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EMEF.

PROFESSOR JOSÉ FRANCISCO CAVALCANTE

Ageu Gabriel Ribeiro Figueiredo


Cibelle Diniz da Silva
Gabriel Ferreira Soares
Leticia Freitas Monteiro
Roberta Karen Reis Fernandes
Roberta Vitória Brito Machado

INFLUÊNCIA DO RAP NA SOCIEDADE

SÃO PAULO
2021
Ageu Gabriel Ribeiro Figueiredo
Cibelle Diniz da Silva
Gabriel Ferreira Soares
Leticia Freitas Monteiro
Roberta Karen Reis Fernandes
Roberta Vitória Brito Machado

INFLUÊNCIA DO RAP NA SOCIEDADE

Trabalho Colaborativo Autoral, apresentada a


EMEF Prof. Jose Francisco Cavalcante, como
parte dos requisitos para obtenção da
conclusão do ensino fundamental II, sob a
orientação da Prof. Vanessa Olívia Rocha da
Silva Santos.

SÃO PAULO
2021
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer através de todos, primeiramente a Deus por nos permitir estar
concluindo o ensino fundamental II (principalmente em um ano cheio de
problemas e controvérsias), a nossas famílias por estar nos ajudando e nos
apoiando a continuar em busca dos nossos sonhos, e obviamente todos os
nossos professores em específico a professora Vanessa, que vem nos
ajudando e nos aconselhando nesse período tão difícil que estamos passando
na vida escolar
E espero que quando todos nós alunos já estivermos filhos, casados,
trabalhando etc., possamos lembrar desse momento que estamos vivendo tão
especial.
RESUMO

A pesquisa descreve a importância que o RAP possui para as comunidades do


Capão Redondo e a influência que ele possui em diversos âmbitos como:
Moda, educação e Assistência social. Além de ser a voz de resistência dos
jovens da periferia que cantam e contam a história de sua comunidade,
denúncia os preconceitos e a desigualdade social. Portanto tivemos o objetivo
de mostrar que o rap é mais do que um estilo musical, mas é um elemento da
cultura hip hop que pode educar e salvar vidas por meio de letras, ongs
relacionadas ao tema fazendo correlações com a pesquisa realizada com
alunos e o rapper Rafael Gome s da ONG Libertários do Capão.Com objetivo
de amenizar o preconceito de alguns alunos por esse estilo e a fim de trazer
reflexões foi realizado uma palestra com o poeta Pikeno Poeta. Nessa
perspectiva, discutiu-se a análise realizada com os envolvidos. Fazendo com
que os alunos tomassem conhecimento da temática

Palavras-chave: Influência, Cultura, Reflexão

ABSTRACT
The research describes the importance that the RAP has for the communities of
Capão Redondo and the influence it has in several areas such as: Fashion,
education and social assistance. In addition to being the voice of resistance of
young people from the periphery who sing and tell the story of their community,
it denounces prejudice and social inequality. Therefore, we aimed to show that
rap is more than a musical style, but it is an element of hip hop culture that can
educate and save lives through lyrics, NGOs related to the topic, making
correlations with the research carried out with students and the rapper Rafael
Gome s from the NGO Libertário do Capão. With the objective of alleviating the
prejudice of some students towards this style and in order to bring reflections, a
lecture was given with the poet Pikeno Poeta. From this perspective, the
analysis performed with those involved was discussed. Making students aware
of the topic

Keywords: Influence, Culture, Reflection


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 6
2.HISTÓRIA DO HIP HOP ................................................................................ 8
2.2- QUAIS SÃO OS 5 ELEMENTOS DO HIP HOP .................................... 10
3.HISTÓRIA DO RAP ..................................................................................... 13
3.1- VISÃO DE ALGUNS RAPPERS ........................................................... 13
3.2- VERTENTES DO RAP.......................................................................... 15
4. A HISTÓRIA DO RAP NO BRASIL ............................................................. 16
4.1 O PRIMEIRO RAPPER DO BRASIL ...................................................... 17
4.2 RACIONAIS ........................................................................................... 18
4.3 MÚSICAS DO RAP BRASILEIRO QUE VÃO FAZER VOCÊ PARAR E
PENSAR ...................................................................................................... 18
5. INFLUÊNCIA DO RAP NA SOCIEDADE .................................................... 20
5.1 MODA .................................................................................................... 20
5.2 MARCAS DE ROUPAS DO CAPÃO REDONDO COM INFLUÊNCIA DO
RAP ................................................................................................................ 21
5.3 EDUCAÇÃO .......................................................................................... 22
5.4 ASSISTÊNCIA SOCIAL ......................................................................... 23
6. RESULTADOS E ANÁLISES DE DADOS .................................................. 25
7. ENTREVISTAS ........................................................................................... 28
7.1 ENTREVISTA COM O RAPPER PIKENO POETA................................. 28
7.2. ENTREVISTA COM RAFAEL GOMES DA ONG LIBERTÁRIOS DO
CAPÃO ........................................................................................................ 29
8. CONCLUSÃO ........................................................................................... 32
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 33
1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como ponto principal mostrar a cultura do rap,


