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QUÍMICA

Sumário

Aula 1: Introdução à Química – Conceitos Básicos ..... 5


Aula 2: Estudo da eletrosfera e configuração eletrônica 12
Aula 3: Distribuição eletrônica em íons .................... 16
Aula 4: Ligações Químicas I ................................... 19
Aula 5: Ligações Químicas II ................................... 24
Aula 6: Forças intermoleculares ............................... 30
Aula 7: Tabela periódica ......................................... 35
Aula 8: Propriedades Aperiódicas
e periódicas dos elementos ................................... 41
Aula 9: Introdução à química orgânica .................... 45
Aula 10: Hidrocarbonetos ....................................... 51
Aula 11: Funções inorgânicas, Ácidos ...................... 57
Aula 12: Funções inorgânicas, Bases ....................... 65
Aula 13: Funções inorgânicas, Sais .......................... 70
Aula 14: Funções inorgânicas, Óxidos..................... 75
Aula 15: Eletroquímica I ......................................... 79
Aula 16: Eletroquímica II ........................................ 87

REFERÊNCIAS ........................................................ 93
Introdução à Química – Conceitos Básicos

INTRODUÇÃO
Olá, Aluno(a)! É um prazer tê-lo(a) conosco nesta disciplina.

Talvez você se pergunte POR QUE ESTUDAR Química neste curso. A resposta é muito simples:
os materiais utilizados no dia a dia de um engenheiro civil possuem uma composição e uma estrutura
referentes aos átomos formadores da matéria. Assim, é preciso saber do que os materiais são feitos e suas
características para podermos utilizá-los de uma melhor forma, bem como estudar maneiras melhores e
mais econômicas de utilização destes.

Química é a ciência Exata e Experimental que estuda a composição, estrutura, propriedades


da matéria, as mudanças sofridas por ela durante as reações químicas e sua relação com a energia. A
química está presente no nosso dia a dia e representa um papel muito importante no desenvolvimento
da humanidade. Os materiais utilizados pelo homem tais como pedra, metais e polímeros, entre outros,
marcaram épocas, e a química sempre esteve por trás desses cenários com a descoberta de novos
elementos que evoluem a cada dia.

O conteúdo da Química pode ser muito fascinante. Se você for curioso, interessado e aplicado,
poderá enriquecer sua vida pessoal e profissional por meio deste conteúdo, pois vai trabalhar um assunto
de extrema importância em nosso dia a dia.

Para contextualizar o assunto, primeiramente vamos conhecer os conceitos básicos de química


(matéria, massa e volume), bem como sua principal unidade formadora: o átomo. Na sequência, vamos
estudar as estruturas atômicas e os tipos de ligação que eles fazem e suas características. O principal
símbolo da química, a tabela periódica, também vai ser estudada a fim de entender as informações
contidas na ilustração que ela representa. Compostos orgânicos e inorgânicos, ácidos, bases e sais serão
as principais funções químicas abordadas.

Bons estudos!

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Aula
1

INTRODUÇÃO À QUÍMICA –
CONCEITOS BÁSICOS
Aula
Introdução à Química – Conceitos Básicos 1

Fonte: Pixabay.

Vamos começar com algumas definições básicas para o nosso aprendizado em química:

Matéria: É qualquer coisa que tenha massa e volume e ocupa espaço. Ex.: água, madeira, ferro, ar.
Os três estados da matéria mais comuns são: sólido, líquido e gás.

Química: é a ciência que estuda a matéria, suas transformações e as variações de energia que
acompanham essas transformações.

Propriedade química: refere-se à habilidade de uma substância de transformar-se em outra


substância. Ex.: o gás H2 reage com o gás O2 para produzir H2O.

Propriedade física: a propriedade física de uma substância é uma característica que pode ser
observada ou medida sem mudar a identidade e ponto de fusão, cor, densidade, ponto de ebulição,
estados da matéria e outros.

Estados físicos da matéria: são definidos três estados:

O estado sólido se caracteriza por apresentar a estrutura interna perfeitamente organizada. As


partículas que constituem a matéria nesse estado físico não têm velocidade, apenas vibram em posições
fixas e, por isso, o estado sólido tem forma e volume definidos. Ex.: ouro, cobre, alumínio, aço, sal de
cozinha, água (gelo).

O estado líquido se caracteriza por apresentar a estrutura interna mais ou menos organizada.
As partículas que constituem a matéria nesse estado físico têm velocidade, ou seja, “rolam” umas sobre
as outras com certa liberdade e, por isso, os líquidos não tem forma própria (adaptam-se à forma do
recipiente que os contém). Ex.: mercúrio, álcool, água (ambiente).

O estado gasoso se caracteriza por apresentar a estrutura interna completamente desorganizada.


As partículas que constituem a matéria nesse estado físico se movimentam em todas as direções, com
alta velocidade e grande liberdade. Ex.: Hélio, ar, cloro, oxigênio, água (vapor).

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Aula
1 Introdução à Química – Conceitos Básicos

1.1 Estrutura atômica


Um átomo é a menor porção fundamental da matéria, em que o número de prótons é igual ao
número elétrons.

Os átomos são formados por nêutrons, prótons e elétrons. Os prótons são partículas carregadas
positivamente, e os nêutrons não possuem carga.

Essas duas partículas constituem o núcleo atômico e são virtualmente responsáveis pela massa
atômica. Os elétrons são carregados negativamente e encontram-se circulando o núcleo em órbitas
definidas.

Podemos incialmente ilustrar o átomo como na figura abaixo, e nas aulas seguintes vamos estudar
todos os modelos propostos para se chegar nesse recente e usado didaticamente para explicar o átomo
(elétrons - esfera cinza, prótons - esferas vermelha e nêutrons - esfera azul):

Fonte: Pixabay.

1.2 Modelos atômicos


Um breve resumo do histórico da evolução dos modelos atômicos pode ser abordado com a
seguinte ordem:

Modelo Atômico de Dalton (modelo bola de bilhar)


- Átomo como menor porção da matéria, uma partícula indivisível, impenetrável e esférica

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Aula
Introdução à Química – Conceitos Básicos 1

Fonte: Pixabay.

Modelo de Thomson

modelo pudim de ameixa, divisibilidade do átomo;

Detectou partículas carregadas negativamente (Elétrons)

Esfera positiva com elétrons

Em 1897, Thomson tornou-se o “pai do elétron”.

Fonte: Wikipedia.

****Nêutrons (1932) – os Nêutrons não têm carga e permanecem no núcleo isolando os prótons,
evitando suas repulsões e o consequente desmoronamento do núcleo.
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Aula
1 Introdução à Química – Conceitos Básicos

Modelo Atômico de Rutherford

- (modelo planetário) corresponde a um sistema planetário em miniatura, no qual os elétrons se


movem em órbitas circulares ao redor do núcleo positivo.

Fonte: Fiorotto, 2014.

Teoria de Bohr

Os elétrons que giram ao redor do núcleo não giram ao acaso, mas descrevem órbitas determinadas,
de energia constante.

- Quando a energia passa através do átomo, o elétron pula para a órbita maior e seguinte, voltando
depois à sua órbita usual.

- Quando os elétrons saltam de uma órbita para a outra, resulta luz. Bohr conseguiu prever
os comprimentos de onda a partir da constituição do átomo e do salto dos elétrons de uma órbita
para a outra.

Fonte: Fiorotto.

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Aula
Introdução à Química – Conceitos Básicos 1

Número atômico (Z)


É o número de prótons existentes no núcleo. Em um átomo, o número de prótons é igual ao de
elétrons. Como a carga do próton é igual à do elétron, mas de sinal contrário, o átomo é um sistema
eletricamente neutro (a soma de todas as cargas é zero).

Número de massa (A)


O número de massa de um átomo é a soma do seu número de Prótons + Nêutrons. O número de
massa é representado por (A).

Representação da fórmula e geral do átomo de um elemento químico (número atômico e de massa)

Massa do próton ~ massa do nêutron; Massa do próton ~1.840 x massa do elétron

Os elementos químicos são representados com o seu número atômico e número de massa da
seguinte forma:

Exemplo elemento cloro: número atômico=17 e número e massa=35

Observações relevantes:

1)Todos os átomos de um elemento químico são


idênticos;

2) Os átomos de diferentes elementos têm massas


diferentes;

3) Um composto é uma combinação específica de átomos de mais de um elemento;

4) Em uma reação química, os átomos não são criados nem destruídos, mas trocam de
parceiros para produzir novas substâncias.

1.3 Elemento químico e Átomo


Entende-se por elemento químico um conjunto de átomo iguais. Esta definição baseia-se na
Teoria de John Dalton, químico inglês que em 1803 formulou a primeira Teoria atômica: “Teoria
atômica de Dalton”, que tentava explicar a composição da matéria:

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Aula
1 Introdução à Química – Conceitos Básicos

“Toda espécie de matéria é formada por


minúsculas partículas chamadas átomos. Os átomos
não podem ser subdivididos, nem transformados em
outros átomos.”

Apesar de existirem muitos tipos diferentes de matéria, atualmente são conhecidos 112 (Atkins)
diferentes tipos diferentes de átomos, ou seja, 116 elementos químicos. Deste número, ~20% não existe
na natureza, sendo produzido em laboratório.

10 Elementos químicos mais abundantes na natureza


Oxigênio (O) = 49,5% Sódio (Na) = 2,6%
Silício (Si) = 25,7% Potássio (K) = 2,4%
Alumínio (Al) = 7,5% Magnésio (Mg) = 1.9%
Ferro (Fe) = 4,7% Hidrogênio (H) = 0.9%
Cálcio (Ca) = 3,5% Titânio (Ti) = 0.6%

Cada elemento químico tem um nome e uma representação gráfica derivada do nome, chamada
símbolo químico. A primeira letra do símbolo é maiúscula e a segunda, quando houver, é sempre
minúscula. Existem ainda símbolos que derivam do Latim.

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Aula
2

ESTUDO DA ELETROSFERA E
CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA
Aula
2 Estudo da eletrosfera e configuração eletrônica

Fonte: Reprodução

Os modelos da matéria construídos até o momento postulam que ela é constituída por partículas.
Diversos modelos foram propostos conforme as sucessivas investigações experimentais, aliadas a novas
concepções teóricas, Dalton, Thomson, Rutherford, Bohr e o modelo atômico atual (modelo orbital).

Segundo os modelos atômicos de Rutherford e Bohr, os elétrons descreviam orbitas circulares e


concêntricas ao redor do núcleo. Tais órbitas eletrônicas, segundo o modelo atômico de Rutherford-
Bohr, foram denominadas órbitas estacionárias, camadas eletrônicas ou níveis de energia.

As camadas eletrônicas são representadas pelas letras K, L, M, N, O, P Q, que correspondem aos


níveis de energia n= 1,2,3,4,5,6,7. Quanto maior o valor de n, maior é a energia do elétron, ou seja, maior
afastamento do núcleo.

Fonte: Fiorotto, 2014.

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Aula
Estudo da eletrosfera e configuração eletrônica 2

Assim, os níveis (camadas) são formados por subníveis (subcamadas) representados pelas letras
s-p-d-f-g-h, em ordem crescente de energia. Cada subnível possui suas respectivas quantidades máximas
de elétrons. Sabemos, porém, que dos átomos conhecidos até hoje só existem os quatro primeiros
subníveis, acomodando os seguintes números máximo de elétrons:

Fonte: Fiorotto, 2014.

Assim, como no 1º nível cabe no máximo dois elétrons, esse nível apresenta apenas um subnível
“s”, no qual cabe os dois elétrons. O subnível “s” do 1º nível de energia é representado por 1s e assim por
diante.

Fonte: Fiorotto, 2014.

2.1 Distribuição dos elétrons nos subníveis

A distribuição (configuração) eletrônica nos descreve o arranjo dos elétrons em um átomo,


fornecendo o número de elétrons em cada nível, principal e subnível. Os elétrons preenchem os subníveis
em ordem crescente de energia. Um subnível é totalmente preenchido para depois iniciar o seguinte.

À medida que se aproxima do núcleo, a energia potencial do elétron, graças à atração pelo núcleo,
diminui, enquanto sua velocidade e, consequentemente, sua energia cinética aumentam (tal como a
velocidade de um satélite aumenta ao se aproximar da Terra). De um modo geral, a energia total do
elétron aumenta à medida que o elétron se afasta do núcleo.

2.2 Diagrama de Linus Pauling

O químico norte americano Linus Pauling descobriu que, em ordem, a energia dos subníveis
cresce.

