveram seus espaços territoriais reduzidos a ínfimas por-

NY
resistência indígenas. Os povos indígenas, apoiados so- ções e ambientalmente degradados.

TO
bretudo pela Igreja, por meio do Conselho Indigenista

AN
Missionário (Cimi), começaram a encontrar-se e a discutir 2.2. Demarcação e garantia
seus problemas em grandes assembleias indígenas. Ocu-
das terras indígenas

N
pando espaços nos meios de comunicação, denunciaram

MY
o projeto oficial de extermínio de uma ditadura militar que As terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indíge-

0A
propunha o fim dos índios até o ano de 1998. Os povos nas foram reconhecidas pela Constituição Federal de 1988

20
indígenas conseguiram que a Constituição Federal de 1988 como sendo de posse permanente desses povos, com

70
assegurasse seus direitos históricos à terra e o reconheci- direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais nelas

58
mento de suas organizações sociais. Constituíram variadas existentes. Constitucionalmente, esse é um direito inalie-

72
formas de articulação e organização para fazer avançar nável, indisponível e imprescritível. Segundo os dados do

85
concretamente as conquistas legais. Cimi, são conhecidas 841 terras indígenas no Brasil, en-

NY
contrando-se na seguinte situação jurídica em termos de
A região amazônica concentra 59,43% dos índios
demarcação:

TO
brasileiros que vivem em terras indígenas e apenas

AN
16,09% dos indígenas que vivem nas cidades, distri-
buídos pelos estados que compõem a região, da se- Brasil Amazônia

N
o o
N. de N. de

MY
guinte forma: Situação % %
terras terras

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População Registradas 311 36,98 231 46,30

20
Unidade Nas terras Nas Homologadas 58 6,90 42 8,41
Total
Federativa indígenas cidades
70
Declaradas 41 4,88 27 5,41
58

1. Amazonas (AM) 94.608 18.783 113.391 Identificadas 36 4,28 16 3,20


72

2. Roraima (RR) 22.331 5.797 28.128 A identificar 132 15,70 100 20,04
85

3. Mato Grosso (MT) 21.848 7.348 29.196 Sem providências 229 27,23 5 1,00
4. Pará (PA) 25.962 11.718 37.681
NY

Reservadas /
34 4,04 78 15,64
5. Maranhão (MA) 19.535 8.036 27.571 dominiadas
TO

6. Acre (AC) 6.911 1.098 8.009 Total 841 100 499 100
AN

7. Tocantins (TO) 7.153 3.428 10.581


N

8. Rondônia (RO) 6.460 4.223 10.683


2.2.1. Raposa Serra do Sol
MY

9. Amapá (AP) 3.714 1.258 4.972


0A

Total 208.522 61.689 270.211 Das terras indígenas que ainda não tiveram o procedi-
mento demarcatório concluído na Amazônia, uma, em
20

Os dados do IBGE relativos à população indígena, embo-


particular, chama a atenção pelos transtornos criados pelo
70

ra não sejam precisos, chamam a atenção para uma ou-


governo federal e pelas autoridades locais para sua regula-
58

tra realidade, que é a expressiva presença de índios nas


rização. Trata-se da terra indígena Raposa Serra do Sol, em
72

cidades, o que coloca novos desafios para o movimento


Roraima, com extensão de 1.678.800 hectares, habitada
85

indígena e seus aliados e para o Estado, especialmente


por quinze mil índios dos povos macuxi, wapichana, inga-
Y

no que se refere ao atendimento à saúde e à educação


N

diferenciadas. Tendo percebido essa realidade há vários ricó e taurepang. O governo estadual, para obstruir a de-
TO

anos, o Cimi, juntamente com as Igrejas locais, começou marcação, criou o município de Uiramutã, em 1997, quatro
AN

a constituir equipes em Manaus, Boa Vista e São Paulo, as anos depois da conclusão da identificação da terra como
indígena, pela Funai. O município foi criado a partir de uma
N

quais, no dia a dia com essas populações indígenas, vão


MY

construindo caminhos que respondam a esses novos de- antiga currutela ilegal de garimpo, encostada a uma malo-
ca; e fica, portanto, no interior da terra indígena.
A

safios. É significativo constatar que na região Amazônica,


00

de acordo com os dados do IBGE, vivam 60% dos índios O Projeto Calha Norte, que vem desrespeitando os direitos
2

residentes no interior e apenas 16% dos que se encontram indígenas desde a sua criação, percebendo que o município
70

nos centros urbanos. Considerando que, em extensão, mais poderia favorecer aos seus objetivos de atrair mais gente
58

de 98% das terras indígenas estão localizadas na Amazô- para a fronteira, construiu um quartel naquele município, no
72

nia, podemos afirmar que existe uma relação direta entre a ano 2000. A portaria do ministro da Justiça, publicada no
85

migração e a quantidade de terra e o nível de preservação Diário Oficial, no final de 1998, declarou os limites da terra
YN

dos recursos naturais nelas existentes. A migração indígena indígena, mas o impasse político continuou existindo. Fer-
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para as cidades é bem maior nas regiões em que os índios nando Henrique Cardoso protelou por três anos a assinatura
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do decreto de homologação e, nesse ínterim, os setores anti-indígenas contestaram judicialmente a demarcação de Raposa

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Serra do Sol em área contínua. Por meio de uma Ação Popular – que teve entre seus signatários o senador Mozarildo Cavalcanti

TO
(PPS-RR) – solicitaram que a homologação fosse de forma descontínua, excluindo-se o município de Uiramutã, os imóveis titu-

AN
lados antes da Constituição de 1934 e as plantações de arroz que se instalaram dentro da terra indígena.

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Região Norte: situação jurídica das terras indígenas

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Terras Indígenas
Intituladas
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Declaradas
Reservas Indígenas
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Homologadas
Delimitadas
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Terras Indigenas em Estudo


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Amazonia
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No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, havia o compromisso de demarcar e garantir as terras indígenas. Entretanto, mante-
58

ve-se a mesma indefinição em relação à Raposa Serra do Sol, promovendo em torno do decreto de homologação, que é um
72

mero ato administrativo, um espaço de disputa inócuo e desgastante. Sob a justificativa da governabilidade, o governo Lula
85

investiu na ampliação de alianças – nesse contexto, o governador de Roraima, Flamarion Portela, filiou-se ao Partido dos
N Y

Trabalhadores (PT), e a bancada de Roraima no Congresso, declaradamente contrária à homologação contínua de Raposa,
TO

passou a compor a base de sustentação do governo.


AN

Em paralelo às questões políticas, corriam as disputas judiciais: no final de dezembro de 2004, mais uma vez os entraves
N

jurídicos para a homologação em área contínua estavam solucionados, e mais uma vez o governo federal deixou passar a
MY

possibilidade de homologar Raposa Serra do Sol. Em janeiro de 2005, uma decisão não definitiva do STF voltou a suspender
A

a Portaria 820, do Ministério da Justiça. A indefinição e o confortável jogo de troca de responsabilidades entre o Executivo e
00

o Judiciário, que atendia aos interesses anti-indígenas da elite de Roraima, gerou um quadro permanente de violência entre
2

índios e não índios. No início de 2004, foram sequestrados três missionários e, em novembro do mesmo ano, os fazendeiros
70

atearam fogo a três comunidades indígenas de Raposa (aldeias Jawari, Homologação e Brilho do Sol) e ao retiro São José.
58

Os indígenas dos povos que vivem em Raposa Serra do Sol, organizados em torno do Conselho Indígena de Roraima (CIR),
72

continuaram buscando caminhos para a definição de suas terras. Em março de 2004, CIR e a Rainforest Foundation, dos
85

EUA, denunciaram o Estado brasileiro à Organização dos Estados Americanos (OEA) por violação aos direitos indígenas.
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Solicitaram à OEA que recomendasse ao governo brasileiro a homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol em área
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contínua, da forma como foi demarcada.


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Em 6 de dezembro de 2004, após os episódios de violência, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recomen-

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dou ao governo do Brasil quatro medidas:

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1. Proteger a vida e a integridade pessoal dos povos indígenas ingaricó, macuxi, patamona, taurepang e wapichana, respei-

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tando sua identidade cultural e sua especial relação com o território ancestral.

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2. Assegurar que os beneficiários possam continuar a habitar suas comunidades, sem nenhum tipo de agressão, coação ou ameaça.

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3. Abster-se de restringir ilegalmente o direito de livre circulação dos membros dos povos indígenas ingaricó, macuxi, pata-

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mona, taurepang e wapichana.

20
4. Investigar séria e exaustivamente os fatos que motivaram o pedido de medidas cautelares.

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Uma década depois de o povo macuxi vencer uma batalha judicial marcada pela violência para expulsar plantadores de arroz

72
da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o controle dos indígenas sobre terras de ancestrais voltou a ser ameaçado por

85
políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro.

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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
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A região que abrange a Amazônia Legal, em função da sua extensão, de sua enorme natureza fitogeográfica, geo-
58

morfológica, da grandeza de sua rede hidrográfica, que também é resultado direto da excepcional pluviosidade que
72

atinge essa área, da biodiversidade animal existente, das comunidades tradicionais, mostra como o conhecimento
85

científico, nas suas mais variadas áreas, é essencial para entender a Amazônia e, para isso, é de vital importância in-
NY

tegrar pesquisas interdisciplinares e transdisciplinares (na Antropologia, na Biologia, na História) para complementar
TO

esses estudos e compreender melhor as interações humanas com o meio ambiente.


AN
N
MY
0A
20
70
58
72
85
N Y
TO
AN
N
AMY
00
2
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85
YN
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AN
YN

30
AM
70
58
72
85
NY
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

TO
AN
N
MY
HABILIDADE 26

0A
Identificar, em fontes diversas, o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com

20
a paisagem.

70
58
HABILIDADE 29

72
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as

85
mudanças provocadas pelas ações humanas.

NY
TO
Na última década e pela primeira vez na história humana, a população mundial se tornou predominantemente

AN
urbana. Essa ocupação humana interagiu com o meio físico, gerando inúmeros problemas ambientais. Dessa forma,
é importante conhecermos o meio físico, seus elementos e processos associados, de forma a subsidiar e orientar as

N
MY
decisões voltadas ao planejamento urbano e ambiental e às intervenções humanas (obras civis, sistema viário, lote-
amentos, etc.). A ocupação que desconsidera as particularidades dos terrenos favorece a ocorrência de problemas

0A
ambientais que, por sua vez, podem ameaçar ocupações humanas e gerar áreas de risco e até acidentes ambientais.
20
Os recursos naturais são componentes, materiais ou não, da paisagem geográfica, mas que ainda não tenham
70
58

sofrido importantes transformações pelo trabalho humano e cuja própria gênese seja independente da humani-
72

dade, mas aos quais tenham sido atribuídos, historicamente, valores econômicos, sociais e culturais. Portanto, só
85

podem ser compreendidos a partir da relação homem-natureza. A necessidade de posturas firmes e estratégicas
com o fim de diminuir os riscos ambientais no complexo equilíbrio que envolve os interesses econômicos e sociais
NY

impõe estudos, conhecimentos e conscientização da sociedade, norteados pelo estabelecimento de ações públicas
TO

eficazes e ativas na solução da problemática sobre o meio ambiente. Trata-se de uma concepção de complexidade
AN

ambiental que ultrapassa a complexidade da natureza ou recursos naturais, representando as dimensões da vida
humana e natural. Essa noção de complexidade permite a percepção do ser humano como parte integrante do
N
MY

meio ambiente no qual está inserido, possibilitando pensar a diminuição dos riscos ambientais. A relação do ho-
mem com a natureza, no decorrer do tempo, tem mostrado risco ao meio ambiente, concorrendo para o início das
0A

ações de políticas que incluem o desenvolvimento sustentável. Os novos conhecimentos na área da ciência e da
20

tecnologia têm levado o homem a explorar a natureza com fins comerciais, arriscando a sua própria sobrevivência.
70

Ao mesmo tempo que a postura antropocêntrica e o desenvolvimento industrial levam a uma exploração dos re-
58

cursos naturais, a conscientização da finitude desses recursos conduz a uma noção paradoxal de desenvolvimento
72

sustentável, que significa o desenvolvimento (com a extração dos recursos naturais), mas desde que se salvaguar-
85

de os recursos para as gerações atuais e futuras (sustentabilidade).


N Y
TO

MODELO 1
AN

(Enem) Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos técnicos que renovam
a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em curso.
N

ADAPTADO DE: SANTOS, M.; SILVEIRA, M.L. O BRASIL: TERRITÓRIO E SOCIEDADE DO SÉCULO XXI. RIO DE JANEIRO: RECORD, 2004.
MY

A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no território, ocasionando im-
A

pactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e com maior intensidade, na Amazônia legal, com a:
00
2

a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais dos estados;


70

b) ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos;


58

c) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira;


72

d) instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação;


85

e) formação de uma infraestrutura de torres que permitem a comunicação móvel na região.


NY
TO
AN
YN

31
AM
70
58
72
85
NY
ANÁLISE EXPOSITIVA

TO
Como mencionado corretamente na alternativa C, a partir da década de 2000 com a denominação de “nova

AN
fronteira energética”, a Amazônia tem recebido maciços investimentos destinados à construção de hidrelétricas,
como Belo Monte, no rio Xingu, Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira, e Marabá, no rio Tocantins. Estão incorre-

N
MY
tas as outras alternativas por não estarem sendo realizadas ou não impactarem a região.

0A
RESPOSTA Alternativa C

20
70
58
72
85
NY
TO
DIAGRAMA DE IDEIAS

AN
N
MY
0A
RELEVO
20
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
70
PREDOMÍNIO
E IMPACTOS AMBIENTAIS
58

DE PLANÍCES
72
85

CLIMA POLÍTICAS DE
NY

- QUENTE E ÚMIDO URBANIZAÇÃO


OCUPAÇÃO
TO

- BAIXA AMPLITUDE
TÉRMICA
AN

CRESCIMENTO
N
MY

ASPECTOS POPULACIONAL
NATURAIS
0A
20
70

HIDROGRAFIA
58

- IGARAPÉS (CAMINHO
72

DA CANOA)
85

- USINAS HIDRELÉTRICAS
N Y
TO

VEGETAÇÃO
AN

- DENSA
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- LATIFOLIADA
MY

- PERENE
A
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2
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YN
TO
AN
YN

32
AM
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58
72
85
Esses estudos têm repensado a concepção de que o Nor-
AULAS 47 E 48

NY
deste constitui uma região árida, onde as pessoas e os

TO
animais morrem de sede e fome ou migram por causa da

AN
seca. Embora não esteja totalmente incorreta, também não
é uma verdade absoluta, uma vez que a região apresenta

N
uma diversidade natural, social e econômica. Observe-se

MY
que as pessoas não vivenciam a seca da mesma forma,

0A
mesmo as que habitam a região semiárida.
REGIÃO NORDESTE

20
Existem áreas onde a seca de fato ocorre em alguns pe-

70
ríodos do ano, como na região semiárida, e outras que

58
não apresentam essa característica, como a zona da mata.

72
Mesmo no sertão, é possível encontrar partes com clima

85
mais úmido e vegetação diferente da caatinga, como ocor-

NY
COMPETÊNCIA: 6 re no Cariri cearense.

TO
AN
HABILIDADE: 27

N
MY
0A
1. Região Nordeste 20
70
58

Os estudos realizados nos últimos anos a respeito da Re-


72

gião Nordeste têm contribuído sobremaneira para mo-


85

dificar a imagem que havia sido construída. Entretanto,


NY

ainda é comum relacionar o Nordeste à seca, fenômeno


PARQUE NACIONAL DE UBAJARA (CE)
natural considerado problema central, como comenta
TO

Carlos Garcia: As classes dominantes nordestinas muitas vezes usam a


AN

Quando se fala em Nordeste, vem imediatamente à lem- seca para conseguir investimentos governamentais, graças
N

brança a imagem de uma região de extrema miséria, sujeita ao discurso em defesa da população carente, quando, na
MY

a secas periódicas que dizimam os rebanhos e frustram as verdade, são elas as mais beneficiadas.
0A

lavouras, provocando o êxodo e a morte por fome e sede. Os mais pobres, especialmente os pequenos proprietários,
20

Ou então a truculência dos "coronéis" proprietários de ter- de fato enfrentaram o problema da seca, embora inves-
70

ras, mandando matar ou surrar os trabalhadores e tentando timentos bem aplicados pudessem solucioná-la. A grande
58

impedir que eles se organizem em ligas camponesas ou sin- questão da migração da população nordestina para outras
72

dicatos. O Nordeste tem tentado transformar em movimento regiões brasileiras está relacionada à concentração de ter-
85

romântico de homens injustiçados que lutavam contra o des- ras, e não exclusivamente à seca.
Y

mando dos latifundiários em defesa dos pobres.


N

(GARCIA, CARLOS. O QUE É NORDESTE BRASILEIRO. O fenômeno da migração nordestina é uma consequência
TO

SÃO PAULO: BRASILIENSE, 1985, P. 7). das condições sociais, políticas e econômicas que incidem
AN

sobre as classes menos favorecidas. Nos últimos anos,


vem ocorrendo uma diminuição da saída de nordestinos
N
MY

em direção ao Sudeste e um aumento de um movimento


em sentido contrário, de retorno ou de ingresso de grupos
A

oriundos do sul do País em direção à Região Nordeste. Em


00

razão disso, é necessário redimensionar a compreensão da


2
70

região em sua totalidade, não apenas como uma região


58

árida, de onde partiam ou partem levas de migrantes para


72

outros lugares do Brasil.


85

Outra visão muito difundida no Brasil é a do Nordeste como


NY

área de predomínio da ação dos “coronéis”, representantes


TO

da oligarquia agrícola-mercantil, que, na ausência do Estado,


AN
YN

33
AM
70
58
72
85
exercem seu poder fundamentando as relações com seus concentração de renda e pobreza. Mostra-se apenas a vi-

NY
subalternos pelas trocas de favores. Entretanto, atualmente são da beleza natural, lugares bastante ensolarados o ano

TO
essas atitudes passaram a ser denunciadas e contestadas inteiro, praias, hotéis confortáveis – patrimônio arquitetô-

AN
pelos movimentos sociais. Além disso, as relações de traba- nico valioso, como você pode observar na imagem anterior
lho baseadas na legalidade, com a carteira de trabalho as- expostas no folheto turístico.

N
sinada e a garantia dos direitos trabalhistas, têm se tornado

MY
Toda essa construção deve ser analisada criticamente, pois
difundidas e dominantes. Esse problema não é exclusivo da

0A
traz com ela preconceitos e estereótipos e oculta o posicio-
região nordestina, mesmo em São Paulo também podemos
namento da classe dominante, que vem se beneficiando

20
observar a modalidade do trabalho escravo.
dessas concepções por muitos anos. A realidade nordestina

70
No entanto, ainda se observam na região, assim como em apresenta contradições comuns à constituição de qualquer

58
todo o País, empregadores que conseguem burlar as leis espaço geográfico.

72
constitucionais e trabalhistas, além da fiscalização, lançan-

85
do mão de relações de trabalho semiescravas. Para reduzir

NY
esse problema, é preciso conscientizar a população sobre

TO
essa questão – o governo e as organizações não governa-

AN
mentais têm veiculado campanhas publicitárias esclarece-
doras a respeito da importância das garantias dos direitos

N
MY
trabalhistas. Trata-se de uma estratégia de conscientização
e incentivo para que a população denuncie qualquer arbi-

0A
trariedade contra os direitos de exercício da cidadania da
multimídia: vídeo
qual o trabalho, regido pelas leis trabalhistas, faz parte. 20 FONTE: YOUTUBE
70
Guerra de Canudos
Existem ainda outras visões sobre essa região difundidas
58

na mídia, em revistas de viagens ou em panfletos turísticos, Em 1893, Antônio Conselheiro (José Wilker) e seus se-
72

como a valorização das suas belezas naturais, das praias guidores começam a tornar um simples movimento em
85

ensolaradas, dos sabores da culinária e das qualidades do algo grande demais para a República, que acabara de ser
NY

povo hospitaleiro. proclamada e decidira por enviar vários destacamentos


TO

militares para destruí-los. Os seguidores de Antônio Con-


AN

selheiro apenas defendiam seus lares, mas a nova ordem


não podia aceitar que humildes moradores do sertão da
N

Bahia desafiassem a República.


MY
0A

1.1. Diversidade
20
70

Composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Mara-


58

nhão, Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de


72

Fernando de Noronha), Piauí, Rio Grande do Norte e Ser-


85

gipe, a Região Nordeste ocupa uma área de 1.561.177,8


Y

km2, equivalente a 18,3% do território nacional.


N
TO

O litoral da atual Região Nordeste foi a primeira região a ser


AN

ocupada e explorada economicamente pelos portugueses, a


partir do século XVI, o que a caracteriza como a região de
N
MY

produção mais antiga do País tomando-se como referência a


chegada dos europeus.
A
00

As características próprias da região são derivadas da sua


FOLHETO TURÍSTICO DIVULGADO POR AGÊNCIAS DE TURISMO NO BRASIL
2
70

herança histórica como espaço econômico-social que, em


E assim, assentado no que se lê, vê ou assiste, vai-se cons-
58

alguns momentos decisivos, perdeu para o exterior ou para


truindo um imaginário bem peculiar sobre essa região. Mas
72

outras regiões (particularmente Sudeste e Centro-Sul) o mer-


a ideia de Nordeste como um refúgio paradisíaco também
85

cado de produtos então estratégicos. Assim ocorreu com o


deve ser questionada. Há muita comercialização da paisa- mercado externo do açúcar e do algodão, no final do sécu-
YN

gem pela atividade turística. Essa construção estereotipada lo XIX, e com o mercado interno desses mesmos produtos,
TO

do Nordeste oculta os problemas sociais decorrentes da entre 1930 e 1950, quando a região perdeu espaço para
AN
YN

34
AM
70
58
72
85
outros estados, particularmente São Paulo, que se tornou do Maranhão, com os benefícios de um projeto side-

NY
grande produtor de algodão e, posteriormente, de açúcar. rúrgico; do Rio Grande do Norte, com o petróleo; de

TO
Importante assinalar, conforme mostram Celso Furtado Sergipe, com petróleo, gás natural e sais de potássio

AN
– em sua obra Formação Econômica do Brasil – e outros (investimentos da Petrobras e da Cia. Vale do Rio Doce).
estudiosos, que o sistema da monocultura açucareira sem- Em 2020, a população da região era de 59 milhões de

N
habitantes, superada apenas pela região Sudeste, com

MY
pre se ajustou às crises mantendo inalterada sua estrutura
87 milhões.

0A
e, em geral, com financiamento público transformado em
dívidas adiadas ou perdoadas. Ademais, desde que o mer- Devido às características hidrográficas, à variação alti-

20
cado de trabalho regional passou do regime de trabalho métrica do relevo e à variedade de climas, solos e tipos

70
escravo para o de trabalho assalariado, a estrutura fundiá- de vegetação, a região apresenta diversas paisagens

58
ria, a dominância oligárquica e o atraso cultural contribu- naturais, desde o litoral oriental úmido, passando pelo

72
íram para que predominassem baixos níveis salariais, de clima seco com vegetação de caatinga com alguns pon-

85
modo que o ajuste do sistema às crises de mercado tinha tos de cerrado, até o encontro com a Floresta Amazôni-

NY
na compressão de custos salariais outra importante base ca, sob influência do clima equatorial úmido, no oeste

TO
de apoio para a manutenção de sua estrutura. do Maranhão.

AN
Tais fatores, que faziam com que a rentabilidade do sistema Contrastes sociais e econômicos afetam, como em todo

N
fosse mantida ou não fosse tão erodida em momentos de cri- o País, a sociedade da região, não porque o território do

MY
se comercial, explicam por que, mesmo quando tinha a domi- Nordeste seja pobre em recursos naturais, mas porque, his-

0A
nância do mercado do açúcar, o Nordeste foi incapaz de criar toricamente, ali foi construída pelas elites uma sociedade
qualquer outra alternativa de exploração econômica de vulto. marcada por desigualdades sociais.
Praticamente, restringiu-se à atividade da monocultura açu- 20
70
No litoral, bairros modernos e elegantes de algumas
careira por longo período, até que a industrialização se ace-
58

cidades e praias, que contrastam com bairros de


lerasse como fruto da política de incentivos executada pela
72

infraestrutura precária, são procurados por turistas


Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste),
85

de todo o mundo. No interior, terras irrigadas com


a partir da década de 1960. Embora tal hipótese seja de difícil
NY

culturas produtivas contrapõem-se às de pequenos


demonstração formal, certamente a atitude conservadora das
produtores rurais com poucos recursos para melhorar
TO

elites empresariais locais dominantes, formada num contexto


sua agricultura.
AN

de atraso cultural e de apoio paternalista do Estado, constitua


importante explicação para a relativa defasagem econômica Também é grande a diversidade cultural da região: os há-
N

bitos alimentares, a música – frevo, baião, maracatu, etc. –,


MY

da região com relação ao Sudeste e ao Sul.


as manifestações folclóricas e o artesanato variam no seu
0A

O fato é que raízes históricas associadas à estrutura fundiá-


espaço geográfico, enriquecendo a cultura brasileira.
ria, à monocultura açucareira e à natureza da inserção regio-
20

nal no espaço econômico nacional definem a especificidade


70

básica do Nordeste: a de região do atraso, dos piores indica- 1.2. Sub-regiões do Nordeste
58

dores sociais (taxas de analfabetismo, de mortalidade infantil


72

etc.) e que, a despeito da industrialização e do surgimento de


85

importantes polos de crescimento, sequer resolveu a conten-


N Y

to o problema de desenvolver alternativas econômicas no


TO

semiárido capazes de minorar significativamente os efeitos


AN

da adversidade climática. A despeito de todo o benefício da


política de industrialização incentivada, a região sempre foi
N
MY

tratada, por elites e governos locais e nacionais, como um


caso à parte, merecedor de prioridade, em vez de ser inserida
A
00

num projeto nacional de desenvolvimento.


2
70

Entretanto, mesmo com todas as limitações das políticas


58

para o Nordeste, interessa assinalar que os avanços eco-


72

nômicos estiveram sempre associados a grandes projetos


Tendo por base as condições naturais, principalmente o
85

estruturadores definidos por políticas do governo federal,


em geral ditadas mais por acordos políticos com elites re- clima, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro
NY

gionais do que por uma estratégia nacional. São os casos sub-regiões naturais: zona da mata, agreste, sertão e
TO

da Bahia, com o Complexo Petroquímico de Camaçari; Meio-Norte.


AN
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35
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85
1.2.1. Zona da Mata

NY
TO
Aspectos físicos

AN
A Zona da Mata compreende uma faixa litorânea de até 200 km de largura que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da

N
Bahia. É a sub-região mais urbanizada e populosa. Nela ocorre o clima tropical litorâneo úmido. A temperatura média anual

MY
oscila entre 24 °C e 26 °C, e a precipitação total anual é superior a 1.200 mm – em algumas áreas, esse número supera os

0A
2.000 mm. As chuvas concentram-se no período entre abril e julho.

20
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0A
CHUVAS OROGRÁFICAS NA REGIÃO NORDESTE BRASILEIRA
20
70
É importante lembrar de que as chuvas nesse período do ano (outono/inverno) contrariam a maioria dos climas do
58
72

Brasil, que possuem chuvas no período do verão. Isso acontece por causa da atuação da massa polar atlântica (fria) que,
85

quando consegue chegar ao litoral nordestino, choca-se com a massa equatorial atlântica, que possui características
NY

diferentes, provocando chuvas frontais.


TO

Essas características climáticas são influenciadas pelas massas de ar úmidas provenientes do oceano Atlântico, principal-
AN

mente aquela a barlavento do planalto da Borborema e da serra Geral, no sul da Bahia, onde ocorrem chuvas orográficas.
N
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Climas controlados por massas de ar equatoriais e tropicais


Y

Equatorial úmido Tropical semiárido


N

(Convergência dos alísios) (Ação irregular das massas de ar)


TO

Tropical Litorâneo úmido


(Verão úmido e inverno seco) (Exposto à massa tropical marítima)
AN
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O relevo da Zona da Mata é formado principalmente por planícies, onde se localizam praias e tabuleiros litorâneos.

NY
Essa sub-região foi ocupada no passado pela Mata Atlântica, o que explica o nome zona da mata. No decorrer dos mais

TO
de cinco séculos de ocupação humana nessa sub-região, a mata Atlântica foi amplamente desmatada em quase toda a

AN
sua extensão.

N
No Nordeste, o desmatamento iniciou-se no século XVI, com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a

MY
explorar o pau-brasil. Mas foi com a expansão da cultura da cana e da fabricação de açúcar, atividades responsáveis pela

0A
organização inicial do espaço dessa sub-região, que seu desmatamento foi ainda mais acelerado.

20
70
Região Nordeste - Físico

58
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A cultura do tabaco no Recôncavo Baiano – desde o século XVI –, a criação de gado, a utilização da lenha nos lares e nas
caldeiras dos engenhos para fabricação de açúcar e o processo de urbanização contribuíram por séculos para o seu desma-
A

tamento da mata Atlântica.


00
2

A mata Atlântica no Nordeste, sobretudo na região acima do rio São Francisco, já dá sinais claros de seu colapso. O porte
70

das árvores vem diminuindo, assim como a variedade de animais e de plantas. O empobrecimento da biodiversidade
58

reduz a capacidade da floresta prestar os chamados serviços ambientais, entre eles a preservação das fontes de água e
72

o sequestro de carbono. O problema é resultado direto da perda de cobertura vegetal. Do pouco que restou, 90% ficam
85

em pequenos retalhos isolados com menos de 100 hectares, impedindo as interações entre plantas e animais necessárias
NY

para a sobrevivência do ecossistema. Além disso, as terras nas quais ainda há florestas pertencem, na sua grande maioria,
TO

a propriedades particulares.
AN
YN

37
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70
58
72
85
em termos de fauna – há regiões em que o avistamento de

NY
mamíferos de porte é praticamente zero –, que é uma das

TO
principais responsáveis pela dispersão de florestas.

AN
A perda de massa florestal e a fragmentação dos remanes-
centes estão ocorrendo ao mesmo tempo em que a mata

N
MY
sofre outros tipos de perturbação provocadas pelo homem,

0A
como o corte de madeira, o fogo e a caça. A resposta dos
ecossistemas costuma ser rápida. As reações vão ocorrendo

20
em cascata, levando à extinção de plantas e animais. Costu-

70
rar os pequenos retalhos de mata para tecer uma área flores-

58
tal maior é o caminho apontado por especialistas para tentar

72
reverter o processo de empobrecimento da mata Atlântica.

85
O que estamos observando na mata Atlântica do Nor-

NY
deste é um fenômeno de empobrecimento da floresta

TO
que pode se tornar um padrão em outros remanescen-
tes de mata. Isso é resultado de um processo histórico

AN
de anos de pressão e convívio com plantações, sobre-

N
tudo de cana-de-açúcar. Muitas vezes, essas ilhas de

MY
floresta ficam nas áreas mais inacessíveis, com geo-

0A
grafia acidentada, como os topos de morros. Outro
problema que agrava a fragilidade da mata é a forma
20
70
dos remanescentes. As manchas verdes são muito ir-
58

regulares e entrecortadas, aumentando proporcional-


72

mente a borda, que é a parte mais frágil em relação


85

à parte mais densa. A proximidade com a atividade


NY

rural, tanto as grandes plantações de cana quanto as HABITAÇÕES PRECÁRIAS NA BAHIA


roças dos pequenos agricultores, e com as áreas de
TO

expansão das cidades faz pressão sobre os remanes-


AN

centes de florestas.
N

A pobreza é mais um fator de risco para as florestas. Para


MY

economizar no gás, a lenha é largamente usada nas cozi-


0A

nhas entre Alagoas e o Rio Grande do Norte, consumindo


20

5,6 mil hectares de mata por ano. Isso é muito mais do que a
multimídia: vídeo
70

natureza tem para oferecer sem sofrer duras consequências,


58

como perda de áreas e diminuição do número de espécies. FONTE: YOUTUBE


72

Cinema, Aspirinas e Urubus


85

A história se passa no sertão nordestino de 1942 e conta


Y

a história de Johann (Peter Ketnath), um alemão que, para


N
TO

fugir da Segunda Guerra Mundial, veio trabalhar como


vendedor de aspirinas nas cidades do interior do Nordes-
AN

te. Dirigindo seu caminhão, ele conhece Ranulpho (João


N

Miguel), um nordestino que está tentando chegar ao Rio


MY

de Janeiro à procura de trabalho. Um encontro que vai


A

mudar a vida desses dois homens.