surgido na década de 70, mostrando aqui a história de como surgiu o rap, os
benefícios no ramo cultural e no meio dos jovens, seus projetos e marcas
criados e os benefícios que trouxeram para o bairro do Capão Redondo e
regiões, na atualidade o rap é bem-visto por alguns, mas antigamente não era
assim.
A cultura hip-hop, por ter suas origens no grupo e na rua, é por
excelência audaciosa, corajosa e criativa, por isso apresenta o cotidiano
repensado (HELLER, 197B).
Porém, no caso brasileiro, por ser uma sociedade socialmente
desigual, temos um grupo mais expressivo, em razão de sua condição de
classe social, das relações de raça/cor e gênero. E a política que faz parte das
nossas vidas.
“Se a gente tivesse um governador do povo, um governador legal junto
com a gente. Está difícil” (depoimento de KING NINO BROWN)
No brasil, existem grandes nomes do hip-hop e do rap, que podem ser
trabalhados e interpretados pelos alunos. Em história, pode-se levantar o
surgimento dos dois estilos, através de pesquisas mais detalhadas, além de
pesquisar a origem das bandas, a formação dos grupos, levando para análises
críticas.
No entanto, o objetivo deste trabalho é demonstrar o melhor da cultura
hip-hop e do rap enfatizando seus benefícios culturais na população.
Para tanto fizemos uma pesquisa de campo, a princípio iriamos visitar
a ONG libertários do Capão, mas devido a pandemia, a entrevista precisou ser
feita pelo WHATSSAP por meio de vídeos. Como iniciativa foi convidado o
rapper Pikeno Poeta para um bate-papo com os alunos do 7ºA, na qual ele
falou sobre representatividade e a influência do rap na sua vida e na sociedade
atual.
O caráter da pesquisa foi exploratório e descritivo, dessa forma foi feito
um levantamento bibliográfico para o embasamento teórico e coleta de dados

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por meio de entrevistas e pesquisa. O roteiro das entrevistas aos alunos com
questões objetivas.
Diante do exposto, este trabalho tem como finalidade explicar o que é o
rap, sua história e suas influências, relacionando com a opinião dos alunos e
entrevistados envolvidas no TCA, contribuindo por meio das informações uma
mudança de pensamento em relação a essa cultura.

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2.HISTÓRIA DO HIP HOP

Enquanto termos da Língua Inglesa, a palavra hip tem sentido de “o


que está acontecendo nesse momento” e hop faz menção a um movimento de
dança. Em conjunto, algumas traduções da expressão hip hop seria algo como
“balançar os quadris”.
O Hip hop para muitas pessoas tem vários significados como liberdade,
uma forma de expressar, forma de resistência, para cada pessoa que se
identifica com o hip hop tem um significado diferente.
2.1- Origem do HIP HOP
O Hip Hop como cultura ou movimento cultural, surge na década de 70
nos Estados Unidos, após os conflitos raciais no país, e o de movimentos como
o Partido dos Panteras Negras, e a imigração de jovens jamaicanos, trazendo a
cultura dos Sound System para os guetos de Nova York, precisamente no
Bronx. Apareceu como um movimento de cultura juvenil, unindo elementos dos
jovens negros latino-americanos nos guetos e centros urbanos.
Nessa época as ruas do Bronx foram esquecidas pelo poder público e
se tornou um cenário de guerra de gangues e conflitos, era um cenário
totalmente caótica, em meio a esse cenário, jovens buscavam formas de
sobreviverem e diversão através da arte.
Já integrado ao jeito americano de ser, Herc e sua irmã Cindy
começaram a organizar festas no salão do conjunto de apartamentos onde
moravam, na Sedgwick Avenue, nº 1520, onde o garoto testava seus primeiros
breakbeats. No dia 11 de agosto de 1973, os irmãos Campbell organizaram o
que mais tarde seria reconhecida como a primeira festa de hip hop, a “Back to
School Jam”.

Figura 1. Back to school jam. (Disponível em: https://www.rapdab.com.br/2021/08/11/11-de-agosto-1973-


nascimento-do-hip-hop/

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Munido de dois toca-discos, um mixer e um amplificador de guitarra,
Herc isolou as batidas do funk e do soul de Mandrill, James Brown e Jimmy
Castor Bunch, surgindo com a técnica de estender os intervalos (“breaks”),
prolongando-os em loops. Surgia então a base da música Hip Hop, uma cultura
totalmente nova.
DJ Kool Herc percebeu que a técnica “The Merry-Go-Round” (“O
Carrossel”), mais tarde chamada de “breakbeat”, era o auge da festa, onde os
dançarinos, os chamados por ele de b-boys e b-girls, apresentavam suas
melhores performances. A cultura das falas rimadas, que mais tarde se
desenvolveria e resultaria no rap.
O termo que usamos hoje para designar a união e celebração dos 4
elementos passou a ser usado oficialmente a partir de 12 de novembro de
1974, no aniversário de 1 ano da ONG Universal Zulu Nation. Afrika
Bambaataa foi quem bateu o martelo. Mas isso não tira de Herc o título de “Pai
do Hip Hop”, reconhecido como tal pela própria Zulu Nation, está no site oficial
da organização. Assim que o Hip Hop deu seus pequenos passos para o
mundo, e se tornou uma forma de vestir, andar, cultura Etc.
Um dos nomes mais importantes para a cultura do Hip Hop é o
de Afrika Bambaataa, pseudônimo de Lance Taylor, um DJ do Bronx, líder da
banda Zulu Nation, que deu origem à ONG citada. Apesar de não ser o
primeiro a tocar o Hip Hop, Bambaataa foi o precursor na utilização do termo,
sendo o responsável por prover as bases técnicas e artísticas para a expressão
cultural que hoje conhecemos.
A ONG de Bambaataa promovia a inclusão dos jovens, oferecendo
oportunidades por meio de palestras e aulas, nas quais eram trazidos
conhecimentos gerais de matemática, economia, ciências, prevenção de
doenças e outros. A ideia da Zulu Nation era mudar o pensamento violento e
autodestrutivo das gangues que dominavam a Nova Iorque da época, apoiando
a sabedoria, a compreensão, a justiça, a igualdade e a paz. No dia 12 de
novembro, é celebrado o Dia Mundial do Hip Hop, essa data foi escolhida pois
é data que celebra a fundação da Zulu Nation de Bambaataa, data atribuída a
fundação do Hip Hop, pois foi ele quem reuniu os elementos centrais desta
cultura.

