O documento discute como a globalização é dividida em três categorias: a globalização como fábula, como é vendida de forma positiva; a globalização perversa, como realmente é; e a globalização como possibilidade. O texto também aborda o conceito de "capitalismo racial" desenvolvido por estudiosos marxistas na África do Sul durante o apartheid para mostrar como o racismo e o capitalismo estavam ligados, e como o movimento Black Lives Matter adotou uma perspectiva anticapitalista.
O documento discute como a globalização é dividida em três categorias: a globalização como fábula, como é vendida de forma positiva; a globalização perversa, como realmente é; e a globalização como possibilidade. O texto também aborda o conceito de "capitalismo racial" desenvolvido por estudiosos marxistas na África do Sul durante o apartheid para mostrar como o racismo e o capitalismo estavam ligados, e como o movimento Black Lives Matter adotou uma perspectiva anticapitalista.
O documento discute como a globalização é dividida em três categorias: a globalização como fábula, como é vendida de forma positiva; a globalização perversa, como realmente é; e a globalização como possibilidade. O texto também aborda o conceito de "capitalismo racial" desenvolvido por estudiosos marxistas na África do Sul durante o apartheid para mostrar como o racismo e o capitalismo estavam ligados, e como o movimento Black Lives Matter adotou uma perspectiva anticapitalista.
A globalização é um fenômeno de muitas faces, Milton Santos divide
este fenômeno em três categorias, a globalização como fábula, como ela é
vendida para o mundo de uma forma que constrói ideias extremamente positivas a respeito deste fenômeno, a globalização perversa, ela como de fato é, podendo incluir em sua perversidade até mesmo a própria globalização como fábula já que funciona como um instrumento de dominação e disfarce, e por último, a globalização como possibilidade, o que de positivo essa realidade pode de fato nos proporcionar. A possibilidade que a globalização pode nos conceder será o alicerce deste texto, já que sem ela mesmo que em meio a tantos problemas envolvidos neste processo ainda sim existem benefícios. Durante a década de 1970 o apartheid ainda estava vigente e com toda sua força na África do Sul, essa grande segregação racial cai como uma luva para as propostas empresariais desta época dentro do país, onde a maximização dos lucros devido principalmente ao sub assalariamento onde a maioria das pessoas se encontravam. E dentro deste cenário e de ideais contrários a todo este contexto narrado, estudiosos marxistas como Martin Legassic e Neville Alexander que irão tecer o conceito de capitalismo racial, onde agora a noção de raça e capital estão totalmente atrelados, assim a segregação promovida pelo apartheid foi tão brutal, que a raça passa a ser um norte dentro do capitalismo sul africado. A expressão “capitalismo racial” nasceu entre os sul-africanos que lutavam contra o regime do apartheid na década de 1970. A África do Sul era uma sociedade capitalista e racista, um país que acumulava fabulosas somas de dinheiro rebaixando o valor do trabalho com segregação, humilhação e despossessão de negros. Mas os liberais sul-africanos e os gurus da ordem mundial se recusavam a chamar as coisas pelo nome. Juravam que o apartheid era uma aberração, um caso desviante na casa desta senhora virtuosa que é a economia de mercado.(PARRON, Tâmis. 2020, 2º número do volume 2 da Revista Rosa)
Esse conceito põe em pauta uma questão importantíssima que está em
vigência até os dias de hoje, que seria, a superação do racismo necessita primeiro da superação do capitalismo? Esta questão é importantíssima pois é o momento em que possibilita o direcionamento de lutas presas a recortes nacionais específicos e alcem voo para uma visão global, mirando um inimigo em comum a todos. Graças ao Black Lives Matter, o conceito de capitalismo racial de Cedric Robinson ganhou nova projeção. Seu uso tem sido relevante porque direciona o movimento negro para a luta contra a organização estrutural do capitalismo, amalgamando tendências particularistas, identitárias e nacionalistas da luta antirracial numa energia social unificada contra a exploração do capital. (PARRON, Tâmis. 2020, 2º número do volume 2 da Revista Rosa) Durante todos estes ocorridos, na mesma década de 70, os Estados Unidos passavam por um conturbado momento, onde as políticas neoliberais de Ronald Reagan que incentivaram o encarceramento em massa e o desinvestimento no setor público apenas catalisaram toda a futura resposta a estes atos, levando o Black Lives Matter a abraçar os ideais anticapitalistas e ajudando a direcionar a luta antirracista e internacionalizando a luta, algo que não seria possível sem as trocas de informações presentes dentro da globalização, é o uso desta rede que é utilizada para explorar e oprimir sendo subvertido. Fala-se, igualmente, com insistência, na morte do Estado, mas o que estamos vendo é seu fortalecimento para atender aos reclamos da finança e de outros grandes interesses internacio- nais, em detrimento dos cuidados com as populações cuja vida se torna mais difícil. (SANTOS, Milton. Por Uma Outro Globalização, pag. 19)
As falácias neoliberais engendradas no sistema capitalista constroem a
nossa noção do que seria a própria globalização como fábula, “conto” que acaba por ser vendido por Reagan que leva os negros americanos para mais uma dessas grandes crises, e do outro lado temos o apartheid que em conjunto com o governo antes citado, ajuda a refutar as ideias de conexão, acesso à informação e diminuição das distâncias que nunca estiveram tão longe. Porém dentro de todo este caos se articula uma resistência, essa que em seu caráter principal realmente unifica grupos em torno de um ideal, essa união que só se faz possível graças a globalização, uma outra globalização que almeja a real emancipação da população e sua autonomia, que surge como resposta a este festival de mortes e injustiças que hoje ainda é vendido como fábula.