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Resumo Geral de Geografia A

10º & 11º anos

Henrique Silva Santos


Ano letivo 2016/2017

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Índice

Módulo Inicial – A posição de Portugal na Europa e no mundo ......................... 5

Tema I – A população, utilizadora de recursos e organizadora de espaços ...... 9

1.1. A população: evolução e diferenças regionais ......................................... 9


1.2. A distribuição da população portuguesa ................................................ 18
Tema II – Os recursos naturais de que a população dispõe: usos, limites e
potencialidades ................................................................................................ 21

2.1. Os recursos do subsolo ......................................................................... 21


2.2. A radiação solar ..................................................................................... 33
2.3. Os recursos hídricos .............................................................................. 40
2.4. Os recursos marítimos ........................................................................... 66
Tema III – Os espaços organizados pela população ........................................ 79

3.1. As áreas rurais em mudança ................................................................. 79


3.2. As áreas urbanas: dinâmicas internas ................................................. 115
3.3. A rede urbana e as novas relações cidade-campo .............................. 136
Tema IV – A população, como se movimenta e comunica ............................. 143

4.1. A diversidade dos modos de transporte e a desigualdade espacial das


redes ........................................................................................................... 143
4.2. A revolução das telecomunicações e o seu impacte nas relações
interterritoriais ............................................................................................. 155
4.3. Os transportes, as comunicações e a qualidade de vida da população
.................................................................................................................... 158
Tema V – A integração de Portugal na UE: novos desafios, novas
oportunidades................................................................................................. 159

5.1. Os desafios, para Portugal, do alargamento da União Europeia ......... 159


5.2. A valorização ambiental em Portugal e a política ambiental da União
Europeia...................................................................................................... 164
5.3. As regiões portuguesas no contexto das políticas regionais da União
Europeia...................................................................................................... 166

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Módulo Inicial – A posição de Portugal na Europa e no mundo

Constituição do território nacional – Portugal divide-se em Portugal


Continental – aproximadamente um retângulo, delimitado a oeste e a sul pelo
Oceano Atlântico e a Norte e Este por Espanha. Situado na Península Ibérica,
ocupa cerca de 1/5 da mesma (89.000 km2), tendo um comprimento máximo de
560km (Melgaço – Litoral Algarvio) e uma largura máxima de 218km (Viana do
Castelo/Esposende – Miranda do Douro) – e Portugal Insular – os
arquipélagos dos Açores e da Madeira, situados em pleno Oceano Atlântico. O
Arquipélago dos Açores com aproximadamente com 2.300 km2 composto por
9 ilhas, constitui a Região Autónoma dos Açores; e o Arquipélago da Madeira,
com aproximadamente 800 km2 formado pela ilha da Madeira, do Porto Santo e
por outros ilhéus, constitui a Região Autónoma da Madeira.

Organização administrativa de Portugal – cada um dos arquipélagos


Portugueses, constitui uma região autónoma, com governos autónomos e
capacidade legislativa e administrativa própria: Região Autónoma da Madeira
e Região Autónoma dos Açores. Por sua vez, Portugal continental divide-se
em 18 distritos, identificados abaixo, cada um com uma capital, capital esta
que lhe dá o nome. Tanto as R.A. como os distritos subdividem-se em
concelhos, ou municípios, com capacidade administrativa: câmara municipal e
assembleia municipal. Estes concelhos dividem-se também em freguesias,
onde as juntas de freguesia adquirem também uma função de administração da
sua freguesia.

Posição geográfica de Portugal – o nosso país, encontra-se na Península


Ibérica, no sudoeste europeu, adquirindo por um lado uma posição periférica
relativamente ao centro da Europa e, por outro, uma posição privilegiada no
contacto entre a Europa e o Oceano Atlântico e, consequentemente, com os
outros continentes (Americano e Africano). Assim:

 Portugal Continental: latitude – 37ºN a 42ºN / longitude – 6ºO a 9ºO

 Arq. Açores: latitude – 37ºN a 40ºN / longitude – 25ºO a 31ºO

 Arq. Madeira: latitude – 30ºN a 33ºN / longitude – 16ºO a 17ºO


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Mapa de Portugal Continental e Insular

Nomenclatura de Unidades Territoriais (NUTS) – após a adesão à União


Europeia, Portugal adotou estas divisões territoriais para fins estatísticos e da
atribuição dos fundos comunitários.

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União Europeia – Portugal aderiu à UE em 1986, juntamente com a Espanha.
Antes da UE, foi criada primeiramente a CECA (Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço) com o Tratado de Paris em 1951, pela Alemanha
(Ocidental), França, Itália e BENELUX (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). Os
objetivos da CECA passavam por promover a cooperação económica e
política, garantindo uma paz mais duradoura na Europa Ocidental. O sucesso
da CECA, resultou da criação da CEE (Comunidade Económica Europeia) e da
EURATOM em 1957, com o Tratado de Roma. Desde então, esta comunidade
foi se aprofundando até que em 1992 com o Tratado de Maastricht passou a
ser denominada de União Europeia. No ano de 2007, foi assinado o Tratado
de Lisboa que introduziu inúmeras alterações na união e a tornou mais
parecida daquilo que é atualmente. O espaço europeu e a adoção da moeda
única são fatores determinantes para a inserção de Portugal no contexto
mundial e para o seu desenvolvimento económico e social. Atualmente a UE
conta com 28 estados-membros, como podemos observar no mapa:

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Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Portugal foi
fundador desta comunidade, que consiste na formação de um espaço lusófono,
com vista a promover e defender a língua portuguesa, transformando-a num
instrumento de comunicação para ser utilizada na resolução de questões de
cooperação entre os vários países-membros. Fazem parte da CPLP: Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe, e Timor- Leste.

Comunidade Portuguesas – por todo o mundo existem portugueses


emigrados, constituindo diversas comunidades portuguesas nas várias regiões
do globo.

Outras organizações de que Portugal faz parte:

 ONU – Organização das Nações Unidas (manutenção da paz)

 NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte (defesa)

 Conselho da Europa – promoção dos Direitos do Homem

 OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico

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Tema I – A população, utilizadora de recursos e organizadora
de espaços

1.1. A população: evolução e diferenças regionais

1.1.1. A população portuguesa na segunda metade do século XX

Década de 50 – crescimento da população pouco significativo, em resultado de


um saldo natural positivo, previsível num país marcadamente rural.

Década de 60 – decréscimo da população devido ao mais intenso fluxo


emigratório alguma vez registado, aliado ao início da redução da taxa de
crescimento natural.

Década de 70 – rutura na tendência de declínio demográfico, com o maior


aumento populacional do século, fruto do regresso de milhares de portugueses
das ex-colónias e da Europa também, estes últimos afetados pela crise.

Década de 80 – crescimento demográfico praticamente nulo, como


consequência da diminuição da taxa de crescimento natural, atendendo aos
baixos valores de natalidade.

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Década de 90 – crescimento ligeiro da população em resultado de um novo
fenómeno na sociedade portuguesa: imigração.

Primeira década do século XXI – evolução positiva, fruto de um saldo natural


e migratório positivos.

Crescimento natural (ou saldo migratório) – diferença entre os nascimentos e


as mortes.

𝐶𝑁 = 𝑁 − 𝑀

Taxa de natalidade – relação entre o número de nados-vivos e a população


absoluta, em permilagem.

𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠


𝑇𝑁 = 𝑋 1000
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎

Taxa de mortalidade – relação entre o número de óbitos e a população


absoluta, em permilagem.

𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠
𝑇𝑁 = 𝑋 1000
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎

Taxa de crescimento natural – somatório das taxas de natalidade e de


mortalidade. Registou valores positivos ao longo da última metade do século
XX, mas manifesta uma tendência para diminuir, em resultado do progressivo
decréscimo da taxa de natalidade.

𝑇𝐶𝑁 = 𝑇𝑁 + 𝑇𝑀

Taxa de fecundidade – número de nados-vivos que ocorreram num


determinado período num grupo de mil mulheres em idade fértil.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠


𝑇𝑥 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑋1000
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑟𝑖𝑎𝑟 (15 𝑎𝑜𝑠 49)

Índice sintético de fecundidade – número de filhos que cada mulher tem, em


média, durante a sua vida fecunda.

Razões da baixa natalidade:

 Crescente participação da mulher no mercado de trabalho

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 Preocupações com a carreira profissional, prolongando o período de
formação e conduzindo ao casamento tardio

 Precaridade crescente do emprego

 Preocupação crescente com a educação e o bem-estar dos filhos

 Acesso a métodos contracetivos cada vez mais eficazes

 Mudança de mentalidade e de filosofia de vida, incompatível com número


elevado de filhos

 Crescimento da taxa de urbanização, o que se traduz no aumento de


dificuldade para a aquisição de habitação e no aumento do stress
provocado pela vida na cidade

Índice de renovação de gerações – número médio de filhos que cada mulher


devia ter durante a sua vida fértil, para que as gerações pudessem ser
substituídas. Este índice é de 2,1 filhos, uma vez que nascem mais rapazes
que raparigas. Portugal encontra-se muito abaixo desta meta.

Razões da baixa mortalidade:

 Aumento do nível de vida da população, que permitiu melhorar as


condições alimentares e habitacionais

 Desenvolvimento da Medicina preventiva e Farmacologia

 Melhoria registada na assistência médica e nas condições sanitárias

 Melhores condições de trabalho

 Aumento da informação relativamente a muitas doenças e sua prevenção

Taxa de mortalidade infantil – número de óbitos de crianças com menos de


um ano de vida ocorrido durante um certo período de tempo, normalmente um
ano, referido ao número de nados-vivos do mesmo período e expresso,
geralmente, em permilagem. Esta taxa tem vindo a diminuir em resultado da
melhoria das condições de vida e é idêntica à média europeia.

𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑎𝑡é 𝑢𝑚 𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎


𝑇𝑥 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑎𝑛𝑡𝑖𝑙 = 𝑋 1000
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠

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Saldo migratório – diferença entre imigração (entrada de indivíduos no país)
e emigração (saída de indivíduos do país).

𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑚𝑖𝑔𝑟𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜 = 𝐼𝑚𝑖𝑔𝑟𝑎çã𝑜 − 𝐸𝑚𝑖𝑔𝑟𝑎çã𝑜

Crescimento efetivo – somatório do saldo natural e do saldo migratório.

𝐶𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 + 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑚𝑖𝑔𝑟𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜

Taxa de crescimento efetivo – somatório das taxas de crescimento natural e


crescimento migratório.

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝑇𝐶𝑁 + 𝑇𝐶𝑀

Taxa de crescimento migratório – relação entre o saldo migratório e a


população absoluta.

𝐼−𝐸
𝑇𝐶𝑀 = 𝑋 1000
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎

Destinos de emigração – até à década de 60 os portugueses emigravam


sobretudo para a América, muito especialmente Brasil. Nas décadas de 60 e
70, passaram a emigrar mais para a Europa Ocidental – França, Alemanha,
Luxemburgo e Suíça.

Emigração permanente – saída de população para outros países por um


período superior a um ano. Era o que se verificava inicialmente no
comportamento emigratório dos portugueses.

Emigração temporária – saída de população para outros países por um


período inferior a um ano. É o que se verificava atualmente no comportamento
emigratório dos portugueses.

Emigração sazonal – saída de população para outros países em


determinadas estações do ano, para a realização de trabalhos sazonais.

Consequências negativas da emigração:

 Diminuição da natalidade

 Envelhecimento demográfico

 Diminuição do crescimento efetivo

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 Diminuição da população ativa

Consequências positivas da emigração:

 Remessa de divisas estrangeira, fundamentais para o equilíbrio a balança


de pagamentos

 Desenvolvimento das regiões de partida como resultado dos investimentos


dos emigrantes em vários setores de atividade

 Melhoria do nível de vida dos portugueses que não emigraram como


resultado da diminuição do desemprego e do aumento dos salários

 Modernização tecnológica de muitos setores como forma de ultrapassar a


falta de mão-de-obra

País de imigração – Portugal adotou este “estatuto” a partir dos anos 80, com
o contributo importante da CPLP, e o saldo migratório português passou a
registar valores positivos. A imigração passa, assim, a ter significado em
Portugal após o 25 de Abril.

Consequências da imigração:

 Aumento da taxa de natalidade

 Diminuição do índice de envelhecimento

 Equilíbrio da taxa de população ativa

 Garantia de sustentabilidade da Segurança Social

1.1.2. As estruturas e comportamentos sociodemográficos

Esperança média de vida – número de anos que, em média, um individuo,


quando nasce, tem probabilidade de viver.

Pirâmides etárias – representações gráficas da distribuição da população por


género e idade: jovens (0 a 14 anos), adultos (15 a 64 anos) e idosos (igual
ou superior a 65 anos).

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Pirâmide de 1960 – população predominantemente jovem – base larga e topo
relativamente estreito. As classes ocas traduzem perturbações na evolução
demográfica, neste caso, a diminuição da natalidade em resultado da I Guerra
Mundial.

Pirâmide de 2011 – envelhecimento muito significativo da população –


alargamento do topo e estreitamento da base.

Índice de envelhecimento – relação entre a população idosa e a população


jovem.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑖𝑑𝑜𝑠𝑎
𝐼𝐸 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑚

Índice de dependência de idosos – relação entre a população idosa e a


população adulta.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑖𝑑𝑜𝑠𝑎
𝐼𝐷𝐼 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑑𝑢𝑙𝑡𝑎

Índice de dependência de jovens – relação entre a população jovem e a


população adulta.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑚
𝐼𝐸 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑑𝑢𝑙𝑡𝑎

Índice de dependência total – relação entre a população idosa e jovem e a


população adulta.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑖𝑑𝑜𝑠𝑎 + 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑚


𝐼𝐸 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑑𝑢𝑙𝑡𝑎

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População ativa – total de população disponível para a produção de bens e
serviços que entram no circuito económico, podendo estar a exercer uma
profissão renumerada ou encontrando-se desempregada.

População inativa – população constituída por jovens, idosos, inválidos, donas


de casa ou outros que, embora exercendo uma atividade ligada à produção de
bens e serviços, estes não entram no circuito económico.

Taxa de atividade – relação entre a população ativa e a população absoluta.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎

Taxa de desemprego – relação entre a população desempregada e a


população ativa.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑔𝑜 = 𝑋 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎

Setor primário – a população ativa empregue neste setor tem vindo a diminuir,
apesar desta situação se traduzir nalguma modernização do setor, ela é
essencialmente motivada pelo abandono do meio rural, do trabalho mal pago e
do baixo nível de vida. Este setor é especialmente relevante no Centro do país.

Setor secundário – a população ativa empregue neste setor cresceu de forma


significativa nas décadas de 50, 60 e 70 do século XX, ao qual se seguiu um
período de redução do emprego neste setor, como resultado de algum
desenvolvimento e modernização tecnológica da nossa indústria. Este setor é
especialmente relevante no Norte do país.

Setor terciário – a população ativa empregue neste setor foi a que mais
significativamente cresceu, traduzindo o processo de crescente terciarização
da economia, típico dos países desenvolvidos. Este setor é especialmente
relevante na região de Lisboa, no Algarve e na Região Autónoma da Madeira,
apesar de ser o setor predominante em todo o país.

Nível de instrução e qualificação profissional – apesar de ter melhorado ao


longo dos anos, atualmente a maioria da população portuguesa tem apenas o
ensino básico, sendo ainda considerável o total de indivíduos que não
frequentaram nenhum grau de ensino. Os valores da população com o ensino

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secundário ou superior têm vindo a melhorar mas estão ainda muito abaixo
quando comparando com outros países da UE. Sendo que o desenvolvimento
de um país depende muito do grau de instrução e qualificação da sua
população, urge aumentar estes valores.

1.1.3. Os principais problemas sociodemográficos

Envelhecimento demográfico – é um reflexo do índice de envelhecimento e


constitui um dos maiores problemas que a sociedade portuguesa enfrenta
atualmente. As suas causas são sobretudo o aumento da esperança média de
vida e a diminuição da natalidade. Tem especial relevância no interior, em
resultado do êxodo rural, e tem como principais consequências a diminuição da
população ativa, a diminuição da produtividade e do dinamismo económico e
social das regiões e do país, e o aumento dos encargos do Estado e das
famílias com a proteção social, nomeadamente ao nível das pensões de
reforma, o que compromete a sustentabilidade da Segurança Social, ou da
saúde.

Declínio da fecundidade – a diminuição do índice sintético de fecundidade


representa outro problema da sociedade portuguesa, sendo que o seu valor é
hoje inferior ao valor necessário para garantir a renovação das gerações. As
causas desta diminuição prendem-se com a crescente participação da mulher
no mercado de trabalho, as preocupações com a carreira profissional,
prolongando o período de formação e conduzindo ao casamento tardio. A
precaridade crescente do emprego, a preocupação crescente com a educação
e o bem-estar dos filhos, o acesso a métodos contracetivos cada vez mais
eficazes, a mudança de mentalidade e de filosofia de vida, incompatível com
número elevado de filhos e o crescimento da taxa de urbanização, o que se
traduz no aumento de dificuldade para a aquisição de habitação e no aumento
do stress provocado pela vida na cidade. Assim, são consequências deste
declínio o envelhecimento da população, a diminuição da mão-de-obra
disponível e as dificuldades crescentes de sustentabilidade da Segurança
Social.

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Baixo nível de instrução e de qualificação profissional – é outro grande
problema da sociedade portuguesa que resulta, essencialmente, na baixa
produtividade verificada na maioria dos setores laborais e na fraca
competitividade do país, no plano internacional.

Instabilidade laboral – a taxa de desemprego em Portugal aumentou nos


últimos anos, o que resulta numa grande instabilidade laboral que pode
assumir várias formas, como o desemprego de longa duração, o emprego
temporário, o emprego a tempo parcial, ou ainda o trabalho ilegal.
Independentemente da forma, traduz-se sempre em insegurança, mobilidade e
precaridade ao nível das condições de vida.

1.1.4. O rejuvenescimento e a valorização da população

Medidas natalistas – por oposição às medidas anti natalistas, estas têm em


vista o aumento da natalidade e o contrariar do envelhecimento, podendo
assumir um:

Caráter Económico:

 Aumento dos abonos de família

 Facilidades no acesso ao crédito à habitação

 Incentivos fiscais

Caráter Social:

 Aumento da duração das licenças pós-parto

 Aumento do número de creches e alargamento do seu horário de


funcionamento

Valorização da população – o desenvolvimento do país exige investimentos


cada vez maiores na qualificação da população através do aumento da taxa de
escolaridade e da formação profissional.

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1.2. A distribuição da população portuguesa

Densidade populacional – relação entre a população absoluta e a superfície.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒

Litoralização – concentração da população e das atividades económicas no


litoral, em detrimento do interior.

Bipolarização – concentração da população e das atividades económicos em


dois grandes polos, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, em
detrimento do resto do país.

Distribuição da população – Portugal revela uma litoralização e uma


bipolarização. Para além disso, a densidade populacional é extremamente
irregular, sendo maior na região Norte.

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Fatores Naturais que influenciam a distribuição da população:

Fator No litoral No interior


Relevo menos acidentado
Relevo mais acidentado que
Relevo que oferecer uma maior
dificulta as acessibilidades
acessibilidade
Mais ameno e húmido, que Clima agreste que constitui um
Clima
atrai a população obstáculo à presença humana
Fertilidade Solos mais férteis com maior Solos mais pobres com menos
do solo aptidão agrícola aptidão agrícola
Extensa linha de costa –
Outros Predominância de montanhas
existência de praias

Fatores Humanos que influenciam a distribuição da população:

Fator No litoral No interior


Existência de Predominância de
Menor número de cidades
cidades cidades
Rede de
Rede mais desenvolvida Rede menos desenvolvida
transportes
Emprego Maior oferta Menor oferta
Equipamentos e Muitos equipamentos e Poucos equipamentos e
Infraestruturas infraestruturas infraestruturas
Outros Êxodo Rural & Emigração para as regiões do litoral

Problemas da desigual distribuição da população:

 Desordenamento do território  Congestionamentos de trânsito

 Sobrelotação de equipamentos,  Degradação ambiental


infraestruturas e serviços
 Desqualificação social e humana

Soluções para minimizar esses problemas:

 Ordenamento do território  Aposta no desenvolvimento


sustentável e valorização dos
 Planeamento socioeconómico
recursos
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Tema II – Os recursos naturais de que a população dispõe:
usos, limites e potencialidades

2.1. Os recursos do subsolo

2.1.1. As áreas de exploração dos recursos minerais

Era Primária (Paleozoica) – era marcada por:

 Movimentos orogénicos (hercínicos) – período conturbado

 Aparecimento do maciço antigo (rochas duras: granito e xisto);

 Emersão de rochas sedimentares.

Era Secundária (Mesozoica) – era marcada por:

 Período de acalmia;

 Emersão de sedimentos;

 Depósitos sedimentares do oceano;

 Início do aparecimento das Orlas Secundárias/Sedimentares/ Mesozoicas.

Era Terciária (Cenozoica) – era marcada por:

 Movimentos orogénicos (alpinos) – período conturbado;

 Conclusão da formação das orlas;

 Fratura do maciço antigo (Horst-Graben), ex. Serra da Estrela;

 Atividade vulcânica, Ex: Serra do Monsanto (basalto) e Serra de Sintra


(granito);

 Enrugamento das rochas brandas de relevos formados na era anterior, ex:


Serra da Arrábida (anticlinal) e Lagoa de Albufeira (sinclinal);

 Formação dos arquipélagos da Madeira (1º) e dos Açores (2º);

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 Início do aparecimento das bacias terciárias do Tejo e do sado (regiões
baixas e planas com aluviões transportados pelos rios) entre as planícies.

Era Quaternária (Antropozoica) – era marcada por:

 Período de acalmia;

 Conclusão da formação das bacias;

 Sedimentos depositados;

 Oscilação do mar.

Principais serras de Portugal:

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Recursos renováveis – recursos que são repostos à medida que são
consumidos, a sua formação é relativamente rápida.

Recursos não renováveis – recursos cuja formação na crusta terrestre tem


um ritmo muito lento, como é o exemplo dos recursos minerais.

Recursos minerais – recursos de origem mineral que se dividem em:

Minerais metálicos – minerais que apresentam na sua constituição


substâncias metálicas, como o ferro, o cobre, o estanho ou o volfrâmio.

Minerais não metálicos – minerais constituídos por substâncias não


metálicas, como o sal-gema, o quartzo, o feldspato ou o gesso.

Minerais energéticos – minerais que podem ser utilizados para a


produção de energia, como o carvão, o petróleo, o urânio ou o gás natural.

Minerais para construção – minerais utilizados pela construção civil e


que se subdividem em:

Rochas industriais – rochas utilizadas sobretudo como matéria-


prima para a indústria ou para a construção civil e obras públicas, como
calcário, granito, argila ou margas.

Rochas ornamentais – rochas utilizadas na decoração de


edifícios, peças decorativas ou mobiliário, como o mármore, o granito ou o
calcário microcristalino.

Águas subterrâneas – águas que se destinam ao engarrafamento ou


ao aproveitamento termal.

Unidades geomorfológicas – divisões do território consoante a composição


do subsolo:

 Maciço Hespérico ou Maciço Antigo

 Orlas Sedimentares:

o Orla ocidental

o Orla meridional

 Bacias terciárias do Tejo e do Sado

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Unidades Geomorfológicas
Bacias Terciárias do
Unidade Maciço Antigo Orlas Sedimentares
Tejo e do Sado
Era de Cenozoica e
Paleozoica Mesozoica e Cenozoica
formação Antropozoica
Áreas do país Norte, Interior Centro e Bacias do Tejo e do
Litoral Centro e Algarve
abrangentes Alentejo Sado
Rochas Calcárias e
Rochas Sedimentares
Granitos, outras Margas e Rochas
Rochas detríticas (areias,
Rochas Plutónicas e Sedimentares detríticas
constituintes arenitos, argilas,
Xistos (areias, arenitos, argilas,
quartzitos, etc.)
quartzitos, etc.)
Norte – conjuntos
Formas de
montanhosos, planaltos
relevo Planícies Planícies
e vales profundos
características
Sul – peneplanícies
Minerais metálicos
Rochas industriais Rochas industriais
Minerais (cobre), energéticos
(areias, argilas, arenitos, (areias, argilas, arenitos,
constituintes (urânio) e rochas
etc.) etc.)
ornamentais (mármore)

Regiões autónomas – nestas regiões,


em resultado da sua origem vulcânica,
dominam as rochas magmáticas
vulcânicas (basalto e pedra-pomes), mas
a sua exploração não tem relevância
económica. A ilha do Porto Santo é a
mais antiga e a única em que se
exploram rochas sedimentares, como é o
caso da extração de areias.

Indústria extrativa – ramo da indústria que se dedica à extração de produtos


no estado bruto, diretamente da natureza. A incidência desta indústria depende
dos recursos existentes e, por isso, esta distribui-se de forma irregular pelo
território. Apesar de pesar pouco no contexto da economia nacional, o valor da
produção registou nos últimos anos um ligeiro aumento. O Alentejo é a região
do país com maior valor de produção e o Algarve e as R.A. as de menor valor.
No Alentejo predomina a exploração de jazidas de minerais metálicos, bem

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como a de pedreiras de rochas ornamentais. No Norte e no Centro destacam-
se as águas minerais e a extração do granito e xisto. Em Lisboa e Vale do Tejo
sobressai a indústria extrativa das rochas industriais.