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Para Bambaataa, os pilares da cultura do Hip Hop eram definidos por
quatro pontos principais, sendo eles DJ, MC, B-boy/breakdance (dança) e
o Grafitti. Dessa maneira, o Hip Hop se tornava uma cultura inclusiva da qual
todos poderiam participar, contribuindo com criatividade e arte.

Figura 2. Afrika Bambaataa. Disponível (https://www.bocadaforte.com.br/materias/entrevistas/afrika-


bambaataa-hip-hop-4-decadas-de-historia-e-resistencia)

Ao pesquisarmos sobre o tão importante 11 de agosto de 1973, a


famosa data que marca o nascimento da cultura Hip Hop, percebemos que a
mídia tradicional da ênfase a nomes como o de Kool Herc, Bambaataa e
Grandmaster Flash entre outros nomes masculinos. Isso é comum pensando
na estrutura patriarcal na qual estamos inseridos. A verdade é que embora a
contribuição desses personagens tenha sido fundamental para a história, é
necessário deixarmos evidente que houve contribuição feminina nesse
processo e em especial, a da brilhante Cindy Campbell.
Cindy foi a primeira produtora de um evento de Hip Hop no mundo,
além de ter sido B. girl, antes do termo existir e grafiteira, assinando com a tag
PEP-1(174). Na noite da festa, a jovem alugou a sala de recreação por US $25
e cobrou a entrada, fazendo um preço de 25 centavos para as meninas e 50
centavos para os meninos.

2.2- QUAIS SÃO OS 5 ELEMENTOS DO HIP HOP

I- Deejayin: é uma arte de tocar discos, usando uma técnica para entre
músicas durante um set, (geralmente uma quebrada de bateria, algum groove
ou algo do tipo)

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Figura 3. Disponível (https://br.depositphotos.com/4364937/stock-photo-deejaying.html)

II- Grafitti: é uma forma de expressão visual e artística, usando latas de


tintas para expressar o sentimento de uma pessoa ou comunidade,
normalmente em alguns países e cidades algumas pessoas ou autoridades não
gostam, mas tem alguns lugares que são legais.

Figura 4. Disponível (https://brasilescola.uol.com.br/artes/grafite.htm)

III- Break Dance: é uma dança que você usa seu corpo todo para fazer
os movimentos, é uma das danças mais conhecidas do mundo, O estilo da
dança é caracterizado por acrobacias, rotações do corpo e outros movimentos
ditos “brutos”.

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Figura 5. Disponível (https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2021-01/icone-do-breaking-
pelezinho-sonha-com-paris-2024-mas-nao-como-atleta)

IV- Emcee MC: Talvez o mais famoso e mais conhecido elemento hoje
em dia. Surgiu primeiramente como Mestre de Cerimônias, acompanhando o
DJ e utilizando-se a poética e o carisma para mover o público durante
apresentações.

Figura 6: Disponível (https://www.enraizados.com.br/index.php/mc-ou-rapper/)

V- Conhecimento: esse é um elemento por sustentar o HIP HOP


também responsável por acalmar algumas brigas entre gangues, tem sido o
elemento da união

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3.HISTÓRIA DO RAP

O Rap é um grande campo de siglas, tornando até mesmo o seu nome


uma junção das palavras: rhythm and poetry (rima e poesia). Servindo como
holofote para a comunidade.
O RAP surgiu na Jamaica na década de 1960. Este gênero musical foi
levado pelos jamaicanos para os Estados Unidos, mais especificamente para
os bairros pobres de Nova Iorque, no começo da década de 1970. Um estilo
musical basicamente rítmico, com falas rimadas. O objetivo desse movimento
era, e ainda é, o de combater a pobreza, a violência, o racismo, o tráfico de
drogas, a falta de saneamento e de educação.
Um dos principais nomes responsáveis por levar o rap para a América
foi o DJ Kool Herc.

Figura 7. Disponível (https://images.app.goo.gl/SPeLfKkQ2QgP9Lor9)

A partir de 1980, aconteceu a popularização desse estilo, para variar o


cenário musical que na época tinha o disco music em alta, começaram a fazer
uma mistura de vários estilos, que hoje chamamos de sample.

3.1- VISÃO DE ALGUNS RAPPERS

Genival Oliveira Gonçalves, conhecido como GOG, seu nome artístico,


é cantor, escritor e rapper brasileiro. Ele é considerado um pioneiro do Hip Hop
no DF e o “Poeta do Rap Nacional”. Aqui vai um trecho da fala dele falando um

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pouco sobre o Rap, retirado de uma entrevista feita por “Urbano Independente”:
“Vamos continuar antenados no princípio… na célula primeira do Hip Hop que
é a transformação… que é o reconhecimento da coletividade como o mais
importante e saber que se você transforma a sua comunidade está fazendo o
bem para o seu planeta.”

Figura 8: Disponível (https://images.app.goo.gl/Yu2Myt2iZ2cNqzLX6 )

Consciência Humana é um grupo de rap que ficou bastante conhecido


em 1991, pois suas letras focam principalmente na violência no Estado de São
Paulo ZL. O rap e sua influência, baseado em uma fala do Preto Apick, uns dos
integrantes do grupo: “Os jornais só falavam mal de São Mateus. Não saía um
artista, um atleta lá de dentro, só saía bandido, coisas ruins. De repente, vem
um artista, um grupo de rap falando desses problemas todos. A população de
São Mateus acatou nossas palavras e isso significou muito pra gente.”

