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CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS


(suplemento de informações)
- PERGUNTAS IMPORTANTES:

- Por que devemos controlar formigas cortadeiras?


- De onde as formigas vieram?
- Por que causam tantos danos?
- O que é correto e o que é errado fazer?
- As formigas “servem” para alguma coisa?

DADOS GERAIS SOBRE AS FORMIGAS CORTADEIRAS

 Existem sobre a face da Terra: 100 milhões de anos


 Seres humanos: 2 milhões
 São seres altamente evoluídos: semelhante a abelhas e cupins
 Tem divisão de tarefas
 Trabalham de forma muito eficiente
 Tem organização social (classes)
 Entre outros aspectos
 No Brasil: existem relatos antigos de ataques
 Existem mais de 8.000 espécies conhecidas (pode ser mais de 20 mil)
 Tem hábito de cortar material vegetal e carregar para dentro do ninho
 Material serve de alimento para o fungo: Leucocoprinus gongylophorus
Ordem: Hymenoptera
Subordem : Apocrita
Superfamília : Formicoidea
Família: Formicidae
Sub-família: Myrmicinae
Tribo : Attini
Gêneros: Atta, Acromyrmex,
Sericomyrmex, Trachymyrmex,
Micoceporus
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 No Brasil, existem basicamente 2 gêneros de formigas cortadeiras


 Saúvas (Gênero Atta)
 Quem-quens (Gênero Acromyrmex)
 Função biológica: (o que a formiga cortadeira faz de bom???)

Presença de formigueiros faz raízes crescerem até 50 vezes mais em áreas degradadas,
afirmam biólogos do Pará

Por que isso acontece?


Isso auxilia na recuperação de uma área degradada?
Qual influência faz na condição química e física do solo?

Classificação taxonômica
Reino: Animal Filo: Arthropoda
Classe: Insecta Ordem: Hymenoptera
Família: Formicidae Sub-família: Myrmicinae
Gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns)

OCORRÊNCIA DE FORMIGAS CORTADEIRAS:


- Do Norte da Argentina ao Sul dos EUA

QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE SAÚVAS E QUENQUÉNS?

 Saúvas: As operárias exibem 3 pares de espinhos dorsais e


abdômen com pêlos;
 Quenquém: As operárias têm 4 a 5 pares de espinhos e abdômen
rugoso ou liso e brilhante;

QUEM-QUÉM (Acromyrmex sp.) SAÚVA (Atta sp.)


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 Saúvas

 As colônias são maiores e bem visíveis, com várias panelas com


galerias de até 400 m de comprimento e poços de até 18m, chegando
até o lençol freático;

Ninho de saúva (esquerda) e diagrama mostrando a estrutura interna (dentro do solo) (direita) de um
sauveiro adulto.

 Possuem apenas 1 rainha;

 Em geral, as panelas atingem a profundidade de 8,0 metros, adultas;

 Não mudam de lugar;

 12 espécies ocorrem no Brasil;

 Outros nomes populares: cabeçuda, caiapó, carregadeira, cortadeira, formiga-cabeçuda,


formiga-caiapó, formiga-carregadeira, formiga-cortadeira, formiga-da-roça, formiga-de-mandioca,
formiga-de-roça, formiga-saúva, lavradeira, manhuara, maniuara, picadeira e roceira.

 Quenquéns:

 Tem de 3 a 4 rainhas por ninho;

 As colônias são menores, difíceis de visualizar, com poucas panelas;

 As panelas são pouco profundas, podendo atingir de 1,0 a 1,5 metros;

 Ocorrem mudanças de lugar a cada 3-5 meses;


 Podem se dividir, se o controle for mal feito (iscas) ou manejo de solo;
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 São mais comuns no Sul do Brasil (Ex: ocorrem 10 espécies no Rio


Grande do Sul).

 Ninhos sem monte de terra solta aparente

Fig. 5: Crescimento do formigueiro, que Fig. 6: Com mais de 3 anos, formigueiro


se aprofunda no solo. São várias as tem vários olheiros ativos e se aprofunda
panelas e mais canais que as ligam à no solo bem drenado.
superfície.