A ordem crescente de energia dos subníveis coincide com as diagonais no diagrama abaixo. Cada
linha na horizontal representa uma camada eletrônica com os seus subníveis. À medida que se desce
pelas diagonais, a energia vai aumentando.

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Aula
2 Estudo da eletrosfera e configuração eletrônica

Fonte: Fiorotto, 2014.

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Aula
3

DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA EM ÍONS


Aula
Distribuição eletrônica em íons
3

A distribuição eletrônica em íons é semelhante à dos átomos neutros. Lembrando que um íon é
formado à partir da perda ou ganho de elétrons que ocorre com um átomo e que os elétrons são retirados
ou recebidos sempre da última camada eletrônica (camada mais externa), camada de valência, e não do
subnível mais energético.

Os elétrons cedidos por um átomo de um metal são os mais externos.

Para realizar a distribuição eletrônica de um cátion, fazemos primeiro a distribuição do átomo


neutro e em seguida repetimos a distribuição, tirando os mais externos.

11Na Na+
11

1s22s22p63s1 1s22s22p6

Definições importantes:

- Íon são átomos quem perderam ou ganharam


elétrons.

- Cátion: íon positivo, nº prótons > nºelétrons

- Ânion: íon negativo, formado quando o átomo ou grupo de átomos ganha um ou mais
elétrons.

- Camada de valência: é a camada mais externa do átomo e pode conter no máximo 8


elétrons.

Os elétrons recebidos por um átomo de um ametal entram nos subníveis incompletos.

Para realizar a distribuição eletrônica de um ânion, fazemos primeiro a distribuição do átomo


neutro e sem seguida repetimos a distribuição, acrescentando os elétrons.

3.1 Isótopos, isóbaros e isótonos

ISÓTOPOS: são átomos de mesmo número atômico Z (mesmo elemento químico) com número
de massa diferente (o número de nêutrons é diferente). Apresentam as mesmas propriedades químicas.
Representa-se qualquer isótopo pelo símbolo do elemento com o número atômico escrito como índice
inferior à esquerda (o número atômico pode ou não ser colocado nessa representação) e o número de
massa como índice superior, também à esquerda.

Exemplos:

Isótopos do hidrogênio (H)

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Aula
Distribuição eletrônica em íons 3

- hidrogênio leve (prótio) – não tem nêutron: 1H1; 1H2, 1H3

- deutério (1 nêutron): 1H2

- trítio (2 nêutrons): 2H3

Fonte: Wikipedia.

*O prótio e o deutério apresentam núcleo estável. O trítio é radioativo, isto é, seu núcleo se
desintegra. Os isótopos acorrem na natureza em quantidades diferentes. O hidrogênio natural é uma
mistura de 99,985% de prótio, 0,015% de deutério e uma quantidade muito pequena de trítio.

ISÓBAROS: São átomos de números atômicos (Z) diferente (elementos diferentes) e mesmo
número de massa (A).

Exemplos: 19K40 e 20Ca40

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Ge76 e 34Se76

ISÓTONOS: São átomos de números atômicos diferente (Z) (elementos diferentes), número de
massa diferentes e que apresentam mesmo número de nêutrons.

Exemplos: 11B5 e 6C12

Al27 e 14Si28
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Aula
4

LIGAÇÕES QUÍMICAS I
Aula
Ligações Químicas I 4

As ligações químicas que mantêm unidos os átomos de uma substância determinam, em parte,
as suas propriedades. A ligação química é a intensa força atrativa que existe entre os átomos de uma
substância.

Os átomos, apesar da neutralidade elétrica, são espécies instáveis e reativas. Eles tendem a se
combinar, de modo que a sua camada de valência (a mais externa) passe a conter oito elétrons.

Para entender como funcionam as ligações entre os átomos, vamos analisar, incialmente, a
eletrosfera dos gases nobres.

Gás nobre K L M N O P
He 2
Ne 2 8
Ar 2 8 8
Kr 2 8 18 8
Xe 2 8 18 18 8
Rn 2 8 18 32 18 8
Fonte: Desenvolvido pela autora.

A análise das distribuições eletrônicas dos gases nobres mostra que:

ȖȖ Possuem o último nível completo, isto é, com número máximo de elétrons que este nível pode
conter, como nível de valência

ȖȖ Todos os gases nobres, com exceção do hélio, comportam 8 elétrons no último nível

ȖȖ Ao que tudo indica, possuir uma eletrosfera semelhante à de um gás nobre torna o átomo
estável.

Teoria do octeto
Os átomos dos diferentes elementos químicos se ligam entre si, perdendo, recebendo ou
compartilhando elétrons, na tentativa de adquirir uma configuração eletrônica semelhante à de um gás
nobre, ou seja:

- 8 elétrons na camada de valência

- 2 elétrons na camada de valência se for o nível K (semelhante ao gás nobre hélio)

Logo, um elemento químico se estabiliza:

- Perdendo elétrons (metal)

- Recebendo elétrons (não-metal/ametal)

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Aula
Ligações Químicas I
4

Compartilhando elétrons e adquirindo, desta maneira, a configuração eletrônica de um gás nobre


(Regra do octeto estável).

Conhecendo-se o número de elétrons de valência é possível determinar a tendência de cada átomo.

Metais – menos 4 elétrons na camada de valência. Tendência para ceder elétrons

Ex.: Mg (Z=12) KLM

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Não metais – mais de 4 elétrons na camada de valência. Tendência para receber elétrons.

Ex.: P (Z=15) KLM

285

4.1 Ligação iônica ou eletrovalente


A ligação iônica é aquela que ocorre por transferência de elétrons de um átomo a outro (um perde
e outro recebe elétrons). Esta ligação se caracteriza pela formação de íons positivos e negativos, que se
atraem mutualmente, formando compostos de alta estabilidade.

As forças de interação que mantém os cátions unidos aos ânions são de caráter eletrostático.

O elemento que dá origem ao cátion é aquele que possui alta eletropositividade. Lembrando que
os cátions são formados por metais com tendência de doar elétrons

O elemento que origina o ânion é o que tem alta eletronegatividade. Os ânions são formados por
não-metais ou hidrogênio, com tendência de receber elétrons.

* Eletronegatividade é a propriedade que mede


a capacidade que o átomo de um elemento possui de
atrair para si, formando um íon negativo.

* Eletropositividade é a propriedade que o


elemento tem de perder elétrons (caráter metálico).

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Aula
Ligações Químicas I 4

Fonte: Elaborado pela autora.

As forças eletrostáticas que surgem entre cátions e ânions não são direcionais, isto é, não estão
orientadas para determinada direção. Isto faz um cátion atrair todos os ânions que estão ao seu redor.
Este fato mostra porque temos, na ligação iônica, um aglomerado de íons no estado sólido (cristalino).

Regra prática para a construção de fórmulas de compostos iônicos e representação da ligação


iônica.

Fonte: Fiorotto, 2014.

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Aula
Ligações Químicas I
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Propriedades dos compostos iônicos

- Não foram moléculas e sim associações compactas de íons. Nas condições ambientes, são sólidos
e cristalinos

- Apesentam elevados pontos de fusão e ebulição.

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Aula
5

LIGAÇÕES QUÍMICAS II
Aula
Ligações Químicas II
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5.1 Ligação covalente ou molecular

Até agora, analisamos as substâncias iônicas que são, nos casos típicos, sólidos com ponto de fusão
elevado. Muitas substâncias, porém, são moleculares – gases, líquidos ou sólidos de ponto de fusão
baixo – constituídas por moléculas bem definidas. A molécula é grupo de átomos, na maioria das vezes,
de átomos de não-metais, fortemente unidos por ligações químicas. As forças que mantêm os átomos
unidos nas substâncias moleculares não podem ser explicadas com base na atração de íons.

Assim, a ligação covalente é a ligação estabelecida entre dois átomos por meio de compartilhamento
de um ou mais pares de elétrons, em que cada átomo contribui juntamente com um elétron na formação
de um par eletrônico que estabilizará esses dois átomos ao mesmo tempo. O resultado é uma molécula.
Na ligação covalente, nenhum dos átomos participantes deseja doar elétrons. Os elementos que fazem
ligações covalentes são não-metais, semimetais e hidrogênio.

Como ocorre a ligação covalente?


Os núcleos dos átomos que se unem para formar a molécula têm cargas elétricas de mesmo sinal
(+) e por isso se repelem. Porém um elétron presente entre elas irá atraí-las, pois, o núcleo e elétron tem
cargas de sinais contrários.

A existência de elétrons exerce uma atração suficientemente alta para manter os núcleos unidos,
apesar da repulsão entre eles.

Fonte: Wikipedia.

Exemplo do hidrogênio:
Consideremos a formação da ligação covalente entre dois átomos de hidrogênio para dar
as moléculas de H2. Quando os átomos se aproximam um do outro, os seus orbitais 1s começam a
se superpor. Cada elétron pode então ocupar o espaço em torno de ambos os átomos. Em outras
palavras, os dois elétrons podem ser compartilhados pelos dois átomos (Fig.). Os elétrons são atraídos,
simultaneamente, pelas cargas positivas dos dois núcleos de hidrogênio. Esta atração que une os elétrons
aos dois núcleos é a força que mantém unidos os dois átomos. Embora não existam íons na molécula de
H2, a força que mantém unidos os dois átomos pode ser considerada proveniente da atração de partículas
opostas: os núcleos e os elétrons.

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Aula
Ligações Químicas II 5

Fonte: Jespersen; Hyslop; Brady, 2017.

(a) Dois átomos de H separados por uma grande distância. (b) À medida que os áto-
mos se aproximam um do outro, suas densidades eletrônicas são puxadas para dentro
da região entre os dois núcleos. (c) Na molécula de H2 a densidade eletrônica fica
concentrada entre os núcleos. Ambos os elétrons da ligação são compartilhados
por ambos os núcleos.

Exemplos e comparações de ligações

Os pares de elétrons ligantes são igualmente compartilhados no H2, desigualmente compartilhados


no HCl, e essencialmente não compartilhados na NaCl. Assim, é possível coordenar as diferentes
ligações numa transição gradual da ligação covalente apolar até a ligação iônica.

Resumindo, quando não há diferença de eletronegatividade entre os dois átomos que se ligam,
ou seja, quando são átomos do mesmo elemento químico, a ligação será covalente apolar. A ligação
química será tanto mais polar (fortemente polar), quanto maior for a diferença de eletronegatividade
entre os dois átomos que se ligam.

Diferença de eletronegatividade tipo de ligação


Zero a 0,4 --------------------------------- ligação covalente apolar

Entre 0,4 e 1,7 -----------------------------ligação covalente polar

Maior que 1,7 --------------------------------- ligação iônica

Resumindo:
As substâncias formadas por ligação covalentes são chamadas de substâncias moleculares. Podem
ser sólidas, líquidas ou gasosas em temperatura ambiente.

* os compostos que só possuem ligações covalentes são os que realmente formam “moléculas” e,
por isso são denominados compostos moleculares.

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Aula
Ligações Químicas II
5

* ligação covalente apolar: ocorre quando os átomos ligantes são quimicamente iguais (H2)

* ligação covalente polar: ocorrem quando os átomos ligantes são quimicamente diferentes.
(Quanto maior for a diferença de eletronegatividade entre dois átomos, da ligação, mais polar será a
ligação, ou seja, mais intensa entre os polos.

Formas de representação das ligações covalentes:

• A fórmula que usa a notação de Lewis para representar os elétrons de valência é uma fórmula de
Lewis ou fórmula eletrônica. O par de elétrons, representado pelo par de pontos nas fórmulas,
é um par ligante se o par de elétrons for compartilhado por dois átomos ou um par isolado ou
não-ligante se o par de elétrons que fica ligado a um só átomo e que não é compartilhado. Na
fórmula estrutural, ou fórmula de Cooper, cada par ligante é representado por um traço.

5.2 Ligação dativa, ou coordenada covalente dativa

A ligação covalente dativa ou coordenada é o compartilhamento de um par de elétrons entre


dois átomos, sendo que este par é de apenas um dos átomos da ligação, o qual já completou seu octeto
(camada de valência completa).

A ligação covalente dativa ou coordenada não é essencialmente diferente de outras ligações


covalentes; envolve também, o compartilhamento de um par elétrons entre dois átomos.

Este tipo de ligação é muito comum nos oxiácidos (ácidos que contêm oxigênio), cuja fórmula
geral é HxEOy, como por exemplo, H2SO4 (ácido sulfúrico), HNO3 (ácido nítrico), etc.