Minerais metálicos:

 Ferro – usado na indústria siderúrgica e explorado no Cercal, Alentejo, a


sua produção é inferior à procura pelo que se recorre à importação; para
além disso, a produção tem vindo a diminuir progressivamente, em
resultado do seu baixo teor.

 Cobre – extraído das minas de Neves-Corvo, a sua principal aplicação é


na indústria de componentes elétricos, sendo que Portugal possui as
maiores reservas de cobre da UE.

 Estanho – utilizado no fabrico de folha-de-flandres e na composição de


várias ligas metálicas, provém na sua maior parte das minas de Neves-
Corvo.

 Zinco – mineral também explorado nas minas de Neves-Corvo.

 Volfrâmio – oriundo exclusivamente das minas da Panasqueira, o


volfrâmio é utilizado na produção de ligas metálicas e filamentos, sendo que
Portugal possui abundantes reservas deste mineral e foi em tempos um
grande produtor, no entanto, a rentabilidade desta exploração é
comprometida pela concorrência chinesa e pela substituição deste material
por outros mais baratos.

 O aumento do consumo de minérios metálicos, associado ao valor


crescente no mercado, está a tornar rentáveis as extrações com teores de
minério mais baixos e justifica o recente incremento da atividade.

Minerais não metálicos:

 Sal-gema – utilizado nas indústrias química e agroalimentar, é explorado


nas minas dos distritos de Leiria, Lisboa e Faro.

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 Quartzo e Feldspato – destinando-se quase exclusivamente à indústria de
vidro e à cerâmica, observa-se em vários locais do país, no Norte, Centro e
Alentejo.

 Lítio – abundante em Portugal, é usado na produção de baterias.

 A exploração destes minerais no nosso país é pouco significativa e com um


valor de produção diminuto.

Minerais para construção – rochas industriais:

 Areias, Calcários e Argilas – exploram-se um pouco por todos o território,


atendendo às características geomorfológicas.

 Setor em expansão, sendo que representa um grande valor de produção,


superior ao das rochas ornamentais

Minerais para construção – rochas ornamentais:

 Mármores – rochas carbonatadas, exploradas principalmente na faixa


Estremoz–Borba–Vila Viçosa.

 Granitos – pertencentes ao grupo das rochas siliciosas, as principais áreas


de exploração localizam-se no Alentejo e também no Norte.

 São rochas de elevado valor unitário que contribuem de forma especial para
o aumento do valor de produção deste subsetor das rochas.

Águas subterrâneas:

 Engarrafamento:

o Águas minerais – gaseificadas ou não, caracterizam-se pela sua


riqueza em determinados sais minerais, o que lhes conferes
propriedades terapêuticas, não devendo, regra geral, ser consumidas
de forma continuada.

o Águas de nascente – sem qualidades particulares para fins


terapêuticos, destinam-se ao consumo diário, sem qualquer restrição.

o Predomina a norte do rio Tejo, onde mais abunda a água.

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o Regista-se um crescimento considerável resultante do aumento do
consumo pela maior exigência dos consumidores, associado a um
aumento das exportações (Angola, Espanha e Cabo Verde).

o As águas minerais têm maior valor económico que as de nascente.

 Termalismo – águas termais – ricas em minerais e utilizadas para os mais


variados fins terapêuticos, constituem um subsetor com tendência para se
expandir. Predomina no Norte e Centro, no Maciço Hespérico, e a
frequência das termas associa-se ao turismo de saúde, que promove a
dinamização da economia das localidades. As Termas de São Pedro do
Sul destacam-se pelo número de aquistas e pelo valor que geram.

2.1.2. A exploração e distribuição dos recursos energéticos

Escassez de recursos – o subsolo português é pobre em recursos


energéticos. As reservas de carvão estão esgotadas e as de urânio deixaram
de ser exploradas. Até à data não há exploração de petróleo nem gás natural.

Dependência energética – em resultado da escassez de recursos, Portugal


vê-se obrigado a importar tudo o que consome ao nível dos combustíveis
fósseis, estando dependente do estrangeiro ao nível da disponibilidade e dos
preços destes recursos.

Consumo de energia por setor – os setores com maior consumo de energia


são o dos transportes, seguido da indústria, doméstico, serviços e agricultura.

Causas do aumento do consumo:

 Crescimento dos transportes

 Expansão da indústria e dos serviços

 Melhoria da qualidade de vida da população

Carvão – a sua tendência de utilização tem vindo a diminuir devido ao seu


impacto ambiental, oriundo sobretudo da Colômbia, África do Sul e EUA.

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Petróleo – fonte de energia primária mais consumida, oriundo da Angola,
Arábia Saudita, entre outros. Chega por via marítima ao porto de Sines e
Leixões, onde é refinado nas refinarias aí localizadas.

Gás natural – tem contribuído nos últimos anos para diminuir a dependência
externa em relação ao petróleo e diversificar as fontes de energia utilizadas e
os países fornecedores, bem como reduzir impactes ambientais. Numa
primeira fase, era oriundo sobretudo da Argélia, transportado até ao nosso país
pelo gasoduto Magrebe-Europa. Agora, chega-nos sobretudo da Nigéria, por
via marítima, ao porto de Sines, onde é descarregado e introduzido na rede de
gasodutos nacional.

Urânio – mineral pesado radioativo, utilizado na produção de energia nuclear,


que pode ser transformado em eletricidade. Apesar das importantes reservas
de que dispomos, ele não é explorado visto que não possuímos centrais
nucleares (tema polémico).

Energia hídrica – fonte de energia renovável mais produzida em Portugal,


através das centrais termoelétricas (as centrais mini-hídricas são também
importantes), predominando a norte do rio Tejo onde é maior a abundância de
água e o relevo e a rede hidrográfica proporcionam melhores condições para a
construção de barragens. A irregularidade da distribuição anual da precipitação
condiciona as disponibilidades hídricas e, consequentemente, a produção
deste tipo de energia.

Energia eólica – 2ª fonte de energia renovável mais produzida em Portugal,


através sobretudo dos parques eólicos, localizados em áreas ventosas, como
zonas costeiras e montanhosas. Em Portugal Continental, a instalação destes
parques no interior permite uma melhor maximização do recurso do que no
litoral. Viseu é a região com maior capacidade instalada. A intermitência do
vento constitui a maior desvantagem desta fonte de energia, dado que obriga a
utilizar outras fontes para compensar os momentos em que este recurso é
reduzido.

Energia da biomassa – 3ª fonte de energia renovável mais produzida em


Portugal, sendo que as centrais se localizam sobretudo no interior do país, em
áreas de floresta. Destaca-se a central de Mortágua.

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Energia fotovoltaica – 4ª fonte de energia renovável mais produzida em
Portugal, deve ser colocada em zonas de maior radiação solar. Uma das suas
desvantagens prende-se com o período noturno onde não há produção, bem
como os dias onde não existe tanto sol.

Energia geotérmica – 5ª fonte de energia renovável mais produzida em


Portugal, que utiliza o calor libertado pelo interior da Terra. É explorada
essencialmente nos Açores, na ilha de São Miguel, para produção de energia
elétrica.

2.1.3. Os problemas na exploração dos recursos do subsolo

Custos de exploração – apesar da riqueza do subsolo, a sua exploração nem


sempre é economicamente viável e rentável.

Fraca acessibilidade das jazidas – muitas jazidas encontram-se em áreas de


difíceis acessos que, ao elevarem os custos de transporte, encarecem o
produto final, o qual perde competitividade.

Qualidade do minério – o baixo teor de muitos minérios, associado à difícil


extração, devido à grande profundidade das jazidas, aumenta os custos de
exploração e tem conduzido ao encerramento de muitas explorações.

Dimensão das empresas – a maior parte das empresas do setor são de


pequena dimensão, em muitos casos, dimensão familiar, o que se traduz numa
capacidade financeira muito diminuta e insuficiente para garantir bons
investimentos ou mão-de-obra qualificada.

Indústria transformadora a jusante da extração – a deficiente articulação da


atividade extrativa com o setor da indústria transformadora a jusante das
explorações conduz à exportação dos produtos em bruto, ou seja, o valor
comercial será mais baixo e a sua comercialização não se torna rentável.

Novos produtos – as inovações associadas ao desenvolvimento tecnológico


têm conduzido à substituição, com êxito, de muitos produtos minerais por
novos materiais, que se revelam mais eficazes e com menores custos.

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Dependência externa – Portugal não revela autonomia para satisfazer a
procura nacional de recursos do subsolo. Este problema é mais preocupante
no âmbito dos recursos energéticos, sendo que tal se traduz numa balança
comercial negativa e numa grande vulnerabilidade económica e política.

Impacte ambiental – a atividade extrativa traduz-se geralmente na


contaminação dos solos e das águas superficiais ou subterrâneas, na
destruição de solos agrícolas e florestais, na degradação das paisagens e na
alteração das características do relevo. Para além disso, é de salientar a falta
de segurança para os trabalhadores e população envolvente, bem como a
poluição sonora e atmosférica causada.

2.1.4. Novas perspetivas de exploração e utilização dos recursos do


subsolo

Formas de valorização dos recursos do subsolo:

 Procura de soluções para os principais problemas do setor

 Mobilização de meios para a inventariação e localização de recursos ainda


não aproveitados

 Implementação de políticas integradas de desenvolvimento que incluam os


recursos

 Realização de estudos e definição de medidas de equilíbrio entre a indústria


extrativa e a preservação ambiental

 Utilização dos recursos de forma mais racional e eficiente

 Promoção dos recursos no mercado interno e externo.

Formas de valorização das minas e pedreiras:

 Criar ou melhorar infraestruturas

 Utilizar novas tecnologias

 Inventariar, avaliar e localizar os recursos

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 Reativar minas de riqueza considerável

 Implementar estratégias e políticas de recursos minerais de suporte à


indústria extrativa

 Desenvolver e implementar políticas de ordenamento do território que


incluam os recursos minerais e que evitem conflitos no uso do subsolo

 Promover o redimensionamento das empresas

 Incentivar uma maior ligação às atividades a jusante de indústria extrativa e


a valorização dos produtos, gerando maior valor acrescentado

 Promover a certificação das empresas

 Fomentar a elaboração de planos integrados de exploração

 Fomentar uma adequada gestão dos resíduos

 Garantir que a exploração de recursos minerais não coloca em risco o


equilíbrio ambiental

 Promover a recuperação e requalificação ambiental das minas e pedreiras


desativadas

Formas de valorização das águas:

 Garantir a disponibilidade e características das águas

 Utilização racional dos recursos

 Realização de estudos hidrológicos

 Modernização das indústrias de captação e engarrafamento de água

Formas de valorização das termas:

 Criação de infraestruturas que diversifiquem a oferta de lazer e de


atividades turísticas paralelas

 Aproveitamento energético do calor das águas

 Alargamento do período de funcionamento

 Diversificação da oferta

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Política energética:

 O consumo energético, em Portugal, está muito dependente de recursos


exógenos.

 A potencialização dos recursos energéticos passa pela implementação de


uma política energética que incentive:

o A eficiência energética através da racionalização e redução dos


consumos e contribuindo para a diminuição dos impactos ambientais

o O aumento da produção de energia a partir de fontes renováveis e


endógenas

o A investigação científica e a avaliação do potencial de aplicação da


energia geotérmica

o A diversificação das origens

o O desenvolvimento de novas tecnologias

o A prospeção de novas áreas do território

 Os grandes objetivos da política energética nacional e comunitária têm em


conta todos estes aspetos, visando também a concretização do mercado
interno de energia, através da interconexão das redes e da construção de
novas ligações, de modo a construir uma rede transeuropeia de energia.

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2.2. A radiação solar

2.2.1. A ação da atmosfera sobre a radiação solar

Atmosfera – camada gasosa que


envolve e acompanha a Terra em Exosfera

todos os seus movimentos, devido à


força da gravidade, além de ter a Termosfera
função de equilibrar a temperatura
do planeta. É composta por gases Mesosfera
como o nitrogénio e o oxigénio,
entre outros.

Estratosfera

Troposfera

Radiação solar – emissão de energia pelo sol, sob a forma de ondas


eletromagnéticas.

Constante solar – quantidade de energia solar recebida no limite superior da


atmosfera, numa superfície de 1 cm2, exposta perpendicularmente aos raios
solares, durante um minuto.

Absorção – radiação solar absorvida por poeiras, nuvens e gases, como o


vapor de água, o dióxido de carbono e o ozono estratosférico, que absorve
grande parte da radiação ultravioleta.

Reflexão – radiação solar refletida pelo topo das nuvens e pela superfície
terrestre, sobretudo nas regiões de maior albedo.

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Difusão – radiação que os gases e as partículas constituintes da atmosfera
dispersam e se perde para o espaço exterior.

Albedo – refletividade de uma superfície, isto é, a razão entre a radiação


refletida pela superfície e o total que sobre ela incide.

Radiação solar global – toda a radiação solar que chega à superfície


terrestre, cerca de 48% da radiação total, composta por:

Radiação difusa – cerca de 17%, é a radiação que atinge indiretamente


a superfície terrestre.

Radiação direta – cerca de 31%, é a radiação que atinge diretamente a


superfície terrestre.

Radiação terrestre – energia emitida pela Terra, em resultado da energia


recebida.

Equilíbrio térmico – a Terra não acumula toda a energia solar que recebe e,
por isso, a sua temperatura mantém-se constante, mantendo-se em equilíbrio
térmico.

Energia calorífica – parte da radiação solar que é absorvida e aquece a


superfície terrestre.

Efeito de estufa – absorção da radiação terrestre por parte de alguns gases


como o dióxido de carbono e o vapor de água, que a devolvem à terra,
mantendo uma temperatura mais ou menos constante de 15ºC.

Gradiente térmico vertical – valor médio de variação da temperatura na


troposfera: cerca de -0,6ºC por cada 100m de altitude.

2.2.2. A variação da radiação solar

Excesso energético – quando a radiação solar recebida é maior que a


radiação emitida pela superfície terrestre. Ocorre entre os 40ºS e os 40ºN.

Défice energético – quando a radiação solar recebida é menor que a radiação


emitida pela superfície terrestre. Ocorre entre os 40º e os 90º Norte e Sul.

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Ângulo de incidência – ângulo formado pelo feixe de luz solar em relação à
superfície, no ponto de incidência. Assim:

 + ângulo de incidência  - inclinação  - massa atmosférica atravessada


 - superfície atingida  + temperatura

 - ângulo de incidência  + inclinação  + massa atmosférica atravessada


 + superfície atingida  - temperatura

 O ângulo de incidência diminui com o aumento da latitude, no entanto, as


regiões do globo mais quentes são os trópicos de Câncer e de
Capricórnio.

Dia natural – período iluminado do dia e que tem uma duração variável,
condicionando a radiação recebida.

Insolação – período de tempo em que o Sol se encontra descoberto e


exprime-se, geralmente, em número de horas por dia ou por ano.

Vertentes umbrias – vertentes não


expostas ao sol.

Vertentes soalheiras – vertentes


expostas ao sol.

Variação diurna da radiação solar


– a intensidade da radiação solar
que atinge a superfície terrestre
varia ao longo do dia natural, uma
vez que a inclinação dos raios
solares também varia, tal como
mostra a figura. Assim, é ao meio-
dia que a quantidade de energia
recebida é maior.

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Variação anual da radiação solar – ao longo do ano também se verifica uma
variação da intensidade da radiação solar recebida, como resultado do
movimento de translação da Terra e da inclinação do seu eixo relativamente ao
plano da eclíptica, responsáveis pela variação da duração dos dias e das noites
e pela variação da inclinação dos raios solares, de lugar para lugar. É graças a
isto que temos das diferenças térmicas nas várias estações do ano, como
podemos observar na imagem.

2.2.3. A distribuição geográfica da radiação solar

Verifica-se o demonstrado nestes mapas:

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2.2.4. A distribuição da temperatura no território nacional

Verifica-se o demonstrado nestes mapas:

Isotérmicas – linhas que unem pontos de igual temperatura média.

Temperatura média – média aritmética dos valores de temperatura registados


ao longo do dia, do mês ou do ano.

Inverno – as isotérmicas dispõem-se obliquamente à linha de costa,


evidenciando uma diminuição da temperatura média de sudoeste para
nordeste. O fator que mais influencia esta variação é a latitude.

Verão – as isotérmicas dispõem-se quase que paralelemente à linha de costa,


revelando um aumento da temperatura média do litoral para o interior, com um
inflexão para leste, no vale superior do Mondego, e para oeste, no vale superior
do Douro, em resultado do relevo. O fator que mais influencia esta variação é a
proximidade ou afastamento ao mar.

Amplitude térmica – diferença entre a temperatura média do mês mais quente


e a temperatura média do mês mais frio. É essencialmente influenciada pela
proximidade ou afastamento ao mar, pelo que as regiões do litoral têm uma

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amplitude térmica menor que as regiões do interior, atendendo ao facto do mar
regular e amenizar a temperatura.

Fatores explicativos:

 Influência da latitude – quanto menor a latitude, menor a inclinação dos


raios solares, logo, maior a temperatura, e vice-versa.

 Relevo:

o A Serra Algarvia protege o litoral do Algarve da ação das massas de


ar oceânico e das que provêm do interior do Alentejo.

o O interior Norte é protegido pelos relevos de noroeste, concordantes,


que dificultam a passagem dos ventes húmidos.

o A disposição do vale superior do Douro permite a penetração dos


ventos de leste.

o Junto ao vale do Mondego, o relevo discordante permite que a


influência marítima se estenda para o interior.

 Altitude – o gradiente térmico vertical traduza-se numa diminuição da


temperatura, logo, com o aumento da altitude temos uma diminuição da
temperatura.

 Influência atlântica – a proximidade ou afastamento do mar é um fator


muito relevante na variação regional da temperatura do ar, devido ao efeito
moderador das massas de ar marítimo, que impedem valores de
temperatura muito altos no Verão e muito baixos no Inverno.

Regiões autónomas – a insularidade acentua a influência marítima na


temperatura do ar, pelo que a amplitude de variação térmica anual é baixa. Nos
Açores, a variação regional da temperatura é mínima, restringindo-se à que
depende do relevo. Na Madeira, situada a menor latitude, as temperaturas
média são um pouco superiores às do restante território português, sendo a
variação espacial mercada pela altitude e pela orientação este-oeste do relevo,
que opões as regiões mais elevadas às de menor altitude e a vertente norte à
vertente sul, mais soalheira e abrigada.

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2.2.5. A valorização da radiação solar

Energia solar – a radiação global média anual, em Portugal, é superior à


média europeia. A conjugação de temperaturas amenas e de elevados valores
de insolação permitem a valorização económica do clima, através do
aproveitamento da energia solar. O potencial de aproveitamento varia
consoante a radiação solar, diminuindo de norte para sul, aumentando de oeste
para este e sendo maior no final da primavera e no verão. Nos sistemas
térmicos, faz-se a captação, por coletores, da radiação solar direta para
aquecimento de edifícios, águas, etc., e utiliza-se a energia solar como fonte de
calor na produção de eletricidade. Nos sistemas fotovoltaicos, converte-se
diretamente a radiação solar em energia elétrica, através de células
fotovoltaicas, que transformam a energia solar numa corrente de eletrões.
Assim, este aproveitamento tem vindo a crescer e apresenta inúmeras
vantagens ambientais e económicas, sendo que é uma energia não poluente
e permite a redução da dependência externa bem como um aumento do
emprego. No entanto, esta tecnologia apresenta alguns condicionalismos
como a variabilidade da radiação solar, que é interrompida durante a noite e
diminui consideravelmente no inverno (época de maior consumo energético),
bem como a exigência de grande investimento de capital e ocupação de vastas
áreas.

Turismo – as características do clima português favorecem o turismo, pelo que


a radiação solar constitui um fator de desenvolvimento na medida em que a
atividade turística gera emprego, proporciona a entrada de divisas, e induz
efeitos multiplicadores que se refletem no desenvolvimento de outras
atividades. O turismo balnear constitui uma grande importância, dado que
conjuga o bom clima com a extensa linha de costa, tal como o turismo sénior
que se desenvolve durante todo o ano, beneficiando da amenidade climática.

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2.3. Os recursos hídricos

2.3.1. A especificidade do clima português

Água – recurso vital e indispensável para a existência de vida que cobre cerca
de 71% da superfície do nosso planeta. É também um recurso para as
atividades económicas, na medida que:

 A agricultura depende dela para a rega, sendo o maior consumidor mundial;

 Na indústria é utilizada na produção e nos sistemas de refrigeração e


limpeza;

 É ainda utilizada na produção de energia e na construção, sendo suporte de


muitas atividades de turismo lazer e um importante fator de acessibilidade.

Ciclo Hidrológico – processo de


circulação contínua da água entre os
oceanos, a atmosfera e os continentes,
por efeito da radiação solar.

Evapotranspiração – processo de evaporação da água do solo e da água


libertada pela respiração e pela transpiração dos seres vivos.

Evaporação – processo de evaporação das águas superficiais.

Precipitação – processo em que o ar sobe e a temperatura desce, pelo que a


humidade relativa aumenta, ao chegar a 100%, o ar fica saturado de vapor de

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água e aí o vapor de água condensa, dando origem a nuvens e criando
condições para ocorrer precipitação.

Condensação – processo de passagem da água do estado gasoso para o


estado líquido.

Escorrência – processo alternativo à infiltração em que a água escorre à


superfície.

Infiltração – processo alternativo à escorrência em que a água se infiltra no


solo.

Humidade absoluta – total de humidade existente, é maior consoante o


aumento da temperatura.

Humidade relativa – razão entre a humidade absoluta e o ponto de saturação


(ponto em que o ar não consegue conter mais vapor de água), sendo menor
consoante o aumento da temperatura.

Circulação geral da atmosfera – combinação das causas térmicas e


dinâmicas que originam as diferenças de pressão atmosférica, e conduzem aos
diferentes estados de tempo.

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Pressão atmosférica – força que o ar exerce sobre a superfície terrestre,
medida por norma em milibares (mb), sendo que a pressão considerada
normal, à superfície, é de 1013mb.

Baixas pressões (depressões barométricas) – o movimento do ar, à


superfície, é convergente e, na vertical, ascendente. Ao subir, a temperatura do
ar diminui, o que provoca a condensação do vapor de água, formando nuvens
que podem originar precipitação – mau tempo. Podem ter origem:

Térmica – o aquecimento do ar, pelo contacto com a superfície da Terra


muito quente, torna-o menos denso, provocando a sua ascensão. É o que
acontece no verão, no interior dos continentes e na península ibérica. Uma
baixa pressão térmica tem menos força que uma dinâmica e traduz-se em
temperaturas altas, e não mau tempo.

Dinâmica – a ascensão é provocada pela convergência do ar


proveniente de direções opostas. As baixas pressões subpolares formam-se
deste modo, resultando do encontra das massas de ar frio provenientes das
regiões polares com as massas de ar quente tropicais. Uma baixa pressão
dinâmica tem mais força que uma térmica e traduz-se em mau tempo, e não
temperaturas altas.

Altas pressões (anticiclones) – o movimento do ar, à superfície, é divergente,


e, na vertical, é descendente. Ao descer, a temperatura do ar aumenta, não se
dando a condensação do vapor de água. Assim, os centros de altas pressões
associam-se, geralmente, a céu limpo e tempo seco – bom tempo. Podem ter
origem:

Térmica – o arrefecimento do ar, pelo contacto com a superfície da


Terra muito fria, torna-o mais denso e pesado. É o que acontece no inverno, no
interior dos continentes e na península ibérica. Uma alta pressão térmica tem
menos força que uma dinâmica e traduz-se em temperaturas baixas, e não
bom tempo.

Dinâmica – resultam do movimento descendente do zar frio que se


encontra em altitude. As altas pressões tropicais formam-se deste modo. Uma

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alta pressão dinâmica tem mais força que uma térmica e traduz-se em bom
tempo, e não temperaturas baixas.

Isóbara – linha que une pontos com o mesmo valor médio de pressão
atmosférica.

Isoieta – linha que une pontos com o mesmo valor de precipitação.

Ventos alíseos – deslocam-se das altas pressões subtropicais para as baixas


pressões equatoriais, convergindo na chamada zona de convergência
intertropical (CIT).

Ventos de oeste – deslocam-se das altas pressões subtropicais para as


baixas pressões subpolares, cujo sentido, influenciado pelo movimento de
rotação da Terra, é predominantemente de oeste no hemisfério norte.

Ventos polares de leste – deslocam-se das altas pressões polares para as


baixas pressões subpolares.

Doldrums – espaços sem vento, localizados na zona do equador.

Ventos no hemisfério norte Ventos no hemisfério sul

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Centros de pressão em Janeiro

Centros de pressão em Junho

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Principais massas de ar que afetam Portugal

Massas de ar tropical – têm origem nos anticiclones subtropicais, formando-


se quer sobre os oceanos quer sobre os continentes, sofrendo alterações
sazonais para norte e para sul, no verão e no inverno, respetivamente. Se
forem formadas no oceano são denominadas massas de ar tropical marítimo
(Tm) e se forem formadas no continente são denominadas massas de ar
tropical continental (Tc).

Massas de ar polar – têm origem nas latitudes elevadas e deslocam-se para


sul no inverno e para norte no verão. Se forem formadas no oceano são
denominadas massas de ar polar marítimo (Pm) e se forem formadas no
continente são denominadas massas de ar polar continental (Pc).

Superfície frontal – superfície de descontinuidade que separa duas massas


de ar de temperatura e humidade diferentes que entram em contacto e não se
misturam.

Frente – interceção da superfície frontal com a terra.