25 cm

Entrada do ninho de quenquém Ninho jovem de quenquém – com fungo

Ninho de quenquém “disfarçado”, com a terra solta coberta por folhas secas.
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 Ocorrência das espécies


 Saúva limão - Atta sexdens rubropilosa (PR, SP, MG, RJ, ES, MT, GO)
 Saúva parda – Atta capiguara (PR para Norte)
 Saúva cabeça de vidro – Atta laevigatta (PR para cima, em quase todo o Brasil)
 Saúva mata pasto – Atta bisphaerica (só corta gramíneas, ocorre em pastagens,
quase todo o Brasil, de forma exparsa)
 Saúva limão sulina - Atta sexdens piriventris (SP, PR, SC, RS)

 Saúva - Atta vollenweideri (ocorre em pequena área do RS – Parque do Espinilho)

 Quenquéns: 19 espécies e 8 sub-espécies de ocorrência em todo o Brasil

Organização do formigueiro
 Externamente tem um monte de terra solta (sede aparente)
 Na sua superfície abrem-se numerosos orifícios (olheiros)
 Distâncias: 10 até 50 m, podendo ser maiores
 Sob a terra solta: câmaras ou panelas, interligadas por galerias.
 Fora da terra solta: olheiros de ventilação e de alimentação
 Panelas vivas: contém a cultura do fungo.
 Panelas de lixo: reservadas para despejo de lixo.
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CASTAS
TEMPORÁRIAS
PERMANENTES (Alados sexuados)
Ápteros sexuados

FÊMEAS MACHOS
Içá ou Tanajura Bitús
FÉRTEIS ESTÉREIS

RAINHA OPERÁRIAS
Põe os ovos e
mantém a
colônia JARDINEIRAS CORTADEIRAS SOLDADOS
organizada Cultivam o fungo Cuidam da prole, cortam Defendem a
e transportam o alimento colônia e auxiliam
e constroem o ninho as cortadeiras

LEMBRETE IMPORTANTE
A chefe do formigueiro é a Rainha. Para eliminar um
formigueiro não resolve matar formigas, mas sim
eliminar a rainha!

BIOLOGIA DO FORMIGUEIRO

 Revoada ou vôo nupcial


 Ocorre nos formigueiros com mais de 3 anos de idade
 Repete-se nos anos subseqüentes
 Ocorre geralmente nas primeiras horas da tarde
 Acontece no início da primavera
 De cada 6 mil içás apenas 3 (0,05%) dão origem a novos
formigueiros
 E as outras???  Inimigos naturais
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 Ciclo de Desenvolvimento:

Biologia das formigas


48 hs
Primeiros ovos
Primeira panela Regurgitação do fungo
30 dias

6 a 10 hs 5 dias
Primeiras larvas
Primeira revoada 3o olheiro
52 dias

3 anos 20 meses
Primeira pupa
2o olheiro
62 dias
12o olheiro
17 meses
22 meses Primeiro adulto

1os soldados Abertura do 1o olheiro


2 anos
3 meses

Fases de formação de um sauveiro após o vôo nupcial


Fase Tempo (após vôo
nupcial)
- Penetração da içá no solo e formação da panela inicial - 10 horas
- Regurgitação do fungo - 48 horas
- 1º ovo - 5 dias
- Incubação dos ovos (1ª larva) - 30 dias
- Período larval (1ª pupa) - 52 dias
- Abertura do 1º olheiro - 90 dias
- Abertura do 2º olheiro - 17 meses
- Abertura do 3º ao 10º olheiro - 20 meses
- Aparecimento dos soldados - 22 meses = 1 ano
- Abertura do 120º olheiro - 24 meses = 2 anos
- Abertura do 1.000º olheiro - 36 meses = 3 anos
- 1ª revoada - 38 meses
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 Seleção do material – de acordo com a espécie de formiga


