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O Pacto de São José da Costa Rica tem como objeto a previsão e proteção aos
direitos civis e políticos.
O art. 26 da Convenção Americana faz menção à progressividade dos direitos
econômicos, sociais e culturais, mas de forma genérica. Esses direitos estão
disciplinados no Protocolo de San Salvador em matéria de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais.
ENUMERAÇÃO DE OBRIGAÇÕES DOS
ESTADOS-PARTE
O art. 2 contempla o “dever de adotar disposições de direito interno”. Isto é, os direitos previstos no Pacto de
São José da Costa Rica devem ser adotados e protegidos pelos Estados-partes em seu ordenamento jurídico.
Não obstante, se o exercício dos direitos e liberdades do Pacto de São José da Costa Rica ainda não estiverem
garantidos por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes devem se comprometer a
adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas
legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades (art. 2).
Dessa forma, ao integrar a Convenção Americana, o Estado-parte assume o compromisso de: (i) se os direitos
consagrados não estiverem garantidos em seu ordenamento jurídico ou demandarem ajustes, adotar as
medidas necessárias para a proteção, promoção e exercício das obrigações; (ii) não editar leis que
atentem ou restrinjam o gozo dos direitos consagrados.
INTERPRETAÇÃO PELA CORTE
INTERAMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS
Em primeiro plano, no que se refere às alterações e ajustes na legislação nacional para o pleno cumprimento das obrigações assumidas na Convenção, o Caso
“Cinco Pensionistas” Vs. Peru, sentença em 28 de fevereiro de 2003, parágrafo 164, dispôs: “Em relação ao artigo 2º da Convenção, a Corte declarou que no
direito das gentes, o direito consuetudinário estabelece que um Estado que tenha ratificado um tratado de direitos humanos deve introduzir na sua legislação
nacional as alterações necessárias para garantir o pleno cumprimento das obrigações assumidas. Esta regra é universalmente aceita, apoiada pela
jurisprudência. A Convenção Americana estabelece a obrigação geral de cada Estado-Parte para adaptar o seu direito interno às disposições da Convenção,
para garantir os direitos nela consagrados. Esta obrigação geral do Estado Parte implica que as medidas de direito interno devem ser eficazes (princípio do
efeito útil). Isto significa que o Estado deve tomar todas as medidas para assegurar que as disposições da Convenção sejam efetivamente cumpridas em seu
ordenamento jurídico interno, como exige o artigo 2º da Convenção. Tais medidas só são eficazes quando o Estado ajusta suas ações às regras de proteção da
Convenção”.
A alteração de seus regimes previdenciários teria afrontado seus direitos fundamentais, visto que o Estado peruano ilegalmente reduziu o montante dos
valores pagos a título de aposentadoria
Apesar de consignar o dever de adotar as obrigações no direito interno, a Convenção Americana não adentra em quais são essas obrigações. Contudo, no
Caso Zambrano Vélez e outros Vs. Equador, sentença em 4 de julho de 2007 parágrafo 57, a Corte Interamericana abordou essas obrigações: “Certamente o
artigo 2º da Convenção não define quais são as medidas apropriadas para a adaptação da legislação nacional, obviamente porque isso depende da natureza da
regra que exige e as circunstâncias da situação concreta. Por isso, a Corte tem interpretado que tal adequação implica na adoção de medidas em dois
aspectos, a saber: i) a eliminação de regras e práticas que resultem na violação das garantias estabelecidas na Convenção ou desrespeitem os direitos nela
consagrados ou impeçam o seu exercício, e ii) a emissão de normas e o desenvolvimento de práticas que conduzam à efetiva observância dessas garantias. O
Tribunal entendeu que a obrigação do primeiro aspecto é violada quando a regra ou prática contrária da Convenção permanece no sistema jurídico e,
portanto, está satisfeita com a modificação, revogação, ou de alguma forma, o cancelamento, ou a reforma das regras ou práticas que tenham esses âmbitos,
conforme o caso”.