Sistema frontal – conjunto formado por mais do que uma frente.

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Superfície frontal fria / Frente fria – quando uma massa de ar frio avança,
desalojando o ar quente da superfície e obrigando-o a ascender de forma
brusca.

Superfície frontal quente / Frente quente – quando uma massa de ar quente


avança, ascendendo lentamente sobre o ar frio.

Perturbação frontal – conjunto formado por uma frente fria e uma frente
quente contíguas, associadas a uma depressão barométrica.

Frontogénese – processo que conduz à formação de uma frente e de uma


superfície frontal e que tem origem num contraste muito forte ao nível das
características físicas e dinâmicas das massas de ar em contacto.

Frontólise – processo que conduz à extinção de uma frente e de uma


superfície frontal.

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Frente polar – frente que mais afeta o território português e que condiciona
com frequência os estados de tempo no inverno, resultando da convergência
dos ventos de oeste e dos ventes de leste que arrastam consigo massas de ar
tropical e massas de ar polar, respetivamente. Forma-se do seguinte modo:

Estados de tempo associados à passagem da perturbação da frente polar

Nuvens de desenvolvimento vertical – dão origem a aguaceiros fortes,


frequentemente acompanhados de vento intenso e trovoada, resultantes da
frente fria.

Nuvens de desenvolvimento horizontal – dão origem a chuvas contínuas e


de longa duração (chuviscos), resultantes da frente quente.

Precipitações orográficas – resultam de uma subida forçada do ar quando


este, no seu trajeto, tem de ultrapassar uma elevação. O ar ao subir arrefece, a

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humidade relativa aumenta e, se o ponto de saturação for atingido, dá se a
condensação do vapor de água e consequente formação de nuvens, podendo
vir a originar precipitação. São frequentes nas áreas de relevo acidentado, ao
longo das vertentes do lado de onde sopram ventos húmidos.

Precipitações convectivas – resultam de um sobreaquecimento da superfície


terrestre que, aquecendo o ar em contacto com ela, o torna menos denso e
origina a sua ascensão. Ao subir, o ar arrefece, aproximando-se do ponto de
saturação e consequente condensação, podendo vir a originar precipitação.
Este tipo de precipitação manifesta-se de forma intensa e é de curta duração
(pode durar apenas alguns minutos). Verifica-se com frequência na zona
intertropical e no interior dos continentes, durante o verão, devido às altas
temperaturas que aí se registam.

Precipitações frontais – resultam do encontro de duas massas de ar com


características diferentes de temperatura e humidade. Desse contacto, a
massa de ar quente sobe, o ar arrefece e aproxima-se do ponto de saturação,
dando origem à formação de nuvens e consequente precipitação. Esta pode
ser sob a forma de chuvisco, à passagem de uma frente quente, ou de
aguaceiro, à passagem de uma frente fria. É o tipo de precipitação
característica das regiões temperadas, durante o inverno, devido à passagem
das perturbações da frente polar. As chuvas frontais são frequentemente
reforçadas pela ascensão orográfica do ar, quando no trajeto das frentes se
localizam cordilheiras montanhosas.

Irregularidade anual e interanual da precipitação – os valores de


precipitação mais elevados ocorrem no final do outono, durante o inverno e no
início da primavera, registando-se os valores mais baixos no verão. Para além
disso, como as deslocações dos centros de pressão não são exatamente iguais
todos os anos, registam-se também diferenças significativas de precipitação de
ano para ano.

Irregularidade espacial da precipitação – de um modo geral, a precipitação


diminui de norte para sul e do litoral para o interior, sendo mais evidente o
contraste norte-sul. No noroeste e nas áreas de montanha registam-se os

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maiores valores de precipitação, e no vale superior do Douro e no sul os
menores.

Cartas sinóticas – mapa ou carta que representa as condições atmosféricas,


num dado momento, através de símbolos, com base na qual se pode fazer a
previsão do estado do tempo.

Situações meteorológicas de inverno:

B
Chuva

A
B

Chuva com muito frio

Muito frio, sem chuva

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Situações meteorológicas de verão:

A
Não há chuva

B
A

Poderá chover e faz calor

A B

Poderá chover e faz ainda mais calor B


Elementos do clima – temperatura, humidade, pressão atmosférica, radiação
solar, precipitação, insolação, etc.

Fatores do clima – os fatores que influenciam o clima e o determinam:

Latitude – o norte é mais afetado pelas baixas pressões subpolares e


pelos sistemas frontais que o sul, mais frequentemente condicionado pelas

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altas pressões subtropicais. Explicam-se, desta forma, os grandes contrastes
norte-sul.

Relevo – as cordilheiras montanhosas assumem um papel também


importante, sendo que quando se dispõem paralelemente à linha de costa
funcionam como barreiras de condensação, que as transformam em
verdadeiros obstáculos à progressão das massas de ar húmido, dando origem
a totais de precipitação elevados, como é o caso das serras do noroeste
português. Por outro lado, esta disposição explica também os baixos valores de
precipitação nas vertentes opostas a essa exposição. Pelo contrário, uma
disposição oblíqua em relação à costa permite a penetração das massas de ar
húmido até ao interior, como é o caso da Cordilheira Central, cuja disposição
permite a penetração dos ventos marítimos para o interior e a existência,
nessas regiões, de um clima mais húmido e ameno.

Altitude – a maiores altitudes correspondem temperaturas mais baixas


(gradiente térmico vertical), bem como maior precipitação, em resultado das
chuvas orográficas.

Distância ao mar (continentalidade) – junto ao litoral, a exposição às


massas de ar húmido é maior do que no interior, o que explica as diferenças de
precipitação e temperatura observadas entre o litoral e o interior.

2.3.2. Diversidade climática em Portugal

Gráficos termopluviométricos – gráfico que nos dão a precipitação em mm e


a temperatura em ºC:

Mês seco – quando a precipitação


é menor que o dobro da
temperatura.

Mês húmido – quando a


precipitação é maior que o dobro da
temperatura.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Portugal continental – revela um clima temperado mediterrâneo com


invernos suaves e chuvosos e verões quentes e secos. Podemos distinguir
ainda:

Norte litoral – revela um clima temperado mediterrâneo de feição


oceânica com:

 Precipitação total anual abundante, especialmente no outono e inverno

 Existência de uma curta estação seca que não ultrapassa, geralmente,


dois meses

 Verões frescos e invernos suaves

 Pequena variação da amplitude térmica anual

Norte interior – revela um clima temperado mediterrâneo de feição


continental com:

 Precipitação total anual escassa, ocorrendo no inverno, frequentemente


sob a forma de neve

 Existência de uma estação seca que pode chegar aos quatro meses

 Verões muito quentes e invernos muito frios

 Elevada variação de amplitude térmica anual

Sul – revela um clima temperado mediterrâneo com:

 Precipitação total anual escassa

 Existência de uma longa estação seca, que pode chegar aos seis meses

 Verões quentes e invernos suaves

 Pequena variação da amplitude térmica anual

Região Autónoma dos Açores – revela um clima temperado marítimo em


resultado da elevada influência oceânica, que se caracteriza por:

 Precipitação abundante sobretudo no outono e no inverno

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Estação seca nunca superior a dois meses e só nas ilhas orientais

 Temperaturas amenas durante todo o ano

 Fraca ou moderada amplitude de variação térmica anual

Região Autónoma da Madeira – revela um clima mediterrâneo, embora


existam diferenças climáticas significativas:

 Na ilha da Madeira, devido à orientação este-oeste do relevo, na vertente


norte, os ventos húmidos do Atlântico tornam a precipitação mais elevada
enquanto a vertente sul, mais abrigada e exposta a ventos provenientes do
norte de África, é mais quente e seca.

 Na ilha do Porto Santo, de relevo mais baixo, apresenta temperaturas mais


elevadas, precipitações fracas e uma estação seca mais prolongada.

2.3.3. As disponibilidades hídricas

Disponibilidades hídricas – quantidade de água disponível de depende


essencialmente do volume de precipitação.

Recursos hídricos superficiais – rios, lagos, lagoas e albufeiras.

Recursos hídricos subterrâneos – nascentes e lençóis de água que retêm a


água da infiltração e que se encontram até 800 metros de profundidade.

Fatores de que dependem escoamento, infiltração e evapotranspiração:

 Total de precipitação

 Temperatura – a evapotranspiração será tanto maior quanto maior forem os


valores de temperatura registados

 Características físicas dos solos – quanto maior a permeabilidade das


rochas, maios a infiltração

 Relevo – formas de relevo acidentado favorecem o escoamento superficial,


ao contrário do aplanado que favorece a infiltração

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Vegetação – uma cobertura vegetal densa ajuda à infiltração da água

 Ação humana

Águas superficiais:

Rios e ribeiras:

 O conjunto formado pelo rio principal e pelos seus tributários (afluentes e


subafluentes) constitui a Rede Hidrográfica, que apresenta uma densidade
considerável.

 Dos rios portugueses destacam-se o Minho, o Lima, o Douro, o Tejo e o


Guadiana (rios internacionais que nascem em Espana); e o Cávado, o
Vouga, o Mondego e o Sado (que nascem em território nacional).

 A maioria dos rios portugueses escoam no sentido NE-SW, seguindo a


inclinação geral do relevo, exceto o Guadiana, N-S, e o Sado, S-N.

 Ao longo do percurso do rio, este atravessa áreas diferentes no que


respeita a altitude, formas de relevo e grau de dureza das rochas, o que
influencia:

o Perfil longitudinal – linha que une vários pontos do fundo do leito


do rio, desde a nascente até à foz.

 Mais irregular a norte, devido ao relevo mais acidentado

 Mais regular a sul, devido ao relevo aplanado

o Perfil transversal – linha que resulta da interseção, num


determinado ponto, de um pleno vertical com o vale,
perpendicularmente à sua direção a montante.

 No curso superior, dá-se o desgaste e os vales são em V


fechado; para jusante;

 No curso médio, dá-se o transporte e os vales são em V


aberto;

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Próximo da foz, dá-se a acumulação e os vales são em


planície ou caleira aluvial.

 Os vales são mais fechados a norte que a sul.

 A norte, a rede hidrográfica é mais densa, os rios apresentam maior declive


ao longo do seu percurso e escoam em vales mais profundos.

 A sul, o relevo mais aplanado faz com que tenham percursos com menos
declive e escoem em vales mais largos.

 Nas regiões autónomas, os cursos de água são pouco extensos,


designando-se por ribeiras e apresentando um perfil longitudinal com
declive acentuado e vales em forma de V, havendo grandes desníveis que
levam à formação de cascatas.

 Das superfícies onde todas as águas escoam numa sequência de ribeiras,


rios, e, eventualmente, lagos e lagoas, desembocando numa única foz, dá-
se o nome de Bacia Hidrográfica.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Assim, verificamos que, em termos do território português, o maior rio é o


Douro e maior bacia hidrográfica a do Tejo, no entanto, em termos da sua
totalidade (incluindo os percursos em território espanhol), o maior rio é o
Tejo e a maior bacia hidrográfica a do Douro.

Principais rios Bacias hidrográficas

 Nas bacias hidrográficas internacionais, as disponibilidades hídricas têm


forte dependência de Espanha, embora o escoamento anual médio (parte
da águas da precipitação que, em média, escorre à superfície ou em canais
subterrâneos) seja inferior ao de Portugal Continental.

 No balanço hídrico de Portugal – distribuição da precipitação pela


evapotranspiração e pelo escoamento superficial e subterrâneo:

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o O escoamento corresponde a pouco mais de um terço da


precipitação que ocorre sobre o continente.

o As bacias com maior escoamento são as do Lima, Cávado e Minho.

o Nas regiões autónomas, as bacias apesar de em grande número são


de dimensão bastante reduzida. Na Madeira a vertente norte, mais
chuvosa, tem mais cursos de água. Nos Açores, a maioria dos
cursos de água são temporários.

 A irregularidade temporal e espacial da precipitação influencia fortemente


as disponibilidades hídricas e, consequentemente, o caudal dos rios –
volume de água que passa numa dada secção de um rio, por unidade de
tempo.

 Assim, em Portugal, o regime dos rios – variação do caudal ao longo do


ano – caracteriza-se por uma grande irregularidade sazonal e espacial:

o No norte, com caudais médios mais abundantes, a ocorrência de


cheias é frequente no inverno e, no verão, dá-se a redução do caudal
em dois a três meses de estiagem – período do caudal inferior a
25% do caudal médio.

o No sul, o regime dos rios é mais irregular, com ocorrência de menos


cheias mas mais torrenciais, e, no verão, a redução dos caudais
pode chegar a seis meses de estiagem ou mesmo secar.

o Nas regiões autónomas, a variação sazonal é menos acentuada nos


Açores, mas grande parte dos cursos de água tem um regime
temporário e torrencial. Quando ocorrem precipitações intensas, os
caudais das ribeiras atingem volumes elevados, provocando cheias
rápidas que reduzem o tempo de concentração – tempo que as
ribeiras levam a escoar toda a água das chuvas.

 A ação humana pode influenciar também o regime dos rios como acontece
com a construção de barragens, que contribui para regularizar os caudais.

 No entanto, esta ação pode contribuir para agravar os efeitos das cheias:
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RESUMO
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o Pela obstrução de linhas de água

o Com a ocupação de leitos de cheira

o Devido à impermeabilização dos solos, que impede a infiltração da


água e aumenta a escorrência superficial

o A desflorestação, que deixa os solos desprotegidos, favorecendo o


arrastamento de lamas e outros materiais que vão contribuir para o
assoreamento dos rios.

Lagos e lagoas – reservatórios naturais de água doce ou salobra, que


constituem importantes reservas hídricas. Uns são de maior dimensão, lagos,
outras de menor, lagoas¸ sendo que, em Portugal, não existem lagos, mas sim
vários tipos de lagoas:

Lagoas de origem marinha e fluvial – localizam-se na faixa


costeira, são numerosas e de pequena profundidade, sendo as mais
importantes as de Óbidos, Pateira de Fermentelos, Santo André e Albufeira
(são em V).

Lagoas de origem glaciária – localizam-se nas áreas mais


elevadas da serra da Estrela e são pouco numerosas, sendo a mais importante
a da Lagoa Comprida com cerca de 1km de comprimento (são em U).

Lagoas de origem tectónica – localizam-se, na sua maioria, no


Maciço Calcário Estremenho e são pouco numerosas, sendo as mais
importantes as Mira, Minde e Arrimal (são em V).

Lagoas de origem vulcânica – localizam-se nos Açores, em


depressões resultantes do abatimento de antigas crateras, e são numerosas,
sendo as mais importantes as de Sete Cidades, Furnas e Fogo.

Albufeiras – reservatórios de água doce construídos pelo ser humano,


“lagos artificiais” que resultam da construção de barragens.

 As barragens permitem minimizar os prolemas de escassez e a


irregularidade dos recursos hídricos.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 No entanto, têm algumas desvantagens como:

o A perda de locais e monumentos históricos geológicos e


paisagísticos;

o A submersão de campos com boa aptidão agrícola;

o O assoreamento das albufeiras provocado pelos sedimentos aí


retidos;

o O facto dos sedimentos retidos nas barragens não chegarem assim à


foz dos rios, pelo que as praias ficam com menos areia e as águas
avançam, diminuindo as praias.

 As características do relevo e da rede hidrográfica justificam a existência de


mais barragens no norte e centro, onde há melhores condições para a sua
utilização e para a produção de energia.

 No entanto, a bacia do Guadiana é aquela que regista maior capacidade de


armazenamento, desde a construção da barragem do Alqueva, um projeto
que veio trazer um enorme desenvolvimento à região do Alentejo e que
assume uma importância indiscutível.

 No sul, graças ao maior período seco estival, as albufeiras são essenciais


para uma melhor gestão da água.

Águas subterrâneas – água que circula ou se acumula no subsolo, a maior ou


menor profundidade.

Aquíferos – formações geológicas permeáveis cujo limite inferior e, por


vezes, também o superior, é constituído por rochas impermeáveis.

 Conforme as características das rochas, existem diferentes tipos de


aquíferos, a saber:

o Porosos – a água circular através de poros, em formações rochosas


de areias limpas, arenitos, conglomerados, etc.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Fraturados / Fissurados – a água circula por fissuras, em


formações de granitos, gabros, filões de quartzo, etc.

o Cársicos – a água circula em canais resultantes do alargamento de


diaclases, em formações de calcários e dolomitos.

 A maior ou menor permeabilidade das rochas condiciona a infiltração da


água e a sua acumulação subterrânea:

o Xistos, granitos, basaltos  pouco permeáveis  dificultam a


infiltração da água e a formação de aquíferos importantes

o Arenitos e areias  bastante permeáveis  permitem a infiltração da


água e a formação de aquíferos

o Rochas sedimentares calcárias ou cársicas  têm calcita na sua


composição  abertura de fendas e fissuras por onde a água se
infiltra

 Toalha cársica – toalha freática em áreas de formações geológicas de


natureza calcária.

o Exsurgência – quando os cursos de água aparecem à superfície.

o Ressurgência – quando os cursos de águas subterrâneos


reaparecem à superfície, após se terem perdido num sumidouro.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 As características dos aquíferos refletem-se na Produtividade Aquífera –


quantidade de água que é possível extrair continuamente de um aquífero,
em condições normais, sem afetar a reserva e a qualidade da água. Os
aquíferos porosos são os que têm maior produtividade, seguidos dos
cársicos e, em último, dos fissurados.

 Em Portugal existem quatro unidades hidrogeológicas que influenciam as


disponibilidades hídricas que são maiores onde as formações rochosas são
mais permeáveis e porosas:

o Maciço Hespérico – xistos e granitos, menores disponibilidade


hídricas

o Orlas sedimentares ocidental e meridional – rochas sedimentares


detríticas e calcárias, aquíferos porosos e cársicos, elevada
disponibilidade hídrica.

o Bacias sedimentares do Tejo e do Sado – formações sedimentares


detríticas, aquíferos porosos, mais extenso sistema aquífero da
península Ibérica, mais importante unidade hidrogeológica o país.

 Vantagens dos aquíferos:

o Não exigem especiais tratamentos de água

o Não há perdas por evaporação

o A sua dimensão não se reduz pela deposição de sedimentos

o Não exigem custos de manutenção

 Vulnerabilidade dos aquíferos:

o Dependência das recargas naturais – água infiltrada que, escoando


verticalmente, atinga a superfície freática

o Perigo de contaminação, tanto maior quanto a permeabilidade

o Riscos de deterioração associados à localização dos aquíferos em


áreas densamente povoadas ou de agricultura intensiva

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Necessidade de uma gestão sustentável

Águas minerais e termais – a composição química das águas


subterrâneas varia com as características geológicas das áreas que percorrem,
podendo-se distinguir águas minerais e águas termais.

2.3.4. A gestão dos recursos hídricos

Principais problemas na utilização da água:

 Irregular distribuição da água – quer no tempo quer no espaço, esta


irregularidade coloca problemas diversos no verão e no inverno, em todos
dos países.

 Poluição – outro problema que afeta os recursos hídricos nacionais e que


decorre, especialmente, das práticas agrícolas agressivas ambientalmente,
com utilização excessiva e inapropriada de produtos químicos que acabam
por inquinar as águas de superfície e as subterrâneas. A pecuária é
também uma atividade ligada a este setor que, em alguns casos, muito tem
contribuído para a degradação deste recurso.

 Eutrofização – tem-se tornado num dos mais sérios problemas que afetam
os recursos hídricos. Resulta da concentração excessiva de nitratos nas
águas, que provêm do excesso de adubos químicos azotados utilizados na
agricultura. Estes produtos conduzem ao crescimento de algas e outras
plantas aquáticas que, em excesso, são responsáveis pelo aumento do
consumo de oxigénio nos meios aquáticos. Nestas situações – a diminuição
progressiva do oxigénio, muitas vezes acompanhada da estagnação das
águas e do aumento da sua temperatura –, estão criadas as condições que
levam à morte de peixes e outros animais aquáticos.

 Desflorestação – todos os anos se agrava com os incêndios florestais, no


verão, aumenta a erosão dos solos, diminui a infiltração e, portanto, impede
a recarga dos aquíferos.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Salinização – intrusão de água marinha nos aquíferos sobre-explorados e


localizados junto ao mar. Esta é uma situação irreversível, cada vez mais
frequente em Portugal.

 Aumento do consumo de água – exige cada vez mais quantidades de


água, bem como uma melhor qualidade, com o seu transporte e
distribuição. Em Portugal nem toda a população está plenamente
abastecida em quantidade e qualidade, sendo que o Norte é a região mais
afetada.

 Efluentes domésticos e industriais – os sistemas de tratamento destes


resíduos carecem de maior desenvolvimento. A construção de drenagem e
tratamento de águas residuais é fundamental para ajudar a preservar os
recursos hídricos.

ETAR – estações de tratamento de águas residuais, que assumem um papel


fundamental na rede de águas, já que aqui são tratados os efluentes por
processos químicos e biológicos, sendo despoluídos e devolvidos à Natureza,
prontos a serem de novo utilizados.

Princípio utilizador-pagador – quem utiliza a água deve pagar pelo que


utiliza.

Princípio poluidor-pagador – quem polui tem de pagar, nas devidas


proporções, para minimizar a situação criada.

Eficiência da água – razão entre o consumo útil e a procura efetiva, sendo


influenciada pela racionalização do consumo de água nos vários setores,
através de medidas como:

Na agricultura

 Utilização de técnicas de rega menos consumidoras de água

 Cultura de espécies mais adaptadas às condições climáticas

 Reutilização de água previamente sujeita a tratamento

Na indústria

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RESUMO
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 Utilização de técnicas e tecnologias mais modernas, menos consumidoras


de água

 Tratamento das águas residuais e sua reutilização

Fins domésticos

 Uso racional da água

 Lavagem em máquinas com carga total

 Manutenção dos equipamentos para evitar desperdícios

 Diminuição do débito de água nos autoclismos

 Criação de hábitos pessoais que evitem gastos desnecessários

Diretiva-Quadro da Água (DQA) – planeamento com o objetivo de inventariar,


preservar e potencializar os recursos hídricos através de vários planos.

Plano Nacional da Água (PNA) – define orientações de âmbito nacional para


a gestão integrada das águas, fundamentadas em diagnóstico da situação
atual e na definição de objetivos a alcançar através de medidas e ações.

Planos de Bacia Hidrográfica (PBH) – definem orientações de valorização,


proteção e gestão equilibrada da água, de âmbito territorial, para uma bacia
hidrográfica ou agregação de pequenas bacias hidrográficas.

Programa Nacional Para o Uso Eficiente da Água (PNUEA) – programa com


o objetivo de aumentar a eficiência da utilização da água, reduzir os riscos
associados à irregularidade dos recursos hídricos e contribuir para a sua
preservação.

Planos de Ordenamento das Albufeiras (POA) – são considerados Planos


Especiais de Ordenamento do Território (PEOT). Compreendem uma área
na qual se integra o pleno de água e a zona envolvente de proteção numa faixa
de 500m ou 200m, contados a partir de pleno armazenamento da albufeira.
São os únicos planos cujos objetivos de planeamento se orientam sobretudo
para o ordenamento do plano de água e, a partir daí, se extrapolam as regras

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RESUMO
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para uso, ocupação e transformação do solo na sua envolvente. Será, portanto,


determinante que seja estabelecido um zonamento que respeite a capacidade
de carga do meio hídrico, quer em termos físicos quer em termos de qualidade.

Convenção de Albufeira – assinada em 1998 entre Portugal e Espanha, com


vista à cooperação entre estes países, já que a partilha dos recursos hídricos
se reveste de interesses comuns, tanto no domínio ambiental como social ou
económico. Nesta convenção é definido o quadro de cooperação entre as
partes, para a proteção das águas superficiais e subterrâneas e dos
ecossistemas aquáticos e terrestres delas diretamente dependentes, e para o
aproveitamento sustentável dos recursos hídricos das bacias hidrográficas dos
rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana. A convenção aplica-se às atividades
destinadas à promoção e proteção do bom estado das águas destas bacias e
às atividades de aproveitamento dos recursos hídricos, em curso ou
projetadas, em especial as que causem ou sejam suscetíveis de causar
impactes transfronteiriços, como o caso dos transvases. Foi revista em 2008,
nomeadamente com a introdução dos limites mínimos de caudais.

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2.4. Os recursos marítimos

2.4.1. As potencialidades do litoral

Linha de costa – área de contacto entre o mar e a terra emersa, ao nível


atingido pela maré mais alta, em período de calma, que é de aproximadamente
2500km em Portugal (Continental e Insular).

Costa de arriba alta e escarpada – tipo de costa predominante em Portugal,


onde o mar contacta com afloramentos rochosos de maior dureza (granito,
xisto e calcário de formação recente), como acontece:

 Da Nazaré à foz do Tejo

 Do cabo Espichel à foz do Sado

 Do cabo de Sines ao de São Vicente

 No barlavento algarvio

Costa de arriba baixa (ou rochas) – tipo de costa predominante no litoral


norte, embora a costa seja talhada em formações rochosas de grande dureza,
por corresponder a uma estreita faixa de costa de emersão – área do litoral
que emergiu por efeito do recuo das águas do mar, dando origem a pequenas
reentrâncias e algumas praias.