Há uma regra geral, para se fazer as fórmulas estruturais dos oxiácidos, cujas etapas estão listadas
abaixo:

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Aula
Ligações Químicas II 5

1. Ligar ao elemento E (por ligação covalente), tantos – O – H, quantos forem os hidrogênios da


fórmula do oxiácido;

2. Ligar ao elemento E, os oxigênios remanescentes:

a. Por dupla ligação, se o elemento E não tiver completado seu octeto, ou

b. Por ligação dativa, se o elemento E tiver completado seu octeto.

Ex.: AB (precisa receber 2 elétrons)

AB

*A seta parte do átomo que “cedeu o par de eletrônico” e dirige-se para o átomo que o “recebeu”

Características dos compostos covalentes ou moleculares

- Formam moléculas, unidades discretas e matérias, sem carga elétrica.

- São mais numerosos, pois abrangem quase a totalidade dos compostos orgânicos.

- Tem PF e PE baixos

- Solubilidade em água:1 solúveis: os muito polarizados; 2 insolúveis: os apolares

- Condução de eletricidade: 1 não conduzem (puros); 2 conduzem (os polares em solução aquosa

5.3 Ligação metálica

A ligação metálica foge à regra das outras ligações e não é explicada pela regra do octeto.

Nas substâncias metálicas, os átomos não estão unidos aos pares, mas pela atração mútua entre
elétrons livres e cátions metálicos organizados.

Uma espécie química metálica é representada pelo próprio símbolo do elemento metálico, com às
vezes um índice genérico.

Ex.: Fe, (Fe)n ou (Fe+x)n

Propriedades dos metais:


- Baixa resistividade elétrica (em ordem decrescente, têm-se prata, cobre, ouro alumínio, etc.)

- Elevada condutividade térmica, alta maleabilidade

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Aula
Ligações Químicas II
5

- Maior facilidade de forma cátions

- Estado físico mais comum: sólido (exceto Mercúrio – líquido)

- Brilho metálico. No estado pastoso, quase todos o perdem, exceto magnésio e alumínio.

- Na sua maioria, coloração prateada com tonalidades variadas

- Grande parte mais densos que a água

- Apresentam pontos de fusão (Mercúrio = 234.29 K e tungstênio = 3653 K) e ebulição variáveis


(mercúrio = 629,74 K, tungstênio = 6200 K)

- São muito maleáveis (podem ser transformados em chapas ou lâminas muito finas), ex.: ouro
(+maleável)

• Em um sentido figurado, poderíamos dizer que os metais são constituídos por seus “cátions
mergulhados em um mar de elétrons livres”. Este é chamado “modelo do mar de elétrons”.

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

- As características dos metais podem ser vistas com animação


neste vídeo:https://www.youtube.com/watch?v=ZFnEdCpEU6E

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Aula
6

FORÇAS INTERMOLECULARES
Aula
Forças intermoleculares
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Vamos estudar agora as interações que ocorrem entre as substâncias moleculares; portanto, as
partículas são, neste caso as moléculas. As forças de polarização são agora denominadas forças (interações
ou ligações) intermoleculares.

As ligações atômicas (iônica, covalente e metálicas), são mais fortes que as forças intermoceculares.
Essas forças podem ser divididas em dois tipos: dipolo-dipolo, dipolo-dipolo induzido (forças de Van
der Waals) e ponte de hidrogênio.

Exemplo: Atrações no interior e entre as moléculas do monóxido de nitrogênio.  Existem


fortes atrações intramoleculares (ligações químicas) entre os átomos de N e O  no interior  das
moléculas de NO. Estas atrações determinam as propriedades químicas do NO. Existem atrações
intermoleculares  entre  moléculas de NO vizinhas. As atrações intermoleculares determinam as
propriedades físicas desta substância.

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

6.1 Dipolo-dipolo permanente

São interações que ocorrem com moléculas polares em que o polo positivo de uma molécula atrai
o polo negativo da outra. O dipolo existe devido à diferença de eletronegatividade.

Na figura abaixo, podemos ver atrações dipolo–dipolo.  As atrações entre moléculas polares
ocorrem porque essas moléculas tendem a se alinhar, de modo que cargas opostas fiquem próximas
umas das outras e cargas iguais fiquem o mais afastado possível. O alinhamento é imperfeito porque as
moléculas estão constantemente em movimento e colidindo entre si.

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

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Aula
Forças intermoleculares 6

6.2 Dipolo-dipolo induzido


Ocorre entre átomos de gases nobres ou moléculas apolares, pois quando estão perto de um(a)
dos(as) outros(as), ocorrem deformações das nuvens eletrônicas e surgem os dipolos induzidos, unindo
os átomos de gases nobres ou as moléculas apolares entre si. Cria-se, assim, um dipolo induzido: a
molécula apolar, onde se formou o dipolo, induz às outras moléculas a também formarem dipolos,
dando origem a uma pequena força de atração elé- trica entre elas.

Considerando uma molécula apolar isolada (estado gasoso), percebe-se que ela não apresenta polos,
mas, em uma substância formada por esse tipo de moléculas no estado sólido ou líquido, devido à sua
maior proximidade, ocorrerá uma deformação momentânea nas nuvens eletrônicas, originando polos
negativo e positivo. Alguns exemplos de substâncias formadas por moléculas apolares que interagem por
forças intermoleculares dipolo induzido – dipolo induzido: H2, O2, F2, Cl2, CH4, CO2.

As interações dipolo-dipolo induzido são chamadas por muitos autores simplesmente de Forças
de Van der Waals. Outros preferem denominá-las de Forças de Dispersão de London.

Fonte: Fiorotto, 2014.

Exemplos:

- Os cristais de gelo seco (CO2 sólido) ou ainda os cristais de iodo (I2 sólido) que, por terem suas
moléculas fracamente unidas, mudam facilmente do estado sólido para o gasoso.

Fonte: Fiorotto, 2014.

- Hélio liquido, oxigênio liquido, metano líquido, nitrogênio liquido

* A baixas temperaturas o movimento térmico não é suficiente para romper as fracas forças que se
originam.

32
Aula
Forças intermoleculares
6

6.3 Pontes de hidrogênio

As pontes de hidrogênio são forças intermoleculares de interação dipolo-dipolo permanente


exageradamente altas.

As pontes de hidrogênio se originam quando: Hidrogênio ligado a flúor ou oxigênio ou


nitrogênio: “H + F O N” (os elementos de alta eletronegatividade devem ter no mínimo um par de
elétrons não compartilhados em ligação.

Ex.: HF, H2O, ROH, NH3

A ligação de hidrogênio é estabelecida entre o átomo de hidrogênio de uma molécula e o par de


elétrons de outra molécula.

Substâncias que formam ponte de hidrogênio apresentam valores elevados para a sua tensão
superficial, solubilidade em água e ponto de ebulição

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

a. A molécula polar da água. (b) As ligações de hidrogênio produzem fortes atrações entre as
moléculas de água no líquido. (c) Ligação de hidrogênio (linhas pontilhadas) entre moléculas
de água no gelo, em que cada molécula de água está presa por quatro ligações de hidrogênio
em uma configuração tetraédrica.

6.4 Forças intermoleculares e os pontos de fusão e ebulição

Quanto maior for a intensidade das forças intermoleculares, maior será a energia necessária para
provocar mudança de estado físico e, consequentemente, maiores serão os pontos de fusão e de ebulição
dos compostos moleculares.

33
Aula
Forças intermoleculares 6

Dois fatores influem nos PF e PE:

a) Tipo de força intermolecular: Quanto mais intensas as atrações

intermoleculares, maiores os seus PF e PE.

b) Tamanho das moléculas: Quanto maior for o tamanho de uma molécula,

maior será a sua superfície, o que propicia um maior número de interações com outras moléculas
vizinhas, acarretando PF e PE maiores.

Sólido Ponto de fusão (ºC) Tipo de interação


CaF2 1.423 Ligações iônicas
CH4 -182 Forças dipolo-dipolo
SiO2 1610 Ligações covalentes
Ag 962 Ligação metálica

Podemos classificar as forças relativas das interações intermoleculares por meio do seguinte
fluxograma:

Estudos iniciais datam de 1829. Finalmente em 1869, Mendeleev apresentou uma classificação,
que é a base da classificação periódica moderna, colocando os elementos em ordem crescente de suas
massas atômicas, distribuídos em 8 colunas verticais e doze faixas horizontais. Verificou também que as
propriedades variavam periodicamente à medida que aumentava a massa atômica.

A lei periódica atual dispõe os elementos em ordem crescente de seus números atômicos, e não de
massas atômicas.

34
Aula
7

TABELA PERIÓDICA
Aula
Tabela periódica 7

7.1 Períodos ou séries


A classificação periódica dos elementos apresenta 7 períodos. Há uma relação entre períodos e os
níveis de energia (K, L, M, N, O, P e Q), que é a seguinte:

1º Período 1 camada Muito curto 2 elementos


2º Período 2 camadas Curto 8 elementos
3º Período 3 camadas Curto 8 elementos
4º Período 4 camadas Longo 18 elementos
5º Período 5 camadas Longo 18 elementos
6º Período 6 camadas Muito longo 32 elementos
7º Período 7 camadas incompleto 28 elementos

7.2 Famílias ou grupos


Elementos de uma mesma família apresentam mesmas distribuições eletrônicas na camada de
valência e propriedades químicas semelhantes.

Os grupos são numerados de 0 a 8. Com exceção dos grupos 0 e 8, cada grupo está subdividido
em dois grupos A e B. O grupo 8 é chamado de 8B é composto por 3 faixas verticais. Há, portanto, 18
grupos numerados de 1-18.

A numeração de 1 a 18, na classificação periódica dos elementos, deve ser feitada esquerda para
direita. Essa numeração foi feita com base na configuração eletrônica dos elementos de cada grupo. O
resultado é o mesmo, independentemente de se trabalhar com a configuração de Linus Pauling ou com
a configuração real.

Na classificação periódica, as famílias foram


subdivididas em “A”, “B” ou zero. As mais usadas são as A.

Família ou grupo Números de elé- Distribuição ele- Nome


trons na camada trônica da cama-
de valência da de valência
1 (IA) 1 ns1 Metais Alcalinos
2 (IIA) 2 ns2 Metais Alcalinos- terrosos
13 (IIIA) 3 ns2 np1 Família do boro
14 (IVA) 4 ns2 np2 Família do carbono
15 (VA) 5 ns2 np3 Família do nitrogêncio
16 (VIA) 6 ns2 np4 Calcogênios

36
Aula
Tabela periódica
7

17 (VIIA) 7 ns2 np5 halogênios


18 (VIIIA) ou 0 8 ns2 np6 Gases nobres

Esses elementos são chamados típicos, representativos, ou característicos da tabela periódica


e apresentam grande semelhança nas propriedades químicas, dentro de uma mesma família, por
apresentarem o mesmo número de elétrons, na camada de valência, sendo este número igual ao número
do respectivo grupo.

Os elementos dos grupos B ou grupos 3 ao 12 são chamados elementos de transição.

Outra separação importante é que divide os elementos em metais, semimetais, não-metais e gases
nobres, como mostra a tabela abaixo.

Fonte: Jespersen; Hyslop; Brady, 2017.

Observações:
* Os elementos colocados na tabela periódica após o Bi (Z=83) são radioativos.

* Os elementos colocados após o urânio U (Z=92) são artificiais e são chamados elementos
transurânicos. Antes do U (Z=92) só existem quatro elementos artificiais. São eles: Fr, At, Tc e Pm.

Posição do H
- o hidrogênio pode ser colocado na família dos metais alcalinos (1ª) apesar de não ser um metal
alcalino, mas por possui um elétron na camada de valência, como todos os elementos desta família.

- o hidrogênio pode ser colocado na família dos halogênios (7ª), pois é um gás em temperatura
ambiente, como flúor (F2) e cloro (Cl2) e forma moléculas diatômicas como todos os elementos
desta família;
37
Aula
Tabela periódica 7

- o hidrogênio pode, ainda, ser colocado fora da tabela periódica por não possuir todas as
propriedades de nenhuma família.

7.3 Características eletrônicas dos elementos

Quando analisamos um período da tabela periódica, podemos perceber que ao passarmos de um


elemento a outro, o número atômico aumenta de unidade. Assim, ele tem um próton a mais no núcleo e
um elétron a mais na eletrosfera. Esse novo elétron é chamado elétron de diferenciação.

- Períodos e números de níveis de energia


O número de níveis de energia que o átomo do elemento apresenta em sua configuração eletrônica
indicará sempre o período ao qual esse elemento pertence na tabela periódica.

