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17/4 - Quais os cuidados de um desmonte cuidadoso

Carlos Manoel Nieble


DESMONTES CUIDADOSOS COM
EXPLOSIVOS
1. Apresentamos primeiramente os efeitos danosos da escavação com explosivos
sobre as estruturas e o meio ambiente, tais como velocidades de vibração,
impacto de ar, ultralançamento (lançamento acidental de fragmentos) e pressão
hidrodinâmica, caso o desmonte seja subaquático.

2. Os desmontes cuidadosos são utilizados em fundações de hidroelétricas, pontes,


taludes de rodovias e túneis. São também utilizados em obras em zonas urbanas,
quando deve-se preocupar com o desconforto de pessoal. Em desmontes
subaquáticos, além das pressões hidrodinâmicas e seus efeitos sobre estruturas,
a preocupação com a fauna aquática deve ser levada em consideração.

3. Apresenta-se os meios para mitigar esses efeitos, tanto sobre as estruturas


vizinhas como para o meio ambiente, com recomendações de procedimentos.

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METODOLOGIA PARA MINIMIZAÇÃO
DE DANOS
1. Devem-se identificar claramente quais são as limitações impostas pelo
meio ambiente circundante: velocidade de vibração, impacto de ar,
ultralançamento e pressão hidrodinâmica, se o desmonte for subaquático;

2. Adotar no projeto inicial leis de propagação aqui apresentadas em função


das condições geológicas e dos acessórios de detonação utilizados;

3. Adotar critérios de segurança e elaborar zonas de risco;

4. Monitorar as primeiras detonações e obter as leis de propagação adaptadas


ao maciço rochoso;

5. Adaptar os planos de fogos para as condições encontradas.

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CONTROLE DE VELOCIDADE DE VIBRAÇÕES
Leis De Propagação Em Função Da Carga Por
Espera
1. A lei de propagação de vibrações reflete a atenuação do efeito do
explosivo com a distância. Ela utiliza a carga por espera e a distância
escalada como parâmetros principais.

2. O que é carga por espera?

3. É a carga de explosivo que age separadamente por meio de


retardadores que vão desde alguns milissegundos (não menos que
9ms, cuja utilização o meio internacional considera que o desmonte é
instantâneo) até 100, 200 ms, para retardos de cordel, chegando a 700
ms para os tubos de choque (SNETC).

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LEIS DE PROPAGAÇÃO DE VIBRACÕES
Cada lei tem sua faixa de aplicação:

• Lei de Langefors, expressa em função de Q/D3/2, válida para pequenas


cargas por espera a pequenas distâncias, como detonações muito
próximas a residências ou ao meio ambiente;

• Lei de Devine, expressa em função de D/Q1/2, utilizável para cargas


médias por espera a médias distâncias, tais como os desmontes
realizados em fundações de hidroelétricas;

• Lei de Ambraseys & Hendron, expressa em função de D/Q1/3, aplicável


para grandes cargas por espera e grandes distâncias, tais como os
desmontes de minerações.

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EQUAÇÃO MÉDIA E DE MÁXIMA ENERGIA

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OBRAS A CÉU ABERTO
Obra K.média K.máx. n

ANTA SIMPLICIO 500 1126 -1,33

ECLUSA LAJEADO 178 904 -1,17

FURNAS 500 1126 -1,33

LLX - MORRO DA MARIQUITA 354 1235 -1,38

MINA DE TIMBOPEBA 256 972 -1,37

MINA ONÇA PUMA 102 358 -1,11

UHE BAGUARI 1212 6312 -1,23

UHE ESTREITO (ARENITOS) 1213 5511 -1,55

UHE ESTREITO (BASALTOS) 286 1332 -1

UHE FOZ DO CHAPECÓ 140 2599 -0,89

UHE JIRAU 482 1385 -1,28

UHE SERRA DO FACÃO 19 64 -0,57

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EQUAÇÕES DE MÉDIA ENERGIA

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OBRAS SUBTERRÂNEAS

Obra K médio K máx. n

CVA - LINHA 4 (REBAIXO + TÚNEL) 51 201 -0,81

ESPOLETA ELETRÔNICA 12 33 -0,47

SNETC 12 28 -0,36

METRÔ RIO BARRA - ROCINHA 8 20 -0,28

METRÔ RIO - EMBOQUE BARRA 40 289 -0,91

TRANSRIO 108 533 -1,09

TÚNEL DOIS LEÕES 152 3713 -0,98

UHE FOZ DO CHAPECÓ 423 2359 -1,25

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EQUAÇÕES DE MÉDIA ENERGIA-
SUBTERRÂNEO

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CRITÉRIOS DE SEGURANÇA ESTRUTURAL
1. Os critérios de segurança a adotar dependem do tipo de estrutura a preservar,
seu estado, e o meio ambiente.
2. Não é razoável adotar os limites da norma NBR 9653 (21) indiscriminadamente.
Essa norma foi criada para a proteção de edificações nas vizinhanças de
desmonte executados em mineração.
3. Os critérios devem ser diferentes, e dependem do estado atual das edificações
e o tipo das mesmas, seja um talude em solo, ou uma ponte, ou fibra ótica, ou
tubulação de gás, por exemplo.
4. O critério de segurança tem que ser adaptado ao tipo de estrutura a ser
protegida e seu estado atual, sabedores que edificações bem construídas
podem aguentar níveis de vibração superiores às residências mal construídas,
que não tenham travamento nos caixilhos, ou mesmo apresentem gesso de má
qualidade.