Figura 9: Disponível (https://images.app.goo.gl/yceTumGNvHYNGd1N7)

Alex Pereira Barbosa, mais conhecido pelo nome artístico MV Bill, é um


rapper, ator, escritor e ativista brasileiro. Iniciou a carreira na música em 1988.
Sua opinião sobre o cenário do rap atual: “Acho que a nova cena do rap é
muito parecida com a cena antiga, com a cena da minha era e com a cena que
vem antes de mim […] Com a nova geração, pessoas mais jovens, acho que o
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trânsito é mais aberto do que com os meus contemporâneos. A galera da
minha época se respeita muito, só que a gente não se frequentava muito como
faz a nova geração […] mas não é por falta de respeito ou afinidade, mas
porque esse era um comportamento da minha geração.”

3.2- VERTENTES DO RAP

HardCore: esse estilo de rap entrou em cena na década de 1980 na


East-Coast (lado leste). Ele possui inúmeros significados, mas a sua derivação
no rap é como: conteúdo pornográfico, letras expressadas de forma obscena
e/ou agressiva.
West-Coast e East-Coast: esses nomes começaram a ser bem
conhecidos após uma rivalidade de rappers na década de 80. Ambos se
localizam em Nova York, porém em lados diferentes. A costa-oeste (west
coast) é marcada pela sua evolução no rádio e o gangsta rap. Tendo seus
estilos, como: funk, dancehall, rhythm and blues etc. Já a costa leste (east
coast) tem o subgênero regional que teve início na década de 70. Marcado
pelos seus instrumentos típicos, como: caixa de ritmos, bateria, sampler, entre
outros. Ambas deram início ao gangsta rap, pois havia uma grande briga na
indústria da música.
Gangster Rap: seu início foi em 1980, naquela época esse subgênero
era significativo pois continha letras típicas das gangues e rappers que relatava
as suas vivências nas ruas e subúrbios.
Underground: esse termo é usado para caracterizar os rappers e
gravadoras que teve construção autônoma, ou seja, não se evoluirão com a
ajuda de grandes corporações.
Jazz rap: o rap tem várias origens de samples, e o jazz é um deles.
Para entender essa vertente devemos voltar para os anos 70, onde o rap se
inicia na Jamaica e vai para outros lugares se evoluindo e se aperfeiçoando
com a cultura preta na música.

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4. A HISTÓRIA DO RAP NO BRASIL

O rap surgiu no Brasil nos anos 80 na cidade de São Paulo. Os


primeiros shows de rap nacional ocorreram no Teatro Mambembe, um dos
primeiros artistas a se apresentar foi o DJ Theo Werneck. O rap nacional
estava engatinhando nessa fase. Ao longo dos anos o movimento foi se
fortalecendo e na década de 1990 passou a tocar nas rádios. O rap passou a
se destacar também na indústria fonográfica.

Figura: 10. Disponível (https://musica.culturamix.com/noticias/quem-foi-o-primeiro-cantor-de-


rap-brasileiro)

Os primeiros rappers, oficialmente chamados como tal, foram Thayde e


DJ Hum, eles conseguiram se destacar no cenário musical cantando esse
estilo. Nesse período nasceram grupos que se mantêm em destaque até os
dias de hoje como Pavilhão 9, Racionais MCs, Planet Hemp, Câmbio Negro,
Detentos do Rap e Xis & Dentinho. Alguns grupos mencionados não existem
mais, porém, continuam sendo referência no rap brasileiro.
O rap é um estilo musical que se caracteriza pelos versos fortes a
respeito de questões pertinentes a realidade social, algo fundamental
particularmente em países como o Brasil em que há muita desigualdade social.
É uma forma pacífica e sadia de protestar e trazer para a discussão pautas
sociais das camadas menos favorecidas.
Primeiro Álbum de Rap Nacional
No fim dos anos 1980 os primeiros grupos do movimento do rap
nacional se reuniam na Galeria 24 de Maio assim como na estação São Bento
do metrô, os dois locais ficaram conhecidos como berços do movimento punk
brasileiro.

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Em 1988 foi lançado pela gravadora Eldorado o primeiro álbum de rap
do Brasil, seu título era “Hip-Hop Cultura de Rua”. Esse álbum contou com a
produção de dois integrantes da banda Ira, André Jung e Nasi
E hoje o rap já tem mais de 30 anos de existência no Brasil,
transformando vidas de pessoas que há alguns anos estavam na rua ou
estavam passando fome. E além do rap hoje no Brasil temos o Hip Hop e o
Trap estilos musicais que surgiram nos últimos anos e vem crescendo cada vez
mais, muito por conta do rap.

4.1 O PRIMEIRO RAPPER DO BRASIL

Jair Rodrigues nasceu em Igarapava no interior de São Paulo, Jair


começou sua carreira no mundo da música quando se tornou cronner no meio
da década de 50 na cidade de São Carlos, e em 1954 participou da noite são-
carlense, participou também da Radio São Carlos como calouro e com
apresentações
No meio da década de 60, foi para São Paulo tentar o sucesso e
acabou sendo chamado para participar de alguns programas de televisão. Em
1964 fez sucesso com o samba O morro não tem vez. Também em 1964 Jair
foi considerado o primeiro rapper brasileiro com a música Deixa isso para lá,
com os versos mais declamados (mais falados) do que cantados. E daí para
frente Jair gravou mais e mais músicas no estilo rap. Em 2014 Jair Rodrigues
acabou morrendo de um infarto.

Figura 10. (Disponível em: http://www.famososquepartiram.com/2014/05/jair-rodrigues.html)

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4.2 RACIONAIS

O Racionais é um grupo de rap fundado em 1988 no Capão Redondo.