- Não usar material de plantas tóxicas às formigas e ao fungo
- Escolha de materiais que são de mais fácil digestão pelo fungo
- Preferência por material mais rico em nutrientes (jovem)
- Propriedades mecânicas das plantas – dificuldade de corte
- Teor de umidade na massa vegetal

 Corte do material vegetal selecionado


 Transporte até o ninho
- Trilhas químicas (marcação com feromônio)
- Trilhas físicas bem demarcadas

Panela de fungo

Lembrete importante:
As formigas cortadeiras
não se alimentam de
folhas, mas sim do
fungo que cultivam nas
folhas.
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Danos ou prejuízos

 As formigas possuem:
 alta capacidade de adaptação
 organização social avançada
 vasta distribuição geográfica
 rápida proliferação
 elevado número de colônias por área
 elevado número de indivíduos por colônia
 enorme voracidade e difícil controle.

CAPACIDADE DE DANO

 Em florestamento: perdas de 14% da produção (pode chegar a 50%)

 Após 3 cortes totais sucessivos, uma árvore corre risco de morrer;

 10 milhões de formigas (1 sauveiro adulto) cortam 1.000 kg de folhas


verdes/ano (= 1 tonelada = 86 árvores adultas de eucaliptos);

 A formiga marca e corta as mesmas plantas a cada 15 dias;

 Em reflorestamentos: A. crassispinus é a mais comum (1 formigueiro


pode destruir 6,5 ha de Pinus) Além desta pode ocorrer A. heyeri e
A.aspersus;

 Na agricultura: maior dano ocorre quando atacam as mudas e botões


florais;

 Plantas como milho, algodoeiro, arroz, feijão, amendoim, cana de


açúcar, soja, entre outras, são preferidas;

 Campos e pastagens: formigas de rodeio (Acromyrmex), saúvas


pardas que são especializadas no corte de folha estreita, competem
com o gado pelo capim, reduzindo a capacidade de pasto em até 50%.
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 Sauveiro adulto (70m2 de área): corta até 2,5 kg de forragem/dia


(perda chega a 7% da área), reduzindo a capacidade suporte dos pastos
em pelo menos 1,2 cabeças/ha;

 Atacam viveiros de mudas, área citrícolas e outras frutíferas,


diminuindo sua capacidade de produção;

 Podem provocar a queda de máquinas e animais em buracos


formados pelo colapso de aterra sobre formigueiros antigos;

 Em São Paulo: perdas de 2 milhões de toneladas de cana, o


equivalente a 3 milhões de sacas de 60 kg de açúcar;

 Nos canaviais: redução de 5% na produtividade, ultrapassando a 3


ton/ha/ano de quebra na produção;

 No trigo: perda de 5% da produção, equivalente a 298 kg/ha.

 200 formigueiros de quenquém/ha = 30% perdas rebrota de eucalipto

Espécies e grupos de plantas preferências

Nome comum Nome científico Plantas preferências


saúva limão Atta sexdens rubropilosa mono e dicotiledôneas
saúva parda Atta capiguara gramíneas
saúva cabeça de vidro Atta laevigatta mono e dicotiledôneas
saúva mata pasto Atta bisphaerica gramíneas
Saúva da mandioca Atta sexdens sexdens mono e dicotiledôneas
saúva preta Atta robusta citrus
quenquém-de-cisco Acromyrmex crassispinus florestas nativas e
plantadas (dicot.)
quenquém-de-cisco ou caiapó Acromyrmex subterraneus Eucalipto
quenquém-mineira Acromyrmex niger Hortaliças e frutíferas
quenquém-mirim Acromyrmex disciger Campo (sujo)
formiga-de-rodeio Acromyrmex striatus Pastagens e plantas
anuais

Acromyrmex striatus
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MÉTODOS DE CONTROLE
Estratégia de controle
 As formigas se comunicam por cheiro (feromônios)
“Tudo é marcado previamente (carreiros, árvores escolhidas)”.

A estratégia de controle varia com o tipo de cultivo e a atividade


econômica desenvolvida

As formigas são especializadas em tipos diferentes de vegetação:


folhas largas e folhas estreitas
A estratégia de controle depende:
 Dificuldade de localização das colônias;

 Níveis diferentes de infestação;

 Invasão de formigas de colônias de áreas vizinhas;

 Estágios diferenciados da cultura;

 Condições climáticas;

 Espécies de formigas.