Ex.: Na (Z=11)

1s22s22p63s1  3 níveis de energia, portanto o Na é do 3º período (período curto) da tabela


periódica

- Elementos dos grupos IA e IIA (ou 1 e 2)


Caracterizam-se por apresentar 1 e 2 elétrons na camada de valência, respectivamente, e o elétron
de diferenciação se localiza no subnível s da camada de valência

Ex.: Na (Z=11)

1s22s22p63s1 camada de valência = 1 elétron: pertence ao grupo IA ou 1 (família dos metais


alcalinos).

Ex.: Mg (Z=12)

1s22s22p63s2 camada de valência = 2 elétrons: pertence ao grupo IIA ou 2 (família dos metais
alcalinos- terrosos).

- Elementos dos Grupos IIIA ou VIIA (ou 13 ao 17)


Caracterizam-se por apresentar o número de elétrons na camada de valência igual ao número do
próprio grupo (para a numeração antiga), e o elétron de diferenciação dos átomos desses elementos se
localiza no subnível p da camada de valência. De acordo com a nova recomendação da IUPAC (1985),
devemos somar o número 10 ao número de elétrons da camada de valência para obtermos o número do
grupo ao qual o elemento pertence.

Ex.: Cl (Z=17)

38
Aula
Tabela periódica
7

1s22s22p63s23p5 camada de valência = 7 elétrons: pertence ao grupo VIIA ou 17 (10+7=17 família


dos halogênios).

- Elementos dos Grupo VIIA ou 18


Caracterizam-se por apresentar 8 elétrons na camada de valência e o elétron de diferenciação se
localiza no subnível p da camada de valência.

Ex.: Ne (Z=10)

1s22s22p6 camada de valência = 8 elétrons: pertence ao grupo 0/8 ou 18 (10+7=18 família dos
gases nobres).

- Elementos dos grupos IB (ou 11 e 12)


Apresentam 1 e 2 elétrons na camada de valência respectivamente e o elétron de diferenciação se
localiza no subnível d da penúltima camada.

Para a localização dos elementos desses grupos devemos observar que os elementos do grupo IB
possuem 1 elétron na CV e 10 elétrons no subnível d da penúltima camada, já os elementos do grupo IIB
possuem 2 elétrons na CV.

De acordo com a nova numeração, basta somar o número de elétrons do subnível d da penúltima
camada (10) com o número de elétrons da CV.

Ex.: Cu (Z=29)

1s22s22p63s23p64s13d10

Cv=1 elétron/Subnível mais energético

(portanto, esse elemento é do grupo IB ou 11 (1+10=11).

- Elementos de transição simples, Grupos IIIB ao VIIIB (ou 3 ao 10)


Apresentam 1 ou 2 elétrons na CV, e na penúltima apresentam 9<x≤18 elétrons. Sendo assim, o
elétron de diferenciação se localiza no subnível d da penúltima camada.

Para localização dos elementos desses grupos, devemos somar os elétrons da camada de valência
com os elétrons do subnível d.

Ex.: Sc (Z=21)

1s22s22p63s23p64s23d1

Cv=2 elétrons/Subnível mais energético

(portanto, esse elemento é do grupo IIIB ou 3 (2+1=3).

Obs.: De acordo com a antiga numeração IUPAC, quando a soma de elétrons da CV com os do
subnível mais energético for 9 e 10, os elementos se localizam na 2ª e 3ª colunas, respectivamente, da
coluna VIIIB.

39
Aula
Tabela periódica 7

Ex.: Co (Z=27)

1s22s22p63s23p64s23d7

Cv=2 elétrons/Subnível mais energético

(portanto, esse elemento é do grupo VIIIB ou 9 pela numeração antiga (2+7=9).

- Elementos de transição interna (Lantanídeos e Actinídeos)


Apresentam 2 elétrons na CV, na penúltima camada apresentam 8 ou 9 elétrons, e na penúltima
apresentam 18<x≤32 elétrons; sendo assim, o elétron de diferenciação se localiza no subnível f da
antepenúltima camada. Todos esses elementos se localizam no grupo IIIB ou 3.

40
Aula
8

PROPRIEDADES APERIÓDICAS E PERIÓDICAS


DOS ELEMENTOS
Aula
Propriedades aperiódicas e periódicas dos elementos 8

8.1 Propriedades Aperiódicas


São aquelas cujos valores só aumentam ou só diminuem com o aumento do número atômico (Z).

Ex.: - a massa atômica aumenta com aumento de Z

- calor específico diminui com o aumento de Z

8.2 Propriedades periódicas


São aquelas cujos valores variam periodicamente em função do número atômico (Z). As mais
importantes propriedades periódicas são:

A. Raio atômico
É a metade da distância internuclear mínima de átomos iguais que se encostam. Para avaliação do
raio atômico, dos fatores são fundamentais:

- número de camadas nas famílias: de cima para baixo, nas famílias, há um aumento do número de
camadas e, portanto, um aumento do raio atômico

- o número atômico (Z) nos períodos: os elementos pertencentes ao mesmo período da tabela
periódica possuem o mesmo número de camadas (níveis de energia).

Da esquerda pra direita, há um aumento do número de prótons (Z), acarretando um aumento de


carga nuclear. Dessa forma, os elétrons vão sendo fortemente atraídos, o que leva a uma diminuição do
raio atômico do elemento químico.

Da direita pra esquerda, o processo é inverso, isto é, o raio atômico do elemento aumenta, conforme
o esquema.

Fonte: Silva; Barp, 2014.

B. Potencial de Ionização (PI) ou Energia de Ionização (EI)

42
Aula
Propriedades aperiódicas e periódicas dos elementos
8

É a energia necessária para retirar um elétron de um átomo isolado no estado gasoso.

Nas famílias, o PI aumenta à medida que o Z diminui, aumentando assim de baixo para cima, pois
neste sentido aumenta a atração núcleo-elétron e o raio diminui.

Nos períodos, o PI aumenta da esquerda pra direita, pois neste sentido aumenta a atração núcleo-
elétron e o raio diminui.

Ex.: Nao(g) + 1ª EI  Na+(g) + e-

Nao(g) + 2ª EI  Na2+(g) + e-

Fonte: Silva; Barp, 2014.

C. Afinidade eletrônica (AE) ou eletroafinidade


É a energia liberada quando um átomo neutro no estado gasoso recebe um elétron.

Nas famílias, a afinidade eletrônica aumenta à medida que o raio atômico diminui (de baixo, para
cima), ou seja, quanto maior for a atração exercida pelo núcleo sobre o elétron a ser recebido, maior será
a energia liberada (AE).

Nos períodos, a AE aumenta à medida que o Z aumenta (Esquerda p/direita), pois quanto maior
for a atração exercida sobre o elétron a ser recebido, maior será a energia liberada (AE).

Ex.: Clo(g) + e-  Cl- +AE

43
Aula
Propriedades aperiódicas e periódicas dos elementos 8

Fonte: Silva; Barp, 2014.

D. Eletronegatividade
É uma grandeza que mede a atração de um átomo sobre os elétrons de uma ligação química.
Eletronegatividade é uma propriedade resultante do potencial (PI) e da eletroafinidade.

Um átomo com PI alto e eletroafinidade alta deve possuir eletronegatividade alta, ou seja, tem
grande tendência de atrair elétrons de outro átomo em uma ligação química.

A eletronegatividade aumenta de baixo para cima em uma mesma coluna, pois diminui o número
de camadas, e da esquerda para direita em um mesmo período por se aproximarem dos gases nobres. A
alta eletronegatividade significa ter baixa eletropositividade (capacidade de um átomo perder elétrons)
e vice-versa.

Fonte: Silva; Barp, 2014.

44
Aula
9

INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA


Aula
Introdução à Química Orgânica 9

A química orgânica é a química dos compostos de carbono. Os compostos de carbono são o centro
de vida neste planeta. Os compostos de carbono incluem os ácidos desoxirribonucleicos (DNAs), as
moléculas helicoidais gigantes que contêm toda nossa informação genética. Elas incluem as proteínas
que catalisam todas as reações em nosso corpo, e isso constitui os compostos essenciais de nosso sangue,
músculos e pele. Junto como o oxigênio do ar que respiramos, os compostos de carbono fornecem a
energia que sustenta a vida.

Com a evolução da humanidade, podemos dizer que atualmente vivemos na era dos compostos
orgânicos. As roupas que usamos, sejam de substância natural como a lã ou algodão ou sintética como o
náilon ou o poliéster, são feitas com compostos de carbono. Muitos dos materiais que entram nas casas
e que nos protegem são orgânicos. A gasolina que move nossos automóveis, a borracha de seus pneus e
o plástico de seus interiores são todos orgânicos. A maioria dos medicamentos que nos ajuda a curar as
doenças e aliviar o sofrimento é orgânica.

A grande importância dos compostos orgânicos no cotidiano é um grande incentivo para


tentarmos entender os mecanismos das principais reações químicas, a função de cada grupo e como este
pode influenciar nas características físico-química dos mais diversos compostos.

Os fundamentos da química orgânica datam da metade do século XVIII, quando ela evoluía da arte
dos alquimistas a uma ciência moderna. O químico sueco Torbern Bergman, em 1770, foi o primeiro a
expressar a diferença entre substâncias “orgânicas” e “inorgânicas”. Compostos orgânicos eram definidos
como compostos que poderiam ser obtidos a partir de organismos vivos. Os compostos inorgânicos eram
aqueles originados de fontes não-vivas. Junto com esta distinção, crescia uma crença chamada Vitalismo.
De acordo com essa ideia, a intervenção de uma “força vital” se tornava necessária para a síntese de um
composto orgânico.

Por volta de 1816, essa teoria da força vital foi abalada quando Michel Chevreul descobriu que
o sabão, preparado pela reação de álcalis com gordura animal, poderia ser separado em diversos
compostos orgânicos puros, que ele próprio denominou “ácidos graxos”. Pela primeira vez, uma
substância orgânica (gordura) fora convertida em outras (ácidos graxos e glicerina) sem a intervenção
de uma força vital externa.

Pouco mais de uma década depois, a teoria da força vital sofreu outro golpe quando Friedrich
Wöhler descobriu, em 1828, que era possível converter o sal “inorgânico” cianato de amônio na substância
orgânica já conhecida como ureia, que havia sido previamente encontrada na urina humana.

Mesmo com a falência do vitalismo na ciência, a palavra “orgânico” continua ainda hoje sendo
usada por algumas pessoas como significando “o que vem de organismos vivos”, da mesma maneira
como nos termos “vitaminas orgânicas” e “fertilizantes orgânicos”. O termo geralmente usado “alimento
orgânico” significa que o alimento foi cultivado sem o uso de fertilizantes e pesticidas sintéticos.

46
Aula
Introdução à Química Orgânica
9

Fonte: Pavanelli, 2014.

9.1 Compostos de carbono

A evolução dos estudos das substâncias orgânicas se deu com Antoine Lavoisier (1784), que
demonstrou que as substâncias orgânicas eram compostas principalmente de Carbono (C), hidrogênio
(H), e Oxigênio (O); e com Justus Liebig, J.J. Berzelius e J.B.A. Dumas (1811), que desenvolveram
métodos quantitativos para a determinação de C, H e O (Fórmulas empíricas), além de permitir que
Stanislao Cannizzaro (1860) desenvolvesse a teoria das fórmulas moleculares.

Até então, muitas moléculas que pareciam ter a mesma fórmula (fórmulas empíricas) foram
vistas como sendo compostas por diferentes números de carbono. Por exemplo, eteno, ciclopentano
e cicloexano, todos têm a mesma fórmula empírica: CH2. Contudo, elas têm fórmulas moleculares de
C2H4, C5H10 e C6H12, respectivamente.

De 1858 a 1861, August Kekulé, Archibald Scott Couper e Alexander M. Butlerov, trabalhando
independentemente, implantaram a base de uma das teorias mais fundamentais na química: a teoria
estrutural.

Dois critérios centrais fundamentam a teoria estrutural de Kekulé:

1. Os átomos dos elementos nos compostos orgânicos podem formar um número de ligações
fixas. A medida desta habilidade é chamada valência.

Fonte: Pavanelli, 2014.

2. Um átomo de carbono pode utilizar uma ou mais de suas valências para formar ligações com
outros átomos de carbono.

47
Aula
Introdução à Química Orgânica 9

Fonte: Pavanelli, 2014.

- Ligações entre os carbonos:

A ligação química dos compostos orgânicos é a


ligação covalente (emparelhamento ou compartilhamento
de elétrons).

Ligação simples: dois átomos de carbono ligam-se por uma unidade de valência. A representação
simbólica é feita por um traço simples.

Dupla ligação: dois átomos de carbono ligam-se por duas unidades de valência. A representação
simbólica é feita por dois traços.

