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7. O QUE É O BATISMO?

Uma voz que vem do deserto

No Evangelho de Mateus, João Batista é


apresentado como um mensageiro encarregado
de preparar o caminho do Senhor (11,10). Ele é
chamado de “Batista”, ou seja, alguém que
imergia (batizar significa imergir, mergulhar)
pecadores arrependidos no Jordão, um rio
barrento que corta Israel de norte a sul. Embora
fosse muito popular e seguido por muitos
discípulos, João declarava não ser digno de tirar
as sandálias de Jesus (Mt 3,11).

Ao invés dos complexos e difíceis rituais de purificação, João Batista convidava


os pecadores ao arrependimento (Mt 3,2), momento que era selado com um
simples mergulho nas águas (3,6). O objetivo do batismo não era “lavar” os pecados,
como se a água fosse capaz de purificar pecados, mas apenas marcar uma importante
decisão: o abandono de uma vida pecaminosa e a disposição para caminhar ao lado
de Cristo. Mesmo sem ter pecados e contrariando a vontade de João (3,14), Jesus
também desceu às águas (3,16) para fazer a vontade do Pai.

Vestindo-se de Cristo

Quando uma multidão, um ajuntamento de publicanos (=cobradores de impostos) e


um grupo de soldados vieram até João perguntando a respeito do que fazer diante do
apelo de sua pregação, ele enfatizava a importância da ajuda aos necessitados (Lc
3,10-11), do abandono da exploração e da corrupção (3,12-13) e do abuso do
poder e da ganância (3,14). O batismo deve ser visto não apenas como um ritual,
mas com um marco, uma declaração pública de compromisso com os valores do
Reino de Deus e o abandono dos valores do mundo.

Após a ascensão de Jesus aos céus os seguidores de Jesus continuaram com a prática
do batismo. Os primeiros gentios (= não judeus) aparecem sendo batizados pela
primeira vez em At 10,45: “E os fiéis que eram da circuncisão [ou seja, judeus], que
tinham vindo com Pedro, ficaram estupefatos de verem que também sobre os
gentios se derramara o dom do Espírito Santo”. Na sequência o texto declara
que Pedro “determinou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (v. 48).

Temos aí mais uma novidade: além de representar uma simplificação dos complexos
rituais de purificação judaicos, o batismo dos cristãos era inclusivo, uma vez
que era acessível tanto a judeus com a gentios. Além da simplicidade e do caráter
inclusivo, o batismo estava associado ao recebimento do dom (=presente, dádiva).
Quer saber que presente era este? O texto é claro, “o dom do Espírito Santo”. E este
Espírito, recebido por ocasião da conversão e selado no batismo, não é Espírito de
confusão, de discórdia ou de divisão, mas Espírito que inclui em um só corpo
“judeus e gregos, escravos e livres” (1Co 12,13), “homens e mulheres” (Gl 3,28). A
carta de Paulo aos Gálatas chega a dizer que aqueles que se batizam em Cristo
“vestem-se de Cristo” (Gl 3,27).

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo

Em Mt 28,18-20 surge a famosa fórmula batismal: “Toda a autoridade sobre o céu e


sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem
discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as
a observar tudo quanto vos ordenei.”. Os verbos presentes na fórmula são muito
significativos: fazer [discípulos], batizar [em nome do Pai, do Filho e do Espírito] e
ensinar [aquilo que Jesus ordenou].

O batismo nunca pode ser visto de maneira isolada. Ele é apenas um passo na
caminhada cristã que inclui arrependimento, compromisso de mudança de vida,
disposição para aprender e meditar nos ensinamentos de Jesus e de fazer novos
discípulos. Nós batistas, entendemos que o batismo deve ser realizado quando o
indivíduo tem plena consciência de seu significado e das implicações que
essa decisão deve gerar. Por isso não batizamos crianças. Também enfatizamos a
importância do simbolismo original do batismo: a imersão (mergulho nas
águas) como símbolo do abandono da antiga vida e o nascimento para uma vida nova.

Mas a rejeição do batismo infantil e a valorização da imersão no ato do batismo não


devem ser vistos como dogmas inflexíveis. Não há uma idade específica para se
batizar, afinal a maturidade de cada um segue um ritmo diferente. Em alguns casos –
como por motivo de saúde – é impossível ao candidato ao batismo se deslocar até um
local com água suficiente para cobri-lo. Neste caso é preciso ter bom senso para
buscar novas formas de realizar o batismo sem ferir seu significado original.

Se você já é batizado, lembre-se do compromisso que assumiu no ato do batismo.


Caso ainda não seja batizado, talvez seja a hora de pensar sobre o assunto. Medite
sobre isso e peça direção a Deus.

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