O grupo contava com 4 integrantes: Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay.
Racionais é o maior grupo de rap do Brasil.
As canções do grupo demonstravam a preocupação com todos os
problemas enfrentados nas periferias de São Paulo, e mostrar o quanto um
jovem negro e pobre sofre no dia a dia. Em 1991 o Racionais abriu o show do
Public Enemy, uns dos grupos de rap mais famosos nos Estados Unidos. E já
no final da década em 1997, o Racionais lançou o disco Sobrevivendo no
Inferno, que acabou vendendo mais de 500 mil copias e em 2019 o grupo fez
uma turnê pelo Brasil comemorando os 30 anos do grupo. Os Racionais MC’s
marcaram o rap e a cultura pop com o clássico álbum “Sobrevivendo no
inferno, que se tornou um livro e foi incluído na leitura obrigatória do vestibular
da Unicamp.

4.3 MÚSICAS DO RAP BRASILEIRO QUE VÃO FAZER VOCÊ PARAR E


PENSAR

I:Até Quando? Gabriel Pensador (2001)


Gabriel retrata o desafio do brasileiro comum, que luta pela
sobrevivência. E não tem tempo para nada, porque vive para trabalhar, mas
não consegue nem comprar um brinquedo para o filho.
“Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar. O cara
me pede diploma, não tenho diploma, não pude estudar. E querem que eu seja
educado. Que eu ande arrumado, que eu saiba falar. Aquilo que o mundo me
pede, não o que o mundo me dá. Consigo emprego, começo o emprego, me
mato de tanto relar. Acordo bem cedo, não tenho sossego, nem tempo para
racionar. Não peço arrego, mas aonde que eu chego? Só fico no mesmo lugar.
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro para dar”.

II: Negro Drama Racionais MC’s (2002)


A música reflete sobre questões como, o racismo, a pobreza e as
inúmeras dificuldades da vida nas periferias brasileiras.

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“Periferias, vielas e cortiços. Você deve tá pensando o que você tem a
ver com isso. Desde o início, por ouro e prata. Olha que morre, então, veja
você quem mata. Recebe o mérito, a farda que pratica o mal. Me ver pobre
preso ou morto já é cultural. Histórias, registros, escritas. Não é conto, nem
fábula, lenda ou mito”.

III: Mun-Rá Sabotage (2002)


Mun-Rá, fala sobre a brutalidade policial vivida nas periferias e o medo
cotidiano da morte.
“Mas, no bairro, eu pego meu filho, na fé, vinha vindo, na fé vou seguir.
Deus que me livre da mira dos tiras, mas, nego, eu não fico, não brinco e nem
mosco. Nego, só que acordo com ódio. O anjo do céu não pode ser réu”.

IV: Só Deus pode me julgar, MV Bill (2002)

Na luta, sobre a sua realidade enquanto homem brasileiro, negro e


periférico, mostrando que teve que lutar muito pra viver.
“Vai ser preciso muito mais para me fazer recuar. Minha autoestima
não é fácil de abaixar. Olhos abertos fixados no céu. Perguntando a Deus qual
será o meu papel. Fechar a boca e não expor meus pensamentos. Com receio
que eles possam causar. Constrangimentos. Será que e isso? Não cumprir
compromisso. Abaixar a cabeça se manter omisso".

V: Me deixa viver, Karol de Souza (2018)


Me deixa viver é uma música que sobre adversidade e aceitação
corporal. E que se trata de um desafio aos padrões de beleza vigentes que
limitam e policiam os corpos “fora da norma".
“Mesmo que as capas de revista ainda vendam magrelas, cada
dobrinha do meu corpo e cada linha de expressão do meu rosto, são partes
fundamentais da minha beleza. Tio, não é que o nosso cabelo arma, nosso
cabelo é uma das nossa ARMAS. Para confortar esse estereótipo falido,
completamente ultrapassado”.

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5. INFLUÊNCIA DO RAP NA SOCIEDADE

5.1 MODA

O Hip Hop, como um todo, foi um dos maiores movimentos culturais da


contemporaneidade. Ele influenciou a cultura pop e a moda nos quatro cantos
do mundo. Os artistas e adeptos do Hip Hop não somente expressavam-se
através da música, dança e grafitti, eles adotaram um estilo, no qual suas
roupas diziam muito sobre a cultura e sobre suas personalidades.
Entre os anos 70 e 90, nos guetos dos Estados Unidos, a moda
proveniente do Movimento Hip Hop encontrou em nomes como Jamel
Shabazz, que fotografava a emergente cena da época, e Karl Kani (designer de
moda e fundador da marca Karl Kani), a estética e o potencial pra colocar a
cultura do hip hop no radar da moda. Provavam logo no início que essa era
uma tendência que definitivamente viria pra ficar. A influência da Moda Hip
Hop, Estilo Hip Hop masculino e Roupas de Rappers Americanos Ao mesmo
tempo muitos outros ícones surgiriam pra somar e compor esse conjunto visual
que conhecemos hoje.
O surgimento do modelo Superstar da Adidas, um dos primeiros
modelos em couro feito para contrastar com os que até então só eram
produzidos em lona (na época muito utilizado por jogadores de basquete),
foram adotados e difundidos pelo Run-DMC. O grupo de rap, sensação durante
os anos 80, também contribuíram para emplacar o conjunto de jaqueta e calça
Adidas A-15, fortalecendo e popularizando a marca neste segmento, até então
inexplorado pela Adidas e outras marcas relevantes da época. O uso das
jaquetas bomber também marcou a estética hip hop na época. A peça
conhecida por trazer elástico nas extremidades dos punhos, gola e barra, na
intenção de criar uma espécie de vedação para proteger o corpo do frio, é uma
das peças que figuram fácil nas peças elementares popularizadas pela cena
hip hop e urbana da época.
A Jaqueta Bomber inclusive resistiu ao tempo e vira e mexe reaparece
hoje em dia com novas estampas, materiais e acabamentos. Nos acessórios e
detalhes, a cena hip hop dos anos 70 a 90 também se mostrava vanguardista.
Muito do que vemos hoje nas principais marcas, como: bonés, bucket hats e
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acessórios douradas faziam parte de uma estética que vinha sendo explorada
e difundida pelos rappers, DJs, B-boys, B-girls e grafiteiros. As marcas
perceberam também que muitos dos adeptos ao Hip Hop buscavam na
ostentação, um fator de diferenciação e de notabilidade. Reafirmando então a
necessidade de mostrar poder através daquilo que se tem, do que se veste ou
usa. A logomania ficou cada vez mais forte desse ponto em diante. E marcas
como Tommy Hilfiger, Polo Ralph Lauren, Gucci, Nike, Adidas e outras,
souberam usar isso. As logomarcas (já bem conhecidas anteriormente pelo
público capitalista americano) eram representadas em partes inteiras de
camisas, calças, moletons e jaquetas.