LEMBRETE IMPORTANTE
O principal objetivo dos métodos de controle é
ter o máximo de eficiência com menores custos
e sem riscos para o homem e meio ambiente.

CUIDADOS GERAIS NO CONTROLE

 Fatores importantes:
 Qualificação da mão de obra,
 Uso de equipamentos de proteção - EPIs,
 Cuidado no transporte e armazenamento,
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 Uso de quantidades adequadas,


 Época de aplicação,
 Horário de aplicação,
 Combate nas áreas adjacentes e propriedades vizinhas,
 Repasse constante.

CONTROLE NATURAL
 Falta de inimigos naturais causou grande disseminação

 Inimigos naturais das içás:


 Gaviões, anus pretos, rabos de palhas, quero-queros, sabiá,
pardal, bem-te-vi, peru, galinha, galinha d’Angola, etc.;
 Sapos e lagartos
 Besouros (Canthon sp., fam. Scarabaeidae): levam as içás
para alimentar suas larvas

 Inimigos naturais dos formigueiros novos:


 Tamanduás, tatus, galinhas de angola,
 Outras espécies de formigas
- cuiabana (Paratrechina fulva): ataca ninhos de saúvas
- lava-pé – Solenopsis spp. – invadem formigueiros
pequenos para roubar ovos, larvas e pupas
- bandeirante (Nomamyrmex esenbecki): destrói
formigueiros pequenos
- correição (Nomamyrmex hartigi) – destrói pequenos
formigueiros

 Mosquinhas da família Phoridae – parasitam operárias

 Inicio da formação da primeira panela


 Condições climáticas adversas (chuvas excessivas e seca)

O controle natural não é suficiente para evitar os prejuízos causados


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CONTROLE BIOLÓGICO
 Muito usado na área florestal para muitas pragas, inclusive
formigas cortadeiras
 As tecnologias de uso estão permitindo a aplicação em áreas
maiores
 Não se corre o risco de eliminar os inimigos naturais
 Métodos:

 Fungo da laranja (Penicilium)


 Funciona em pequenos viveiros e em épocas úmidas
 Não funciona no inverno (demora muito)
 O ideal é em épocas de calor e umidade.

 Fungos do gênero Beauveria bassiana (mais eficientes) e Metarhizium


anisopliae.

 Os testes comprovaram a eficiência em:

 A. crassispinus, A. aspersus, A. lundi e A. laticeps.


 Nos 7 primeiros dias aparece o fungo.
 Seus efeitos ocorrem inicialmente nas articulações do inseto, que
morrem em 21 dias após a infestação, dizimando o formigueiro.
 Contudo, não acaba com patógenos e parasitas.
 Apresenta 80% de eficiência em relação ao formicida químico.

 Existe ainda uma série de organismos (fungos, nematóides, etc.) que


estão sendo testados, com eficiência, no controle de formigas
cortadeiras, mas os produtos comerciais com base nesses organismos
ainda são poucos e mais caros.

Com uso de plantas:


 Cinamomo: no início da brotação é tóxico para formigas, mas depois não.
Pode provocar estímulo no crescimento de formigueiros de A. heyeri.
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 Gergelim (Sesamum indicum): é eficiente, atrai formigas Atta e Acromyrmex


“plantar uma faixa na beira da lavoura, para Acromyrmex ainda está em
análise, parece que só atinge formigas grandes.
A eficiência já foi comprovada para saúvas
1 – As formigas morrem por ingestão da seiva (compostos tóxicos)
2 – Ou por ingestão do fungo contaminado
Efeitos: regressão no tamanho das esponjas do fungo, no número de
formigas, aumento na umidade das câmaras, mudança de comportamento
das operárias
Estão sendo realizadas pesquisas desde 1979 sobre gergelim, extratos de
folha de batata-doce, extratos de folha de mamona, entre outras espécies”.
PRODUTORES AGROECOLÓGICOS TEM FEITO BOM USO DO
GERGELIM NO CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS

 Mamona e mandioca - plantas com uso restrito: não levam a mamona e


tiram do formigueiro caso seja introduzida; já a mandioca brava tem
cianureto na folha e é fatal quando exposta ao sol - a formiga corta, deixa 2
dias fora do carreiro, o princípio ativo volatiliza e ela carrega.

