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Filosofia da educação - Profª.

Angela Santi

Laiane Santana, Larissa Francisco e Thalita Ramos

Antídoto contra o fim do mundo: Idealização de dias com mais horas e


extinção do capitalismo construindo uma sociedade saudável mentalmente -
Liberte o futuro

História do tempo em diferentes culturas e épocas

Há registros de que o homem pré-histórico já media o tempo através de padrões da natureza,


como fases da lua, nascer e pôr do sol e repetições de alterações climáticas.

Os povos babilônios da Mesopotâmia que viveram entre 1950 a.C. e 539 a.C. foram os
pioneiros na “criação” do tempo, o estabelecimento da medição dos dias foi provindo da
criação do relógio do sol, que apesar de não calcular de forma precisa as horas, conseguia
separar o dia em 12 partes, depois conseguindo fazer o mesmo com a noite.

As evoluções de estudos astronômicos na Grécia e Roma permitiram a melhora na precisão da


medição do tempo, os relógios de sol e a roda dentada inventada por Arquimedes em 287 a.C.
também sofreram evolução e aperfeiçoamento quando chegaram à Grécia, o que foi
fundamental para a criação dos relógios mecânicos da atualidade

Durante a Idade Média, os monges introduziram duas novidades para o controle das passagens
do tempo cotidiano, o toque dos sinos – a marcação era feita a partir das badaladas -, e as horas
canônicas - diretrizes para as orações a serem feitas durante o dia -. Desde o século XII, a
enciclopédia cristã recomenda a hora de acordar, trabalhar, comer e descansar.

O primeiro relógio mecânico do mundo surgiu na China, em 725. Por volta do século XIII, ele
ressurge na Europa instaurando a marcação de um novo tempo com horas iguais. Historiadores
teorizam que o estímulo para a construção do relógio mecânico tenha sido oriundo da exigência
da disciplina nas tarefas cotidianas nos mosteiros medievais, onde a pontualidade era uma
virtude rigorosa e o atraso era motivo de punição.

Com a revolução industrial que ocorreu na segunda metade do século XVIII, o tempo para de
ser medido pelas orientações naturais, pois com o surgimento das indústrias, dá-se a
necessidade do controle social do tempo, quando as pessoas passam a se orientar pelo chamado
“tempo das fábricas - tempo do relógio permeado pelo trabalho e relações de produção nas
indústrias -.

A personificação dos tipos de tempo na mitologia grega

O tempo cronológico e físico, de acordo com a mitologia grega era personificado por Cronos,
o tempo controlado pelo relógio, conhecido por limitar o dia, o decorrer da vida e todos os
afazeres. Ou melhor, é o tempo controlado pelos prazos estipulados para a realização das tarefas
de forma geral - Deus do tempo -.

Já Kairós era a personificação do tempo que não podia ser previsto ou cronometrado, pois ele
representava as incertezas e surpresas da vida, sem a limitação do Cronos. Dessa forma, ele era
a referência da vivência desligada do relógio, não ligado a regras e quantidade, sim a liberdade
e qualidade.

No mundo capitalista atual, vivemos o tempo Cronos, que é o tempo burocrático, controlado,
e com prazos determinados para cumprimento de tarefas (inclusive a entrega dessa avaliação).
Já o tempo que pouco temos no mundo apressado, é aquele que é vivido com qualidade, sem
pressão, que seria o tempo de Kairós, tornando-o mais prazeroso, menos exaustivo e sufocante.

O tempo na sociedade capitalista é curto, os dias e rotinas são robóticos e giram em torno do
trabalho. As pessoas acordam, vão trabalhar, chegam em casa e vão preparar a reunião, aula,
ou o que quer que seja que vai ser usado no dia seguinte, as vezes dormindo o tempo
insuficiente que o corpo e a mente necessitam, pois a vivência já está condicionada à rapidez,
ansiedade de realizar tudo durante um pequeno período, pressão de acompanhar todas as
novidades e notícias do momento e do mundo. Essa urgência de afazeres acaba quebrando a
barreira entre tempo de lazer e tempo de trabalho, porque a sociedade não consegue se desligar,
mesmo em momentos de férias as pessoas trabalham, mesmo em jantares familiares as pessoas
atendem o cliente, o patrão, e infelizmente isso virou o “normal” atual, como pode ser
observado nesse trecho:

E a má notícia é que continuaremos exaustos e


correndo, porque exaustos-e-correndo virou a
condição humana dessa época. E já percebemos
que essa condição humana um corpo humano não
aguenta. O corpo então virou um atrapalho, um
apêndice incômodo, um não-dá-conta que
adoece, fica ansioso, deprime, entra em pânico. E
assim dopamos esse corpo falho que se contorce
ao ser submetido a uma velocidade não humana.
Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados.
(BRUM, 2016)

Com isso criamos o ANTÍDOTO do fim do mundo - que definharia as pessoas até a extinção -
, e ele é a dissolução do capitalismo e a extensão do tempo diário sem aumento de
compromissos. Com o objetivo de acabar com o sufocamento e pressão gerada pela exploração
capitalista, curando a sociedade de doenças mentais e a alienação de seus próprios gostos e
vidas. Gerando mais tempo de Kairós, que leve pessoas a viver e não apenas sobreviver,
curtindo a vida e entendendo que tempos de qualidade são mais importantes do que geração de
capital.

Referências.

BRUM, E. Exaustos-e-correndo-e-dopados. EL PAÍS, Brasil, 04 julho 2016. Disponível em:


https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html
CARVALHO, L. Fábricas e o tempo do relógio. UOL. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/fabricas-tempo-
relogio.htm#:~:text=Portanto%2C%20com%20o%20surgimento%20das,o%20%E2%80%9C
tempo%20do%20rel%C3%B3gio%E2%80%9D.
DOMINGUES, J. O tempo na Idade Média e a invenção do relógio. Ensinar História, Brasil,
10 maio 2016. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/tempo-na-idade-media-invencao-
do-relogio/
EVARISTO, T. Tempo livre no capitalismo: alienação e reprodução. ESQUERDA, Brasil, 22
julho 2018. Disponível em: https://www.esquerda.net/dossier/tempo-livre-no-capitalismo-
alienacao-e-reproducao/56192
MIRANDA, S. Quem definiu o tamanho das horas e dos minutos?, Super Educação, Brasil, 4
julho 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-definiu-o-
tamanho-das-horas-e-dos-minutos/
MOTA, P. Kairós – Significado do termo grego e uso em rotinas de produtividade. R1, Brasil,
27 março 2021. Disponível em: https://segredosdomundo.r7.com/kairos/
SUPER EDUCAÇÃO. Medição do tempo. Brasil, 31 agosto 2006. Disponível em:
https://super.abril.com.br/historia/medicao-do-tempo/

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