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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS – ESO


CURSO CIÊNCIAS ECONÔMICAS

TRABALHO DE RESUMO COMPONENTE DE NOTA FINAL DA MATÉRIA


ECONOMIA REGIONAL E URBANA

MATHEUS DA SILVA BULCÃO

PRODUÇÃO TEÓRICA EM ECONOMIA REGIONAL: uma proposta de


sistematização

MANAUS
2022
1. INTRODUÇÃO AO ASSUNTO DO TRABALHO DO AUTOR

Cavalcante busca neste trabalho estabelecer uma ordem de raciocínio


cronológica e gradativa entre as teorias que surgiram ao longo dos anos com o
propósito de explicar o desenvolvimento das regiões. Houve não só uma necessidade,
por parte dos teóricos, de explicar o que, mas como e por quais motivos a regiões se
desenvolvem e de mencionar os fatores que compõe o espaço e sua organização.
Uma primeira dificuldade foi definir uma linha teórica entre os autores que
possibilitasse estabelecer continuidade sem contradição entre as definições, e por
isso Cavalcante teve o cuidado de separar o objeto comum entre elas que são os
espaços subnacionais.
Ao longo do trabalho analisado, identifica-se três pilares antes do autor chegar
à sua conclusão, que são primordiais para a sistematização do estudo da ciência
regional e são elas

a) Teorias clássicas de localização,


b) Desenvolvimento regional com ênfase nos fatores de aglomeração; e
c) Produções recentes de economia regional

Sendo a produção recente uma consideração de novos padrões de produção


baseadas na automação integrada e produção flexível, na nova geografia econômica,
e enfoque no trade off entre custo reduzido de produção e incremento de bens e
serviços na economia de escala e custo de transporte.
Dentro da limitação de definir e encontrar um consenso de “região”, colocada
como um espaço delimitado e organizado, há um esforço orientado para estruturar as
teorias alemãs (organizando o velho) e inserir as novas teorias incrementadas nessas
últimas, porém, parametradas na realidade, gerando o mainstream. Fato este
atribuído usualmente ao surgimento de um novo padrão flexível de produção e
pensando nessas dificuldades é que o autor busca sistematizar as teorias congruentes
ao tema pertinente.
Pode-se enfatizar que a principal tarefa e objetivo de organizar o estudo desta
forma é possibilitar a formulação no hoje, nos tempos atuais, políticas de
desenvolvimento regional e diminuir as desigualdades inter-regionais e, portanto, as
desigualdades nacionais em última instância.
2. A ESTRUTURA DO PENSAMENTO DE CAVALCANTE NO TEXTO

Cavalcante diz que antes das revoluções produtivas havia uma facilidade em
definir, a saber uma clareza de definição, duas correntes de pensamento no que mais
tarde chamou-se de ciência regional. Eram elas:

a) Teoria clássica em Thunen à Isard,


b) Desenvolvimento regional na aglomeração, de raízes marshallianas e
keynesianas em Perroux, Mirdal e Hischiman.

Atualmente há uma integração no mainstream dessas teorias e aglutinação


dessas visões em muitos ramos da ciência regional voltadas para questões
experimentais de testas e comparar com a realidade, de modo a lidar com os fatos
atuais da produção flexível, acumulação, abertura comercial e desregulamentação
econômica.

Cavalcante busca organizar a exposição de sua teoria de forma aparentemente


progressiva no sentido de expor o quanto mais se explica sobre a formação do
desenvolvimento regional e formata a sua estrutura da seguinte forma:

1 – Os clássicos sob influência do conceito de “livre mercado” buscam determinar uma


localização ótima (das firmas) para diminuir o custo de transporte

Clássicos

Von Thunen (estado isolado): Inaugura a teoria dos espaços centrais (cidades
industriais) com o princípio dos custos nas escalas organizacionais de que quanto
mais distante está da cidade industrial, mais barato seria o transporte da matéria-
prima, ao ponto de que quanto mais perto, mais caro seria. O que faria que ao redor
das cidades se formassem círculos produtivos que interagem e dependem da indústria
para manterem-se nessa organização

Weber (Localização industrial): A indústria se localiza por:


Custo de transporte,
Custo de mão-de-obra,
Fator local de aglomeração e desaglomeração.