Costa de praia (ou litoral baixo, de areia) – tipo de costa que se verifica
quando o mar contacta com formações rochosas mais brandas (arenitos,
argilas, etc.), como acontece:

 Entre Espinho e São Pedro de Moel

 No Estuário do Tejo

 Da foz do Sado ao Cabo de Sines

 No Sotavento Algarvio

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Regiões autónomas – tanto nos Açores como na madeira domina o litoral de


arriba, por vezes superior a 100m, sendo que a costa de praia é pouco
representativa, encontrando-se as maiores extensões em S. Miguel e no Porto
Santo.

Erosão marinha – ação de desgaste, transporte e acumulação de materiais


rochosos sobre a linha de costa, por ação do mar.

Abrasão marinha – desgaste das formações rochosas do litoral provocado


pela projeção de sedimentos marinhos e pelo embate das águas, e que leva ao
progressivo recuo das arribas.

Recuo de uma arriba – a abrasão marinha desgasta a base da arriba,


retirando o apoio à parte superior (A), que acaba por desmoronar-se (B). Os
fragmentos rochosos acumulam-se na base da arriba, na plataforma de
abrasão – faixa entre o mar e a arriba, ligeiramente inclinada para o mar que,
na maré baixa, fica emersa, submergindo na maré alta. A continuidade do
processo faz recuar a arriba, alargando a plataforma de abrasão (C). No mar

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RESUMO
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também se acumulam materiais do desgaste da arriba – plataforma de


acumulação –, que continuam a ser desgastados e, muitas vezes, arrastados
pelo mar.

Arriba morta ou fóssil – quando uma arriba deixa de ser atingida pelo mar,
em resultado do recuo das arribas e da abrasão marinha.

Praias – extensões de areias, formadas pela acumulação dos fragmentos


resultantes do desgaste das arribas e que são transportados pelas correntes
marítimas e depositados nesses locais.

Áreas lagunares – extensões de águas mais ou menos salobra, que são


formadas através do assoreamento da foz dos rios e de entrada de
reentrâncias da costa, que formam restingas e barreiras de areias e seixos.

Regressões marinhas – recuo do mar, que fez emergir áreas anteriormente


submersas e que se transformam em costas de emersão, constituindo costas
de emersão.

Transgressões marinhas – avanço do mar sobre áreas continentais, que


passam a estar submersas, constituindo costas de submersão.

Acidentes do litoral – resultado da ação do mar sobre a linha de costa e da


deposição de sedimentos, que resultam em algumas áreas do litoral com
características muito próprias:

Haff-delta de Aveiro (ria de Aveiro) – laguna separada do mar por uma


espessa restinga – cordão arenoso que se formou devido à regressão das

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águas do mar e à acumulação de sedimentos marinhos e transportados pelo rio


Vouga. Denomina-se haff-delta pois o rio desagua na laguna (haff) formando
um delta interior com uma estreita entrada para o mar. Assume uma grande
importância pela riqueza de recursos disponíveis, diversidade de ecossistemas
e atividades que aí se desenvolvem.

Lido de Faro (ria Formosa ou ria de Faro) – área lagunar separada do


mar por uma extensa restinga formada pela acumulação de materiais
transportados pela deriva litoral – corrente de sentido oeste para leste,
resultante da aproximação oblíqua das ondas à praia. Assume uma grande
importância pela riqueza de recursos disponíveis, diversidade de ecossistemas
e atividades que aí se desenvolvem.

Estuários do Tejo e do Sado – recortes verdadeiramente acentuados


no litoral português que permitem um importante desenvolvimento das
atividades portuárias, constituindo também zonas húmidas de grande riqueza
ecológica onde foram definidas as reservas naturais do estuário do Tejo e do
estuário do Sado.

Concha de São Martinho do Porto – pequena baía com uma estreita


abertura para o mar, que outrora foi um grande golfo cuja dimensão foi sendo
reduzida pela acumulação de sedimentos marinhos.

Tômbolo de Peniche – istmo resultante da acumulação de areias e


seixos transportados pelo mar, que uniram uma pequena ilha ao continente.

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Cabos – saliências talhadas em formações rochosas muito resistentes, a


maioria em costa alta. Proporcionam proteção natural, pelo que serve de abrigo
aos portos de mar, pelo que os portos se localizam no flanco sul dos cabos,
abrigados dos ventos de oeste e noroeste, e das correntes marítimas
superficiais de sentido norte-sul.

Plataforma continental – unidade morfológica característica dos fundos


oceânicos e mais não é que uma extensão submersa da placa continental, de
extensão variável, sendo que a sua profundidade não ultrapassa os 200
metros, tendo um declive muito fraco, que vai acentuando em direção ao mar
alto, e sendo limitada pelo talude continental que a separa da zona abissal. A
extensão desta plataforma varia em função do tipo de relevo em contacto com
o mar, sendo muito estreita em Portugal, oscilando entre os 30km e os 60km,
muito aquém das plataformas da maioria dos países da Europa. Tal é uma
condicionante desfavorável para a existência de recursos piscatórios, uma vez
que é precisamente aqui onde mais abundam os recursos piscatórios, devido:

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 Grande agitação das águas, que se traduz numa maior oxigenação das
mesmas

 Maior penetração da luz solar, favorável à realização da fotossíntese e,


portanto, ao desenvolvimento do fitoplâncton

 Menor salinidade das águas, devido à afluência de cursos de água doce

 Maior riqueza das águas em nutrientes, devido à maior formação de


plâncton e aos resíduos transportados pelos rios que aí desaguam.

Correntes marítimas – especialmente as de água fria, são muito favoráveis à


abundância de pescado e á renovação dos stocks piscícolas, uma vez que a
agitação das águas promove a oxigenação das mesmas, a produção de
plâncton, além do transporte de nutrientes. Onde se cruzam correntes
marítimas diferentes (quentes e frias) a riqueza piscícola é maior quer em
variedade quer em abundância.

Corrente de Portugal – deriva do Atlântico Norte da corrente quente do


Golfo, de águas pobres em nutrientes, que atinga a costa portuguesa já em
deslocação para sul, sendo desfavorável à abundância de pescado.

Corrente fria das Canárias – quando se encontra com a corrente de Portugal,


a sudoeste do território, é favorável à abundância e qualidade dos recursos
piscatórios.

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RESUMO
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Upwelling (afloramento costeiro) – ocorre no verão, por efeito da nortada que


sopra no litoral, afastando as águas superficiais para o largo e originando uma
corrente de compensação – águas profundas e ricas em nutrientes ascendem
à superfície, substituindo as que foram afastadas pelo vento. É favorável à
abundância e qualidade dos recursos piscatórios, nomeadamente de espécies
como a sardinha ou o carapau.

Águas territoriais (mar territorial) – águas até 12 milhas dos limites


exteriores da costa e sobra as quais o Estado detém soberania.

Zona contígua – zona de mar alto entre 12 e 24 milhas marítimas, sobre o


qual o Estado pode exercer fiscalização para prevenir ou reprimir infrações às
suas leis.

ZEE (Zona Económica Exclusiva) – zona de soberania dos Estados costeiros


sobre o espaço aéreo, o mar, os fundos e o subsolo marinhos, até uma
distância de 200 milhas náuticas, onde o Estado tem direitos de exploração,
investigação, conservação e gestão dos recursos naturais. Foi definida em
1982 na Conferência Internacional sobre o Direito do Mar, da ONU. A ZEE
portuguesa reparte-se por três áreas distintas – Portugal Continental, Açores e
Madeira – com uma extensão de que quase 1 800 000 km2 é a maior da UE e a
5ª maior do Mundo, podendo vir a ser quase duplicada se o pedido
apresentado nas Nações Unidas em 2009 for aprovado.

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2.4.2. A atividade piscatória

Setor da pesca – apesar dos condicionalismos físicos, a pesca continua a ter


alguma relevância económica, sobretudo nas áreas costeiras, onde assume um
papel importante principalmente se consideradas outras atividades que se lhe
associam, como a indústria transformadora do pescado e diversos serviços de
apoio à comercialização, formação profissional, etc.

Pesca local – pratica-se em rios, estuários, lagunas ou na costa, até 6 ou 10


milhas, consoante a embarcação. As embarcações são sempre pequenas, até
nove metros de comprimento, e a arte utilizada é geralmente artesanal. Pode
ter caráter sazonal.

Pesca costeira – é praticada para lá das 6 milhas da costa por embarcações


de dimensões superiores a 9 metros de comprimento e com autonomia que
pode ir até às duas ou três semanas. Podem trabalhar em águas de ZEE
internacionais.

Pesca de largo – realiza-se para além das 12 milhas de costa, em pesqueiros


externos de águas internacionais ou em ZEE de outros países. As
embarcações deste tipo têm uma tonelagem superior a 100 TAB e, além de
oferecerem condições de habitabilidade à tripulação, para períodos que podem
prolongar-se por vários meses, incluem também equipamentos de
transformação e armazenamento do pescado.

TAB – tonelagem de arqueação bruta.

Pesca artesanal – utiliza técnicas e maios artesanais. Os períodos de


permanência no mar são curtos, geralmente inferiores a um dia, já que as
pequenas embarcações utilizadas não estão equipadas com maios de
conservação do pescado.

Pesca industrial – as técnicas utilizadas são modernas, por vezes muito


sofisticadas, tal como os meios. As embarcações, de grande dimensão, estão
equipadas com modernos meios de transformação e conservação, o que faz
delas autênticas fábricas flutuantes. Este tipo de pesca reporta-se

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RESUMO
Henrique Silva Santos

especialmente à pesca longínqua, podendo a deslocação ser superior a várias


semanas ou até meses.

Principais áreas de pesca – para além da sua ZEE, e como resultado da


estreita plataforma continental, a frota portuguesa atua em algumas áreas de
pesca internacionais:

Atlântico noroeste (NAFO) – é, por tradição, uma das áreas pesqueiras


externas mais frequentadas pela frota portuguesa, especialmente para a pesca
do bacalhau. As águas frias da costa nordeste da América do Norte são
extremamente ricas em peixe. Atualmente, a diminuição de alguns stocks, em
virtude da sobre-exploração pesqueira nesta área do Atlântico, levou países
ribeirinhos, a exemplo do Canadá, a imporem restrições às capturas.

Atlântico nordeste – a riqueza destas águas justifica a frequência e


intensidade de pesca aí realizada pela frota portuguesa, onde acorres
fundamentalmente para a captura de bacalhau. Tal como acontece na NAFO,
também a necessidade de preservar os sotcks de várias espécies tem
conduzido ao estabelecimento de quotas mais restritivas.

Atlântico centro-leste – a frota portuguesa, em alternativa às áreas


anteriores, tem vindo a aumentar as capturas nesta área de águas também
muito ricas, quer em quantidade quer em diversidade de pescado. Entre as
espécies mais abundantes contam-se a sardinha, o peixe-espada, o pargo e
também crustáceos e marisco.

Atlântico sul – esta área, que engloba as águas do Atlântico sul-


ocidental e do Atlântico sul-oriental, apesar da distância a Portugal, destaca-se
também como área de pesca longínqua, referindo-se a pescada como principal
espécie capturada.

Principais espécies capturadas – em volume destaca-se a sardinha e a


cavala, em valor, a sardinha e o atum.

Infraestruturas portuárias – existem numerosos portos de mar, geralmente


pequenos e mal equipados, com falta de infraestruturas modernas. Contudo, é

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RESUMO
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de referir o esforço que se tem vindo a realizar no sentido de melhorar alguns


equipamentos, nomeadamente através dos apoios da União Europeia que têm
permitido que alguns portos já possuam infraestruturas mais modernas.
Destacam-se os portos de Matosinhos, Sesimbra, Figueira da Foz, Peniche e
Olhão.

Frota pesqueira – tem vindo a decrescer e predominam as embarcações de


pesca local, pequenas, envelhecidas e obsoletas, incapazes de dar resposta ao
mercado. Tem decrescido mais significativamente a frota de pesca longínqua
em resultado de fatores como:

 Cumprimento das normas comunitárias que visam redimensionar a frota,


adequando-a às disponibilidades de pesca atuais, isto é, a uma gestão mais
harmoniosa dos recursos

 Criação das ZEE, onde a pesca passou a ser mais condicionada

 Dificuldade ou impossibilidade de exercer a atividade piscatória em áreas


onde tradicionalmente exercida, por força da adesão à UE e da Política
Comum de Pescas, que impõem novos condicionalismos.

Mão-de-obra – o número de pescadores tem vindo a diminuir de forma


significa, registando-se o maior número no Norte, Centro e Algarve. A estrutura
etária é envelhecida, com um baixo nível de instrução e uma baixa
produtividade. Têm sido feito esforços no sentido de atrair jovens e melhor a
qualificação, no entanto, estes cursos oferecidos pela UE não têm tido a
adesão esperada.

PCP (Política Comum de Pescas) – criada em 1983, reformada em 2002,


enquadra toda a atividade do setor de pescas em Portugal, desde a nossa
entrada para a UE, resultando em vantagens e desvantagens fruto das
diversas medidas adotadas. O seu objetivo prende-se com garantir que a
exploração dos recursos aquáticos crie condições sustentáveis do ponto de
vista económico, social e ambiental, através de medidas como:

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Limitar a capacidade de pesca, através dos TAC (totais autorizados de


captura)

 Incentivar a renovação e modernização da frota

 Conferir competitividade ao setor da aquicultura

 Implementar normas no que diz respeito à indústria e aos mercados

 Negociar acordos de pesca em pesqueiros externos

2.4.3. A gestão do espaço marítimo

Sobre-exploração dos recursos piscícolas – associado ao crescimento


demográfico e ao aumento do consumo, as técnicas da pesca agressivas e
sofisticadas têm posto em causa alguns stocks, ameaçando a sobrevivência de
algumas espécies.

Poluição marinha – o problema da poluição é sempre preocupante visto que


contamina as águas e consequentemente todos os recursos lá existentes. Tem
várias origens como a descarga de efluentes domésticos e industriais não
tratados, o desaguar dos rios, por vezes poluídos, ou os acidentes por exemplo
com os petroleiros que derramam hidrocarbonetos muito poluentes, ou até as
lavagens ilegais em alto mar dos tanques destes petroleiros.

Pressão urbanística sobre o litoral – que compromete a valiosa orla costeira


fruto nomeadamente:

 Elevação do nível médio do mar, em resultado das alterações climáticas a


nível global

 Diminuição da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral, resultantes


por um lado da subida do nível das águas do mar, e por outro das
atividades humanas como a construção de barragens que retêm os
sedimentos.

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 Degradação antropogénica das estruturas naturais, devido ao pisoteio das


dunas, aumento da escorrência devido às regas, construção de edifícios no
topo das arribas e exploração de areias

 Obras pesadas de engenharia costeira, como as obras portuárias ou outras


obras de defesa costeira

2.4.4. A rentabilização do litoral e dos recursos marítimos

Vigilância das águas nacionais – a conservação e a exploração dos recursos


do mar passa, em primeiro lugar, por uma política de gestão da ZEE que
englobe todas as áreas: pesca, poluição, segurança marítima e exploração do
subsolo. A vigilância marítima deve ser a chave para o controlo e gestão do
oceano, mas não tem sido fácil, em resultado da grande extensão de superfície
a vigiar, e os recursos existentes são insuficientes, tendo de ser aumentado
quer ao nível humano quer técnico.

Racionalização do esforço de pesca – implementação de medidas em


sintonia com a PCP a fim de evitar a degradação dos recursos piscícolas e as
extinção de espécies, definindo quotas de captura, tamanhos mínimos de
captura, e definição e regulamentação de períodos de defeso para as diversas
espécies.

Aquicultura – cultura de espécies aquáticas em ambientes de água doce,


salobra ou marinha, como alternativa para a obtenção de pescado, diminuindo
assim a pressão sobre os stocks marinhos, favorecendo a sua recuperação e
salvando espécies em risco de extinção, bem como repovoar habitats naturais.
Em Portugal predomina a aquicultura salobra e marinha e o regime extensivo
(alimentação natural das espécies), com tendência para o aumento do
intensivo (alimentação artificial) e semi-intensivo (alimentação natural e
artificial). As espécies mais produzidas são a ameijoa, o pregado, a dourada,
as ostras e o robalo, em águas marinhas, e a truta, em água doce.

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Salicultura – a extração do sal também assume importância na medida em


que permite gerar riqueza e aproveitas os recursos que o litoral nos oferece.

Indústria transformadora do pescado – conservas e preparados de sardinha,


atum e cavala; preparação e transformação de pescado congelado em filetes,
postas, marisco e preparações alimentares; salga e secagem do bacalhau; e
subsetor da fumagem são algumas atividades complementares à pesca que
permitem potenciar o setor e melhor aproveitar os recursos existentes,
adicionando valor e gerando riqueza.

POOC (Planos de Ordenamento da Orla Costeira) – instrumentos que


enquadraram e que podem conduzir a uma melhoria, valorização e gestão dos
recursos presentes no litoral, abrangendo uma faixa ao longo do litoral a qual
se designa de zona terrestre de proteção, e tendo como objetivos:

 Ordenar os diferentes usos e atividades específicas da orla costeira

 Classificar as praias e regulamentar o uso balnear

 Valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por motivos


ambientais e turísticos

 Enquadrar o desenvolvimento das atividades específicas da orla costeira

 Assegurar a defesa e conservação da natureza

Turismo – desenvolvimento do turismo balnear, atendendo às características


do clima e da costa, o que permite gerar riqueza e emprego, através de uma
gestão cuidadosa, e potenciar os recursos endógenos.

Energias renováveis – aproveitamento da energia das marés, das correntes


marítimas e das ondas.

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Tema III – Os espaços organizados pela população

3.1. As áreas rurais em mudança

3.1.1. As fragilidades dos sistemas agrários

Espaço rural (1) – conjunto das


áreas dedicadas à agricultura,
criação de gado e floresta. Engloba
os espaços agrícolas e agrários 1
bem como outras atividades não
3
2
ligadas à exploração do solo, como
por exemplo indústrias dispersas,
oficinas, serviços administrativos,
etc.
Espaço agrário (2) – áreas onde o ser humano criou as suas estruturas tendo
em vista a produção agrícola (vegetal e animal). Compreende o espaço
agrícola, as pastagens e florestas, as habitações dos agricultores e as
infraestruturas e equipamentos que se relacionam com a atividade agrícola
(estábulos, armazéns, casas rurais, caminhos, etc.).

Espaço agrícola (3) – espaço ocupado com a produção vegetal e/ou animal,
compreendendo os campos e os prados.

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
𝑹𝒆𝒏𝒅𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑨𝒈𝒓í𝒄𝒐𝒍𝒂 = : 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒊𝒗. 𝑨𝒈𝒓í𝒄𝒐𝒍𝒂 = :
Á𝑟𝑒𝑎 𝑀ã𝑜−𝑑𝑒−𝑜𝑏𝑟𝑎

 Maior produção  Maior RA  Maior produção  Maior PA


 Maior área  Menor RA  Maior mão-de-obra  Menor
PA

Região agrária – região com uma certa homogeneidade ao nível das


características naturais, estrutura fundiária e sistema de cultura.

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DRAP – divisões para efeitos administrativos/coordenativos.

Fatores Condicionantes da Agricultura Portuguesa:

Fatores Naturais:

 Clima (precipitação, temperatura e insolação) – a irregularidade das


chuvas, a coincidência da estação mais quentes com o período seco estival
e a formação de geadas vão influenciar não só as quantidades produzidas,
mas também que tipos de espécies se adaptam a cada tipo de clima.
 Relevo – os declives acentuados facilitam o deslizar dos solos (socalcos
são uma maneira de contornar); a altitude interfere, principalmente, nas
condições de temperatura e humidade, o que obriga a um escalonamento
das culturas.

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 Recursos Hídricos – a maior disponibilidade hídrica associa-se maior


precipitação, bem como o tipo de cultura existente: culturas de regadio
são aquelas que precisam de ser regadas e culturas de sequeiro são
aquelas que apenas se alimentam da precipitação.
 Fertilidade do Solo – os solos graníticos são férteis, os basálticos muito
férteis, os xistosos, argilosos e arenosos são muito pouco férteis e os
calcários são de fertilidade variável.

Fatores Humanos:

 Densidade Populacional – a maior ou menor concentração de população


num dado local influenciará a prática ou não da agricultura, pelo que, por
exemplo, nas cidades a prática agrícola seja nula ou quase nula.
 Passado Histórico – é um dos fatores que permite compreender a atual
ocupação e organização do solo. Aspetos como a maior ou menor
densidade populacional e acontecimentos ou processos históricos
refletem-se nas estruturas fundiárias. A Norte predomina a
fragmentação das propriedades devido a fatores como: relevo
acidentado, abundância de água e fertilidade dos solos; caráter anárquico
do processo da Reconquista e parcelamento de terras pelo clero e nobreza;
elevada densidade populacional; e sucessiva partilha de heranças
beneficiando igualmente todos os filhos. A Sul predominam as grandes
propriedades devido sobretudo ao relevo mais ou menos aplanado, clima
mais seco e menos fertilidade natural dos solos; à feição mais organizada
da Reconquista e à doação de vastos domínios aos nobres e ordens
religiosas e militares; e à aquisição por parte de burgueses endinheirados,
de vastas propriedades da nobreza e do clero, no século XIX.
 Estrutura fundiária – dimensão e forma das propriedades rurais, que
condiciona, portanto, as quantidades produzidas.
 Finalidade da produção – quando a produção se destina ao autoconsumo,
as explorações são geralmente de menor dimensão e com grande
variedade de produtos produzidos (policultura) e continuam a utilizar
técnicas mais artesanais; quando a produção se destina ao mercado, as

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explorações tendem a ser de maior dimensão e mais especializadas em


determinados produtos (monocultura), utilizando tecnologias modernas.
 Tecnologias e práticas usadas – tecnologias mais modernas ou mais
tradicionais influenciam quantidades produzidas e qualidade da produção.
 Políticas agrícolas – estas orientações e medidas legislativas (nacionais
ou comunitárias), são fatores muito importantes na medida em que
influenciam as opções dos agricultores relativamente aos produtos
cultivados; regulamentam práticas agrícolas, como a utilização de produtos
químicos; criam incentivos financeiros; apoiam a modernização das
explorações; etc.

Estrutura agrária – forma como de organiza o espaço rural: povoamento,


morfologia agrária e sistema de cultura.
Entre Douro e
Desordenado Minho, Algarve
Litoral e Madeira
Disperso
Alinhado Região de Aveiro

Aglomerado Trás-os-Montes,
(Pequenas aldeias Beira Interior,
Povoamento próximas) Serra Algarvia

Concentrado
(Grandes aldeias Alentejo
muito afastadas)

Beira Litoral e
Misto Trás-os-Montes

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Sistema Intensivo Sistema Extensivo


Ocupação do Solo
Ocupação contínua do espaço Ocupação descontínua do espaço
agrícola agrícola
Culturas de regadio Culturas de sequeiro
Campos irregulares, pequenos e
Campos regulares, grandes e abertos
fechados
Povoamento disperso Povoamento concentrado
Plano Técnico
Policultura Monocultura
Mão-de-obra abundante Pouca mão-de-obra
Pouca utilização de máquinas, dada
a diversidade de culturas e a Mais mecanizada
pequena dimensão das explorações
Uso de irrigação e fertilização Uso do afolhamento e rotação de
intensiva culturas, com ou sem pousio
Plano Económico
Rendimentos mais baixos no sistema
Rendimentos elevados tradicional (pousio) e mais elevados
no sistema moderno (sem pousio)
Custos de produção elevados Custos de produção baixos (pouca
(grande diversidade de culturas) diversidade de culturas)
Produtividade baixa, que é Elevada produtividade,
compensada pelo elevado valor especialmente em explorações
unitário modernas
Regiões onde predominam
Noroeste, Beira Litoral, Ribatejo e Alentejo e algumas regiões do Norte
Oeste, na Madeira e Açores (alguns) Interior
Escassez de recursos hídricos, solo
Regiões pluviosas, solo fértil
pobre, relevo aplanado
Forte densidade populacional Fraca densidade populacional

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Importância da agricultura para a economia nacional – Em Portugal, a


agricultura é uma atividade económica cuja contribuição para a criação de
riqueza expressa, por exemplo, no Produto Interno Bruto e no Valor
Acrescentado Bruto, tem vindo a decrescer. Deve-se essencialmente, ao
desenvolvimento das atividades dos sectores secundário e terciário, cuja
participação aumentou muito e tende a crescer, sobretudo a do sector terciário.
O sector agrícola, no entanto, mantém ainda algum peso na criação de
emprego e detém uma grande importância na ocupação do espaço e na
preservação da paisagem, constituindo mesmo a base económica essencial de
algumas áreas acentuadamente rurais do país.

Superfície Agrícola Utilizada (SAU) – conjunto das terras aráveis, culturas


temporárias, pastagens permanentes e hortas familiares.

Exploração Agrícola – unidade técnico-económica que obedece às seguintes


condições: produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas
e ambientais as terras não utilizadas para fins produtivos; atingir ou ultrapassar
uma certa dimensão (área, número de animais); estar submetida a uma gestão
única; e estar localizada num local bem determinado e identificável.

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Culturas temporárias – culturas cujo ciclo vegetativo não excede um ano e as


que não sendo anuais são ressemeadas em intervalos não superiores a 5
anos.

Terras aráveis – conjunto das culturas temporárias e do pousio.

Culturas permanentes – culturas que ocupam o solo durante um longo


período e fornecem repetidas colheitas (excluem-se as pastagens
permanentes).

Pastagens permanentes – superfícies semeadas ou espontâneas, em geral


herbáceas, destinadas à alimentação do gado no local em que pastam. Não
estão incluídas numa rotação de culturas e ocupam o solo por um período
superior a 5 anos.

