1) O documento discute o papel das expectativas nas decisões de consumo e investimento e como isso afeta a relação entre produto e taxa de juros no modelo IS-LM.
2) As expectativas sobre renda, impostos e taxas de juros futuras influenciam o gasto privado atual. Isso torna a curva IS mais íngreme, com menor sensibilidade da demanda agregada à renda e taxa de juros correntes.
3) Uma política monetária expansionista que não altere as expectativas sobre o futuro terá e
1) O documento discute o papel das expectativas nas decisões de consumo e investimento e como isso afeta a relação entre produto e taxa de juros no modelo IS-LM.
2) As expectativas sobre renda, impostos e taxas de juros futuras influenciam o gasto privado atual. Isso torna a curva IS mais íngreme, com menor sensibilidade da demanda agregada à renda e taxa de juros correntes.
3) Uma política monetária expansionista que não altere as expectativas sobre o futuro terá e
1) O documento discute o papel das expectativas nas decisões de consumo e investimento e como isso afeta a relação entre produto e taxa de juros no modelo IS-LM.
2) As expectativas sobre renda, impostos e taxas de juros futuras influenciam o gasto privado atual. Isso torna a curva IS mais íngreme, com menor sensibilidade da demanda agregada à renda e taxa de juros correntes.
3) Uma política monetária expansionista que não altere as expectativas sobre o futuro terá e
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MACROECONOMIA II - IEUFU41043 Prof. Aderbal Damasceno
5.10 EXPECTATIVAS, PRODUTO E POLÍTICA ECONÔMICA
Uberlândia, 05 de Agosto de 2022
1 Expectativas e Decisões de Gasto 1.1 Expectativas, consumo e investimento • A variáveis futuras esperadas afetam as decisões atuais de gasto, tanto diretamente quanto por meio dos preços dos ativos: 1) Um aumento da renda real atual do trabalho líquida de impostos e da renda real futura esperada do trabalho líquida de impostos e/ou uma diminuição das taxas reais de juros atual e futuras esperadas aumenta a riqueza humana, o que leva a um aumento do consumo; 2) Um aumento dos dividendos reais atuais e futuros esperados e/ou uma diminuição das taxa reais de juros atual e futuras esperadas aumenta os preços das ações, o que leva a um aumento da riqueza não humana e a um aumento do consumo; 3) Uma diminuição das taxas nominais de juros atual e futuras esperadas leva a um aumento dos preços dos títulos, o que leva a um aumento da riqueza não humana e, por sua vez, a um aumento do consumo; 4) Um aumento dos lucros reais atual e futuros esperados líquidos de impostos e/ou uma diminuição das taxa reais de juros atual e futuras esperadas, aumenta o valor presente dos lucros reais líquidos de impostos, o que leva a um aumento do investimento. 1.2 Expectativas, consumo e investimento: síntese • As expectativas afetam as decisões de consumo e investimento, tanto diretamente como por meio dos preços dos ativos. 2 Expecta*vas e o Modelo IS-LM 2.1 Expectativa e a relação IS • A especificação de um modelo que proporcionasse um tratamento detalhado do consumo e do investimento nas linhas sugeridas no diagrama anterior seria muito complicada. • Queremos captar a essência do que estudamos até aqui, o modo como o consumo e o investimento dependem das expectativas do futuro, sem ficarmos perdidos nos detalhes. • Para isso, reduzimos o presente e o futuro a apenas dois períodos: um período atual, que se pode considerar como este ano; e um período futuro, que se pode considerar como todos os anos futuros juntos. • Assim, não precisaremos verificar as expectativas de cada ano futuro. Sob essa hipótese, a questão agora é: como podemos escrever a relação IS para o período atual? 2.2 Expectativa e a relação IS • Anteriormente, escrevemos a seguinte equação para a relação IS: ! = # ! − % + ' !, ) + * • Definimos gastos privados com a soma dos gastos em consumo e investimento: +(!, %, )) ≡ # ! − % + ' !, ) • Com essa notação, podemos reescrever a relação IS como: ! = + !, %, ) + * (1) • As propriedades do gasto privado agregado vêm das propriedade do consumo e investimento: 1) O gasto privado agregado é uma função positiva da renda, !. Uma renda mais elevada aumenta o consumo e o investimento; 2) O gasto privado agregado é uma função decrescente dos impostos, %. Impostos maiores diminuem a renda disponível e o consumo; 3) O gasto privado agregado é uma função decrescente da taxa real de juros, ). Uma taxa real de juros mais alta diminui o investimento. 