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Elétrica na Distribuição
Edição | 01/2021
(julho/2020)
1 O mercado de baixa tensão faturado representou 44,9% da energia injetada no Brasil em 2020.
2. PERDAS NO BRASIL
A Figura 2 apresenta a evolução das perdas técnicas e não técnicas sobre a energia
injetada no período de 2008 a 2020.
A Figura 3 apresenta as perdas sobre energia injetada – técnicas e não técnicas (reais e
regulatórias) - por região geográfica brasileira em 2020.
Figura 3 – Perdas Técnicas, Não Técnicas Reais e Regulatórias sobre a Energia Injetada por região (2020)
2 http://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2018819_Proret_Submod_2_7_V5.pdf
3 As concessionárias de grande porte foram definidas como aquelas com mercado maior do que 1 TWh e que atendem mais
de 500 mil unidades consumidoras ou que possuem mais do que 15.000 km de rede elétrica. Entretanto, as distribuidoras
Roraima Energia, CEA CPFL Nova Santa Cruz e Energisa Sul Sudeste (ESS) foram consideradas de grande porte neste Relatório.
4 O ranking de complexidade encontra-se no Anexo II deste Relatório. Pressupõe-se que as concessões situadas em áreas de
menor complexidade socioeconômica deveriam, em tese, possuir menores índices de perdas não técnicas.
Figura 6 – Perdas Não Técnicas Reais e Regulatórias sobre Baixa Tensão Faturado – Mapa Brasil (2020)
5Os valores foram calculados de modo simplificado por ano civil, sendo diferentes dos valores homologados pela ANEEL nas
revisões tarifárias. Além disso, foi considerado escalonamento das perdas técnicas a partir do ano de apuração pela
Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição - SRD, que difere do ano de homologação das perdas nos
processos tarifários. O mercado de baixa tensão faturado considera o mercado AS e a energia faturada de microgeração.
Figura 8 – Participação das Perdas Não Técnicas Reais/ Perdas Não Técnicas Brasil (2020)
6As concessionárias que não apareceram na figura apresentaram participação em relação às perdas do Brasil inferior à 0,3%,
totalizando aproximadamente 0,5% das perdas não técnicas no Brasil.
Figura 9 – Perdas Não Técnicas Reais e Regulatória sobre Baixa Tensão Faturado (média ponderada)
A Figura 10 apresenta a evolução das perdas não técnicas reais e regulatórias (média
simples7)
sobre o mercado de baixa tensão faturado, o que, por não considerar os valores
ponderados daquelas empresas mais representativas em termos de perdas, resulta num
desempenho diferente da Figura 9, acima.
Figura 10 – Perdas Não Técnicas Reais e Regulatória sobre Baixa Tensão Faturado (média simples)
7Os percentuais apresentados foram obtidos com base nas médias simples das distribuidoras, ou seja, cada distribuidora
possui o mesmo peso na composição do percentual.
Os impactos financeiros das perdas na tarifa de energia também podem ser segregados
pelas perdas técnicas e não técnicas.
Em 2020, o custo das perdas técnicas, obtido pela multiplicação dos montantes pelo
preço médio da energia nos processos tarifários10, sem considerar tributos, é da ordem de R$ 8,5
bilhões. Essas perdas, inevitáveis em qualquer sistema de distribuição, são repassadas aos
consumidores, já se considerando a operação eficiente das redes e, portanto, não são passíveis de
maiores reduções. Os custos das perdas na rede básica considerados nas tarifas foram de
aproximadamente R$ 1,8 bilhão.
As perdas não técnicas reais no país, utilizando
o mesmo método acima, representaram um custo de R$ 5,6 bi
Perda Não Técnica
aproximadamente R$ 8,6 bilhões em 2020. No entanto, as 2,9% da tarifa
8 As perdas da Amazonas Energia, CEA e Roraima Energia foram estabelecidas pela REH nº 2.184/2016.
9 As perdas da Equatorial Alagoas, Equatorial Piauí, Ceron e Eletroacre foram estabelecidas pela REH nº 2.349/2017.
10 Os valores de compra de energia, Receita Requerida e Parcela B são referentes aos processos de maio de 2020 a abril
de 2021. Os montantes de perdas técnicas e na rede básica foram retirados dos processos tarifários no mesmo período.
Já as perdas não técnicas “reais” e regulatórias” apresentadas foram estimadas para o ano civil de 2020, sendo valores
aproximados em relação aos valores homologados (vide Nota de Rodapé 5).
A Figura 12 apresenta, por concessionária, os valores das perdas que constam nas tarifas
e sua representação em relação à parcela destinada aos custos dos serviços de distribuição
(operação e manutenção, investimentos e depreciação), denominada Parcela B.
Figura 12 – Participação das perdas não técnicas regulatória sobre a Parcela B (2020)
Os valores das perdas não técnicas contidos nas tarifas representaram, na média Brasil
em 2020, aproximadamente 9,8% da Parcela B.