Tripla ligação: dois átomos de carbono ligam-se por três unidades de valência. A representação
simbólica é feita por três traços.

- Tipos de carbono
C. Primário: carbono ligado no máximo a um átomo de carbono

D. Secundário: carbono ligado diretamente a dois outros átomos de carbono

E. Terciário: carbono ligado diretamente a três outros átomos de carbono.

F. Quaternário: carbono ligado diretamente à quatro outros átomos de carbono.

Fonte: Elaborado pela autora.

48
Aula
Introdução à Química Orgânica
9

Fonte: Pavanelli, 2014.

9.2 Estrutura e nomes de Compostos Orgânicos

Cadeias Carbônicas: Classificação


a) Normal (Apenas duas extremidades em relação ao C)

b) Ramificada (Mais de duas extremidades em relação ao C). *Existindo carbono terciário e/ou
quaternário, a cadeia será ramificada.

a) b)
Fonte: Pavanelli, 2014.

- Quanto à ligação entre os átomos de carbono

a. Saturada: apenas ligações simples entre os átomos de carbono.

b. Insaturada (pelo menos uma dupla ou tripla-ligação entre átomos de carbono).

a) b)
Fonte: Pavanelli, 2014.

- Quanto à natureza dos átomos


a. Homogênea: sem heteroátomo

49
Aula
Introdução à Química Orgânica 9

b. Heterogênea: com heteroátomo

*Heteroátomo é todo átomo diferente do carbono entre outros átomos de carbono.

a) b)
Fonte: Pavanelli, 2014.

- Cadeia cíclica ou fechada

Homocíclicas

- Aromáticas: fechada com núcleo benzênico

- Acíclica: fechada não aromática

a) b)
Fonte: Pavanelli, 2014.

Heterocíclica

Fonte: Pavanelli, 2014.

50
Aula
10

HIDROCARBONETOS
Aula
Hidrocarbonetos 10

Hidrocarbonetos, como o sugere o nome, são compostos cujas moléculas contêm apenas átomos
de carbono e hidrogênio (Fórmula geral: CxHy). Metano (CH4) e etano (C2H6) são hidrocarbonetos. Eles
também pertencem a um subgrupo de hidrocarbonetos conhecidos como alcanos, cujos membros não
possuem ligações múltiplas entre os átomos de carbono. Hidrocarbonetos cujas moléculas possuem uma
ligação dupla carbono-carbono são chamados alcenos e aqueles com uma ligação tripla são chamados
alcinos. Hidrocarbonetos que contêm um anel especial são chamados hidrocarbonetos aromáticos, e os
de cadeias fechadas, cíclicas, ciclanos e ciclenos.

Geralmente, compostos como os alcanos, cujas moléculas possuem apenas ligações simples, são
chamados de compostos saturados pois contêm o número máximo de átomos de hidrogênio que um
composto de carbono pode possuir. Compostos com ligações múltiplas, tais como alcenos, alcinos e
hidrocarbonetos aromáticos, são chamados de compostos insaturados pois possuem menos que o
número máximo de átomos de hidrogênio, podendo ser hidrogenados em condições apropriadas.

- Alcanos
As principais fontes de alcanos são os gases naturais e o petróleo. Os alcanos menores (metano
até butano) são gases a temperatura ambiente. Os alcanos de maior peso molecular são obtidos
principalmente através do refinamento do petróleo.

Os alcanos são geralmente descritos como hidrocarbonetos saturados – hidrocarbonetos porque


contêm apenas átomos de carbono e hidrogênio; saturados porque possuem somente ligações simples
C-C e C-H, e assim os alcanos apresentam o número máximo possível de hidrogênio por átomo de
carbono. Os alcanos tem fórmula geral CnH2n+2, em que n é qualquer número inteiro. Ocasionalmente,
eles também são chamados de alifáticos, derivado do grego (aleiphas = gordura). Para se ter uma ideia,
as gorduras de origem animal contêm longas cadeias de átomos de carbono de forma semelhante às dos
alcanos. (Metano-gás de lixo, etano gás natural, propano+butano=gás de cozinha).

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

52
Aula
Hidrocarbonetos
10

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

- Alcenos
Um alceno é um hidrocarboneto que contém uma ligação dupla carbono-carbono. Eteno e
propeno, os dois alcenos mais simples, estão entre os mais importantes produtos químicos industriais
produzidos nos Estados Unidos. A cada ano as indústrias químicas produzem mais de 15 milhões de
toneladas de eteno e cerca de 7,5 milhões de toneladas de propeno. Eteno é usada como matéria-prima
para a síntese de diversos compostos industriais, incluindo etanol, óxido de etileno, etanal e o polímero
polietileno. Propeno é usado na preparação do polímero polipropileno e, além de outros usos, o propeno
é a matéria-prima para a síntese de acetona.

Eteno (etileno) também ocorre na natureza como hormônio de plantas. É produzido naturalmente
por frutos tais como tomates e bananas, estando ainda envolvido no processo de amadurecimento dessas
frutas. Hoje em dia se faz muito uso de eteno no comércio de frutas para causar o amadurecimento de
tomates e bananas colhidos ainda verdes, já que frutas verdes são menos suscetíveis a danos durante o
transporte.

A importância dos alcenos para indústria, além da sua aplicação direta, é a possibilidade do seu
uso na síntese de diversos outros produtos, como exemplo, o etanol, acetaldeído, ácido acético, óxido de
etileno, etileno glicol, cloreto de vinila, álcool isopropílico, polietileno, polipropileno, etc.

O etileno, o propileno e o buteno são sintetizados industrialmente por craqueamento térmico de


alcanos leves (C2-C8):

• acima de 4 átomos de carbono, enumera-se a cadeia a partir da dupla mais próxima de uma
das extremidades, indicando sua posição (números)

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Aula
Hidrocarbonetos 10

Fonte: Lewis; Evans, 2014.

- Alcinos
O Alcino mais simples é o etino (também chamado acetileno). Alcinos ocorrem na natureza e
podem ser sintetizados em laboratório. Um exemplo de aplicação do acetileno é a produção do PVC
(policloreto de vinila), etanol e ácido acético.

O Alcino é um hidrocarboneto que contém uma ligação tripla carbono-carbono. O acetileno,


HC≡CH, o Alcino mais simples, era muito empregado na indústria como matéria prima para a preparação
de acetaldeídos, ácido acético, cloreto de vinila e outros produtos químicos de importância, mas hoje,
rotas mais eficientes dessas substâncias utilizam o etileno como matéria prima disponível. Entretanto,
o acetileno é ainda usado na preparação de polímeros acrílicos, e é preparado industrialmente pela
decomposição de metano a altas temperaturas.

- Alcadienos (dienos)
Hidrocarbonetos de cadeia aberta, insaturada (Duas duplas ligações) que obedecem à fórmula
geral CnH2n-2

54
Aula
Hidrocarbonetos
10

- Ciclanos (cicloalcanos) e Ciclenos


Ciclanos são hidrocarbonetos de cadeia fechada, saturada, que obedecem a fórmula geral CnH2n.
Ciclenos (hidrocarbonetos de cadeia fechada, insaturada (dupla ligação), que obedecem à fórmula
CnH2n-2. Na natureza os alcanos ocorrem através da destilação fracionada do petróleo russo (cáucaso).

- Hidrocarboneto aromático
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados. Um exemplo é o composto conhecido como benzeno.
O benzeno é utilizado amplamente na indústria de polímeros, solventes, defensivos agrícolas e indústria
química em geral (Benzenoxciclo-hexano).

10.1 Nomenclatura de hidrocarbonetos

Podemos seguir a tabela abaixo de acordo com as características do composto a ser nominado,
como número de carbonos presente, tipo de ligações entre os carbonos e função.

55
Aula
Hidrocarbonetos 10

Fonte: Pavanelli, 2014.

- Grupos substituintes ou orgânicos


São provenientes dos alcanos e existem para facilitar a nomenclatura dos compostos. São grupos
que seriam obtidos pela remoção de um átomo de hidrogênio de um alcano, para formação de cadeias
ramificadas.

Fonte: Pavanelli, 2014.

Regras de nomenclatura de hidrocarbonetos com cadeias ramificadas

1. Reconhecer a cadeia principal (maior número de átomos de carbono)

2. Numerar a cadeia principal (dar os menores números)

3. Dar a localização das ramificações (substituintes)

Obs.: A dupla ligação tem preferência sobre o grupo substituinte (ramificação) na escolha dos
menores números quando da numeração da cadeia principal (que contém o maior número de carbonos).

56
Aula
11

FUNÇÕES INORGÂNICAS, ÁCIDOS


Aula
Funções inorgânicas, Ácidos 11

11.1 Teoria da Dissociação Eletrolítica de Arrhenius


Durante o século XIX, vários cientistas tentaram explicar os resultados experimentais da
condutividade elétrica das substâncias em solução aquosa, como exemplificado na tabela abaixo:

substância Resultado experimental da condutividade


elétrica em solução aquosa
Cloreto de sódio (NaCl) Conduz a corrente elétrica
Cloreto de hidrogênio (HCl) Conduz a corrente elétrica
Açúcar (C6H12O6) Não conduz a corrente elétrica

A teoria da mais aceita para explicar essas observações foi a proposta pelo químico sueco Svante
August Arrhenius, em 1887, denominada teoria da dissociação eletrolítica, que sugeria que o fato de
as soluções de NaCl em água e HCL em água conduzirem a corrente elétrica estava relacionado com
a presença de íons nas referidas soluções. Como os íons são partículas que possuem cargas elétricas
(positivas e negativas – cátions e ânions), eles farão o transporte da corrente elétrica na solução. Já no caso
da solução de açúcar em água, com a dissolução dos cristais, ocorre apenas a separação das moléculas do
açúcar, que não são eletrizadas e, por isso, não conduzem a corrente elétrica.

Arrhenius denominou de eletrólitos todas as substâncias capazes de conduzir a corrente elétrica


em solução aquosa, e suas soluções, de soluções eletrolíticas (condutora, ex.: NaCl em água e HCl em
água). E denominou de não-eletrólitos as substâncias que não são capazes de conduzir a corrente elétrica
em solução aquosa, e suas soluções, de soluções não eletrolíticas (não condutoras, ex.: açúcar em água).

Dissociação iônica: é a separação dos íons já


existentes no composto iônico, que ocorre quando ele se
dissolve em água.

Ionização: é a formação dos íons que ocorre


por meio das quebras das ligações covalentes polares,
quando algumas substâncias moleculares são colocadas
em água.

Grau de Ionização ou de dissociação iônica (α)


Definimos a força de um eletrólito (α) como:

58
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos
11

A força de um eletrólito é determinada pelo valor do seu α, não tendo absolutamente nada a ver
com seu grau de toxicidade, e sim com a quantidade de íons que ele representa em solução aquosa. Uma
substância que em solução aquosa apresenta pequena quantidade de íons é chamada de eletrólito fraco e
assim produzirá um brilho pouco intenso na lâmpada no experimento de Arrhenius.

Devido ao fato de o número de substâncias químicas inorgânicas conhecidas ser muito grande,
o estudo de cada uma separadamente tornou-se inevitável, por isso surgiu a necessidade de separá-
las principalmente em quatro grandes grupos de acordo com as suas semelhanças nas propriedades
químicas. Esses grupos são chamados funções químicas ou funções inorgânicas e as propriedades
características de cada função são chamadas propriedades funcionais.

As quatro funções mais importantes da química Inorgânica são:

- ácidos, bases, saís e óxidos

11.2 Ácidos
Ácidos são compostos moleculares que, em presença de água, sofrem ionização,
produzindo como único tipo de íon positivo, o cátion H+ ao lado de um ânion qualquer.

O íon H+ é o responsável pelas propriedades comuns a todos os ácidos, por isso é


chamado grupo ou radical funcional dos ácidos.

Ex.: HCl

HCl em água é chamado ácido clorídrico, que é o principal ácido do suco gástrico, responsável
pela digestão dos alimentos no nosso estômago.

