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Angela Santi
Os povos babilônios da Mesopotâmia que viveram entre 1950 a.C. e 539 a.C. foram os
pioneiros na “criação” do tempo, o estabelecimento da medição dos dias foi provindo da
criação do relógio do sol, que apesar de não calcular de forma precisa as horas, conseguia
separar o dia em 12 partes, depois conseguindo fazer o mesmo com a noite.
Durante a Idade Média, os monges introduziram duas novidades para o controle das passagens
do tempo cotidiano, o toque dos sinos – a marcação era feita a partir das badaladas -, e as horas
canônicas - diretrizes para as orações a serem feitas durante o dia -. Desde o século XII, a
enciclopédia cristã recomenda a hora de acordar, trabalhar, comer e descansar.
O primeiro relógio mecânico do mundo surgiu na China, em 725. Por volta do século XIII, ele
ressurge na Europa instaurando a marcação de um novo tempo com horas iguais. Historiadores
teorizam que o estímulo para a construção do relógio mecânico tenha sido oriundo da exigência
da disciplina nas tarefas cotidianas nos mosteiros medievais, onde a pontualidade era uma
virtude rigorosa e o atraso era motivo de punição.
Com a revolução industrial que ocorreu na segunda metade do século XVIII, o tempo para de
ser medido pelas orientações naturais, pois com o surgimento das indústrias, dá-se a
necessidade do controle social do tempo, quando as pessoas passam a se orientar pelo chamado
“tempo das fábricas - tempo do relógio permeado pelo trabalho e relações de produção nas
indústrias -.
O tempo cronológico e físico, de acordo com a mitologia grega era personificado por Cronos,
o tempo controlado pelo relógio, conhecido por limitar o dia, o decorrer da vida e todos os
afazeres. Ou melhor, é o tempo controlado pelos prazos estipulados para a realização das tarefas
de forma geral - Deus do tempo -.
Já Kairós era a personificação do tempo que não podia ser previsto ou cronometrado, pois ele
representava as incertezas e surpresas da vida, sem a limitação do Cronos. Dessa forma, ele era
a referência da vivência desligada do relógio, não ligado a regras e quantidade, sim a liberdade
e qualidade.
No mundo capitalista atual, vivemos o tempo Cronos, que é o tempo burocrático, controlado,
e com prazos determinados para cumprimento de tarefas (inclusive a entrega dessa avaliação).
Já o tempo que pouco temos no mundo apressado, é aquele que é vivido com qualidade, sem
pressão, que seria o tempo de Kairós, tornando-o mais prazeroso, menos exaustivo e sufocante.
O tempo na sociedade capitalista é curto, os dias e rotinas são robóticos e giram em torno do
trabalho. As pessoas acordam, vão trabalhar, chegam em casa e vão preparar a reunião, aula,
ou o que quer que seja que vai ser usado no dia seguinte, as vezes dormindo o tempo
insuficiente que o corpo e a mente necessitam, pois a vivência já está condicionada à rapidez,
ansiedade de realizar tudo durante um pequeno período, pressão de acompanhar todas as
novidades e notícias do momento e do mundo. Essa urgência de afazeres acaba quebrando a
barreira entre tempo de lazer e tempo de trabalho, porque a sociedade não consegue se desligar,
mesmo em momentos de férias as pessoas trabalham, mesmo em jantares familiares as pessoas
atendem o cliente, o patrão, e infelizmente isso virou o “normal” atual, como pode ser
observado nesse trecho:
Com isso criamos o ANTÍDOTO do fim do mundo - que definharia as pessoas até a extinção -
, e ele é a dissolução do capitalismo e a extensão do tempo diário sem aumento de
compromissos. Com o objetivo de acabar com o sufocamento e pressão gerada pela exploração
capitalista, curando a sociedade de doenças mentais e a alienação de seus próprios gostos e
vidas. Gerando mais tempo de Kairós, que leve pessoas a viver e não apenas sobreviver,
curtindo a vida e entendendo que tempos de qualidade são mais importantes do que geração de
capital.
Referências.