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SECRETARIA GERAL DO ESTADO

DO PARANÁ'

Lei N. 1916
de 23 de Fevereiro de 1920
com as emendas da Lei n.° 2.012 de 21 de Março de 1921

CÓDIGO DO PROCESSO
CRIMINAL
DO
ESTADO DO PARANÁ

CURITYBA :: 1928

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SECRETARIA GERAL DO ESTADO
DO PARANÁ'

Lei N. 1916
de 23 de Fevereiro de 1920
com as emendas da Lei n.° 2.012 de 21 de Março de 1921

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CÓDIGO DO PROCESSO
CRIMINAL
DO
ESTADO DO PARANÁ

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LEI N. 1916
de 2 3 de Fevereiro de 1 9 2 0 ,
com as emendas da Lei n. 2.012 de 21 de Março de 1921.

ooo

O Congresso Legislativo do Estado do Paraná decretou e


eu sacciono a lei seguinte:

Código do Processo Criminal


LIVRO PRIMEIRO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPITULO I
Das acções ex-delicto
Art.0 1.° — Da infracção da lei penal resultam:
I) — A acção criminal, para imposição da pena;
II) — A acção civil, para satisfação do damno.

CAPITULO II
Da acção criminal

Art.0 2.° — Compete acção criminal ao offendido, ou ao


seu representante legal, em relação a todos os crimes e contra-
venções ; e, privativamente, nos seguintes casos:
I) De damno, quando o crime não é praticado em cousas
do dominio ou uso publico da União, do Estado ou do Muni-
cípio, ou em livros de notas, registros, assentamentos, actas e
_ 4 —

termos, autos e actos originaes da autoridade publica (art.* I.0*


da L. Fed. n. 628 de 24 de Outubro de 1899).
II) N o s de adultério, parto supposto, calumnia e injuria;;
III) N o s de rapto e violência carnal, salvo:
a) se a pessoa offendida é miserável, ou azylada de algum-
estabelecimento publico;
b) se da violência resultar morte, perigo de vida ou altera-
ção grave de saúde para a pessoa offendida;
c) se o crime for perpetrado com abuso do pátrio poder ou
da autoridade de tutor, curador ou preceptor (art. 274 e 407 do
Cod. Penal).

Art.° 3.° — Consideram-se offendidos para o effeito de


exercer o direito da queixa e accusação:
I) N o crime de homicidio o pae, a mãe, o cônjuge e o
filho dp assassinado;
II) N o de injuria ou calumnia á memoria de u m morto,.
o cônjuge, os ascendentes, descendentes ou irmãos (art. 324 do
Cod. Penal).
III) E m outro qualquer crime, somente a pessoa por elle
immediata ou directamente attingida.

Art.° 4.° — Compete a acção criminal ao Ministério Publico


e m todos os crimes e contravenções, exceptuados aquelles em.
que a dita acção é privativa da parte offendida, conforme os
nrs. I, II e III do art.° 2.°.

Art.0 5.° — A acção do Ministério Publico, nos crimes de


violência carnal, :endo miserável a pessoa offendida, e nos de-
furto, entre parentes e affins, até o 4.° gráo civil, não compre-
hendidos na disposição do art.0 335 do Cod. Penal, só pôde ser
intentada, mediante solicitação escripta da parte offendida, ou
de quem tenha capacidade para represental-a (§ un. do art.0 1."
da L. n. 628 cit.).
§ único. N o s outros casos de acção privada (ns. I e II do
art." 2.°), a ; r.rte offendida que não dispuzer de recursos para
— s —
despesas judiciaes poderá obter do juiz o beneficio da assistên-
cia judiciaria, conforme as disposições do Cod. do Proc. CiviL
Art.0 6.° — Compete a acção criminal ao Juiz ou ao Tribu-
nal, ex-officio, nos crimes inafiançaveis, não a propondo o Minis-
tério Publico, durante o prazo de lei (art.° 407 do Cod. Penal)~
Art.0 7.° — A qrialquer pessoa compete iniciar por denun-
cia apresentada ao Juiz competente a acção publica por crime de
lenocinio, na forma da L. Fed. n. 2.992 de 25 de Set. de 1915.
Art.0 8.° — Qualquer autoridade ou funccionario publico de-
qualquer categoria que, -no exercício de suas funcções, descobrir
algum crime, deve participal-o ao representante do Ministerio>
Publico, por intermédio do Juiz ou Tribunal competente, en-
viando documentos que possam servir de prova.