00
2
70

Aspectos populacionais
58

Esse processo é conhecido como sucessão retrogressiva, A zona da mata é a sub-região mais populosa do Nordeste.
72

como se fosse uma volta no tempo evolutivo da floresta. Nela situam-se seis capitais de estados: Salvador (BA), Ara-
85

Em vez das plantas de menor porte darem lugar às maio- caju (SE), Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Natal
YN

res, ocorre justamente o contrário: a floresta perde porte e (RN). Dentre elas, segundo o IBGE, duas são consideradas
TO

verificamos uma cascata de extinção. Ela também fica vazia metrópoles: Salvador e Recife.
AN
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38
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58
72
85
Elas exercem ampla influência no espaço nordestino, uma

NY
vez que oferecem serviços diversificados – comerciais, por-

TO
tuários, médico-hospitalares, educacionais, culturais, turís-

AN
ticos entre outros – para atender habitantes do agreste
e do sertão. As capitais dos demais estados são capitais

N
MY
regionais importantes, mas suas áreas de influência são
menores que as das metrópoles. multimídia: vídeo

0A
O crescimento desordenado nas últimas décadas trouxe

20
FONTE: YOUTUBE
demasiados problemas para Salvador e Recife comparáveis

70
O Auto da Compadecida
aos enfrentados pelas duas maiores capitais do Sudeste

58
As aventuras dos nordestinos João Grilo (Matheus Na-

72
(São Paulo e Rio de Janeiro). As regiões metropolitanas
tchergaele), um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó

85
de Natal, João Pessoa e Maceió são importantes centros
(Selton Mello), o mais covarde dos homens. Ambos lutam
urbanos dessa zona geográfica. As regiões metropolitanas

NY
pelo pão de cada dia e atravessam vários episódios enga-
de João Pessoa e Aracaju foram as que mais cresceram na

TO
nando a todos do pequeno vilarejo de Taperoá, no sertão
sub-região, segundo o último censo – a primeira, na zona
da Paraíba. A salvação da dupla acontece com a aparição

AN
da mata setentrional, e a segunda, na zona da mata
da Nossa Senhora (Fernanda Montenegro). Adaptação da

N
centro-meridional.
obra de Ariano Suassuna.

MY
0A
Aspectos econômicos
20
70
No início da colonização, a zona da mata não era domina-
58

da completamente pelas plantações de cana. A população


72

das cidades e das fazendas necessitava de alimentos. Por


85

isso, uma parte das terras ficava reservada para cultivo de


NY

milho, mandioca, feijão e frutas. Também existiam pasta-


gens para a criação de gado. Essas terras eram os tabulei-
TO

ros, áreas um pouco mais elevadas situadas entre os vales


AN

de dois rios subtropicais, como no sul.


N

RECIFE É A CONCENTRAÇÃO URBANA MAIS POPULOSA DA ZONA DA MATA. Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais
MY

pobres que o massapê, não eram usados para o plantio da


0A

Na última década, segundo o IBGE, a região metro-


politana de João Pessoa ultrapassou a de Maceió em cana. Assim, inicialmente, toda a produção agrícola e até
20

população, tornando-se a quarta maior dessa zona a pecuária localizavam-se na faixa úmida do litoral, onde
70

se instalaram sítios familiares produtores de alimentos e


geográfica. A região metropolitana de Natal é o tercei-
58

fazendas de gado.
ro maior aglomerado urbano da zona da mata, após
72

as regiões metropolitanas do Recife e de Salvador. De Porém, a produção de cana crescia à medida que aumenta-
85

acordo com o último censo, Natal cresceu muito no vam as exportações de açúcar para a Europa. As sesmarias
N Y

meio da última década, mas desacelerou seu cresci- se dividiam entre os herdeiros dos primeiros proprietários.
TO

mento com o estouro da bolha imobiliária e a crise Cada um deles criava novos engenhos, que necessitavam
AN

externa de 2007, já que dependia da captação de mo- de mais cana.


eda externa dos investidores de fora em seus imóveis
N

Muita coisa mudou na agricultura da zona da mata desde a


MY

e setor turístico. Ao mesmo tempo, capitais da zona da época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalaria-
mata de porte similar, que não dependiam tanto do
A

do dos boias-frias. Os antigos engenhos foram substituídos


00

capital externo quanto Natal no seu setor imobiliário por usinas de açúcar e álcool, mas a cana-de-açúcar perma-
2

e turístico, seguiram padrões divergentes. Enquanto neceu como produto principal da faixa litorânea do Nordeste.
70

Maceió cresceu menos e foi ultrapassada como região


58

Na zona da mata identificam-se três porções do espaço


metropolitana, João Pessoa e Aracaju mantiveram alto
72

geográfico que se individualizam segundo sua produção:


crescimento, conseguindo a primeira crescer mais no
85

Nordeste setentrional e oriental e a segunda chegar ƒ Zona da Mata Açucareira: estende-se do Rio Gran-
NY

cada vez mais próximo do seu primeiro milhão de ha- de do Norte às proximidades do município de Salvador,
TO

bitantes na sua metrópole. na Bahia. O espaço é ocupado por grandes latifúndios


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monocultores de cana-de-açúcar, usinas produtoras de do setor de serviços. Encontram-se lá indústrias dos ramos

NY
açúcar e álcool, pelos centros industriais de Natal, João químico, metalomecânico, madeireiro, têxtil, farmacêutico,

TO
Pessoa, Maceió e Aracaju e pela diversificada área indus- eletroeletrônico, de artefatos plásticos, borracha, fertilizan-

AN
trial na região metropolitana do Recife, a partir dos anos tes, bebidas, móveis, automóveis, entre outros.
1960.

N
MY
ƒ Zona do Cacau: situa-se no sul da Bahia, nos municí-

0A
pios de Itabuna e Ilhéus, cujas economias giram em tor-
no do comércio e da exportação de cacau. Atualmente,

20
a produção encontra-se em recuperação, após a praga

70
“vassoura-de-bruxa” ter destruído muitas plantações.

58
72
ƒ Zona do Recôncavo Baiano: compreende vários muni-

85
cípios no entorno de Salvador. Além de ser uma tradicional

NY
e importante área produtora de tabaco, apresenta um polo
POLO INDUSTRIAL DE CAMAÇARI (BA)

TO
industrial importante. Desde a descoberta de petróleo, em
1939, no Recôncavo Baiano, e da construção da refinaria O complexo industrial portuário de Suape, na região me-

AN
de petróleo em Mataripe, município de Francisco do Con- tropolitana do Recife, abriga empresas como o Estaleiro

N
de, a economia começou a ser dinamizada. Na década de Atlântico Sul (maior estaleiro do Hemisfério Sul) e a central

MY
1970, com a implantação do polo petroquímico de Cama- de logística da General Motors. A Fiat lançou em Suape, no

0A
çari, o crescimento econômico foi acelerado. Esse polo es- final de 2010, a pedra fundamental de sua nova fábrica, a

20
timulou a instalação de outras indústrias na região metro- terceira da marca na América Latina. Já a pedra fundamen-
70
politana de Salvador e o desenvolvimento do comércio e tal da Refinaria Abreu e Lima foi lançada em 2005.
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NO MAPA, PODEMOS VER O GRANDE DESTAQUE


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NORDESTE.
NA DIVERSIDADE INDUSTRIAL NA REGIÃO LITORÂNEA DO
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Além disso, a produção de frutas vem adquirindo im- Em decorrência de sua localização, o agreste apresen-

NY
portância na zona da mata. Há várias frutas nativas do ta diversas paisagens. Nos trechos mais úmidos, restam

TO
Nordeste – caju, cajá, mangaba e pitanga, por exemplo fragmentos da mata tropical, desmatada para a prática da

AN
– que servem para fazer deliciosos sucos e doces. Ou- agricultura e da pecuária. Nas áreas mais secas, a caatinga,
tras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente – transformada pela ação humana, domina a paisagem.

N
como a graviola, a jaca e a manga – adaptaram-se muito

MY
bem aos solos e climas nordestinos, destacando que a Brejos de altitude, brejos interioranos ou florestas de

0A
estabilidade da temperatura (que em geral varia entre 25 serra são denominações dadas para áreas situadas no

20
°C e 30 °C) na região é um aspecto positivo e importante. perímetro das secas, no interior da região Nordeste do

70
Brasil. São marcadas por um clima tropical úmido ou

58
subúmido fresco, e até mesmo subtropical de tempe-

72
raturas amenas. Devido à elevada altitude, criam todas

85
as condições necessárias ao desenvolvimento de uma

NY
flora que reúne tanto características da mata Atlântica

TO
(floresta ombrófila densa) quanto da caatinga (savana

AN
estépica), contrastando com as áreas circundantes, que
multimídia: música possuem condições climáticas mais secas. Os brejos

N
FONTE: YOUTUBE de altitude são encontrados em áreas do planalto da

MY
Asa Branca – de Luiz Gonzaga Borborema, chapada do Araripe, depressão Sertaneja

0A
Meridional, serra da Ibiapaba e maciço de Baturité. O

20
relevo acidentado cria uma barreira natural às massas
70
1.2.2. Agreste de ar, que, através do sistema de chuvas orográficas,
58

acabam despejando umidade nas vertentes a barlaven-


72

Aspectos físicos to e escarpas assimétricas, criando microclimas únicos


85

com temperaturas brandas e com maior umidade, ca-


A palavra "agreste" tem origem no latim e significa "rela-
NY

pazes de assegurar condições ideais ao desenvolvimen-


tivo ao campo". Ela designa uma área na Região Nordeste
to de uma flora mais exuberante.
TO

do Brasil, de transição entre a zona da mata e o sertão, que


AN

se estende por uma vasta área dos estados brasileiros da


Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
N
MY

do Norte. A área ocupada pelo agreste situa-se numa es-


treita faixa paralela à costa.
0A

O planalto da Borborema é a forma de relevo que carac-


20

teriza o agreste na sua porção norte. Ele ocupa a facha-


70

da leste dessa região e a porção oeste corresponde ao


58

sertão. A fachada leste do planalto da Borborema está


72

sujeita ao que restou de umidade dos ventos que sopram


85

de sudeste, que não precipitou na zona da mata. As áreas VEGETAÇÃO VERDE EM ÁREA ÚMIDA DO AGRESTE NORDESTINO,
N Y

são úmidas semelhantes às da zona da mata, ilhadas por NA CIDADE DE SÃO CAETANO (PE)
TO

áreas secas, com médias de temperatura mais baixas do


AN

que as dessa sub-região em virtude das suas altitudes


mais elevadas. Essas áreas mais úmidas no Nordeste re-
N
MY

cebem o nome de brejos e nelas não há seca.


A

Um exemplo de brejo é o de Garanhuns, em Pernambuco.


00

A média da precipitação anual na cidade é de 998 mm e


2

a temperatura média anual de 21 °C. Devido às caracterís-


70

ticas climáticas, Garanhuns atrai turistas do Nordeste e de


58

outras regiões, principalmente nos meses de junho e julho,


72

CAATINGA SECA, NO MUNICÍPIO DE ITATIRA (CE)


quando as médias de temperaturas ficam em torno de 18
85

°C. Garanhuns é um verdadeiro oásis no meio da paisagem Por causa da densidade demográfica e da estrutura fundiária
NY

semiárida do agreste, rompendo com a ideia geral de que o com tendência ao minifúndio, o agreste constitui uma área em
TO

Nordeste interior possui apenas clima quente e seco. que a pressão sobre a terra é bastante forte (pediplanação).
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como trabalhadores temporários nas usinas da zona da

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Para lembrar mata. Os que permanecem nos minifúndios cuidam da

TO
escassa produção.
Superfície de erosão ou de aplanamento é a superfície

AN
levemente ondulada que corta indiscriminadamente Os centros urbanos do agreste apresentam certo desen-
as estruturas geológicas subjacentes como resultado volvimento industrial, resultado do processo de desconcen-

N
de um longo período de erosão. Há tipos diferentes de

MY
tração dessa atividade em curso no Brasil, bem como se
superfícies, dependendo do seu ambiente:

0A
destacam na atividade comercial e em vários setores de
ƒ peneplanação (climas temperados úmidos); prestação de serviços.

20
70
ƒ etchplanação (climas tropicais úmidos);

58
ƒ pediplanação (climas semiáridos).

72
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NY
Aspectos populacionais

TO
Entre os séculos XVI e XVIII, a criação de gado, as missões

AN
jesuítas e de outras congregações religiosas, junto com a agri-
cultura e a mineração, foram responsáveis pela fundação de

N
vilas que, ao longo do tempo, transformaram-se em cidades,

MY
como Campina Grande (PB), Caruaru e Garanhuns (PE), Feira

0A
de Santana e Vitória da Conquista (BA). Nelas, que atraem mi- FÁBRICA DA PIRELLI, NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA (BA)
grantes de vários municípios, notadamente do sertão, a vida 20
O agreste é a única sub-região nordestina que não se-
70
comercial é bastante ativa e o setor de serviços é mais desen-
dia nenhuma capital, porém, abriga polos importantes,
58

volvido que em cidades menores da rede urbana do Nordeste.


72

sendo as principais cidades Feira de Santana, Campina


85

Grande, Caruaru e Arapiraca (AL). Sua densidade po-


Aspectos econômicos
pulacional é a segunda maior entre as zonas geográfi-
NY

Desde o período da economia colonial, o agreste assumiu, cas nordestinas, superada apenas pela zona da mata.
TO

no âmbito da divisão territorial da produção, a função de


No agreste predominam pequenas e médias propriedades
AN

fornecedor de gêneros agrícolas de subsistência – carne,


rurais, onde se desenvolvem a policultura (cultivo de diver-
couro, leite e animais bovinos, equinos, caprinos, asininos,
N

sos tipos de plantas) e a pecuária leiteira. Seus produtos


MY

entre outros – para a zona da mata açucareira. O espaço


abastecem o maior mercado consumidor do nordeste – a
geográfico do agreste, portanto, foi construído em função
0A

zona da mata.
da zona da mata açucareira.
20

Atualmente, o agreste continua sendo um espaço de poli-


70

1.2.3. Sertão
cultura – milho, arroz, feijão, mandioca, algodão, café, fru-
58

tas tropicais e agave. Continua sendo também uma zona O sabiá no sertão quando canta me comove
72

de criação de gado bovino para abastecer de leite e deriva- Passa três meses cantando e sem cantar passa nove
85

dos as cidades da zona da mata e outros mercados. porque tem a obrigação de só cantar quando chove.
Y

(ZÉ BERNARDINHO, POETA PERNAMBUCANO)


N
TO

O sertão ocupa a maior área das sub-regiões nordestinas.


AN

Não se deve confundir essa sub-região com o polígono das


secas, regionalização política e de planejamento que in-
N
MY

clui o sertão e parte do agreste. estende-se pelos Estados


de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
A

Grande do Norte e Sergipe.


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2
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Aspectos físicos
58

Ao contrário dos demais semidesertos do mundo, o sertão


72

não margeia um grande deserto, mas sim zonas úmidas.


85

PLANTAÇÃO NO AGRESTE NORDESTINO


Isso explica suas peculiaridades biomáticas e sua atipici-
YN

Durante a safra da cana-de-açúcar, muitos trabalhado- dade demográfica. Compreende as áreas dominadas pelo
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res do agreste deixam seus minifúndios e se empregam clima tropical semiárido (quente e seco), apresentando
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temperaturas médias elevadas, entre 25 ºC e 30 °C (ul-

NY
trapassando os 42 ºC nos dias mais quentes, somente no Polígono das secas

TO
Raso da Catarina, na Bahia, e no centro-sul do Piauí) e
Com o propósito de facilitar ações para combater

AN
duas estações bem definidas: uma chuvosa e outra seca.
as secas e amenizar os seus efeitos sobre a popu-
As chuvas concentram-se em apenas três ou quatro meses

N
lação sertaneja, o governo federal delimitou, em
do ano, e a pluviosidade no sertão atinge a média de 750

MY
1951, o chamado polígono das secas. Inicialmente,
mm anuais, sendo que, em algumas áreas, chove menos de

0A
o polígono abrangia cerca de 950 mil km2, esten-
500 mm ao ano.
dendo-se pelas áreas de clima semiárido. Entretan-

20
Há áreas onde a semiaridez é mais acentuada, com nove to, após a ocorrência de grandes secas, a área do

70
a onze meses de seca. É esse o caso de parte do sertão da polígono foi ampliada, alcançando parte do estado

58
Paraíba, onde se localiza Cabaceiras, município brasileiro

72
de Minas Gerais, também atingido pelas estiagens.
com menor índice de pluviosidade por ano (278 mm).

85
NY
Além da escassas, as chuvas são irregulares e mal distribu-
ídas no decorrer do ano.

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multimídia: música
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FONTE: YOUTUBE
58

Juazeiro e Petrolina – Luiz Gonzaga


72
85

Os mecanismos indutores de pluviosidade na região são a


NY

umidade da Amazônia, a zona de convergência intertropi-


TO

cal e as frentes frias que organizam instabilidades sobre o


AN

sertão. Entretanto, observa-se a irregularidade na atuação


desses sistemas meteorológicos devido a inúmeros fatores.
N

Seu período chuvoso depende crucialmente da temperatu-


MY

ra no oceano Atlântico e da ocorrência dos fenômenos El


0A

Niño e La Niña.
20

Assim como no agreste, no sertão também há áreas úmi-


70

das – os brejos, como o do Cariri, o principal deles, localiza-


58

do ao sul do Ceará, na base da encosta norte da chapada


72

do Araripe.
85
Y

A caatinga é o ecossistema predominante na região se-


N

miárida, cuja flora é composta por árvores e arbustos ca-


TO

racterizados pela rusticidade, tolerância e adaptação às


AN

condições climáticas da região. A composição florística


N

não é uniforme e pode variar de acordo com o volume


MY

das precipitações, da qualidade dos solos, da rede hidro-


A

gráfica e da ação antrópica. A maior parte das plantas


00

apresenta espinhos, microfilia, cutículas impermeáveis,


2

caducifolia, sistemas de armazenamento de água em


70

raízes e caules modificados e mecanismos fisiológicos


58

que permitem classificá-las como plantas xerófilas. Das


72

formações vegetais, considera-se a caatinga um dos bio-


85

mas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas.


NY

Apesar de sua importância biológica e das ameaças à sua


TO

integridade, cerca de 5% de sua área estão protegidos


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em unidades de conservação federais, o que permite clas- 702 km de extensão; Médio São Francisco – de Pirapora

NY
sificar a caatinga como um dos ecossistemas brasileiros à cidade baiana de Remanso, com 1,2 mil km de exten-

TO
menos protegidos e mais ameaçados. são; Submédio São Francisco – de Remanso à outra cidade

AN
baiana de Paulo Afonso, com 440 km de extensão; e Baixo
O relevo apresenta diversas altitudes – chapadas e depres-
São Francisco – de Paulo Afonso à desembocadura, com
sões –, com destaque para as depressões Sertaneja e do São

N
214 km de extensão.

MY
Francisco, por onde corre o importante rio São Francisco, o

0A
grande rio permanente ou perene que atravessa o sertão. No rio São Francisco, a navegação é exercida pela Franave,
empresa cuja frota está adequada às condições de nave-

20
O rio São Francisco gabilidade do rio.

70
58
Nasce na serra da Canastra – a uma altitude de aproxima- Os índices pluviométricos da bacia do rio São Francisco

72
damente 1.200 m –, no município de São Roque das Minas variam de acordo com o local. A média oscila entre 350

85
(MG), num lugar chamado de chapadão da Zagaia. Depois mm, no semiárido do Nordeste, a 1,9 mil mm, na serra

NY
de percorrer 2,7 mil km e atravessar o estado da Bahia – da Canastra.
separado pelo rio do estado de Pernambuco –, desemboca

TO
O estado de degradação em que o rio se encontra é re-
no oceano Atlântico, entre os estados de Alagoas e Sergipe. flexo da maneira como o País administra seus recursos

AN
O rio São Francisco recebe água de 168 afluentes, dentre naturais: com descaso e irresponsabilidade. O Velho

N
os quais os principais são os rios Paraopeba, das Velhas, Chico vem sendo poluído pela ação de mineradoras,

MY
Abaeté, Jequitaí, Paracatu, Urucuia, Verde Grande, Carinha- por agrotóxicos e pela região metropolitana da cida-

0A
nha, Corrente e Grande. de de Belo Horizonte, que polui o rio das Velhas, um

20
dos seus maiores afluentes. As queimadas e os des-
O Velho Chico, como é conhecido popularmente, é um rio
70
matamentos contribuem para o assoreamento do São
de grande importância econômica, social e cultural para os
58

Francisco (depósito de terra no leito do rio), bem como


estados que percorre. Através dele, diversas regiões inte-
72

projetos de irrigação mal elaborados, responsáveis


gram-se e suas águas irrigam lugares áridos.
85

pela diminuição do volume de água e da supressão da


O rio São Francisco está dividido em quatro partes: Alto São navegação em determinados locais e épocas do ano,
NY

Francisco – da nascente à cidade mineira de Pirapora, com esgotos industriais e domésticos.


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Transposição do rio São Francisco

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A intenção de modificar o problema estrutural do semiárido, por meio da transposição do rio São Francisco, não é nova.

AN
Dom João VI e, posteriormente, Dom Pedro II já destacavam essa alternativa como solução do dilema da região. Porém,

N
somente no ano de 2004, durante o governo Lula, o projeto veio ser realmente implementado. O objetivo é ligar o rio São

MY
Francisco às bacias da região Norte. Esse intento será feito a partir de dois eixos:

0A
1. Eixo Norte: teria 420 km de extensão;

20
2. Eixo Leste: 220 km de extensão.

70
Nestes dois eixos, os Estados envolvidos são Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. A justificativa, segundo o

58
governo, se dá através dos seguintes pontos:

72
ƒ Aumento da oferta e da garantia hídrica (principalmente para as áreas urbanas).

85
ƒ Geração de empregos.

NY
ƒ Dinamização da economia regional.

TO
ƒ Diminuição da mortalidade e incentivo à qualidade de vida.

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Em algumas regiões, o problema que a topografia poderia proporcionar, seria resolvido por meio da construção de

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bombas que levariam água até as partes mais elevadas, como veremos no esquema a seguir:

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Porém, os problemas do projeto são bastante amplos, seja analisando pela óptica econômica, social ou mesmo ambiental.
58
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Uma crítica muito apontada se deve ao modo como o projeto tem sido conduzido. A falta da discussão profunda nas
85

mais diversas esferas sociais é amplamente questionada, como coloca o geógrafo Antonio Carlos Robert de Moraes:
NY

“Há muito tempo, não há no Brasil uma obra dessa magnitude, como foi a Transamazônica, por exemplo. Elas têm um
potencial muito grande de transformação, por isso deveriam ser mais discutidas com a sociedade”.
TO

O lobby das empreiteiras possui grande influência na concepção e implementação desses projetos, além, é claro, do
AN

desvio de recursos e risco de superfaturamento.


N
MY

O destino dos empregados, logo após o término da obra, também tem sido objeto de crítica, já que milhares de traba-
lhadores são deslocados para grandes empreendimentos como esses, para servir de mão de obra barata, muitas vezes
0A

com poucas condições de trabalho.


20
70

Um episódio polêmico que ocorreu, logo nos primeiros anos de execução do projeto, foi a greve de fome feita pelo bispo
58

Luiz Flávio Cappio contra a transposição.


72

O bispo argumentava que a construção prejudicaria muito mais as pessoas que dependem do rio. Principalmente as po-
85

pulações ribeirinhas e pescadores, que sofreriam com a diminuição da vazão (podendo ocasionar assoreamento), e com
Y

a impossibilidade da navegação em alguns trechos. Outro ponto se refere à questão de alternativas – segundo o bispo, o
N
TO

incentivo a cisternas, poços ou açudes seriam soluções mais cabíveis, gerariam resultados mais efetivos e com menor custo.
AN

Por fim, a parte mais baixa da bacia pode ter problemas relacionados ao abastecimento de energia, já que nesse trecho
temos as usinas de Paulo Afonso, Xingó e Itaparica.
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Aspectos econômicos
00

Desde o período da economia colonial, desenvolveu-se no sertão a criação de gado bovino vindo do agreste. Em
2
70

consequência dessa pecuária, várias cidades foram se desenvolvendo ao longo do tempo. A expansão da criação
58

de gado para o interior do Nordeste deu-se a partir de Olinda e Recife, em Pernambuco, e de Salvador, na Bahia.
72

Os principais produtos cultivados no sertão são: milho, arroz, feijão, mandioca, algodão e frutas. A fruticultura desenvolveu-se
85

com sucesso no sertão, graças à utilização de técnicas de irrigação implantadas a partir de 1980. Duas áreas destacam-se: o
YN

vale do rio Açu, no Rio Grande do Norte, e o vale submédio do rio São Francisco, onde estão dois grandes centros urbanos,
TO

Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).


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85
maus políticos que se aproveitam do problema para fazer

NY
benfeitorias em suas propriedades. Esse tipo de prática rece-

TO
be o nome de “indústria da seca”.

AN
1.2.4. Meio-Norte

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O Meio-Norte é uma sub-região do Nordeste que está re-

0A
lacionada com a região político-administrativa do Norte.
CULTIVO DE UVA IRRIGADA NO VALE SUBMÉDIO Este espaço constitui a maior parte do Maranhão e grande

20
DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PETROLINA (PE)
porção do Piauí (oeste do território).

70
Nos vales do submédio do São Francisco e do rio Açu são

58
cultivados frutos como uva, manga, melão, abacaxi e ma-

72
mão, que são vendidos para o mercado interno e externo.
Aspectos físicos

85
As áreas irrigadas permitem até quatro safras anuais, de-

NY
Relevo e hidrografia
pendendo do que se cultiva.

TO
As terras do Meio-Norte são predominantemente baixas, entre
Essas áreas irrigadas, entretanto, não são insuficientes para

AN
0 e 200 metros. Apenas na porção mais ao sul, elas apresen-
atender a todos os agricultores da região. Desse modo,
tam altitudes mais elevadas, entre 200 e 500 metros. Em pe-

N
convivem no vale submédio do rio São Francisco uma

MY
quenos trechos, em altitudes entre 500 e 800 metros, nascem
agricultura agroexportadora em escala internacional, com
vários rios que formam a rica rede hidrográfica do Meio-Norte.

0A
forte tendência à concentração fundiária, e outra baseada
em minifúndios, que não dispõe de sistemas de irrigação e Destaca-se, nessa sub-região, o rio Parnaíba, com extensão
cujas famílias proprietárias constituem a mão de obra as- 20
de 1,4 mil quilômetros. No alto e em parte do curso médio,
70
salariada para a primeira. é um rio típico de planalto, com várias corredeiras. Nele
58

foi construída a barragem e a usina hidrelétrica de Boa


72

As transformações no Nordeste semiárido como resulta-


Esperança. O rio é navegável na sua porção de planície,
85

do do processo de modernização do campo traduzem-se


sobretudo em Teresina, capital do Piauí.
NY

em grandes desigualdades espaciais e socioeconômicas.


Atualmente, nessa região, podem-se distinguir zonas de
TO

agricultura prósperas perfeitamente integradas ao merca-


AN

do nacional e internacional, como as áreas irrigadas, por


N

exemplo, cujas atividades produtivas apresentam vanta-


MY

gens comparativas em termos de competitividade, con-


0A

trastando com grandes áreas, situadas à margem desse


20

processo, onde as oportunidades econômicas e as possibi-


70

lidades de intensificação das atividades agropecuárias são


58

limitadas pelas características agroclimáticas da região.


72

Também se registram iniciativas exitosas na área depen-


85

dente de chuvas, a exemplo da Coopercuc – Cooperativa


Y

Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá –, na


N

Bahia, que vem beneficiando os produtos e enviando-os


TO

para vários mercados internos e externos. BARRAGEM E USINA DE BOA ESPERANÇA (PI)
AN
N

Questões sociais
MY

As secas prolongadas, com registros desde o século XVI, são


A

um problema antigo da região do Nordeste e suas implica-


00

ções sociais e políticas marcaram a história da região.


2
70

Durante o período da seca prolongada, muitas famílias que


58

habitam o semiárido são penalizadas. Para minimizar esse multimídia: música


72

problema, os governos federais e estaduais repassam verbas


85

FONTE: YOUTUBE
para os municípios mais afetados pela falta de chuva para
Y

Chover (ou invocação para um dia triste)


N

socorrer as vítimas e construir obras emergenciais, como – Cordel do Fogo Encantado


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açudes. Muitas vezes, parte desse dinheiro é desviada por


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VIVENCIANDO

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Um bom passeio para entender um pouco da cultura nordestina é a festa do Bumba meu boi, uma das mais tradi-

0A
cionais festas de rua de São Paulo, que ocorre no Morro do Querosene (bairro próximo ao Instituto Butantã). Há

20
mais de 20 anos, o evento reúne pessoas de diversas regiões da cidade. A comunidade maranhense da região soube

70
manter acesa uma das mais belas tradições populares brasileiras, com toadas lindas e aquele indescritível ritmo das

58
matracas. São três festas por ano, no sábado de Aleluia comemora-se o nascimento do Boi, que é batizado no mês de

72
junho e morre no fim do ano, perto do dia de Finados. E renasce no ano seguinte. Além da cerimônia de nascimento,

85
durante a festa também se apresentam grupos de maracatu, boizinho-mirim, caboclinhos, cantadores e cirandeiros.
Uma ótima opção para quem gosta de cultura popular.

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Clima
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Predomina no Meio-Norte o clima tropical com verão úmido


72

e inverno seco. No extremo oeste do Maranhão, o clima é


85

o equatorial úmido. As médias térmicas anuais ficam entre


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24 °C e 26 °C, e a precipitação total anual varia conforme


TO

a área considerada, de 1,0 mil mm a mais de 2,0 mil mm.


AN

Vegetação
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O meio-norte é uma sub-região de transição entre o sertão


A

semiárido e a Amazônia úmida – clima equatorial úmido.


00

Na porção oeste, predominava a floresta Amazônica, hoje


2

amplamente devastada pela ocupação humana; na sul, o


70

cerrado; na leste, a caatinga; e na centro-norte, a mata dos


58

MATA DOS COCAIS, NO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA


cocais. Esta última possui função importantíssima para a
72

economia local, pois espécies como a carnaúba ou o ba-


85

baçu detêm a qualidade de servirem como base da con-


Aspectos populacionais
YN

fecção de produtos como óleo, graxas, lubrificantes, cestos, O processo de povoamento da região do meio-norte está
TO

cosmético, etc. relacionado a quatro acontecimentos:


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85
1. Fundação da cidade de São Luís, em 1612, pelos fran- Aspectos econômicos

NY
ceses, que pretendiam fixar-se ali, mas foram expulsos por
Até aproximadamente 1960, a economia do meio-norte

TO
tropas formadas por soldados e colonos portugueses e lu-
assentava-se na criação de gado, cultura do algodão, ex-

AN
so-brasileiros; após a expulsão, os colonos iniciaram o pro-
tração do babaçu, produção de açúcar, extração da cera da
cesso de cultivo de cana-de-açúcar no entorno de São Luís.

N
carnaúba e plantio de arroz. Era, portanto, uma economia

MY
2. O povoamento do Piauí, que se iniciou do interior para com base na agropecuária.

0A
o litoral – vaqueiros vindos dos currais do rio São Francis-
A partir dos anos 1970, iniciou-se na região um proces-
co entraram em terras com pastagens naturais, que hoje

20
so de modernização econômica. Investimentos foram
correspondem ao Piauí.

70
realizados na agropecuária, principalmente por fazen-

58
3. Fundação de povoados com as expedições de apresamento deiros vindos da região Sul, e no extrativismo mineral

72
de indígenas, com o objetivo de transformá-los em mão de obra e vegetal. O Maranhão passou a ser o escoadouro das

85
escrava nos engenhos de açúcar, em Pernambuco e São Luís. riquezas minerais da serra do Carajás, no estado do

NY
4. Aldeamentos indígenas organizados pelos padres jesuítas ou Pará. Para tanto, foi construída a estrada de ferro dos

TO
de outras congregações, que deram origem a várias cidades. Carajás, ligando as jazidas minerais ao porto de Itaqui,
no Maranhão.

AN
As duas capitais do meio-norte são Teresina e São Luís. Em
2010, as suas populações eram de, respectivamente, 814 mil

N
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e 1,0 milhão de habitantes. O município de Alcântara desta-
ca-se como centro de lançamento de foguetes espaciais.

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PORTO DE ITAQUI, MA (2014)


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BASE MÓVEL DE INTEGRAÇÃO CONSTRUÍDA PARA ATIVIDADES COM O VEÍCULO


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LANÇADOR DE SATÉLITES, NOCENTRO DE LANÇAMENTO DE ALCÂNTARA (MA)


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multimídia: livro
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A Terra e o Homem no Nordeste -


N

Manuel Correia de Andrade


multimídia: livro
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Manuel Correia de Andrade é um dos maiores conhe-


A

cedores da realidade nordestina. Trata-se de um espe-


00

1964 E O NORDESTE - cialista que já conta com grande número de contribui-


2

Manuel Correia de Andrade


70

ções para a análise da economia agrária do Nordeste


58

O autor, geógrafo com vasta obra na área de ciências brasileiro, que ele vem observando e estudando como
72

humanas, traz uma avaliação do movimento de 1964 geógrafo de profissão que é, em paciente e exaustivo
85

a partir de um cuidadoso levantamento documental e trabalho de campo, que se complementa de larga in-
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de depoimentos de alguns dos principais personagens formação de conhecimentos geográficos, econômicos e


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envolvidos nos acontecimentos. sociológicos gerais.