59
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos 11

11.2.1 Classificação dos ácidos

- Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis


-monoácidos: produzem 1 H+ ou 1H3O+ na ionização de uma molécula. Ex.: HCl

- diácidos: produzem 2 H+ ou 1H3O+ na ionização de uma molécula. Ex.: H2SO4

- triácidos: produzem 3 H+ ou 1H3O+ na ionização de uma molécula. Ex.: H3PO4

- tetrácidos: produzem 4 H+ ou 1H3O+ na ionização de uma molécula. Ex.: H4SiO4

- Quanto à presença de oxigênio na molécula:


- hidrácidos: não contém oxigênios. Ex.: HCl

- oxiácidos: contém oxigênio. Ex.: H2SO4

- Quanto ao grau de ionização (α):


- ácidos fortes: α≥50%

- ácidos moderados: 5%≤ α≤50%

- ácidos fracos: α<5%

** Para sabermos se um ácido é forte, moderado ou fraco sem o conhecimento do valor de α,


devemos inicialmente classifica-lo como hidrácido ou oxiácido. Assim:

- Entre os hidrácidos:

- são fortes: HCl<HBr<HI

- moderado: apenas HF

- fracos: todos os demais

- Para os oxiácidos, existe uma regra prática que consiste em subtrair o número de hidrogênios do
número de oxigênios:

- se a diferença for 2 ou 3  ácido forte (HClO4), H2SO4 (4-1=3)

- se a diferença for 1  ácido moderado H3PO4 (4-3=1)

- se a diferença for 0  ácido fraco H3BO3 (3-3)

• O ácido carbônico (H2CO3) é uma exceção importante: é um ácido fraco (α=0,18%) apesar da
diferença, número de O – número de H ser igual a 1. Trata-se de um ácido instável que sofre
decomposição em gás carbônico e água:

60
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos
11

- Quanto à presença de carboxila (COOH)


-ácidos orgânicos: são aqueles que tem carboxila em sua estrutura molecular

Ex.: H- COOH, HOOC-COOH

-ácidos inorgânicos ou minerais: não tem carboxila em suas moléculas.

Ex.: HCl, HBr

- Propriedades funcionais dos ácidos:


Sabor: soluções de ácidos tem sabor azedo

Condutibilidade elétrica

Os ácidos conduzem corrente elétrica em soluções aquosas (sofrem ionização liberando íons:
cátions H+ e ânions)

Neutralização: soluções ácidas podem ser neutralizadas por soluções de bases. A neutralização é
assim representada:

H+(aq) + OH-  H2O

- Coloração em indicadores:

Indicadores Cor sem solução ácida

Fenolftaleína incolor

Tornassol vermelho

Alaranjado de metila vermelho

11.2.2 Nomenclatura e formulação dos ácidos


Ao observar as fórmulas de alguns ácidos apresentados anteriormente, verificamos que todo ácido
é formado pelo cátion H+ e por um ânion. Não podemos esquecer que sempre nas fórmulas, devemos
escrever primeiro o cátion e depois o ânion.

61
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos 11

O próximo passo é fazer o balanço de cargas, ou seja, o número de cargas positivas proveniente do
cátion, no caso do ácido proveniente do H+, deve ser igual ao número de cargas negativas proveniente
do ânion uma vez que a molécula é eletricamente neutra. Vamos ver alguns exemplos: Ácido clorídrico
(HCl): o ânion é o íon Cl- que tem uma carga negativa, portanto precisamos de apenas uma carga positiva,
ou seja, só um H+ e por isso, a fórmula do ácido clorídrico é HCl.

Ácido clorídrico (HCl): o ânion é o íon Cl- que tem uma carga negativa, portanto precisamos de
apenas uma carga positiva, ou seja, só um H+ e por isso, a fórmula do ácido clorídrico é HCl.

Ácido sulfúrico (H2SO4): o ânion é o íon SO42- que tem duas cargas negativas, portanto precisamos
de duas cargas positivas, ou seja, dois H+ e por isso, a fórmula do ácido sulfúrico é H2SO4.

Ácido fosfórico (H3PO4): o ânion é o íon PO43- que tem três cargas negativas, portanto precisamos
de três cargas positivas, ou seja, três H+ e por isso, a fórmula do ácido fosfórico é H3PO4.

- Hidrácidos:

Ácido_____________ídrico

(nome do elemento ou grupamento ligado ao hidrogênio)

A formulação dos hidrácidos pode ser obtida pela seguinte regra prática: HxA, em que:

- H = hidrogênios ionizáveis

- A = ânion qualquer

- x = carga elétrica do ânion (x≤4)

Os principais hidrácidos são os de calcogênios (6A) e halogênios (7A)

Ânion Ácido
Eto (sufixo) Ídrico (sufixo)

Ex.: Cl- = cloreto

HCl cloreto de hidrogênio

HCl(aq) ácido clorídrico

Ex.: CN- = cianeto

HCN=cianeto de hidrogênio

HCN(aq)= ácido cianídrico

Como podemos observar nos exemplos acima, de acordo com o conceito de ácido de Arrhenius, as
substâncias são consideradas ácidas quando em solução aquosa, porém, na maioria das vezes a indicação
(aq) fica subentendida, então:

62
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos
11

HCl= ácido clorídrico e HCN= ácido cianídrico.

- Oxiácidos contém oxigênio na molécula: HxEzOy (HNO3, H2SO4, H3PO4, HClO4,....):

Para os oxiácidos, a maneira mais simples é necessário saber o nome do ânion presente no ácido e
fazer uma substituição na terminação do nome do ânion da seguinte maneira:

Ânion com terminação ito → Ácido terá terminação oso

Ânion com terminação ato → Ácido terá terminação ico

Exemplos:

11.3 Principais ânions

Continuação a tabela.....

63
Aula
Funções inorgânicas, Ácidos 11

Fonte: Silva.

64
Aula
12

FUNÇÕES INORGÂNICAS, BASES


Aula
Funções inorgânicas, Bases 12

Bases ou hidróxidos são compostos iônicos que, em presença de água, sofrem dissociação iônica,
liberando como único tipo de íon negativo o ânion hidroxila ou oxidrila (OH-), ao lado de um cátion
qualquer (metal ou amônio – NH4+) (Arrhenius).

O ânion hidroxila ou oxidila (OH-) é o responsável pelas propriedades das bases, por isso ele é
chamado de grupo ou radical funcional das bases.

As bases dos metais são compostos iônicos e, em solução aquosa sofrem dissociação iônica, isto é,
a água separa os íons destruindo o retículo cristalino da base. Os íons ficam rodeados pelas moléculas
polares de água.

Ex.: NaOH

NaOH é a soda cáustica, usado por exemplo na fabricação de sabões e sabonetes; é também
componente de produtos de limpeza “limpa forno”.

Ex.: Ca(OH)2

Ca(OH)2 é a cal hidratada, usada, por exemplo, na preparação das argamassas (areia+cal), na
construção civil, nas pinturas a cal (caiação de paredes). Sua solução aquosa é chamada água de cal e sua
suspensão aquosa é chamada leite de cal.

Ex.: Mg(OH)2  Sólido branco, pouco solúvel em água, sua suspensão aquosa é chamada leite de
magnésia, usado como medicamento em antiácido estomacal e laxante intestinal suave.

Entre as bases mais importantes, apenas uma resulta de uma reação de ionização: é o hidróxido
de amônio (amoníaco), em que as moléculas do gás amônia (NH3), ao se dissolverem em água, ionizam,
produzindo NH4+ (amônio) e OH- (ânion hidróxido) assim:

É comum representarmos o hidróxido de amônio pela fórmula NH4OH. Na verdade, trata-se de


uma simplificação, pois é uma solução aquosa de NH3, ou seja, NH3(aq), que é o componente ativo de
muitos produtos de limpeza como Ajax, Amonix, etc.

66
Aula
Funções inorgânicas, Bases
12

12.1 Regra geral de formulação das Bases

By+ OH- = B(OH)y

Em que: By+ = cátion qualquer (metal ou amônio)

OH- = hidroxila ou oxidrila (grupo funcional das bases)

Y= carga elétrica do cátion (y≤4) ou número de oxidação do cátion

Ex.: Na+1 (OH)1-  Na(OH), ou simplesmente, NaOH.

Ca+2 (OH)1-  Ca(OH)2

Al+3 (OH)1-  Al(OH)3

12.2 Classificação das bases

- De acordo com o número de hidroxilas (OH-):


- monobases: possuem uma hidroxila, ex.: LiOH, NaOH, KOH, RbOH, CuOH, AgOH, NH4OH, etc...

Ex.: NaOH

- dibases: possuem duas hidroxilas, ex.: Ca(OH)2, Mg(OH)2, Ba(OH)2

- tribases: possuem três hidroxilas, ex.: Al(OH)3

- tetrabases: possuem quatro hidroxilas. Ex.: Pb(OH)4

- De acordo com a solubilidade em água a 25 ºC


- Solúveis: são as bases de metais alcalinos, (1A) e pelo íon amônio

Ex.: LiOH(aq), NaOH(aq), KOH(aq), RbOH(aq)

- Pouco solúveis: são as bases formadas por metais alcalino-terrosos (2A)

Ex.: Ca(OH)2(aq), Ba (OH)2(aq), exceto o Mg(OH)2 (aq)

- Insolúveis: todas as demais bases

OBS: a solubilidade das bases formadas por elementos da mesma família da tabela periódica
aumenta com o aumento do número atômico (Z)

67
Aula
Funções inorgânicas, Bases 12

- De acordo com o seu grau de dissociação iônica (α)


Para que uma base sofra dissociação iônica é necessário que ela seja solúvel ou parcialmente solúvel
em água. Assim temos:

- bases fortes (α~100%): são as bases formadas por metais alcalinos e alcalinos terrosos

- bases fracas são as demais bases (incluindo NH4OH)

* Como o NH4OH resulta da ionização do NH3 em água, que tem baixo grau de ionização (α),
embora seja solúvel, é uma base fraca.

Então o NH4OH é a única base solúvel que é fraca, porque as demais bases solúveis são fortes.

Propriedades funcionais da base:


- Sabor: adstringente (“banana verde”); as soluções aquosas de hidróxidos deixam a pele
escorregadia

- Estado de agregação: os hidróxidos, quando puros e à temperatura ambiente, são geralmente


sólidos. Isto se deve ao seu caráter iônico.

As bases são sólidas à temperatura ambiente e pressão atmosférica, com exceção do NH4OH que
é líquido, conduzem corrente elétrica quando fundidas ou dissolvidas e são normalmente estocadas em
frascos de polietileno (plástico).

- Neutralização: Soluções de hidróxidos neutralizam soluções ácidas. A reação de neutralização


que ocorre é a seguinte:

H+(aq) + OH-  H2O

- Ação sobre indicadores:

Indicadores Cor sem solução básica


Fenolftaleína Vermelho (róseo)
Tornassol Azul
Metil orange amarelo

12.3 Nomenclatura das bases


- Quando o elemento tem nox fixo:

Hidróxido de ________________________ (nome do elemento)

Ex.: NaOH = hidróxido de sódio

Ca(OH)2 = hidróxido de cálcio

68
Aula
Funções inorgânicas, Bases
12

- Quando o elemento tem Nox variável:

Na nomenclatura antiga e ainda hoje muito utilizada, acrescentamos os sufixos “oso” (menor nox)
e ico (maior nox)

Ex.: Fe(OH)2= hidróxido ferroso

Fe(OH)3= hidróxido férrico

Atualmente, a IUPAC recomenda a indicação do NOX do elemento em algarismos romano no


respectivo nome da base.

Exemplo: Fe(OH)2= hidróxido de ferro II

Fe(OH)3=hidróxido de ferro III

12.4 Principais cátions

Fonte: Silva.

69
Aula
13

FUNÇÕES INORGÂNICAS, SAIS


Aula
Funções inorgânicas, Sais
13

Os sais são compostos resultantes da reação de neutralização entre um sal e uma base. Assim,
anteriormente ao estudo dos sais vamos estudar como eles são formados.

13.1 Reações de neutralização


A reação de neutralização é uma reação entre uma base e um ácido, a qual origina um sal e água.

Base + ácido  sal + água

Unindo-se o cátion da base e o ânion do ácido, obtém-se o sal.

Unindo-se o OH- da base e o H+ do ácido, obtém-se a água.

Quando misturamos as duas soluções conforme o esquema acima, ocorre uma reação entre os
íons OH- e H+, formando a água. Essa reação é chamada de neutralização.

Neutralização total: A proporção em mols da base e do ácido é de tal forma que a quantidade em
mols de íons OH- é igual à quantidade em mols de íons H+. O sal formado é classificado como sal normal.

Neutralização parcial do ácido: A proporção em mols da base e do ácido é de tal forma que nem
todos os H+ serão neutralizados. O sal formado é classificado como hidrogenossal.

Neutralização parcial da base: A proporção em mols da base e do ácido é de tal forma que nem
todos os OH- serão neutralizados. O sal formado é classificado como hidroxissal.