Art.0 9.° — O Juiz de qualquer categoria, que descobrir em;


autos algum crime, mandará extrahir copia authentica das peças
comprobatórias desse crime, remettendo-a ao competente agente-
do Ministério Publico, com a maior brevidade possível.
§ único. Pôde qualquer pessoa levar ao conhecimento do re-
presentante do Ministério Publico, ou de qualquer autoridade-
judiciaria, ou policial a existência de u m crime, com a declara-
ção de quem seja o autor, para que, contra este, se proceda,
criminalmente.

Art.0 10.° — T e m capacidade para representar a pessoa


offendida:
I) Seu ascendente, ou descendente;
II) Seu tutor, ou curador;
III) Seu cônjuge.

Art.0 11.° — A s pessoas jurídicas se fazem representar na*


conformidade dos seus estatutos, ou leis de organização.

Art.0 12.° — O Ministério Publico, como parte integrante


do juizo criminal, é sempre ouvido e m todos os termos de qual-
quer acção intentada pela parte offendida, ou pelo Juiz ou Tri-
bunal, ex-officio.
— 6 —

Art.0 13.° — Nas acções publicas pôde intervir a parte of-


fendida, como auxiliar (art.0 408.° do Cod. Penal).
§ único. Sendo tal intervenção meramente auxiliar, é ve-
dado á parte offendida, ou a quem a representar:
a) Produzir testemunhas; .
b) Fazer recusações;
c) Recorrer.

Art.0 14.° — Em crimes de acção publica, .sendo esta pro-


.movida pela parte offendida ou seu representante legal, com-
pete ao Ministério Publico:
a) Additar a queixa e o libello;
b) Intervir e m todos os termos da acção e recorrer;
c) Continuar a agir, m e s m o que a parte que tiver pro-
movido a acção a abandone ou delia desista.
§ único. Sendo a acção iniciada pelo Juiz ou Tribunal ex-
officio, o Ministério Publico tomará a si o andamento do pro-
cesso.

Art.0 15.° — Não se admitte acção criminal:


I) Contra os membros do Congresso Legislativo Federal,
ou do Estado, pelas opiniões e votos que emittirem, no desem-
penho do mandato.
II) Pelo crime de adultério, a quem não é marido ou m u -
lher, e, cada u m destes, perderá o direito á acção se, por qual-
quer modo, tiver consentido no crime (§ 2.° do ,art.° 279 do
Cod. Penal).
III) Pelo crime de furto, entre marido e mulher, salvo ha-
vendo separação judicial de pessoas e bens, e entre ascendentes,
descendentes e affins no m e s m o gráo (art.0 335 do Cod. Pen.).
I V ) Por crime de offensa irrogada e m allegações, ou es-
•cripto produzidos e m juizo, pelas partes, ou seus procuradores.
Entretanto, o Juiz, ou Tribunal que encontrar calumnias ou in-
jurias em allegações de autos, as mandará riscar, a requerimento
da parte offendida, quando tiver de julgar a causa; e na m e s m a
sentença imporá ao autor a multa de que trata o art." 323 do-
Cod. Penal.
Art." 16.° — A acção criminal suspende-se:
I) Por questões prejudiciaes, até serem julgadas no Juizo-
competente;
II) Pela denegação de licença para proceder, nos casos e m
que o supposto delinquente, e m razão de sua qualidade, não pôde
ser processado, sem essa autorização;
III) Quando sobrevem affecção mental do delinquente. A-
superveniencia dessa affecção não obsta a instauração do pro
cesso.
§ único. São questões prejudiciaes que suspendem a acção
criminal as que versam:
a) sobre o estado civil da pessoa;
b) sobre o direito de propriedade, ou sobre a posse de bens
immoveis;
c) sobre a prova de factos da competência de outras auto-
ridades judie árias ou administrativas.
Art.0 17.° — A acção criminal intentada pela parte offen-
dida, ou pelo seu representante, extingue-se:
I) Pela morte do acciuado; esta. porém, não extingue a
acção e m relação a co-autores, ou cun^plices, salvo tratando-se
de adultério, e m que o fallecimento do cônjuge aceusado apro-
veita a todos os seus cúmplices;
II) Pela morte do offendido, não sendo ella resultado ou
consequência do crime;
III) Pela desistência;
I V ) Pela composição sobre o d a m n o ;
V ) Pela sentença definitiva passada e m julgado;
V I ) Pelo perdão do of fendido;
V I I ) Pela prescripção.
§ único. A morte do offendido, a desistência, a composi-
ção sobre o damno e a perempção, só extinguem a acção crimi-
nal nos casos e m que não cabe acção publica.
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Art.0 18.° — Extingue-se a acção criminal intentada pelo


Ministério Publico, ou pelo Juiz, ou Tribunal, ex-officio:
I) Pela morte do accusado;
II) Pela sentença passada e m julgado;
III) Pela amnistia;
I V ) Pela prescripção.