2.3 Expectativas e a relação IS • Agora, a tarefa é estender a equação (1) para levar em conta o papel das expectativas. • A extensão natural é permitir que o gasto dependa não somente das variáveis atuais, mas também dos seus valores esperados no período futuro: ! = #(!, &, ', !′) , &′) , '′) ) + , (2) • Onde !′) , &′) e '′) representam, respectivamente, a renda futura esperada, os impostos futuros esperados e as taxas reais de juros futuras esperadas: 1) Aumentos da renda atual ou da renda futura esperada aumentam o gasto privado; 2) Aumentos dos impostos atuais ou dos impostos futuros esperados diminuem o gasto privado; 3) Aumentos da taxa real de juros atual ou da taxa real de juros futura esperada diminuem o gasto privado. 2.4 Expecta,vas e a relação IS • A figura mostra a nova curva IS para o período corrente. A curva IS é desenhada para valores dados de !, !′# , $′# , %′# e &. • Diminuição (aumento) em !, !′# e %′# e aumento (diminuição) em $′# e & deslocam a IS paralelamente para a direita (esquerda). • A nova curva IS é nega,vamente inclinada: uma diminuição da taxa de juros real atual leva a uma aumento do gasto e da renda. • A nova curva IS é mais íngreme: o inves,mento é pouco sensível à taxa de juros real atual e o gasto atual é pouco sensível à renda atual. 2.5 Expectativas e a relação IS • A nova curva IS é mais íngreme. O investimento é pouco sensível à taxa de juros real atual e o gasto atual é pouco sensível à renda atual: 1) Uma diminuição na taxa de juros real atual, dadas as expectativas inalteradas da taxa de juros real futura, não tem muito efeito sobre o gasto. Uma mudança na taxa de juros real atual não leva a grandes mudanças nos valores presentes e, portanto, não leva a mudanças grandes no gasto; 2) O multiplicador provavelmente será pequeno. O tamanho do multiplicador depende do tamanho do efeito de uma mudança na renda corrente sobre o gasto. Mas uma mudança na renda corrente, dadas as expectativas inalteradas da renda futura, possivelmente não terá um grande efeito sobre o gasto. Isso porque mudanças na renda que não se espera que durem exercem somente um efeito limitado sobre o consumo e o investimento. • Juntando tudo, uma diminuição da taxa de juros real de !" para !# leva apenas a um pequeno aumento no produto, de $" para $# . 2.6 Expectativas e a relação IS • Uma mudança em qualquer das variáveis da equação 2, exceto ! e ", desloca a relação IS. • Mudanças nos impostos atuais (#) ou no gasto atual do governo ($) deslocam a curva IS: 1) Um aumento no gasto corrente do governo eleva o gasto a uma dada taxa de juros, deslocando a curva IS para a direita; 2) Um aumento nos impostos atuais desloca a curva IS para a esquerda. • Mudanças nas variáveis futuras esperadas (Y’e, T’e, r’e) também deslocam a curva IS: 1) Um aumento no produto futuro esperado, Y’e, desloca a curva IS para a direita; 2) E um aumento na taxa de juros real futura esperada (r’e) e aumento nos impostos futuros esperados (T’e) deslocam a IS para a esquerda. 2.7 De volta à relação LM • O equilíbrio nos mercados financeiros exige que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda. A demanda por moeda depende da renda real e da taxa nominal de juros de curto prazo e a oferta de moeda é controlada pelo BC: ! = $%(') (3) " • A relação LM não é modificada ao considerarmos o papel das expectativas para as decisões de gasto: 1) A quantidade de moeda que você quer reter hoje depende de seu nível atual de transações, não do nível de transações que você espera ter no próximo ano ou no ano seguinte; 2) O custo de oportunidade de reter moeda hoje depende da taxa nominal de juros atual, não da taxa nominal de juros esperada pra o próximo ano ou para o ano seguinte. 3 Modelo IS-LM Revisitado 3.1 Modelo IS-LM revisitado • A taxa real de juros é aproximadamente igual à taxa nominal de juros menos a inflação atual esperada: ! = # − %& • A taxa real de juros futura esperada é aproximadamente igual à taxa nominal de juros futura esperada menos a inflação futura esperada: !