A manutenção da ordem pública interna e da segurança pública estão primariamente reservadas aos órgãos policiais civis. As forças armadas poderão intervir
excepcionalmente em tarefas de segurança sempre que sua participação se dê de modo extraordinário, subordinado e complementar, regulado e fiscalizado.
Além de adotar as medidas e direitos consagrados em seu direito interno, os Estados-partes devem evitar promulgar leis em sentido contrário às
disposições convencionais, como decidiu no Caso Artavia Murillo e outros (fertilização in vitro) Vs. Costa Rica, sentença em 28 novembro de
2012, parágrafo 335, a saber: “Em particular, nos termos do artigo 2 da Convenção, o Estado tem o dever de tomar as medidas necessárias para
fazer efetivo o exercício dos direitos e das liberdades reconhecidos na Convenção. Ou seja, os Estados não somente têm a obrigação positiva de
adotar as medidas legislativas necessárias para garantir o exercício dos direitos nela consagrados, mas também devem evitar promulgar leis que
impeçam o livre exercício destes direitos, e evitar que sejam suprimidas ou modificadas as leis que os protegem”.
O caso se refere a alegadas violações de direitos humanos que teriam ocorrido como consequência da suposta proibição geral de realizar a
fecundação in vitro, que havia estado vigente na Costa Rica desde o ano de 2000, depois de uma decisão proferida pela Sala Constitucional da
Corte Suprema de Justiça deste país.
Os Estados-partes devem ainda suprimir leis em sentido contrário à Convenção, como se vê no Caso “A Última Tentação de Cristo (Olmedo
Bustos e outros)” Vs. Chile, com sentença em 5 de fevereiro de 2001, parágrafo 85: “A Corte considerou que o dever geral do Estado, previsto
no artigo 2 da Convenção, incluiu a adoção de medidas para suprimir as regras e práticas de qualquer natureza que impliquem uma violação às
garantias estabelecidas na Convenção, bem como a expedição de normas e o desenvolvimento de práticas dirigidas à efetiva observância destas
garantias”.
O caso se refere a censura judicial imposta à exibição cinematográfica do filme ‘A Última Tentação de Cristo’, confirmada pela
Excelentíssima Corte Suprema do Chile [...] em 17 de
junho de 1997.
No Caso Cabrera García e Montiel Flores Vs. México, sentença em 26 de novembro de 2010, parágrafo 225, a Corte Interamericana consignou
que a obrigação de todos os órgãos de adotar as disposições da Convenção Americana incluiu o Poder Judiciário, que deve exercer o controle
de convencionalidade entre as leis estatais e as normas da Convenção Americana.
O caso se refere aos tratos cruéis, desumanos e degradantes sofridos por Teodoro Cabrera García e Rodolfo Montiel Flores, detidos sob
custódia do Exército por suspeita da prática dos crimes de porte não licenciado de armas de fogo de uso militar exclusivo, e de plantação de
papoula e marijuana.
DIREITOS CONSAGRADOS
Não será possível a execução da pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. A pessoa
condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos.
INTERPRETAÇÃO NOS CASOS
DIREITO A VIDA
Caso 19 Comerciantes Vs. Colômbia - El caso se refiere a la responsabilidad internacional del
Estado por la desaparición forzada de 19 comerciantes por parte de un grupo paramilitar, así
como a la falta de una investigación para esclarecer los hechos y la falta de sanción a los
responsables.
“A conformidade com o artigo 4º, em relação ao artigo 1.1 da Convenção Americana, não só
que nenhuma pessoa será privada de sua vida arbitrariamente (obrigação negativa), mas
também exige que os Estados tomem todas as medidas apropriadas para proteger e preservar o
direito à vida (obrigação positiva), sob o seu dever de garantir o livre e pleno exercício dos
direitos de todas as pessoas sujeitas à sua jurisdição. Essa proteção ativa do direito à vida por
parte do Estado não só envolve os legisladores, mas todas as instituições do Estado e aqueles
que deveriam proteger a segurança, sejam eles das forças policiais ou forças armadas. Em
face do exposto, os Estados devem tomar medidas não só para prevenir e punir a privação da
vida, como resultado de atos criminosos, mas também para evitar mortes arbitrárias pelas suas
próprias forças de segurança.”