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Ferrovia Norte–Sul

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Espera-se que outro grande impulso para a economia do

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meio-norte seja dado com a conclusão da construção da

AN
ferrovia Norte-Sul. Essa ferrovia faz entroncamento com

N
a estrada de ferro Carajás (EFC), em Açailândia (MA), e

MY
permite o acesso ao porto de Itaqui, em São Luís (MA).
multimídia: site

0A
De Açailândia, ela segue em direção a Araguaína (TO).
Em sua extensão total, a ferrovia ligará o município de

20
Panorama (SP) a Belém (PA), em um percurso total de

70
www.ibge.gov.br/home/
3,1 mil quilômetros.

58
72
85
A produção agropecuária do sul do Maranhão, Piauí e Tocantins – soja, carne, etc. –, atualmente com dificuldade de escoa-
mento, deverá ser dinamizada com mais facilidade de acesso ao porto de Itaqui, que, por sua localização, facilita a exporta-

NY
ção para Europa, Estados Unidos e canal do Panamá, por onde pode chegar à Ásia.

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▀ Ferrovia Norte–Sul ▀ Ferrovia Oeste–Leste


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Trecho sul, Palmas–Anápolis Extensão: 1.022l km


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Extensão: 855 km
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


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Estudos interdisciplinares revelam que 59% da vegetação original do bioma da caatinga já sofreu algum tipo de mo-
2

dificação por atividades humanas. Imagens de satélite e visitas de campo serviram de base para que autores das mais
70

diversas áreas do conhecimento produzissem pesquisas e mapeassem a degradação desse bioma em áreas com mais de
58

40 hectares em todos os estados nos quais o bioma está presente. Para os cientistas, a constatação da grande depredação
72

evidencia a necessidade de medidas urgentes para a preservação da caatinga, que hoje só tem 1% de sua área inclusa
85

em unidades de conservação. Isso mostra a necessidade de se manter estudos nas áreas da botânica, da geografia huma-
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na, da biologia, da história, entre outras, para que esse bioma seja mais conhecido e, consequentemente, mais protegido.
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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 27

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Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos

20
históricos e/ou geográficos.

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58
A pecuária extensiva foi responsável, ainda durante o século XVII, pelo início da interiorização da ocupação no

72
Nordeste. Afastado da zona da mata para não comprometer a lavoura de cana, o rebanho bovino seguiu pelo

85
agreste – faixa transitória entre as áreas úmidas e as porções de clima seco – até alcançar o sertão. A pecuária

NY
extensiva nordestina realizada no agreste e no sertão chegou a atrair até mesmo migrantes paulistas para a região

TO
Nordeste. A figura do sertanejo, vaqueiro acostumado às condições extremas impostas pela seca, existe até os dias
atuais em diversas cidades nordestinas. A partir do século XIX, o Nordeste passou a assumir um papel de dispersor

AN
de população. Historicamente, a região possui alto índice de saída de migrantes, em função da carência de infraes-

N
trutura e de projetos de desenvolvimento que incluam as camadas mais populares, situação agravada pelas secas

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sazonais e pela grande concentração fundiária.

0A
MODELO 1
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(Enem) SOBRADINHO
58

O homem chega, já desfaz a natureza


72

Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar


85

O São Francisco lá pra cima da Bahia


NY

Diz que dia menos dia vai subir bem devagar


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E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que


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dizia que o sertão ia alagar.


N

ADAPTADO DE: SÁ E GUARABYRA. PIRÃO DE PEIXE COM PIMENTA. SOM LIVRE, 1977.
MY

O trecho da música faz referência a uma importante obra na região do rio São Francisco. Uma consequência
0A

socioespacial dessa construção foi:


20

a) a migração forçada da população ribeirinha;


70

b) o rebaixamento do nível do lençol freático local;


58

c) a preservação da memória histórica da região;


72

d) a ampliação das áreas de clima árido;


85

e) a redução das áreas de agricultura irrigada.


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ANÁLISE EXPOSITIVA
AN

Esse exercício mostra, de maneira lúdica, com um trecho da linda música de Sá e Guarabyra, a grande pro-
blemática do sertanejo que, além de vítima da seca que assola a região, também se vê forçado a migrar
N
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por conta da construção de barragens que inundarão suas terras.


A

O trecho da música se refere à construção da hidrelétrica de Sobradinho, no sertão nordestino. Hidrelétricas são obras
00

com variados graus de impacto sobre o meio ambiente físico e socioeconômico. No caso da música, a construção da
2

hidrelétrica afeta a população ribeirinha do rio São Francisco próxima à barragem que deve ser retirada em um mo-
70

vimento de migração forçada para outra localidade. Apesar de a empresa construtora arcar com todas as despesas
58

de deslocamento e reassentamento em uma nova cidade construída para esse fim, haverá sempre a perda de identi-
72

dade de comunidades, muitas vezes centenárias, em relação a seus lugares de origem, referência cultural e histórica.
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RESPOSTA Alternativa A
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DIAGRAMA DE IDEIAS

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REGIÃO LITORÂNEA

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ZONA DA

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INÍCIO DA COLONIZAÇÃO
MATA

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PRODUÇÃO DO AÇÚCAR

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ÁREA DE TRANSIÇÃO ENTRE

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ZONA DA MATA E CAATINGA
AGRESTE

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POLICULTURA

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AS SUB-REGIÕES
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CLIMA SEMIÁRIDO
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POLÍGONO DAS SECAS


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SERTÃO
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TRANSPOSIÇÃO DO RIO
SÃO FRANSICO
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FRUTICULTURA
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ÁREA DE TRANSIÇÃO DO SERTÃO


20

PARA A FLORESTA AMAZÔNICA


MEIO-NORTE
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FERROVIA NORTE-SUL
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A metrópole é uma forma histórica de organização
AULAS 49 E 50

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do espaço geográfico. Um tipo específico de habitat

TO
humano. A forma pela qual expressa o maior nível

AN
de adensamento populacional existente na superfície
terrestre. Trata-se de uma massa contínua de ocupa-

N
MY
ção humana e de edificações contíguas, sem parale-
lo no globo. Uma grande aglomeração de pessoas e

0A
de espaços socialmente construídos, de magnitude
REGIÃO SUDESTE

20
ímpar na história. O fato metropolitano é, portanto,

70
temporal e espacialmente singular, expressando uma

58
particularidade do mundo contemporâneo.

72
(ANTONIO CARLOS ROBERT DE MORAES)

85
NY
COMPETÊNCIA: 4 1. Região Sudeste

TO
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HABILIDADE: 18 1.1. Aspectos físicos

N
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A Região Sudeste é caracterizada fisicamente pela existên-
cia de montanhas antigas e arredondadas pela erosão, os

0A
chamados mares de morros, notados nos quatro estados. No pico dessas montanhas, existem cortes inclinados mais altos
20
que geram formações como as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. O Sudeste possui a maior média de altitude
70
do Brasil, tendo como ponto mais alto o pico da Bandeira, terceiro maior do Brasil, com 2.892 metros, localizado entre Minas
58

Gerais e o Espírito Santo.


72
85

O clima dessa região é bastante diversificado no que diz respeito à temperatura, em função de três fatores princi-
pais: a posição latitudinal, a topografia acidentada e a influência dos sistemas de circulação perturbada. Corres-
NY

ponde a uma faixa de transição entre climas quentes das baixas latitudes e os climas mesotérmicos das latitudes
TO

médias, mas suas características mais fortes são de clima tropical. O norte de Minas Gerais possui clima semiárido
AN

e faz parte do polígono das secas. Nas áreas mais elevadas do planalto Atlântico, ocorre o clima tropical de altitude,
N

que tem temperaturas mais baixas que as demais áreas.


MY

A variedade de tipos de clima permite deduzir que, primitivamente, existiu uma variedade de tipos de vegetação, hoje em
0A

grande parte devastada devido à expansão agrícola.


20

A floresta tropical constitui a formação dominante, mas seu aspecto varia muito. Ela é rica e exuberante nas encostas vol-
70

tadas para o oceano (mata Atlântica), onde a umidade é maior, favorecendo o aparecimento de árvores mais altas, muitos
58

cipós, epífitas e inúmeras palmáceas; encontra-se quase totalmente devastada, exceto nas encostas mais íngremes. No
72
85

interior do continente, essa floresta apresenta-se menos densa, pois ocorre em áreas de clima mais seco; aparece somente
em manchas, pois já está quase inteiramente devastada.
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Em algumas áreas do interior, há ocorrência de matas ciliares, que se desenvolvem ao longo das margens dos rios
em locais mais úmidos. Nas áreas tipicamente tropicais do Sudeste, onde predominam solos impermeáveis, ganha
AN

destaque a formação conhecida como cerrado, constituída de pequenas árvores, arbustos de galhos retorcidos e
N

vegetação rasteira. A região apresenta pequenos trechos cobertos de caatinga, no norte de Minas Gerais. As áreas
MY

mais altas das serras e planaltos do leste e sudeste, ao sul, de clima mais suave, são ocupadas por uma ou outra
A

espécie do que foi um dia a floresta subtropical ou mata de araucárias. Em extensões também reduzidas do pla-
00

nalto aparecem trechos de formações campestres: os campos limpos, ao sul do estado de São Paulo, e os campos
2
70

serranos, ao sul de minas Gerais. Ao longo do litoral, faz-se presente a vegetação típica das praias, conhecida por
58

vegetação litorânea.
72

A região apresenta vários rios importantes, como o Tietê, Paraíba do Sul, Paraná, Piracicaba e Doce. A região também
85

apresenta a nascente do rio São Francisco, na serra da Canastra, em Minas Gerais. Os rios da região são utilizados
NY

para navegação, mas, principalmente, para a produção de energia elétrica através de usinas hidrelétricas, como a usina
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de Furnas.
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Podemos identificar quatro grandes divisões no relevo do Sudeste

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• Planícies e terras baixas costeiras: apresentam larguras variáveis, ora aparecendo na forma de grandes bai-

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xadas, ora estreitando-se e favorecendo a formação de costas altas, onde a serra do Mar entra em contato direto

N
com o oceano Atlântico. São comuns, ao longo da planície, muitas praias e algumas restingas, que formam lagoas

MY
costeiras e grandes baías.

0A
• Planaltos e serras do Atlântico leste e sudeste: conhecidos como planalto Atlântico ou planalto Oriental,

20
é a parte mais acidentada do planalto Brasileiro, caracterizando-se, na região Sudeste, pelo grande núme-

70
ro de “serras” (escarpas de planalto). Aparece como verdadeira muralha constituída por rochas cristalinas

58
muito antigas ou como um verdadeiro “mar de morros” em áreas mais erodidas. A escarpa desse planalto

72
voltada para o Atlântico constitui a serra do Mar, que no sul recebe o nome de serra de Paranapiacaba.

85
Logo adiante, no oeste, encontramos o vale do rio Paraíba do Sul, que separa a serra do Mar da serra da

NY
Mantiqueira. Mais para o norte, as elevações afastam-se do litoral, dando origem à serra do Espinhaço. Ao

TO
norte de São Paulo e a oeste de Minas Gerais, encontra-se a serra da Canastra. A noroeste da região, atrás

AN
da serra do Espinhaço, encontram-se as chapadas sedimentares, já na transição para a região Centro-Oeste,
destacando-se o Espigão Mestre, vasta extensão aplainada constituída por rochas antigas e intensamente

N
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trabalhadas pela erosão. Entre ele e a serra do Espinhaço encontra-se a depressão Sanfranciscana, área de
terras baixas cortada por um grande rio, o São Francisco.

0A
• Planalto Meridional: de estrutura sedimentar, ocupa todo o centro-oeste de São Paulo e o oeste de Minas Gerais.
20
É formado por dois blocos: o planalto Arenito-basáltico e a depressão Periférica. O planalto Arenito-basáltico apre-
70
senta alternância de rochas pouco resistentes, como o arenito (sedimentar), e outras muito duras, como o basalto
58

(vulcânica), o que favorece o aparecimento das chamadas cuestas, acidentes do relevo que se mostram íngremes
72
85

e abruptos em uma vertente e, na direção oposta, descem em suave declive. Essas cuestas são conhecidas popu-
larmente pelo nome de serras, como a serra de Botucatu.
NY
TO

• Depressão Periférica: zona de contato baixa e plana que se assemelha a uma canoa, entre as serras e
planaltos do leste e sudeste (de estrutura cristalina) e o planalto Arenito-basáltico (de estrutura sedimentar).
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1.2. Ocupação e povoamento Após ultrapassar a barreira da serra do Mar, o padre Ma-

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nuel da Nóbrega, chefe das primeiras missões jesuíticas no
São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, foi o primeiro

TO
Brasil, acompanhado por José de Anchieta e outros padres,
núcleo de povoamento permanente instalado pelos portugue- ergueu, em janeiro de 1554, um barracão para a cateque-

AN
ses no Brasil colônia. Foi fundado, em 1532, por Martin Afonso se dos indígenas, que recebeu o nome de Colégio de São

N
de Souza, comandante da primeira expedição colonizadora Paulo. Localizado no planalto de Piratininga, entre os rios

MY
enviada por Portugal. Lá, foram introduzidas a cultura da cana- Tamanduateí e Anhangabaú, afluentes do rio Tietê, o co-

0A
-de-açúcar, a criação de animais e a agricultura de subsistência. légio deu origem à cidade de São Paulo. O povoamento,

20
que antes se restringia ao litoral, instalou-se no planalto e

70
permitiu o avanço para o interior do território.

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VISTA DE SÃO PAULO EM TORNO DO PÁTIO DO COLÉGIO.
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FUNDAÇÃO DE SÃO SEBASTIÃO, ATUAL CIDADE DO RIO DE JANEIRO


POR ANTONIO FIRMINO MONTEIRO
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multimídia: livro
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multimídia: livro São Paulo: A Sinfonia da Metrópole


20

Acredita-se que a primeira aparição de São Paulo nos


70

cinemas foi em 1929, no documentário São Paulo: A


58

São Sebastião do Rio de Janeiro Sinfonia da Metrópole, dos diretores húngaros Adalber-
72

O documentário aborda o surgimento da cidade do Rio de to Kemeny e Rudolf Lustig, que retrata o rápido processo
85

Janeiro e suas transformações ao longo dos anos. O filme de modernização e transformação do novo centro finan-
Y

é feito a partir de imagens de arquivo, simulações em 3D,


N

ceiro do Brasil.
TO

filmagens atuais e depoimentos.


AN

Durante os séculos XVI e XVII, a vila de São Paulo manteve-


-se pobre e isolada das áreas mais dinâmicas da economia
N
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do Brasil colônia, como o Nordeste açucareiro, que liderava a


economia. A vila de São Paulo tinha poucos habitantes, que
A
00

se dedicavam, principalmente, à lavoura de subsistência. En-


2

tretanto, foi nesse período que São Paulo tornou-se centro ir-
70

radiador das bandeiras em direção ao interior, com o objetivo


58

de aprisionar indígenas e vendê-los como escravizados para


72

multimídia: música áreas açucareiras de Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.


85

FONTE: YOUTUBE Graças às bandeiras, teve início o povoamento do interior


NY

Partido Alto – Cássia Eller e a construção de espaços geográficos no Sudeste e nas


TO

atuais regiões Centro-Oeste e Sul.


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A região das Minas Gerais tornou-se a principal área eco-

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nômica do Brasil colônia, no final do século XVII e parte

TO
Gurupá do XVIII. Para ficar mais próximo daquela região, o centro

AN
Fortaleza político administrativo da colônia foi transferido, em 1763,

Meridiano de Tordesilhas
de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro. A atividade

N
MY
Recife
mineradora nas Minas Gerais deu origem a várias vilas
que se transformaram em cidades. É o caso de São João

0A
Vila Bela
Cuiabá Salvador
del-Rei, Vila Rica (atual Ouro Preto), Sabará, Ribeirão do

20
Vila Boa
Carmo (atual Mariana), Diamantina e outras.

70
Por volta da segunda metade do século XVIII, teve início a

58
72
Captura de índios
São Paulo
decadência da mineração em virtude, entre outros fatores,

85
Mineração Domingos Jorge Velho do esgotamento dos aluviões auríferos.
Sertanismo de contrato
Fernão Dias e Borba Gato

NY
Região de Palmares
Bartolomeu Bueno Com isso, a economia mineira regrediu a um nível de au-
Missões Raposo Tavares

TO
Raposo Tavaes e Fernão Dias tossubsistência, como acontecera com a atividade cana-
BANDEIRAS DOS SÉCULOS XVII E XVIII vieira no Nordeste. O espaço geográfico até então constru-

AN
ído tornou-se uma área de expulsão da população: famílias
Com a descoberta de ouro e pedras preciosas nas Minas

N
migraram em busca de solos mais férteis para a prática

MY
Gerais, no final do século XVII, ocorreu intensa migração
de pessoas do Nordeste, de São Paulo e até mesmo de da agricultura, e muitos se dirigiram para áreas dos atuais

0A
Portugal para a área de mineração. estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
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ZONA DE MINERAÇÃO, NAS MINAS GERAIS, E SEU ABASTECIMENTO, DURANTE O SÉCULO XVIII
TO

DISPONÍVEL EM: <INSTITUTOESTRADAREAL.COM.BR>.


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Com o declínio da atividade mineradora, a coroa portuguesa buscou um produto que pudesse garantir seus ganhos na colô-

NY
nia. O produto encontrado foi o café, planta de origem africana introduzida no Pará, em 1727, pelo sargento-mor Francisco

TO
de Melo Palheta, com mudas trazidas da Guiana Francesa.

AN
Na primeira metade do século XVIII, o café passou a ser cultivado no Maranhão e, por volta de 1770, na Bahia. Entretanto,
foi no Rio de Janeiro, inicialmente, que a cafeicultura instalou-se com sucesso. A cafeicultura, porém, não trouxe os resultados

N
MY
esperados pelo governo português. As exportações dos grãos de café começaram a crescer somente a partir de 1816 e, pou-
co tempo depois, em 1822, o Brasil conquistou sua independência política de Portugal. Foi um belga, conhecido pelo nome

0A
de Moke, quem formou o primeiro cafezal nas imediações da cidade do Rio de Janeiro. Tal foi o sucesso da experiência, que

20
seu exemplo passou a ser seguido por várias pessoas.

70
Desse modo, as imediações da cidade do Rio de Janeiro tornaram-se o centro irradiador da cafeicultura, a partir do século

58
XVIII. De lá, a cultura do café expandiu-se, em períodos diferentes, para o Vale do Paraíba, em direção a São Paulo e, depois,

72
para o chamado Oeste Paulista, para a zona da mata mineira, para terras do Espírito Santo e, posteriormente, para o Triân-

85
gulo Mineiro e outras regiões do Brasil, como é o caso do norte do Pará e de Mato Grosso.

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Expansão da cafeicultura

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A expansão da cafeicultura do Rio de Janeiro em direção a o caso, por exemplo, de Adamantina, Lins, Araçatuba, Bauru,
20

São Paulo pelo Vale do Paraíba recuperou sua economia, que Lucélia, Tupã, São José do Rio Preto, Votuporanga e Penápolis,
70

conhecera certo crescimento na fase áurea da mineração das todas em São Paulo.
58

Minas Gerais. Muitas vilas e cidades até então decadentes


72

Ao mesmo tempo em que foram construídas para escoar a


voltaram a crescer. São os casos de Vassouras e Valença, no
85

produção cafeeira, as ferrovias foram importantes para a in-


Rio de Janeiro, e Bananal, Areias, Lorena, Taubaté e Guara- dustrialização inicial de São Paulo e do Rio de Janeiro, uma
N Y

tinguetá, em São Paulo – essas e outras cidades da região vez que propiciaram o transporte de matérias-primas para as
TO

permaneceram até 1880 como grandes produtoras de café. indústrias e a produção industrial para o interior. As ferrovias
AN

Por outro lado, o avanço da cafeicultura provocou imensos cumpriram esse papel até, aproximadamente, os anos 1950,
quando se iniciou o desenvolvimento das rodovias.
N

desmatamentos na mata Atlântica que cobria o Vale do Para-


MY

íba. Com mão de obra escrava e a chamada agricultura itine-


A

rante, a cafeicultura passou por esse vale, deixando um rastro


00

de destruição ecológica e decadência de cidades, o que levou


2
70

o escritor Monteiro Lobato a chamá-las de “cidades mortas”.


58

As ferrovias tiveram papel importante na ocupação huma-


72

na e, por conseguinte, na produção de espaços geográficos


85

no Sudeste, particularmente no estado de São Paulo.


NY

Muitas cidades surgiram ao redor de estações ferroviárias


TO

destinadas a receber a produção cafeeira e outros produtos. É ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE PENÁPOLIS (SP)
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ES), petroquímica (RJ, SP e MG), navais (RJ) petrolífera (RJ

NY
e ES). Na agricultura, os principais produtos cultivados são:

TO
cana-de-açúcar, café, algodão, milho, mandioca, arroz, feijão
e frutas (principalmente laranja). Na pecuária, o maior re-

AN
banho é o de bovinos, sendo Minas Gerais o principal cria-

N
dor – equinos e suínos também são encontrados. Também

MY
há prática do extrativismo mineral, cujos principais minérios
multimídia: música

0A
explorados são ferro, manganês, ouro e pedras preciosas; as

20
FONTE: YOUTUBE maiores jazidas estão em Minas Gerais.

70
Trem das onze – Adoniran Barbosa

58
72
No final da década de 1970, em plena fase de crescimen-

85
1.2.1. A cafeicultura e a imigração to da região metropolitana de São Paulo, iniciou-se forte
expansão da atividade industrial para além da referida

NY
Em 1850, com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, que região. Na década seguinte, grandes empresas se mul-

TO
proibia o tráfico de escravizados para o Brasil, o problema tilocalizaram, reduzindo custos através de redes de sub-

AN
da falta de mão de obra para a cafeicultura em expansão contratação (toyotismo) e enfraquecimento sindical. Essa
agravou-se. O escravizados tornou-se mais caro. Esses fatos, desconcentração industrial inicial se deu, principalmente,

N
somados ao movimento abolicionista, levaram os grandes

MY
num raio de aproximadamente 150 km da capital, atingin-
plantadores de café a pensarem na conveniência e no bara- do as principais “regiões” já tradicionalmente mais indus-

0A
teamento de empregarem trabalhadores livres. trializadas do estado de São Paulo: Sorocaba, Campinas,
Considerando que o número de brasileiros livres no es- 20
Baixada Santista e Vale do Paraíba. A despeito da proximi-
70
paço da cafeicultura era insuficiente para o trabalho nas dade entre a região metropolitana de São Paulo e a região
58

fazendas, ao lado de outros fatores, a solução encontra- do Vale do Ribeira (região administrativa de Registro),
72

da pelos fazendeiros da época foi buscar mão de obra essa área, das menos desenvolvidas do estado, não par-
85

fora do Brasil. Imigrantes de várias nacionalidades vieram ticipou desse processo de expansão industrial. Segundo
NY

para São Paulo: espanhóis, portugueses, italianos – que Milton Santos, a “inércia dinâmica” do espaço paulista se
TO

vieram em maior número. Como trabalhadores na cultura expressa com clareza diante do movimento de expansão
cafeeira, contribuíram significativamente para a ocupa- industrial: áreas mais distantes e mais ricas, como Ribeirão
AN

ção do território e a produção dos espaços geográficos. Preto, vão atrair investimentos públicos necessários à re-
N

produção do capital, aumentando os desníveis regionais


MY

diante das áreas mais pobres (Vale do Ribeira e Sudoeste).


0A

Entre os anos de 1960 e 1970, a ação estatal não se


20

limitou ao importante papel de construção das infra-


70

estruturas necessárias ao espraiamento relativo do


58

capital industrial, como também investiu em indústria


72

de base (refinarias, em São José dos Campos e Paulí-


85

nia) e de ponta (aeronáutica, em São José dos Cam-


Y

pos). O Estado investiu também em pesquisa: Instituto


N

Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos;


TO

Universidade Estadual de Campinas (1966); Institu-


AN

to de Tecnologia de Alimentos, em Campinas (1969);


IMIGRANTES JAPONESES NA LAVOURA DE CAFÉ (SP)
N

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomu-


MY

nicações, em Campinas (1976); Faculdade de Tecnolo-


1.3. Economia
A

gia (Unesp Sorocaba). A indústria de base de Cubatão


00

A economia da Região Sudeste é muito forte e diversificada, (petroquímica e siderurgia) fez do município o ter-
2

sendo considerada a maior do País, e ganhou esse reconhe- ceiro do estado, atrás da capital e de São Bernardo
70

cimento desde o período conhecido como “café com leite“, do Campo), em valor de produção industrial (1980).
58

em que essas duas mercadorias eram as mais importantes


72

A região administrativa de São José dos Campos (Vale do


para a capitalização brasileira. É o local mais industrializado
85

Paraíba) foi a que recebeu maiores investimentos em in-


do Brasil e o ramo industrial é diversificado e forte. Alguns dústrias estatais, sobretudo na década de 1970. Situada no
YN

dos mais importantes ramos industriais da região são: au- eixo Rio-SP, a tecnificação de seu território permitiu que ali
TO

tomobilística (com mais força em SP), siderúrgica (SP, RJ e


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se implantassem inúmeras empresas transnacionais,tendo

TO
apresentado os maiores índices de crescimento industrial

AN
entre os anos 1970 e 1980. No Vale do Paraíba, formou-se
o segundo polo mais importante da indústria automotiva

N
do País, atrás apenas da Grande São Paulo. Dada a situa-

MY
ção urbana previamente mais desenvolvida de Campinas,

0A
foi sua região a que apresentou maior crescimento absolu-

20
to, transformando-se, em 1980, no segundo polo industrial

70
do País em valor de produção, após a região metropolita-

58
na de São Paulo. A notável difusão industrial pelo interior

72
paulista, conjugada a um avanço tecnológico na agricultu- O Sudeste é o maior produtor de cana-de-açúcar. O estado de

85
ra, permitiu índices médios de qualidade de vida urbana São Paulo lidera a produção brasileira desse produto, a de açú-
bastante elevados. A macrometrópole ocupava, na década

NY
car e a de etanol. No interior, os canaviais e as grandes usinas
de 1980, a parcela mais contínua e concentrada desse

TO
de açúcar ficam próximos de Ribeirão Preto, Piracicaba e Bauru.
processo de dispersão da indústria metropolitana, grosso

AN
modo envolvendo as regiões administrativas de Sorocaba, A produção de etanol permitiu ao Brasil desenvolver no-
Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista, além, vas tecnologias agrícolas e industriais. O País ocupa a li-

N
MY
evidentemente, da Grande São Paulo, seu foco inicial. derança mundial nesse setor. A modernização agrícola do
Sudeste apresenta outra face. A mão de obra empregada

0A
O Sudeste também é responsável por cerca de 55% do PIB na colheita da laranja e na de cana-de-açúcar é tempo-
nacional e, por isso, é conhecido como a “locomotiva eco- 20
rária, frequentemente realizada por boias-frias, originários
70
nômica do Brasil”. No ano de 2010, a região produziu 2,1 da região Nordeste. O corte manual da cana-de-açúcar
58

trilhões de reais em riquezas, segundo dados das Contas exige um enorme esforço físico. O trabalhador, submetido
72

Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a condições desgastantes, é pouco remunerado. Nessas
85

(IBGE), sendo apenas o estado de São Paulo responsável por condições, explicadas por um modelo de exclusão social,
NY

1,2 trilhão dessa produção, o equivalente a 33,1% do PIB o corte de cana manual é uma questão que começa a ser
TO

nacional. Em 2014, o PIB da região chegou a 3,2 trilhões, enfrentada pelos governos.
AN

com taxa de desemprego de 7,3% e uma renda per capita


As áreas canavieiras, assim como outras culturas (soja,
de 37,2 mil reais.
N

por exemplo), sofrem profundo processo de mecanização.


MY

Ao mesmo tempo, a redução do número de postos de tra-


1.4. Agricultura
0A

balho acaba contribuindo para o esvaziamento do campo


Nas terras da Região Sudeste, cultivam-se vários produtos,
20

e o aumento de migração campo-cidade.


com destaque para cana-de-açúcar, laranja, café, amen-
70

doim, soja, arroz e milho.


58
72

Estão no Sudeste os três estados que mais produzem café


85

no Brasil (Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo), cuja pro-


dução atende tanto ao mercado interno quanto ao externo.
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TO

O estado de São Paulo é o principal produtor nacional de la-


ranja, com 691,26 mil hectares e produção de 368,2 milhões
AN

de caixas de 40,8 kg, em 2007. Na atualidade, a atividade multimídia: livro


N

encontra-se distribuída de forma marcante em duas regiões:


MY

a tradicional, constituída pelos EDRs (Escritórios Regionais de


A

Desenvolvimento Rural) de Araraquara, Barretos, Catanduva, Geografias de São Paulo - Ana Fani Alessandri
00

Fernandópolis, General Salgado, Jaboticabal, Limeira, Mogi Carlos e Ariovaldo Umbelino de Oliveira
2

Mirim, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São José do Rio
70

As Geografias de São Paulo têm como objetivo apresentar


58

Preto e Votuporanga; e a região nova, constituída por Avaré,


pesquisas e reflexões dos professores do Departamento de
72

Bauru, Botucatu, Itapetininga, Itapeva, Jales, Jaú, Lins, Piraci-


Geografia da USP sobre a metrópole. Esse trabalho coloca,
85

caba e Sorocaba. Ressalte-se que esta última tem contribuí-


também, a questão da possibilidade de construção de uma
do para a instalação do parque citrícola, por reunir condições
Y

leitura do mundo moderno, através ou a partir da análise


N

adequadas à atividade quanto aos aspectos edafoclimáticos


TO

de São Paulo.
e por ainda ser pouco suscetível às novas doenças.
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Área e produção de cana-de-açúcar por Escritório de Desenvolvimento Rural (2012)

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Área (ha)

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Área nova

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Área em produção
Produção (t)

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500 - 508.260

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508.261 - 6.458.894

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6.458.895 - 13.646.499
13.646.500 - 21.632.394
21.632.395 - 33.698.075
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58

1 cm = 40 km Fonte: IEA - CATI


72
85

Na região metropolitana de São Paulo, ainda que se reforçasse uma posição de comando – principal praça financeira e
NY

locus das sedes de grandes empresas –, os níveis médios de qualidade de vida se deterioram. Na macrometrópole, ao con-
TO

trário da situação anterior da metrópole industrial, a “periferia” – área de produção – detinha melhores níveis de vida que
AN

o “centro inicial” – área de comando. Esse indicador já apontava para a formação de uma nova realidade urbana, além da
mera expansão da metrópole industrial paulistana.
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1.5. Pecuária
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PRODUÇÃO INTENSIVA DE GADO LEITEIRO


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Além da pecuária bovina de corte predominantemente extensiva praticada sobretudo no norte de Minas Gerais, o Sudeste

NY
mantém várias bacias leiteiras – áreas de pecuária intensiva destinadas à produção de leite e derivados. Dotado de tecnolo-

TO
gias adiantadas de produção e de seleção de raças leiteiras, o setor é expressivo no Vale do Paraíba, no sul de Minas Gerais,

AN
no Triângulo Mineiro e no leste do estado de São Paulo.

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1.6. Recursos minerais

0A
Na estrutura geológica da região Sudeste, encontram-se vários recursos minerais: urânio, níquel, estanho, chumbo, calcário,

20
cromo, diamante, fósforo, com destaque para o petróleo e os minérios de ferro e manganês.

70
O estado do Rio de Janeiro lidera a produção regional e nacional de petróleo, respondendo por cerca de 80% da produção

58
nacional. O petróleo é extraído da plataforma continental, na denominada bacia de Campos. Em 2007, um fato novo e

72
promissor para o Brasil foi a conclusão da Petrobras de que o campo de petróleo de Tupi, localizado na bacia de Santos (SP),

85
possuía viabilidade econômica de exploração. A chamada camada de pré-sal, a mais de 6,0 mil metros abaixo do nível do

NY
mar, é um grande jazigo petrolífero e de gás natural. Segundo especialistas no setor, o Brasil poderá tornar-se um importante

TO
exportador de petróleo com sua exploração.

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As principais jazidas de ferro e manganês do Sudeste estão no Quadrilátero Ferrífero ou Central. Sua exploração destina-se a
TO

abastecer as usinas instaladas no Sudeste – Usiminas, CSN, Cosipa e outras –, que fabricam aço para atender às indústrias e
AN

à construção civil. Opera também na região a Vale, empresa mineradora e exportadora de minério de ferro. O transporte do
N

Quadrilátero Ferrífero ao porto de Tubarão (ES) é feito pela estrada de ferro Vitória-Minas.
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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 18

20
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.

70
58
A indústria brasileira tem passado por um forte processo de modernização e desconcentração espacial nos últimos

72
anos. A guerra fiscal entre as várias unidades da Federação, os salários mais baixos nas regiões menos desenvolvi-

85
das, a proximidade de fontes de matérias-primas, o nível da infraestrutura local e o desenvolvimento do Mercosul

NY
têm provocado o deslocamento da indústria em direção a diferentes regiões. Alguns estados e regiões têm se

TO
destacado, beneficiando-se do processo de descentralização industrial. Com os avanços tecnológicos nos meios de

AN
transporte e comunicações, a aglomeração industrial e a proximidade entre indústria e mercado consumidor não
são assim tão necessárias. Por isso, muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias,

N
MY
longe dos problemas relacionados às grandes cidades, tendo como consequência o crescimento das cidades mé-
dias, principalmente em São Paulo.

