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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ - IFCE


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO - PRPI

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES MEIOS SUPORTE DE FILTROS


ANAERÓBIOS NO PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTE

Izaquiel de Sousa Rodrigues(1); IFCE, Campus Sobral; izaquiel-sousa@bolcom.br


Mayara Carantino Costa(2); IFCE, Campus Sobral; mcarantino@gmail.com

1. RESUMO. O trabalho teve como objetivo a avaliação da eficiência de remoção de poluentes


presentes em água de córrego urbano em sistemas biológicos de tratamento de esgotos. Foram
testados três filtros anaeróbios com diferentes meios de suportes. Foram realizadas análises de
sólidos suspensos e DQO. Embora tenha sido obtida uma maior eficiência de remoção de sólidos
suspensos (62%) no filtro testado com a brita como meio suporte, o mesmo apresentou menor
eficiência em termos de remoção de matéria orgânica (25%). Para o conduíte cortado e as
tampinhas de garrafas pet os valores de eficiência obtidos ficaram bem próximos, para ambos os
parâmetros. No entanto, considerando o custo de aquisição, as tampinhas podem ser apontadas
como melhor alternativa. De uma forma geral, o filtro anaeróbio mostrou-se como uma boa
alternativa de pós-tratamento, simples e de baixo custo que promove redução de poluentes, evitando
impactos ambientais em corpos receptores.

2. INTRODUÇÃO

O lançamento de efluentes in natura nos recursos hídricos resulta ao entrar em um sistema


aquático, causa uma grande proliferação de bactérias aeróbias provocando o consumo de oxigênio
dissolvido, podendo reduzi-lo a valores muito baixos, ou até mesmo extingui-lo, gerando impactos à
vida aquática aeróbia (PIMENTA et al., 2002).
A falta de saneamento tem afetado a saúde pública, um exemplo disso é a diarreia que, com
mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade
(GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007).
Na tentativa de melhorar essa realidade os filtros anaeróbicos são alternativas simples e
pratica para tratamento de esgoto, os mesmos consiste, inicialmente, de um tanque contendo
material de enchimento, que forma um leito fixo, alimentado com esgoto ou efluente de outra
unidade de tratamento.
O presente trabalho objetivou a avaliação da eficiência de remoção de poluentes presentes
em água de córrego urbano em sistemas biológicos de tratamento de esgoto, bem como o estudo da
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utilização de diferentes meios suportes para adesão de micro-organismos e formação de biofilme,


buscando soluções de baixo custo e elevada disponibilidade e eficiência na remoção de matéria
orgânica e sólidos em suspensão.
.
3 METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no período de 20 de dezembro de 2016 a 20 de janeiro de


2017, utilizando como amostra o efluente que antecede a etapa de pós-tratamento da ETE do Banco
de Mudas, em Sobral, sendo avaliada a remoção da matéria orgânica e sólidos suspensos, através de
análises laboratoriais realizadas antes e após a operação dos filtros, com o intuito de saber se esta
opção seria uma alternativa de pós-tratamento mais eficiente e rentável do que a existente.
Os filtros foram projetados de modo a funcionar de forma anaeróbia e independente. Foram
utilizados joelhos de plástico para a entrada do esgoto a ser tratado e tubos de PVC de 100 mm,
cortados a uma altura de 0,90 m, para o corpo do filtro; a vedação foi feita com tampas fabricadas
também em PVC e para a saída do efluente a ser coletado utilizou-se torneiras de plástico. Os meios
suporte testados foram: brita nº 4, conduítes cortados e tampinhas de garrafas pet (Figura 1).
Os testes foram realizados no LAAE (Laboratório de Análises Físico-químicas de Água e
Efluentes) do IFCE- campus Sobral. Os filtros anaeróbios foram operados em batelada com tempo
de contato de 12 horas.

Figura 1: Dimensões dos filtros (a); Preenchimento dos filtros (b); Meios suporte avaliados (c).

FONTE: Souza (2017)


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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 encontram-se os resultados das análises de sólidos realizadas em amostras do


afluente e efluente dos três filtros anaeróbios preenchidos com meios-suportes diferentes.