INTERPRETAÇÃO CASOS
DIREITO A VIDA
Caso “Instituto de Reeducação do Menor” Vs. Paraguai - A Comissão argumentou que este Instituto
representou a manutenção de um sistema de detenção contrário a todos os padrões internacionais
relativos à privação de liberdade de crianças, em razão das supostas condições inadequadas sob as quais
estavam reclusos, a saber: superpopulação, superlotação, insalubridade, falta de infraestrutura
adequada, bem como guardas penitenciários em número insuficiente e sem capacitação adequada.
Segundo a Comissão, após cada um dos três incêndios, a totalidade ou parte das
supostas vítimas foram transferidas a penitenciárias para adultos do país; além disso, foi
alegado que a grande maioria de meninos transferidos a penitenciárias para adultos não
haviam sido condenados, com o agravante de que se encontravam espalhados pelo território
nacional, afastados de seus defensores legais e de seus familiares.
Além disso, a Comissão solicitou à Corte que, em conformidade com o artigo 63 da
Convenção, ordenasse ao Estado que garantisse às supostas vítimas e, se fosse o caso, a
seus familiares, o gozo dos direitos violados; ademais, pediu ao Tribunal que ordenasse ao
Paraguai a adoção de determinadas medidas de reparação pecuniárias e não pecuniárias.
INTERPRETAÇÃO CASOS
DIREITO A VIDA
As obrigações do Estado como garantidor do direito à vida e de condições mínimas
de dignidade, no Caso “Comunidade Indígena Yakye Axa” Vs. Paraguai,
sentença em 17 de junho de 2005, parágrafo 162, assim dispôs a Corte: “Uma das
obrigações que o Estado inevitavelmente deve assumir em sua posição de garante, a
fim de proteger e garantir o direito à vida, é a de criar as condições mínimas de vida
compatíveis com a dignidade da pessoa humana e não produzir condições que a
dificultem ou impeçam. Neste sentido, o Estado tem o dever de tomar medidas
positivas, concretas e orientadas para a satisfação do direito a uma vida digna,
especialmente quando se trata de pessoas vulneráveis e em situação de risco, cujo
cuidado torna-se uma prioridade”.
PENA DE MORTE
Caso Boyce e outros Vs. Barbados - Los hechos del presente caso se desarrollan en
el marco de la naturaleza obligatoria de la pena de muerte impuesta a personas
condenadas por homicidios en Barbados. Lennox Ricardo Boyce, Jeffrey Joseph,
Frederick Benjamin Atkins y Michael McDonald Huggin fueron condenados por el
delito de homicidio y condenados a muerte mediante la horca, bajo la sección 2 de la
Ley de Delitos del Estado contra la Persona. De conformidad con esta disposición,
una vez que una persona sea condenada por el delito de asesinato, ningún tribunal
puede evaluar si la pena de muerte es un castigo adecuado a las circunstancias
particulares de la víctima.
DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL, INCLUINDO A
PROIBIÇÃO DA TORTURA E DAS PENAS OU
TRATAMENTOS CRUÉIS, DESUMANOS OU
DEGRADANTES (ART. 5)
No que se refere aos direitos das pessoas privadas de liberdade, no Caso García Asto
e Ramírez Rojas Vs. Peru, sentença de 25 de novembro de 2005, parágrafo 221:
“Nos termos do artigo 5º da Convenção, qualquer pessoa privada de liberdade tem o
direito de viver em situação de detenção compatível com a sua dignidade pessoal.
DIREITO À INTEGRIDADE E
MENORES