0A
MODELO 1 20
70
(Enem) O fenômeno da mobilidade populacional vem, desde as últimas décadas do século XX, apresentando
58

transformações significativas no seu comportamento, não só no Brasil como também em outras partes do mun-
72

do. Esses novos processos se materializam, entre outros aspectos, na dimensão interna, pelo redirecionamento
85

dos fluxos migratórios para as cidades médias, em detrimento dos grandes centros urbanos; pelos desloca-
NY

mentos de curta duração e a distâncias menores; pelos movimentos pendulares, que passam a assumir maior
TO

relevância nas estratégias de sobrevivência, não mais restritos aos grandes aglomerados urbanos.
AN

ADAPTADO DE: OLIVEIRA, L.A.P.; OLIVEIRA, A.T.R.


REFLEXÕES SOBRE OS DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: IBGE, 2011.
N
MY

A redefinição dos fluxos migratórios internos no Brasil, no período apontado no texto, tem como causa a inten-
sificação do processo de:
0A

a) descapitalização do setor primário;


20

b) ampliação da economia informal;


70

c) tributação da área residencial citadina;


58

d) desconcentração da atividade industrial;


72

e) saturação da empregabilidade no setor terciário.


85
Y

ANÁLISE EXPOSITIVA
N
TO

A alternativa D está correta porque a mobilidade mencionada caracteriza o processo de desmetropoliza-


AN

ção, resultado, dentre outros fatores, da desconcentração industrial a partir da década de 1990.
O exercício proposto pelo Enem fala do processo de desconcentração industrial. Existem, naturalmente,
N
MY

vantagens e desvantagens na desconcentração industrial no Brasil. De um lado, eleva-se a geração de


A

empregos, serviços e comércios em áreas pouco desenvolvidas economicamente, além de se promover


00

uma maior democratização em investimentos públicos. Por outro lado, perde-se muito emprego e ge-
2

ram-se muitas desvantagens econômicas nas áreas em que se registra a chamada “fuga de indústrias”.
70
58

RESPOSTA Alternativa D
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DIAGRAMA DE IDEIAS

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ASPECTOS NATURAIS

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VEGETAÇÃO:

85
RELEVO CLIMA TROPICAL
MATA ATLÂNTICA

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• PLANALTOS E SERRAS DO
IMPACTOS

N
ATLÂNTICO LESTE-SUDESTE
AMBIENTAIS

MY
• PLANALTOS E CHAPADAS

0A
DA BACIA DO PANAMÁ
• DEPRESSÃO PERIFÉRICA CICLOS PROCESSOS DE PROCESSOS DE
ECONÔMICOS 20
INDUSTRIALIZAÇÃO URBANIZAÇÃO
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• PLANÍCIES COSTEIRAS
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85

CANA-DE-AÇÚCAR PAU-BRASIL CAFÉ


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AULAS 51 E 52

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multimídia: livro
REGIÕES CENTRO-

20
-OESTE E SUL

70
A História Natural da Região Centro-Oeste Brasileira

58
nos ‘Diálogos Geográficos, Chronológicos, Políticos e

72
Naturaes’ de Joseph Barboza de Sáa (Século XVIII)

85
NY
COMPETÊNCIA: 4

TO
1. Centro-Oeste: a vizinha de

AN
HABILIDADE: 19
todas as regiões do Brasil

N
MY
A Região Centro-Oeste é uma das cinco regiões do Brasil

0A
definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
20
(IBGE) em 1969. É formada por três estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mais o Distrito Federal, onde se
70
localiza Brasília, a capital do País e a cidade mais populosa da região.
58
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O Centro-Oeste antes de Cabral


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2

Apesar de ser iminente a necessidade da realização, retomada e revisão das pesquisas arqueológicas em grande parte do
70

Centro-Oeste à luz de novos problemas e novas perspectivas teórico-metodológicas, é possível dizer que o povoamento hu-
58

mano da região teve início com o estabelecimento de grupos caçadores coletores em fins do Pleistoceno e início do Holoceno,
72

por volta de 12.000 a 10.000 anos atrás. Nesse momento, a região apresentava uma situação ambiental diferente da atual.
85

Desde o início do Holoceno até uns 1.000 anos a.C., período em que muitas áreas tornaram-se ecologicamente semelhan-
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tes em relação à sua atual configuração ambiental, grupos caçadores coletores, portadores de tecnologias distintas e siste
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85
zona central do Brasil e em uma faixa tropical continental,

NY
mas socioculturais complexos, ocuparam pratica- haja vista que essa região posiciona-se acima do trópico de

TO
mente todo o Centro-Oeste. No milênio anterior ao Capricórnio, que chega a cortar uma faixa do extremo sul

AN
início da Era Cristã, alguns desses grupos gradativa- do Mato Grosso do Sul.
mente desenvolveram ou adotaram técnicas de cul-

N
O relevo do Centro-Oeste é dividido em três principais áre-

MY
tivo, geralmente associadas à produção de recipien-
as ou sub-regiões: o Planalto Central, o Planalto Meridional
tes cerâmicos. Em verdade, o Centro-Oeste parece

0A
e a Planície do Pantanal, conforme podemos observar no
ter sido uma região de confluência para onde várias
mapa a seguir:

20
sociedades indígenas, sobretudo as agricultoras e

70
ceramistas, se deslocaram por motivos variados.

58
Assim, quando os europeus pisaram pela primeira

72
vez na América do Sul, parte considerável do Cen-

85
tro-Oeste brasileiro apresentava-se com um extra-

NY
ordinário mosaico cultural. Porém, grande parte das

TO
sociedades indígenas que ali viviam foram comple-

AN
tamente exterminadas ou assimiladas por povos de
além-mar e seus sucessores ibero-americanos. Mas,

N
MY
ao contrário do que muitos imaginam, a conquista
das sociedades indígenas no Centro-Oeste, a exem-

0A
plo das que atualmente vivem em Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, ainda continua a passos largos 20
70
como parte de um processo de barbárie contínuo e,
58

aparentemente, sem fim.


72

(JORGE EREMITES DE OLIVEIRA & SIBELI APARECIDA VIANA)


85
NY

Com uma área de 1.612.000 km2, o Centro-Oeste é MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO RELEVO DO CENTRO-OESTE BRASILEIRO
TO

a segunda maior Região do Brasil em superfície terri- O Planalto Central, como demonstra o mapa, localiza-se
AN

torial, superada apenas pela região Norte. Entretanto, na maior parte do Centro-Oeste, mas também se estende
N

possui a segunda menor densidade populacional. Por por outras regiões, principalmente para o estado de Minas
MY

essa razão, apresenta algumas concentrações urbanas Gerais. Esse tipo de relevo possui altitudes que variam de
0A

e grandes vazios demográficos. Sua posição central é 600 m a 1.000 m em média, com predomínio de rochas
a única que permite ligação de fronteira com todas as cristalinas e algumas sedimentares, além dos latossolos. Há
20

outras regiões brasileiras, além de ser a única a não


70

uma quantidade razoável de serras e algumas chapadas, a


possuir litoral.
58

exemplo da chapada dos Veadeiros, tombada como patri-


72

mônio da humanidade.
85

O Planalto Meridional, por sua vez, é nada mais do que


Y

uma extensão ao sul do Planalto Central, caracterizado


N
TO

por apresentar um relevo menos acidentado e com solos


mais férteis do que os da maior parte do cerrado. Em
AN

algumas regiões, registra-se a presença da chamada “ter-


N

ra roxa”, que surgiu da decomposição do basalto, uma


MY

rocha de origem vulcânica que se originou na região em


A

um passado geológico.
00
2

A Planície do Pantanal, que ocupa basicamente o oeste


70

do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, é considerada


58

VISTA DA CIDADE DE CAMPO GRANDE, NO MATO GROSSO DO SUL


como a maior planície inundável do mundo. Em tempos
72

de chuva e de cheias dos rios, a maior parte das áreas


85

1.1. Aspectos naturais do local alaga-se, originando o ambiente característico da


Y

As características naturais da Região Centro-Oeste são


N

região. Os grandes lagos são principalmente abastecidos


TO

bastante influenciadas pela localização dessa região, na pelo rio Paraguai.


AN
YN

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é um dos principais fatores responsáveis pela biodi-

TO
versidade da região: “Por se tratar de uma zona de

AN
transição entre sistemas terrestres e aquáticos, o
pantanal pode ser classificado como um grande ecó-

N
MY
tono, que é uma região de alta produtividade e alta
diversidade ecológica” (FRANCISCHINI, 1996). A dre-

0A
nagem das terras baixas é feita por córregos, corixos,

20
vazantes e baías, o que também explica as variações

70
do nível e duração das cheias nas diversas sub-regiões

58
da planície pantaneira, as quais geralmente ocorrem

72
durante o primeiro semestre.

85
NY
PLANÍCIE INUNDÁVEL DO PANTANAL BRASILEIRO No norte do Mato Grosso, no entanto, registra-se o clima

TO
O clima da região Centro-Oeste é caracterizado pela equatorial úmido, muito pela influência do bioma da Ama-

AN
predominância do tipo tropical úmido na maior parte zônia, que é típico da Região Norte e alarga-se para essa
faixa do Centro-Oeste. O índice de precipitação nessa área

N
dessa região, ocupando uma larga extensão de Goiás

MY
e do Mato Grosso. Nesse clima, há duas estações bem é mais acentuado, com um ambiente mais úmido: quente
a maior parte do ano e com baixas amplitudes térmicas.

0A
definidas ao longo do ano: um inverno seco e um verão
muito quente e chuvoso. As temperaturas atingem uma A vegetação do Centro-Oeste mais abundante, ao me-
média de 22 ºC, com mínimas muito variáveis e máximas 20
nos em seu aspecto original, é o cerrado, um tipo de
70
de mais de 40 ºC. Em função do tempo seco na maior savana da América do Sul. Esse bioma, inicialmente, era
58

parte do ano, a amplitude térmica é acentuada, ou seja, o segundo maior do território brasileiro, atrás somente
72

durante o dia, há uma grande diferença entre a menor e da Floresta Amazônica, mas, atualmente, boa parte de
85

a maior temperatura. sua área foi devastada.


NY

Apesar de o cerrado ser conhecido pelas suas árvores de


TO

troncos e galhos retorcidos, com uma vegetação espaçada,


AN

sua paisagem é bastante diversificada, com áreas de cam-


N

po sujo e limpo com poucas árvores, até áreas mais densas,


MY

como no caso dos cerradões. Uma árvore típica desse bio-


0A

ma e muito conhecida é o pequizeiro, cujo fruto é o pequi,


alimento muito consumido na culinária da região.
20

multimídia: música
70
58

FONTE: YOUTUBE
72

Pantanal – Sagrado Coração da Terra


85
N Y
TO
AN

O pantanal
N

As áreas inundáveis, aqui chamadas didaticamente


MY

de terras baixas, compreendem a maior parte do


A

pantanal. São marcadas por uma variabilidade cli-


00

mática interanual, caracterizada por duas estações


PAISAGEM TÍPICA DO CERRADO BRASILEIRO
2

distintas: uma seca, de maio a setembro, e outra chu-


70

vosa, de outubro a abril. Possuem um relevo de bai- Outro importante domínio natural do Centro-Oeste é a
58

xíssima declividade que, associado à distribuição de Floresta Amazônica, no norte do Mato Grosso, na mesma
72

chuvas periódicas na bacia do alto Paraguai, explica faixa de ocupação do clima equatorial úmido. Nessa área,
85

o fenômeno das cheias anuais. Essa sazonalidade existem muitas reservas conservadas, mas também muitas
YN

marcante, também chamada de pulso de inundação, disputas em uma das faixas de fronteira agrícola do Brasil
TO

que envolvem índios, posseiros e grileiros latifundiários.


AN
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85
Além disso, o pantanal, cuja área de inundação já foi men- No deslocamento pelo território, os bandeirantes faziam

NY
cionada, também é uma importante área natural dessa pousos ou paradas de descanso. Quando encontravam ouro

TO
região, com uma grande diversidade em fauna e flora, ou pedras preciosas, fixavam-se no lugar dando início a um

AN
constituindo-se como um dos mais importantes domínios arraial. Muitos desses arraiais deram origem a cidades e vilas.
naturais da humanidade. Corumbá e Cáceres, no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso,

N
ambas nas margens do rio Paraguai, têm suas origens ligadas

MY
A hidrografia da região Centro-Oeste é bastante rica, com a
a postos ou fortificações implantadas por luso-brasileiros.

0A
presença de uma considerável quantidade de grandes rios,
destacando-se o Tocantins, o Araguaia e o Paraná, entre

20
inúmeros outros. As três bacias hidrográficas são: a Ama-

70
zônica, no Mato Grosso, com destaque para o rio Xingu; a

58
Tocantins-Araguaia, dominada pelos dois rios citados; e a

72
bacia Platina, com a presença dos rios Paraguai e Paraná.

85
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VISTA DA CIDADE DE CUIABÁ (1910)

0A
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1.2.1. Marechal Rondon e o Centro-Oeste
70
58

No final do século XIX, Cândido Mariano da Silva Rondon,


72

militar de origem indígena e nascido no Mato Grosso, ini-


85

IMAGEM AÉREA DA DRENAGEM DO RIO ARAGUAIA ciou um importante trabalho de conhecimento dos sertões
mato-grossense e amazônico. Seus trabalhos de campo,
NY

que mapearam rios, divisores de águas e características de


TO

1.2. A mineração e o relevo, entre outros aspectos naturais, foram muito impor-
AN

surgimento das cidades tantes para a elaboração das primeiras cartas geográficas
do estado do Mato Grosso.
N

As primeiras incursões de luso-brasileiros no espaço do


MY

atual Centro-Oeste ocorreram nos séculos XVI, XVII e Sob seu comando, foi construída, em 1890, uma linha tele-
0A

XVIII e foram representadas por aldeamentos indígenas gráfica entre Cuiabá e a região do rio Araguaia; posterior-
organizados por missões religiosas e bandeirismo, que
20

mente, a linha foi estendida até Goiás.


visavam a aprisionar indígenas para vendê-los como es-
70

Ao mesmo tempo em que supervisionava o trabalho de


58

cravos no Nordeste açucareiro ou para garimpar ouro e


construção de linhas telegráficas, Rondon realizava levan-
72

pedras preciosas. tamentos de dados sobre a natureza e fazia o trabalho de


85

atração, pacificação e proteção dos índios.


N Y

Os paulistas Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhangue-


TO

ra), João Leite e Domingos Rodrigues do Prado, em


AN

troca da isenção de impostos pela passagem dos rios


da região, por três gerações, e outras vantagens, saí-
N
MY

ram de São Paulo, em 1722, para descobrir as abun-


dantes lavras de Goiás, em 1725. Com o objetivo de
A

novas descobertas, Bartolomeu Bueno retornou ao


00

território goiano, em 1726, onde foi levantada a pri-


2
70

meira povoação goiana, o arraial da Barra, na conflu-


58

ência dos rios Vermelho e Bugre.


72

Arraial é um lugarejo temporário onde determinados


85

trabalhadores desenvolvem atividades de extração,


NY

geralmente relacionadas com garimpo, mineração, etc. MARECHAL RONDON CONVERSANDO COM ÍNDIOS ARITIS.
TO

(MATO GROSSO, INÍCIO DO SÉCULO XX)


AN
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1.2.2. Estrada de ferro Noroeste do Brasil

NY
Em 1914, foi inaugurada a estrada de ferro Noroeste do Brasil – também chamada de ferrovia Novo Oeste e, atualmente, ALL

TO
–, que foi um marco importante para a articulação da região Centro-Oeste, particularmente entre os estados do Mato Grosso

AN
e São Paulo (em 1914, havia tão somente o estado do Mato Grosso, que foi desmembrado em Mato Grosso do Sul em 1977).

N
A ferrovia permitiu a integração dos espaços geográficos do Centro-Oeste com outras áreas e estimulou as migrações, prin-

MY
cipalmente de paulistas, para o Mato Grosso do Sul, onde fundaram fazendas e abriram novas fronteiras agrícolas.

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AN

MAPA DA FERROVIA ALL – MALHA OESTE


N
MY

1.2.3. A expedição Roncador-Xingu Abriram-se estradas e construíram-se campos de pouso de


0A

emergência. Calcula-se que a expedição tenha dado ori-


No início dos anos 1940, o governo do presidente Getú-
20

gem a cerca de 40 municípios e de quatro bases aéreas.


lio Vargas lançou o projeto “Marcha para o Oeste”, com
70

Graças ao empenho dos irmãos Villas-Bôas, foi criado, em


o objetivo de aumentar o povoamento do Centro-Oeste.
58

1961, o Parque Nacional do Xingu, reserva indígena no


Entre outras iniciativas governamentais, em 1943, no Mato
72

alto do rio Xingu, no estado do Mato Grosso, que abriga


Grosso, foi organizada a Expedição Roncador-Xingu, que
85

indígenas de diversas aldeias com o objetivo de preservar


fez um amplo trabalho de reconhecimento e mapeamento
Y

seus territórios e seus valores culturais.


N

de territórios até então desconhecidos, sob o comando dos


TO

irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Villas-Bôas.


AN

1.2.4. A criação de áreas de colonização


N

Para estimular o desenvolvimento econômico de Goiás


MY

e Mato Grosso por meio do aproveitamento e da ex-


A

ploração dos recursos naturais, o governo federal criou,


00

na década de 1940, duas áreas de colonização: a colô-


2

nia de Dourados, situada a cerca de 220 km ao sul de


70

Campo Grande, e a colônia de Goiás, no município de


58

Ceres, a aproximadamente 150 km ao norte de Goiânia.


72

Em face do sucesso dessa iniciativa, foram implantadas


85

fazendas naqueles Estados por um número crescente de


YN

pessoas vindas, sobretudo de São Paulo, Rio de Janeiro


TO

ORLANDO E CLÁUDIO VILLAS-BÔAS COM O PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS e do Paraná.


AN
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1.2.5. Novas fronteiras agrícolas 1.3. Aspectos econômicos

NY
Mesmo antes dos anos 1940, havia fazendas de gado no

TO
oeste paulista. Com a expansão da pecuária, muitos fa- 1.3.1. Agropecuária

AN
zendeiros ultrapassaram o rio Paraná e entraram no Mato Os dados de população e do PIB são indicativos de que o

N
Grosso, enquanto outros partiram em direção à porção sul Centro-Oeste encontra-se em plena expansão econômica,

MY
do estado de Goiás, onde implantaram fazendas de gado crescimento esse que, nos últimos anos, deve-se, sobretu-

0A
no cerrado. do, ao setor agropecuário. A região tem o maior rebanho

20
Apoiados em estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de do País, com mais de 70 milhões de cabeças de gado bo-

70
Pesquisa – empresa pública fundada, em 1975, com o vino, o que corresponde a mais de um terço do total na-

58
objetivo de produzir tecnologia de apoio à agropecuária cional. Representa quase a metade da soja produzida no

72
brasileira) e na calagem do solo, na década de 1960, houve Brasil – o Mato Grosso contribui com cerca de 28% da

85
um grande fluxo migratório de paulistas, gaúchos, catari- produção nacional.

NY
nenses e paranaenses em direção a áreas de agricultura e

TO
pecuária moderna no Centro-Oeste.

AN
1.2.6. Construção de Brasília

N
MY
Desde o início do governo do presidente Juscelino Kubits-

0A
chek (1956-1961) até a inauguração de Brasília (1960),
milhares de brasileiros, principalmente nordestinos, muda-
ram-se para Goiás para trabalhar nas obras da nova capi- 20
70
58

tal. A transferência da sede do governo também deslocou


72

para lá milhares de funcionários públicos federais, até en-


85

tão instalados na cidade do Rio de Janeiro.


NY
TO

CRIAÇÃO DE GADO, EM CORUMBÁ (MS)


AN

Cada um dos estados do Centro-Oeste destaca-se por


N

determinados produtos agropecuários. Goiás é responsá-


MY

vel por cerca de 33% do sorgo produzido no Brasil e so-


0A

bressai-se também pela produção de arroz e milho. Mato


Grosso é o maior produtor nacional de algodão. Já o Mato
20

Grosso do Sul, além de grande exportador de carne, desta-


70

ca-se pela produção de soja, milho, mandioca, arroz, cana-


58

-de-açúcar, entre outros.


72
85

1.3.2. Modelo agroexportador


N Y

A ocupação e a utilização das terras do Centro-Oeste têm


TO

sido realizadas com base no modelo agroexportador, ou


AN

seja, voltada para a exportação.


N
MY

Esse modelo faz do Brasil, atualmente, o maior exporta-


dor mundial de carne de gado e o segundo de soja, bem
A

como grande exportador de algodão, portas de entrada de


00

dinheiro no País. O que traz consigo, no entanto, algumas


2
70

consequências desfavoráveis.
58

Além do efeito devastador sobre a cobertura vegetal ori-


72

ginal e das consequências ambientais dela decorrentes


85

– erosão, compactação do solo, perda de biodiversidade,


NY

entre outras –, esse modelo causa graves impactos sociais,


TO

VISTA AÉREA DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA (1958) dentre os quais se destacam:
AN
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85
ƒ Concentração de terras nas mãos de poucos proprietá- 1.3.3. A dinâmica econômica da região

NY
rios – pequenos agricultores e pecuaristas ou resistem
No período de 1960-1980, o rápido crescimento da eco-

TO
às pressões dos grandes proprietários ou acabam ven-
nomia do Centro-Oeste deu-se baseado na atividade agro-

AN
dendo suas propriedades, comprometendo a agricultu-
pecuária, e a expansão desta se fez, sobretudo, pela am-
ra familiar regional.

N
pla incorporação de terras ao processo produtivo. A partir

MY
ƒ Intensa migração campo-cidade provocada pela mecani- da década de 1980, o oeste brasileiro tem assentado o

0A
zação intensiva da agricultura comercial de exportação e crescimento de sua economia e da atividade agropecuária
pela baixa demanda de mão de obra da pecuária. essencialmente em um excepcional aumento da produtivi-

20
dade de suas culturas agrícolas.

70
ƒ Agravamento dos problemas urbanos – habitações pre-

58
cárias, violência, falta de saneamento básico, entre outros. Sem dúvida, a grande responsável por essa verdadeira

72
revolução no campo foi a Empresa Brasileira de Pesquisa

85
Agropecuária (Embrapa), fundada em 1973, com o desen-

NY
volvimento de sementes de soja, milho, feijão e algodão
– adaptadas ao solo do cerrado – resistentes, de elevada

TO
produtividade, fornecidas a baixo custo aos produtores.

AN
Paralelamente, houve a ampliação das áreas irrigadas e

N
MY
o desenvolvimento de tecnologias de correção e manejo
do solo, de rotação de culturas, de controle de pragas e

0A
de adubação. Apesar de o maior progresso realizado pela
20
Embrapa ter sido registrado na pesquisa de grãos, deve-se
70
registrar que a pesquisa na área da pecuária, especialmen-
58

te na bovinocultura, teve enorme impacto na economia


72

regional. Como exemplo, em três décadas, o tempo médio


85

para o gado atingir o peso de abate caiu de 72 meses para


NY

24 meses, em média, na região.


TO

VISTA DA FAVELA PARQUE AGROPECUÁRIO DE GOIÂNIA (GO)


O desenvolvimento tecnológico no campo ocorrido no
AN

Brasil nesse período, e com resultados extraordinários no


ƒ Conflitos pelo uso da água – apesar dos fartos recursos Centro-Oeste, caracterizou-se, em suas primeiras fases,
N
MY

hídricos no Centro-Oeste, a gigantesca demanda e o con- pela concentração das atividades modernas e dinâmicas,
siderável desperdício de água pela agricultura comercial tanto do ponto de vista econômico quanto geográfico.
0A

de exportação têm provocado conflitos entre agricultores, Apenas em sua última fase, já consolidado um capitalismo
20

em razão do esgotamento e da poluição de mananciais maduro, é que vai ocorrer uma difusão da modernização
70

– um sistema de irrigação ou pivô central, por exemplo, desses capitais à tecnologia e às formas de organização.
58

consome, em média, um litro de água por segundo por O progresso da biotecnologia e a possibilidade de criar e
72

hectare irrigado e desperdiça mais de 50% dessa água. adaptar sementes permitiram, no espaço de duas gera-
85

ções, transformar o cerrado, que parecia um deserto, em


Y

ƒ Disputas territoriais entre grandes produtores e mora-


uma imensa e próspera região agrícola. E o motor principal
N

dores de comunidades tradicionais e indígenas.


TO

desse processo foi, sem dúvida, a soja. De fato, ao longo


AN

desses dois decênios, a soja ganhou as terras do cerrado –


parte delas anteriormente ocupada pelo arroz – e avançou
N
MY

em direção às bordas da floresta Amazônica, mudando o


aspecto da região.
A
00

O processo de modernização acelerada do setor agrário na


2

região se expressa também na redução do contingente de


70

pessoas ocupadas e na mecanização crescente da ativida-


58

de agrícola, com significativo impacto social. Existem na


72

região cerca de 150 mil famílias de agricultores (proprietá-


85

rios, arrendatários, parceiros, posseiros, cessionários) com


YN

acesso precário à terra (insuficiência de área), o que signifi-


TO

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DO TIPO PIVÔ CENTRAL ca em torno de 40% das famílias rurais e cerca de 330 mil
AN
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assalariados dependentes exclusiva ou majoritariamente A partir dos anos 1980, quando o País vivenciou um inten-

NY
da renda proveniente da agricultura. Não obstante às dis- so processo de desconcentração industrial, com o desloca-

TO
torções geradas no quadro social, a expressiva expansão mento dessas atividades das áreas metropolitanas de São

AN
da atividade agropecuária representou uma mudança no Paulo e Rio de Janeiro em direção aos estados da região
panorama econômico regional. Um dos segmentos que Sul, ao centro-sul de Minas Gerais e ao interior de São Pau-

N
se beneficiou dessa situação foi a indústria de alimentos. lo, o Centro-Oeste e Brasília mais uma vez se viram exclu-

MY
Os maiores destaques ficam com as indústrias de esmaga- ídos. Do mesmo modo, não houve nenhum grande inves-

0A
mento e processamento de soja, de ração animal, frigorí- timento industrial estatal na região, como a Zona Franca

20
fica (incluindo, além da carne bovina, a suína e de frango) de Manaus e o Projeto Grande Carajás, na Região Norte; o

70
e a de laticínios. polo petroquímico de Camaçari e o complexo de Suape, no

58
Nordeste; e o polo petroquímico de Triunfo e a refinaria de

72
1.3.4. Industrialização Araucária, na Região Sul. Não é fortuito, portanto, o redu-

85
zido grau de industrialização regional.
Apesar do avanço ocorrido nas duas últimas décadas, o

NY
Centro-Oeste permanece com um baixíssimo grau de in-

TO
dustrialização de sua economia, situando-se no último pos-

AN
to entre as cinco macrorregiões do País, tendo respondido,
em 2014, por cerca de 4,9% da produção industrial do

N
MY
Brasil, porcentagem muito inferior à participação da região
no PIB nacional (10%). De todo modo, ela vem crescendo,

0A
pois essa participação era de apenas 1,8% (1990), 1,1% multimídia: site
(1980) e 0,8% (1970). Para efeito de comparação, Santa 20
70
Catarina, com população equivalente a um terço da exis-
58

tente no Centro-Oeste, ostentava, em 2011, uma produção https://www.ibge.gov.br/


72

industrial de quase 6% do total nacional.


85

Certamente, o baixo grau de industrialização da região está Predominam os ramos frigorífico, têxtil, de beneficiamento
NY

relacionado à inegável vocação do Centro-Oeste para a ati- de produtos agrícolas, de calçados, de artefatos de madeira e
TO

vidade agropecuária e à formação muito recente de sua eco- de cimento. O perfil da industrialização em Goiás foi alterado
AN

nomia. Talvez, o fator decisivo tenha sido o fato de o Estado nos últimos anos graças ao desenvolvimento das indústrias
brasileiro, na fase mais importante do desenvolvimento in- farmacêutica, metalúrgica e de autopeças, e à instalação de
N
MY

dustrial, quando teve papel ativo na definição da localização uma montadora de veículos automotores em Anápolis.
0A

dos investimentos industriais por meio de projetos estatais


ou de políticas que favoreciam a desconcentração industrial,
20

não ter dedicado ao Centro-Oeste a mesma atenção dada às


70

demais regiões periféricas (Nordeste, Norte e Sul).


58
72

A ausência de estímulo à atividade industrial não atingiu


85

apenas Brasília, mas praticamente toda a região Centro-


-Oeste, embora em menor intensidade. Expressão disso
N Y

foi que, entre todas as superintendências de desenvolvi- INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, EM ANÁPOLIS, GO (2014)
TO

mento regionais criadas (e que tinham um forte objetivo


AN

de promoção da industrialização), a Superintendência do 1.3.5. Extrativismo


N

Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) foi a última a


MY

ser criada, a que dispôs de menor estrutura e suporte por Entre as áreas que abrigam os principais recursos minerais
do Centro-Oeste, merecem destaque os municípios goianos
A

parte do governo federal e a primeira a ser extinta. Mais do


de Niquelândia, Americano do Brasil e outros onde estão lo-
00

que isso, enquanto as demais regiões foram contempladas


calizadas as maiores reservas brasileiras de níquel e amianto.
2

com instituições financeiras federais de fomento, tais como


70

Goiás destaca-se também pela produção de nióbio e cristal


o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), na região Nordeste,
58

de rocha, explorado pela garimpagem, principalmente no


o Banco da Amazônia (Basa), na região Norte, e o Banco
72

município de Cristalina.
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), na
85

Região Sul, o Centro-Oeste ficou privado de tal instrumen- No Mato Grosso do Sul, próximo à cidade de Corumbá, no
NY

to de fundamental importância para a promoção do desen- Maciço do Urucum, há grandes jazidas de minério de fer-
TO

volvimento econômico, particularmente o industrial. ro e minério de manganês, mas que pouco produzem em
AN
YN

71
AM
70
58
72
85
razão da distância dos centros consumidores no Sudeste

NY
– indústrias siderúrgicas – e da grande produção do Qua-

TO
drilátero Ferrífero. Parte dos minérios de ferro e manganês

AN
dali extraídos é utilizada por uma pequena siderúrgica, em
Corumbá, e parte é exportada via rio Paraguai.

N
MY
multimídia: música

0A
20
FONTE: YOUTUBE

70
Canto alegretense – Gaúcho da Fronteira

58
72
Essas paisagens culturais encontradas na Região Sul não

85
lhe tiram a unidade e a originalidade conferidas por certos

NY
elementos naturais e humanos, tais como a ocorrência do

TO
clima subtropical, a mata com araucárias e a presença de
MACIÇO DO URUCUM

AN
uma população de origem europeia, que representa forte
Ainda chamam a atenção os garimpos de ouro e diamante contingente do quadro demográfico.

N
MY
na Baixada Cuiabana (pantanal) e nas nascentes dos rios Sem dúvida, é o clima subtropical o principal elemento a
Paraguai e São Lourenço. Além da remoção de barrancos

0A
conferir ao sul do Brasil a sua originalidade. Esse elemento
e do assoreamento causados por essa atividade, o uso do natural influiu nos processos de povoamento, nas formas
mercúrio na garimpagem do ouro tem contaminado as 20
de ocupação e nos tipos de cultivo aí encontrados. De certa
70
águas dos rios e os peixes. forma, foi também um elemento que facilitou a instalação
58

Já na Amazônia mato-grossense, o extrativismo vegetal é de imigrantes europeus que, como colonos, se radicaram em
72

uma atividade tradicional. Além da madeira, extrai-se o lá- diferentes áreas dos três estados meridionais. Esses colonos
85

tex das seringueiras, nos vales dos rios Juruena e Arinos. No desenvolveram atividades agrárias que contrastam com as
NY

Mato Grosso do Sul, o extrativismo vegetal tem por base a das demais áreas do País. A mentalidade do colono, seu
TO

erva-mate e a raiz da ipecacuanha ou poaia – que fornece espírito empresarial, seus costumes, influíram em diferentes
AN

uma substância utilizada na indústria farmacêutica. setores econômicos e sociais, fazendo de certos trechos da
Região Sul áreas bem originais dentro do conjunto nacional.
N
MY

A Região Sul contribui com 50% do café, 35% do feijão,


0A

29% do arroz e 53% da batata-inglesa produzidos no


20

País. Destaca-se que algumas lavouras são típicas da re-


70

gião, como a soja, o trigo e o tungue. Assim, a Região Sul


58

contribui para o abastecimento de outras áreas do País,


72

sobretudo do Sudeste.
85

A descrição, mesmo sucinta, dos elementos do quadro


Y

natural e da evolução histórico-econômica, leva-nos à


N

EXTRATIVISMO MINERAL, OURO DE ALUVIÃO


TO

compreensão das diferentes paisagens encontradas no


Brasil meridional.
AN

2. Região Sul A principal originalidade do clima do Brasil meridional


N
MY

Dentre as cinco grandes regiões brasileiras, a Região Sul, é se apresentar bastante ameno, contrastando com as
A

isto é, o bloco formado pelos estados do Paraná, Santa outras regiões do País, onde dominam climas quentes.
00

Catarina e Rio Grande do Sul, é a que apresenta menor A posição da região ao sul do trópico de Capricórnio,
2

superfície, com 538.135 km2, perfazendo apenas 6,8% do combinada com a configuração e o relevo sul-america-
70

território nacional. Não obstante, é uma das áreas mais po- no, facilitam a maior penetração das massas polares,
58

voadas e desenvolvidas do País, com 16 milhões de habi- principais responsáveis pelas características climáticas
72

tantes. Ao mesmo tempo, apresenta dentro de seus limites, regionais, no que se refere às temperaturas e na distri-
85

paisagens culturais diversificadas que são a resultante de buição das chuvas. No inverno, o choque das massas
YN

diferentes condições naturais e da evolução histórico-eco- polares com as massas tropicais ocasiona perturbações
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nômica por que passou a região. frontais com instabilidade do tempo, penetração dos
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ventos frios, pluviosidade abundante, quedas bruscas Podemos identificar na Região Sul espaços homogêneos

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de temperatura, ocorrência frequente de geadas e, que refletem a combinação de diferentes fatores naturais,

TO
esporadicamente, a ocorrência de nevascas. No verão, humanos e econômicos. Entre os elementos do quadro
natural, a vegetação desempenhou papel mais destacado.