13.2 Sais
São substâncias muito comuns em nosso cotidiano: o cloreto de sódio (NaCl) - sal de cozinha -
muito utilizado na alimentação e na conservação de alimentos, o bicarbonato de sódio (NaHCO3) usado
como antiácido, em fermentos químicos empregados no preparo de bolos, pães e biscoitos e extintores
de incêndio, fluoreto de sódio (NaF) usado no combate às cáries, hipoclorito de sódio (NaClO) usado
como alvejante e por ser um agente antisséptico é empregado na limpeza de residências, hospitais, no
tratamento de água e piscinas.

O Sal é definido como um composto iônico que possui um cátion proveniente da base e um ânion
proveniente de um ácido.

Ex.:

HCl (H+ Cl-) + NaOH (Na+ OH-) → NaCl + H2O

Os sais podem ser obtidos por meio de reações entre ácidos e bases de Arrhenius. Essas reações
são chamadas de reações de salificação (porque formam sais) ou de neutralização (porque também

71
Aula
Funções inorgânicas, Sais 13

formam água). Assim, quando um ácido é colocado em presença de uma base, os íons H+ do ácido
reagem com os íons OH- da base, formando água.

13.3 Nomenclatura e formulação dos sais neutros ou


normais

Para se escrever a fórmula de um sal, escreve-se a fórmula do cátion, suprimindo-se a sua carga, e
depois a fórmula do ânion, também suprimindo-se a sua carga. A carga do cátion é o índice do ânion e
a carga do ânion é o índice do cátion. Vejamos alguns exemplos:

Y HxA + X B(OH)y  BxAy + X.Y H2O

Onde:

B= cátion qualquer (metal ou amônio)

A= ânion qualquer (com exceção do OH-)

X= carga elétrica do ânion (x≤4)

Y= carga elétrica do cátion (y=≤4)

Cloreto de cálcio: Cátion: Ca2+ Ânion: Cl- Sal: CaCl2

Sulfato de potássio: Cátion: K+ Ânion: SO42- Sal: K2SO4

Fosfato de bário: Cátion: Ba2+ Ânion: PO43- Sal: Ba3(PO4)2

72
Aula
Funções inorgânicas, Sais
13

Nomenclatura sais neutros ou normais:

Para efeito de notação (escrever a fórmula) e nomenclatura podemos considerar um sal como
sendo cátion + ânion, portanto a nomenclatura dos sais é feita da seguinte maneira:

nome do ânion...de..... nome do cátion

Ex.: MgCl2 = cloreto de magnésio

Ca2(SO4)2 = Ca2(SO4)2 = CaSO4 sulfato de cálcio

Obs.: os nomes dos ânions são obtidos pode meio das trocas dos sufixos dos nomes dos ácidos que
que deram origem. Assim:
Sufixo do ácido Sufixo do ânion
Ídrico Eto
Oso Ito
Ico ato

Ex.: HCl Ácido clorídrico / Cl- ânion cloreto

HNO3 Ácido nítrico/ NO3- ânion nitrato

HNO2 ácido nitroso/NO-2ânion nitrilo

Quando o nox é variável a nomenclatura dos sais é a seguinte:

Nome do ânion....de....nome do cátion (Nox em algarismo romano)

Ou

Nome do ânion....nome do cátion...OSO (menor Nox)

Nome do ânion....nome do cátion...ICO (maior Nox)

Ex.: FeSO4 = sulfato de ferro II ou sulfato ferroso

Fe2(SO4)3 = sulfato de ferro III ou sulfato férrico

73
Aula
Funções inorgânicas, Sais 13

13.4 Classificação dos sais


- Sais normais ou neutros
Nos sais neutros a neutralização entre ácido e base foi total, não “restando” nem H+ e nem OH- em
sua estrutura.

Exemplos: NaCl, K3PO4, NH4NO3 (nitrato de amônio), CaCl2, K2SO4

-Sais ácidos ou hidrogenos sais


São sais resultantes da neutralização parcial do ácido e total da base.

Nos sais ácidos a neutralização do ácido foi parcial e o sal apresenta H+ em sua estrutura:

- H3PO4 + 2 NaOH → Na2HPO4 + 2H2O

- Na2HPO4 fosfato ácido de sódio ou hidrogenofosfato de sódio

- NaHCO3 carbonato ácido de sódio ou hidrogenocarbonato de sódio ou bicarbonato de sódio

- NaH2PO4 fosfato diácido de sódio ou diidrogenofosfato de sódio

- Sais básicos ou hidroxisais


São sais resultantes da neutralização parcial da base e total do ácido.

Esses sais apresentam ânion hidroxila na fórmula (não apresentam hidrogênio ionizável no ânion). Ex.:

- Ca(OH)2 + HCl → CaOHCl + H2O

- CaOHCl cloreto básico de cálcio ou hidroxicloreto de cálcio

- Al(OH)2Br brometo dibásico de alumínio ou diidroxibrometo de alumínio

Propriedades:

- Sabor: salgado

- Estado de agregação (25ºC e 1 atm): são normalmente sólidos cristalinos.

- Apresentam ponto de fusão e ebulição elevados

- São, normalmente, compostos tipicamente iônicos, isto é, formados por um aglomerado de íons.

- Sais iônicos conduzem corrente elétrica na fase líquida, quando fundidos, ou em solução aquosa,
pois em ambos os casos há presença de íons livres.

- Os sais moleculares não conduzem corrente elétrica devido à sua baixa ionização.

74
Aula
14

FUNÇÕES INORGÂNICAS, ÓXIDOS


Aula
Funções inorgânicas, Óxidos 14

São compostos binários que apresentam o oxigênio como o elemento mais eletronegativo.

São compostos formados de um elemento qualquer e oxigênio. Eles apresentam fórmula geral:
ExOy onde, E - símbolo do elemento qualquer, diferente do flúor (sua eletronegatividade é maior que a
do oxigênio); O – oxigênio (que deverá ser o elemento mais eletronegativo); x - geralmente o número de
oxidação de O; y - geralmente o número de oxidação de E.

Ex.:

H2O = água

CO2 = gás carbônico

Fe2O3 = hematita

SiO2 = sílica (principal componente do vidro)

CaO = cal viva ou cal virgem

Os óxidos são classificados em: óxidos básicos, óxidos ácidos ou anidridos, óxidos anfóteros,
óxidos salinos ou mistos, peróxidos e superóxidos.

14.1 Regra geral de formulação dos óxidos

14.2 Nomenclatura
Primeira regra: Óxido de... nome do metal. Se o metal tiver mais de um número de oxidação, este
número deve ser indicado por algarismos romanos e entre parênteses, indicar ICO/OSO, ou (mono, di,
tri, tetra) óxido de....ou (mono, di, tri)...nome do elemento.

Na2O = óxido de sódio

CaO = óxido de cálcio

FeO = óxido ferroso, ou oxido de ferro (II), ou monóxido de ferro

Fe2O3 = óxido férrico, ou óxido de ferro (III), ou trióxido de ferro

76
Aula
Funções inorgânicas, Óxidos
14

14.3 Classificação dos óxidos


- Óxidos básicos
São óxidos de metais alcalinos, alcalinos-terrosos (exceto berílio) e alguns outros metais com baixo
número de oxidação.

Estes óxidos reagem com água produzindo hidróxido. Ex.:

CaO + H2O → Ca(OH)2

- Óxidos ácidos
São óxidos moleculares, ou seja, de elevado caráter covalente, formados por não-metais ou, ainda,
por metais de nox alto (+5, +6, +7).

Estes óxidos reagem com água produzindo ácido. Ex.:

SO3 + H2O → H2SO4

- Óxidos neutros ou indiferentes


São óxidos moleculares de não metais que não possuem caráter alcalino nem ácido.

Ex.: CO  monóxido de carbono

NO monóxido de nitrogênio (óxido nítrico)

N2O monóxido de dinitrogênio (óxido nitroso)

*os óxidos neutros não reagem com água, ácidos e bases.

- Óxidos anfóteros
São óxidos que podem ser óxidos básicos ou óxidos ácidos, dependendo do meio em que estão.

ZnO + HCl → ZnCl2 + H2O

ZnO + NaOH → Na2ZnO2 + H2O (zincato de sódio)

Exemplos de óxidos ánfóteros: ZnO, Al2O3, Cr2O3, MnO2, BeO, PbO, PbO2, SnO e SnO2.

- Óxidos duplos (mistos ou salinos)

São óxidos formados de dois outros óxidos do metal. Apresentam fórmula geral: E3O4

- Fe3O4 óxido salino de ferro ou óxido misto de ferro ou tetraóxido de triferro ou óxido de ferro(II)
e (III).

- Pb3O4 óxido salino de chumbo ou óxido misto de chumbo ou tetraóxido de trichumbo ou óxido
de chumbo(II) e (IV).

77
Aula
Funções inorgânicas, Óxidos 14

- Peróxidos

São óxidos em que o número de oxidação do oxigênio é –1. A nomenclatura é feita da seguinte
maneira: peróxido de nome do elemento.

Nos peróxidos o Oxigênio está ligado a metais das Famílias 1 e 2 e por outro Oxigênio. Esses
óxidos ao reagirem com a água produzem peróxido de hidrogênio.

- Na2O2 peróxido de sódio; - H2O2 peróxido de hidrogênio; - BaO2 peróxido de bário

Tabela com os principais NOX:

Obs. Na tabela foram apresentados apenas os principais números de oxidação. Assim, se um


número de oxidação não foi mencionado, não significa que ele não existe.

78
Aula
15

ELETROQUÍMICA I
Aula
Eletroquímica I 15

Eletroquímica trata do estudo da participação de energia elétrica em transformações químicas nas


células eletrolíticas, assim como da conversão de energia química em energia elétrica nas células galvânica
(nas pilhas ou baterias). As células eletroquímicas podem ser células galvânicas ou células eletrolíticas.
Na eletrólise, a passagem de uma quantidade suficiente de eletricidade através de uma solução produz-
se uma reação não-espontânea, desta forma pode-se produzir Na(s) e Cl2(g) a partir do NaCl(l). Assim
como o sódio, o alumínio, o magnésio e o cobre, são metais obtidos industrialmente por eletrólise. Nas
pilhas, através de uma reação espontânea, produz-se uma quantidade de eletricidade capaz de acender
uma lâmpada ou fazer funcionar um pequeno motor.

É difícil imaginar algum aparato eletrônico que funcione sem uma pilha, desde um relógio de
pulso, uma lanterna, uma calculadora e até os celulares. A indústria automobilística usa em larga escala
baterias de chumbo.

Não podemos deixar de mencionar a grande importância e ascensão das células de combustível,
nas quais produz-se energia elétrica e térmica a partir das reações eletroquímicas do hidrogênio com
o oxigeno sem que ocorra a combustão, despontando como uma alternativa promissora para produzir
energia a partir de fontes de energia limpa como rios, energia nuclear e energia solar.

Deve-se lembrar também de que algumas vezes, a formação de uma célula galvânica é a responsável
pela corrosão observada na junção de dois metais diferentes.

15.1 Conceitos importantes


Para saber quem perde elétrons e quem ganha, atribui-se números de oxidação.

Nox: número de oxidação (ou estado de oxidação ou simplesmente Nox) é uma carga atribuída a
cada átomo em compostos ou íons ou átomos não- ligados, de acordo com certas regras.
Ex.:

- Uma espécie é oxidada quando perde elétrons. Aqui, o magnésio perde dois elétrons,
passando de magnésio neutro ao íon Mg2+.

- Uma espécie é reduzida quando ganha elétrons. Aqui, cada íon H+ ganha um elétron,
e eles se combinam para formar H2.

- A espécie reduzida é o agente oxidante. H+ oxida Mg retirando-lhe elétrons.

- A espécie oxidada é o agente redutor. Mg reduz H+ dando-lhe elétrons.

80
Aula
Eletroquímica I
15

15.2 Regras para determinação de NOX:


1º regra: Para substâncias simples ou compostas
O valor da soma dos números de oxidação de todos os átomos é igual à carga elétrica que aparece
com a fórmula. Exemplos:

- Um átomo de qualquer elemento no estado livre (não-combinado) tem Nox=0.

Ex.: H2, O2, He, Xe, etc.

- Qualquer íon simples (monoatômico) tem número de oxidação igual à sua carga.

Ex.: Ag+, Au3+, Fe3+, Fe2+, Cl−, S2−, O2−, etc.

- A soma dos Nox de todos os átomos da fórmula de um composto inteiro é igual a zero (isto se
aplica a fórmulas mínimas e moleculares).

Ex.:

- A soma de Nox de todos os átomos que aparecem na fórmula de um íon poliatômico ou complexo
é igual à carga elétrica do íon.

