Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
A presente análise parte do caso Escher vs Brasil, em que o Estado brasileiro foi
condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por infringir diversos direitos
previstos na Convenção Americana.
No entanto, a decisão foi realizada sem fundamentação adequada. Por tais motivos a
magistrada que autorizou tal ato deixou de cumprir a Constituição Federal e a legislação
brasileiras e ainda por ignorar a falta de competência da Polícia Militar para fazer investigação
criminal contra civis. Com isso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA foi
chamada a se manifestar sobre o caso das interceptações ilegais no caso que ficou conhecido
como Escher e outros Vs Brasil, no qual condena o Brasil pelo uso de interceptações
telefônicas ilegais em 1999 contra associações de trabalhadores rurais ligadas ao Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná. Dessa forma, o Estado brasileiro foi
considerado culpado pela instalação dos grampos, pela divulgação ilegal das gravações e pela
impunidade dos responsáveis.
Cronologia
1. Na CIDH
3.5 Juízes
Cecilia Medina Quiroga, Presidenta;
Diego García-Sayán, Vicepresidente;
Sergio García Ramírez, Juiz;
Manuel E. Ventura Robles, Juiz;
Leonardo A. Franco, Juiz;
Margarette May Macaulay, Juíza;
Rhadys Abreu Blondet, Juíza;
Roberto de Figueiredo Caldas, Juiz ad hoc.
4. Proposições da Comissão
5. Alegações do Estado
Durante o trâmite do processo o estado atribuiu sua matéria de defesa, no dia 07 de julho de
2005 o Estado interpôs 3 exceções preliminares, de forma escrita, elaborou observações
sobre petições e argumentos usados pelos demandantes .
Em sua primeira exceção preliminar, o Estado brasileiro alegou que os representantes das
vítimas apresentaram seu escrito de petições e argumentos uma semana após o prazo, e
que os anexos foram apresentados ainda depois. Segundo a defesa brasileira, o
descumprimento do prazo “constituiu um prejuízo à sua defesa e uma violação ao princípio
do contraditório”. A Corte rejeitou o argumento, por considerar que não se tratava
efetivamente de uma exceção preliminar. Posteriormente, já na fase de avaliação do mérito,
o Tribunal considerou igualmente improcedente a alegação.
Na segunda, o Brasil afirmou que a violação do artigo 28 da Convenção Americana não foi
alegada durante o procedimento perante a Comissão, sendo incluída na demanda somente
na fase de cumprimento das recomendações do caso na CIDH. Além disso, alegou que “o
referido dispositivo não estabelece direito ou liberdade alguma, mas tão somente regras de
interpretação e aplicação da Convenção (...) e [a alegada violação] não deve ser valorada
pela Corte”. O Tribunal também rejeitou a alegação, por depreender que o suposto
descumprimento do artigo 28 já havia sido considerado durante o procedimento perante a
Comissão Interamericana, e por considerar que “tem competência para analisar o alegado
descumprimento do artigo 28 da Convenção, independentemente da sua natureza jurídica,
seja uma obrigação geral, um direito ou uma norma de interpretação”.
Na terceira exceção preliminar, o Estado alegou falta de esgotamento dos recursos judiciais
internos.
6. Competência
Consoante o artigo citado, a Corte é competente para interpretar suas decisões. Para
realizar o exame da demanda de interpretação e resolver o que corresponda a esse
respeito, o Tribunal deve conservar, se possível, a mesma composição que tinha ao ditar a
Sentença respectiva, de acordo com o artigo 59.3 do Regulamento. Nesta ocasião, a Corte
está integrada pelos juízes que ditaram a sentença cuja interpretação foi solicitada pelos
representantes, ressalvada a alteração mencionada.
7.Provas produzidas
Provas documentais, o que disseram as testemunhas, perícia
O Estado foi condenado a pagar aos senhores Arlei José Escher, Dalton Luciano de
Vargas, Delfino José Becker, Pedro Alves Cabral e Celso Aghinoni, o montante de US$
20.000,00 (vinte mil dólares dos Estados Unidos da América) para cada vítima a título de
dano imaterial.
Também teve que publicar no Diário Oficial, em outro jornal de ampla circulação
nacional, e em um jornal de ampla circulação no Estado do Paraná, uma única vez, a página
de rosto, os Capítulos I, VI a XI, sem as notas de rodapé, e a parte resolutiva da Sentença,
bem como deve publicar de forma íntegra a Decisão em um sítio web oficial da União
Federal e do Estado do Paraná.
Ficou responsável também o Estado por investigar os fatos que geraram as violações
do presente caso.
O Estado deve pagar o montante fixado na quantia de US $10.000,00 (dez mil dólares
dos Estados Unidos da América) às vítimas, pelo conceito de custas e gastos por restituição
de custas e gastos, dentro do prazo de um ano contado a partir da notificação da mesma.
Assim, o Caso Escher contribui para alertar sobre eventuais abusos cometidos pelos
agentes públicos a serem refutados e as decisões atuais do STF demonstram a inquietante
necessidade de efetivação dos direitos, sendo necessário utilizar excepcionalmente as
interceptações telefônicas e com uma postura de respeito às garantias judiciais, ao devido
processo legal, à proteção judicial, à honra, à dignidade, o direito ao contraditório, as regras
de competência, o dever de motivar as decisões, os requisitos legais, o prazo determinado
em lei, a cautela ao divulgar publicamente conversas.
Face ao exposto, conclui-se pela importância da atuação dos Tribunais e dos agentes
policiais em plena conformidade com a legalidade, observando principalmente a
Constituição Federal, a Lei 9.296/96 e a Convenção Americana de Direitos Humanos. Todos
devem ajustar suas posições aos parâmetros legais, atuando de modo mais adequado a
prevenir novas violações de direitos, novos casos Escher.