 Hortelã e pimenta - não funcionam bem as cultivadas e com seleção


genética, além disso, a A. laticeps pode cortar a hortelã;

 Tanto o timbó, como o pessegueiro-bravo possuem substâncias tóxicas


ao fungo e às formigas, por isso não a levam para o formigueiro.

Com produtos e técnicas caseiras:

 Garrafa Pet envolvendo a muda com graxa na ponta;


- Obs: já existe material industrializado para esta técnica
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 Plástico de saco de uréia – cortar uma tira, enrolar na planta e passar


graxa sobre a fita, pode repelir até 45 dias;

 Lã de ovelha - excelente repelente, mas não resiste à chuva;

 Formiga de monte - detergente biodegradável, não causa toxicidade


(medida 100ml em 10 litros de água) - não pode aplicar em sementeiras;

 Qualquer pó provoca distúrbio no formigueiro, mas, não o elimina (cinza,


calcário, pó de serra);

 Areia e cinza misturada ao feijão armazenado são utilizados popularmente


- rompem a carapaça dos insetos;

 Tratamento de sementes: usar sabonete diluído em água para tratar


semente de hortaliça

 Barreiras físicas: proteger árvores e mudas, usar cones invertidos de lata,


plástico, folha metálica.
Busca-se impedir que formigas cheguem às folhas. Pneus e caneletas de
água também funcionam, mas são criatórios de mosquitos

 Plantas atraentes ou pasto alternativo: leucena, mandioca, cana-de-


açúcar e o gergelim preto. Devemos manter estas plantas na área, sendo
geralmente mais atraentes que as culturas.
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 Cuidado: sabão em pó e óleo diesel são tóxicos para as plantas;

CONTROLE CULTURAL

 Práticas mecânicas de revolvimento do solo (subsolagem).

 É eficiente para sauveiros novos (80-120 dias após a revoada), com a


rainha em até 50 cm de profundidade.

 A prática do plantio direto na palha favoreceu a eliminação da erosão dos


solos. Mas pode auxiliar na proliferação das formigas cortadeiras.

 Usar enxadões e picaretas para encontrar e matar a rainha e eliminar o


formigueiro.

 Compactação: quando os formigueiros são novos ou superficiais. Não


mata, apenas perturba e, se repetido, pode fazer o ninho mudar de lugar
Provocar o desabamento das panelas e danificar as formigas e seu ninho
A atividade de corte pode até parar por dois meses.

 Químicos caseiros: sal, cinza, vinagre, cal e calcário. O sal e o vinagre


não podem ser usados em terra de plantio, mas sim em calçadas, muros,
estradas, pois inibirá o crescimento das plantas.

 Criação ou manutenção de inimigos naturais: galinha d’Angola, etc

 Manter o solo sempre coberto: as içás precisam solo limpo para pousar e
iniciar o novo ninho
- plantio direto
- aumento da matéria orgânica do solo

 Plantio de culturas consorciadas: culturas de interesse plantadas junto


com culturas repelentes

 Aplicar água fervente: funciona para formigueiros pequenos

 Água corrente: se houver disponibilidade, fazer a água entrar dentro do


formigueiro até encher, por canal ou mangueira

 Fumaça do escapamento de motores: direcionar a fumaça (manga) até o


olheiro, ir tapando os olheiros onde começa a sair fumaça (mata por
intoxicação e asfixia).
- o uso contínuo da técnica pode prejudicar o motor
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 Formicida Natural

Ingredientes: 50 litros de água, 10 kg de esterco fresco, 1 kg de melado ou


açúcar mascavo

Modo de preparar: misturar bem todos os produtos, depois deixar fermentar


durante uma semana.