′& = #′& − %′& • Quando o BC aumenta a oferta de moeda, diminuindo a taxa nominal de juros i, os efeitos sobre a taxa real de juros atual e a taxa real de juros futura esperada dependem de dois fatores: 1) Se o aumento da oferta de moeda leva os mercados financeiros a rever suas expectativas de taxa nominal de juros futura, #′& ; 2) Se o aumento da oferta de moeda leva os mercados financeiros a rever suas expectativas de inflação atual e de inflação futura, % & e %′& , respectivamente. Se, por exemplo, a variação da moeda leva os mercados financeiros a esperar mais inflação no futuro, portanto %′& aumenta, a taxa real de juros futura esperada, !′& , diminuirá mais do que a taxa nominal de juros futura esperada, #′& . 3.2 Modelo IS-LM revisitado • Para simplificar, deixaremos de lado o segundo fator, o papel da mudança de expectativa de inflação, e nos concentraremos no primeiro, o papel da mudança de expectativas da taxa nominal de juros futura. • Assim, vamos supor que tanto a inflação atual esperada quanto a inflação futura esperada sejam iguais a zero, ! " = 0 e !′" = 0. • Nesse caso, não precisamos distinguir taxa nominal de juros e taxa real de juros, uma vez que são iguais, e podemos usar a mesma letra para representar ambas. • Seja & a taxa (real e nominal) de juros atual e &′" a taxa (real e nominal) de juros futura esperada. 3.3 Modelo IS-LM revisado • Com essa simplificação, podemos reescrever as relações IS e LM nas equações (2) e (3) por: ! = #(!, &, ', !′) , &′) , '′) ) + , (4) - = !/(') (5) . • A figura mostra as curvas IS e LM correspondentes. 4 Política Monetária 4.1 Modelo IS-LM revisado • Podemos reescrever as relações IS e LM da seguinte forma: ! = #(!, &, ', !′) , &′) , '′) ) + , (4) - = !/(') (5) . • A figura mostra as curvas IS e LM correspondentes. 4.2 Política monetária revisitada • Agora suponha que a economia esteja em recessão e o BC decida aumentar a oferta de moeda. • Suponha primeiro que essa política monetária expansionista não mude as expectativas quanto à taxa de juros futura nem quanto ao produto futuro. Na figura, a curva LM se desloca para baixo, de LM para LM’’. • O equilíbrio move-se do ponto A para o ponto B, com uma taxa de juros menor e um produto maior. A curva IS bastante inclinada, entretanto, implica somente um efeito pequeno do aumento da oferta de moeda sobre o produto. • Mudanças na taxa de juros atual, não acompanhadas de mudanças nas expectativas, têm apenas um efeito pequeno sobre o gasto e, por sua vez, um efeito pequeno sobre o produto. 4.3 Política monetária revisitada • É razoável, contudo, supor que as expectativas não sejam afetadas por uma política monetária expansionista? • Não é provável que, à medida que o BC reduza a taxa de juros atual, os mercados financeiros agora antecipem também uma taxa de juros mais baixa no futuro, junto com um produto futuro maior estimulado por essa taxa de juros futura mais baixa? O que ocorre? • A uma dada taxa de juros atual, as perspectivas de uma taxa de juros futura menor e de um produto futuro maior aumentam o gasto e o produto; deslocam a IS para a direita, de IS para IS’’. O novo equilíbrio é dado pelo ponto C. • Assim, enquanto o efeito direto da política monetária sobre o produto é limitado, o efeito total, uma vez que as mudanças nas expectativas são levadas em consideração, é muito maior. 4.4 Política monetária revisitada • Os efeitos da política monetária dependem essencialmente de seu impacto sobre as expectativas: 1) Se uma expansão monetária levar investidores, empresas e consumidores a rever suas expectativas de taxas de juros futuras e de produto futuro, então os efeitos da política monetária sobre o produto poderão ser muito grandes; 2) Mas, se as expectativas não se alterarem, os efeitos da expansão monetária sobre o produto serão pequenos. 5 Polí'ca Fiscal 5.1 Modelo IS-LM revisado • Podemos reescrever as relações IS e LM da seguinte forma: ! = #(!, &, ', !′) , &′) , '′) ) + , (4) - = !/(') (5) . • A figura mostra as curvas IS e LM correspondentes. 