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por
Ricardo Brito
FEA/USP
Inflação, Atividade Econômica e
Política de Juros
Pergunta
• Como os juros determinam o produto, a taxa de desemprego e a taxa
de inflação?
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Leitura para esta aula
• Blanchard, O. (2018), capítulo 9
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Taxas de juros nominal e real
♦ A taxa de juros nos diz quantos unidades monetárias teremos de pagar no futuro
em troca de obter uma unidade monetária no presente.
♦ É aqui que entra a distinção entre taxas de juros nominais e taxas de juros reais.
♦ Qual é o sentido de receber juros altos no futuro, se a inflação até lá for tão
elevada que não conseguiremos adquirir mais bens porque subiram de preço?
• Se a taxa de juros nominal e a taxa de inflação esperada não forem muito altas,
uma expressão mais simples é:
rt » it - p te
Se p te = 0 Þ it = rt
Se p te > 0 Þ it > rt
Para it dado : p te Þ rt ¯
Taxas de juros nominal e real
♦ Quando a inflação esperada é igual a zero, as taxas de juros nominal e real são
iguais.
♦ Para uma dada taxa de juros nominal, quanto maior a inflação esperada, menor a
taxa de juros real.
Taxa Nominal e Real de Juros no Brasil
desde 1995
Taxa de Juros Básica (Selic % a.a) -Nominal e Real)
50
40
30
20
9.75
10
4.33
0
SELIC_NOM SELIC_REAL_ESP
♦ Isso se deve ao fato de que a inflação tem baixado regularmente desde o início
dos anos 1980.
Taxas de juros nominal e real
♦ Qual taxa de juros deve entrar na relação IS?
♦ Embora o Banco Central escolha a taxa nominal, ele se preocupa com a taxa de
juros real porque é a taxa que afeta decisões de gastos.
O modelo IS-LM-PC
• Se o BC fixa os juros, o produto será definido pela IS aos juros fixados.
𝑌 = 𝐶 𝑌 − 𝑇 + 𝐼 𝑌, 𝑟 + 𝑥 = 𝑖 − 𝜋 " + 𝑥 +𝐺
• Decorre que podemos expressar o desvio do emprego de seu nível natural como:
• Mais cedo ou mais tarde, o BC elevará a taxa básica para diminuir o produto de
volta ao potencial e não haverá mais pressão sobre a inflação.
Dinâmica e equilíbrio de médio prazo
• Muitas vezes é difícil para o BC saber onde exatamente está o produto potencial e,
portanto, quão distante o produto está do potencial.
• Mesmo que o BC atue rapidamente, leva tempo para que a economia volte ao
nível natural de produto.
Dinâmica e equilíbrio de médio prazo
• Durante o processo de ajuste, o produto se mantém consistentemente acima do
potencial, de modo que a inflação aumenta consistentemente.
• Se o BC se preocupar não apenas com uma inflação estável, mas também com o
seu nível, poderá muito bem decidir que deve não só estabilizar, mas também
reduzir a inflação.
• Para isso, é necessário elevar a taxa básica para além de rn a fim de baixar a
inflação, até que ela retorne a um nível aceitável pelo BC.
... voltando aos juros nominal e real
♦ Para determinar a taxa de juros real 𝑟 de sua escolha, o BC deve levar em conta
a inflação esperada 𝜋 " :
𝑟 = 𝑖 − 𝜋"
♦ Há um limite inferior zero para a taxa de juros nominal 𝑖 , pois não pode ser
negativa: 𝑖 ≥ 0 .
♦ Isso implica que a taxa de juros real não pode ser inferior à inflação multiplicada
por menos um: 𝑟 ≥ −𝜋 " .
O limite inferior zero e as espirais de
dívida
• Se o produto for muito alto, o BC eleva a taxa básica até que ele volte ao potencial.
• Se o produto for muito baixo, o BC baixa a taxa até que ele volte ao potencial.
• Isto porque pode haver combinação do limite inferior do juros nominal zero com
deflação.
• O que o BC deve fazer nesse caso parece simples: reduzir a taxa básica até que o
produto aumente e volte a seu nível natural.
• A restrição do limite inferior zero pode, no entanto, tornar impossível que se atinja
essa taxa básica real negativa.
O limite inferior zero e a espiral de
deflação
• Isso inicia o que os economistas chamam de espiral de deflação, ou armadilha de
deflação.
• No curto prazo, a consolidação fiscal não parece nada atrativa. Tanto o consumo
quanto o investimento caem.
Consolidação fiscal revisitada
• Consolidação fiscal no curto e no médio prazos:
Consolidação fiscal revisitada
• O equilíbrio de médio prazo é dado pelo ponto A'' em ambos os gráficos.
• Uma vez que o produto é o mesmo de antes, mas a taxa de juros é menor, o
investimento é mais alto.
• Por duas vezes nos últimos 40 anos, a economia foi atingida por um aumento de
cinco vezes no preço real do petróleo, a primeira na década de 1970 e a segunda
na década de 2000.
• A crise, então, levou a uma queda drástica no final de 2008, seguida por uma
recuperação parcial e, desde 2014, o preço caiu novamente para níveis anteriores
a 2000.
• Pode muito bem ser que a curva IS se desloque para a esquerda, provocando uma
diminuição do produto não só no médio prazo, mas também no curto prazo.
Efeitos sobre a taxa natural de
desemprego
• Até o produto baixar para seu novo nível potencial menor, a inflação continua a
subir.
• À medida que o produto declina para seu menor nível potencial, a inflação
continua a subir (porém mais lentamente).
Esclarecimento: variação dos preços e
variação da inflação
• Lembre que inflação é a taxa de variação dos preços no tempo:
𝑑𝑃 1
𝜋=
𝑑𝑡 𝑃
• E a variação da inflação no tempo é:
𝑑𝜋 𝑑 ! 𝑃 1
= !
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑃
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RicardoBrito@usp.br