Horta familiar – cultura de produtos hortícolas ou frutos destinados ou


autoconsumo, em superfícies de pequena dimensão.

Culturas predominantes em cada região:

Entre Douro e Minho – culturas temporárias, pastagens permanentes

Trás-os-Montes – culturas permanentes

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Beira Litoral – culturas temporárias

Beira Interior – pastagens permanentes, culturas temporárias

Ribatejo e Oeste – culturas temporárias, pastagens permanentes

Alentejo – pastagens permanentes, culturas temporárias

Algarve – culturas permanentes

Principais produções na ótica das regiões:

Açores – pastagens permanentes

Madeira – culturas permanentes

3.1.2. As principais produções

1. Produção vegetal

Cereais:

Trigo – cereal de sequeiro, sistema extensivo, predomina no Alentejo,


seguido de Trás-os-Montes e Ribatejo e Oeste.

Milho – cereal de regadio, predomina no Entre Douro e Minho, Beira


Litoral e Ribatejo e Oeste.

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Arroz – exige para a sua produção solos alagados e temperaturas


elevadas, localizando-se as suas áreas de produção nas planícies aluviais dos
principais rios portugueses: Mondego, Tejo e Sado.

Batata – produto de grande relevância na dieta portuguesa, predominando na


Beira Litoral, Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes e Ribatejo e Oeste.

Vinha – cultivada um pouco por todo o país.

Azeite – dos produtos mais importantes a nossa agricultura, predominando no


Alentejo, Trás-os-Montes e Alto Douro.

Culturas industriais:

Tomate – predomina no Alentejo e no Ribatejo e Oeste.

Girassol – predomina no Alentejo e no Ribatejo e Oeste.

Beterraba-sacarina – predomina no Alentejo e no Ribatejo e Oeste.

Tabaco – predomina na Beira Interior.

Fruticultura – existe um pouco por todo o país, destacando-se a produção de


citrinos e frutos secos no Algarve, e de frutos subtropicais na Madeira.

Horticultura – predomina no Ribatejo e Oeste e no Algarve.

Floricultura – produção de flores, predomina no Ribatejo e Oeste e na


Madeira, que tem produção de espécies subtropicais.

2. Produção Animal

Gado bovino – tem vindo a registar um aumento significativo da sua produção,


destacando-se as regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral, em sistema
intensivo ou misto, e os Açores para a produção de leite.

Gado ovino e caprino – em regime extensivo, adaptando-se bem a regiões de


clima árido e pastagens pobres, predomina no interior e no sul.

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Suinicultura – tem registado um aumento significativo em moldes industriais,


destacando-se o Ribatejo e Oeste com quase 50% da produção nacional.

Avicultura – encontra-se por todo o país, em especial no litoral, junto aos


grandes mercados de consumidores.

3. Produção florestal

Importância da floresta – ocupa cerca de 35% do território nacional e há


muitas possibilidades de expansão. É importante no que toca à produção de
papel, cartão, pasta de papel, cortiça, madeira e produtos de resina,
contribuindo aproximadamente, juntamente com as atividades ligadas à
exploração, para 3% do VAB, criando milhares de postos de trabalho.

Principais espécies da floresta portuguesa – são elas o eucalipto, o pinheiro


bravo e o sobreiro, ocupando quase 72% da área de floresta, no seu total.

 Eucalipto
o Espécie de crescimento rápido e muito utilizada na produção de pasta
de papel de qualidade
o Esgota os solos
Forte polémica
o Diminui as reservas hídricas
 Sobreiro
o É muito importante por causa da cortiça
o Tem um peso muito importante na economia nacional
 Pinheiro-bravo
o É o principal sustentáculo da indústria de serração e aglomerados
o No entanto, a sua área tem decrescido fruto dos incêndios florestais e
da doença do nemátodo da madeira do pinheiro

Problemas da floresta portuguesa:

 Estrutura fundiária – propriedades de pequena dimensão e muito


fragmentadas

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 Gestão e ordenamento da floresta – falta de planeamento na gestão dos


recursos florestais, associada ao abandono de propriedades, ao
desconhecimento e à falta de qualificação dos proprietários, o que dificulta a
introdução de novas metodologias técnicas.
 Arborização – predominância de plantações monoculturais utilizando
espécies invasoras em substituição de espécies autóctones.
 Risco de incêndio – o despovoamento das áreas rurais, a falta de limpeza
das matas, as alterações climáticas e os fenómenos naturais extremos
potenciam o risco de ocorrência de incêndios, responsáveis pela destruição
da floresta.

Soluções:

 Reorganização da estrutura fundiária – com incentivo ao


emparcelamento.
 Prevenção de incêndio – com a limpeza dos matos, a proibição das
queimadas, uma maior e eficaz vigilância, as campanhas publicitárias de
sensibilização à prevenção, mais e melhores maios e combate aos
incêndios.
 Reflorestação – plantação de novas árvores mais resistentes a pragas e
incêndios, após o abate ou queima do coberto florestal.

Localização espacial das várias espécies:

 Pinheiro Bravo – Centro e Norte


 Pinheiro Manso – Alentejo, Lisboa e Algarve
 Sobreiro e Azinheira – Sul, nomeadamente no Alentejo
 Castanheiro – Norte
 Carvalho – Norte e Centro
 Eucaliptal – todo o território, Centro onde mais se tem expandido

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3.1.3. As deficiências estruturais do setor agrícola

Estrutura fundiária – Microfúndios até 1 ha, Minifúndios até 10 ha, Média


dimensão de 10ha a 50ha, e Latifúndios superior a 50ha. Predomina em
Portugal os minifúndios, e é no Alentejo que a dimensão média das
explorações é maior e na Madeira onde é menor.

Superfície regada – superfície agrícola da exploração ocupada por culturas


temporárias principais, culturas permanentes e prados e pastagens
permanentes (exclui a horta familiar e as estufas) que foram regadas pelo
menos uma vez no ano agrícola.

Exploração agrícola de sequeiro – exploração onde a área de regadio é


inferior a 25% da respetiva SAU.

 A superfície regada tem vindo a diminuir e à exceção de EDM e RAM


onde predominam sempre as explorações de sequeiro.
 Todas as regiões à exceção do Alentejo apresentaram uma tendência
de decréscimo da superfície regada.
 É na sequência de diversos investimentos no Alentejo no sentido de
aumentar a disponibilidade hídrica da região (ex. Barragem do Alqueva)
que a sua superfície regada aumentou consideravelmente.

Rega por gravidade – sistema de rega em que a água é distribuída pelas


parcelas, sem pressão, utilizando apenas o desnível existente. É a rega que
predomina nas pastagens permanentes.

Rega por aspersão – método de rega no qual a água é distribuída


uniformemente e com uma pressão apropriada, sob a forma de chuva. É a rega
que predomina nas terras aráveis (culturas temporárias e pousio).

Rega gota a gota – método de rega localizada em que a água é aplicada


diretamente ao nível das raízes das plantas, com débitos reduzidos e baixa
pressão. É a rega que predomina nas culturas permanentes.

 Em termos totais, os diversos tipos de rega estão equilibrados,


destacando-se ligeiramente a rega por aspersão com 36%.

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Mecanização da Agricultura – apresenta algumas dificuldades como:

 Propriedades pequenas (micro e minifúndios)


 Propriedades divididas em blocos e parcelas
 Irregularidade do terreno
 Falta de capital
 Sistema de cultura praticado (se usa mais mão-de-obra ou se é mais
mecanizado)
 Características da população agrícola

Em 2009, 6 em cada 10 explorações possuíam tratores (média 0,6). As regiões


do Alentejo e do Ribatejo e Oeste apresentam um maior número médio de
tratores por exploração, devido a:

 Propriedades de média e grande dimensão


 Regularidade do terreno
 Sistema de cultura praticado
 Etc.

Formas de Exploração da SAU – existem 3 tipos de exploração da SAU:

 Conta própria (quando é o próprio proprietário a explorar)


o O proprietário escolhe e investe nos meios técnicos que
considera mais adequados
o O proprietário promove a articulação entre a agricultura e outras
atividades
o São desenvolvidas atividades locais de preservação da paisagem
e do património
o É a forma de exploração predominante.
 Arrendamento (quando o produtor paga uma renda ao proprietário)
o Evita o abandono das terras (pelo menos aquelas que o
proprietário não quer explorar)
o Mas, pode levar a um trabalho menos cuidado por parte dos
arrendatários, que nem sempre estão interessados na máxima
valorização da terra

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 Outras formas (cooperativas)


o Maior capital para investir
o Maior desenvolvimento de ideias
o Maior facilidade de acesso ao crédito
o Maior poder de negociação
o Maior acesso à informação
o No entanto, a falta de honestidade de muitos produtores e a
corrupção levam à falência de muitas destas sociedades.

Natureza jurídica dos produtores:

 Nas explorações até 5ha (micro e minifúndios) predominam os produtores


agrícolas singulares, o que significa uma grande representatividade da
agricultura familiar.
 Nas explorações de maior dimensão (média dimensão e latifúndios)
predominam as sociedades agrícolas, no entanto, apenas representam 2%
do total.
 Em geral, predominam de longe os produtores singulares.

Produtor agrícola singular – responsável jurídico e económico da exploração


que retira os benefícios e suporta as perdas eventuais, tomando todo o tipo de
decisões e utilizando mão-de-obra familiar – pessoas pertencentes ao
agregado doméstico do produtor que trabalham na exploração, bem como os
membros da família do produtor que não pertencendo ao seu agregado
doméstico trabalham regularmente na exploração.

Sociedade agrícola – entidade jurídica, constituída por mais do que um


produtor, responsável por uma determinada exploração agrícola, recorrendo
sobretudo a mão-de-obra assalariada.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

3.1.4. As características da população agrícola

Concentração:

 A maior parte da população agrícola concentra-se no Norte, onde


predominam os sistemas de cultura intensivos que utilizam um maior
número de mão-de-obra. As regiões com um sistema de cultura mais
extensivo apresentam menores valores.

Tipo de mão-de-obra:

 Predomina a mão-de-obra familiar, em termos do tipo de mão-de-obre


utilizada na exploração agrícola. Dentro da mão-de-obra familiar é o
produtor e o seu cônjuge que têm maior expressão.

 Entre 1999 e 2009 verificou-se um decréscimo geral de 36% da população


agrícola familiar devido ao desaparecimento de explorações e redução da
dimensão média do agregado familiar do produtor.

Escolaridade:

 É baixa na sua generalidade, com grande parte da população sem


quaisquer níveis de instrução ou com muito poucos.
 O Ribatejo e Oeste é a região agrária com maiores níveis de instrução.
 A RA Madeira é a região agrária com menores níveis de instrução.
Estrutura etária / género:

 Apenas 1/3 dos produtores singulares é que são mulheres.


 A média nacional de idades é muito elevada.

Rendimentos:

 Apenas 21% dos produtores trabalham a tempo completo na exploração.


 Em Portugal são numerosas as explorações agrícolas que não asseguram a
totalidade dos recursos do grupo familiar que nelas vive, pelo que leva os
produtores a recorrer à pluriatividade e ao plurirrendimento.

Pluriatividade – trabalho simultâneo na agricultura e noutras atividades.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Plurirrendimento – acumulação de rendimentos provenientes de diversas


atividades, consequência da pluriatividade.

Consequências das características da população agrícola – estas


características da população, principalmente o seu envelhecimento e baixo
nível de formação profissional constituem um entrave ao desenvolvimento da
agricultura, mas medida em que condicionam:

 A adesão à inovação (tecnologia, métodos de cultivo, práticas amigas do


ambiente, etc.)
 A capacidade de investir e arriscar
 A adaptação às normas comunitárias de produção e de comercialização.

3.1.5. A gestão e utilização do solo arável

Dimensão económica (DE) – é definida com base no VPPT da exploração,


sendo expressa em euros. As explorações podem ser classificadas, segundo a
DE, em explorações muito pequenas, inferior a 8.000€; explorações pequenas,
de 8.000€ a menos de 25.000€; explorações médias, de 25.000€ a menos de
100.000€; e explorações grandes, iguais ou superiores a 100.000€. As
explorações de grande DE predominam no ALE e no RO, e no resto do país
predominam as explorações pequenas e muito pequenas.

Valor de produção padrão total (VPPT) da exploração – corresponde ao


valor monetário total das atividades, obtido a partir dos preços de venda à porta
da exploração.

Orientação técnico-económica (OTE) de uma exploração – determina-se


avaliando a contribuição de cada atividade para a soma do VPPT dessa
exploração. Segundo a OTE, as explorações podem classificar-se em
especializadas ou indiferenciadas/combinadas.

Balança Comercial dos Produtos Agrícolas – a Balança Comercial dos


Produtos Agrícolas é deficitária.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Grau de autoaprovisionamento – coeficiente, traduzido em percentagem,


dado pela razão entre a produção interna (exclusivamente obtida a partir de
matérias-primas nacionais) e a utilização interna nacional; mede para um dado
produto o grau de dependência de um território, relativamente ao exterior
(necessidade de importação), ou a sua capacidade de exportação.

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑎𝑝𝑟𝑜𝑣𝑖𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑋100
𝑈𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎

 Seguindo este grau, Portugal é autossuficiente nos seguintes produtos:


o Azeitona o Ovos
o Arroz o Manteiga
o Vinho o Leite
 E sofre de grande dependência exterior nestes produtos:
o Cereais
o Outros produtos agropecuários (batata, girassol, carnes, leguminosas
secas, girassol…)
o Açúcar
 Há um forte potencial de exportação no que toca a:
o Vinho o Flores
o Azeite o Frutas
o Hortícolas o Concentrado de tomate

Fragilidades da Agricultura Portuguesa:

1. Regiões desfavorecidas para a atividade agrícola


 Portugal tem 86,6% da SAU classificada como área desfavorecia,
área esta que inclui áreas de montanha, as regiões autónomas e
outras áreas.
 Só a faixa litoral do Norte e do Centro, o Ribatejo e Oeste e a faixa
litoral do Algarve é que são área favorecida (13,4% da SAU).
2. Fraca aptidão agrícola dos solos
 Portugal tem os valores mais desfavoráveis entre os países do sul,
com 66% dos seus solos de baixa qualidade.
 Apenas 25% dos solos têm boa aptidão agrícola.

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RESUMO
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 No entanto, 60% dos solos apresentam muito boa aptidão florestal,


no entanto, e sua utilização está muito abaixo desse valor.
 Ao longo dos anos, a floresta tem vindo a aumentar.
3. Vulnerabilidade da atividade agrícola às alterações climáticas
 Os fenómenos atmosféricos extremos (ondas de calor, vagas de frio,
secas, tornados, etc.) destroem culturas e infraestruturas.
4. Índice de aridez
 As áreas suscetíveis à desertificação aumentaram de 36% para 58%
da superfície continental.
 O Sul e o Interior são as regiões mais suscetíveis, em detrimento do
Norte e do Litoral.

Desertificação – conceito relativo ao empobrecimento do solo,


associado às áreas mais áridas, como sucede no sul do país.

5. Reduzida dimensão física das parcelas


 Predominam as parcelas de reduzida dimensão, o que interfere na
produtividade na medida em que não permite uma maior utilização
de máquinas agrícolas.
6. Decréscimo da superfície irrigada
 À exceção do Alentejo, as restantes regiões do país verificaram
um decréscimo da superfície regada, o que se poderá traduzir num
menor rendimento agrícola por hectare.
7. Reduzida produtividade da mão-de-obra agrícola
 As características etárias e profissionais dos agricultores
portugueses condicionam toda a agricultura, bem como constituem
um entrave ao aumento da produtividade.
8. Explorações muito pequenas no que respeita à dimensão económica
 A grande maioria das explorações agrícolas são muito pequenas,
contribuindo muito pouco para o VPPT fruto de:
o Fraca capacidade de modernização
o Défice de gestão empresarial
o Dificuldades de financiamento

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RESUMO
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o Fraca aposta no valor acrescentado dos produtos


o Fraca aposta no marketing e publicidade.
9. Balança comercial deficitária de produtos agrícolas
 O fraco grau de autoaprovisionamento de muitos produtos, leva à
existência de um grande valor de importações que não consegue
ser compensado pelas exportações, fragilizando, assim, a
agricultura portuguesa.
10. Fraca aposta nos sistemas de qualidade
 É necessária a criação de sistemas de marca ou rotulagem para
identificação da origem e qualidade dos produtos.

3.1.6. A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

PAC – Política Agrícola Comum, ou seja, uma política criada para proporcionar
aos cidadãos da União Europeia alimentos a preços acessíveis e garantir um
nível de vida equitativo aos agricultores. A política foi sofrendo alterações ao
longo dos tempos para fazer face aos diferentes desafios e circunstâncias
internacionais e comunitárias.

Grande Objetivo da PAC – não permitir que a Europa volte a passar pela
situação de fome e privação do pós-guerra.

3 fases da PAC:

2ª Fase (1ª e 2ª 3ª Fase (3ª e 4ª


1ª Fase (1962)
reformas) reformas)
• A PAC levou a • A PAC foi alterada • A PAC alargou o
europa da e adaptada para papel dos
escassez alimentar fazer face a novos agricultores na
à abundância. desafios ligados à promoção do
sustentabilidade e desenvolvimento
ao ambiente. rural, para além da
produção
alimentar.

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Henrique Silva Santos

3 princípios fundamentais do 1º pilar da PAC:

 Mercado Unificado – livre circulação de produtos agrícolas no território


dos estados-membros.
 Preferência Comunitária – proteção do mercado interno comunitário
face aos produtos importados de países terceiros a preços baixos e face
às grandes flutuações de preços no mercado mundial.
 Solidariedade Financeira – todas as despesas e gastos resultantes da
aplicação da PAC são suportados pelo Orçamento Comunitário.

Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) – fundo criado


com a função de financiar as medidas proclamadas pela PAC, surgindo com
duas secções:

FEOGA garantia – que suporta as despesas decorrentes do


funcionamento da componente de preços e mercados.

FEOGA orientação – que se destinava ao financiamento da


componente estrutural da PAC.

Em 2007, o FEOGA é substituído pelo FEAGA (Fundo Europeu de


Garantia) e pelo FEADER (Fundo Europeu Agrícola para o Desenvolvimento
Rural).

A PAC de 1962

Antecedentes:

 A destruição causada pelo conflito militar da 2ª Guerra Mundial, com


especial destaque na Europa.
 A crise de escassez de alimentos na Europa que se sucedeu à guerra.

Objetivos:

 Aumentar a produtividade e a produção;


 Assegurar um nível de vida equitativo aos agricultores;
 Estabilizar o mercado;

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RESUMO
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 Garantir a segurança nos abastecimentos;


 Assegurar preços razoáveis aos consumidores.

Medidas Adotadas:

 Concessão de fundos para aumentar a produção


 Concessão de fundos para modernizar a agricultura
 Aplicação de taxas aduaneiras para encarecer os produtos estrangeiros

Efeitos:

 Aumento da produção agrícola


 Autossuficiência alimentar
 Melhoria da produtividade e do rendimento dos agricultores

A Crise de 70 e 80:

Efeitos negativos da PAC:

 Criação de excedentes (mais oferta que procura)


 Elevado peso da PAC no OC
 Tensões com os parceiros mundiais pelas medidas protecionistas
 Degradação ambiental (excesso de químicos)

Cenário geral:

 “A PAC foi vítima do seu próprio êxito”


 Resultados “demasiados bons” das políticas, que levaram a sobreprodução

Medidas tomadas para abrandar a crise:

 1984 – Sistema de quotas


 1988 – Set-aside: sistema de retirada de terras aráveis – medidas para
reduzir a quantidade de terras cultivadas,
 1988 – Alargados a um maior nº de sectores, os estabilizadores agro
orçamentais – fixação das quantidades máximas garantidas (QMG) e das

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RESUMO
Henrique Silva Santos

condições de descida automática dos preços na proporção da


quantidade excedida

Conclusão:

 Foi necessária uma reforma estrutural da PAC, reforma essa que altera por
completo a orientação seguida até então

A 1ª Reforma (1992)

Antecedentes:

 A PAC estava desatualizada face aos acontecimentos recentes


 Estava instaurada uma crise de sobreprodução que poderia levar a uma
nova ruína da Europa

Objetivos:

 Equilibrar a oferta e a procura de produtos agrícolas


 Reduzir o preço dos produtos junto do consumidor
 Diminuir os encargos comunitários com o setor agrícola
 Incentivar as práticas agrícolas ambientalmente menos agressivas
 Apoiar as explorações de caráter familiar

Medidas Adotadas:

 Fomento da Agricultura Biológica


 Reforço das medidas adotadas durante a crise de 70 e 80 – set-aside,
sistema de quotas, QMG e condições de descida automática dos preços
 Concessão de reformas antecipadas a agricultores com mais de 55 anos
 Atribuição de incentivos financeiros a agricultores empenhados em aplicar
práticas agrícolas pouco poluentes
 Apoio à reconversão de terras agrícolas em florestais

Efeitos:

 Equilíbrio da oferta e da procura

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Concretização de outros objetivos, mas persistência de problemas como:


o A ineficiência na aplicação dos apoios
o A intensificação dos problemas ambientais
o O acentuar das diferenças de rendimentos entre agricultores

A 2ª Reforma (1997/2000 - Agenda 2000)

Antecedentes:

 Conjuntura internacional – insatisfação para com as políticas protecionistas


 Alargamento da UE aos países da Europa Central e Oriental
 Preparação para a moeda única
 Crescente competitividade dos produtos de países terceiros
 Nova ronda de negociações da Organização Mundial do Comércio

Objetivos:

 Reforçar a competitividade dos produtos


 Promover um nível de vida equitativo e digno para a população agrícola
 Criar trabalho de substituição e outras fontes de rendimento para os
agricultores
 Definir uma nova política de desenvolvimento rural (2º pilar da PAC)
 Incorporar na PAC considerações de natureza ambiental e estrutural mais
amplas
 Melhorar a qualidade e segurança dos alimentos
 Simplificar a legislação agrícola e a descentralização da sua aplicação.

Medidas Adotadas:

 Incentivo ao foco dos agricultores no mercado


 Simplificação da legislação
 Criação de trabalho de substituição e outras fontes de rendimento para os
agricultores

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Efeitos:

 As medidas surtiram efeitos e os objetivos foram até alcançados, mas foi


necessário aprofundar estas metas numa nova reforma.

Desenvolvimento Rural (2º pilar da PAC) – os objetivos que não se inserem


na política de mercado foram reunidos no âmbito do desenvolvimento rural (2º
pilar da PAC):

 Criação de um setor agrícola e silvícola forte;


 Aumento da competitividade das áreas rurais;
 A preservação do ambiente e do património rural.

O desenvolvimento rural visa, então:

 A modernização das explorações agrícolas;


 A segurança dos produtos alimentares;
 A segurança de rendimentos estáveis e equitativos para os agricultores;
 Fomentar a consideração pelos desafios ambientais;
 O desenvolvimento de atividades complementares e/ou alternativas para
atenuar/impedir o êxodo rural e reforçar o tecido económico e social nas
áreas rurais;
 Valorizar a população ativa agrícola através do apoio à instalação de
jovens agricultores, de reformas antecipadas e de formação;
 A melhoria das condições de vida e de trabalho da população;
 A promoção da igualdade de oportunidades.

A 3ª Reforma (2003)

Antecedentes:

 As medidas implementadas em 1999 não foram suficientes para resolver os


problemas da falta de competitividade no mercado mundial, a desigualdade
na repartição de apoios e a pressão ambiental.

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Geografia A 10º/11º
RESUMO
Henrique Silva Santos

 Ao mesmo tempo, surgiram novos desafios a que a PAC terá de responder

Objetivos:

 Aumentar a competitividade da agricultura europeia, face às perspetivas de


expansão do mercado mundial;
 Resolver o deficiente ordenamento do espaço rural;
 Consciencializar a necessidade de afirmação e valorização da diversidade
da agricultura europeia;
 Equacionar o alargamento da União, em 2004, a estados em cujas
economias o setor agrícola tem ainda uma importância significativa;
 Defender a PAC nas negociações internacionais no quadro da OMC -
organização mundial de comércio.

Medidas Adotadas:

 Pagamento único por exploração para os agricultores, independentemente


da produção
 Reforço das medidas comunitárias de apoio ao desenvolvimento rural
 Regime de condicionalidade, que visa conservar a paisagem rural, através
de normas ambientais, de segurança alimentar, ou saúde e bem-estar dos
animais
 Regime de modulação para o financiamento do desenvolvimento rural, que
se traduzirá no decréscimo dos pagamentos diretos às explorações de
maior dimensão
 Novo sistema de aconselhamento agrícola
 Estabilização dos mercados e aperfeiçoamento das organizações comuns
de mercado

Efeitos:

 Concretizaram-se objetivos, mas foi necessário em 2008 realizar um


“Exame de Saúde da PAC”.

“Exame de Saúde da PAC” de 2008 (melhorar a competitividade)

 Simplificação do pagamento único


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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Medidas de mercado
 Novos desafios de mercado
 Gestão do risco
 Reforçar a reforma de 2003

A 4ª Reforma (2013/2014)

Antecedentes:

 A UE sente necessidade de fazer uma escolha estratégica para o futuro a


longo prazo da sua agricultura e áreas rurais.

