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Projeção de Receitas
O passo a passo da Elaboração do PPA para municípios
1. Considerações Gerais
Um dado essencial para o planejamento da ação governamental é o
dimensionamento da disponibilidade de recursos com que se poderá contar
para o desenvolvimento das ações. Este dimensionamento deverá distinguir
as diversas fontes de recursos, de acordo com as restrições legais para sua
utilização. Assim, recursos de arrecadação tributária pelo próprio ente ou
recebidos como transferência de outros entes podem apresentar alternativas
de utilização diversa de recursos vinculados já na origem - transferências do
SUS, da CIDE ou do Fundef. O dimensionamento das diversas fontes de
recursos e o reconhecimento das restrições legais para sua utilização, a ser
tratado no Anexo II, permitirão ao administrador delinear com clareza o
conjunto de alternativas de que realmente dispõe para definir suas prioridades
e quantificar suas metas. A definição da base estratégica do planejamento
não pode prescindir de tais considerações, sem o que se corre o risco de
gerar expectativas que não poderão ser atendidas ou, no outro extremo,
subdimensionar metas, podendo acarretar atrasos na implantação das ações
priorizadas e até inviabilizá-las.
O registro de montantes de receitas arrecadadas a cada ano constitui o que
se chama série temporal. A análise destas séries temporais capacitará os
responsáveis pelo planejamento a estabelecer bases para estimar o
comportamento futuro da variável estudada - receita do IPTU, por exemplo.
Os diversos planos econômicos desenvolvidos em nossa história recente
tiveram impacto diferenciado sobre a receita pública, o que exige razoável
conhecimento técnico para o tratamento estatístico dos dados de receitas
passadas. A projeção das receitas com base em técnicas estatísticas mais
sofisticadas, como, por exemplo, análise de regressão, exige pessoal com
sólida formação quantitativa, não disponível na maioria dos municípios. Neste
caso, mais vale trabalhar com uma metodologia de projeção simples e intuitiva,
que possa ser entendida e explicada facilmente aos dirigentes pela unidade
encarregada de utilizá-la.
Para estimar uma série de receita futura, parte-se do ano em que se elabora
o PPA, cujos próprios dados terão que ser estimados. Assim, o PPA 2006-
2009 é elaborado em 2005 e terá como ano base a receita esperada para
2005.
Os dados de receita para 2005 deverão refletir, de fato, a expectativa para
o ano. Assim, se a estimativa de receita prevista no orçamento já houver
sido reformulada e publicada, nos termos do Art. 13, articulado ao Art.9º da
Lei de Responsabilidade Fiscal, será conveniente que a nova estimativa
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esteja na base. Além disto, é importante ter informação sobre fatores que
influenciem a arrecadação no ano base, evitando que se projetem situações
específicas. Suponha, por exemplo, que esteja prevista uma anistia no ano
base, influenciando não apenas a arrecadação em dívida ativa, mas também
a receita de créditos ainda não inscritos. Tal parcela tem que ser apartada
da receita deste ano, para fins de projeção.
Partindo do montante de receita no ano base para projetar os demais, pode-
se montar a série em valores constantes - valores de um único ano, em geral
do ano base - ou em valores correntes - que incorporam a estimativa de
inflação nos períodos que se comparam.
Suponha que a receita da transferência de ICMS esperada para 2005 é de
R$ 1.000,00 e que ela é afetada apenas pelo nível de atividade econômica
do Estado e pela inflação. Suponha também que o PIB do Estado cresça
este ano à taxa de 3% e, no próximo ano, à taxa de 4%. Quanto à inflação,
as taxas previstas são de 6% e 5%, respectivamente.
Para estimar o valor da transferência do ICMS para 2006, a preços de 2005
(constantes), basta aplicar, sobre a estimativa de transferência em 2005 -
R$ 1.000,00 - a taxa de crescimento do produto (PIB), que reflete a variação
real da base tributária. Como estamos comparando um fluxo de renda que
ocorre durante um ano com um fluxo de outro ano, é conveniente que se use
a taxa média8. Assim, com um crescimento médio do PIB de 3,5% (0,035,
em expressão decimal) teremos:
RICMS2006, 2005 = RICMS2005 x (1 + taxa média de crescimento econômico)
RICMS2006,2005 = 1000x (1 + 0,035)= 1035
Onde:
RICMS2006,2005 = transferência do ICMS em 2006, a preços de 2005.
Pode-se compará-la facilmente com a estimativa para 2005, porque ela está
"a preços constantes de 2005". Repetindo, temos aqui apenas a variação de
quantidade do produto, a variação real.
Caso queiramos estimar o valor a preços do ano em que a receita chegará
aos cofres da Prefeitura, temos que acrescentar a expectativa quanto à
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Suponha que a receita fosse igualmente distribuída ao longo dos meses do ano. A receita
mensal de janeiro de 2006 teria um crescimento real, em relação a janeiro de 2005, de
3%. Já a receita de dezembro de 2006 cresceria 4% em relação a dezembro de 2005.
Supondo que não há forte sazonalidade de receitas, ou seja , que elas não se concentram
em meses específicos, pode-se aproximar pela média.
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variação dos preços - a taxa de inflação média de 2005 para 2006 (a razão
para taxas médias já foi explicada). Assim,
RICMS2006 = RICMS2005 x (1 + 0,035) x(1 + 0,055)= 1.092
Onde:
RICMS2006 = transferência do ICMS em 2006, a preços correntes
O raciocínio aqui exposto, para apresentação de valores a preços correntes
e constantes aplica-se aos fluxos de receitas, em geral.
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Cabe lembrar que, dos 25% da arrecadação estadual do ICMS, 18,75%(75%x25%) são
rateados de acordo com o valor adicionado em cada município e os restantes
6,25%(25%x25%) são distribuídos de acordo com lei estadual. O índice de participação
tem estas duas componentes.
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Outros tributos desta categoria são o ICMS e o IPI. Outras categorias são as de tributos
sobre o patrimônio, como o IPTU, ITR e IPVA, os tributos sobre fluxos de renda, como o
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Exemplo 1
RISS1 = RISS0 x (1 + iINFL) x (1 + iCRE) x (1 + iLEG) x (1 + iMT)
onde:
R ISS0 = Receita do ISS do ano base
R ISS1 = Receita do ISS do ano projetado
I INFL = é a média da inflação no ano base e no ano projetado
iCRE = taxa esperada do crescimento do PIB (ou do setor
Serviços, se conhecida)
i LEG = variação esperada da receita em função de mudanças
na legislação (alíquotas, definição da base tributária,
inclusão de novos serviços etc.)
iMT = variação esperada na receita decorrente de outros
componentes de programas de modernização da
administração tributária
Imposto de renda em suas modalidades IRRF, IRPF e IRPJ e os tributos sobre vendas de
ativos reais, como o ITBI, para citar os que interessam diretamente aos Municípios.
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Onde
RISS2006 = receita do ISS em 2006, a preços correntes
Exemplo 2
RIPTU1 = RIPTU0 x (1 + iCM) x (1 + iREC) x (1 + iPV) x (1 + iLEG) x (1 + iMT)
onde:
R IPTU0 = Receita do IPTU do ano base
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