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POEMAS GLAUCO MATOSO

Soneto Nojento

Tem gente que censura o meu fetiche:


lamber pé masculino e o seu calçado.
Mas, só de ver no quê o povo é chegado,
não posso permitir que alguém me piche.

Onde é que já se viu ter sanduíche


de fruta ou vegetal mal temperado?
E pizza de banana? E chá gelado?
Frutos do mar? Rabada? Jiló? Vixe!

Café sem adoçar? Feijão sem sal?


Rã? Cobra? Peixe cru? Lesma gigante?
Farofa de uva passa? Isso é normal?

Quem gosta disso tudo não se espante


com minha preferência sexual:
lamber o pé e o pó do seu pisante.

SONETO 509 ASSUMIDO  

Mattoso, que nasceu deficiente,


ainda foi currado em plena infância:
lambeu com nojo o pé; chupou com ânsia
o pau; mijo engoliu, salgado e quente.  

Escravo dos moleques, se ressente


do trauma e se tornou da intolerância
um nu e cru cantor, mesmo à distância,
enquanto a luz se apaga em sua lente.  

Tortura, humilhação e o que se excreta


são temas que abordou, na mais castiça
e chula das linguagens, o antiesteta.  
Merece o que o vaidoso não cobiça:
um título que, além de ser “poeta”,
será “da crueldade” por justiça.

SONETO 605 CASUÍSTICO #2  

Depois do peido, pisca o cu de novo


e já dejeta, em jato, o resto mole
daquilo que na mesa é… (Ravioli?
Lasanha? Peixe? Arroz? Sushi com ovo?)  

A merda ofende e humilha o homem do povo,


lhe escorre pela face, e o pobre engole
um pouco, pois forçoso é que lhe role
garganta adentro parte do desovo.  

Levanta da privada, sorridente


e leve o disentérico burguês,
tão já mijo a molhá-lo o preso sente.  

E mal seu caldo grosso um deles fez,


um outro não demora que se sente
e faça igual quinhão, por sua vez.

SONETO 1007 METTIDO  

Gostoso é ter alguem que, a meu commando,


me chupe quantas vezes eu quizer.
Si diz que quer chupar ou que não quer,
respondo que estou pouco me lixando.  

Si quero, eu chamo, e não importa quando.


A bocca pode ser uma qualquer,
nem ligo si for de homem ou mulher,
si fodo sempre a mesma ou fodo um bando.  
Si a rola causa nojo na pessoa,
melhor ainda: ahi que eu me deleito,
fazendo engolir tudo numa boa!  

Bom mesmo é quando um macho de respeito


só chupa si apanhar: quanto mais doa,
mais gozo na garganta do sujeito!

SONETO 2020 PARA UMA AGUA TIRADA DE JOELHO  

A bocca, ja treinada, prompta fica


a aboccanhar a rola emquanto mija.
Apoz um longo jacto, estanca a pica
por um momento, ainda não tão rija.  

A um novo jacto, bebe dessa bica


a bocca, que, enojada, não se alija.
Agora frente a frente, se dedica
apenas a chupar como se exija.  

No vaso, ainda espuma a quente urina.


Na glande a lingua faz uma faxina
geral e, alem das gottas, limpa o sebo.  

Mijar assim é como um duplo gozo:


alem de alliviar-se, o pau seboso
me engasga ao esporrar, e tudo bebo.

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