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Brasil. Caso Vladimir Herzog Vs. Brasil. SENTENÇA DE 15 DE MARÇO DE 2018. Pág. 9
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ACCIOLY, Hildebrando; G. E. do Nascimento e Silva; CASELLA, Paulo Borba. Manual de direito
internacional público. – 24. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Pág. 226 Ebook.
Em seu escrito de contestação, o Estado apresentou cinco exceções preliminares,
sendo quatro delas acerca da suposta incompetência da Corte em julgar o presente caso,
sendo elas a incompetência ratione quanto aos fatos anteriores à data de reconhecimento
da jurisdição desta corte, a incompetência ratione temporis quanto aos fatos anteriores à
adesão à Convenção Americana de Direitos Humanos pelo Estado brasileiro, a
incompetência ratione temporis quanto aos fatos anteriores à entrada em vigor da
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura para o Estado brasileiro e a
incompetência ratione materiae para analisar as supostas violações dos artigos 1, 6 e 8
da CIPPT, que serão analisadas conjuntamente. A outra exceção versa acerca da falta de
esgotamento dos meios internos de resolução do problema.
Os lesionados sustentaram que a Corte é competente para julgar o caso uma vez
que o Estado brasileiro é signatário de declarações e convenções em matéria de direitos
humanos. Nesse sentido, o direito dos cidadãos deve ser resguardado em todas as
hipóteses, principalmente pelo Estado, quando este é o violador das garantias
individuais, e diante de tratamento extremamente arbitrário com o qual conduziu todos
os fatos relativos ao caso de Vladimir Herzog, é necessário que a Corte interfira a fim
de reparar as vítimas.
O Estado afirma que a Corte não tem competência para julgar o caso tanto em
virtude do tempo quanto em virtude da matéria. Em relação ao tempo, alega que o
Brasil só reconheceu a competência da corte em dezembro de 1998, anos depois do
incidente e por isso ela só poderia julgar e interferir em fatos posteriores a essa data.
Além disso, salienta que o Brasil só aderiu à Convenção Americana sobre Direitos
Humanos em 1992, também não podendo ser responsabilizado por violações ao tratado
antes dessa data porque ainda não era signatário, ademais, a Convenção Interamericana
para Prevenir e Punir a Tortura só teria entrado em vigor em 19 de setembro de 1989 e
que apenas para fatos ocorridos depois dessa data se poderia alegar violação por parte
do Estado.
https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_353_por.pdf