5.2 MARCAS DE ROUPAS DO CAPÃO REDONDO COM INFLUÊNCIA DO


RAP
Fundão Roupas fundada em 2001 pelo Finado Neguinho, hoje marca
conhecida pelo Brasil através do grupo Racionais Mc's, Dexter entre outros...
Como disse Mano Brown no Vmb 2012 "Por um gosto pessoal do finado
Neguinho (Emerson) laranja e preto decidiram-se assim.

I:Bermuda Marighela

II: Camiseta Estampada

Figura 11. Disponível (https://www.fundaoroupas.com.br/produtos/camiseta-estampa-preta/)

1DASUL é uma marca de bonés, roupas e assessórios, que nasceu no


Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Ela foi criada pelo escritor Ferréz, a
partir de uma brincadeira de primeiro de abril, em 1999. Na ocasião, ele disse a
seus amigos que tinha uma marca que ainda não existia.

Figura 12. Disponível (https://catracalivre.com.br/carreira/1dasul-marca-representa-orgulho-de-ser-da-


periferia/)

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As roupas e acessórios da 1DASUL representam o orgulho de ser da
periferia Ferréz mandou fazer as primeiras camisetas e as vendeu para seus
amigos. Aos poucos a marca cresceu e já está no mercado há 15 anos.

5.3 EDUCAÇÃO

Basta pesquisar um pouco pra perceber que a diversidade cultural


desses movimentos é muito rica, podendo ser bem explorados no contexto
escolar.
Em língua portuguesa e literatura, as letras das músicas podem ser
exploradas, pois são de alta qualidade. No Brasil, existem grandes nomes do
hip hop e do rap, que podem ser trabalhados e interpretados pelos alunos.
Exemplo disso é o cantor Gabriel, que se intitulou como “o pensador”, com
letras que dão destaque aos preconceitos estabelecidos pela sociedade. MV
Bill já é um rapper mais atual, dos anos 90, que viveu sob os massacres da
Cidade de Deus no Rio de Janeiro.
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Das bandas internacionais, podemos destacar o grupo Eminen, que
também apresenta letras agressivas, integradas à realidade social, sempre
questionando os culpados dos problemas sociais, a falta de políticas próprias
para as populações periféricas etc.
Em história, pode-se levantar o surgimento dos dois estilos, através de
pesquisas mais detalhadas, além de pesquisar a origem das bandas, a
formação dos grupos, levando para análises críticas e político-sociais,
buscando entender o que pretendem atingir com a agressividade das letras.
Em geografia, pesquisar sobre as áreas nas quais os movimentos
apareceram, como vivem essas populações periféricas, as condições precárias
das favelas, falta de saneamento básico etc.
O grafite do movimento hip hop deve integrar as aulas de artes e
história da arte, onde os alunos produzam obras de arte em tecidos, cartazes
ou mesmo numa parede cedida pela direção da escola. Mas tudo deve ser
embasado em lutas sociais, reivindicações para uma sociedade mais justa.

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5.3.1. RAP NA UNIVERSIDADE

Pela primeira vez um disco entra na lista de obras literárias do


vestibular da Unicamp. O álbum é "Sobrevivendo no inferno" dos Racionais
MC's e a ideia é abordar uma literatura que dialoga com o atual momento do
país, onde existe uma busca da sociedade brasileira por inclusão social.

5.4 ASSISTÊNCIA SOCIAL

A cultura hip-hop, por ter suas origens no grupo e na rua, é por


excelência audaciosa, corajosa e criativa, por isso apresenta o cotidiano
repensado (HELLER, 1972b); mostra o discurso da juventude periférica
permeada de sentimentos, desejos e denúncias. Porém, se não atentarmos ao
que o rap, o DJ, o breaking, o graffiti e o conhecimento - todos elementos da
cultura - têm a nos dizer, pode-se desclassificá-la como tal.
Já o Serviço Social é compreendido aqui como uma profissão voltada
para o atendimento das humanidades, ou seja, das pessoas em suas mais
diversas situações sociais, que demandam a efetivação de seus direitos.
Porém, no caso brasileiro, por ser uma sociedade socialmente desigual, temos
um grupo mais expressivo, em razão de sua condição de classe social, das
relações de raça/cor e gênero. Importante dizer que essa profissão também é
construtora de conhecimento, de reflexões, e um espaço de educação social e
política.
Assim, nesse cruzamento entre a cultura hip-hop e o Serviço Social,
identificamos uma perspectiva voltada para a formação crítica e reflexiva da
sociedade capitalista, que valoriza o ser humano. Esse cruzamento apresenta
um posicionamento político legítimo e contundente. Porém, por serem espaços
de formação, um profissional e o outro cultural, aspectos majoritários são
comuns e contradições não deixam de fazer parte de seus posicionamentos.
Tais posicionamentos partem do concreto, das relações sociais e experiências
cotidianas. Por essa razão, King Nino Brown, ao analisar sua realidade político-
territorial, apresenta, também, outra esfera, que constitui os campos político e
governamental das relações. “Porque é a política que nos rege. É a política que
faz parte das nossas vidas. Se a gente tivesse um governador do povo, um