AN
a região sofre a ação das massas tropicais e da mas-
sa equatorial continental, que avançam para o sul em A dicotomia campo-mata originou diferentes formas de

N
decorrência da menor penetração das massas polares. ocupação, elaborando-se uma estrutura agrária peculiar a

MY
Então, as temperaturas se elevam e podem ocorrer tro- cada uma das áreas. A análise desses espaços homogêne-

0A
voadas e aguaceiros. os permite-nos comprovar essa assertiva.

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2.1. Aspectos naturais

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O relevo da Região Sul é quase que totalmente constituído por planaltos e depressões, além de uma pequena área
58

correspondente à planície da Lagoa dos Patos, no extremo sul. Os planaltos sul-rio-grandense, da bacia do Paraná e
72

do Atlântico, ocupam uma vasta área e, entre eles, posiciona-se a depressão interplanáltica da borda leste da bacia
85

do Paraná.
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Conhecida por ser a região mais fria do País graças aos efeitos da latitude (a região posiciona-se abaixo do trópico de Ca-
TO

pricórnio), o clima predominante é o subtropical, exceto no norte do Paraná, onde o clima é o tropical. As estações são bem
AN

definidas e as chuvas atingem todo o território, de forma bem distribuída ao longo do ano, exceto nas faixas mais ao norte
da região, onde as chuvas concentram-se no verão.
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As limitações em termos de tamanho de área territorial não impedem a diversidade sobre os tipos de vegetação no sul do
A

Brasil. A região conta com as araucárias e o pampa, além de alguns resquícios da Mata Atlântica. É na mata de araucária,
00

que já foi quase toda devastada, que se encontram algumas árvores típicas da região, como o pinheiro-do-paraná e a erva-
2
70

-mate. A vegetação litorânea conta com a presença de mangues e áreas de restinga.


58
72

2.2. A construção de espaços geográficos


85

Durante todo o século XVI, Portugal deu pouca importância às terras que hoje correspondem à região Sul. Várias expe-
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dições de outros países visitaram-na em busca, principalmente, de pau-brasil, sem, contudo, estabelecer núcleos perma-
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nentes de povoamento.
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O povoamento europeu do Sul teve início no século XVII,

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em virtude da implantação de reduções jesuíticas por pa-

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dres espanhóis.

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Também chamadas missões, essas reduções foram siste-
maticamente invadidas por bandeirantes paulistas, que se

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dedicavam ao apresamento de indígenas com o objetivo
multimídia: vídeo

0A
de escravizá-los. Mesmo assim, contribuíram para a forma-
ção de cidades como Santo Ângelo, São Borja, São Luís

20
FONTE: YOUTUBE
Gonzaga, São Miguel das Missões e São Nicolau.

70
Anahy de las Misiones

58
As bandeiras partiam de São Vicente (SP) e da Vila de São O filme conta a saga de uma mulher e seus dois filhos

72
Paulo, em busca de ouro e do apresamento de indígenas. que percorrem o estado do Rio Grande do Sul, duran-

85
Encontraram o metal precioso onde hoje ficam as cidades te a Revolução farroupilha (1835-1845). A história de
de Paranaguá, no litoral, e de Curitiba, no primeiro planal-

NY
uma mãe coragem que possui como único objetivo
to, ambas no Paraná.

TO
manter sua família unida a qualquer custo, e que para
sobreviver perambulam pelos campos gaúchos entre os

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revolucionários farroupilhas e os legalistas caramurus,

N
recolhendo os despojos dos combates. Em sua longa

MY
jornada pela sobrevivência, Anahy passa por episódios

0A
lendários e históricos da Guerra dos Farrapos.
20
O filme foi gravado em mais de 20 locações espalhadas
70
pelo estado do Rio grande do Sul, sendo algumas das
58

cenas mais marcantes rodadas nas cidades de Cambará


72

e Caçapava do Sul.
85
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Isso ocorreu, primeiramente, no litoral, no Rio Grande e


TO

em Pelotas; depois, avançou para o interior, pela região de


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RUÍNAS PARAGUAIAS DE TRINIDAD GUARDAM A FACHADA DO COLÉGIO, Bagé, o que estimulou a instalação de charqueadas na-
A NAVE CENTRAL E OS RESTOS DA IGREJA. quela região.
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A mão de obra para a expansão da criação de gado no Rio


2.2.1. Açorianos
0A

Grande do Sul contou com a participação da mão de obra


O maior povoamento do Sul começou de fato com a chega- escrava e de açorianos livres. Juntamente com os indíge-
20

da de ilhéus açorianos. Em 1742, casais vindos dos Açores nas e espanhóis, esses grupos deram origem ao gaúcho, a
70

fundaram a Vila do Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, e fi- quem se deve muito a manutenção das fronteiras do Brasil
58

xaram-se no vale de vários rios: Gravataí, Sinos e Jacuí, onde com o Uruguai e a Argentina.
72

deram origem a várias cidades. Em Santa Catarina, entre


85

1748 e 1756, desembarcaram cerca de cinco mil açorianos


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que deram início ao povoamento de trechos do litoral e da


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Vila de Nossa Senhora do Desterro, origem de Florianópolis.


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2.2.2. A articulação do Sul com as Minas Gerais


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No final do século XVII e início do século XVIII, a neces-


A

sidade de couro e carne para a região mineradora das


00

Minas Gerais incentivou o deslocamento de paulistas


TROPEIROS
2

para os campos do Sul em busca de gado. Inicialmente,


70

o objetivo foi aproveitar o rebanho bravio, disperso na Para escoar o charque e o couro para os mercados com-
58

área em razão da destruição das missões. Posteriormente, pradores, entre eles a região das Minas, os tropeiros des-
72

em decorrência do crescimento populacional da região locavam-se por grandes distâncias, do sul para o norte,
85

da mineração, o fornecimento de gado por meio da caça transportando as mercadorias em lombos de mulas e
YN

tornou-se insuficiente. Era o começo da formação de es- burros. Ao longo do trajeto, paravam para descansar, per-
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tâncias na vegetação nativa dos campos. noitar e tratar dos animais.


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Alguns pousos dos tropeiros e caminhos de gado de- 2.3.1. Agricultura

NY
ram origem a cidades como São Joaquim, Mafra, Porto
De modo geral, a região Sul apresenta uma agricultura

TO
União, em Santa Catarina; Osório, São Gabriel, Vacaria
moderna. Destaca-se como grande produtora de grãos:

AN
e Viamão, no Rio Grande do Sul; Castro e Lapa, no
soja, milho, arroz, feijão e trigo. Sobressai-se também pela
Paraná. O relevo mais plano das depressões facilitou os

N
produção de aveia, centeio e cevada, graças às caracte-
deslocamentos de sul a norte dos tropeiros, chegando a ter

MY
rísticas favoráveis do clima subtropical. Destaca-se, ainda,
a duração de três meses.

0A
pela cultura do sorgo, da uva, da erva-mate e do tabaco,
no Rio Grande do Sul; da maçã, em Santa Catarina; e da

20
mandioca e do café, no Paraná.

70
58
Diferentemente de outras regiões brasileiras, na região Sul,

72
a atividade agrícola assenta-se nas pequenas propriedades

85
de base familiar – herança do processo de colonização.

NY
As exceções são os latifúndios nos campos da campanha
multimídia: vídeo

TO
gaúcha, no norte do Paraná, nas proximidades das cidades
de Londrina, em Maringá, e nos municípios de Guarapuava

AN
FONTE: YOUTUBE
e Lages, em Santa Catarina.
O Quatrilho

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A história se passa no ano de 1910, numa comuni- Tanto a pequena como a grande propriedade estão inter-
ligadas à agroindústria alimentícia, que produz vinho, café

0A
dade rural na serra do Rio Grande do Sul, habitada
por dois casais muito amigos, que se unem sob o teto solúvel, farinha de trigo, soja, milho, entre outros produtos.
de uma mesma casa, unindo forças para enfrentar as 20
70
dificuldades da vida, até que a esposa de um casal
58

resolve se envolver e decide fugir com o marido do


72

outro casal.
85
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A maior parte do filme foi gravada na cidade de Far-


roupilha, tendo como plano de fundo de muitas cenas
TO

a Cascata do Salto do Ventoso e o caminho de pedras.


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COLHEITA DE UVA EM PEQUENA PROPRIEDADE RURAL,


EM MONTE BELO DO SUL, RS (2013)
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2.2.3. A imigração e a produção


0A

de espaços no Sul
20

O século XIX marcou um novo período de ocupação das


70

terras e de produção de espaços na região Sul. Além da


58

maior ocupação do litoral, o povoamento do interior in-


72

tensificou-se com a imigração europeia, o que acentuou a


85

apropriação das terras indígenas.


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COLHEITA DE SOJA NO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, RIO GRANDE DO SUL (2013)


Após a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em
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1808, a coroa portuguesa tomou várias providências para


2.3.2. Norte do Paraná: do café à soja
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intensificar o povoamento da região da colônia. Para atrair


imigrantes, Dom João VI assinou um decreto permitindo que Vinda do estado de São Paulo, a cafeicultura avançou para
N

estrangeiros se tornassem proprietários de terras no Brasil,


MY

o norte do Paraná, na primeira metade do século XX. En-


custeou as despesas de transporte para os imigrantes, além tre o final dos anos 1950 a 1975, o Paraná foi o maior
A

de oferecer empréstimos para a compra de instrumentos produtor de café no Brasil. A cafeicultura impulsionou o
00

agrícolas, animais de transporte, entre outras facilidades. desenvolvimento dessa sub-região, onde estão as cidades
2
70

de Maringá e Londrina.
58

2.3. Economia Entretanto, por volta dos anos 1960, a cafeicultura co-
72

meçou a ser substituída por outras culturas. As geadas, a


85

Entre as regiões brasileiras, a região Sul, depois da


Região Sudeste, é a mais industrializada e a que apre- perda da fertilidade do solo e a queda do preço do café
NY

senta um PIB mais expressivo – matéria a ser estudada no mercado internacional fizeram com que muitos plan-
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em seguida. tadores abandonassem a cafeicultura e substituíssem-na


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pela cultura do algodão, pela pecuária, pela cultura da ca-

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na-de-açúcar e, principalmente, pela soja.

TO
Como o café era cultivado e colhido sem o uso de máquinas

AN
e a soja tinha uma cultura mecanizada, essa substituição
provocou uma crise social, representada pelo desemprego

N
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e migração de famílias do campo para as cidades. Algumas

0A
pessoas empregaram-se na construção civil, no comércio e
em outros serviços, mas muitas se estabeleceram nas peri-

20
ferias de cidades e tornaram-se boias-frias, dedicando-se ao TRABALHADORES BOIAS-FRIAS NO CORTE DA CANA-

70
DE-AÇÚCAR, NO NORTE DO PARANÁ
corte de cana no estado de São Paulo e no norte do Paraná.

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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

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A região pode definir-se como uma área homogênea que pode resultar de diversos fatores, como regiões de forma-
20
ção natural (geológicas, botânicas, climáticas, etc.), que são o resultado das ação de vários agentes causadores do
70
intemperismo, e regiões humanizadas (agrícolas, industriais, culturais, demográficas, históricas, etc.), que resultam
58

da atividade do homem. Estudar a formação de cada região sob a ótica da história e das ciências sociais é de vital
72

importância para o pleno conhecimento geográfico.


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COLÔNIA CAXIAS, SÉCULO XIX


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2.3.3. Pecuária
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A região Sul tem uma longa tradição na pecuária. Des-


00

de os séculos XVI e XVII, a criação de gado foi intro-


2

duzida pelos colonizadores espanhóis e portugueses.


70
58

Atualmente, a região abriga cerca de 14% do rebanho


72

bovino brasileiro, 38% do ovino, 44% do suíno e, apro-


85

ximadamente, 50% do efetivo de frangos. Amparados


nessa criação, desenvolveram-se grandes frigoríferos
YN

em Santa Catarina, além de laticínios, curtumes e lanifí-


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cios, abastecidos pela lã da pecuária ovina. TOSQUIA DE OVELHA, MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL, RS (2014)
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2.3.4. Extrativismo mineral 2.3.5. Atividade industrial

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Na depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná, Dois fatos marcaram a industrialização da região Sul: a

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há uma faixa de terra que se convencionou chamar de cin- imigração estrangeira e a organização de uma economia

AN
turão carbonífero do sul do Brasil. voltada para abastecer, de início, o mercado regional.

N
O carvão mineral extraído de Santa Catarina destina-se Muitos imigrantes que se dirigiram para o Sul, principal-

MY
principalmente ao mercado nacional e abastece as side- mente japoneses, italianos, alemães, poloneses e ucra-

0A
rúrgicas dos estados de São Paulo e Minas Gerais e do nianos, já eram conhecedores técnicos de fabricação de

20
município de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. produtos de vários ramos industriais – vinho, tecidos, por-

70
celanas, cristais, máquinas, vestuário, móveis, carroças, pro-
O cinturão carbonífero no sul do Brasil

58
dutos alimentícios, entre outros.

72
A partir dos anos 1960, com a integração rodoviária das

85
sub-regiões do Sul, e destas com o Sudeste e outras re-

NY
giões do Brasil, as indústrias do Sul que antes se limita-

TO
vam a atender o mercado regional passaram também a

AN
vender seus produtos para todo o País e para o exterior.
A atividade industrial da região Sul cresceu de forma con-

N
MY
siderável, tornando-a a segunda região mais industriali-
zada do Brasil.

0A
Com o processo de desconcentração industrial em curso,
20
empresas de grande porte vêm se instalando na região Sul.
70
Entre elas, merecem destaque as indústrias automobilísti-
58

cas instaladas em São José dos Pinhais – região metropoli-


72
85

tana de Curitiba – e no município de Gravataí – região me-


tropolitana de Porto Alegre. Outro fator que impulsionou o
NY

desenvolvimento econômico da região Sul foi a criação do


TO

Mercosul, em 1991.
AN

Transportado por ferrovias até os portos de Imbituba e


N

Laguna, em Santa Catarina, segue daí em navios carguei-


MY

ros até Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em direção às


0A

siderúrgicas.
20

Já o carvão extraído no Rio Grande do Sul e no Paraná não


70

é considerado adequado para a siderúrgica, por isso é uti-


58

lizado pelas usinas termoelétricas regionais. A extração do


72

carvão mineral a céu aberto ou em galerias causa danos à


85

paisagem, e os entulhos amontoados na superfície conta-


IMAGEM AÉREA DO COMPLEXO INDUSTRIAL AUTOMOTIVO DA
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minam as águas com sais ácidos. GENERAL MOTORS, EM GRAVATAÍ, RS (2014)


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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 19

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Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropria-

70
ção dos espaços rural e urbano.

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72
Ao longo do século XX, com o advento de novas tecnologias, as transformações no campo e na cidade foram

85
inevitáveis, principalmente em regiões de importantes biomas brasileiros, como no caso do cerrado e do pantanal.

NY
O avanço da agricultura moderna gerou a necessidade de pesquisa e desenvolvimento, criando-se, então, impor-

TO
tantes centros direcionados para a produção intensa com auxílio de produtos químicos e novas tecnologias. Em

AN
contrapartida, esse mesmo avanço da agricultura moderna gerou a redução na plantação de alimentos essenciais
para o consumo da população brasileira, expansão dos impactos ambientais e sociais, crescimento do êxodo rural,

N
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resultando na ocupação desordenada dos centros urbanos.

0A
MODELO 1
20
(Enem) O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente receptivo aos novos fenômenos da urbanização, já
70
que era praticamente virgem, não possuindo infraestrutura de monta, nem outros investimentos fixos vindos
58

do passado. Pôde, assim, receber uma infraestrutura nova, totalmente a serviço de uma economia moderna.
72

ADAPTADO DE: SANTOS, M. A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA. SÃO PAULO: EDUSP, 2005.


85
NY

O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico diretamente associado
a essa ocupação foi o avanço da:
TO

a) industrialização voltada para o setor de base;


AN

b) economia da borracha no sul da Amazônia;


N

c) fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado;


MY

d) exploração mineral na chapada dos Guimarães;


0A

e) extrativismo na região pantaneira.


20
70

ANÁLISE EXPOSITIVA
58

A região Centro-Oeste constituiu-se em área de expansão da fronteira agropecuária, com rápido crescimento
72

a partir dos anos 1980 em diante. Suas cidades, em geral, são novas e se valeram do “boom” do agronegócio,
85

tornando-se prósperas, construídas e reformadas há pouco tempo.


Y

O exercício do Enem pede um conhecimento prévio do aluno acerca do processo econômico associado à ocu-
N
TO

pação do cerrado. O texto do prof. Milton Santos ajuda a elucidar a questão quando fala das novas tecnologias
AN

num espaço quase “virgem” de infraestrutura, referindo-se, principalmente, à formação de novas cidades que
cresceram em função do agronegócio. Além disso, pede para que o aluno relacione essa ocupação do ponto de
N

vista ambiental, pois tal ocupação contribuiu em grande parte para a degradação do bioma cerrado.
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RESPOSTA Alternativa C
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INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

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O Enem costuma cobrar questões sobre demo- Aborda conteúdo sobre fluxos migratórios
grafia do Brasil. Além disso, dê atenção especial à nacionais e internacionais. Atente-se às questões

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questão dos refugiados em nível global. sobre refugiados.

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Aborda questões sobre migração a partir da Não tem Geografia na prova da Unifesp. O conteúdo de migrações internacionais
58

Geopolítica. Atente-se ao conteúdo sobre é bastante cobrado em Geografia geral.


a crise humanitária migratória nas diversas População brasileira também aparece a partir
72

regiões do mundo, incluindo Brasil-Venezuela. de aspectos econômicos.


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Costuma cobrar conhecimentos gerais sobre Leitura de gráficos e conhecimentos sobre Cobra frequentemente os fluxos migratórios Atenção às questões sobre crise migratória.
migrações internacionais. Atente-se à questão a dinâmica demográfica mundial. Questões nacionais. Atente-se à questão dos refugiados.
0A

dos refugiados e das fronteiras. conceituais.


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UFMG
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População é um dos temas que mais costuma Conhecimentos sobre a questão dos Não tem Geografia na prova da FCM-MG.
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cair na prova. refugiados. Atenção especial à América Latina


(México-EUA, Venezuela, etc.).
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É uma prova conceitual que costuma cobrar Cobra Geografia de forma bem ampla dentro Atente-se à questão dos refugiados no Brasil
58

análise de indicadores demográficos. Questões do campo de Estudos Sociais. Atente-se às e no mundo.


72

sobre fluxos migratórios internacionais questões sobre migrações internacionais e


também são recorrentes. desigualdade social.
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GEOGRAFIA 2

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a situação, por meio das pestes, epidemias e mesmo as
AULAS 45 E 46

NY
guerras, que reduzem a população.

TO
Dessa maneira, do ponto de vista de Malthus, o crescimento

AN
demográfico seria muito maior do que o crescimento da pro-
dução de alimentos. Assim, ao final de apenas dois séculos,

N
MY
o crescimento da população teria sido 28 vezes maior que

0A
o crescimento da produção de alimentos, havendo, então,
POPULAÇÃO: TEORIAS escassez de gêneros alimentícios, não satisfazendo a todos

20
DEMOGRÁFICAS os habitantes da Terra e ocasionando uma situação catastró-

70
fica, em que a humanidade morreria de inanição.

58
72
Thomas Malthus sugeriu, como solução para tal catástrofe,

85
o que ele chamou de “sujeição moral”, isto é, a população
em geral deveria adotar uma postura de abstinência nas

NY
COMPETÊNCIA: 2 relações sexuais, objetivando reduzir as taxas de natalida-

TO
de, o que provocaria equilíbrio entre o crescimento demo-

AN
HABILIDADE: 8 gráfico e a produção de alimentos.

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1. Teorias demográficas 20
70
58

Um motivo de grande preocupação para os pesquisado-


72

res e estudiosos sempre foi a relação entre o número de


85

pessoas e a quantidade de recursos disponíveis para ali-


NY

mentá-las e satisfazer o seu nível de consumo. Portanto, os


índices de crescimento populacional são, há muito tempo,
TO

alvo de estudos e preocupações por parte de demógrafos,


AN

geógrafos, sociólogos e economistas. Existem diversos es-


N

tudos e apontamentos sobre o crescimento, a diminuição e


MY

a estabilização dos quantitativos populacionais em todo o THOMAS MALTHUS


0A

mundo. Para explicar, de forma sistemática, essas dinâmi- No período em que Malthus elaborou seu livro, sua teo-
cas, existem as teorias demográficas. ria teve grande aceitação. Entretanto, nos dias atuais, suas
20

ideias são consideradas antiquadas pela maioria daqueles


70

1.1. Teoria malthusiana


58

que se dedicam a esse tipo de estudo. Para os críticos de


72

Malthus, o mais correto seria a redistribuição dos alimentos


Originalmente descrita e formulada pelo economista inglês
85

em nível mundial, já que a escassez também ocorre, em


Thomas Robert Malthus (1776-1834), a teoria malthusia-
grande parte, em decorrência da concentração provocada
Y

na foi publicada no ano de 1798, no livro Ensaio sobre


N

por países mais ricos.


TO

o princípio da população. Economista e pastor da Igreja


anglicana, Malthus era filho de um culto proprietário de O que é perceptível, então, é a concentração de alimentos
AN

terras, formado em Cambridge, na Inglaterra. nos países ricos e, consequentemente, a desigual distribui-
N

ção nos países pobres. Além desse fato, o crescimento das


MY

De acordo com a teoria malthusiana, a população mundial


taxas de natalidade jamais alcançou os níveis assustadores
aumenta em rápida velocidade, podendo ser comparada
A

imaginados por Malthus.


00

a uma progressão geométrica, que seria uma sequência


Outro fator preponderante é que Malthus não contava com
2

numérica do tipo: 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256...; en-


70

quanto a produção total de gêneros alimentícios aumenta inovações no campo. As técnicas de produção aumentaram
58

em ritmo bem mais lento, comparada a uma progressão a produtividade e, dessa forma, a produção final de alimen-
72

aritmética que geraria uma sequência numérica do tipo: 1, tos também foi incrementada.
85

4, 7, 10, 13, 16... A tese de Malthus foi contestada por ignorar a estrutura
YN

Para Malthus, quando a desproporção chega a extremos, a social da economia e as possibilidades criadas pela tecno-
TO

“natureza” encarrega-se de reequilibrar, temporariamente, logia agrícola.


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Por esse motivo, muitos passaram a temer que as previ-

NY
sões de Malthus pudessem, de certo modo, concretizar-se

TO
com um eventual caos proporcionado pelo crescimento

AN
vertiginoso da população mundial. Em razão disso, mui-
tos passaram a defender a utilização de métodos contra-

N
ceptivos, afirmando que o nível de desenvolvimento das

MY
nações estaria relacionado ao crescimento das taxas de

0A
fecundidade.

20
Portanto, a teoria neomalthusiana propunha o resga-

70
te dos ideais de Malthus com o diferencial de que o

58
Estado deveria estabelecer medidas de controle do

72
crescimento da população, principalmente pela disse-

85
minação de métodos anticoncepcionais. Para os neo-

NY
malthusianos, o desenvolvimento da qualidade de vida

TO
1.2. Teoria neomalthusiana e da economia de um país ou região perpassa neces-

AN
sariamente pelo controle da população. Eles apontam
A teoria neomalthusiana ou neomalthusianismo defen- que as causas da miséria da população mais pobre

N
de o controle do crescimento populacional para conter

MY
estão, entre outros fatores, associadas com o elevado
o avanço da miséria nos países subdesenvolvidos. É número de filhos por família.

0A
uma teoria demográfica desenvolvida a partir da refor-
Apesar de essa perspectiva ser, atualmente, muito con-
20
mulação das ideias de Malthus. Essa perspectiva, em
testada pela Geografia, pela Sociologia e por estudos
70
linhas gerais, preconiza a difusão de medidas gover-
demográficos, ela foi (e ainda é) muito presente em po-
58

namentais para intensificar o controle do crescimento


líticas públicas de inúmeros países, a exemplo do Brasil.
72

da população, principalmente em países considerados


Em muitos casos, pílulas anticoncepcionais ou preserva-
85

subdesenvolvidos ou periféricos.
tivos são distribuídos gratuitamente ou a preços muito
NY

baixos. Na Índia, por exemplo, adotaram-se até mesmo


TO

medidas de esterilização da população, em algumas


AN

regiões. Some-se a isso a divulgação na mídia do pla-


nejamento familiar, com a ideia de que a família ideal
N
MY

é composta, basicamente, por, no máximo, dois filhos


por casal.
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UMA DAS PREMISSAS DO PENSAMENTO NEOMALTHUSIANO É A DIFUSÃO DE


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PRODUTOS CONTRACEPTIVOS
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Embora Malthus argumentasse que a quantidade de


AN

habitantes no mundo era desproporcional à quan-


tidade de alimentos e recursos disponíveis, ele não
N
MY

defendia o controle populacional comandado pelo


Estado e, muito menos, por meio da adoção de méto-
A

dos contraceptivos.
00
2

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por CHARGE SOBRE O CRESCIMENTO POPULACIONAL
70

RETIRADO DE: <DISCURSO RETÓRICO>. ACESSO EM: 10/10/2014.


aquilo que se concebeu por explosão demográfica, quando
58

a população mundial começou a aumentar de maneira ver- Uma parte considerável do movimento ambientalista, por
72

tiginosa. Essa taxa de crescimento se manteve ativa, prin- exemplo, é essencialmente neomalthusiana. O movimento
85

cipalmente nos países subdesenvolvidos, onde a população do Dia da Sobrecarga da Terra, liderado pelo WWF, e os
NY

passou a contar gradativamente com melhorias sanitárias Limites do Planeta, do Stockholm Resilience Centre, são
TO

que possibilitaram a elevação da expectativa de vida. aplicações práticas desse conceito.


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Dia da Sobrecarga da Terra

TO
O conceito Sobrecarga da Terra (Overshoot Day, em

AN
inglês) foi originalmente desenvolvido pelo instituto

N
independente britânico de pesquisas New Economics

MY
Foundation, uma organização parceira da Global Footprint

0A
Network. De acordo com os cálculos da Global Footprint
Network, nossa demanda por recursos ecológicos re- AS IDEIAS DE KARL MARX EMBASARAM A TEORIA REFORMISTA

20
nováveis e os serviços que eles fornecem é, atualmente,

70
De acordo com a teoria reformista, se não houvesse pobreza,
equivalente a mais do que 1,5 planetas Terra. Os dados

58
as pessoas teriam acesso à educação, saúde, higiene, etc., o
nos mostram que estamos no caminho de atingir uma

72
que regularia naturalmente o crescimento populacional. Por-
demanda de recursos equivalente a dois planetas, bem

85
tanto, é exatamente a falta dessas condições que acarreta o
antes da metade do século XXI. crescimento desenfreado da população.

NY
Desde 2001, o Dia da Sobrecarga da Terra vem sendo

TO
Nesse caso, é necessário explicar a origem da pobreza. Os
antecipado, em média, três dias a cada ano. A metodo- reformistas atribuem sua origem à má divisão de renda na

AN
logia está em constante evolução e as projeções conti- sociedade, ocasionada, sobretudo, pela exploração a que os

N
nuarão a mudar. Entretanto, todos os modelos científicos países desenvolvidos submetem os países subdesenvolvidos.

MY
demonstram um padrão consistente: avançamos para Assim, a má distribuição de renda geraria a pobreza, que, por

0A
além do nosso “orçamento“ desde a década de 1970. sua vez, geraria a superpopulação.

20
Outra crítica dos estudiosos reformistas aos malthusianos diz
70
respeito ao crescimento da produção. Para Malthus, ela cres-
58

1.3. Teoria reformista cia em ritmo inferior ao da população. Já para os reformistas,


72

contudo, isso também não é verdadeiro, pois, com o início da


85

As ideias básicas dessa teoria são todas contrárias às revolução industrial e a consequente revolução tecnológica,
NY

de Malthus. Sua principal afirmação nega o princípio tanto a agricultura quanto a indústria aumentaram sua ca-
malthusiano, segundo o qual a superpopulação é a cau- pacidade produtiva, resolvendo, dessa forma, o problema da
TO

sa da pobreza. Para os reformistas, é a pobreza que gera produção. Isso significa que temos tecnologia suficiente para
AN

a superpopulação. produzir alimentos para o triplo da população mundial.


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MAPA DA FOME NO MUNDO (FAO)


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caso, a tendência é que se chegue a um ponto em que

NY
haverá tantas pessoas no mundo que o meio ambiente não

TO
será capaz de suprir a necessidade de todos.

AN
Outra premissa do ecomalthusianismo é a de que a maior
quantidade de habitantes na Terra também gera mais im-

N
MY
pactos ambientais, podendo prejudicar o clima, os solos e
multimídia: vídeo

0A
os recursos renováveis, de modo geral. Até mesmo a ideia
de sustentabilidade ficaria em xeque, uma vez que a sua

20
FONTE: YOUTUBE
definição trabalha com a ideia de garantir a natureza e os

70
Inferno (2016)
recursos naturais para as gerações futuras.

58
Inferno se passa quase todo em Florença, cidade italia-

72
na de Dante Alighieri. Dan Brown estabelece uma inte-

85
ressante analogia entre a obra que consagrou o poeta

NY
italiano – que, nas palavras de Brown, “definiu o que os

TO
católicos entendem como o ‘inferno bíblico‘” – e o futu-
ro do planeta Terra, ante o aumento exponencial da po-

AN
pulação humana. Para um dos personagens da trama, a

N
população humana age como um vírus, multiplicando-

MY
-se e consumindo recursos até a inviabilidade da vida.

0A
20
A QUESTÃO DO ECOMALTHUSIANISMO É: SERÁ QUE
O MUNDO SUPORTA TANTA GENTE?
70
1.4. Ecomalthusianismo
58
72

O ecomalthusianismo é uma teoria demográfica e também


85

ambiental que questiona a relação de desequilíbrio entre


NY

o crescimento populacional e a disponibilidade de recur-


TO

sos naturais, além da capacidade da natureza de resistir


à crescente intervenção humana, em função do aumento
AN

gradativo das populações. multimídia: livro


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0A

As populações do mundo – Pierre-Jean Thumerelle


20

Obra determinante dos profundos laços existentes entre


70

demografia e geografia, que procura explicar os meca-


58

nismos demográficos e os processos de povoamento,


72

segundo as escalas geográficas e históricas. Insiste so-


85

bre as dinâmicas diferenciais que aproximam ou opõem,


Y

atualmente, as populações dos grandes conjuntos ge-


N
TO

ográficos e culturais do mundo. Enfim, uma obra que


explora os potenciais dessa mudança.
AN
N

1.4.1. Contestações e críticas


MY

ao ecomalthusianismo
A
00

O ECOMALTHUSIANISMO RELACIONA O EXCESSO Malthus foi amplamente criticado por não considerar as
2

evoluções tecnológicas e o seu papel de intensificar a pro-


70

POPULACIONAL COM O MEIO AMBIENTE

dução de mercadorias e alimentos, o que contribuiu para


58

A teoria ecomalthusiana opera com a mesma linha de um aumento nos recursos disponíveis para as sociedades
72

raciocínio que a teoria malthusiana. Para ela, o número em geral. No entanto, boa parte de seus pensamentos foi
85

crescente de pessoas na Terra demanda uma maior utiliza- remodelada em teorias demográficas, tais como o neomal-
NY

ção de recursos naturais e, consequentemente, uma maior thusianismo e o próprio ecomalthusianismo, que também
TO

exploração dos elementos disponíveis na natureza. Nesse são criticados a partir do mesmo princípio.
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De acordo com as premissas da transição demográfica, por Independentemente do fato de a teoria ecomalthusiana

NY
exemplo, o crescimento populacional desordenado não é estar correta ou incorreta, uma coisa precisa ser conside-

TO
a principal preocupação populacional dos tempos atuais, rada: precisamos repensar a forma com que consumimos e
mas sim o envelhecimento médio dos habitantes, com a

AN
utilizamos os recursos da natureza, bem como os modelos
redução das taxas de natalidade e também das taxas de de preservação, a fim de garantir um desenvolvimento sus-

N
mortalidade, com o consequente aumento da expectativa tentável que assegure uma melhor qualidade de vida para

MY
de vida. Portanto, creditar um problema ambiental ao ex- a posteridade.