Objetivos:

 Produção alimentar viável


 Gestão sustentável dos recursos naturais e alterações climáticas
 Desenvolvimento territorial equilibrado

Medidas Adotadas (3 para cada objetivo):

 Contribuir para os rendimentos agrícolas e limitar a sua variabilidade


 Melhorar a competitividade do setor agrícola e aumentar a sua quota de
valor na cadeia alimentar
 Compensar as dificuldades de produção em áreas com condicionantes
naturais específicas
 Garantir as práticas de produção sustentáveis e o fornecimento melhorado
de bens públicos ambientais
 Promover o crescimento ecológico através da inovação
 Prosseguir as ações de mitigação das alterações climáticas e de adaptação
às mesmas, permitindo assim que a agricultura responda às alterações
climáticas
 Apoiar o emprego rural e preservar o tecido social das áreas rurais
 Melhorar a economia rural e promover a diversificação

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Geografia A 10º/11º
RESUMO
Henrique Silva Santos

 Permitir a diversidade estrutural dos sistemas de produção agrícola,


melhorar as condições de vida para as pequenas explorações e
desenvolver os mercados locais

Efeitos:

 Reforma ainda em curso


 Prevê-se que venha a ser benéfica, principalmente no caso português.

Resumo da PAC

Gerações de Agricultores:

 1ª Geração (1962 – 1991)


o Muito tradicionais
o Envelhecidos
o Filhos pouco voltados para a agricultura

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 2ª Geração (1992 – 2007)


o Excesso de produção
o Questão da qualidade dos alimentos, a segurança dos mesmos e o
bem-estar animal
o Consciencialização de outras responsabilidades como a proteção do
ambiente e a preservação dos recursos naturais

 3ª Geração (2008 – …)
o Concilia o papel de agricultor, protetor da paisagem e empreendedor
o Mais orientados para o mercado
o Estimulam a economia rural
o Desenvolvem outras atividades como o turismo rural
o Contribuem para garantir o futuro das próximas gerações de
agricultores

Integração da Agricultura Portuguesa na PAC – com a adesão à UE, a


agricultura portuguesa foi enquadrada por uma política e uma organização
comum, que provocaram mudanças estruturais neste setor produtivo e na
economia nacional. As explorações portuguesas eram muito pequenas, com
baixos níveis de produtividade (20% da população entregue para 9% de
contribuição no PIB). Na sequência do pedido de adesão de Portugal, houve
uma integração em duas etapas:

 A 1ª até 1990  Portugal não esteve sujeito às regras de preços e


mercados da PAC. Ao mesmo tempo, o país beneficiou de um programa de
incentivos financeiros, o PEDAP – programa específico de desenvolvimento
da agricultura portuguesa – visando uma modernização acelerada nos
primeiros de adesão, para enfrentar a posterior abertura ao mercado
europeu. Verificou-se, então as seguintes melhorias:

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o Melhorou as infraestruturas rurais, como a eletrificação e os


caminhos;
o Modernizou os sistemas de rega;
o Promoveu a formação profissional;
o Fomentou o associativismo agrícola;
o Melhorou as estruturas de produção e as condições de transformação
e comercialização de produtos.

 A 2ª etapa, que deveria terminar em 1995, foi marcada pela concretização


do Mercado Único (1993) que, ao permitir a livre circulação de produtos,
expôs prematuramente o mercado português à concorrência externa. Foi
também marcada pela reforma da PAC em 1992.

Consequências negativas:

 Sofreu limitações à produção, na sequência de um excesso de produção


para que não havia contribuído;
 Sofreu com o set-aside (não somos excedentários em cereais);
 Os investimentos nos projetos cofinanciados por fundos comunitários
levaram ao endividamento dos agricultores, agravado pelas taxas de juro
bancárias.
 Foi desfavorecida pelo sistema de repartição de apoios, feito em função do
rendimento médio e da área de exploração, que continuou a beneficiar
essencialmente alguns setores e os países que mais produziam.

Consequências positivas:

 Os subsídios diretos garantem maior estabilidade dos rendimentos dos


agricultores, que ficarão menos dependentes da instabilidade dos
mercados.
 O número de explorações diminuiu quase 40%, enquanto a dimensão
média aumentou de 6,3 para 9,3 ha (emparcelamento).
 O investimento em infraestruturas fundiárias, tecnologias e formação
profissional melhoraram substancialmente com os apoios PEDAP até 1995

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RESUMO
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e do PAMAF – programa de apoio à modernização agrícola e florestal


(1994-1999).
 O aumento da quota de produção do trigo duro, dos efetivos animais e da
extensão da área irrigada no setor dos cereais, bem como do aumento dos
limites dos prémios do setor pecuário.
 O financiamento das medidas para as zonas desfavorecidas passou a ser
feito pelo FEOGA-Garantia, libertando meios do FEOGA-Orientação.

Medidas para potencializar o Setor Agrícola:

 Modernização dos meios de produção e de transformação dos


produtos
o Introdução de máquinas
o Divulgação de técnicas modernas de cultivo e transformação de
produtos
o Construção e melhoramento de infraestruturas
 Especialização produtiva
o Introdução de novas culturas
o Desenvolvimento de culturas tradicionais
o Adaptar o tipo de culturas de acordo com as condições naturais e
com a procura do mercado
 Promoção de sistemas de produção amigos do ambiente
o Garantir a conservação dos recursos naturais
o Produzir produtos de qualidade

Agricultura Biológica

 Modo de produção que visa produzir alimentos e fibras têxteis de


elevada qualidade, saudáveis, ao mesmo tempo que promove práticas
sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema agrícola.
 Não utiliza quaisquer fertilizantes ou produtos químicos
 Em Portugal, a agricultura biológica tem vindo a crescer e a
desenvolver-se cada vez mais, sendo a Beira Interior (14,4%) e o

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RESUMO
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Alentejo (7,1%) as regiões com mais proporção de SAU utilizada para a


agricultura biológica.
 Neste sistema, predomina as pastagens com mais de metade, no que
toca aos tipos de cultura.
 Em termos animais, predominam os ovinos, bovinos e aves.
 Promoção do associativismo
o Organizar os agricultores em cooperativas e associações
o Partilhar recursos, rentabilizar custos de produção, difundir
conhecimentos e obter melhores condições de acesso a
financiamento
o Promover a divulgação dos produtos e a sua comercialização
 Valorização dos recursos humanos
o Rejuvenescimento da população
o Aumento do nível de instrução e qualificação profissional
o Apoios à instalação de jovens agricultores
 Incentivo ao emparcelamento
o Aumentar a dimensão das parcelas
o Contrariar a fragmentação da propriedade

Emparcelamento – junção de várias parcelas de diferentes proprietários numa


só, através de compra, venda ou troca.

3.1.7. As novas oportunidades para as áreas rurais

(Re)descoberta da multifuncionalidade do espaço rural:

 Só Lisboa, RA Madeira e o Porto é que são consideradas regiões


predominantemente urbanas (população rural < 20%).
 Regiões intermédias (população rural entre 20% e 50%) são apenas o
Algarve e outras regiões do Norte Litoral.
 O resto do país é todo considerado região predominantemente rural
(população rural > 50%).
 Assim, Temos dois tipos de áreas rurais:

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Geografia A 10º/11º
RESUMO
Henrique Silva Santos

 Áreas rurais junto aos grandes centros urbanos


o Forte dinamismo económico
o Áreas densamente povoadas e urbanizadas
o Ocupadas por atividades ligadas a outros setores de atividade
o Agricultura mais moderna e voltada para o mercado

 Áreas rurais afastadas dos grandes centros urbanos


o Envelhecimento demográfico
o Despovoamento
o Baixo nível de instrução e qualificação da mão-de-obra
o Oferta insuficiente de serviços e equipamentos
o Baixo nível de vida da população
o Consequentemente:
 Abandono da atividade agrícola
 Desvitalização económica das regiões
 Diminuição da capacidade da atrair e fixar população

 Há então que procurar valorizar estas regiões que encerram um grande


potencial endógeno, através do desenvolvimento de outras atividades
como:
o Turismo o Serviços
o Silvicultura o Produções locais de qualidade
o Indústria o Energias renováveis

 Isto visto que segundo a PAC o espaço rural, nos termos do


desenvolvimento rural, é entendido como:
o Espaço de produção agrícola, pecuária e silvícola
o Espaço de conservação da Natureza e da qualidade ambiental
o Espaço de identidade e do património cultural
o Espaço de lazer, turismo, atividades industriais e serviços

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Turismo nas áreas rurais – o turismo constitui uma grande oportunidade de


valorização e de desenvolvimento das áreas. A sua procura tem vindo a
crescer ao longo dos anos, e, posto isso, há que dividir o turismo nas áreas
rurais em:

o Turismo de habitação – serviço de hospedagem em estabelecimentos de


natureza familiar, instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu
valor arquitetónico, histórico ou artístico, são representativos de uma
determinada época, nomeadamente palácios e solares.
o Turismo rural – serviço de hospedagem em casas rústicas particulares,
bem integradas na arquitetura típica regional. Têm geralmente pequenas
dimensões e nele habita o proprietário que ajuda a dinamizar a estadia dos
hóspedes.
o Turismo em Espaço Rural (TER):
 Agroturismo – serviço de hospedagem em casas particulares,
integradas em explorações agrícolas, permitindo ao hóspede
conhecer, acompanhar e até participar nas atividades agrícolas.
 Casas de campo – serviço de hospedagem em casas particulares,
localizadas em aldeias e espaços rurais e que se integram, pela sua
traça, materiais de construção e outras características, na
arquitetura típica local.
 Hotel rural – serviço de hospedagem em estabelecimentos hoteleiros
situados em espaços rurais que, pela sua traça arquitetónica e
materiais de construção, respeitam as características dominantes
da região onde estão inseridos.
 Turismo de aldeia – serviço de hospedagem prestado em conjuntos
de cinco ou mais casas particulares, situadas numa aldeia,
integradas na arquitetura típica da região e exploradas de forma
integrada.
o Turismo cultural – valoriza a história, a monumentalidade, as
manifestações culturais ou o simples contacto com meios naturais ou
humanos diferentes e pitorescos.

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o Turismo termal – trata-se de uma forma de turismo que não é recente e


que se encontra associada, desde o início, ao tratamento de problemas de
saúde.
o Turismo de aventura e turismo de natureza (prossupõe estar localizado
em áreas protegidas) – integra um conjunto diversificado de atividades ao ar
livre, como pedestrianismo, BTT, escalada, etc.
o Turismo fluvial – valoriza a importância da água como fonte de lazer.

O TER é uma modalidade turística que contribui para a


sustentabilidade do setor e do desenvolvimento local e regional e:

 Provoca menos pressão sobre os recursos do território


 Promove a reabilitação dos recursos ambientais e culturais do território
 Traz benefícios para a população local
 Desenvolve atividades subsidiárias do turismo, quer a montante
(infraestruturas) quer a jusante (comércio)

Silvicultura – estudo das matas e florestas, incluindo o estudo das espécies e


a regulação da utilização das madeiras. A floresta é apontada como riqueza
estratégica do ponto de vista:

 Ambiental – suporte de biodiversidade, defesa da erosão, regulador dos


regimes hídricos, sumidouro de carbono.
 Económico – gera emprego e riqueza.
 Social – espaço de turismo e lazer.

Indústria – a implementação da atividade industrial permite a fixação da


população e o declínio do êxodo rural, invertendo o processo de
despovoamento e reduzindo o envelhecimento demográfico, bem como
potencializando o aproveitamento dos recursos endógenos.

Serviços – a implementação e diversificação dos serviços permite melhorar as


condições de vida da população, servindo de suporte ao desenvolvimento das
atividades ligadas ao turismo e à indústria.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Produtos de qualidade – os produtos locais obtidos através de sistemas de


produção “amigos do ambiente” podem constituir uma importante oportunidade
para as áreas rurais, na medida em que são uma fonte de rendimento, e
podem projetar a sua imagem no exterior, devendo, por isso, ser valorizados. A
proteção desses produtos passas por vários processos de certificação,
nomeadamente:

 DOP – denominação de origem protegida

 IGP – indicação geográfica protegida

 ETG – especialidade tradicional garantida

Energias renováveis – o aproveitamento dos recursos naturais para a


produção de energias renováveis pode constituir uma mais-valia para as áreas
rurais, através dos biocombustíveis sólidos (produção de energia através da
biomassa), dos biocombustíveis líquidos (biodiesel e bioetanol), e dos
biocombustíveis gasosos (biogás).

Estratégias integradas de desenvolvimento rural:

 Programa AGRO – programa criado em 1999 com vista a melhorar a


competitividade agroflorestal e a sustentabilidade rural, bem como reforçar
o potencial humano e os serviços à agricultura e zonas rurais; e com os
seguintes objetivos específicos:

o Reforçar a competitividade económica das atividade e fileiras


produtivas agroflorestais

o Incentivar a multifuncionalidade das explorações agrícolas

o Promover a qualidade e inovação da produção agroflorestal e


agrorrural

o Valorizar o potencial específico dos territórios

o Melhorar as condições de vida do trabalho e do rendimento

o Reforçar a organização e iniciativa de associações dos agricultores

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Programa LEADER – lançado em 1991, com o objetivo de apoiar ações


inovadoras de desenvolvimento rural nas regiões desfavorecidas da UE. Ao
LEADER I sucedeu o LEADER II (1994-1999) e o LEADER + (2000-2006).
Os projetos associados ao programa LADER são desenvolvidos a nível
local, através dos GAL (grupos de ação local), responsáveis pela
elaboração de Planos de Ação Local a aplicar nas Zonas de Intervenção.
Entre os principais aspetos do programa LEADER, apontam-se:

o Caráter inovador

o Agilidade e eficiência dos apoios financeiros

o Incremento dado ao turismo em espaço rural

o Criação de emprego nas áreas rurais

o Apoio a iniciativas inovadoras e diversificadas, enquadradas por


princípios de sustentabilidade

o Promoção, a nível local, de novas competências ao nível da


organização, preparação e candidatura a novos projetos

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RESUMO
Henrique Silva Santos

3.2. As áreas urbanas: dinâmicas internas

Espaço rural – espaço urbano – distinguir espaço urbano de rural é uma


tarefa cada vez mais difícil. O crescimento urbano é um processo responsável
pela dinamização das relações cidade-campo, pelo que é cada vez menor a
dicotomia entre rural e urbano.

Definir cidade – os critérios para definir cidade variam de país para país e, por
vezes, no mesmo país, são aplicados de maneira diferente, podendo sofrer
alterações ao longo do tempo. Registam-se os seguintes critérios:

Critério demográfico – tem em conta a população:

População absoluta – cada país determina um número mínimo


de habitante, a partir do qual um aglomerado pode ser considerado cidade.
Este critério varia muito de país para país, não permitindo, portanto,
comparações universais.

Densidade populacional – de uma maneira geral, nas cidades, o


valor da densidade populacional é elevado. Contudo, este critério também não
é universal, registando-se disparidades muito grandes de país para país.

Critério funcional – segundo este critério, de caráter funcional, um


glomerado populacional só pode ser considerado cidade se a maior parte da
sua população se empregar no setor secundário ou terciário. Também este
critério apresenta insuficiências, uma vez que não é de aplicação universal.

Critério jurídico-administrativo – os aglomerados populacionais são


classificados como cidade por decisão legislativa, segundo a lei nº11/82, em
Portugal.

Aspetos comuns às cidades:

 Dotadas de certos equipamentos sociais e culturais

 Apresentam forte concentração de imóveis

 Preço do solo elevado

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Registam movimentos intensos de pessoas e veículos

 Exercem influência económica, cultural, social e político-administrativa

Lugar urbano – aglomeração com dois mil ou mais habitantes.

Centro urbano – aglomeração com cinco mil ou mais habitantes.

Taxa de urbanização – relação entre o número de pessoas a residir em


lugares urbanos e a população urbana, expressa em percentagem. Tem havido
uma tendência geral para o seu aumento. Ultimamente, no entanto, tem-se
registado um crescimento dos subúrbios e um despovoamento dos
centros.

Renda locativa – preço do solo.

Acessibilidade – grau relativo de acessibilidade com que se alcança


determinado lugar, a partir de outro.

Especulação fundiária – sobrevalorização do preço do solo em resultado da


elevada procura face a uma oferta reduzida.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

3.2.1. A organização das áreas urbanas

Áreas funcionais – áreas que apresentam uma certa homogeneidade da


função dominante e que se destacam das restantes por apresentarem
características próprias. A individualização destas áreas resulta da variação do
preço do solo, o qual, por sua vez, depende da acessibilidade. Identificam-se
assim as áreas terciárias, residenciais e industriais.

Áreas terciárias:

 CBD – Central Business District, área central das cidades caracterizada por
uma elevada acessibilidade e pela concentração de atividades do sector
terciário. Principais características: (considerado o centro financeiro da
cidade)

o Elevado grau de acessibilidade (nomeadamente no que se refere a


transportes coletivos)

o Forte concentração de atividades terciárias

o Grande intensidade do uso do solo (construção em altura)

o Reduzido número de alojamentos

o Elevado volume de empregos oferecidos

o Forte atracão sobre a população, mas que apenas se desloca ao CBD


mas não fixa residência

o Enorme concentração de população flutuante

o Intenso tráfego de veículos e peões

o Reduzido número de alojamentos habitados ou por população idosa


que ocupa casas antigas ou yuppies que habitam edifícios renovados

o Concentração de uma grande diversidade de funções raras,


predominando atividades relacionadas com o sector terciário superior

o Localização para o comércio de luxo, casas de espetáculo, lazer…

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Diferenciação funcional

o Zonamento horizontal – especialização de determinadas áreas em


atividades específicas:

 Centro financeiro e/ou administrativo  bancos, seguradoras,


escritórios…

 Área de diversão/lazer  restaurantes, teatros, cinemas, bares…

 Área comercial  lojas de pronto-a-vestir, sapatarias…

o Zonamento vertical – a elevada competição pelo espaço leva à


construção em altura, outra característica dos espaços centrais das
cidades:

 No piso térreo localiza-se o comércio a retalho, uma vez que é


uma atividade que necessita do contacto direto com o
consumidor

 Nos andares intermédios encontram-se atividades com menor


necessidade de contacto com o público, como escritórios,
armazéns, pequenas unidades industriais…

 Os últimos pisos estão reservados à escassa função residencial


existente no CBD.

 Recentes modificações na localização das atividades terciárias – tem-


se assistido à descentralização de algumas atividades terciárias para outras
áreas da cidade devido a:

o Enorme concentração de atividades

o Crescente falta de espaços para expansão das atividades

o Excessivos valores dos preços dos solos

o Congestionamento do tráfego urbano

o Dificuldades de estacionamento

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Aumento da acessibilidade para outras áreas periféricas (construção


de novas vias de comunicação e melhoria do sistema de transportes
públicos)

o Planos de preservação do valor histórico e arquitetónico dos


edifícios, que impede a sua substituição por edifícios mais altos

o Desadequação entre edifícios existentes e exigências modernas das


empresas, como ar condicionado e rede de comunicações e
informática

 Para além da descentralização, aparecem novas formas de comércio nas


áreas periféricas.

 Vantagens destas novas áreas:

o Boas vias de comunicação

o Grandes parques de estacionamento

o Fornecimento de elevada variedade de produtos

 Consequências da deslocalização:

o Encerramento de muitas superfícies de ‘comércio tradicional’

o CBD perde papel de liderança no abastecimento da população

 Despovoamento do CBD:

o Fatores justificativos:

 - Ocupação do centro pelas atividades terciárias

 Elevada poluição sonora e atmosférica

 Dificuldades de estacionamento

 Degradação da habitação

 Desenvolvimento dos transportes urbanos e suburbanos

 Menor preço das habitações na periferia

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Henrique Silva Santos

 Maior capacidade de aquisição de veículos privados

o No centro da cidade permanecem os idosos e os grupos sociais mais


desfavorecidos em habitações degradadas, muitas vezes sem
condições de habitabilidade, higiene e segurança.

 Reabilitação do centro da cidade:

o Tentativa de inversão da situação de degradação da habitação do


centro das cidades através de medidas que atraiam a população
para o centro, nomeadamente os jovens.

o Para tal, têm-se aplicado políticas de requalificação de habitações


degradadas.

o Apesar das medidas aplicadas, os resultados têm ficado aquém do


esperado.

Áreas residenciais:
 As áreas residenciais predominam no espaço urbano. A diversidade de
formas e aspetos destas áreas acabam por refletir o nível socioeconómico
dos seus residentes.

 Podemos diferenciar dentro das áreas residenciais: classes sociais de


rendimentos baixos; classes sociais de rendimentos médios; e classes
sociais de rendimentos elevados.

 Classe alta:

o Áreas mais aprazíveis das cidades, com qualidade ambiental e


paisagística

o Boa acessibilidade

o Preços do solo atingem valores elevados

o Bairros de moradia unifamiliares ou edifícios de vários andares ou


condomínios fechados

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Aspeto arquitetónico cuidado, materiais de construção de boa


qualidade e superfícies amplas

 Classe média:

o Ocupa a maior parte do espaço urbano

o Blocos de habitação plurifamiliar com homogeneidade arquitetónica e


dos materiais de construção, de menor qualidade

o Áreas bem servidas de transportes públicos, com equipamentos


sociais diversificados e comércio de proximidade

o Deslocação da classe média para a periferia, em áreas de boa


acessibilidade e preços do solo mais baixos

 Classe baixa:

o Espaços mais degradados e insalubres da cidade

o Falta de infraestruturas e equipamentos

o Solos expectantes – espaços abandonados da cidade, esquecidos


ou improdutivos, mas que podem ter um potencial de utilização e
transformação muito elevados

o Bairros sociais – De uma forma geral, os bairros sociais tendem a


localizar-se em áreas periféricas da cidade. Estão associados a
extensos edifícios, de fraca qualidade e apartamentos de pequenas
dimensões, com rápida degradação externa e interna e conotações
negativas dos seus habitantes.

 Nobilitação – revalorização das áreas centrais decorrente da recuperação


de imóveis com interesse arquitetónico e da sua ocupação por população
de elevados rendimentos.

 Gentrificação – processo de transferência de população de elevado nível


de rendimento para bairros antigos, na sequência de estratégias de
reabilitação do seu parque habitacional.

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RESUMO
Henrique Silva Santos

Áreas industriais:

 Fatores que justificam a preferência da indústria pela cidade:

o O desenvolvimento dos transportes.

o Os consumidores em número crescente.

o O capital disponível.

o Os terminais de vias de comunicação.

o Os diversificados serviços de apoio (banco, seguros, etc.)

 Fatores que “forçam” a deslocalização das áreas industriais para


áreas afastadas da Cidade:

o Elevado preço do solo (no centro)

o Crescente intensidade de trânsito, congestionamento e dificuldades


de estacionamento.

o Elevada poluição sonora e atmosférica.

o Alterações no processo produtivo (separação entre a fase produtiva e


a sua gestão

o Necessidade de vastos espaços (estacionamento, escritórios, salas


de convívio, etc.) e espaços ajardinados

 A função industrial tem vindo a perder peso no interior das cidades


(cresce na periferia) e tem sido substituída pela função terciária devido a
vários fatores:

o Maior disponibilidade de espaço nas áreas periféricas.

o Baixos custos de terreno.

o Mão-de-obra mais barata.

 No entanto, ainda existem indústrias no interior das cidades, tais como a


industria da joalharia, impressão (tipografia) e confeção de luxo – pois são

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Henrique Silva Santos

indústrias pouco poluentes e de bens de consumo – (necessitam estar perto


do consumidor). Além disso, consomem pouca energia elétrica.

3.2.2. A expansão urbana

Taxa de urbanização – relação entre a população urbana e a população total


de uma região/país. Em Portugal é mais baixa que no resto da Europa. Tem
registado um aumento devido à deslocação da população rural para as áreas
urbanas do litoral permitido pelo êxodo rural e imigração

Fases de crescimento das cidades:

Fase centrípeta:

 Regista-se um forte crescimento da cidade com concentração da população


e das atividades económicas devido à forte atração que os centros urbanos
exercem.

 Em Portugal ocorreu na década de 60 quando a população portuguesa


começou a fazer alguns movimentos migratórios (êxodo rural) à procura de
melhores condições de vida.

 Fatores explicativos da concentração populacional nas cidades:

o Fixação de actividades ligadas ao comércio, indústria, transportes,


serviços

o Oferta de emprego diversificado e disponibilidade de habitação


próxima do local de trabalho

 Consequências de elevada concentração populacional nas cidades:

o Crescimento em altura dos edifícios

o Aumento da concentração das atividades terciárias

o Redução da área destinada à habitação, ou mesmo escassez

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Expansão das cidades no espaço, ocupando progressivamente


áreas mais vastas e invadindo áreas periféricas

o Congestionamento do trânsito

o Poluição

o Redução dos espaços verdes

Fase centrífuga:

 Movimento da população e das atividades económicas em direção às áreas


periféricas, conduzindo a uma desconcentração urbana.

 Em Portugal ocorreu a partir da década de 80, quando as cidades


portuguesas começaram a ter demasiada população e a evidenciar alguns
problemas relacionados com essa elevada concentração populacional.