Modo de usar: coar com um pano e aplicar dentro do formigueiro na


proporção 1:10, ou seja, 1 litro de produto para cada 10 litros de água, até
inundar o formigueiro.

CONTROLE QUÍMICO

Tabela. Tipos de formicidas, modo de ação e forma de aplicação em áreas florestais.


Tipo de inseticida Ação Forma de aplicação
Pó seco contato localizado
Termo-nebulização contato localizado
Isca granulada Lenta, por ingestão Localizado ou sistemático

Pós secos

 Aplicados com o uso de polvilhadeiras manuais e motorizados

 Usar com clima seco e com baixa umidade relativa do ar.

 Recomenda-se seu uso somente em sauveiros jovens e em


quenquenzeiros de monte.

 Principal limitação: pouca eficiência do uso de bombas manuais e a


profundidade que funciona: até 2,5 m.

 Os formicidas em pó deve ser bombeados de 5-10 x em cada olheiro

 Podem causar problemas de refluxo pela “bucha de formigas” que


entopem os canais

 Mata as formigas por contato.


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Controle químico com polvilhadeira (Foto: Brun).

Motomecanizado:
 Foram desenvolvidos equipamentos que se acoplam:
- a motoserra;
- ao cano de descarga de tratores.
Seu uso não é muito intenso, já que causa problemas aos equipamentos.
Líquido

 Termonebulização

 Bastante sucesso em locais com muita saúva

 Sua ação é imediata, paralisando o formigueiro

 Os custos, rendimento e eficiência do controle são variáveis

 Deve-se observar:
 O grau de infestação
 O sistema operacional
 Os produtos utilizados

 Usa-se uma máquina motorizada

 Transforma-se o produto inseticida em fumaça

 A aplicação ocorre através de uma corrente de ar produzida também


pela máquina, até a saturação do formigueiro.

 Mata a formiga por contato.


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 É viável somente para saúva.

 Formigas de monte - quenquéns não “seguram” o veneno e os


formigueiros de mineiras não tem saída, o veneno volta para o operador.

 É um método de alto custo

 É viável economicamente a partir de 200 sauveiros.

 Pode ser usado nas grandes empresas reflorestadoras, com


liberação ocasional do órgão certificador.

O operador do equipamento deve ter muito cuidado.


Evitar o contato e a inalação do produto.

Produtos repelentes

 Defensivos líquidos ou pó solúvel


 São utilizadas com mais freqüências em mudas recém plantadas.

 Somente repelem, evitando o ataque das formigas cortadeiras.

 Garantem até 30 dias de repelência.

 Pode-se fazer até 4 aplicações: plantio, 30 dias, 60 e 90 dias.

 Se houver excesso de chuvas, abreviar o tempo de aplicação.

Termonebulizador tipo pulsfog


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Termonebulizador tipo multifog

 Gel adesivo repelente


 É um gel adesivo repelente, (Princípio ativo: poliisobutileno (80%)).

 Recomendação: uso em mudas com o caule já lenhoso, rustificado

 Deve-se colocar uma cinta ao redor do caule da árvore.

 Sobre esta aplicar o gel adesivo usando mini-espátula ou o aplicador


para cartucho (silicone), a uma altura aproximada de 10 cm do chão.

 É mais utilizado em mudas e árvores frutíferas e ornamentais.

Isca granulada

 O método possui alta eficiência, alto rendimento operacional.

 Pode ser aplicado de forma sistemática

 São de baixa toxicidade, causando menor dano ao meio ambiente.

 Agem exclusivamente por ingestão.

 A distribuição do formicida dentro da colônia é feita pelas próprias


formigas

 Após 48 horas do carregamento da isca: 50% da população da


colônia estará contaminada.
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 As iscas granuladas contêm um princípio ativo (clorpirifós,


sulfluramida, fipronil, deltametrina, fenthium, fenitrothion e bifentrin)

 E um produto atrativo: mistura de polpa cítrica, óleo de soja e


inseticida.
 São altamente atrativas para as formigas cortadeiras.