0A
cesso populacional, conforme essa linha de raciocínio, seria

20
um erro.

70
Outros críticos ao ecomalthusianismo apontam o aumento

58
do consumo da população, além dos maiores impactos ge-

72
rados pela produção crescente de lixo e de poluentes em

85
geral. Os Estados Unidos, por exemplo, segundo algumas or-

NY
ganizações ambientais, são responsáveis por mais de 15%

TO
do consumo mundial, apesar de ter somente 6% da popula- multimídia: música
ção total. Com isso, estima-se que seriam necessários vários

AN
FONTE: YOUTUBE
planetas Terra para suportar essa demanda, caso todos os

N
- Paratodos – Chico Buarque
países resolvessem seguir o mesmo padrão.

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VIVENCIANDO
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Fazer uma análise comparativa sobre as políticas natalistas de alguns países da Ásia, Europa e América do Sul.
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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 8

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Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfren-

70
tamento de problemas de ordem econômico-social.

58
72
Os estudiosos de todos os tempos têm se dedicado ao problema da população e seus reflexos, principalmente

85
na economia e no meio ambiente. Sabe-se que as populações vivem de acordo com as condições daquele

NY
ambiente em termos de alimentação, vestimentas, habitações e muitos outros elementos sociais e ambientais

TO
que a comunidade precisa. Essas questões têm deixado as autoridades e estudiosos vinculados aos problemas

AN
populacionais, numa ligação direta com a produção de alimentos e infraestrutura para esta população que
cresce continuamente. A delimitação de um tamanho ótimo de população constitui uma das questões dos

N
cientistas que trabalham nesse campo, bem como dos governantes das nações do mundo, visto que um estudo

MY
pormenorizado de todas as regiões terá que ser levado em conta, porque muitas variáveis implicam no fenôme-

0A
no populacional. A questão populacional é coisa séria e precisa de muito debate e discussão, considerando que
20
se reconhece a existência de bolsões de miséria e fome nos países subdesenvolvidos, e as políticas públicas,
70
muitas vezes, não têm conseguido resolver o problema. É importante enfatizar que, para resolver tal problema,
58

deve-se considerar uma política que integre questões de educação, emprego, cultura, saúde, etc.
72
85

MODELO 1
NY

(Enem) Em material para análise de determinado marketing político, lê-se a seguinte conclusão:
TO

A explosão demográfica que ocorreu a partir dos anos 50, especialmente no Terceiro Mundo, suscitou teorias
AN

ou políticas demográficas divergentes. Uma primeira teoria, dos neomalthusianos, defende que o crescimento
demográfico dificulta o desenvolvimento econômico, já que provoca uma diminuição na renda nacional per
N
MY

capita e desvia os investimentos do Estado para setores menos produtivos. Diante disso, o país deveria de-
0A

senvolver uma rígida política de controle de natalidade. Uma segunda, a teoria reformista, argumenta que o
problema não esta na renda per capita e sim na distribuição irregular da renda, que não permite o acesso à
20

educação e saúde. Diante disso o país deve promover a igualdade econômica e a justiça social.
70
58

Qual dos slogans a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista dos reformistas?
72

a) Controle populacional já, ou o país não resistirá.


85

b) Com saúde e educação, o planejamento familiar virá por opção!


Y

c) População controlada, país rico!


N

d) Basta mais gente, que o país vai pra frente!


TO

e) População menor, educação melhor!


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ANÁLISE EXPOSITIVA
MY

A teoria reformista diverge das teorias malthusianas, pois os reformistas atribuem aos países ricos ou de-
A

senvolvidos a responsabilidade pela intensa exploração imposta aos países pobres ou subdesenvolvidos,
00

que resultou em um excessivo crescimento demográfico e pobreza generalizada. Defendem a adoção


2
70

de reformas socioeconômicas para superar os graves problemas. A redução do crescimento demográfico


58

seria consequência dessas reformas. Segundo a teoria reformista, a fome e o crescimento populacional
72

são consequências do subdesenvolvimento.


85

RESPOSTA Alternativa B
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DIAGRAMA DE IDEIAS

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TEORIAS

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DEMOGRÁFICAS

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MALTHUSIANA NEOMALTHUSIANA REFORMISTA

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• SÉCULO XVII • ALTA NATALIDADE CAUSA POBREZA • ALTA NATALIDADE É CONSEQUÊNCIA

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• PRODUÇÃO DE ALIMENTOS CRESCE • CONTROLE DE NATALIDADE DA POBREZA

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EM PROGRESSÃO ARITMÉTICA • DISSEMINAÇÃO DE ANTICONCEPCIONAIS • POLÍTICAS DE REDISTRIBUIÇÃO

MY
• POPULAÇÃO CRESCE EM • PLANEJAMENTO FAMILIAR DE RENDA
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA • POLÍTICA DO FILHO ÚNICO • INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO,

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• SUJEIÇÃO MORAL ESPORTE, LAZER E SAÚDE
• CELIBATO 20 • GERAÇÃO DE EMPREGO
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• CASAMENTOS TARDIOS
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PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO EM 2015
AULAS 47 E 48

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País População aproximada

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1.º China 1.401.586.609 hab.

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2.º Índia 1.282.390.303 hab.

0A
3.º EUA 325.127.634 hab.
POPULAÇÃO: CONCEITOS E

20
4.º Indonésia 255.708.785 hab.
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

70
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5.º Brasil 203.657.210 hab.

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NY
COMPETÊNCIA: 2
1.2. Densidade demográfica

TO
A densidade demográfica é um conceito populacional re-

AN
HABILIDADE: 8 ferente à média do número de pessoas residentes por
unidade de área em uma dada localidade e é geralmen-

N
MY
te medida na relação habitante por quilômetro quadrado
(hab./km2). No Brasil, o estudo da densidade demográfica, em

0A
termos gerais e também regionais, nos permite facilmente ob-
1. Conceitos demográficos 20
servar a má distribuição da população pelo território nacional.
70
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA APRESENTA BAIXAS DENSIDADES


70

DEMOGRÁFICAS: ESTÁ MAL DISTRIBUÍDA PELO TERRITÓRIO.


58

COMPREENDER OS CONCEITOS DEMOGRÁFICOS É FUNDAMENTAL


72

PARA ENTENDER AS DINÂMICAS POPULACIONAIS De acordo com dados oficias do IBGE, o número de habi-
85

A Demografia ou Geografia da População é a área da ciên- tantes do Brasil é de 208.758.530. A área territorial oficial
Y

cia geográfica que se preocupa em estudar as dinâmicas e do país é de 8.515.767,049 km². Dessa forma, se calcular-
N

mos a densidade demográfica do Brasil, temos:


TO

os processos populacionais. Para entender, por exemplo, a


lógica atual da população brasileira, é necessário, primei-
AN

D (densidade demográfica) = H (número de habitantes) /


ramente, entender alguns conceitos básicos desse ramo do T (área territorial)
N

conhecimento.
MY

D = 208.758.530 hab. / 8.515.767,049 km²


A

1.1. População absoluta D = 24,51435423


00
2

População absoluta é o total de habitantes de um certo D ≈ 24,5 hab/km²


70

lugar. Por exemplo, a China possui a maior população ab-


58

Portanto, a densidade demográfica do Brasil é de 24,5 habitan-


soluta entre os países do mundo, com aproximadamente
72

1,4 bilhão de habitantes, ou seja, de cada 5 habitantes do tes por quilômetro quadrado, ou seja, o país é pouco povoado.
85

planeta Terra, 1 é chinês (cerca de 20% dos 7 bilhões de No entanto, se considerarmos os valores demográficos
NY

habitantes do planeta). Podemos, portanto, afirmar que a regionais, essa relação se altera significativamente, pois,
TO

China é o país mais populoso do mundo. como já afirmamos, a população brasileira se encontra
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mal distribuída, uma vez que há regiões com elevadís- ƒ 2.o Sul = 48,58 hab/km²

NY
sima concentração de pessoas e outras com verdadei-
ƒ 3.o Nordeste = 34,15 hab/km²

TO
ros “vazios demográficos”. A cidade de São Paulo, por
exemplo, apresenta mais de 7,3 mil hab/km², ao passo ƒ 4.o Centro-Oeste = 8,75 hab/km²

AN
que várias cidades na Região Norte apresentam índices ƒ 5.o Norte = 4,12 hab/km²

N
menores que 10 hab/km².

MY
Se considerarmos a divisão dos estados brasileiros, a lide-
Em virtude da história econômica do Brasil, as maiores

0A
rança fica com o Distrito Federal (444,7 hab/km²), tanto por
taxas de densidade demográfica se encontram na região causa da capital Brasília quanto pelas grandes aglomera-

20
Sudeste, seguida pelo Sul e pelo Nordeste. Confira os da- ções urbanas que se formaram após a rápida urbanização

70
dos regionais (quando a densidade demográfica nacional de seu entorno. Em seguida, temos o Rio de Janeiro (365,2

58
ainda era de 22,4 hab/km2):

72
hab/km²), São Paulo (166,2 hab/km²), Alagoas (112,3 hab/

85
ƒ 1.o Sudeste = 86,92 hab/km² km²) e Sergipe (94,3 hab/km²).

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Densidade demográfica nas grandes regiões - 1872/2010

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Portanto, considerando a análise dos dados, é possível também observar que, espacialmente, o Brasil possui uma concentra-
ção populacional em toda a faixa litorânea do território nacional. Isso, de certa forma, é um reflexo do povoamento histórico
N
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do país e demonstra que as políticas de “marcha para o Oeste”, adotadas no século XX, foram insuficientes para promover
uma total interiorização da população.
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Brasil: densidade demográfica (2010)


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A MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SE ENCONTRA NAS ÁREAS LITORÂNEAS DO TERRITÓRIO.


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1.3. Superpovoamento ou Entre as principais causas da mortalidade infantil estão a

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falta de assistência e de instrução às gestantes, a ausência
superpopulação

TO
de acompanhamento médico, a deficiência na assistência

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Qual a diferença entre local populoso, local densamente hospitalar, a desnutrição, o deficit nos serviços de sanea-
povoado e local superpovoado? mento, entre outros. A ausência de saneamento provoca a

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Um local densamente povoado é um local com muitos ha- contaminação da água e dos alimentos, podendo desen-

0A
bitantes por km2; enquanto um local populoso é um local cadear doenças como hepatite A, malária, febre amarela,
cólera e diarreia.

20
com uma população muito grande em termos absolutos.

70
Um local superpovoado é caracterizado por não ter recur- Conforme dados do Fundo de População das Nações Uni-

58
sos suficientes para abastecer toda a sua população. das (Fnuap), a taxa de mortalidade infantil mundial é de 45

72
O Brasil é populoso; porém, não é densamente povoado. óbitos a cada mil crianças nascidas vivas. Estes dados estão

85
Bangladesh não é um país populoso, mas superpovoado. em constante declínio, visto que, há 20 anos, o número de

NY
O Japão é populoso e densamente povoado, mas não é mortes de crianças com menos de um ano era de 65 a cada

TO
superpovoado. mil crianças nascidas vivas.

AN
Contudo, é importante destacar que essa redução não

N
1.4. Taxa de mortalidade infantil ocorre da mesma forma em todos os países. Nas nações

MY
economicamente desenvolvidas, a taxa de mortalidade in-

0A
A taxa de mortalidade infantil expressa o número de fantil é muito baixa, chega a registrar médias inferiores a
crianças de um determinado local que morrem antes de
20
três mortes para cada mil nascidos, como Japão, Islândia,
completar um ano de vida a cada mil nascidas vivas. Esse
70
Finlândia, Suécia, Noruega e Cingapura. No Brasil, essa
dado é um indicador da qualidade dos serviços de saúde,
58

taxa é de 14 para cada mil nascidos.


de saneamento básico e de educação.
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Taxa de Mortalidade Infantil por mil


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nascidos vivos - Brasil - 2000 a 2015


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Por outro lado, alguns países possuem taxas de mortali-


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dade infantil altíssimas: Afeganistão (152), Chade (127),


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Angola (111), Guiné-Bissau (109), Nigéria (107), Somália


N

(106), Mali (103) e Serra Leoa (102). Diante desse cenário,


MY

a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu a redução


A

da mortalidade infantil entre uma das oito metas de desen-


00

volvimento do milênio.
2
70

Para que o objetivo seja alcançado, os países ricos devem


58

contribuir para a estruturação das nações que enfrentam


72

esse grande problema social, realizando a construção de


85

hospitais, capacitação da equipe médica, educação fami-


NY

liar, subsídios para a alimentação adequada, saneamento


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ambiental, entre outros.


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MAPA DA TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS, EM DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIDOS

TO
1.5. Taxa de fecundidade Unidas (Fnuap), a taxa de fecundidade é de 2,52 filhos por

AN
mulher. Esse resultado confirma uma tendência mundial de
A taxa de fecundidade consiste em uma estimativa do número redução no número de filhos.

N
médio de filhos que uma mulher tem ao longo da vida. Esse

MY
indicador expressa a condição reprodutiva média das mulheres A queda da taxa de fecundidade nos últimos anos é conse-

0A
(de 15 a 49 anos) de um determinado local, sendo um dado quência de vários fatores, tais como projetos de educação

20
importantíssimo para a análise da dinâmica demográfica. sexual, planejamento familiar, utilização de métodos con-
70
traceptivos, participação da mulher no mercado de traba-
58

lho, expansão da urbanização, entre outros.


72

Para que a reposição populacional seja assegurada, a taxa


85

de fecundidade não pode ser inferior a 2,1 filhos por mu-


NY

lher, pois as duas crianças substituem os pais e a fração


TO

0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem


antes de atingir a idade reprodutiva.
AN

Baseada em dados de 2009, a ONU divulgou os seguintes


N
MY

A TAXA DE FECUNDIDADE ESTÁ EM CONSTANTE DECLÍNIO. resultados de fecundidade: Europa (1,52), Canadá e Esta-
dos Unidos da América (2,02), América Latina (2,17), Ásia
0A

Conforme dados do relatório sobre a situação da popula- (2,3), Oceania (2,42) e África (4,45). No Brasil, a taxa de
20

ção mundial de 2010, do Fundo de População das Nações fecundidade é de 1,94 filho por mulher.
70
58

Taxa de fecundidade em alguns países


72

Mulheres brasileiras têm mais filhos que as chilenas e menos que as argentinas
85

5
Y

4,5 4,3
N
TO

4 3,8
AN

3,5
3,0
3
N

2,8
2,6
MY

2,4
2,5 2,3
2,1
1,94
A

2 1,8 1,8 1,8


00

1,4 1,4 1,4


1,5 1,3 1,3
2

1,2
70

1
58

0,5
72

0
85

i os o l
qu
e
ist
ão ua ia do sia ina nid as
il ile nid áli
a
ga ina ba pã
o ssi
a
nia
rag Índ un alá nt Br Ch str tu Ch Cu Rú lô
Ira qu Pa M M rg
e
os
U oU Au Po
r Ja Po
Y

Pa A ad in
t Re
Es
N
TO

Fonte: IBGE; Síntese dos Indicadores Sociais; ONU


AN
YN

92
AM
70
58
72
85
de demografia, como a taxa de natalidade, a taxa de

NY
mortalidade e o saldo migratório.

TO
AN
1.6.1. Taxa de natalidade

N
É a relação matemática entre o número de nascimentos

MY
em um ano e o total de habitantes de um determinado
multimídia: vídeo

0A
local. Essa relação é expressa para cada mil habitantes (‰)

20
FONTE: YOUTUBE e não inclui aqueles que já nascem mortos (natimortos).

70
Inferno (2016) Confira o exemplo:

58
”Inferno” se passa quase todo em Florença, cidade ita-

72
Em uma cidade, cuja população é de 20 mil pessoas, houve
liana de Dante Alighieri. Dan Brown estabelece uma in-

85
um registro de 155 nascidos vivos durante um ano. Qual é
teressante analogia entre a obra que consagrou o poeta

NY
italiano – que, nas palavras de Brown, “definiu o que os a taxa de natalidade?

TO
católicos entendem como o ‘inferno bíblico‘” – e o futu-
nascimentos anuais: 155 – população total: 20.000
ro do planeta Terra, ante o aumento exponencial da po-

AN
pulação humana. Para um dos personagens da trama, a nascimentos x 1.000
taxa de natalidade (Tn) = _________________

N
população humana age como um vírus, multiplicando- número de habitantes

MY
-se e consumindo recursos até a inviabilidade da vida.

0A
155 x 1.000
Tn = __________ Tn = 7,75%
20.000
20
Na cidade em questão, para cada mil pessoas, nasceram
70
1.6. Crescimento populacional 7,75 crianças.
58

ou demográfico
72
85

Compreender o crescimento populacional requer o entendi-


NY

mento de conceitos como crescimentos vegetativo e abso-


TO

luto, saldo migratório e taxas de natalidade e mortalidade.


AN
N
MY

multimídia: livro
0A
20

População e geografia – Amélia Luisa Damiani


70

Esse livro retoma a questão populacional no interior da


58

chamada Geografia Clássica, trabalhando com ideias


72

como superpopulação relativa, de Marx, e superpopula-


85

ção absoluta, de Malthus. Segundo a autora, a fome e a


Y

MULHER CAMINHA EM NOVA IORQUE JUNTO A UM CARTAZ


miséria de parte substancial da população humana fezem
N

DA CAMPANHA DO FUNDO DE POPULAÇÃO DAONU (UNFPA)


TO

SOBRE O TEMA DO CRESCIMENTO POPULACIONAL. renascer o espectro dessas teorias.


AN

Para uma melhor compreensão sobre a dinâmica das po-


N

pulações, foram elaborados conceitos para medir a forma


MY

com que o número de habitantes aumenta no mundo e


A

em locais específicos. Esse tipo de medição é importante


00

para ajudar na elaboração de políticas habitacionais, bem


2
70

como para traçar metas futuras de ações coletivas e indivi-


58

duais. Existem, assim, dois principais tipos de crescimento


72

populacional: o crescimento vegetativo ou natural e o cres- multimídia: música


85

cimento absoluto.
FONTE: YOUTUBE
NY

Para melhor compreender esses dois importantes ter- Idade – Tim Maia
TO

mos, é importante revisarmos alguns conceitos básicos


AN
YN

93
AM
70
58
72
85
1.6.2. Taxa de mortalidade Milhões de habitantes

NY
7000

Representa o número de falecimentos durante o período 6000

TO
de um ano para cada mil habitantes. O cálculo é muito 5000

AN
semelhante ao da taxa de natalidade. Observe: 4000

N
3000
Na mesma cidade do exemplo anterior, o número de fale-

MY
cimentos em um ano foi de 75 pessoas. Então, a taxa de 2000

0A
mortalidade é: 1000

20

Anos
0
75 × 1000
taxa de mortalidade (Tm) = _________

1000

1200

1400

1600
1700
1800
1900
1910
1920
1930
1940

70
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2005
20.000

58
Tm = 3,75%
1.7. Expectativa de vida ou esperança de vida

72
85
Nessa cidade, morreram 3,75 pessoas para cada mil habitantes.

NY
1.6.3. Saldo migratório

TO
AN
É o resultado do número de imigrantes (pessoas que che-
gam) menos o número de migrantes (pessoas que saem).

N
MY
Considerando a sequência dos exemplos anteriores, na

0A
referida cidade houve uma saída de 500 pessoas e uma

20
entrada de 1.650 pessoas. 70
saldo migratório (Sm) = migrantes – imigrantes A EXPECTATIVA DE VIDA DAS MULHERES É SUPERIOR À DOS HOMENS.
58
72

Sm = 1.650 – 500 oSm = 1.150 A expectativa de vida, também chamada de esperança de


85

vida, consiste na estimativa do número de anos que um indi-


víduo vive. Esse dado é muito importante, visto que é um dos
NY

Agora que já sabemos esses conceitos, podemos entender


melhor o crescimento vegetativo e o crescimento absoluto. critérios utilizados pelo Programa das Nações Unidas para o
TO

Desenvolvimento (Pnud) para se calcular o Índice de Desen-


AN

O crescimento vegetativo, também chamado de crescimen- volvimento Humano (IDH) de um determinado lugar.
to natural, representa a diferença entre a taxa de natalida-
N

Vários fatores exercem influência direta na expectativa de


MY

de e a taxa de mortalidade. Já o crescimento absoluto é o


vida da população de um país: serviços de saneamen-
0A

número de nascimentos menos o número de falecimentos, to, alimentação, índice de violência, poluição, serviços de
somado ao saldo migratório, dividido pela população total,
20

saúde, educação, entre outros. Portanto, o aumento da


em porcentagem (%).
70

expectativa de vida está diretamente associado à me-


58

Com base na cidade mencionada, vamos calcular o cresci- lhoria das condições de vida da população. Os avanços
72

mento populacional vegetativo e absoluto: nesses dados estão sendo obtidos desde 1950. Em 2010,
85

constatou-se um aumento de quase 20 anos na expecta-


tiva de vida da população mundial nesse período (1950-
Y

crescimento vegetativo = Tn – Tm
N

2010). No entanto, esse aumento ocorreu de forma desi-


TO

CV = 7,75 – 3,75 gual entre os países desenvolvidos, em desenvolvimento


AN

CV = 4% e as nações subdesenvolvidas.
População mundial com 60 anos e + entre 1950 e 2100
N
MY

30 3,5
nascimentos – mortes + saldo migratório x 100
crescimento = ___________________________________
População de 60 anos e + (em bilhões)

absoluto população total 25 3,0


A

2,5
00

20
2,0
155 – 75 + 1.150 × 100
2

CA = ___________________ 15
70

20.000 1,5
58

10
1,0
72

CA = 6,15% 5 0,5
85

0 0,0
1950

1960

1970

1980

1990
2000

2010

2020

2030

2040

2050

2060

2070

2080
2090

2100

Portanto, a taxa de crescimento vegetativo dessa cidade


YN

foi de 4‰ (quatro por mil) e o crescimento absoluto foi de Número absoluto de idosos Idosos 60 anos e + (%)
TO

6,15% durante o período de um ano. World Population Prospects: The 2012 Revision, http://esa.un.org/unpd/wpp/index. htm
AN
YN

94
AM
70
58
72
85
Outra discrepância nos dados da expectativa de vida se re- ƒ Migração definitiva: migração ou mudança defini-

NY
fere aos sexos: as mulheres, na maioria dos países, vivem tiva de moradia.

TO
mais que os homens. Alguns possíveis fatores responsáveis
ƒ Desmetropolização: processo contrário, em que a

AN
por esse fenômeno são:
população migra em massa para cidades menores, so-

N
ƒ a mortalidade infantil superior entre bebês do sexo bretudo para as cidades médias.

MY
masculino;

0A
ƒ mais cuidados das mulheres com a saúde; e

20
ƒ os trabalhos mais perigosos exercido pelos homens.

70
58
Atualmente, a expectativa de vida da população brasilei-

72
ra é de 75,8 anos, da qual as mulheres vivem, em média,

85
79,4 anos e os homens, 72,2 anos. Confira os países que multimídia: vídeo

NY
apresentam as maiores e as menores expectativas de vida
FONTE: YOUTUBE

TO
do planeta.
Quanto tempo o tempo tem

AN
ƒ Países com maiores expectativas de vida: Documentário nacional, dirigido por Adriana Dutra e Wal-

N
1. Japão: 86,3 anos ter Carvalho (2016), trata da história de nossa percepção

MY
2. Mônaco: 85 anos acerca do transcorrer do tempo.

0A
3. França: 84,5 anos O roteiro também abrange questões como as mudanças
4. Espanha: 84,3 anos 20
nas fases da vida, o aumento da expectativa de vida, a
70
5. Suíça: 84,2 anos revisão das idades esperadas para se dedicar aos estu-
58

dos, ao trabalho e à aposentadoria. Um debate sobre o


72

6. Itália: 83,9 anos


tempo cronológico, biológico e social e o que podemos
85

7. Austrália: 83,9 anos esperar dessas transformações em nossas vidas.


NY

8. Islândia: 83,5 anos


TO

9. Liechtenstein: 83,5 anos 1.8. Êxodo rural


AN

10. Suécia: 83,2 anos


Bastante significativo na segunda metade do século XX,
N

ƒ Países com as menores expectativas de vida:


MY

vem perdendo força nos últimos anos. O êxodo rural cor-


1. Suazilândia: 42,4 anos responde ao processo de migração em massa da popu-
0A

2. Lesoto: 43,9 anos lação do campo para as cidades, fenômeno que costuma
20

3. Zimbábue: 44,2 anos ocorrer em um período de tempo considerado curto, duran-


70

te algumas décadas. Trata-se de um elemento diretamente


4. Afeganistão: 44,2 anos
58

associado a várias dinâmicas socioespaciais, tais como a


72

5. Zâmbia: 44,7 anos urbanização, a industrialização, a concentração fundiária e


85

6. Moçambique: 45,6 anos a mecanização do campo.


Y

7. Serra Leoa: 46,7 anos


N
TO

8. Angola: 47 anos
AN

9. República Centro-Africana: 47,4 anos


N

10.República Democrática do Congo: 48,6 anos


MY

ƒ Crescimento migratório: é a taxa de crescimento


A

de um local medida a partir da diminuição da taxa de


00

imigração (pessoas que chegam) pela taxa de emigra-


2
70

ção (pessoas que se mudam).


58

CADA VEZ MENOS TRABALHADORES HABITAM O MEIO


72

ƒ Migração pendular: realizada diariamente pela po- RURAL DE GRANDES PROPRIEDADES NO BRASIL.
85

pulação, como ir ao trabalho e voltar.


Um dos maiores exemplos de como essa questão cos-
NY

ƒ Migração sazonal: ocorrida durante um determina- tuma gerar efeitos no processo de produção do espaço
TO

do período, como a viagem a trabalho. pode ser visualizado quando analisamos a conjuntura do
AN
YN

95
AM
70
58
72
85
êxodo rural no Brasil. Sua ocorrência foi a grande res- Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos destacar.

NY
ponsável pela aceleração do processo de urbanização em
ƒ Aceleração da urbanização bastante concentrada nas

TO
curso no país, que aconteceu mais por valores repulsivos
grandes metrópoles do país, sobretudo na Região Su-

AN
do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas do
campo do que pelo grau de atratividade social e financei- deste, ao longo do século XX. Essa concentração ocor-

N
ra das cidades brasileiras. reu, principalmente, porque o êxodo rural foi acompa-

MY
nhado de um deslocamento em direção aos polos de

0A
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, nas maiores atratividades econômicas e com mais acentu-
décadas de 1960 e 1980, manteve patamares relativamen- ada industrialização.

20
te elevados nas décadas seguintes e perdeu força total na

70
entrada dos anos 2000. Segundo estudos publicados pela ƒ Expansão desmedida das periferias urbanas, com a for-

58
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o mação de habitações irregulares e o crescimento das

72
êxodo rural, naquelas duas primeiras décadas, contribuiu favelas, em várias metrópoles do país.

85
com quase 20% de toda a urbanização do país, passando

NY
para 3,5% entre os anos 2000 e 2010.

TO
De acordo com o censo demográfico de 2010 divulgado

AN
pelo IBGE, o êxodo rural está, de fato, desacelerado nos

N
tempos atuais. Em comparação com o censo anterior

MY
(2000), quando a taxa de migração campo-cidade por

0A
ano era de 1,31%, a última amostra registrou queda para
0,65%. Esses números consideraram as porcentagens em
relação a toda a população brasileira. 20
70
58

Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir do nú-


72

mero de migrantes em relação ao tamanho total da popula-


A FAVELIZAÇÃO É UM DOS EFEITOS DA URBANIZAÇÃO ACELERADA.
85

ção residente no campo no Brasil, entre 2000 e 2010, a taxa


NY

de êxodo rural foi de 17,6%, um número bem menor que o


da década anterior: 25,1%. Na década de 1980, essa taxa ƒ Aumento do desemprego e do emprego informal. O êxo-
TO

era de 26,42% e, na década de 1970, era de 30,02%. Por- do rural, acompanhado do crescimento das cidades, pro-
AN

tanto, nota-se, claramente, a tendência de desaceleração, ao piciou o aumento do setor terciário e também do campo
de atuação informal, que gerou acentuada precarização
N

passo que as regiões Centro-Oeste e Norte apresentam um


MY

pequeno crescimento no número de habitantes do campo. das condições de vida dos trabalhadores. Além disso, com
um maior exército de trabalhadores de reserva nas cida-
0A

As migrações des, houve uma significativa elevação do desemprego.


20

Cada vez menos pessoas se mudam para São Paulo e Rio e muitas
70

saem das capitais para o interior ƒ Formação de vazios demográficos no campo. Nas re-
58

giões Sudeste, Sul e, notadamente, Centro-Oeste, for-


72

maram-se verdadeiros vazios demográficos no campo,


85

cujas densidades demográficas tornaram-se pratica-


Y

Anos 70 Anos 90
mente nulas em várias áreas.
N

Quase 50% Mais de


TO

dos 10 milhões 5 milhões de


de pessoas que brasileiros
1.8.1. Causas do êxodo rural no Brasil
AN

se mudaram trocaram de
para cidades cidade, mas
grandes foram apenas 6% foram
ƒ Concentração da produção do campo, à medida que a
N

para São Paulo e Rio para grandes capitais


MY

Fonte: Nepo-Unicamp
menor disponibilidade de terras proporciona maior mo-
bilidade da população rural de média e baixa rendas.
A

Os principais fatores responsáveis pela queda do êxodo ru-


00

ral no Brasil são: a quantidade já escassa de trabalhadores


ƒ Mecanização do campo, com a substituição dos traba-
2

rurais no país, exceto no Nordeste, que ainda possui uma


70

lhadores rurais por maquinários, gerando menos em-


relativa reserva de migrantes; e os investimentos, mesmo
58

pregos no setor primário e forçando a saída da popula-


que tímidos, para os pequenos produtores e agricultores
72

ção do campo para as cidades.


familiares. Existem, dessa forma, vários programas sociais
85

do governo para garantir que as pessoas encontrem me- ƒ Fatores atrativos oferecidos pelas cidades – mais empre-
YN

lhores condições de vida no campo, embora esses investi- gos nos setores secundário e terciário, graças ao rápido,
TO

mentos não sejam considerados tão expressivos. porém tardio, processo de industrialização vivido pelo país.
AN
YN

96
AM
70
58
72
85
ƒ Fase 1: elevadas taxas de natalidade compensadas
2. Transição demográfica

NY
por altas taxas de mortalidade.

TO
A transição demográfica é um conceito que descreve a di-
nâmica do crescimento populacional decorrente dos avan- ƒ Fase 2: decréscimo nas taxas de natalidade e

AN
ços da medicina, da urbanização, bem como o desenvolvi- mortalidade.

N
mento de novas tecnologias, entre outros fatores.

MY
ƒ Fase 3: declínio nas taxas de natalidade.
A teoria nasce dos estudos iniciados pelo demógrafo esta-

0A
ƒ Fase 4: os índices de natalidade e mortalidade se
dunidense Warren Thompson. Ele observou as mudanças (ou

20
estabilizam.
transição) que tinham experimentado nos últimos 200 anos

70
as sociedades industrializadas do seu tempo com respeito

58
às taxas de natalidade e de mortalidade. De acordo com es-

72
sas observações, expôs a teoria da transição demográfica,

85
segundo a qual uma sociedade pré-industrial passa, demo-

NY
graficamente falando, por quatro fases ou estágios antes de

TO
derivar numa sociedade plenamente pós-industrial.

AN
multimídia: site

N
MY
0A
www.ibge.gov.br/home/

20
70
58
72
85
NY
TO
AN
N
MY
0A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


20
70
58
72
85

A demografia é uma área do conhecimento das ciências sociais e significa, literalmente, “estudo do povo”. De fato,
Y

ela tem seu interesse voltado às populações (humanas ou não) e sua dinâmica. Também chamada de “Geografia
N
TO

da População”, por se relacionar estreitamente com a Geografia, a demografia se baseia em dados quantitativos,
especialmente os estatísticos, de modo a analisar, organizar e fornecer informações sobre os mais variados aspectos
AN

populacionais e, assim, permitir uma apropriação qualitativa dessas mesmas informações.


N
MY

Na prática, os dados demográficos permitem um mapeamento das dimensões e estruturas sociais, bem como a dis-
tribuição humana pelos territórios do planeta, incluindo ainda informações socioculturais, econômicas, étnicas, dentre
A

outras, acerca das características da sociedade como um todo ou de um grupo específico. Por ser um recurso valioso
00
2

em cada nação, as populações são alvo do planejamento sistemático (em maior ou menor grau em cada nação) para
70

definir políticas públicas para todas as áreas de influência governamental (economia, educação, segurança, cultura,
58

saúde, etc.). Portanto, o conhecimento da dinâmica populacional é crucial; de modo geral, é utilizado para determinar
72

políticas para o estímulo (ou que dificultem) do crescimento populacional. Contudo, essas informações estão sendo
85

cada vez mais utilizadas de modo transversal e interdisciplinar, com o objetivo de aprimorar as intervenções do Esta-
Y

do em diversos segmentos sociais.