 Fatores explicativos da desconcentração da população das cidades:

o Elevados custos da habitação devido aos elevados custos do solo

o Ocupação das cidades pelas atividades terciárias

o Aumento das necessidades de habitação, transportes e


infraestruturas no escasso espaço da cidade

o Aparecimento de bairros degradados

o Desenvolvimento dos transportes urbanos e suburbanos

o Facilidade de aquisição de habitação própria nos subúrbios

o Má qualidade do ambiente resultante da poluição atmosférica e


sonora

o Constantes congestionamentos

o Maior contacto com a natureza e ambiente mais calmo na periferia

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RESUMO
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Fase Centrípeta Fase Centrífuga

Expansão urbana – crescimento do espaço urbano para além dos seus


limites, acompanhado pela difusão do modo de vida urbano e pelo
desaparecimento de estruturas e modos de vida rurais:

Suburbanização:

 Processo de urbanização do espaço da periferia das cidades e que resulta


da expansão dos aglomerados urbanos.

 Fatores responsáveis pela suburbanização:

o Crescimento demográfico

o Dinâmica da construção civil

o Desenvolvimento de atividades económicas nas periferias

o Desenvolvimento dos transportes e das infraestruturas viárias

o Proximidade de eixos rodo e ferroviários de ligação à cidade

o Aumento da taxa de motorização das famílias

o Maior disponibilidade de terrenos na periferia e menor valor do solo

o Degradação da qualidade de vida da população urbana

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Henrique Silva Santos

 Subúrbios:

o Espaço da periferia das cidades que resulta da expansão dos


aglomerados urbanos para além dos seus limites administrativos.

o Caracterizam-se por uma densa ocupação do espaço, quer por


população quer por atividades económicas.

o Expansão feita de forma tentacular.

o Origina os movimentos/migrações pendulares: deslocação diária da


população entre o local de residência e o local de trabalho.

 Características dos subúrbios:

o Progressiva substituição das atividades rurais por habitações


urbanas

o Muito dependentes da grande cidade numa fase inicial

o Atualmente oferecem funções cada vez mais diversificadas,


diminuindo a sua dependência das cidades

o Mudança das suas principais características, devido ao progressivo


apetrechamento em termos de atividades e equipamentos, em
termos de:

 Qualidade ambiental

 Acessibilidade

 Qualidade de construção

 Prestígio

o Carácter heterogéneo em termos residenciais

o Elevação à categoria de cidade de muitas destas áreas suburbanas


devido à dimensão que atingem

 Problemas dos subúrbios:

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Henrique Silva Santos

o Carência de infraestruturas e equipamentos

o Crescimento rápido e desordenado resultante da forte pressão


demográfica e urbana

o Aumento da construção clandestina

o Diminuição da qualidade de vida dos moradores

o Progressiva substituição de solos com elevada aptidão agrícola por


outros tipos de ocupação, como por exemplo residências, indústrias,
serviços

o Substituição do sector primário por atividades relacionadas com


outros sectores

o Aparecimento de cidades-dormitório

o Aumento dos movimentos pendulares

 Cidades-dormitório:

o Cidades cuja população exerce a sua atividade noutra cidade,


utilizando-a apenas para dormir.

o Fatores que permitiram a expansão das cidades-dormitório:

 Reduzida oferta de habitação na cidade a preços acessíveis

 Menor preço do solo na periferia

 Melhoria das infraestruturas de transportes urbanos e


suburbanos

 Maior aquisição de automóvel privado

o Características das cidades-dormitório:

 Predomínio da função residencial

 Elevada densidade de construção

 Edifícios de arquitetura simples e uniformizada

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Henrique Silva Santos

 Função terciária de nível inferior (correios,


supermercados/mercearias, cafés)

o Consequências da concentração populacional nas cidades-


dormitório:

 Aumento dos congestionamentos de trânsito nas horas de


ponta

 Crescimento desregrado das áreas suburbanas

 Aumento da poluição atmosférica e sonora

o Soluções adotadas:

 Aumento da utilização dos transportes públicos,


especialmente o ferroviário, que efetua ligações rápidas entre
o centro e a periferia (metro)

 Aposta em meios de transporte alternativos e menos


poluentes (bicicleta)

 Em alguns caso verifica-se um planeamento cuidado para


orientar o crescimento dos subúrbios

 Limitações da entrada de veículos privados na cidade através


do pagamento de taxas/portagens

Periurbanização:

 Processo de expansão das cidades através da urbanização de espaços


limítrofes, como resultado da deslocação da população e das atividades
económicas.

 Fatores explicativos da periurbanização:

o Crescimento e melhoria das vias de comunicação

o Uso generalizado do automóvel

o Existência de maiores terrenos a preços mais baixos

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RESUMO
Henrique Silva Santos

o Menor congestionamento e poluição

 Características das áreas periurbanas:

o Fixação da população com recursos económicos mais elevados e


que valorizam a qualidade ambiental

o Implantação dispersa de habitação urbana em meio rural

o Baixas densidades de ocupação e alteração constante da estrutura


fundiária

o Mistura de habitações tipicamente rurais com habitações com


características urbanas construídas pelos novos habitantes

o Instabilidade da a
Abandono progressivo da agricultura

o Implantação de unidades industriais

o Vantagens relativamente a aspetos como acessibilidade, custo do


solo e qualidade ambiental

o Possibilidade de oferta de alguns serviços e comércio que acabam


por oferecer emprego à população local

Rurbanização:

 Processo que envolve a migração da população das cidades para as áreas


rurais, ou seja, verifica-se uma descentralização das atividades económicas
e da população das grandes cidades para as áreas rurais localizadas na
proximidade das cidades.

 Causas da rurbanização:

o Procura de uma melhor qualidade ambiental, assim como um modo


de vida mais tranquilo

o Melhoria da acessibilidade para as áreas exteriores à cidade

o Maior disponibilidade de espaços a preços mais baixos

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RESUMO
Henrique Silva Santos

 Consequências da rurbanização

o Dificulta a delimitação entre espaço urbano e espaço rural

o Crescimento de centros de pequena e média dimensão

o Diminuição das atividades relacionadas com o sector primário

o Implantação dispersa da indústria e serviços

o Estabelecimento do modo de vida urbano que se sobrepõe ao rural

3.2.3. As Áreas Metropolitanas

Área metropolitana – área que detém elevado potencial polarizador do


território, uma vez que o seu dinamismo económico atrai população e emprego.

GAM – grande área metropolitana (nova designação das áreas metropolitanas,


sendo que, contudo, há ainda um indefinição relativamente a meios e
competências atribuídas a estas áreas, no quadro a reorganização territorial).

GAML / AML – (grande) área metropolitana de Lisboa, que engloba um total de


18 concelhos.

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GAMP / AMP – (grande) área metropolitana do Porto, que engloba um total de


17 concelhos.

Área Metropolitana
do Porto

Povoamento:

AML – povoamento mais concentrado e em alguns casos tende para


contínuos urbanos.

AMP – predomina um povoamento disperso, com exceção de algumas


aglomerações urbano-industriais.

Dinamismo económico:

AML – maior poder de decisão económica ao nível empresarial;


concentração de cerca de 60% das 500 maiores empresas do país, contra 15%
da AMP, atividades de comércio a retalho, transportes comunicações e
serviços mais representados.

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RESUMO
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AMP – maior representação, face aos valores médios, das maiores


empresas de construção civil e de hotelaria (apesar da AML ter muito) e
turismo (atividades com menor importância para a competitividade
metropolitana); baixa proporção de sedes de maiores empresas dos serviços
na AMP, devido à ”capitalidade” de Lisboa e do desenvolvimento tardio do
processo de terciarização do núcleo duro da AMP.

Indústria:

AML – elevada diversidade produtiva, aqui predominam as indústrias de


bens de equipamento, de carácter intensivo e utilizadoras de mão-de-obra
qualificada: químicas, produtos farmacêuticos, construção, construção naval,
automóvel, etc.

AMP – Predominam as indústrias de bens de consumo, tradicionais, de


trabalho intensivo e pouco exigentes em qualificação da mão-de-obra, que por
tradição estiveram associadas à exportação, como os têxteis, o vestuário e o
calçado. Nos últimos anos esta região tem beneficiado da implantação de
novas unidades industriais, onde a tendência é de diversificação, baseada na
investigação científica e tecnológica como o Euro parque, o Parque de ciências
e tecnologias no Porto e o Parque de ciências e tecnologias da Maia
(Tecmaia).

3.2.4. Problemas urbanos

Questões urbanísticas e ambientais:

 Degradação das áreas residenciais

 Sobrelotação das infraestruturas físicas

 Poluição sonora

 Poluição do ar

 Impermeabilização dos solos

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 Aumento da temperatura – “ilhas de calor”

 Aumento da fadiga e do stress

 Pobreza e exclusão social

 Envelhecimento demográfico

 Insegurança e criminalidade

PNPOT – Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, de


âmbito nacional, onde se inclui os PROT.

PROT – Programas Regionais de Ordenamento do Território, de âmbito


regional, onde se incluem os PDM, PU e PP.

PDM – Plano Diretor Municipal, instrumento de gestão territorial que estabelece


as linhas orientados de ocupação do território municipal, tem em linha de conta
os objetivos de desenvolvimento, a distribuição das atividades económicas, as
carências habitacionais e os esquipamentos e redes de transporte e
comunicações.

PU – Plano de Urbanização, plano que concretiza, para uma determinada área


do território municipal, a política de ordenamento do território e urbanismo,
fornecendo o quadro de referência para a aplicação das políticas urbanas e
definindo a estrutura urbana, o regime de uso do solo e os critérios de
transformação do território, com o objetivos de definir o zonamento das funções
urbanas, delimitar categorias de espaços em função do uso definido no PDM,
identificar as áreas a recuperar ou a reconverter, fixar os índices e parâmetros
urbanísticos, traçar a rede viária e das infraestruturar principais, e estabelecer
subunidades operativas de planeamento e gestão, que servirão de base ao
desenvolvimento de Planos de Pormenor.

PP – Plano de Pormenor, plano que desenvolve e concretiza propostas de


ocupação de qualquer área do território municipal, estabelecendo regras sobre
a implantação de infraestruturas, o desenho dos espaços de utilização coletiva,
a forma de edificação e a sua integração na paisagem, a localização e inserção

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urbanística dos equipamentos de utilização coletiva, e a organização espacial


das demais atividades de interesse geral.

Revitalização urbana:

Requalificação urbana – alteração funcional de edifícios ou espaços


através de obras de intervenção que implicam a redistribuição da população
e/ou das atividades.

Renovação urbana – demolição total ou parcial de edifícios e/ou


infraestruturas de uma determinada área. Muitos edifícios são, assim,
reocupados por classes sociais de estatuto mais elevados, podendo ser
também exercidas novas funções.

Reabilitação urbana – processo de recuperação integrada de uma


determinada área que se pretende manter, salvaguardando as funções aí
existentes. Envolve não só a reabilitação urbanística, mas também a
revitalização social.

Programas específicos de planeamento urbano:

PRAUD – Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas,


apoiando as operações de Reabilitação e Renovação.

URBAN – Programa de Reabilitação Urbana, que beneficiou muitas


áreas urbanas em situação crítica relativamente à parte socioeconómica,
permitindo a qualificação social e urbanística, apoiando as operações de
Reabilitação e Renovação.

PER – Programa Especial de Realojamento, que atua através a


promoção da habitação a custos controlados ou habitações sociais, apoiando a
Renovação.

RECRIA e REHABITA – apoios de natureza financeira.

POLIS – Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização


Ambiental das Cidades, apoiando a Requalificação e a Regeneração, com vista
a qualificar e integrar os distintos espaços de cada cidade; fortalecer o capital

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humano, institucional, cultural e económico de cada cidade; qualificar e


intensificar a integração da cidade na região envolvente; e inovar nas soluções
para a qualificação urbana. Mais tarde, passou a chamar-se POLIS XXI.

Regeneração urbana – conjunto de intervenções socio-urbanísticas em áreas


urbanas marcadas pela degradação do edificado e do espaço público, pela
insuficiência de equipamentos sociais elementares e por processos crescentes
de exclusão social. Resulta do falhanço da revitalização urbana por si só, no
que toca à resolução do problema da degradação nos centros das cidades.

Outras propostas de melhoria das condições de vida urbana:

 Aumento e melhoria dos espaços verdes

 Melhoria da mobilidade

 Recolha e tratamento de resíduos

 Organização do estacionamento

 Políticas de envelhecimento ativo

 Criação de emprego e atração de jovens

 Melhoria da segurança e da integração social

 Construção de áreas de lazer e complexos desportivos

 Desenvolvimento urbano sustentável (URBACT e EUROCITIES)

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3.3. A rede urbana e as novas relações cidade-campo

3.3.1. As características da rede urbana

Rede urbana – conjunto de cidades e suas periferias unidas entre si por


relações de complementaridade ou dependência, estabelecendo entre si
relações de ordem hierárquica.

Relações de complementaridade – relações entre lugares através das quais


bens e serviços são trocados, tendo em vista e satisfação das respetivas
necessidades.

Rede urbana monocêntrica – rede urbana desequilibrada em que se regista


uma forte concentração de população e de atividades numa cidade, principal
centro polarizador do território em que se integra.  Rede urbana portuguesa

Rede urbana policêntrica – rede urbana constituída por vários centros


urbanos, equilibrados sob o ponto de vista demográfico e funcional, com
especializações diferenciadas que integram e cooperam entre si, através de
relações de complementaridade.

Área de influência ou hinterland – área que envolve a cidade e se encontra


sob a sua dependência direta, determinada pelo alcance da função mais rara,
ou, por outras palavras, pelo raio de eficiência de um bem central, ou seja, a
distância máxima que as populações servidas estão disposta a percorrer para
adquirir um bem ou serviço, em função do tempo e do custo da deslocação.

Lugar central – qualquer aglomerado onde se exerça pelo menos uma função
central – qualquer atividade económica, social ou cultural que assegure o
fornecimento de bens centrais – produto ou serviço que se pode adquirir num
lugar central (hospital, escola, livraria, etc.), podendo distinguir-se:

Bens vulgares – bens de utilização frequente que se podem adquirir em


qualquer lugar central (pão, água, etc.).

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Henrique Silva Santos

Bens raros – bens de utilização menos frequente que apenas são possíveis de
se obter em lugares centrais de nível hierárquico superior (serviços médicos
especializados, serviços notariais, etc.).

Centralidade – razão entre a quantidade de bens e serviços que o lugar


oferece à população e a quantidade de bens e serviços que essa população
necessita, definindo a hierarquia dos lugares centrais:

Centros de ordem inferior – têm menor centralidade.

Centros de nível superior – têm maior raio de eficiência.

Demografia – outro critério de hierarquização das cidades (população absoluta


da cidade).

Macrocefalia – rede urbana caracterizada pela existência de uma cidade que,


pela sua dimensão (demográfica ou funcional), domina um conjunto de outras
cidades de dimensão muito menor.

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Henrique Silva Santos

Bicefalia – rede urbana caracterizada pela existência de duas cidades que,


pela sua dimensão (demográfica ou funcional), dominam um conjunto de outras
cidades de dimensão muito menor.

Rede urbana portuguesa:

 Rede desequilibrada

 Rede monocêntrica

 Bicefalia ou Monocefalia

 Bipolarização (Lisboa e Porto)

 Litoralização

 Número limitado de centros urbanos com mais de 50 mil habitantes

 Elevado número de lugares com um total de população entre os 50 mil e os


20 mil habitantes

Economias e deseconomias de escala – consistem na redução dos custos


médios devido ao aumento da quantidade produzida. Estão relacionadas com o
aumento da dimensão da empresa. As empresas de grande dimensão
conseguem diminuir os custos unitários porque, como os custos fixos se
mantêm independentemente da produção, eles são diluídos por mais unidades
de produção o que torna cada unidade mais barata. O limite físico para a
dimensão da empresa corresponde ao mínimo dos custos médios – dimensão
ótima. A partir daí passa a haver deseconomias de escala. As razões do
aparecimento deseconomias de escala podem estar relacionado com má
gestão das empresas, distância dos mercados fornecedores de matérias-
primas ou dificuldades em escoar a produção.

Economias e deseconomias de aglomeração – vantagens que decorrem da


localização das empresas ou da população em aglomerações, até um certo
ponto onde se entre em deseconomias de aglomeração, ou seja, uma situação
que se traduz pelo aumento dos custos de produção para as empresas e pela

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RESUMO
Henrique Silva Santos

diminuição da qualidade de vida para a população, devido à excessiva


concentração demográfica e de atividades económicas nos aglomerados.

3.3.2. A reorganização da rede urbana

Papel das cidades médias – o desenvolvimento do nosso país passa pela


reorganização do sistema urbano e este pela revitalização das cidades de
média dimensão. Estas, pelas funções que exercem e pelas oportunidades que
oferecem à população, podem contribuir para a dinamização do território onde
se inserem, reduzindo as assimetrias regionais e melhorando a qualidade e o
nível de vida dos cidadãos. Investir nas cidades médias poderá constituir uma
estratégia para promover a implantação de atividades económicas, valorizando
os recursos regionais e preservando o equilíbrio do ambiente, ajuda à fixação
da população e, assim, ao crescimento do país, travando o despovoamento, o
envelhecimento, e a estagnação das áreas mais deprimidas. Simultaneamente,
poderá contribuir para atenuar o crescimento das grandes aglomerações.

PROSIURB – Programa de Consolidação do Sistema Urbano Nacional e Apoio


à Execução dos Planos Diretores Municipais, criado com o objetivo de definir
uma política de reordenamento do sistema urbano nacional, a fim de atenuar a
assimetrias internas, ajudou a promover ações de qualificação urbana e
ambiental, tendo em vista a valorização de cidades médias e centros urbanos
da rede complementar.

Formas de atenuar o crescimento das grandes aglomerações – reorganizar


a rede urbana, a fim de diminui as assimetrias regionais e reforçando a coesão
e a solidariedade internas, apostando no desenvolvimento de uma rede
policêntrica, mais equilibrada, através da melhoria das acessibilidades entre os
vários centros urbanos e no incentivo ao investimento em atividades que
potenciem o desenvolvimento económico e regional, aumentando a capacidade
de atração das cidades médias.

Inserção na rede urbana europeia – Portugal não possui nenhuma cidade


com grande capacidade de afirmação internacional, ou seja, com funções de

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RESUMO
Henrique Silva Santos

nível superior que lhes permitam desempenhar um papel com relevância ao


nível económico, tecnológico, cultural e científico. Quer Lisboa quer o Porto
ocupam posições secundárias nesse contexto e essa situação tende a agravar-
se com o alargamento da UE a leste. A hierarquização das cidades na rede
internacional, no nosso caso como detentoras de pouca importância, faz-se
através de critérios como:

 Total de população

 Número de feiras e exposições de cariz internacional

 Tráfego aéreo

 Atividades de caráter cultural

 Presença de sedes de multinacionais, etc.

Para projetar as principais cidades portuguesas na rede internacional é


necessário continuar a investir, de forma a torná-las mais atrativas e dinâmicas.
A nível Ibérico, domina a cidade de Madrid.

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Henrique Silva Santos

3.3.3. As parcerias entre cidades e o mundo rural

Complementaridade funcional – o espaço rural e o espaço urbano são


indissociáveis, a cidade sempre foi procurada pela população rural como local
de comércio por excelência e de concentração de serviços altamente
especializados no âmbito da saúde, da educação ou da justiça, ou ainda como
polo de difusão cultural e de oferta de trabalho. No sentido inverso, as áreas
rurais sempre foram fundamentais para a dinâmica urbana como áreas
produtoras de bens alimentares e como reserve de mão-de-obra. Com a
evolução dos transportes e a melhoria das acessibilidades, estas relações têm-
se intensificado, no entanto, as áreas rurais mais distantes das áreas urbanas
acabam por ficar “esquecidas”. Atualmente, as áreas rurais são também
procuradas pela paisagem, como espaço de lazer, como espaço de habitação,
e como oferta de emprego.

Estratégias de cooperação – o crescimento harmonioso do país passa,


portanto, pela redução das disparidades internas e estas pelo desenvolvimento
das áreas rurais, que se desejam mais equipadas e infraestruturadas, com
maior implantação de serviços e potencializando os seus recursos endógenos,
para que estas se tornem mais atrativas para a fixação de atividades e
população, aumentando a sua dinâmica e possibilitando, portanto, o seu
desenvolvimento. A valorização das áreas rurais, a diminuição das assimetrias
e o desenvolvimento do país assentam numa articulação eficiente entre
políticas de ordenamento do território e de conservação da Natureza, de
desenvolvimento rural, de desenvolvimento regional e de desenvolvimento
urbano.

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Tema IV – A população, como se movimenta e comunica

4.1. A diversidade dos modos de transporte e a desigualdade


espacial das redes

4.1.1. A competitividade dos diferentes modos de transporte

Importância dos transportes:

 Contribuem para a mobilidade de pessoas, mercadorias e serviços

 Assumem um papel estruturante no território

 Promovem a interação e o dinamismo económico entre diferentes espaços

 Facilitam o desenvolvimento do comércio e das atividades produtivas

 Geram emprego

 Quebram o isolamento das regiões mais desfavorecidas

 Dinamizam o desenvolvimento das regiões

 Atenuam as assimetrias regionais

Fatores determinantes da escolha do modo de transporte:

 Custos de deslocação

 Natureza do trajeto

 Distância a percorrer

 Tipo e volume de mercadorias

 Volume de passageiros

 Despesas com a energia

 Fiabilidade

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 Comodidade

 Conforto

Competitividade dos modos de transporte de mercadorias:

Meio de transporte – refere-se ao ambiente em que se efetua a deslocação e


pode ser terrestre, aquático ou aéreo.

Modo de transporte – prende-se com a forma/veículo utilizado na deslocação,


o qual pode ser ainda coletivo ou individual – rodoviário, ferroviário, etc.

Transporte Rodoviário
Vantagens Desvantagens
 Elevado consumo de combustíveis
 Grande mobilidade, comodidade e
fósseis
flexibilidade dos itinerários
 Custos elevados com as
 Rápido e económico para curtas e
infraestruturas
médias distâncias
 Forte impacte ambiental
 Adequado no transporte porta a
 Tráfego intenso e
porta
congestionamento nas áreas
 Maior rapidez nas operações de
urbanas
carga e descarga de mercadorias
 Elevada sinistralidade
 Elevada cobertura geográfica da
 Limitada capacidade carga
rede rodoviária
 Grande ocupação de espaço

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Situação atual
Nas últimas décadas tem registado um forte desenvolvimento devido:
 Renovação da frota
 Aumento e modernização das infraestruturas
 Aumento a velocidade e capacidade de carga
 Especialização dos veículos
 Versatilidade do serviço porta a porta
Transporte Ferroviário
Vantagens Desvantagens
 Fraca sinistralidade
 Reduzidos impactes ambientais
 Fluidez de tráfego
 Pouco flexível em termos de
 Permite o transporte de vários
percurso
tipos de produtos
 Exigência de transbordo
 Baixo consumo de energia
 Elevados custos de manutenção
 Elevada capacidade de carga
de equipamentos e infraestruturas
 Crescente especialização
 Pouco afetado pelas condições
atmosféricas
Situação atual
Nas últimas décadas tem registado uma diminuição, em resultado da forte
concorrência de outros modos de transportes:
 Aéreo  companhias low cost
 Rodoviário  itinerários mais flexíveis e rápidos
Transporte Aquático (marítimo e fluvial)
Vantagens Desvantagens
 Adaptado a qualquer tipo de carga  Exigência de elevados
 Menor custo de transporte para investimentos
longas distâncias  Necessidade de transbordo
 Grande capacidade de carga  Velocidade reduzida
 Boas condições de  Pode causar forte poluição em

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acondicionamento caso de desastre


 Operações de carga e descarga
seguras e rápidas
Situação atual
Nas últimas décadas tem registado uma dupla modernização, que teve
impactes importantes na competitividade do transporte:
 Introdução de grandes inovações tecnológicas nos navios, que se tornaram
mais especializados, com maior capacidade de carga e mais rápidos
 Reestruturação dos portos que se modernizaram para darem resposta a
esta nova realidade
Transporte Aéreo
Vantagens Desvantagens
 Elevada poluição atmosférica e
 Rapidez e comodidade sonora
 Segurança  Elevados investimentos em
 Competitivo para o transporte de manutenção e infraestruturas
passageiros e médias e longas  Elevado consumo de combustível
distâncias  Grande ocupação de espaço com
 Ideal em situações urgentes e no os aeroportos e pistas de
transporte de mercadorias leves, aterragem
valiosas ou perecíveis  Perdas de tempo no embarque e
desembarques
Situação atual
Na atualidade, em consequência da maior procura, gerou-se uma forte
competitividade entre as companhias aéreas, o que se repercutiu numa
diminuição dos custos de viagem, nomeadamente através dos voos low cost.

Transporte multimodal – sistema que combina diferentes meios de


transporte. É uma forma de tentar mitigar os impactes negativos de alguns
meios de transporte, combinando-os com outros.

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Interface – plataforma no cruzamento de várias redes de transporte, onde é


possível o transbordo de um modo para o outro, sendo fundamentais para
garantir a intermodalidade.

Plataforma logística – área de logística constituída por um recinto delimitado,


onde estão instalados operadores e empresas que exercem atividades
relacionadas com as cadeias de abastecimento, transporte e distribuição,
dispondo de serviços comuns de manutenção e de apoio às empresas,
pessoas e veículos, incluindo atividades produtivas de baixa intensidade. São
importantes na medida em que permitem:

 Dinamizar a atividade económica do país;

 Reordenar o sistema logístico e os fluxos de transporte;

 Potenciar a atividade portuária e expandir a sua área de influência,


nomeadamente para Espanha

 Fomentar a intermodalidade e a utilização dos modos ferroviário e marítimo;

 Dinamizar a economia regional;

 Captar fluxos e investimento industrial espanhol;

 Expandir o hinterland dos portos nacionais;

 Garantir a coesão da rede;

 Reordenar o sistema logístico e dos fluxos de transporte.