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CRITÉRIOS DE SEGURANÇA PARA O
MEIO AMBIENTE
1. Recomendamos para o meio ambiente adotar a norma técnica D7.013,
emitida pela CETESB, em 2015, chamada Avaliação e monitoramento
das operações de desmonte de rocha com uso de explosivo na mineração:
Procedimento, que recomenda 4,2 mm/s na resultante, como limite de
segurança ao desconforto.

2. Note-se que esse valor, adotado entre nós, não tem uma base teórica
adequada. Muitos adotam o valor 6 mm/s, mas se o caso for julgado
juridicamente, o valor proposto pela CETESB será utilizado.

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CRITÉRIOS DE SEGURANÇA
INTERNACIONAIS

1. Os principais critérios de segurança existentes na literatura


internacional são apresentados no livro, obtido de Mining &
Blasting Files (23), de acordo com diversos países e autores.

2. A tabela mostra claramente que as velocidades de vibração


adotadas como critérios de segurança são função do tipo de
obra, seu estado, e do meio ambiente em que estão inseridos.

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ZONAS DE RISCO
DETONAÇÕES NA
UHE TUCURUI

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ZONAS DE RISCO EM FUNÇÃO DO
ESTADO DAS ESTRUTURAS

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IMPACTO DE AR
PRESSÃO ACÚSTICA (dBL) RESPOSTAS, NORMAS
• 180 Danos a estruturas
• 170 Quebra da maioria das vidraças
• 150 Quebra de algumas vidraças
• 140 Máximo – OSHA
• 134 Máximo – USBM – ABNT
• 128 Nível seguro – USBM,CETESB
• 120 Limite de dor para som contínuo
• 115 Limite de queixas – vibração prato/janelas
• 115 Máximo para 15 minutos – OSHA
• 90 Máximo para 8 horas - OSHA

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ZONAS DE RISCO PARA IMPACTO DE AR

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VARIÁVEIS QUE CONTROLAM O
IMPACTO DE AR
VARIÁVEIS QUE CONTROLAM A
Significante Moderada Pequena
OPERAÇÃO
Carga máxima por espera X
Retardo X
Afastamento e espaçamento X
Tampão (dimensão) X
Tampão (tipo) X
Comprimento da carga e diâmetro X
Ângulo do furo X
Direção da iniciação X
Carga total do fogo X
Cordel coberto ou não X
Confinamento da carga X
VARIÁVEIS FORA DE CONTROLE DA
Significante Moderada Pequena
OPERAÇÃO
Superfície do terreno X
Tipo e profundidade do capeamento X
Vento e condições do tempo X

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IMPACTO DE AR E VIBRAÇÃO EM
DESMONTES A CÉU ABERTO

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ULTRALANÇAMENTO
Dos aspectos dos explosivos, é considerado o mais danoso, pois pode matar, e
interferir no cronograma de obra, pois ela pode ser paralisada.

Ultralançamento é o termo usualmente empregado para expressar a inesperada


projeção de fragmentos de rocha a grandes distâncias. Tais fragmentos são também
chamados pombos correio, ou fly rock.

A principal causa é devida ao fato dos gases encontrarem fendas através da rocha e
por elas passarem a altas velocidades, numa forma concentrada e unidirecional,
arrastando consigo pequenos fragmentos que são atirados a longas distâncias.

ULTRALANÇAMENTO INTERNACIONAL

Análise de 27 anos de acidentes nos E.E.U.U. (1978 - 2005) ocorridos em mineração a


céu aberto, revelam que o ultralançamento foi a segunda maior causa responsável
por acidentes. Outra analise recente demonstrou que entre 1994 e 2005 (12 anos) os
acidentes fatais e não fatais para as minerações representam 19% dos acidentes de
detonação. De todos os fenômenos ligados ao desmonte, e que agem maleficamente
em relação ao meio ambiente, o ultralançamento é o que causa acidentes fatais em
maior intensidade. É importante lembrar que o ultralançamento pode geralmente ser
acompanhado de impacto de ar.