N
TO
AN
YN

97
AM
70
58
72
85
NY
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

TO
AN
N
MY
0A
HABILIDADE 8

20
Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfren-

70
tamento de problemas de ordem econômico-social.

58
72
Entender a configuração de uma população é algo necessário em virtude de diversos aspectos. Por isso, ao realizar

85
estudos sobre esse tema, é preciso considerar os conceitos demográficos, que são informações temáticas que

NY
servem para observar as carências em determinados segmentos sociais. A interação entre tendências básicas que

TO
determinam a natureza da dinâmica demográfica pode gerar tanto necessidades específicas e desafios para as
políticas públicas como oportunidades que precisam ser aproveitadas para o desenvolvimento do país.

AN
N
MODELO 1

MY
(Enem) O processo registrado no gráfico gerou a seguinte consequência demográfica:

0A
20
70
58
72
85
NY
TO
AN
N
MY

a) Decréscimo da população absoluta.


b) Redução do crescimento vegetativo.
0A

c) Diminuição da proporção de adultos.


20

d) Expansão de políticas de controle da natalidade.


70

e) Aumento da renovação da população economicamente ativa.


58
72

ANÁLISE EXPOSITIVA
85

A diminuição da taxa de fecundidade está atrelada a diversos fatores, como a inserção da mulher no mercado de
Y

trabalho nas últimas décadas. A partir disso, há o decréscimo da taxa de natalidade, fazendo com que ela se aproxime
N
TO

das taxas de mortalidade, reduzindo, assim, o crescimento vegetativo (diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de
mortalidade). A questão aborda o crescimento demográfico brasileiro. Seguindo uma tendência mundial, sobretudo dos
AN

países urbanizados, a taxa de fecundidade no Brasil está em constante declínio. De acordo com dados divulgados pelo
N

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país registra uma média de 1,94 filho por mulher. Entre os fatores
MY

que contribuem para a queda da fecundidade, está a urbanização, o trabalho feminino e os métodos contraceptivos. A
A

queda da taxa de fecundidade gera, como consequência, a redução do crescimento vegetativo.


00
2
70

RESPOSTA Alternativa B
58
72
85
YN
TO
AN
YN

98
AM
70
58
72
85
NY
DIAGRAMA DE IDEIAS

TO
AN
N
MY
0A
CONCEITOS

20
DEMOGRÁFICOS

70
58
72
POPULAÇÃO ABSOLUTA

85
NY
POPULAÇÃO RELATIVA CRESCIMENTO VEGETATIVO

TO
SUPERPOVOAMENTO TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

AN
• 1.ª FASE: TN E TM ALTAS
• 2.ª FASE: QUEDA NA TM

N
TAXA DE NATALIDADE

MY
• 3.ª FASE: QUEDA NA TN
• 4.ª FASE: TN E TM BAIXAS E ESTÁVEIS

0A
TAXA DE MORTALIDADE
20
70
IMIGRANTES - MIGRANTES
TAXA DE FECUNDIDADE
58
72

TIPOS DE MIGRAÇÃO INTERNA


85

SALDO MIGRATÓRIO
NY

MIGRAÇÃO ÊXODO
EXPECTATIVA DE VIDA
TO

MIGRAÇÃO SAZONAL
PENDULAR RURAL
AN
N
MY
0A
20
70
58
72
85
YN
TO
AN
N
A MY
00
2
70
58
72
85
NY
TO
AN
YN

99
AM
70
58
72
85
AULAS 49 E 50 1. Pirâmide etária

NY
TO
AN
N
MY
0A
POPULAÇÃO BRASILEIRA

20
70
58
72
85
NY
EXEMPLO DE PIRÂMIDE ETÁRIA
COMPETÊNCIAS: 2e4

TO
Pirâmide etária é um gráfico organizado para classificar a

AN
HABILIDADES: 6 e 16 população de uma determinada localidade por faixas de
idade e por sexo. Esse gráfico é formado por barras super-

N
MY
postas que se concentram em torno de um eixo. As barras
inferiores representam a população mais jovem e as supe-

0A
riores, a população mais velha. Do lado direito do eixo, sempre se quantifica a população feminina e, do lado esquerdo, a
população masculina (ver figura acima). 20
70
58

As pirâmides populacionais são importantes para a elaboração de planejamentos públicos, a médio e a longo prazos. Por
72

exemplo, se a estrutura etária da população apontar que há uma grande quantidade de jovens com elevados índices de
85

natalidade, alerta-se para a necessidade de implementação de políticas que atendam à inclusão das faixas etárias no futuro,
com projetos que visem à ampliação e à melhoria de creches e escolas, como medidas possíveis.
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Outra importância da observação e análise das pirâmides etárias é conhecer a evolução da população, avaliando as taxas de
natalidade em comparação à população adulta e aferir a necessidade ou não de uma política de controle de natalidade no país.
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Observe o gráfico demonstrativo abaixo da pirâmide etária brasileira, de acordo com o censo de 2010.
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PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA EM 2010 (IBGE)


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Além disso, existe a possibilidade de se realizarem projeções etárias, utilizando também o formato de pirâmides, para se
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calcular qual será o formato da população, para prever a quantidade de jovens e a população economicamente ativa de um
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período em comparação à população idosa e infantil.


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Existem quatro tipos principais de pirâmide populacional, classificados de acordo com a idade predominante da população.

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ƒ Pirâmide jovem: tem sempre uma base mais ampla, em virtude dos altos índices de natalidade, e um topo muito es-

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treito, em virtude da alta mortalidade e da baixa natalidade em tempos anteriores. Esse tipo de pirâmide é mais frequente

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em países subdesenvolvidos.

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ƒ Pirâmide adulta: tem uma base também ampla, com taxa de natalidade menor, no entanto, em face da população
infantil e jovem.

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ƒ Pirâmide envelhecida: tem população adulta predominante e base bem reduzida; a quantidade de idosos é signifi-

70
cativamente maior em comparação às demais pirâmides. Esse tipo de pirâmide é mais comum em países desenvolvidos.

58
ƒ Pirâmide rejuvenescida: apresenta um relativo aumento do número de jovens em relação a um período anterior,

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em razão do aumento da fecundidade, frequente em países desenvolvidos que estimulam a natalidade.

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PROJEÇÕES ETÁRIAS
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1.1. Pirâmide etária da população brasileira


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A pirâmide etária da população brasileira indica o perfil demográfico do país, que, atualmente, é caracterizado como adulto.
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ATUALMENTE, O BRASIL É CONSIDERADO UM “PAÍS ADULTO”.


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A estrutura etária da população brasileira representa a média de idade no país a partir da quantidade de pessoas jovens (até
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19 anos), adultas (de 20 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos de idade). A pirâmide etária nada mais é do que o gráfico
58

que expressa os dados referentes a essa quantificação, de modo a permitir a melhor análise dessa questão.
72

A pirâmide etária da população brasileira vem se transformando ao longo dos anos, o que indica uma mudança no perfil
85

demográfico em relação ao crescimento demográfico nacional. Anteriormente, quando as taxas de natalidade eram mais
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elevadas, a base da pirâmide era mais ampla e o topo, mais estreito, o que caracterizava o país como predominantemente
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jovem. Nos dias atuais, observa-se que estamos em fase pós-transição.


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EVOLUÇÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA

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Essa mudança do perfil populacional brasileiro se deve à 20
70
redução da natalidade ao longo do tempo, o que se soma
58

à igual redução das taxas de mortalidade. Para se ter uma


72

ideia, em 1960 a taxa de fecundidade (número de filhos


85

por mulher) no Brasil era de 6,21; nos dias atuais, esse


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número despencou para 1,94. Por outro lado, a expecta-


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tiva de vida no Brasil saltou de 54,6 para 73,6 anos no multimídia: vídeo
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mesmo período. FONTE: YOUTUBE


Portanto, verifica-se que o Brasil está passando por um
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Envelhescência
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processo de envelhecimento populacional, ou seja, aumen- Dirigido por Gabriel Martinez e com argumento de Rugge-
0A

to da média de idade da população. No entanto, a médio e ro Fiandanese, o longa metragem Envelhescência relata a
longo prazos, isso poderá ser bastante problemático, uma história de seis pessoas que vivem a vida de maneira plena
20

vez que pode contribuir para uma redução proporcional da


70

e nos mostram, através de suas próprias experiências, que


população economicamente ativa (PEA), que corresponde
58

os costumes e a rotina após os 60 anos podem ser repletos


ao número de pessoas aptas a exercer algum trabalho. Ao
72

de atividades e bom humor. Intercalado com comentários


mesmo tempo, os gastos sociais, sobretudo com a previ-
85

de especialistas (Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg e


dência social, vão se elevar, como já é o caso de alguns Mário Sergio Cortella), o filme sugere uma nova perspectiva
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países europeus.
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sobre o significado do envelhecimento em nossas vidas.


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POPULAÇÃO NA FILA DE ATENDIMENTO EM POSTO DA


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PREVIDÊNCIA SOCIAL EM SÃO PAULO


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1.2. População economicamente ativa (PEA)

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Sob o ponto de vista demográfico e econômico, há uma série de termos utilizados para mensurar e estabelecer estatísticas
20
sobre as características socioeconômicas e espaciais de um país ou território. Um dos mais importantes é o conceito de
70
população economicamente ativa.
58
72

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a PEA como a mão de obra com a qual o setor produtivo pode
85

contar, número de habitantes em idade e condições físicas para exercer algum ofício no mercado de trabalho.
NY

De acordo com essa conceituação, a PEA compreende o que o IBGE classifica como população ocupada e população desocu-
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pada. A ocupada é a que possui algum ofício remunerado ou não, em um período de referência, por conta própria ou como
empregador. População desocupada é aquela que, apesar de apta, não está trabalhando.
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Numa definição mais simples, PEA é a população empregada ou em condições de trabalhar que realiza algum esforço para
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isso. Consequentemente, a população não economicamente ativa (PIA) é classificada como a que não possui idade, interesse
ou condição de exercer algum ofício.
0A

A classificação da idade para o enquadramento na PEA varia de país para país. Em alguns, compreende-se a população entre
20

10 e 60 anos. No Brasil, a idade mínima é 15 anos. Portanto, além de econômico, trata-se também de um conceito demográfico.
70
58

Em países subdesenvolvidos ou em boa parte dos emergentes, a pirâmide etária indica, com frequência, uma população predo-
72

minantemente jovem, em face das elevadas taxas de natalidade e mortalidade. Neles, a PEA se apresenta em grande quantidade,
85

que vai resultar em mão de obra farta e barata, o que atrai muitas empresas. Em alguns países emergentes e na maioria dos de-
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senvolvidos (da Europa, sobretudo), há um envelhecimento populacional que resulta das baixas taxas de natalidade e de mortali-
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dade e da alta expectativa de vida. Com isso, proporcionalmente, a PEA é muito baixa, o que pode comprometer suas economias.
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PEA POR SETOR PRODUTIVO


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O Brasil vem assistindo a uma gradativa redução de sua PEA, graças a essas mesmas mudanças demográficas. Recentemen-

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te, deixamos de ser considerados “jovem” e passamos a ser “adulto”, graças ao processo de envelhecimento populacional:

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elevação da média de idade da população.

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1.3. População economicamente ativa do Brasil

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Subdesenvolvido ou desenvolvido, todo país tem sua população economicamente ativa. No caso específico do Brasil, a PEA

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soma, aproximadamente, 55 milhões de pessoas, índice muito baixo, uma vez que o restante da população não é economi-

20
camente ativo. Em diversos países desenvolvidos, o índice da PEA é aproximadamente superior a 75%.

70
No Brasil, a PEA entre os homens é representada por 58% e entre as mulheres, 42%.

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A POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA COMPREENDE A POPULAÇÃO OCUPADA E A DESOCUPADA.


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O Brasil de hoje vem atravessando muitas mudanças nos diversos setores da economia. A partir da década de 1940, quando
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teve início, tardiamente, o processo de industrialização, houve um acelerado crescimento urbano provocado pela mecanização do
campo. Isso ocasionou a perda de postos de trabalho nesse setor e promoveu um enorme fluxo de trabalhadores para os centros
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urbanos, um fenômeno conhecido como êxodo rural. Todo esse fluxo desencadeou uma diminuição de trabalhadores inseridos
no setor primário.
0A

O setor secundário, por outro lado, teve um grande crescimento, em razão dos fatores mencionados, crescimento que perdu-
20

rou até os anos 1980, quando houve uma queda proveniente das crises econômicas por que passou o país naquele período,
70

bem como pela modernização desse setor, que levou à perda de muitos postos de trabalho.
58
72

O setor terciário brasileiro é o que mais cresce recentemente. Isso ocorre por causa da urbanização do país e das necessida-
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des das grandes cidades que impulsionam o mercado de prestação de serviços. Esse setor tem oferecido muitas oportunida-
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des de trabalho, de mão de obra especializada e de baixa qualificação.


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2. As etnias no Brasil

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CRIANÇAS INDÍGENAS BRINCANDO NO AMAZONAS
O BRASIL TEM DIFERENTES COMPOSIÇÕES ÉTNICAS.

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Dificilmente existe uma nação como o Brasil, com tão com- ƒ Brancos: a grande maioria da população branca tem

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plexa e variada composição étnica da sua população. Nos- origem europeia (ou são descendentes). No período

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sa formação populacional advém de, basicamente, cinco colonial, vieram para o Brasil espanhóis, holandeses,
distintas fontes migratórias: franceses, italianos e eslavos. A Região Sul abriga gran-

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de parte dos brancos da população brasileira, pois es-
ƒ nativos que já se encontravam no território antes da ses imigrantes ocuparam tal área.

0A
chegada dos portugueses. Esses povos (indígenas)

20
eram descendentes de homens que chegaram às Amé- 70
ricas pelo estreito de Bering;
58

ƒ portugueses que vieram para o Brasil a fim de explorar


72

as riquezas da colônia;
85
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ƒ negros africanos que foram trazidos pelos europeus


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para trabalhar como escravizados em engenhos na


produção do açúcar a partir do século XVI;
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ƒ imigrantes europeus que chegaram ao país em gran-


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des levas a partir da segunda metade do século XIX;


0A

ƒ imigrantes vindos da Ásia e do Oriente Médio. DESCENDENTES DE ALEMÃES EM BLUMENAU, SC


20
70

ƒ Negros: vieram como escravizados para trabalhar na


58

produção de açúcar e, mais tarde, na cultura do café.


72

O Brasil é um dos países que mais utilizou a mão de


85

obra escrava no mundo. Hoje, os negros se concentram


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principalmente em áreas onde a exploração foi mais


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intensa: regiões Nordeste e Sudeste.


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Com base nessas considerações, a população brasileira fi-


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cou com a seguinte composição étnica:


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ƒ Indígenas: grupo étnico que habitava o território brasi-


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leiro antes da chegada dos portugueses, quando soma-


85

vam 5 milhões de pessoas. Foram quase dizimados, res-


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tando somente 350 mil índios; atualmente, existem 170


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mil na Região Norte e 100 mil na Região Centro-Oeste. CRIANÇAS BRINCAM EM PARQUE DE SALVADOR, BA
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2.1. A população indígena no Brasil


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Atualmente, a maioria da população indígena no Brasil se concentra na Região Norte. As tribos ticuna e guarani são as mais
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numerosas.
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Não se sabe com exatidão o número de indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos colonizadores (1500);
porém, estima-se que houvesse entre 4 e 5 milhões deles em terras brasileiras. Esse número foi drasticamente reduzido em
0A

consequência dos massacres realizados pelos colonizadores e, posteriormente, pelos conflitos com fazendeiros e garimpeiros
20

que invadiram terras indígenas.


70

Conforme dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), existem, atualmente, 460 mil índios residindo em aldeias no Brasil,
58
72

que correspondem a 0,25% da população brasileira. São mais de 107 milhões de hectares (12% do território brasileiro) di-
85

vididos em 656 diferentes áreas indígenas. No entanto, a população indígena no Brasil é maior, uma vez que esses números
não incluem os índios que residem em locais fora de aldeias, número estimado em 100 mil.
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População indígena, por situação do domicílio, segundo a localização do domicílio – Brasil, 2010
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População indígena por situação do domicílio


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Localização do domicílio
Total Urbana Rural
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Total 896.917 324.834 572.083


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Terras indígenas 517.383 25.963 491.420


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Fora de terras indígenas 379.534 298.871 80.663


58

FONTE: IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO 2010.


72

Atualmente, são mais de 225 etnias ou sociedades indígenas no Brasil, com 180 línguas e dialetos distintos. Esses
85

grupos estão espalhados em praticamente todo o território nacional, mais concentrados na Região Norte, em especial
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no estado do Amazonas – 17% do total. Algumas tribos (aproximadamente 55) são isoladas sem muitas informações
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sobre elas.
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Guajajara 14 mil

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Xavante 12 mil

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Ianomâmi 12 mil

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Pataxó 9 mil

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Potiguara 7 mil

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As tribos indígenas mais populosas do Brasil, ticuna e gua-

70
rani, somam juntas 30 mil integrantes ou mais. Por todo

58
o contexto histórico de massacres à população nativa do

72
Brasil, é essencial a realização de políticas públicas dire-

85
cionadas à proteção do índio, evitando invasões às suas
terras por parte de fazendeiros, garimpeiros, madeireiros,

NY
A Funai, órgão responsável pela proteção e realização de posseiros, entre outros, que pretendem realizar a explora-

TO
pesquisas sobre essa população, divulgou as tribos com o ção econômica das suas áreas. Outro fator é a construção

AN
maior número de integrantes: de hidrelétricas, que, em alguns casos, obriga a população
indígena a se retirar de suas terras por causa do alagamen-

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Ticuna 35 mil

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to das represas.
Guarani 30 mil

0A
O fim do preconceito contra as comunidades indígenas
Caingangue 25 mil
precisa ser defendido, bem como a preservação das suas
20
tradições culturais e religiosas, cujas interferências devem
70
Macuxi 20 mil
ser punidas. O dia 19 de abril comemora o Dia Nacional
58

Terrena 16 mil
72

do Índio.
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2.2. População negra Em 2007, um caso polêmico chamou a atenção da mídia bra-

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sileira: dois irmãos gêmeos idênticos concorreram ao vestibu-
O antropólogo Darcy Ribeiro considerava o contingente ne-

TO
lar da Universidade de Brasília (UnB) sob o sistema de cotas.
gro e mestiço “o mais brasileiro dos componentes do nosso

AN
Na universidade havia uma banca que, após analisar as fotos
povo“, uma vez que, desafricanizado pela escravidão e não dos candidatos, definia quem era negro e quem não era. Após

N
sendo indígena nem branco reinol, só restava a ele assumir terem suas fotos analisadas pela banca, um dos gêmeos foi

MY
uma identidade plenamente brasileira. Isso não quer dizer considerado negro, e o outro não. O sociólogo Demétrio Mag-

0A
que negros e mestiços tenham se integrado à sociedade
noli considera perigoso a instauração de “tribunais raciais“
brasileira sem serem estigmatizados. Muito pelo contrário,

20
no Brasil, o que aproximaria o país das nações racialistas e
muitos brasileiros desenvolveram vergonha das suas origens

70
paranoicas do século passado. Em 1933, a Alemanha nazista
negras, seja pelo fato de que descender de escravizados re-

58
definiu como judeu aquele que tinha ao menos um quarto de
mete a um passado de humilhações e sofrimentos que deve-

72
“sangue judaico“ (equivalente a um avô). Em 1935, o próprio
ria ser esquecido ou pelos estereótipos negativos que foram

85
Hitler alteraria a regra, e passou-se a considerar como judeu
construídos em torno da negritude, associando-a a mazelas

NY
somente quem tinha mais de dois terços de “sangue judaico“,
sociais como a pobreza e a criminalidade.
sendo alemães os “meio-judeus“ (ou seja, com apenas dois

TO
Portanto, assumir-se negro no Brasil sempre foi muito difí- avós judeus). Nos Estados Unidos, sob as leis de Jim Crow, era

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cil, por todo o conteúdo ideológico antinegro que historica- considerada negra qualquer pessoa com uma gota de sangue

N
mente se desenvolveu no país, onde ainda hoje impera a africano (one-drop rule), mesmo que não aparentasse sê-la.

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ideologia do branqueamento e um padrão branco-europeu Na África do Sul do Apartheid, quando havia dúvida sobre a

0A
estético e cultural. Desse modo, no Brasil, apenas as pessoas negritude da pessoa, era feito o “teste do pente“: se o pente
de pele preta retinta são consideradas negras, sendo que o
20
enroscasse no cabelo, a pessoa era negra, e se o pente desli-
mestiço já é pardo e, portanto, meio-branco e, se tiver a pele
70
zasse até o chão, era branca.
um pouco mais clara, passa a ser visto como branco.
58

No censo do IBGE de 2010, 7,6% dos brasileiros identifi-


72

caram sua cor ou raça como preta; 43,1%, como parda; e


85

47,7%, como branca. Esses dados, contudo, devem ser ana-


NY

lisados com cautela, haja vista a histórica tendência ao bran-


TO

queamento que se observa nas classificações raciais no país.


Para efeitos estatísticos, o IBGE classifica como população
AN

negra a soma dos pretos e pardos, embora essa metodologia


N

venha a ser questionada por alguns, uma vez que a maioria


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dos pardos são mestiços, que não se identificam nem como


0A

negros, nem como brancos, mas como um grupo separado.


20

Além disso, muitos pardos não são descendentes de africa-


70

nos, mas de índios, principalmente nos estados do Norte.


58
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Raça é um conceito social, político e ideológico, não tendo


TO

uma sustentação biológica, uma vez que não é possível sepa-


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rar biologicamente seres humanos em raças distintas. Em um


país profundamente miscigenado como o Brasil, não é fácil
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definir quem é negro, uma vez que muitos brasileiros, apa-


rentemente brancos, são parcialmente descendentes de afri-
A

canos, assim como muitos negros são parcialmente descen-


00

O Estado brasileiro, que historicamente assumiu diversas


dentes de europeus. Acrescenta-se a isso o grande número de
2
70

atitudes claramente racistas, como no final do século XIX,


pardos, cuja classificação racial pode ser bastante ambígua.
58

quando proibiu a entrada de imigrantes africanos e asiáti-


Para o antropólogo Kabegele Munanga, da Universidade de
72

cos no país, ao mesmo tempo em que promovia a entrada


São Paulo, a questão é problemática e, segundo ele, deve pre-
85

de imigrantes europeus, recentemente tem se redimido e


valecer a autoclassificação. Portanto, se uma pessoa, aparen- tomado atitudes políticas que visam a melhora das condi-
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temente branca, se declara negra e se candidata a uma vaga ções de vida da população negra, tanto do ponto de vista
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com base em cotas raciais, a sua decisão deve ser respeitada. socioeconômico como ideológico. Dentre as quais: a lei nº
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10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História 2.3. Sistema de cotas

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da África e da cultura afro-brasileira nas escolas; a lei nº
Além da Lei de Cotas, os estudantes de origem indígena po-

TO
12.288/2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial;
a lei nº 12.519/2011, que instituiu o Dia Nacional de Zumbi dem agora ter acesso ao Ensino Superior mediante vestibula-

AN
e da Consciência Negra; a lei nº 12.711/2012, que tornou res próprios que algumas universidades passaram a realizar.

N
obrigatória a reserva de cotas raciais no Ensino Superior;

MY
e a lei nº 12.990/2014, que também tornou obrigatória a

0A
reserva de cotas para negros nos concursos públicos.

20
O preconceito racial no Brasil é o que alguns autores

70
chamam de preconceito “de marca”, ou seja, que re-

58
cai sobre o fenótipo do indivíduo (tipo de cabelo, traços

72
e cor da pele). Ele não recai diretamente sobre a an-

85
TURMA DE INDÍGENAS DA UEMS
cestralidade, pois, no Brasil, as classificações raciais se

NY
baseiam mais na aparência física da pessoa do que na São inegáveis os avanços de inclusão social e as con-
quistas no âmbito das políticas de ações afirmativas nos

TO
ancestralidade. É um racismo que aparece como expres-
são de foro íntimo, mais apropriado ao recesso do lar. A últimos anos, destacadamente no campo do acesso à

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escravidão foi abolida, houve a universalização das leis, educação superior por parte de segmentos sociais historica-

N
mas o padrão tradicional de acomodação racial não foi mente excluídos, como os povos indígenas. No entanto, so-

MY
alterado, e sim apenas camuflado. Apesar da tão fala- mente em 2012 foi criada uma lei, a chamada Lei de Cotas

0A
da “miscigenação brasileira”, um sistema enraizado de (nº 12.711), que obriga as instituições de ensino superior fe-
derais a reservarem um número determinado de vagas para
20
hierarquização social com base em critérios como classe
índios que estudaram na rede pública. Mediante essa lei, tam-
70
social, educação formal, origem familiar e na raça conti-
bém são beneficiados negros e pardos de escolas públicas.
58

nuaram. Se após a Segunda Guerra Mundial o darwinis-


72

mo racial foi perdendo força e o conceito biológico de O número de vagas reservadas para índios, negros e pardos
85

raça foi se desmontando, o “preconceito de cor” fazia deve ser proporcional à quantidade de pessoas de uma certa
as vezes da raça. etnia que reside no estado onde está situado o campus da
NY

O racismo no Brasil está nas diferenças no acesso à universidade. Um estado cujo índice da população é de maio-
TO

educação e ao lazer, na distribuição desigual de rendas, ria indígena terá mais vagas destinadas a esse grupo étnico.
AN

marcas da discriminação que fugiam à alçada oficial, Segundo dados de 2010 do censo do IBGE, a população
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mas que eram evidentes no cotidiano. A desconstrução brasileira soma 190.755.799 pessoas, das quais 817,9 mil
MY

do mito da democracia racial circunscreveu o tema ra- são indígenas, representando 305 diferentes etnias.
0A

cial a uma questão de classe e abandonou a cultural. O


20

tema racial parecia subsumido à luta entre classes e seu


70

problema não seria resolvido por meio do enfrentamen-


58

to de suas especificidades. Os estudos mais recentes,


72

todavia, demonstraram que o preconceito de cor não


85

estava exclusivamente atrelado a uma questão econô-


mica e social, mas que continuava como um divisor da
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sociedade.
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O racismo brasileiro é de foro íntimo, presente na intimida-


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de, mas camuflado quando toma a esfera pública. Ele se


N

reflete nas relações pessoais mais íntimas, num modelo an-


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tigo de hierarquização social e de oportunidades desiguais


A

entre os cidadãos. Reflete-se em práticas reiteradas, como


00

o “elevador social“, reservado ao moradores do prédio, e


2
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o “elevador de serviços“, reservado aos serviçais, majorita-


58

riamente negros. Na situação econômica se aflora, assim


72

como na relação com a justiça, sendo que os réus negros


85

têm 80% de chance a mais de serem incriminados que os Negros e pardos que concorrem no sistema de cotas pre-
brancos. O Brasil vive uma dicotomia ao exaltar a miscige- cisam apresentar uma autodeclaração de etnia. Mas esse
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nação racial e cultural e, ao mesmo tempo, perceber-se um não é o caso em se tratando de índios. Para concorrer
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país extremamente desigual. como indígena, as universidades exigem uma carta de


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recomendação assinada pelo cacique da comunidade à grandes feitos políticos e militares. Essa forma de estudar a

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qual pertence o candidato, constando a respectiva etnia, História relegou um lugar secundário, senão inexistente, à

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e/ou a assinatura do representante da Funai. Caso o can- história das mulheres no tempo.
didato resida em área urbana, deve ser apresentada uma

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As explicações podem estar relacionadas ao fato de que a
carta de recomendação da Funai e um questionário so-
preponderância e dominação masculina foram instituídas, ao

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cioeducacional preenchido.

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menos nas sociedades ocidentais, desde os primórdios da
Além da Lei de Cotas, existem vestibulares exclusivos para in- civilização grega. Essa situação levou a uma dupla situação:

0A
dígenas, como no Paraná. O vestibular para povos indígenas os homens conduziam predominantemente as ações políti-

20
é unificado para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) cas e militares, cujos feitos eram narrados por historiadores

70
e para as estaduais de Maringá (UEM), de Londrina (UEL), também do sexo masculino. Consequência: subalternidade

58
de Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do das mulheres nos domínios políticos e militares públicos, sem

72
Centro-Oeste (Unicentro), do Paraná (Unespar) e do Norte que tenha sido objeto de estudo historiográfico – se bem

85
do Paraná (UENP). Esse processo seletivo acontece uma vez que no âmbito doméstico, a situação seja um pouco distinta.

NY
por ano. As universidades se unem e disponibilizam as vagas,
A partir do momento em que o capitalismo tornou-se a

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de acordo com o quadro de vagas existentes.
forma de organização econômica e social hegemônica no

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Mesmo não sendo obrigatório, outras instituições, como mundo, em fins do século XIX e início do XX, essa situação
a Universidade Federal de Brasília (UnB), do Amazonas mudou. Primeiramente, porque acabou com o patriarcado

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(UFAM), do Pará (UFPA), de Roraima (UFRR) e de São Carlos característico dos modos de produção pré-capitalista. O
(UFSCar), também mantêm vestibular específico para índios, patriarcado que consiste na organização da força de tra-

0A
assumindo cada uma delas a responsabilidade pelos exames. balho centrada na estrutura familiar doméstica está em
20
processo de dissolução, com o assalariamento individual
70
da força de trabalho no capitalismo, e deslocou o centro
58

da organização do trabalho das famílias para as empresas.


72

Entretanto, se o capitalismo está desintegrando o patriar-


85

cado, não o deslocando faz com que o machismo continue


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presente nas relações sociais e como componente cultural


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da imensa maioria das civilizações do mundo. As tentativas,


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muitas vezes alcançadas, de manter a mulher em posições


subalternas nos âmbitos públicos, domésticos e empresa-
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riais ainda existem. Mas as mudanças proporcionadas pelo


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capitalismo na organização do trabalho incidiram também


0A

na relação entre homens e mulheres. A necessidade do


20

assalariamento levou as mulheres a conseguirem também


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independência e superação dessa subordinação a que es-


58

2.4. As mulheres na história tavam relegadas há séculos através de uma árdua luta.
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CARTAZ ESTADUNIDENSE SIMILAR A UM DE 1943, QUE


58

EM 1910, NOS EUA, MULHERES JÁ LUTAVAM PELO DIREITO


SALIENTAVA A FORÇA DAS MULHERES DURANTE A GUERRA. AO VOTO E À IGUALDADE LABORAL COM OS HOMENS.
72
85

Um dos objetivos da história é estudar a ação dos seres As lutas pelo direito ao voto, ao salário e laboral iguais
humanos ao longo do tempo. Várias formas de se escrever foram se desenvolvendo durante o século XX, encontrando
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a história foram desenvolvidas. Até o final do século XIX, o auge com o movimento feminista na década de 1960. A
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predominava o estudo de grandes personalidades e de partir de lutas cotidianas, às vezes silenciosas, a situação foi
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aos poucos mudando. Na segunda década do século XXI, Contudo, foi deflagrada uma revisão de valores responsável

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muitas diferenças entre homens e mulheres no âmbito das pela transformação dos papéis ocupados por homens e mu-

TO
relações sociais permanecem. Entretanto, várias conquistas lheres na sociedade. Já durante a Segunda Guerra, a maciça
foram alcançadas, principalmente no que diz respeito às

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inserção das mulheres no mercado de trabalho estabeleceu
relações trabalhistas, políticas, empresariais e de liberdade um novo campo de possibilidades para quem era vista como

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sexual. Na esfera doméstica, as mudanças ocorrem num a “rainha do lar”. A partir desse processo de relativa emanci-

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ritmo mais lento. A violência doméstica ainda é uma reali- pação, muitas delas reivindicaram novos campos de conquista.

0A
dade constante na vida cotidiana de milhões de mulheres.
Quando alcançamos a década de 1960, o advento da pílula

20
No Brasil, essa realidade vem sendo combatida com a Lei
anticoncepcional permitiu uma libertação dos comportamentos

70
Maria da Penha, promulgada em 2006.
sexuais antes restritos à monogamia e às relações matrimoniais.

58
Paralelamente, o meio intelectual também passou a se voltar

72
para essa questão com a difusão de livros, cujas autoras interes-

85
savam-se pela desconstrução do papel da mulher na sociedade.

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Entre essas obras são fundamentais O segundo sexo, de Simone

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de Beauvoir, e A mística do feminino, de Betty Friedan.

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A historiografia acompanha também essas mudanças sociais,
58

refletindo de uma forma peculiar as lutas sociais no ambiente


72

acadêmico. A partir da década de 1960, surgiu uma “história


85

das mulheres”, com o objetivo de constituir um campo espe-


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cífico do conhecimento historiográfico. Segundo Louise Tilly, o


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objetivo seria complementar a proposta de Marc Bloch sobre


a definição de história: de “ciência dos homens no tempo”
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para a “ciência das mulheres no tempo”.