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governador legal junto com a gente. Tá difícil!” (depoimento de King Nino
Brown).
Se na atualidade a cultura hip-hop é mais visível, aceita socialmente e
aparente nos meios de comunicação, antes não era assim, em razão do
preconceito alimentado pelo estigma, ou seja, pela estética, pela raça/ cor, pela
classe social, pelos signos dessa cultura, tomados como coisa de “bandido”.

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6. RESULTADOS E ANÁLISES DE DADOS

Para a realização deste estudo houve a colaboração dos alunos do


período diurno, foram 89 pessoas, que responderam um questionário para
verificação do que eles conhecem sobre o Rap e a influência da cultura Hip
Hop. O questionário foi entregue via Google Sala de aula. As idades dos alunos
entrevistados variam no mínimo de 12 e máximo de 16 anos, sendo a amostra
constituída de alunos da 6ª série do ensino fundamental até o 9°ano.
Percebemos que a maioria dos alunos sabem o que é rap, e o que representa,
porém 13,5% possuem um desconhecimento.

Figura 12. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

Figura 13. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

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Figura 14. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

Figura 15. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

Figura 16. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

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Figura 17. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

Figura 18. Gráfico da pergunta n°1 (Fonte: Elaborado pelos autores)

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7. ENTREVISTAS

7.1 ENTREVISTA COM O RAPPER PIKENO POETA

Fizemos uma entrevista com o rapper conhecido no bairro Jardim


Ângela, o Pikeno Poeta. O rapper falou de diversas questões sociais, entre elas
a representatividade, preconceito, racismo. A entrevista foi feita com a
participação do 7° ano A que foi assistir o momento da palestra. Segue um
trecho da entrevista:
I - De que forma a rap influência na sua vida?
“É uma grande influência na minha vida, porque além de ele ser ritmo e poesia
ele liberta e salva. Traz uma ideologia de uma situação que você não está
vendo, mas você imagina. É um preparo pra você viver na sociedade”
II- Qual o objetivo das suas letras? Tem alguma inspiração?
“O objetivo das minhas músicas é passar uma visão pra moleque da/juventude.
Além da minha música, há um conhecimento dentro desta área. E minha
inspiração foi a comunidade.”
III- Seu estilo, forma de pensar e dizer… como você conseguiu se
aceitar e demonstrar isso ao público?
“A questão de você ter seu estilo próprio, sua própria realidade. Através das
suas raízes você descobre quem você quer ser. Meu estilo é minha forma de
se expressar. Um conselho que eu dou é não ter medo de ser quem você quer
ser. Consegui essa confiança com a música.”
IV: Qual idade você descobriu essa paixão pra rap? Pergunta feita pela
professora Diná
“Foi dentro da escola, no ensino fundamental, teve uma palestra uma vez, que
estávamos no teatro, professores falaram vocês vão fazer uma palestra, tem
que criar uma poesia, bolar um plano com a sua criatividade. Assim comecei a
usar minha criatividade e fiz uma poesia, não estava bem encaixado,
estruturado, mas eu fui lá no palco com toda vergonha, todo tímido, com a folha
na cara, e me expressando. Os professores virão, você é jovem, mas você tem
um talento, uma vocação da arte com a poesia, com a música. Comecei a
escrever poesia com 13 anos pra 14 anos, aos 15 anos quando estava perto de
terminar o ensino fundamental e indo para o ensino médio comecei a me
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apresentar mais nos saraus que estavam tendo dentro da comunidade, com as
palestras que tinham dentro da escola, isso pra mim é uma coisa que salvou
minha vida. Porque o rap ele é um preparo para você, o rap fala o que a droga
pode causar, o que o crime faz, crime não compensa. Rap é uma libertação.”

Figura 19: Entrevista com Pikeno poeta. Elaborado pelos alunos

7.2. ENTREVISTA COM RAFAEL GOMES DA ONG LIBERTÁRIOS DO


CAPÃO

A entrevista com o rapper e ongueiro Rafael Gomes foi realizado por


meio de WhatsApp, a princípio iriamos visitar a ONG no dia 11 de novembro,
mas devido a problemas pessoais do representante da ONG foi cancelado.
Mas tivemos o privilégio de conversar e entrevistar o mesmo por meio de
áudios e vídeos do WhatsApp.
Antes de demostrarmos como foi a entrevista, vamos ver um
pouquinho da História dessa ONG.
Libertários do Capão é uma ONG com 16 anos de existência,
localizada na zona sul de São Paulo no bairro do Capão Redondo. Foi criada
por jovens da comunidade no dia 02/12/2000 através de um grupo de RAP que
Rafael (presidente da ONG) participava. Hoje a ONG possui suas atividades
administradas por ele, sua esposa Neide e mais 4 colaboradores.
O desejo de realizar mudanças sociais moveu Rafael a buscar recursos
para criar projetos que pudessem ajudar crianças, adolescentes e adultos no
bairro através de cursos de capacitação profissional e cultural.