4.1.2. A distribuição espacial das redes de transporte

Rede Rodoviária Nacional

Plano Rodoviário Nacional (PRN) – implementado em 1985, revisto em 1998,


dá origem ao PRN 2000 que estrutura a rede de estradas em:

Rede Fundamental – constituída por nove Itinerários Principais (IP) e


pelas autoestradas, assegura a ligação entre os principais centros urbanos

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com influência supradistrital e com os principais portos, aeroportos e fronteiras.


Integra-se na Rede Internacional, permitindo um ligação mais rápida ao centro
da Europa.

Rede Complementar – constituída pelas estradas que fazem a ligação


entre a Rede Fundamental e os centros urbanos de influência concelhia ou
supraconcelhia, mais infradistrital, e pelas estradas que asseguram a ligação
dentro das áreas metropolitanas. Incluem-se aqui os Itinerários
Complementares (IC).

Estradas Nacionais (EN) – incluídas também na Rede Complementar,


dividem-se em:

Estradas Regionais (ER) – estabelecem ligações de origem


supramunicipal e complementam a Rede Rodoviária Nacional.

Estradas Municipais (EM) – têm como função ligar as sedes de


concelho às diferentes freguesias e povoações e estas entre si. São vias
hierarquicamente inferiores a todas as outras, mas de grande importância para
a área que servem.

Rede Ferroviária Nacional

Rede Ferroviária Nacional (RFN) – distribuindo-se de forma irregular pelo


território, é reveladora das assimetrias regionais, sendo mais concentrada na
região Centro e dividindo-se em:

Rede Principal – constituída por linhas rentáveis que podem vir a ser
privatizadas.

Rede Complementar – constituída por linhas consideradas de utilidade


pública, mas pouco rentáveis economicamente, cuja manutenção e
funcionamento são da competência do Estado.

Rede Secundária – constituída por linhas que, não sendo de interesse


nacional, são de interesse local e regional e cuja manutenção é da
responsabilidade das autarquias locais.

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Linhas suburbanas da AML e AMP – o metro de Lisboa e do Porto tem uma


grande importância no tráfego de passageiros.

Linha do Norte – é a mais importante do território, assegurando a ligação


entre os principais centros urbanos do país e percorrendo a região mais
densamente povoada, industrializada e desenvolvida.

Linha da Beira Alta – é a principal ligação ferroviária internacional do nosso


país.

PMRCF – Plano de Modernização e Reconversão dos Caminhos de Ferro, tem


como objetivos a melhoria das infraestruturas e a introdução de veículos mais
modernos, capazes de adequar o transporte ferroviário às necessidades da
vida atual.

Rede Rodoviária Nacional Rede Ferroviária Nacional

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Rede Nacional de Portos

Problemas dos portos nacionais:

 Custos da mão-de-obra

 Excesso de burocracia

 Morosidade na movimentação da carga

 Equipamento de carga e descarga desatualizado

 Elevados custos de estadia dos navios

 Deficiente articulação com as restantes redes de transporte

Porto de Lisboa – localiza-se no estuário do Tejo e é o porto português mais


importante, atendendo ao valor e ao volume das mercadorias que nele são
movimentadas. É também dos principais portos a nível europeu, uma vez que
se localiza no cruzamento das principais rotas marítimas a nível mundial. É
constituído por vários terminais especializados, e está equipado com as mais
modernas infraestruturas de carga e descarga. É também um dos portos mais
utilizados pelos navios de cruzeiro, estando previstas várias obras no sentido
de melhorar as ligações terrestres (ferroviárias e rodoviárias) assim como
aumentar o parque de contentores.

Porto de Sines – é o mais recente dos portos portugueses e é constituído por


terminais vocacionados para produtos petrolíferos, petroquímicos, carboníferos
e de carga geral. É considerado um dos melhores portos portugueses para a
receção de navios de grande calado (porto de águas profundas), encontrando-
se bem servido de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias que asseguram
ligações rápidas ao resto do país. É considerado o porto mais importante do
país, relativamente ao voluma de cargas movimentadas.

Porto de Leixões – localizado em Matosinhos, próximo da foz do Douro,


insere-se numa região de forte dinamismo industrial. É considerado o terceiro
porto mais importante do país, relativamente ao voluma de cargas
movimentadas. Envolvido numa área densamente urbanizada, que condiciona

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o seu desenvolvimento e expansão, tem previstas importantes obras de


intervenção.

Porto de Setúbal – serve uma região em franco desenvolvimento industrial e é


atualmente considerado um dos principais portos portugueses. Dada a sua
proximidade ao porto de Lisboa, que se apresenta muito congestionado face
aos movimentos que nele se registam, pode vir a constituir-se como uma
alternativa, tanto mais que dispõe de ótimas condições naturais e grandes
possibilidades de expansão.

Rede Nacional de Aeroportos

Aeroporto Humberto Delgado – situado em Lisboa, detém a maior parte do


trafego de passageiros e mercadorias que se regista a nível nacional. Apesar
dos avultados investimentos, debate-se com graves problemas ligados ao
progressivo aumento do tráfego de passageiros e mercadorias e à
impossibilidade de expansão, condicionada pelo crescimento da cidade de
Lisboa, pelo que será necessária, mais cedo ou mais tarde, a construção de
um novo aeroporto que complemente este, tal como se fala, atualmente, do
Aeroporto do Montijo.

Aeroporto Francisco Sá Carneiro – localizado no Porto, é o segundo


aeroporto mais importante do país relativamente ao tráfego de passageiros e
ao nível do movimento de mercadorias. Nos últimos anos sofreu profundas
obras de ampliação e a sua acessibilidade foi melhorada com a construção de
um ramal de ligação da rede do metropolitano do Porto.

Aeroporto de Faro – especialmente vocacionado para voos internacionais não


regulares, é o terceiro maior aeroporto do país quanto ao tráfego de
passageiros, na sua maioria turistas que visitam o Algarve em férias. O tráfego
de mercadoria é pouco significativo.

Regiões Autónomas – em virtude da sua localização específica, existem nos


arquipélagos dos Açores e da Madeira vários aeroportos. Nos Açores, os mais
importantes são nas ilhas de São Miguel, Santa Maria e Terceira. Na

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Madeira, destaca-se o Aeroporto Cristiano Ronaldo, no Funchal, e o do


Porto Santo.

Isócrona – linha que une lugares que se encontram à mesma distância-tempo


relativamente a um ponto de referência.

Isótima – linha que une lugares que se encontram à mesma distância-custo


relativamente a um ponto de referência.

Redes de Distribuição de Energia

Eletricidade – a rede de distribuição de energia elétrica, REN (Rede Elétrica


Nacional), cobre atualmente a totalidade do território, mas não de forma
uniforme. A rede é mais densa no litoral, e é onde existem as linhas de maior
potência, já que é aqui que se localizam a maior parte das centrais
termoelétricas, que asseguram a produção da maior parte da energia elétrica
consumida, assim como as principais áreas de consumo.

Gás natural – inicialmente, Portugal era exclusivamente fornecido pelas


reserves existentes na Argélia através do gasoduto Magrebe-Europa, que
percorres 1600km das jazidas argelinas até entrar em Portugal, em Campo
Maior. Atualmente, Portugal importa gás natural também com outras origens,
especialmente da Nigéria, de onde nos chega por via marítima até ao Porto de
Sines, sob a forma liquefeita, onde é depois regaseificado e introduzido na rede
de gasodutos.

Petróleo – chega a Portugal por via marítima, aos portos de Leixões e de


Sines, de onde é depois transportado por oleodutos para as refinarias
petrolíferas de Leça da Palmeira e de Sines.

4.1.3. A inserção nas redes transeuropeias

Política Comum de Transportes (PCT) – criada com o Tratado de Roma,


aprofundada no de Maastricht, apresenta os seguintes objetivos:

 Revitalizar o caminho-de-ferro

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 Reforçar a qualidade do transporte rodoviário

 Promover o maior uso do transporte marítimo e fluvial

 Conciliar o previsto crescimento do transporte aéreo com o meio ambiental

 Criar a Rede Transeuropeia de Transportes

 Promover o transporte intermodal

 Reforçar a segurança rodoviária

 Institucionalizar uma política eficaz de tarifas sobre os transportes

 Desenvolver transportes urbanos de qualidade

 Desenvolver a investigação dirigida à tecnologia do transporte

 Estabelecer um enquadramento legislativo compatível com a globalização

 Desenvolver os objetivos ambientais de médio e longo prazos para um


sistema de transportes durável

Rede transeuropeia de transportes (RTE-T) – rede que tem em vista articular


as várias redes que a constituem, eliminar os estrangulamentos existentes em
cada uma delas, de forma a criar-se um espaço sem fronteiras, melhorando a
ligação entre as regiões mais periféricas e as regiões mais centrais.

Transporte rodoviário – reforço da interconexão com outros modos de


transporte, de forma a promover o transporte intermodal e multimodal, através
da criação dos corredores multimodais.

Transporte ferroviário – construção da grandes eixos transeuropeus,


dando prioridade a uma rede de alta velocidade.

Transporte aéreo – unificação dos sistemas de controlo da navegação


aérea, criando o céu único europeu.

Transporte marítimo – implementação do transporte marítimo, como


alternativa ao rodoviário, através das autoestradas do mar.

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Rede transeuropeia de energia (RTE-E) – rede que tem em vista diversificar


e garantir o aprovisionamento energético face a países terceiros, através:

 Resolução dos pontos de estrangulamento, dos congestionamentos e das


ligações em falta, em especial a nível transfronteiriço

 Alargamento da rede tendo em conta as crescentes necessidades do


mercado interno comunitário

 Implementação de redes de energia nas regiões insulares, isoladas,


ultraperiféricas, favorecendo a diversificação das fontes e as energias
renováveis

 Interoperabilidade das redes europeias com as dos futuros estados-


membros, de outros países, da bacia do Mediterrâneo e do Mar Negro

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4.2. A revolução das telecomunicações e o seu impacte nas


relações interterritoriais

4.2.1. A distribuição espacial das redes de comunicação

Características da sociedade moderna:

 Internacionalização da economia

 Rapidez e facilidade de acesso à informação

 Uniformização dos padrões de vida

 Simplificação de complexos processos de gestão e administração

 Telecomunicações

Aldeia global – o encurtamento das distâncias em resultado dos transportes e


das telecomunicações tem vindo a aproximar cada vez mais as diversas
regiões do globo.

Programa STAR – Programa Especial de Apoio ao Desenvolvimento Regional,


criado em 1986 e entretanto extinto, permitiu que algumas empresas ligadas ao
setor das comunicações beneficiassem de ajudas comunitárias, melhorando o
serviço prestado ao cliente, promovendo assim um dos grandes objetivos das
políticas comunitárias: igualdade de condições de acesso à informação.

Iniciativa “eEuropa – Uma sociedade de informação para todos” –


aprovada em 2000, assente na convicção de que atualmente o crescimento
económico, a competitividade das empresas e até a qualidade de vida dos
cidadãos têm por base as tecnologias de informação e comunicação, tem como
objetivo garantir que, no espaço comunitário, cidadãos, escolas, empresas e
administrações tenham acesso às TIC e as explorem de forma plena.

Programa Operacional Sociedade de Informação – definido no QCA III,


pretende criar um espaço transnacional de comunicação, informação e

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entretenimento, através do acesso generalizado à Internet e da difusão dos


maios de telecomunicação de banda larga.

Programa Ligar Portugal – programa que pretende dar resposta aos desafios
colocados pela sociedade de informação e do conhecimento, no âmbito do
Plano Tecnológico.

Agenda Digital – programa que prevê um forte envolvimento do setor privado,


em especial do setor das tecnologias de informação e comunicação,
comtemplando seis áreas de intervenção:

1. Acesso à banda larga e ao mercado digital

2. Investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) e inovação

3. Melhoria da literacia, qualificação e inclusão digitais

4. Combate à fraude e à evasão fiscais, contributivas e prestacionais

5. Resposta aos desafios sociais

6. Empreendedorismo e internacionalização do setor das TIC

Cobertura das redes – as principais redes de telecomunicação cobrem,


atualmente, todo o território nacional, garantindo o acesso da população à
informação e à comunicação, em resultado dos avultados investimentos neste
setor.

Utilização das tecnologias:

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4.2.2. Papel das TIC no dinamismo dos espaços geográficos

Importância das TIC – as TIC permitem reduzir as distâncias e aproximar


agentes económicas e pessoas de todo o mundo. Todavia, porque contribuem
para o desenvolvimento económico e social, as diferenças no acesso e na
capacidade de uso dessas tecnologias aumentam as desiguales entre as
regiões do mundo e de cada país e entre os cidadãos.

Modernos sistemas de transferência de informação:

 Telefax  Telemóvel/Smartphones

 Teletexto  Videoconferência

 Paging  Internet

 Videotexto  Redes sociais

 Videotelefone

Teletrabalho e Telecomércio – inovações resultantes do impacto das TIC –


atividade informática realizada a por via informática e aquisição/venda de
serviços ou bens por via informática, respetivamente.

Cabos de cobre – primeira forma de transmissão de informação.

Satélites geostacionários – satélite que se encontra permanentemente sobre


um lugar da Terra e permite a transmissão de informação de forma mais fácil,
permitindo ultrapassar os condicionalismos físicos.

Fibra ótica – filamento de vidro ou plástico, muito fino, utilizado como meio de
transmissão de ondas eletromagnéticas, transmitindo muita informação em
muito pouco tempo.

GPS – Global Positioning System – sistema de satélites mais utilizado


atualmente.

Programa GALILEO – programa de radionavegação por satélite desenvolvido


pela UE para reduzis a dependência ao GPS americano.
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4.3. Os transportes, as comunicações e a qualidade de vida da


população

Efeitos dos transportes e das comunicações na vida das populações:

 Globalização

 Aumento da mobilidade

 Aumento da difusão de informação

 Surgimento de novos estilos de vida, formas de trabalho e comércio

 Novos modelos de organização do espaço

 Redução das assimetrias regionais e quebra do isolamento das regiões


mais periféricas

 Contributo significativo para o PIB

 Efeito multiplicador noutras atividades

 Modernização das empresas nacionais

 Fixação de empresas estrangeiras em território nacional

 Criação da aldeia global

Desafios resultantes dos transportes e telecomunicações:

 Proporcionar a todos os cidadãos portugueses condições de igualdade no


acesso aos transportes e às novas tecnologias de informação

 Modernizar as redes existentes

 Garantir a segurança no setor dos transportes, promovendo a diminuição da


sinistralidade rodoviária, através da prevenção rodoviária e da construção
de novas infraestruturas viárias adaptadas aos transportes atuas e novas
regras de segurança

 Mitigar os impactes ambientais e a poluição, garantindo a sustentabilidade


no domínio do ambiente
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Tema V – A integração de Portugal na UE: novos desafios,


novas oportunidades

5.1. Os desafios, para Portugal, do alargamento da União


Europeia

Cronograma da União Europeia:

1951 – Tratado de Paris, criação da CECA – França, Alemanha, Itália e


BENELUX (Bélgica, Holanda e Luxemburgo).

1957 – Tratado de Roma, criação da CEE e EURATOM – mesmos países da


CECA. Europa dos 6.

1973 – Entrada da Dinamarca, Irlanda e Reino Unido na CEE. Europa dos 9.

1981 – Entrada da Grécia na CEE. Europa dos 10.

1986 – Ato Único Europeu. CEE passa a CE. Entrada de Portugal e Espanha
na CE. Europa dos 12.

1990 – Reunificação alemã, Alemanha Oriental junta-se à CE.

1992 – Tratado de Maastricht / Tratado da UE. CE passa a UE.

1993 – Concretização do Mercado Único Europeu. Entrada em vigor do


Tratado de Maastricht / Tratado da UE.

1995 – Entrada da Áustria, Finlândia e Suécia na UE. Europa dos 15.

1997 – Tratado de Amesterdão.

1999 – União Económica Monetária. Entrada em vigor do Tratado de


Amesterdão. Euro como moeda escritural. Adotam o euro: Alemanha, Áustria,
Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda e
Portugal. Mais tarde adotarão também Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia,
Grécia, Letónia, Lituânia e Malta.

2001 – Tratado de Nice.

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RESUMO
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2002 – Euro como moeda metálica e papel-moeda.

2003 – Entra em vigor o Tratado de Nice.

2004 – Entrada de Chipre, Malta, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia,


Lituânia, Polónia, República Checa e Hungria na UE. Saída da Irlanda dos
países da coesão. Europa dos 25.

2007 – Tratado de Lisboa. Entrada da Bulgária e da Roménia na UE. Europa


dos 27.

2013 – Entrada da Croácia na UE. Europa dos 28.

2014 – Saída da Espanha dos países da coesão.

Critérios de adesão – elaborados para a adesão dos PECO (países da


Europa central e ocidental), conhecidos como “critérios de Copenhaga”:

Critério político – em primeiro lugar, os países candidatos devem


possuir instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito,
os direitos do Homem e o respeito e a proteção das minorias.

Critério económico – em segundo lugar, os países candidatos devem


ter uma economia de mercado em funcionamento e a capacidade de fazer face
à pressão da concorrência e às forças de mercado no interior da UE.

Critério do acervo comunitário – em terceiro lugar, os países


candidatos devem ter a capacidade de assumir as obrigações decorrentes da
adesão, incluindo a adesão aos objetivos da união política, económica e
monetária. Isto significa que os países candidatos devem adotar integralmente
o corpo legislativo da UE – o designado acervo comunitário.
Instituições Europeias:

Conselho Europeu – órgão político da UE composto pelos Chefes de Estado


e/ou de Governo de cada um dos estados-membros e pelo Presidente da
Comissão Europeia. Reúne-se cerca de quatro vez por ano para debater as
orientações e prioridades políticas da UE.

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Conselho da União Europeia (CUE) – órgão legislativo da UE, antigamente


denominado de Conselho de Ministros, composto por um representante de
cada estado-membro, por norma o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Tem
uma função legislativa, aprovando as leis em conjunto com o Parlamento
Europeu, e decidindo as políticas necessárias à concretização dos tratados.

Parlamento Europeu – órgão legislativo da UE composto atualmente por 750


deputados europeus eleitos diretamente de 5 em 5 anos pelos cidadãos dos
diversos estados-membros. Desempenha três funções principais com o CUE,
para além de aprovar a entrada de novos estados-membros: função legislativa
(elabora as leis), funções orçamentais (debate e aprova o orçamento da união)
e função de controlo da vida democrática (assegura o funcionamento
democrático da UE, fiscalizando e podendo demitir a Comissão Europeia).

Comissão Europeia – órgão executivo da UE, guardião dos tratados


assinados, visto que verifica a sua correta aplicação, composto pelos
comissários europeus, atualmente 28 comissários, 1 por cada estado-
membros. Apresenta propostas de legislação do CUE e ao PE para aprovação
e elabora o orçamento.

Tribunal de Justiça – órgão judicial da UE, composto por um juiz de cada


estado-membro. Garante a aplicação das leis em todos os estados e resolve
litígios entre os governos nacionais e as instituições europeias.

Tribunal de Contas – órgão judicial da UE, composto por um membro de cada


estado-membro por um período de 6 anos. A sua função é controlar as
finanças da UE e melhorar a gestão financeira, verificando como são utilizados
os dinheiros públicos. Também emite um parecer sobre as propostas de
legislação financeira da UE.

Comité das Regiões – órgão consultivo da UE que representa as entidades


locais e regionais da união, emitindo pareceres sobre as propostas da
Comissão.

Comité Económico e Social Europeu (CESE) – órgão consultivo da UE que


emite pareceres sobre a legislação europeia, estando representados 3 grupos:

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empregadores, trabalhadores e interesses diversos (agricultores, associações


de consumidores, etc.).

Banco Central Europeu (BCE) – órgão responsável pela gestão do euro e


pela política monetária, independente das outras instituições europeias, com
autorização para emitir moeda dentro da UEM.

Banco Europeu de Investimento (BEI) – banco que financia projetos de ajuda


às regiões menos desenvolvidas da UE, financiando investimentos em
pequenas empresas e o desenvolvimento económico em países candidatos a
estados-membros.

Aspetos positivos do alargamento para os estados aderentes:

 Consolidação de democracias estáveis com instituições democráticas e o


aumento do respeito pelas minorias

 Reformas económicas permitindo atingir taxas de crescimento mais


elevadas face às da UE

 Melhoria das perspetivas a nível do emprego

 Aumento das preocupações e melhoria dos instrumentos para a resolução


dos problemas ambientais herdados dos anteriores regimes da esfera
soviética

Desafios do alargamento da UE para Portugal:

 Desnível económico e social, com salários mais baixos e menor proteção


social, que caracterizam os novos estados-membros, potencia a deslocação
do investimento e do emprego

 Livre circulação de trabalhadores no mercado alargado pode representar


um afluxo de trabalhadores migrantes com melhor formação profissional,
aumentando o dinamismo económico e a concorrência pelo emprego, muito
penalizadora para mão-de-obra nacional não qualificada

 Gerir a influência portuguesa na tomada de decisões da UE, dificultada pelo


aumento de membros e interesses de uma comunidade alargada

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 Diminuição do apoio aos processos de convergência económica ou social e


revisão do orçamento comunitário no que respeita à distribuição dos fundos
estruturais

 Aumento da importância dos limites fronteiriços no assegurar dos níveis de


segurança que satisfazem as expectativas dos cidadãos e fortalecimento da
cooperação no domínio da segurança interna e da proteção dos direitos e
liberdades individuais

 Conquista de novos mercados por parte das empresas nacionais

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5.2. A valorização ambiental em Portugal e a política ambiental


da União Europeia

Tratado de Maastricht – assinado em 1992, com entrada em vigor em 1993,


consagrou a existência de uma política no domínio do ambiente que contribuiu
para atingir os seguintes objetivos:

 Preservação, proteção e melhoria da qualidade do ambiente

 Proteção da saúde das pessoas

 Utilização prudente e racional dos recursos naturais

 Promoção, no plano internacional, de medidas destinadas e enfrentar os


problemas regionais ou mundiais do ambiente

Tratado de Amesterdão – assinado em 1997, com entrada em vigor em 1999,


o lema ambiental foi sintetizado numa frase: “Viver num ambiente são – uma
exigência dos europeus”, tendo sido reforçadas as políticas em matéria
ambiental.

Programa de Ação em matéria de Ambiente (PAA) – lançado em 2013 pela


UE, com o objetivo de:

 Proteger, conservar e reforçar o capital natural da União Europeia

 Tornar a União numa economia hipocarbónica, eficiente na utilização dos


recursos, verde e competitiva

 Proteger os cidadãos da União contra pressões de caráter ambiental e


riscos para a saúde e o bem-estar

 Maximizar os benefícios da legislação da União relativa ao ambiente


através da melhoria da respetiva aplicação

 Melhorar a base de conhecimentos sobre o ambiente e alargar a


fundamentação para as políticas

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 Assegurar investimentos para a política relativa ao ambiente e ao clima e


considerar os custos ambientais de quaisquer atividades da sociedade

 Integrar melhor as preocupações ambientais noutras áreas de política e


assegurar coerência ao criar uma nova política

 Tornar as cidades da União mais sustentáveis

 Ajudar a União a abordar o ambiente internacional e as alterações


climáticas de forma mais eficiente

Proteção ambiental:

 Lei de Bases do Ambiente (parques nacionais e reservas naturais)

 Plano Nacional da Água (PNA)

 Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU)

 Rede de Zonas Protegidas “Natura 2000” (Zonas de Proteção Especial e


Zonas Especiais de Conservação)

 Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC)

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5.3. As regiões portuguesas no contexto das políticas regionais


da União Europeia

Fundos estruturais – instrumentos financeiros que a UE dispõe para reduzir


as diferenças de desenvolvimento entre regiões e entre estados-membros e
aumentar a coesão económica e social. Os fundos são distribuídos consoante
se trata de uma região menos desenvolvida (PIBpc < 75% da média),
intermédia (PIBpc entre 75% e 90% da média), ou mais desenvolvida (PIBpc >
90% da média). Portugal é uma região intermédia.

FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) – apoia a


realização de infraestruturas e investimentos produtivos geradores de emprego,
nomeadamente destinados às empresas.

FSE (Fundo Social Europeu) – apoia a inserção profissional dos


desempregados e das categorias das populações desfavorecidas, financiando
ações de formação (promove a educação e a aprendizagem ao longo da vida,
a inclusão social e o combate à pobreza).

FEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola) –


relacionado com a agricultura.

Fundo de Coesão – criado em 1992 pelo tratado da UE, destina-se a financiar


projetos de infraestrutura na área dos transportes e do ambiente nos estados-
membros com um RNB per capita inferior a 90% da média europeia (energias
renováveis, redes transeuropeias de transportes, tratamento de resíduos, etc.).
Em Portugal, a aplicação dos fundos está contemplada no QREN (Quadro de
Referência Estratégico Nacional). Da UE-15 só Portugal e Grécia continuam a
beneficiar deste fundo, tendo a Irlanda deixado de ser país da coesão em 2004
e a Espanha em 2014.

Política regional – política com o objetivo de promover o desenvolvimento


equilibrado da UE e reduzir as desigualdades de desenvolvimento, garantindo
a coesão económica e social. A política assenta no princípio da solidariedade
financeira e é financiada através dos fundos estruturais e do fundo de coesão.

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