Tabela 1: Valores médios, máximos e mínimos e desvio padrão obtidos nas análises de sólidos
suspensos totais
Sólidos Suspensos Totais (mg/L)
Efluentes dos Filtros Biológicos
Afluente dos
M Meios suporte
Filtros Biológicos
Brita Conduíte Tampinhas
Média 164,67 62,67 94 85,33
Máxima 202 96 184 110
Mínima 120 22 22 52
Desvio Padrão 41,49 37,54 82,49 29,96
Remoção Média 62% 43% 48%

FONTE: Souza (2017)

As análises de sólidos demonstraram uma remoção maior nos filtros preenchidos com
brita, amplamente utilizada tanto como material suporte de biofiltros, quanto em filtros comuns, que
possuem o objetivo principal de remover substâncias em suspensão presentes na água. No entanto, o
objetivo principal dos filtros biológicos não é somente remover sólidos, mas também matéria
orgânica dissolvida.
Porém o meio-suporte que apresentou maior eficácia com relação à remoção de matéria
orgânica (DQO), foi o conduíte plástico cortado, transformando concentrações de 181, 48 mg/L O2±
42, 7 de DQO em 100, 89 mg/L O2± 28, 76 mg/L O2, contra 135, 33 mg/L O2 ± 52, 82 mg/L O2,
resultantes da brita, e 105, 33 mg/L O2± 22, 43 mg/L O2, obtidos nas tampinhas de garrafa pet
(Tabela 2). Esses resultados se devem ao fato de que o conduíte plástico é um material que
apresenta muitas características que atendem aos requisitos estabelecidos por Chernicharo (2006),
que dentre outros, deve ser resistente, inerte, e possuir uma área específica para a aderência de uma
maior quantidade de sólidos biológicos. Além disso é um material leve, ao contrário da brita,
possibilitando com isso, um espaço ideal para a formação do biofilme.
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Tabela 2: Valores médios, máximos e mínimos e desvio padrão obtidos nas análises de DQO
DQO (mg/L)
Afluente dos Filtros
Filtros Meios Suportes
Biológicos Brita Conduíte Tampinhas
Média 181,48 135,33 100,89 105,33
Máxima 214,81 193,33 132,68 122,67
Mínima 133,33 90 76,67 80
Desvio Padrão 42,71 52,82 28,76 22,43
Remoção Média 25% 44% 42%

FONTE: Souza (2017)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dos materiais utilizados como meio suporte, o que demonstrou melhor desempenho na
remoção de sólidos e matéria orgânica, ao mesmo tempo, foi o conduíte plástico, aparecendo como
uma opção de pós-tratamento melhor do que o leito cultivado utilizado na ETE estudada.
Utilizando-se o conduíte plástico cortado e as tampinhas de garrafas pet, os valores de
eficiência de remoção de sólidos foram de 43% e 48%, respectivamente. Em termos de remoção de
DQO, foram obtidos valores de quase o dobro do obtido com a brita, sendo de 44% e 42% para o
conduíte plástico cortados e as tampinhas de garrafas pet, respectivamente.
Diante desses resultados foi percebido que não houve diferenças significativas de eficiência
dos conduites plásticos cortados e as tampinhas de garrafa pet. Levando em conta o custo do
material de suporte, recomenda-se o uso das tampinhas.
Como recomendações para trabalhos futuros, podem ser feitos testes com os mesmos meios
suporte utilizados nesta pesquisa, utilizando um maior tempo de contato, como forma de verificar se
há aumento nas eficiências de remoção de poluentes
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5. REFERÊNCIAS

CHERNICHARO, C. A. L. Reatores anaeróbios. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 2006.

GUIMARÃES, A. J. A.; CARVALHO, D. F.; SILVA, L. D. B. da. Saneamento básico(2007).


Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/>. Acesso em: 15 ago. 2016.

PIMENTA. H. C.D.; TORRES, F. R.M.; RODRIGUES, B. S.R.; ROCHA JR., J. M. O esgoto: a


importância do tratamento e as opções tecnológicas. XXII Encontro Nacional de Engenharia de
Produção.8 p. Curitiba/PR, 2002

JORDÃO, E.P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª edição. Rio de Janeiro,


2009.

MARA, D.D. Waste stabilization ponds: effluent quality requirements and implications for process
rd
design. In: 3 IAWQ International Specialist Conference. Waste Stabilization Ponds: Technology
and Applications. Proceedings. João Pessoa, PA. Brasil. 1995.

SOUZA, F. A. Avaliação da eficiência de remoção de poluentes presentes em água de córrego


urbano em sistemas biológicos de tratamento de esgotos. TCC (Graduação). Instituto Federal do
Ceará. 2017.

VON SPERLING, M. Princípios básicos do tratamento de esgotos. Ed. DESA-UFMG.


Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMG. Belo Horizonte, 211p. 1996.

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