 PASSOS DA CONTAMINAÇÃO DA COLÔNIA:

 As iscas são procuradas e transportadas pelas


cortadeiras/carregadeiras e distribuídas por toda a colônia.
 As jardineiras fragmentam e incorporam ao fungo alimentar.
 Contaminam-se com o agente tóxico
 Contaminam outras formigas e morrem.
 O fungo deixa de ser cultivado e fica impróprio para a alimentação.
 Sem o alimento, as outras formigas e a rainha morrem de fome.
 É o fim do formigueiro.

LEMBRETE IMPORTANTE
Produtos contendo brometo de metila e arsênico
não devem ser usados, pois são altamente tóxicos,
e comprometem o meio ambiente.

MIPIS – micro porta isca


 Pequeno envelope de papel encerado contendo 10 g de isca
granulada
 Tem um atrativo no envolto.
 Tem validade até 6 meses;
 Atratividade por estratos vegetais colocados sobre o papel;
 Biodegradável na natureza.
 Uso dirigido.

Recipientes para aplicação de formicida granulado

 Recipientes caseiros: canudo de taquara, garrafas pets, copinhos;


 “Portas iscas próprios” desenvolvidos para tal fim.
 Seu uso evita temporariamente a absorção de umidade pelas iscas.
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 Inicialmente, as cevas são feitas para atrair as formigas


 Usa-se somente material atrativo.
 Coloca-se dentro dos recipientes (Dosagem: 1/3 deste)
 Distribuí-se sistematicamente de 20 em 20 metros.
 Repasse no 4º dia subseqüente, com nova aplicação de atrativo.
 No 2º repasse, aplicar as isca granulada (50 g/recipiente)
 Isso somente onde as formigas carregaram o atrativo.

DICAS IMPORTANTES
Leia atentamente o rótulo das embalagens e o
receituário.

Estratégias de controle e combate sistemático eficiente

ATENÇÂO: Para se ter sucesso no controle das formigas cortadeiras,


deve-se iniciar o combate três meses antes do plantio das mudas.

Período ou época mais apropriada


 Início do controle: de janeiro a março.
 Verão e outono: período de intenso trabalho das cortadeiras,
preparando-se para o inverno e para a reprodução.

Dicas importantes:
É muito temeroso, fazer o combate alguns dias antes do
plantio. Muito pior, após o plantio. Isto é perda na certa!

Lembre-se: Matar formigas não elimina um formigueiro.


Temos que matar a rainha.
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Aplicação em sauveiros

- Sauveiros:

 Os formigueiros apresentam centenas de câmaras subterrâneas

 São ligadas entre si e com a superfície do solo, por meio de galerias

 Na parte externa há um monte de terra solta (murundu) e olheiros.

 Nas câmaras subterrâneas (panelas), as formigas cultivam o fungo

 Zona morta ou sede aparente: panelas de lixo e panelas vazias

 Zona viva ou sede real: panelas de fungos, ovos, larvas e a rainha


 Ocorre intensa atividade de operárias.

 Em média: 75% das câmaras encontram-se entre 1-3 m de profund.

Tabela: Número médio de câmaras, área média de terra solta do ninho de


duas espécies de saúvas e freqüência dos diferentes tipos de câmaras.
Botucatu, SP.
Saúva-limão Saúva-cabeça-de-vidro
Área média de terra solta 84,4 m2 28,7 m2
N° câmaras 165 1358
Câmaras de fungo 86,8% 90,9%
Câmaras vazias 5,7% 8,3%
Câmaras de terra 5,3% 0,6%
Câmaras de lixo 9,8% 0%
Fonte: Pretto, 1996; Moreira, 1996

Tabela: Freqüência de câmaras de colônias em diferentes profundidades.


