Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
História Da Arte: Priscila Farfan Barroso
História Da Arte: Priscila Farfan Barroso
DA ARTE
Introdução
O homem registrou suas marcas ao longo do tempo por meio da arte e,
também, classificou essas artes e os símbolos para representá-las.
Neste capítulo, você irá compreender o conceito de arte, diferenciar
os seus tipos e aprofundar a sua sensibilidade para compreender a di-
mensão estética.
O que é arte?
A arte é uma área do conhecimento que analisa as obras de artes por meio de
estilos artísticos e valor estético. Dewey (2010, p. 128) complementa dizendo
que “[...] a arte, em sua forma, une a mesma relação entre o agir e o sofrer,
entre a energia de saída e a de entrada, que faz com que uma experiência
seja uma experiência.”. Assim, a arte reflete aspectos do contexto social,
econômico, político e religioso em que a sociedade vive em determinado
período. No entanto, essa não é uma área que se basta, pelo contrário, ela
conta com outras ciências para complementá-la e ampará-la nessas análises,
como história, antropologia, filosofia, arqueologia e sociologia. Observe a
pintura da Figura 1.
14 Introdução ao conceito de arte
Podemos dizer, ainda, que a arte também pode ser pensada como disciplina,
pois se constitui de tudo o que o ser humano vem produzindo por necessidade
ou para expressar seus sentimentos e emoções, com manifestações de ordem
estéticas realizadas ao longo do tempo.
O artista é quem emprega o ato de produção e se entrega ao prazer da
criação, como explica Dewey (2010, p. 130): “[...] é alguém não especialmente
Introdução ao conceito de arte 15
https://goo.gl/PvxLjU
Hoje em dia, não utilizamos mais a divisão entre pintura e escultura. Ambas são classi-
ficadas como linguagens das Artes Visuais, possuem singularidades e especificidades
em seu fazer e na forma de se ver, assim como o desenho, a fotografia e a gravura,
por exemplo.
Sobre o conceito de arte nos dias atuais, é interessante assistir a um dos episódios do
Programa Estilhaços (SESCTV, 2017), chamado “O corte do poeta e a arte do açougueiro”,
que evidencia conceitos éticos dos poetas, seja na poesia de versos na rua ou no corte
do açougueiro que também desenha um pedaço de carne.
https://goo.gl/sT6toj
a obra realizada informa sobre elementos estéticos por meio da sua aparên-
cia, de seu conteúdo e até mesmo da sua relação com o ambiente no qual ela
está exposta. Porém, o que é acionado quando falamos de estética? Vamos
aprofundar um pouco mais esta questão!
A filosofia nos ensina que a estética é um parâmetro medido por meio de um
julgamento realizado pelo ser humano, que considera o universal e o particular
para essa análise. Portanto, ao observar uma obra, você compara o que está
vendo e percebendo ao que já conhece da sociedade em que vive. Logo, após
essa análise mais minuciosa é possível concluir nosso posicionamento sobre
a obra, ao mesmo tempo em que estabelecemos um acordo social entre os
membros da sociedade, às vezes mais inconsciente do que consciente, sobre
o que é belo e o que não é.
A arte envolve formas de registrar a imaginação ou a realidade por meio de
representações imagéticas carregadas de significados com valores artísticos.
Esses valores também estão articulados à noção de estética, uma vez que a
obra é produzida com certa intencionalidade, podendo variar conforme as
pessoas, os locais e os períodos. Conforme avalia Lacoste (1986, p. 38): “[...]
a arte, enquanto representação, contemplação por um olhar puro, responde,
de fato, a uma espécie de apelo inconsciente da vontade.”. Essa vontade está
aliada à expressão do ser humano no mundo, que ao ser realizada na arte
comunica ao outro alguma mensagem.
Essa questão é reforçada por Proença (2003, p. 8), quando ela analisa
que a arte não é algo isolado e pontual, mas que está atrelada às atividades
humanas a todo mundo, uma vez que: “[...] a preocupação do homem com a
beleza está tão presente nas culturas, que até mesmo objetos essencialmente
úteis são concebidos de forma harmoniosa e apresentam-se em cores muito
bem combinadas.”. Nesse sentido, cores, formas e conteúdo compõem essa
experiência estética do objeto artístico, voltado para o que é considerado
belo naquela sociedade e fazendo esses objetos comporem o modo de vida
de determinada cultura.
Por fim, cabe apontar que as obras de artes também carregam noções
estéticas vinculadas aos posicionamentos políticos das pessoas e dos grupos
sociais, de modo que o que é considerado belo em um contexto pode não ser
visto da mesma forma em outro. Desse modo, percebe-se que a condição da
estética é constantemente negociada, uma vez que ela revela, apresenta e in-
forma sobre elementos pertinentes a certas pessoas ou a grupos sociais. Assim,
devemos considerar essas questões como a complexidade que envolve a arte.
Introdução ao conceito de arte 20
AZEVEDO JUNIOR, J. G. Apostila de arte: artes visuais. São Luís: Imagética Comunicação
e Design, 2007.
CANUDO, R. Manifeste des sept arts. Paris: Séguier, 1995.
DEWEY, J. Arte como experiência. São Paulo: M. Fontes, 2010.
DRAW AS A MANIAC. The incredible art of Leonid Afremov. [S.l.], 2012. Disponível em:
<http://drawasamaniac.com/2012/12/the-incredible-art-of-leonid-afremov.html>.
Acesso em: 25 nov. 2017.
FERREIRA, R. M. R. A. Da arte e sua utilidade. Pandora Brasil, n. 34, p. 60-67, set. 2011.
FISCHER, E. A necessidade da arte. 9. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
LACOSTE, J. A filosofia da arte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
PROENÇA, G. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2003.
SESCTV. Documentário: Ferreira Gullar - a necessidade da arte. [S.l.]: YouTube, 2010. 1
vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yRLDFOjxRWc>. Acesso
em: 25 nov. 2017.
SESCTV. Estilhaços: o corte do poeta e a arte do açougueiro. [S.l.]: YouTube, 2017. 1
vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fUzTSv8fgkw>. Acesso
em: 25 nov. 2017.