Buscando otimizar seus lucros através da minimização desses dois primeiros fatores.

Christaller (Lugares centrais): Centros de mercado agrícola seguem de maneira


homogênea e isótropa, isto é, de mesma propriedade independente da direção) diz
que os círculos são eficientes em reduzir distâncias, mas há áreas que não são
atendidas pelos ofertantes. Busca entender leis que determinam:

Número,
Tamanho,
Distribuição; das cidades (lugares centrais)

Isarde (Localização e economia espacial): Tido como o fundador da ciência regional


e discípulo de Thunen, busca entender os fatores de aglomeração e desaglomeração,
a renda urbana e a organização do espaço e define 5 fatores de orientação para a
indústria:

Para matéria-prima
Mercado
Mão-de-obra
Energia, e
Não definida (de propósito tangente aos interesses da firma).

Com o avanço da literatura e integração da mesma no meio intelectual norte-


americano, surgem os pós Isard com as teorias de desenvolvimento regional com
ênfase na aglomeração.

2 – Os desenvolvimentistas regionais

Pós-Isard
Perroux (os pólos de crescimento): pensando nas indústrias motrizes, seu
pensamento diz respeito à área de crescimento não uniforme no espaço, mas em
pólos de crescimento com graus variados, pólos esses que:

Transformam o meio onde estão


Podem transformar a forma de organização nacional
Intensifica atividades econômicas

Myrdal (A concentração circular e cumulativa): Descreve a interação de formas


circulares ascendentes e decrescentes.
A concentração de renda gera estagnação e torna-se necessária a intervenção do
estado para distribuir as densidades e diminuir as desigualdades sociais.
Estuda países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Hirschman (os efeitos para frente e para trás): Uma de suas contribuições
de mais enfatizadas é o mecanismo dos encadeamentos para a frente e para trás,
chamados de forward e backward linkages, originalmente, limitado aos eixos entre
uma determinada atividade e aquelas que a antecedem que é o aprovisionamento de
insumos e a sucedem, que indica a utilização do produto.

Produção recente na economia regional

Como já mencionado, a ciência regional recente é definida por uma


compreensão de que a sociedade caminha cada vez mais em direção de um modo
produtivo flexível na mão-de-obra e na locomoção, como por exemplo o advento do
home office, e de uma geração de relações comerciais mais voltadas a um mercado
desregulamentado, isto é, livre.

Marshall (Distritos): Um dos elementos primordiais da definição de distrito é a


concentração geográfica das empresas, que permite, portanto, a redução dos custos
de transação, gerando economias de escala externas à empresa e zonas de comercio
livre.
GREMI (ambientes inovadores): Tal teoria idealiza a transformação das
hierarquias levando em conta o fator tecnológico e o papel do território no sentido de
gerar inovações. Um fator determinante para este crescimento e inovação é a
aprendizagem. O estudo e aprofundamento em relação às novas tecnologias fazem
com que as empresas cooperem em novas relações entre si, criando alianças
estratégicas e redes de inovação. Esta lógica organizacional baseada na cooperação
aplica-se também ao domínio territorial, que costumava ser uma barreira para as
atividades do mercado, ou seja, a inovação tecnológica torna-se um vetor sinérgico
insubstituível.

Storper (Organização Industrial e Custos de Transação): implica no


ressurgimento da ciência regional, tendo como forte característica a aplicação das
teorias comentadas ao longo do trabalho.

3. CONCLUSÃO

Cavalcante consegue neste trabalho proporcionar uma linha do tempo e


integração das teorias citadas, de forma a fornecer uma estrutura que ao mesmo
tempo que confirma o progresso histórico da ciência regional, também textifica sua
aplicação na atualidade.

REFERÊNCIA

CAVALCANTE, Luiz Ricardo Mattos Teixeira. Produção teórica em economia


regional: uma proposta de sistematização. Associação brasileira de estudos
regionais e urbanos, 2007.

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