Botucatu, SP.
Profundidade Saúva-limão Cabeça-de-vidro
0a1m 22,1% 13%
1a2m 51,5% 38,7%
2a3m 26% 35,4%
3a4m 0,3% 12,9%
4a 5 m 0% 0,4%
Área média de terra solta 84,4 m² 28,7 m²
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- Localizar o formigueiro

- Fazer a medição da área do formigueiro

- Calcular a dosagem

- Onde e como aplicar


 Aplicar a quantidade de isca necessária;
 Diretamente da embalagem, sem contato manual
 Ao lado dos carreiros com maior movimentação de formigas
 Próximo dos olheiros ativos, ao redor dos formigueiros.
 Nunca aplicar dentro dos carreiros ou dos olheiros.
Usar a dose necessária em uma única aplicação
 Distribuir igualmente em todos os olheiros de entrada de forragem
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- Horário de aplicação
 Nas primeiras horas de trabalho das formigas
 Há diferença entre as estações do ano (inverno e verão)
 No inverno: das 10:00 h manhã até 16:00 h da tarde.
 No verão: das 8:00 h até 11:00 h.
 Repouso devido ao calor, voltando as 16:00 h, até 20:00 h

 Evitar a formação de formigueiros “amoados”

Dicas importantes
O uso de equipamentos de proteção individual – EPI,
como luvas, botas, macacão, máscaras e chapéus são
extremamente importantes ao aplicador. Evita-se a
contaminação!

Aplicação em quenquenzeiros

- Quenquenzeiros:

 Os formigueiros são pequenos (geralmente: uma só panela)


 Os quenquenzeiros podem ser do tipo:
 Monte:  Rodeio:
 Mineiro:  Meia-lua:
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- Localização do formigueiro

- Período

- Horário de aplicação

- Dosagem

- Onde e como aplicar

ARMAZENAGEM DO PRODUTO

 Locais adequados

 Cuidados

 Outros produtos no mesmo local

 Animais

INEFICÁCIA DE ISCAS FORMICIDAS GRANULADAS

 Principais causas da ineficácia:

 Relacionadas ao produto:
- Matéria prima contaminada;
- Contaminação no transporte e armazenagem na fábrica;
- Deterioração durante o armazenamento nas revendas:
- pela ação da umidade;
- pela ação da luz solar e calor;
- pelo tempo de armazenamento;
- pelo armazenamento com outros agrotóxicos e
combustíveis.

 Relacionadas à propriedade rural:


- Durante o transporte da isca para sua aplicação;
- Na manipulação da isca;
- Na dosagem aplicada;
- No desconhecimento da espécie de formiga e seus
hábitos;
- No período e horário de aplicação;
- Nas condições climáticas;
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- Na colocação da isca.

 Relacionadas a assistência técnica:


- Falta de repasse de informações técnicas: princípio ativo, biologia
das formigas, forma e estratégia de aplicação, produtos comerciais;
- Falta de conscientização e desconhecimento sobre o real dano da
“praga”.

 Relacionadas às autoridades:
- Inexistência de fiscalização sobre os fabricantes;
- Poucas informações sobre dados e monitoramento da incidência e
danos causados pelas formigas cortadeiras;
- Falta de uma campanha institucional permanente de controle das
formigas cortadeiras a nível municipal e estadual;
- Inexistência de legislação específica sobre o assunto.

Recomendações e observações

 Muito cuidado ao utilizar iscas em áreas com animais domésticos,


especialmente gado de leite. O MIPIS-micro porta isca não é recomendado.

 Formigueiro “amoado”: usou-se uma sub-dosagem do formicida


granulado e as formigas não carregam mais o produto, pois o identificam
como algo que trouxe dano a família.

 Isca contaminada: iscas que absorveram outros cheiros como


combustíveis, agro-químicos. Elas não serão mais carregadas por formigas.

 “Ninho de cobra”: A cobra jararaca costuma colocar seus ovos nos


formigueiros de monte quenquenzeiros. Muito cuidado quando revolver os
ninhos com a própria mão.
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 Uso de outros produtos: gasolina, óleo queimado, querosene,


água quente, gás de cozinha.
 Estes produtos matam as formigas e não a rainha.
 Se esta não for eliminada, o formigueiro continuará vivo. Apenas,
poderá mudar de local.

- ENTENDERAM PESSOAL?
- ALGUMA DÚVIDA?

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