Ex.:

2ª regra: Elementos que apresentam Nox fixo:


- Metais alcalinos  Nox = +1 (quando ligados ou formando íons)

- Metais alcalinos-terrosos  Nox = +2 (quando ligados ou formando íons)

- Alumínio  Nox +3 (quando ligados ou formando íons)

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Eletroquímica I 15

3ª regra: Hidrogênio
O hidrogênio tem nox = −1 quando ligado a um metal e +1 quando ligado a um não metal.

- No H2  NoxH = 0

Nos hidretos metálicos  NoxH = - 1

Exemplos: NaH, CaH2, etc...

Nos demais compostos (de maneira geral)  NoxH = +1

4ª regra: Oxigênio
- No O2 e O3  Noxo = 0

Nos peróxidos (oxigênio+metal alcalino ou alcalino terroso)  Noxo = -1

Ex.: H2O, NaO2, CaO2, etc...

Nos demais compostos (de maneira geral)  Noxo = - 2

5ª regra: Ag e Zn: +1 e +2 Exemplos: AgCl NOX Ag = 1+ ZnS NOX Zn = 2+

6ª regra: Halogênios: Nox= -1

Exemplos: KF NOX F = -1 NaCl NOX Cl = -1 KBr NOX Br = -1

Tabela resumida de Nox:


Nox Substância/Elemento/Compostos
0 Substâncias simples
+1 H, alcalinos, Ag
+2 Alcalinos terrosos, Zn
+3 Al, Bi
-1 Halogênios (ponta direita)
-2 O
∑= 0 compostos
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Eletroquímica I
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15.3 Reações de óxido-redução


As reações de óxido-redução são caracterizadas como “toda reação em que ocorre transferência de
elétron”, bem como “toda reação em que ocorre variação do Nox de algum elemento”.

Como regra geral temos que o número total de elétrons cedidos deve ser igual ao número total de
elétrons recebidos.

Oxidação

O termo “oxidação” surgiu do fato de um elemento químico combinar-se com o Oxigênio. Os


químicos acabaram verificando que, quando um elemento se combina com o oxigênio, esse elemento
perde elétrons.

Portanto:

Oxidação  perda de elétrons (processo em que há aumento algébrico do Nox).

Redução  ganho de elétrons (processo em que há diminuição algébrica do Nox).

Ex.: Zn + cu

Agente oxidante e agente redutor

Agente oxidante é a espécie química (completa) que recebe elétrons e é, portanto, reduzida (recebe
elétrons, provocando oxidação em outra espécie).

Agente redutor é a espécie química completa que perde elétrons e é, portanto, oxidada (perde
elétrons e provoca redução em outra espécie).

Concluindo: o agente redutor é um doador de elétrons, e o oxidante é um receptor de elétrons.

Ex.: Fe2O3(s) + 3CO(g)  2Fe(s) + 3CO2(g)

Voltando à eletroquímica...
A eletroquímica é a parte da química que estuda a relação entre a reação química e energia elétrica.

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Eletroquímica I 15

Os dispositivos eletroquímicos podem ser:

ȖȖ Pilhas

ȖȖ Eletrólises

15.4 Reação de deslocamento ou simples troca


São reações que ocorrem com transferência de elétrons. Podem ser do tipo:

A0 + B+ C-  A+ C- + B0 (Metal deslocante deve ser mais reativo que o metal deslocado)

Zn + CuSO4  ZnSO4 + Cu

Cu + ZnSO4  X

ou

D0 + B+ C-  B+ D- + C0 (Ametal deslocante deve ser mais reativo que o ametal deslocado)

Ex.: F2 +2NaCl  2NaF +Cl2

Cl2 + NaF  X

Considere a reação de deslocamento simples, que ocorre espontaneamente quando mergulhamos


uma barra de zinco metálico em uma solução aquosa de sulfato de cobre (II). Nesta reação, o cobre,
produto da reação espontânea, deposita-se na lâmina de zinco.

Ex.: Zn + CuSO4

O zinco é oxidado e os íons cúprico são reduzidos segundo as reações:

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Eletroquímica I
15

Se separarmos fisicamente a barra de zinco da


solução de sulfato de cobre (II) teremos uma célula
galvânica como mostra a figura abaixo. Na figura
abaixo temos uma célula galvânica e podemos notar
algumas particularidades: A ponte salina (um tubo em
U invertido) contendo uma solução de KCl proporciona
um meio eletricamente condutor entre as duas soluções. As aberturas do tubo em U estão
levemente rolhadas com bolas de algodão para impedir que a solução de KCl flua para dentro
do compartimento, enquanto permite o movimento dos ânions e cátions. A luz acende à
medida que os elétrons fluem no circuito exterior do eletrodo de Zn (ânodo) para o eletrodo
de Cu (cátodo).

Esse dispositivo forma uma célula galvânica, também conhecida como pilha de DANIELL.

Fonte: Raymond; Goldsby, 2013.

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Eletroquímica I 15

15.5 Eletrólise

Um exemplo de reações não espontâneas é a eletrólise. Abaixo podemos ver um diagrama mostrando
as reações no eletrodo durante a eletrólise da água. Repare que os sinais dos eletrodos são opostos aos de
uma célula galvânica. Em uma célula galvânica, o ânodo é negativo porque fornece elétrons ao circuito
externo. Em uma célula eletrolítica, o ânodo é positivo porque os elétrons são retirados dele pela bateria.

Fonte: Raymond; Goldsby, 2013.

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16

ELETROQUÍMICA II
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Eletroquímica II 16

16.1 Fila de reatividade dos metais e ametais


Os metais são elementos que têm tendência para ceder elétrons. Na fila de reatividade eles estão
colocados em ordem decrescente, na tendência para ceder elétrons.

Já os ametais têm tendência para receber elétrons.

Baseando-se na fila de reatividade dos metais, indique as reações espontâneas e não espontâneas.

- Mg0 + Cu2+  Cu0 + Mg2+

- Mg0 + 2 Na+  2 Na0 + Mg2+

- 2 Na0 + Mg2+  2 Na+ + Mg0

- 2 Na0 + 2 H+  H2 + 2 Na+

- 2 H+ + Cu0  Cu2+ + H2

16.2 Potencial padrão de eletrodo (E0)

O potencial padrão E0 é medido a 25 ºC, pressão de 1 atm e concentração de 1 mol/L dos íons.

Potencial de oxidação: expressa tendência de perder elétrons

Ex.: Me  Me+n +ne- E0 = x volts

Quanto maior o potencial de oxidação, maior a tendência de doar elétrons,


comparativamente (mais forte é o agente redutor).

Potencial de redução: expressa tendência de ganhar elétrons, comparativamente


(mais forte é o agente oxidante). Quanto maior o potencial de redução, maior a tendência
da espécie química de receber elétrons. Ex.: o cátion Au3+ tem maior tendência a receber
elétrons (+1,50V) que o cátion Li+ (-3,00V)

• O potencial de redução do íon H+, por convenção, foi ficado em 0.


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Eletroquímica II
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• Ex.: Me+n +ne-  Me E0 = - x volts

**Um redutor sofre oxidação, isto é, cede elétron. Um bom redutor cede elétron facilmente, isto é,
tem grande capacidade para sofrer oxidação e, por isso, tem grande potencial de oxidação. O zinco é o
melhor redutor que o cobre, pois o Eoxi do Zn é maior que o Eoxi do cobre.

Ex.:

Por outro lado, um oxidante sofre redução, isto é, recebe elétron.

Um bom oxidante recebe elétron facilmente, isto é, tem grande capacidade para sofrer redução e,
portanto, tem grande potencial de redução. O cátion Cu2+ é melhor oxidante que o cátion Zn2+, pois o Ered
do Cu2+ é maior que o Ered do Zn2+.

Ex.:

Observe que ao melhor redutor (Zn0) está associado o pior oxidante (Zn2+) e, vice-versa, ao pior
redutor (Cuo) está associado o melhor oxidante (Cu2+).

H2(g) + Cu2+(aq)  Cu0(s) + 2H+(aq)

16.3 Pilhas
Pilhas são dispositivos eletroquímicos que transformam a energia de uma reação química em
corrente elétrica (são processos espontâneos).

Veja a seguir uma pilha eletroquímica.

Observe os potenciais-padrão de eletrodos de zinco e de cobre (Pilha de Daniell ou pilha de zinco-


cobre).

Potencial de oxidação (E0)


Zn  Zn2+ +2e- E0 = + 0,76 volts

Me  Cu2+ +2e- E0 = - 0,34 volts

Potencial de redução (E0)


Zn2+ + 2e-  Zn E0 = - 0,76 volts

Cu2+ + 2e-  Cu E0 = + 0,34 volts

Escrevendo as semirreações nos sentidos adequados, determinados pelos valões dos potenciais de
redução, vamos obter:

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Eletroquímica II 16

Esta é a equação do processo espontâneo que ocorre na pilha zinco-cobre.

ΔE0 = diferença de potencial padrão da pilha (força motriz da pilha)

ΔE0 = E0oxi + E0red

ΔE0 = (+0,76) + (0,34)

ΔE0 = +1,10 V

ΔE0 > 0  reação espontânea

ΔE0 < 0  reação não espontânea

Esquematicamente tem-se:

Melhor redutor: Zn

Melhor oxidante: Cu+2

Fonte: Atkins; Jones, 2012.

Durante o funcionamento da pilha, ocorre:


- processo de oxidação em um eletrodo;

- processo de redução no outro eletrodo.

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Eletroquímica II
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O eletrodo em que ocorre oxidação é denominado ânodo. O eletrodo onde ocorre redução é
denominado cátodo. Durante o funcionamento da pilha observa-se:

- movimento de íons através da ponte salina. Este movimento de íons representa a corrente elétrica
na solução.

- movimento de elétrons no circuito externo à pilha. Este movimento de elétrons representa a


corrente elétrica no circuito externo. O eletrodo que emite elétrons ao circuito externo constitui o polo
negativo da pilha. O eletrodo que recebe elétrons do circuito externo constitui o polo positivo da pilha.

• A descarga de uma pilha é um processo de transferência eletrônica indireta que envolve o uso
de um condutor externo para deslocar os elétrons da região em que ocorre oxidação para a
região em que ocorre redução.

Os íons Zn2+ entram em solução e o metal vai se “dissolvendo”.

- Os elétrons migram pelo circuito externo do eletrodo de zinco para o eletrodo de cobre, onde
compensam a diferença causada pela retirada de elétrons pelos íons Cu2+ da solução. Assim, o zinco é o
polo negativo e o cobre, o polo positivo da pilha.

- Na semicela de cobre, a solução vai perdendo íons Zn+2, vão ficando em excesso de íons. A
solução tende a ficar com excesso de carga negativa.

- Na semicela de zinco, a solução vai recebendo íons Zn2+, que vão ficando em excesso. A solução
tende a ficar com excesso de carga positiva.

Esses excessos de carga bloqueariam o processo se não existisse a ponte salina. Ela permite o
escoamento de íons de um lado para outro, anulando o excesso de carga

Teremos, então, escoamento de:

- íons (SO4)-2 para a semicela de zinco;

- íons Zn2+ para a semicela de cobre.

Resumindo:

Sentido dos elétrons


Os elétrons circulam do eletrodo onde está o redutor para o eletrodo onde está o oxidante. No caso
da pilha de DANIELL, os elétrons vão do Zn para o Cu.

Polo das pilhas:


Polo positivo: onde ocorre redução, Cu

Polo negativo: onde ocorre oxidação, Zn.

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Eletroquímica II 16

Cátodo e Anodo
Placa positiva  Cu: cátodo (onde ocorre a redução)

Placa negativa  Zn: Anodo (onde ocorre a oxidação)

Variação de massas nas placas observadas:


Placa Zn (redutor) diminui

Placa de Cu (onde está o oxidante) aumenta.

Dadas as semirreações:

- Na0  Na+ + e- (E0 = + 2,71 V)

- Zn0  Zn2+ + 2 e- (E0 = + 0,76 V)

- Pb0  Pb2+ +2 e- (E0 = + 0,13 V)

Responda:

- Qual é o melhor doador de elétrons?

- Qual é o melhor receptor de elétrons?

- Qual é o melhor redutor?

- Qual é o melhor oxidante?

- Para quais íons o Na fornece elétrons espontaneamente?

- Para quais íons o Zn fornece elétrons espontaneamente?

- A reação 2Na + Zn2+  Zn0 + 2 Na+ é espontânea? Justifique.

- A reação Pb + Zn2+  Zn0 + Pb2+ é espontânea? Justifique.

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Referências

REFERÊNCIAS
ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química - questionando a vida moderna e o meio. Porto
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