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https://www.todamateria.com.br/giordano-bruno/#:~:text=Giordano%20Bruno%20(1548-
1600),natureza%20divina%20de%20Jesus%20Cristo.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-43081130
Como exatamente que Giordano Bruno continuou tão atual mesmo tanto tempo depois?
Se o pensamento dele não fosse tão revoltante para os dogmas da época, tão cruamente
direto em suas pautas em relação a santidade de Cristo, tão abertamente desafiador e
jocoso em relação aos velhos ensinamentos que as grandes autoridades da igreja católica
da época transmitiam, Giordano Bruno não seria tão relevante. Ele não teria sido tão
importante para o desenvolvimento do pensamento renascentista e moderno se ele não
tivesse causado angustia e alarde no coração de tantos membros do Clero que sentiam
que precisavam calar esse homem da forma mais rápida o possível e que mesmo assim
viram sua doutrina se espalhando feito uma infecção pelo resto da Europa, queiram eles
ou não. Giordano Bruno com todos os holofotes virados para si foi o exemplo perfeito
da frase “Podem matar o homem, mas não a idéia”, idéias não morrem e nem tem fim,
as idéias são transmitidas através da linguagem, logo, já era tarde demais para consertar
o estrago que a execução deste homem causou, ainda mais numa época de decaimento
da fé cristã tal qual foi o renascimento e as eras posteriores, tendo um fundo mais
antropológico e humanista.
Uma das características fundamentais para essa linha de pensamento é a estabilidade das
idéias levando a um tipo de mundo estático desprovido das conseqüências que vem com
as mudanças. Usando de algumas descrições acerca do homem reacionário expostas
pelo pensador romeno Emil Cioran no livro “Exercícios de Admiração” é possível ter
uma idéia bem clara de como essa linha de pensamento funciona: “Muitas vezes o
reacionário é apenas um sábio habilidoso, um sábio interesseiro que, explorando
politicamente as grandes verdades de metafísicas, vasculha sem fraqueza nem piedade
os segredos do fenômeno humano, para revelar seu horror. Um aproveitador do terrível,
cujo pensamento – coagulado pelo calculo ou pelo excesso de lucidez – minimiza ou
calunia o tempo”, “Contudo, o reacionário, este conservador que tirou a mascara,
tomará emprestado das sabedorias o que elas tem de pior e de mais profundo: a
concepção do irreparável, a visão estática do mundo.”, nós temos esse pensador que
utiliza do que já foi feito, da admiração pelo que já foi, pelo conceito de um mal
irreparável que assombra a humanidade em suas raízes mais profundas para tomar as
rédeas da sociedade onde vive, não para consertar algo, mas deixar aquilo que está
quebrado em seu lugar, porque não há motivos para alterar ordens superiores de um
tempo melhor que o nosso.
Certamente eles tentaram impedir o progresso dos homens, mas o tempo não para pra
esperar, e parando pra analisar a situação a igreja foi colaboradora das revoluções
seguintes. Com a morte revoltante de Giordano Bruno que, de acordo com relator, lutou
até o fim pelo livre pensamento e pela ciência, você consegue uma figura revoltante,
atual e notória, que dá o pontapé para movimentos como a revolução francesa no fim do
século XIII e a inauguração da era moderna. Giordano Bruna engatinhou para que o
pensamento iluminista pudesse caminhar décadas depois de sua morte. Contudo, mesmo
com esse baque do movimento do livre pensamento na Europa e a desmistificação dos
sistemas políticos explorados na revolução francesa, ainda há de uma forma ou de outra
oráculos do pensamento reacionário, um lugar de honra para essa época cabe a Joseph
de Maistre, desprezador ávido da revolução francesa, que por desilusão ou coincidência
percebe as falhas do movimento liberal e o decaimento do pensamento utópico burguês
da época. Ainda assim se mantendo preso aos dogmas do catolicismo como um bom
reacionário da época, definindo a raça humana (e se deleitando no processo) como
“escravos em correntes flexíveis”.
Seja por má índole ou por um desejo genuíno de encontrar sua utopia num passado que
sequer existiu muitas vezes, o pensamento reacionário resiste ao tempo e ao avanço que
tanto detesta, talvez por sua simplicidade ou por sua fácil reprodução - afinal no fim de
toda revolução quando a ordem se instaura o revolucionário rapidamente inverte seu
papel – ele sobrevive ao curso das coisas, mesmo que revoluções não possam ser
impedidas, como prova a morte de Giordano Bruno e seus impactos no mundo
ocidental.