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A ONG oferece assistência para a comunidade do Capão Redondo através da
educação, arte, cultura, música e cursos profissionalizantes para colocação e
recolocação no mercado trabalho, com o objetivo de resgatar a autoestima e
consequentemente engajá-los na sociedade para que se tornem protagonistas
de uma nova história.
Hoje a ONG consegue atender a população diretamente e
indiretamente com seus eventos comunitários oferecidos para os moradores.

Figura 20: Disponível (http://www.libertariosdocapao.org.br/quem-somos-2021/)

As principais linhas de atuação são os cursos oferecidos para jovens,


crianças e adultos, além da atuação no Capão Redondo, que tem entre outros
projetos, a reforma de casas da comunidade. A seguir veja as perguntas e
respostas e fizemos e obtivemos do Rafael Gomes:
No começo de tudo, pensamos que seria legal o grupo conhecer, visitar
ou entrevistar uma ONG que ajuda pessoas com necessidades e
principalmente uma ONG ligada ao rap, e a ONG que escolhemos foi a
Libertários do Capão Redondo.
Entramos em contato com a ONG e acabamos conseguindo falar com
o Rafael (dono e fundador da ONG). Marcamos uma visita e uma entrevista
com ele lá na ONG para uma quinta-feira, mas infelizmente ocorreu alguns
imprevistos e o grupo acabou tendo que mandar as perguntas através de
vídeos.
Na entrevista com o ongueiro e rapper Rafael Gomes fizemos as
seguintes perguntas: Qual é o objetivo da ONG? Quais as dificuldades
encontradas para ajudá-las? E qual é a ligação da ONG com o rap?

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“A ONG surgiu através de um grupo de rappers no ano de 2000, eu e
alguns amigos aqui do bairro começamos a cantar rap para a comunidade e
para outros bairros da grande São Paulo”.
“Em um certo tempo pensamos em algo que poderia ajudar e melhorar
a nossa comunidade, até que eu cedi essa casa aqui, e saí com minha família
e instalamos projetos que hoje acontecem aqui dentro".
“A cozinha virou a sala de música, a sala de estar hoje virou o salão de
beleza onde as mulheres da comunidade trabalham e fazem cabelo, no meu
quarto e da minha esposa deixamos a área de corte e costura, onde era a
lavanderia acabou virando uma padaria artesanal, na garagem virou uma
escola de construção civil e a capacitação dos homens da comunidade”.

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8. CONCLUSÃO

Por meio desse estudo percebe-se que o Rap vai muito além de letras
radicais e rimas, sendo assim, extremamente importante para grande parte das
vozes que são marginalizadas. Pois tem a intervenção de protestos, porta voz
e autorreconhecimento das comunidades periféricas. Raps que antes eram
classificados como o “portal para o crime”, hoje interpretamos como “o portal
para fora do crime''.
Além do Rap se manifestar contra várias causas é um tipo de voz
coletiva, uma fala de periferia para periferia, abrindo oportunidades para
aqueles que vivem em uma situação invisível diante a visão do poder maior, ou
considerado um.
Sua influência nas letras, moda, educação e assistência trazem
acolhimento a vidas que são, injustamente, invisíveis e estão em meio a uma
guerra entre o crime, sistema e preconceito racial e de classe social.
Entretanto, esse é uns dos estilos musicais que mais vem crescendo e
ganhando ouvintes a cada dia, integrando vários tipos de pessoas, como as
mulheres. Muitos se esquecem, mas a primeira vez que o Rap foi cantado em
público foi em uma festa de aniversário onde Cindy (irmã de Kool Herc) foi a
organizadora da festa.
No livro “Sobrevivendo No Inferno, Racionais Mc’s”, Acauam Silvério de
Oliveira faz uma grande citação sobre a cultura:
“A tarefa fundamental do rapper passa a ser, portanto propor novas
formas de sobrevivência aos sujeitos periféricos, posicionando-se ao
de bandido (sem se confundir com ele) […] Mais que isso, o rap
reconhece que apenas assumindo todas as complexas implicações
desse lugar de marginalidade será possível para a periferia construir
espaços emancipatórios”.

E para concluir, ainda com as palavras retiradas deste livro, “entre no


trem da malandragem, meu rap é o trilho”.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.libertariosdocapao.org.br/quem-somos-2021/.Acesso em 26 de
novembro de 2021

https://www.1dasul.com.br/. Acesso em 26 de novembro de 2021

Racionais MC’s. Sobrevivendo no inferno / Racionais MC’s. — 1ª- ed. —


São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/hip-hop-rap-na-
sala-aula.htm.Acesso em 17 de novembro de 2021

https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/marca-texto-analisa-sobrevivendo-
no-inferno-dos-racionais-mcs. Acesso em 04 de novembro de 2021

https://portalpopline.com.br/mv-bill-reflete-sobre-nova-cena-do-rap-o-transito-e-
mais-aberto/.Acesso em 14 de novembro de 2021

https://urbanoindependente.wordpress.com/2020/09/29/entrevista-com-gog-o-
poeta-do-rap-nacional-urbano-independente/ .Acesso em 07 de novembro de
2021

https://www.atados.com.br/ong/organizacao-libertarios-do-capao-
redondo.acesso em 26 de novembro de 2021

https://www.embrapa.br/tema-perdas-e-desperdicio-de-alimentos. Acesso em
10 de outubro de 2021

https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/hip-hop. Acesso em 12 de
outubro de 2021

https://www.stoodi.com.br/blog/historia/nascimento-do-hip-hop/. Acesso em 25
de outubro de 2021

https://youtu.be/atXuxbc7zZk. Acesso em 14 de novembro de 2021. Acesso em


14 de novembro de 2021

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