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A FILÓSOFA SIMONE DE BEAUVOIR É UMA DAS PRINCIPAIS


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REFERÊNCIAS DE PENSADORAS DO MOVIMENTO FEMINISTA.

2.4.1. Movimento feminista


0A

A partir de então, muitas mulheres saíram às ruas com


o intuito de reivindicar os mesmos direitos assegura-
20
70

dos pela constituição liberal de seus países. Entre ou-


58

tras questões, lutavam para que as faixas salariais de


72

homens e mulheres fossem devidamente equiparadas.


85

Nesse aspecto, percebemos que, entre as décadas de


1960 e 1970, o feminismo havia se consolidado en-
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quanto movimento político integrado a muitas outras


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bandeiras de lutas civis e minoritárias.


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Em resposta a tais movimentações, aconteceu a adoção


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de várias políticas de igualdade que visavam a respon-


MY

NA DÉCADA DE 1960, O FEMINISMO MARCOU AS


VÁRIAS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS.
der aos anseios estabelecidos no período. Instituições
A

de defesa dos direitos das mulheres e outros órgãos de


00

A década de 1960 significou um ponto de grandes infle- natureza governamental passaram a sensibilizar parcelas
2

xões para a sociedade contemporânea. Nos EUA, o baby-


70

da sociedade a respeito dessa causa. Com isso, muitas


-boom do pós-guerra estabeleceu o surgimento de uma
58

bandeiras de luta passaram a ser prestigiadas pela apro-


72

geração de jovens inseridos na prosperidade material e tec-


vação de leis específicas.
85

nológica de um mundo em plena transformação. As novas


conquistas obtidas no campo dos transportes, da medicina A partir da década de 1980, o feminismo pareceu per-
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e da eletrônica causavam a configuração de uma época der força. A causa deixou de ser uma meta a ser alcan-
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aparentemente cingida pelo signo da modernidade. çada, depois que os próprios representantes do Estado
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reconheceram a legitimidade de tais reivindicações. Contudo, essa faceta da história contemporânea ainda se desdo-

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brou em uma mudança de comportamento que rompeu com os paradigmas tradicionais da família e do comporta-

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mento masculino. O movimento feminista ainda luta por transformações, muitas delas importantes para o cotidiano

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das mulheres.

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2.5. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


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O termo IDH foi criado para avaliar o nível de desenvolvimento humano dos países, ou seja, o modo como vivem as pessoas
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nas diversas nações do mundo. Esse método foi criado por Mahbud Ul Hag, um economista de origem paquistanesa.
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A abordagem desenvolvida por tal método oferece um maior número de elementos em relação à realida-

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de humana e não somente àqueles que se referem aos aspectos econômicos. O estudo ou análise de um IDH

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tornou-se, hoje, um importante instrumento para identificar as evoluções e desenvolvimentos dos países, uma vez que se

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verifica a renda per capita.

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Se houver interesse em calcular o IDH de um país, é preciso estar atento a três aspectos básicos de uma população: expec-

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tativa de vida, nível de escolaridade e renda nacional bruta (RNB) per capita.

0A
ƒ A expectativa de vida diz respeito à média de anos que um indivíduo vive em um determinado país, Estado, município

20
etc. Isso mostra se a população possui uma boa qualidade de vida.

70
58
ƒ O nível educacional de um determinado lugar é obtido pela média de anos de estudo da população adulta e expec-

72
tativa de vida escolar ou tempo que uma criança ficará matriculada na escola.

85
ƒ Quanto à distribuição de renda, é avaliado especialmente o poder de paridade de compra ou o nível de consumo da

NY
população e a renda média do país, a renda per capita.

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Esses itens são indispensáveis para o cálculo do IDH. Eles apresentam características que evidenciam positiva ou negativa-
mente a realidade de um determinado lugar. A média final do IDH era obtida através do seguinte cálculo: somavam-se os

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itens analisados e dividia-se o resultado por três. No entanto, a partir de 2010, um novo método passou a ser utilizado: a
média geométrica, que consiste na multiplicação dos itens e, posteriormente, no cálculo da raiz cúbica do resultado.

0A
20
Existem diversos níveis de IDH, que variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). De acor-
70
do com eles, os países estão divididos em grupos com IDH baixo (25% dos países), médio (25%), alto (25%) e muito alto (25%).
58

Conforme relatório divulgado em 2010 pela ONU, o IDH mais elevado do mundo pertence à Noruega, com desenvolvimento
72

humano de 0,938. Por outro lado, Zimbábue possui o pior IDH: 0,140.
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2.5.1. IDH do Brasil


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Conforme dados divulgados em 2010 pela ONU, o Brasil apresenta IDH de 0,699, ocupando a 73ª posição no ranking mun-
2
70

dial, valor considerado alto. A cada ano, o país tem conseguido elevar o seu IDH. Fatores como aumento da expectativa de
58

vida da população brasileira e taxa de alfabetização são os principais responsáveis por esse progresso.
72

Porém, o Brasil é um país que apresenta inúmeros problemas socioeconômicos, como desigualdade social, em virtude da grande
85

desigualdade da distribuição de renda. As disparidades sociais no território brasileiro estão presentes em escala regional, estadu-
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al e municipal – onde são mais perceptíveis os contrastes socioeconômicos entre os bairros de uma mesma cidade.
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A análise do ranking do IDH dos Estados brasileiros mostra as profundas diferenças existentes no país.
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Observação

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Em novembro de 2010, a ONU, utilizando os novos

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critérios de cálculo, divulgou uma lista de IDH dos paí-

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ses. No entanto, esse novo método (média geométrica)

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ainda não foi utilizado para os Estados brasileiros. Em
multimídia: site

0A
razão disso, o ranking nacional segue o modelo e os da-

20
dos divulgados pelo Programa das Nações Unidas para

70
o Desenvolvimento (Pnud) de 2008. www.ibge.gov.br/home/

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Portanto, faz-se necessária a realização de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais no território brasileiro. Os
20

Estados da região Nordeste, em sua totalidade, ocupam as posições inferiores do ranking, enquanto que os do Centro-Sul
70

apresentam elevados índices de desenvolvimento humano.


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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

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As pirâmides populacionais são importantes no sentido de elaborarem um planejamento público a médio e longo prazo.

0A
Por exemplo, se a estrutura etária da população apontar que há uma grande quantidade de jovens, com elevados índices

20
de natalidade, alerta-se para a necessidade de implantação de políticas que atendam à inclusão das faixas etárias no

70
futuro, com medidas que visem, como possibilidade, à ampliação e melhoria de creches e escolas. Outra importância da

58
observação e análise das pirâmides etárias é conhecer a evolução da população, avaliando as taxas de natalidade em

72
comparação à população adulta, aferindo sobre a existência de uma política de controle de natalidade no país ou se ela

85
precisa ser adotada. Além disso, existe a possibilidade de se realizar projeções etárias utilizando também o formato de

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pirâmides, para se calcular qual vai ser o formato da população, podendo realizar previsões a respeito da quantidade de

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jovens e da população economicamente ativa de um período em comparação à população idosa e infantil.

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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 6

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Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.

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HABILIDADE 16

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Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.

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As mudanças demográficas vivenciadas pela população brasileira nas últimas décadas, em especial o envelheci-

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mento populacional e o aumento da expectativa de vida, representam um desafio para o equilíbrio financeiro do

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sistema previdenciário brasileiro. Diante dessa conjuntura, o governo analisa propostas para alteração nas regras

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previdenciárias, a fim de tentar diminuir o suposto deficit e aumentar a arrecadação. A igualdade nas regras de

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concessão dos benefícios para homens e mulheres é uma das propostas do governo, que vem sendo discutida sob

0A
a justificativa de que a expectativa de vida da mulher é maior que a dos homens. Entretanto, no contexto brasileiro,
o bônus de 5 anos no tempo de contribuição e na idade de aposentadoria foi sugerido pela Carta das Mulheres de
20
1987 e consolidado na Constituição de 1988, como uma forma de reconhecer o papel social da mulher, que não é
70
considerado: o trabalho dedicado aos afazeres domésticos e o cuidado com a família; um trabalho não remunerado
58

e invisível perante a sociedade e o Estado, além das diferenças de salários entre os sexos no mercado de trabalho.
72

Muitos estudos comprovaram que as mulheres trabalham em média 358 horas a mais que os homens por ano
85

e, se essa diferença fosse considerada, em 30 anos as mulheres teriam tempo de contribuição equivalente a 34,3
NY

anos de contribuição dos homens. Além disso, ao analisar as diferenças entre os sexos por outras características,
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como escolaridade, renda, trabalho formal e informal, arranjos familiares, etnia e faixa etária, verificou-se também
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diferenças ainda maiores no tempo de trabalho que a média nacional.


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MODELO 1
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(ENEM)
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TEXTO I
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Ela acorda tarde depois de ter ido ao teatro e à dança; ela lê romances, além de desperdiçar o tempo a olhar
58

para a rua da sua janela ou da sua varanda; passa horas no toucador a arrumar o seu complicado penteado;
72

um número igual de horas praticando piano e mais outras na sua aula de francês ou de dança.
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COMENTÁRIO DO PADRE LOPES DA GAMA ACERCA DOS COSTUMES FEMININOS (1839) APUD SILVA, T.V.Z.
MULHERES, CULTURA E LITERATURA BRASILEIRA. IPOTASI – REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS. JUIZ DE FORA, V. 2. N. 2, 1998.
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TEXTO II
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As janelas e portas gradeadas com treliças não eram cadeias confessas, positivas; mas eram, pelo aspecto e pelo
seu destino, grandes gaiolas, onde os pais e maridos zelavam, sonegadas à sociedade, as filhas e as esposas.
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MACEDO, J.M. MEMÓRIAS DA RUA DO OUVIDOR (1878).


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DISPONÍVEL EM: <WWW.DOMINIOPUBLICO.GOV.BR>. ACESSO EM: 20 MAIO 2013 (ADAPTADO).


A

A representação social do feminino comum aos dois textos é o(a):


00
2

a) submissão de gênero, apoiada pela concepção patriarcal de família;


70

b) acesso aos produtos de beleza, decorrência da abertura dos portos;


58

c) ampliação do espaço de entretenimento, voltado às distintas classes sociais;


72

d) proteção da honra, mediada pela disputa masculina em relação às damas da corte;


85

e) valorização do casamento cristão, respaldado pelos interesses vinculados à herança.


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ANÁLISE EXPOSITIVA

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A classificação da mulher tem sido norteada pelo gênero e pelas ópticas biológicas e sociais, determinantes para a

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desigualdade de gênero, que traz em seu bojo uma relação assimétrica sob a égide de um discurso que se pauta na
valorização de um sexo sobre o outro. A questão trabalha aspectos sobre cidadania, e a desigualdade de gênero somada

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à ordem patriarcal vigente no século XIX, são alguns dos ingredientes que, unidos ao sentimento de culpa inculcado
historicamente na psique das mulheres, contribuem para a perpetuação das relações desiguais de poder que acabam por

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acarretar em violência. Ambos os textos descrevem o universo feminino no século XIX. Nesse período, a vida das mulheres

20
era marcada pela submissão, apoiada pela concepção patriarcal da família. Enquanto o texto I faz uma representação

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idealizada do universo feminino, o segundo texto mostra uma mulher presa e privada da sociedade.

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RESPOSTA Alternativa A

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DIAGRAMA DE IDEIAS
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IDENTIDADE DE
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UM POVO
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CULTURAL
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ÉTNICA NACIONAL
(saberes coletivos)
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CABOCLO NEGROS
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SERTANEJO ÍNDIOS
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CAIPIRA BRANCOS
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CRIOULO
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DESIGUALDADE
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SULINO
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RENDA ESCOLARIDADE GÊNERO REGIÕES


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TERRAS INDÍGENAS
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IDH
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TERRAS QUILOMBOLAS
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Índice de Pobrezas Índice de Desenvolvimen- Índice de Desigualdade Índice de Desenvolvimento


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Multidimensional (IPM) to Humano ajustado à de Gênero (IDG) Humano por Município (IDHM)
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Desigualdade (IDHD)
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AULAS 51 E 52

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MIGRAÇÃO - 1970-1990

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FLUXOS MIGRATÓRIOS

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NACIONAIS E

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INTERNACIONAIS

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COMPETÊNCIA: 2

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MIGRAÇÃO NA DÉCADA DE 1990
1. Migrações no Brasil 20
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O termo ”migração” corresponde à mobilidade espacial da


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população, ou seja, é o ato de trocar de país, de região, de


85

Estado ou até de domicílio. Esse fenômeno pode ser desen-


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cadeado por uma série de fatores: religiosos, psicológicos,


sociais, econômicos, políticos e ambientais.
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No Brasil, os aspectos econômicos sempre impulsionaram


as migrações internas. Durante os séculos XVII e XVIII, a in-
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tensa busca por metais preciosos provocou grandes fluxos


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migratórios com destino a Goiás, Mato Grosso e, principal-


0A

mente, Minas Gerais. Em seguida, a expansão do café nas


20

cidades do interior paulista atraiu milhares de migrantes,


70

em especial mineiros e nordestinos.


58
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MIGRAÇÃO - 1950-1970
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MAPA COM AS MUDANÇAS DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS


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NO BRASIL NO DECORRER DAS DÉCADAS


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No século XX, o modelo de produção capitalista criou es-


paços privilegiados para a instalação de indústrias no terri-
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tório brasileiro, fato que promoveu a centralização das ati-


vidades industriais na região Sudeste. Como consequência
A

desse processo, milhares de brasileiros de todas as regiões


00

se deslocaram para as cidades do Sudeste, principalmente


2
70

para São Paulo.


58

Outra consequência do modelo de produção capitalista é


72

a migração da população rural para as cidades, fenômeno


85

denominado êxodo rural. Essa modalidade de migração se


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intensificou nas últimas cinco décadas, pois as políticas eco-


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nômicas favorecem os grandes latifundiários (empréstimos


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bancários), além da mecanização das atividades agrícolas
2. Emigração brasileira

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que provocam a substituição da mão de obra.

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A região Sudeste que, historicamente, recebeu o maior nú-

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mero de migrantes, tem apresentado declínio na migração,
consequência da estagnação econômica e do aumento do

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desemprego na região. Nesse sentido, ocorreu uma mu-

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dança no cenário nacional dos fluxos migratórios, sendo a
região Centro-Oeste o principal destino.

20
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As políticas públicas de ocupação e desenvolvimento eco-

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nômico da porção oeste do território brasileiro intensifica-

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ram a migração para o Centro-Oeste.

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FRONTEIRA ENTRE ESTADOS UNIDOS E MÉXICO

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Entre as décadas de 1980 e 1990, milhões de brasileiros dei-
70
xaram o Brasil, movidos pelas sucessivas crises econômicas
58

que assombravam todos os habitantes e, posteriormente,


72

pelo crescente número de desemprego em virtude do pro-


85

cesso de globalização e de novas tecnologias que causaram


a diminuição de muitos postos de trabalho, indo em busca
NY

de novas oportunidades e melhores condições de vida, em


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MIGRANTE CHEGANDO A GOIÂNIA, EM BUSCA DE


TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA diversos países.
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Os países que atraem os brasileiros são muitos, no entan-


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to, os países desenvolvidos quase sempre são os principais


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destinos. Basicamente, três países absorvem aproximada-


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mente 80% de todos emigrantes brasileiros no mundo: Es-


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tados Unidos, com aproximadamente 800 mil brasileiros;


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Paraguai, com cerca de 455 mil; e Japão, com 254 mil.


58
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multimídia: música
85

FONTE: YOUTUBE
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Sonho imigrante – Milton Nascimento


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Entre as principais medidas para esse processo estão: as


construções de Goiânia e de Brasília, a expansão da frontei-
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ra agrícola e os investimentos em infraestrutura. O reflexo


dessa política é que 30% da população do Centro-Oeste
A

são oriundas de outras regiões do Brasil, conforme dados


00

de 2008 divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra


2
70

de Domicílios (Pnad).
58

Outro aspecto das migrações internas no Brasil é que os


72

fluxos são mais comuns dentro dos próprios estados ou


85

regiões de origem do migrante. Esse fato se deve à descen-


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tralização da atividade industrial no país, antes concentra- No Paraguai, existem os ”brasiguaios”, que são brasileiros
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da na região Sudeste e em regiões metropolitanas. que exercem atividades agrícolas no país, principalmente
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na produção de soja. Geralmente, esses produtores detêm ver no país precisam primeiro vencer as dificuldades para

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um bom nível de vida. Nos últimos tempos, muitos brasi- chegar lá, o que não é fácil, uma vez que os vistos são

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leiros foram em busca de novas terras na Bolívia para o bastante restritos, por isso muitos brasileiros optam pela

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desenvolvimento da cultura da soja; atualmente, vivem em travessia da fronteira do México, arriscando-se em uma
território boliviano pelo menos mil famílias brasileiras. Os viagem clandestina que oferece muitos riscos, como ser

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Estados Unidos, principalmente nos anos 1990, receberam

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pego pelo serviço de migração estadunidense, ser preso e
um grande número de brasileiros, os quais se dedicam a depois deportado, além de sofrer nas mãos de “coyotes”

0A
atividades que requerem pouca qualificação e que os pró- (pessoas que facilitam a entrada de imigrantes) e enfrentar

20
prios estadunidenses se negam a executar; tarefas como os perigos do deserto. Além de todos os riscos, essa viagem

70
lavar pratos, limpezas de residências, construção de casas, é bastante cara.

58
entre muitas outras, nesse caso são tarefas realizadas por
As cidades dos EUA que mais atraem os brasileiros são

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brasileiros e imigrantes de outras origens.
Nova Iorque, Boston e Miami. Antes desse fluxo de

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brasileiros para os Estados Unidos, o lugar que mais

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recebia pessoas vindas do Brasil era o Japão, principal-

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mente nos anos 1980. Essa preferência ocorreu a par-

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tir do momento em que o governo japonês liberou a
entrada no país de descendentes japoneses diretos. No

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entanto, não se tratou de uma atitude despretensiosa,
pois, na verdade, o que realmente o governo pretendia

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era adquirir mão de obra com baixa qualificação, por-
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tanto, com baixo custo, para desenvolver atividades na
70
indústria, em sua maioria. Apesar das elevadas horas de
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GRUPO DE “COYOTES” AJUDA IMIGRANTES ILEGAIS trabalho, a remuneração possibilitava a acumulação de


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A SOBREVIVER À TRAVESSIA AOS EUA.


recursos pelos dekasseguis (trabalhadores temporários)
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e, posteriormente, esses brasileiros voltavam ao Brasil


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com dinheiro, adquirindo seus próprios negócios e em


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condições de ajudar as suas famílias.


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multimídia: livro
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Políticas de imigração – Paulo Manoel da Costa


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Nos últimos anos, a imigração tem ocupado um lugar


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central no debate político nas sociedades ocidentais.


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Essa situação é o resultado de vários fatores, entre os EX-DEKASSEGUI QUE VIVIA NO JAPÃO E VOLTOU AO
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BRASIL POR CAUSA DA CRISE ECONÔMICA.


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quais podemos assinalar o aumento da pressão imi-


gratória e o aumento do período de permanência dos
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imigrantes nos países de acolhimento. Para lidar com 2.1. Fluxos populacionais e
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esta situação, os Estados têm procurado encontrar ins- migrações internacionais


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trumentos que permitam não só regular os fluxos mi-


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gratórios, mas também promover a integração social Os fluxos populacionais entre países são denominados de
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dos imigrantes. O objetivo desse trabalho é examinar migrações internacionais, que podem ocorrer por atração
2

ou por repulsão. Por atração acontece, geralmente, quando


70

o modo como as medidas adotadas em Portugal, em


as pessoas vivem em países onde não há boas condições
58

matéria de política de imigração, se refletiram no esta-


de vida e de trabalho, sendo atraídas por países desenvolvi-
72

tuto dos imigrantes e as mudanças que implicaram no


dos, como Estados Unidos, países da Europa desenvolvida
85

conceito de cidadania.
e Japão; por repulsão são migrações em que as pessoas
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O ”sonho americano” ainda existe, pois o fluxo migratório deixam seu país devido a problemas políticos, persegui-
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para os EUA continua intenso. As pessoas que decidem vi- ções, guerras, etc.
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De Nadie

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Documentário sobre a saga de refugiados da América

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Central que tentam entrar nos Estados Unidos através da

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fronteira com o México. Em busca de uma vida melhor,

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arriscam o pouco dinheiro que lhes resta, sua dignidade,

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sua saúde e sua vida.

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A maioria das migrações internacionais ocorre pela busca de

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trabalho e as principais correntes migratórias são de latino-a- Outra modalidade de migração internacional é a de flu-

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mericanos, africanos e asiáticos em direção aos EUA, Europa xo de refugiados, indivíduos que sofrem perseguições de

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e Japão. Grande parte dos trabalhadores migrantes enviam ordem política, religiosa ou étnica. Na década de 1970,
20
dinheiro para sua terra natal, revelando algumas estimativas havia cerca de 2,5 milhões de refugiados; hoje, esse núme-
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de que eles movimentam anualmente cerca de 58 bilhões ro chega aos 25 milhões, decorrentes de acontecimentos
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de dólares. O Brasil, por exemplo, recebe anualmente cerca geopolíticos como o fim do socialismo, a diminuição de
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de 2,8 bilhões de dólares enviados por brasileiros que vivem ajudas financeiras e humanitárias e, principalmente, pela
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no exterior. expansão do fundamentalismo islâmico.


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O movimento de saída do país é chamado de emigração; o São, ainda, considerados migrantes refugiados cerca de 25
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de entrada de estrangeiro é denominado imigração. Hoje, milhões de pessoas, que foram obrigadas a deixar seus lares
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existem cerca de 2 milhões de brasileiros vivendo no exte- devido a problemas ambientais, como desmatamento, deser-
rior, de forma clandestina. tificação, erosão dos solos e desastres químicos e nucleares.
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As origens dos refugiados são as mais variadas, mas geralmente possuem algumas características comuns, como origem de
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países subdesenvolvidos, onde a renda per capita média está abaixo de 500 dólares e há alto índice de analfabetismo, governos
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ditatoriais que violam os direitos humanos de determinada parcela da população, na forma de perseguições políticas e torturas,

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extermínio étnico e discriminações religiosas e culturais.

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Por fim, existe um fluxo, agora sem agravante, que é o turístico, que são motivados pela busca de lazer, cultura e religião.

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Esse processo motiva a comercialização de viagens em grande escala a custos mais reduzidos (pacotes de viagens), mas é
privilégio de uma restrita parcela da população mundial.

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Os principais países que atraem turistas são Alemanha, Japão e EUA; o volume do faturamento decorrente dessa atividade é de

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aproximadamente 4,5 trilhões de dólares, gerando cerca de 200 milhões de empregos em todo o mundo.

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AGENTES DA GUARDA COSTEIRA ITALIANA AJUDAM IMIGRANTES AFRICANOS RECÉM-CHEGADOS DA LÍBIA EM UMA EMBARCAÇÃO PRECÁRIA.
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Conforme relatório de desenvolvimento humano de 2009, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
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vimento (Pnud), aproximadamente 195 milhões de pessoas moram fora de seus países de origem, o equivalente a 3% da
população mundial, sendo que cerca de 60% desses imigrantes residem em países ricos e industrializados. No entanto,
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em decorrência da estagnação econômica oriunda de alguns países desenvolvidos, estima-se que, em 2010, 60% das
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migrações ocorram entre países em desenvolvimento.


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Os principais destinos da migração internacional são os países industrializados, entre eles: Estados Unidos, Canadá, Japão,
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Austrália e as nações da União Europeia. Os Estados Unidos possuem o maior número de imigrantes internacionais – dos
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195 milhões, 39 milhões residem naquele país.


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A migração internacional promove uma série de problemas socioeconômicos. Apesar das medidas tomadas pela

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maioria dos países desenvolvidos no sentido de restringir a entrada de imigrantes, o tráfico destes tem se intensificado

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bastante. No entanto, esses mesmos países adotam ações seletivas, permitindo a entrada de profissionais qualificados
e provocando a “fuga de cérebros” dos países em desenvolvimento, ou seja, pessoas com aptidões técnicas e dotadas

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de conhecimentos são bem-vindas.

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Outra consequência é o fortalecimento da discriminação atribuída aos imigrantes internacionais, processo denominado “xenofobia”.

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VIVENCIANDO

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REFUGIADOS HAITIANOS EM SÃO PAULO
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2.2. Migração e xenofobia


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O processo migratório e a globalização formaram um elo


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inseparável desde a última metade do século XX. Os mo-


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tivos são vários: eficácia dos meios de transporte e comu-


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nicação; desenvolvimento do setor turístico; desigualdades


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socioeconômicas entre os países etc., provocando várias


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multimídia: vídeo consequências, umas positivas e outras negativas. Nos


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FONTE: YOUTUBE países mais desenvolvidos, onde há maior contingente de


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Samba imigrantes, ocorre um sério problema: a xenofobia (termo


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derivado do grego xenos, que significa“estrangeiro”, e


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O filme conta a história do imigrante senegalês Samba,


phobos, que significa “medo”).
que vive na França há dez anos, mas nunca conseguiu
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a documentação necessária para realizar seus sonhos. As migrações geram vários encontros de povos de dife-
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Para piorar, passa a sofrer risco de deportação. É nes- rentes culturas, raças, credos e religiões, que, no geral, é
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se contexto que ele conhece e se envolve com Alice, algo positivo. O Brasil, por exemplo, é um país rico em
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mulher que trabalha em uma instituição de apoio a diversidade cultural e étnica. Entretanto, quando os na-
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imigrantes indocumentados e há anos luta contra a tivos passam a não aceitar os imigrantes, há um grave
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depressão. O filme é inspirado em livro homônimo de problema social.


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Delphine Coulin – nele, Samba é do Mali, e não do


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A história recente da humanidade nos dá vários exem-


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Senegal, e se envolve afetivamente com outra pessoa.


plos de como a xenofobia é algo grave. No Holocausto,
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ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, na Ale-

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manha, os nazistas assassinaram aproximadamente 6

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milhões de judeus. Isso porque acreditavam que os ju-
deus eram uma raça inferior e manchavam o nome da

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Alemanha de Hitler, e, logo, deveriam ser exterminados.

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A xenofobia ocorre frequentemente nos países mais ricos
e desenvolvidos, principalmente na Europa. Os nativos

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acreditam que os imigrantes são responsáveis pelo desem-

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prego, criminalidade e todos os problemas sociais do país.

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Na Europa, alguns grupos xenófobos são conhecidos entre

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nós, como os skinheads, na Inglaterra, e os neonazistas, na

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Alemanha. Outros grupos não são tão conhecidos, como O BLOC IDENTITAIRE (FRANÇA) ESTÁ ENTRE OS GRUPOS

85
ULTRADIREITISTAS QUE DIFUNDEM IDEIAS XENOFÓBICAS.
os Bloc Identitaire (França), Casa Pound (Itália) e English

NY
Defence League (Reino Unido). No caso do Brasil, tem-se o exemplo das discriminações sofri-

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das pelos nordestinos no Sudeste brasileiro. Geralmente, são
Pode ocorrer também dentro de um mesmo país, como
atribuídos estereótipos de forma pejorativa, tais como “cabe-

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acontece no Brasil e nos Estados Unidos, por terem dimen-
ça chata”, “baianos”, “paraíbas”, entre outros. Essas pessoas
sões territoriais enormes. Nos Estados Unidos, há uma dis-

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preconceituosas são, no mínimo, desinformadas a respeito da

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criminação histórica contra negros. O seriado de TV “Todo
constituição do território, da história e da economia brasileira.
mundo odeia o Chris“ (originalmente, Everybody hates

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Chris, do canal de televisão The CW Television Network, A xenofobia, portanto, se trata do racismo, do preconceito
dos EUA), transmitido no Brasil, demonstra, de forma cô- 20
cultural, da discriminação racial, econômica e social ao es-
70
mica e sarcástica, como o negro é visto e tratado nos EUA. trangeiro ou a determinadas populações do próprio país.
58

É um programa humorístico baseado na infância e parte O encontro de diversos povos, religiões, sotaques, classes
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da adolescência do humorista Chris Rock, que vale conferir econômicas e sociais é positivo, pois contribui para a rique-
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para entender melhor a problemática. za cultural e econômica de uma nação.


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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


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O fenômeno migratório contemporâneo, por sua intensidade e diversificação, torna-se cada vez mais complexo, prin-
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cipalmente no que se refere às causas que o originam. Entre elas destacam-se as transformações ocasionadas pela
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economia globalizada, com as quais levam à exclusão crescente dos povos, países e regiões e sua luta pela sobrevi-
vência; a mudança demográfica em curso nos países de primeira industrialização; o aumento das desigualdades entre
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Norte e Sul no mundo; a existência de barreiras protecionistas que não permitem aos países emergentes colocarem os
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próprios produtos em condições competitivas nos mercados; a proliferação dos conflitos e das guerras; o terrorismo; os
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movimentos marcados por questões étnico-religiosas; a urbanização acelerada; a busca de novas condições de vida nos
países centrais, por trabalhadores da África, Ásia e América Latina; questões ligadas ao narcotráfico, à violência e ao
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crime organizado; os movimentos vinculados às safras agrícolas, aos grandes projetos da construção civil e aos serviços
em geral; as catástrofes naturais e situações ambientais. Em todas as épocas, as migrações levantaram desafios para
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os países, para as sociedades locais ou regionais e para a comunidade internacional. Mas, em cada contexto histórico,
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esses desafios se configuraram de forma quantitativa e qualitativamente diferenciada, inclusive para diversas áreas que
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estudam esse fenômeno, tornando-se, assim, de extrema importância interdisciplinar.


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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

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HABILIDADE 8

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Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfren-

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tamento de problemas de ordem econômico-social.

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O atual fluxo migratório é um processo lento e contínuo, vinculado ao aprofundamento das desigualdades eco-

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nômicas entre os países e à mudança das formas de produção trazida pela globalização econômica, além de

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outros fatores pontuais específicos, principalmente os conflitos armados, a perseguição étnica ou religiosa e as

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catástrofes naturais. Os trabalhadores deslocam-se em busca de emprego e vida digna. No entanto, os países
desenvolvidos adotam políticas migratórias cada vez mais restritivas. Já os países em desenvolvimento, em geral,

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não adotam políticas restritivas de ingresso em seus territórios, mas não encorajam a regularização migratória e o

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acesso a direitos. Assim, o direito de migrar é o parente pobre dos direitos humanos. A Convenção da Organização

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das Nações Unidas sobre os direitos dos trabalhadores migrantes e de suas famílias, de 1990, teve a adesão de

0A
cerca de 40 Estados, enquanto a maior parte dos tratados internacionais de direitos humanos é subscrita por bem

20
mais de uma centena de Estados. O não reconhecimento do direito de migrar parece ser uma grande contradição
70
do ideário da globalização econômica que elenca, entre suas propaladas vantagens, uma inédita liberdade de
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circulação de pessoas, possibilitada pelo avanço extraordinário do setor de transporte. Contudo, não se trata de
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uma contradição, mas sim de uma característica: a liberdade de circulação, que de fato encontra pleno respaldo
85

na contemporaneidade, é vinculada apenas ao turismo e aos negócios, ou de pessoas com renda suficiente para
o seu livre estabelecimento em outro país. Assim, para que a globalização funcione, é preciso que os fluxos dessas
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pessoas sejam encorajados. Aos Estados é reservada, porém, a prerrogativa de interrompê-los a qualquer momen-
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to, por variadas razões (econômicas, de segurança, de saúde pública, etc.).


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MODELO 1
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(Enem) Tendências nas migrações internacionais


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O relatório anual (2002) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela
20

transformações na origem dos fluxos migratórios. Observa-se aumento das migrações de chineses, filipinos,
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russos e ucranianos com destino aos países membros da OCDE. Também foi registrado aumento de fluxos
58

migratórios provenientes da América Latina.


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TRENDS IN INTERNATIONAL MIGRATION - 2002. INTERNET: <WWW.OCDE.ORG> (COM ADAPTAÇÕES).


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No mapa seguinte, estão destacados, com a cor preta, os países que mais receberam esses fluxos migratórios em 2002.
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As migrações citadas estão relacionadas, principalmente, à:


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a) ameaça de terrorismo em países pertencentes à OCDE;

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b) política dos países mais ricos de incentivo à imigração;

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c) perseguição religiosa em países muçulmanos;
d) repressão política em países do leste europeu;

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e) busca de oportunidades de emprego.

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ANÁLISE EXPOSITIVA

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A humanidade passou por vários ciclos migratórios ao longo da história. Os fatores são muito variados, mas

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existe uma causa básica em praticamente todos eles: o deslocamento em busca de melhores condições de vida.

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RESPOSTA Alternativa E

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Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.

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H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

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H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.

70
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.

58
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.

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Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de

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poder.

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H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.

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H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômi-

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co-social.

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H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

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Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.

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Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-

20
tes grupos, conflitos e movimentos sociais. 70
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
58

H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.


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H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
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Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
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H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
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Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
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conhecimento e na vida social.


H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
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H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
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H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
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H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
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Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia,
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favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.


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H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.


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H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
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H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
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H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.


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H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.


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Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
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geográficos.
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H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
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H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
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H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
2

H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
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H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
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