Você está na página 1de 2

Aluno: Leonardo Lobato de Paula Matrícula: 2019062423

Disciplina: Sintaxe do Português Professor: Fábio Bonfim Duarte

EXERCÍCIO DE VOZ E PAPEL TEMÁTICO

Parte 1:

Analisando as definições de vozes dadas por Sacconi (1994:188), as explicações


de Kury (1970:26-27) e as sustentações feitas por Faraco (1996:246-247), encontramos
alguns problemas que serão analisados a seguir. A questão relevante a ser levantada é
que um termo em uma oração pode ter uma mesma função semântica, mas possuir
funções sintáticas diferentes. Por exemplo, um termo específico pode ser paciente de
uma ação, mas exercer função ora de sujeito, ora de objeto. Um outro termo pode ter a
função semântica de ser um instrumento da ação, mas estar em posição ora de adjunção,
ora de sujeito, dependendo da oração.

Como os verbos podem designar não apenas ações, mas diferentes eventos, não
se pode dizer que os sujeitos exerçam apenas papel de agente. As relações semânticas
estabelecidas entre os verbos e seus argumentos podem apresentar diferentes tipo de
papéis temáticos: agente, causa, instrumento, paciente, tema, experienciador,
beneficiário, entre outros.

Além disso, encontra-se na literatura diferentes definições para os tipos de papel


temático. O agente, portanto, pode ser definido de variadas formas. Se, para Fillmore, o
agente é “a função desempenhada por um ente animado que é responsável”, para
Halliday, o agente é o “controlador da ação.” E o mesmo acontece para instrumento.
Encontra-se, portanto, novos papeis temáticos a medida que se identificam novas
especificidades entre as relações lexicais.

Existem, ainda, casos em que se questiona a possibilidade de um sintagma ser


preenchido por mais de um papel temático. Jackendoff propõe, ainda, uma teoria
composta por dois planos: a do papel temático e a do plano de ação, sendo a primeira
responsável pelas ações especiais e o segundo pelas relações do tipo agente-paciente.
Em outros casos, é alvo e paciente de ações, simultaneamente. O que se observa,
portanto, que os papeis que os falantes atribuem às entidades são mais complexos que
um simples rótulo de agente e paciente.
Parte 2:

A problematização trabalhada no texto anterior implica em uma nova


incoerência, geralmente presente em gramáticas tradicionais, sobre a definição de voz
ativa. Essas definições apresentam inconsistências de critérios semânticos e sintáticos,
ao não considerar a regência e transitividade verbal de acordo com a pragmática
definida pelo contexto em que o verbo está sendo usado. Como os verbos não estão
presos a um único significado, eles podem ganhar novas noções semânticas. Portanto, a
definição de voz ativa deve levar isso em consideração, sendo um recurso linguístico
utilizado para dar foco no sujeito agente ou no sujeito paciente, podendo destacar
também os complementos que o verbo seleciona.

De forma geral, verbos transitivos diretos possuem voz passiva, mas nem todo
verbo transitivo direto na voz ativa pode ter a contraparte passiva. Nas orações
apresentadas, apenas as [2], [5] e [6] podem ser passadas para a voz passiva, ficando:

Um tapa foi recebido por João.

Um tabefe de estilo foi levado por alemãozinho.

Severas repreensões foram sofridas por ela.

A voz passiva não pode ocorrer por verbos de posse, como “ter”; resultaria em
uma frase agramatical. Alguns verbos mudam de transitividade conforme o sentido da
frase, admitindo voz passiva, de um modo geral, quando forem transitivos diretos.

Você também pode gostar