A redução das perdas pelas distribuidoras traz benefícios aos consumidores: redução dos valores regulatórios,
aumento do rateio dos demais custos (redução da tarifa), diminuição do desperdício e melhoria na qualidade
do fornecimento.
A Figura 13 apresenta, considerando o preço médio da energia nos processos vigentes
em abril/2021, os valores equivalentes glosados pela ANEEL nas tarifas dos consumidores, de 2008
a 2020, que são arcados pelas concessionárias.
Figura 14 – Valores das perdas não técnicas glosadas, por distribuidora, em milhões de reais (2020)
11 http://www.aneel.gov.br/luz-na-tarifa
No Primeiro Ciclo de Revisões Tarifárias Periódicas – 1º CRTP, que ocorreu entre 2003 e
2006, a ANEEL propôs uma metodologia simplificada, adotando como regra geral a média histórica de
cada uma das distribuidoras com a análise de especificidades das áreas de concessão.
A metodologia regulatória das perdas não técnicas sofreu alterações significativas no 2º
CRTP (2007-2010), quando a ANEEL adotou a regulação por incentivos, com base na comparação das
distribuidoras. Essa metodologia se baseou na determinação de uma trajetória de redução das perdas
não técnicas para a distribuidora em processo de revisão tarifária, baseada no ponto de partida
(referencial regulatório inicial a ser considerado no ano da revisão da empresa) e no ponto de chegada
ao final do ciclo tarifário. Regra geral, foi considerado como ponto de partida o mínimo histórico das
perdas não técnicas observadas nos quatro anos anteriores. Já o ponto de chegada foi obtido a partir
das melhores práticas verificadas na comparação das empresas (benchmarking).
Conforme já explicado, as concessionárias atuam em áreas de concessão heterogêneas e
para tratar essa questão a ANEEL desenvolveu um ranking de complexidade socioeconômica, a partir
dos resultados de um modelo econométrico12, que permitiu a comparação do desempenho das perdas
não técnicas das distribuidoras, conforme o porte e a posição nesse ranking..
Assim, para a distribuidora cuja perda não técnica regulatória será estabelecida em processo
de revisão tarifária, esse modelo identifica a existência de uma empresa de referência (benchmark), que
normalmente se situa em área de maior complexidade socioeconômica, mas que pratica perdas
menores do que a distribuidora em análise.
As perdas não técnicas do benchmark, empresa mais eficiente no combate às perdas, são
ponderadas com as perdas não técnicas da distribuidora em processo de revisão, conforme a
probabilidade de comparação entre elas, indicadas no modelo econométrico, resultando no ponto de
chegada da empresa. Assim, definidos os pontos de partida e chegada, estabelece-se uma trajetória de
redução das perdas não técnicas regulatórias ao longo do ciclo tarifário. Nos casos em que o ponto de
partida está distante da chegada, são definidos limites de redução baseados nas melhores práticas de
combate às perdas.
A metodologia do 3º CRTP (2011-2014), manteve a essência do 2º CRTP, porém, com
aperfeiçoamentos, tais como o uso da média de três modelos econométricos para se medir a
complexidade socioeconômica13 e a flexibilização do ponto de partida quando observado
distanciamento da perda praticada e a regulatória - para os casos de piora dos indicadores
socioeconômicos ou com baixa probabilidade de comparação, ou seja, as distribuidoras situadas na
parte superior do ranking de complexidade. Além disso, foram definidos limites discretos na trajetória
de redução regulatória das perdas não técnicas, conforme a complexidade socioeconômica, nível de
perdas não técnicas e porte das concessionárias.
Já no 4º CRTP (2015-2018), utilizou-se a abordagem dos ciclos anteriores, com ajustes e
atualização das variáveis do modelo econométrico14.
12 O modelo de análise de regressão foi o de Dados em Painel com Efeitos Aleatórios. As variáveis utilizadas foram: violência
(óbitos por agressão), desigualdade (% de pessoas com renda baixa), precariedade (% de pessoas em domicílios subnormais)
e infraestrutura (cobertura de abastecimento de água).
13 As variáveis utilizadas foram: violência, desigualdade, precariedade, infraestrutura (rede de esgoto) e inadimplência.
14 As variáveis utilizadas foram: violência; pobreza (renda inferior a ½ salário-mínimo), desigualdade (índice de gini),
precariedade (% de pessoas em domicílios subnormais), infraestrutura (coleta de lixo urbano), inadimplência e participação
do mercado de baixa renda no mercado B1 e Baixa Tensão.
15 Perdas não técnicas de 7,5% sobre o mercado de baixa tensão medido para distribuidoras de grande porte e 2,5% de pequeno
Equipe:
Luís Carlos Carrazza
Marcelo Hlebetz de Souza
Claudio Elias Carvalho
Davi Antunes Lima