5.2 Redução do Déficit, Expectativas e Produto • Lembrem-se das conclusões a que chegamos nos fundamentos sobre os efeitos de uma redução do déficit orçamentário: 1) No curto prazo, uma redução no déficit orçamentário leva a uma redução dos gastos e a uma contração no produto; 2) No médio prazo, uma redução no déficit orçamentário não afeta o produto, mas leva a uma queda da taxa de juros, aumento da poupança e aumento do investimento; 3) No longo prazo, um investimento maior traduz-se em aumento do estoque de capital e, portanto, aumento de produto. • No passado recente, vários economistas argumentaram que uma redução do déficit pode, na verdade, aumentar o produto mesmo no curto prazo. • O argumento: se as pessoas levam em conta os efeitos benéficos futuros de uma redução do déficit, suas expectativas sobre o futuro podem melhorar o suficiente para levar a um aumento, e não a uma redução, do gasto atual e, desse modo, a um aumento do produto atual. • Suponha que a economia seja descrita pela equação (4) para a IS e pela equação (5) para a LM. Suponha agora que o governo anuncie um programa#de redução do déficit por meio de diminuições do gasto atual, !, e do gasto futuro, !′ . O que ocorrerá com o produto nesse período? 5.3 Redução do Déficit, Expectativas e Produto • Suponha, primeiro, que as expectativas do produto futuro, !′# , e da taxa de juros futura, $′# , não mudam. Então, temo a resposta padrão: a redução dos gastos do governo no período atual provoca um deslocamento da IS para a esquerda e, assim, uma queda do produto de equilíbrio. • Entretanto, a questão crítica é o que ocorre com as expectativas. Para responder, vamos voltar ao que vimos nos fundamentos sobre os efeitos de uma redução do déficit no médio e no longo prazo: 1) No médio prazo, uma redução do déficit não afeta o produto. Contudo, leva a uma queda da taxa de juros e a um aumento do investimento; 2) No longo prazo, isto é, levando em conta os efeitos da acumulação de capital sobre o produto, um investimento maior leva a um estoque de capital maior e, por isso, a um nível mais elevado de produto. • Podemos pensar o período futuro como incluindo tanto o médio quanto o longo prazo. Se pessoas, empresas e participantes do mercado financeiro tiverem expectativas racionais, então, em resposta ao anúncio de uma redução do déficit, eles esperarão que esses desenvolvimentos ocorram no futuro. Assim, aumentarão suas expectativas do produto futuro (!′# ) e diminuirão suas expectativas da taxa de juros futura ($′# ). 5.4 Redução do Déficit, Expectativas e Produto • Agora podemos voltar à questão sobre o que ocorre nesse período em resposta ao anúncio e ao início de um programa de redução do déficit. A figura mostra as curvas IS e LM do período atual. Em resposta ao anúncio de redução do déficit, há agora três fatores deslocando a IS: 1) Os gastos atuais do governo, (G), diminuem, levando a um deslocamento da curva IS para a esquerda. A uma dada taxa de juros, um corte de gastos do governo leva a uma redução do gasto total e, assim, a uma redução do produto. Esse é o efeito padrão de uma redução do gasto do governo e o único levado em consideração no modelo IS-LM básico; 2) O produto futuro esperado (!′# ) aumenta, deslocando a curva IS para a direita. A uma dada taxa de juros, o aumento do produto futuro esperado leva a um aumento dos gastos privados, aumentando o produto; 3) A taxa de juros futura esperada ($′# ) cai, deslocando a curva IS para a direita. A uma dada taxa de juros atual, uma queda da taxa de juros futura esXmula os gastos atuais e aumenta o produto. 5.5 Redução do Déficit, Expecta6vas e Produto • Um programa de redução do déficit pode aumentar o produto mesmo no curto prazo. Se isso ocorrerá ou não depende de muitos fatores, em especial: 1) Credibilidade do programa: os gastos serão cortados ou os impostos aumentados no futuro conforme o anunciado? 2) Cronograma do programa: qual será a magnitude dos cortes de gastos no futuro em relação aos cortes de gastos atuais? 3) Composição do programa: o programa elimina algumas das distorções da economia? 4) Estado inicial das finanças do governo: qual é o tamanho do déficit atual? É um programa tipo ‘a última chance’? O que ocorrerá se o programa falhar?