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HISTÓRICO SOBRE O ULTRALANÇAMENTO
O ultralançamento em mineração, em fogos não cobertos, poderia atingir 1 000
m ou mais, segundo estatísticas

Lundborg (ver adiante) elaborou uma estatística de fogos de engenharia civil não
cobertos, que para perfuração de 2 ½” (64 mm), pode chegar a 500m, segundo
estatísticas

Cintra e Nieble, aplicaram o Desmonte Não Agressivo a várias obras e chegaram


à seguinte formulação, para frentes regulares de bancada:

ZD (zona de segurança)=K.Rc.D²/³
Onde K = 64 para desmontes livres de cobertura

K = 28 para desmontes cobertos

K = 14 para desmontes muito bem cobertos muito próximos a comunidades

Para furação de 64 mm, e razão de carregamento de 0,4 kg/m³, obtém-se os valores


de 400m, 180m e 80m.

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ULTRALANÇAMENTO INTERNACIONAL
Ultralançamento é um problema estatístico, tanto é que os USA fazem
este controle há mais de 40 anos
Lundborg propôs a seguinte lei, baseada em planos de fogos cuidadosos
em desmontes não cobertos para engenharia civil:

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RECOMENDAÇÕES
DE BOAS PRÁTICAS
PARA DESMONTES
EM ZONAS
URBANAS

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DIRECIONAMENTO DO ULTRALANÇAMENTO

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POSSÍVEIS
TRAJETÓRIAS DO
ULTRALANÇAMENTO

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ACIDENTES COM
ULTRALANÇAMENTOS NO BRASIL
COM DESMONTES NÃO COBERTOS
Observação geral: A maioria dessas ocorrências deve-se a pequenos
fragmentos, que na maioria das detonações não são visualizados.
• Na pedreira da LLX em Sepetiba um ultralançamento oblíquo ocorreu até 287m,
suspendendo a obra por 3 meses;
• Implantação da Ferrovia do Aço em São João Del Rei: morte de criança de 12
anos que estava dormindo em sua casa posicionada a 500 m da frente de
escavação;
• Pedreira industrial na cidade do Rio de Janeiro: morte do funcionário-contador
da empresa que permaneceu no escritório da empresa situado a 300 m da
frente, no horário de almoço utilizado para as detonações;
• Mineração de ferro próxima de Belo Horizonte: morte de funcionário de
empresa de bebidas que estava consertando uma geladeira no interior do
refeitório da Mina, situado do 500 m da frente de detonação;
• Obra de duplicação da BR-232 em Pernambuco, morte de criança de 8 meses,
que estava dormindo em sua casa situada a 200 m da frente de detonação;
• Pedreira em Cariacica-ES, lesão séria-amputação do braço de um homem
paraplégico-, atingido em frente a sua residência situada a 400 m da frente de
detonação.

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DESMONTE
AGRESSIVO E NÃO
AGRESSIVO - DNA

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CARREGAMENTO DO
FURO PARA MINIMIZAR
ULTRALANÇAMENTO

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UTILIZAÇÃO DE
BORETRACK E
PERFILAGEM A
LASER

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COBERTURAS DOS DESMONTES

• BIDIM PARA PERMITIR A PASSAGEM DOS GASES

• SOLO LOCAL SEM FRAGMENTOS

• BLAST MATS DE AÇO OU PNEUS

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PRESSÃO HIDRODINÂMICA
A ROLHA DE PIRAPORA

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EQUAÇÃO DE
NIEBLE-CINTRA
PARA PRESSÃO
HIDRODINÂMICA

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CRITÉRIOS PARA REBAIXAMENTO DA
CALHA DO TIETÊ VIBRAÇÃO ESTRUTURA VELOCIDADE DE VIBRAÇÃO
(MM/S MÁXIMO)
Ponte 50 a 178 (1)
Rocha 50 a 380 (2)
Urbana 15 (ABNT)
Hospital 6
Edifício histórico 7
Duto 50
Galeria em bom
150 a 300
estado
Galeria em estado
70 a 100
deformado
Poços 50
Estação telefônica 50
Estação de televisão 35
Torres de alta
50
tensão
Fauna (3)
Ser humano 4,2 (CETESB)

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CRITÉRIOS DE SEGURANÇA ADOTADOS
NA UHE MASCARENHAS DE MORAES
Velocidade de vibração
Estrutura
(mm/s)
Comporta 100
Concreto 300
Conduto forçado da turbina 60
Relê 36

Pressão Hidrodinâmica
Estrutura
(Atm)
Comporta 1,7

Concreto 3

Conduto forçado da turbina 1,6

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DESMONTE CUIDADOSO PRÓXIMO A
CONCRETO, EM ÁREA DENSAMENTE
POVOADA

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Carlos Manoel Nieble
DESMONTE NÃO AGRESSIVO - DNA

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Carlos Manoel Nieble
Obrigado!

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