Art.0 19.° — A acção criminal não se propõe, ou extingue-


se depois de proposta, e antes da imposição da pena, se, nos cri-
m e s de violência carnal, de que tratam os arts. 267 e 268 do Cod.
Penal, verificar-se o casamento da offendida, observada a dis-
posição do § único do art.0 276 do m e s m o Código.

Art.0 20.° — Nos casos de delictos connexos em que uns


sejam de acção publica e outros de acção meramente privada,
não podem estes ser incluídos na acção publica.

CAPITULO III

Da acção civil

Art.0 21.° — A acção civil é intentada separadamente da


acção criminal, no foro competente segundo as disposições do
Código do Processo Civil.

Art." 22." — A renuncia da acção civil não importa a da


acção criminal.

Art.0 23.° — A composição sobre o damno extingue a acção


penal, meramente privada; assim também extingue o direito de
auxiliar a accusação, nos casos de acção publica.

Art." 24.° — As garantias de satisfação do damno causado


alcançam as despesas e multas, ás quaes, todavia, preferirá a
completa indemnização do offendido.
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C A P I T U L O IV
Da jurisdicção e competência

Art.0 25.° — A jurisdicção criminal, distribuída entre as au-


toridades judiciaes do Estado, obedece aos seguintes critérios:
I) E m razão da matéria ou da gravidade dos delictos, é-
conferida ao Jury, aos Juizes de Direito, aos Municipae , aos
Districtaes e á Policia.
II) E m attenção ás funcções publicas de que se achar in-
vestida a pessoa do delinquente, a jurisdicção pertence, por ex-
cepção, a juizes especiaes.
III) Quanto ao gráo da jurisdicção, esta se exerce e m 1." e-
a
2. instancia, e em.gráo de recurso extraordinário e de revisão
de processos findos.
I V ) Proroga-se a jurisdicção pela connexão de delictos para
submetter-se a causa a juiz que só tem jurisdicção e m relação a
u m ou alguns dos delictos ou delinquentes.
V ) Sendo igualmente competentes dous ou mais juizes, pre-
valece, pela prevenção, o foro do que primeiro iniciar o processo.

Art.° 26.° — Para a jurisdicção em razão da gravidade dos


delictos. não influe o facto de ser a pena aggravada por haver
mais de u m crime, desde que o juiz tenha poder jurisdiccional
a respeito de cada u m .

Art.0 27.° — Cessa o privilegio de foro desde que cesse de-


finitivamente, por meio legal, o exercício da funeção publica.

Art.0 28.° — Ha connexão de crimes:


a) pela pluralidade de pessoas responsáveis por u m m e s m o
crime;
b) pela pluralidade de crimes, por qualquer forma ligados
entre si e attribuidos a u m a ou mais pessoas.
§ 1.° — N o s casos de connexão de delictos é competente
para processal-os e julgal-os conjunctamente, o Juiz ou Tribu-
- lu

nal superior competente para processar e julgar algum dos ditos


crimes ou delinquentes.
§ 2.° — A ordem de superioridade, para esse effeito, é a
seguinte:
a) O foro de Juizes Municipaes sobre o dos Juizes Distri-
ctaes ou da Policia;
b) O dos Juizes de Direito sobre o dos Juizes Municipaes;
c) O do Jury sobre o dos Juizes de Direito;
d) O do Superior Tribunal de Justiça sobre o do Jury;
e) O do Congresso Legislativo sobre o do Superior Tri-
bunal.
§ 3.° — Se entre os delictos connexos houver algum da com^
petencia do foro milita" da Força Publica dc Estado considerar-
se-á esse foro superior ao dos Juizes Districtaes mas inferior
ao dos Juizes de Direito e Municipaes.

Art.0 29." — Os Juizes e Tribunaes criminaes são compe-


tentes para decidir todas as questões de direito civil que inci-
dentemente surgirem no curso de u m processo.

Art." 30." — A juneção de dous ou mais processos por de-


lictos connexos pode ser determinada ex-officio ou a requeri-
mento do autor ou do réo, m e s m o depois de iniciado o pro-
cesso e até depois da pronuncia.

Art." 31." — Em regra, é foro competente o do logar onde


o crime foi commettido.

Art." 32." — Sendo desconhecido o logar do delicto, a com-


petência se subordina á seguinte ordem de preferencia:
1.°) O foro do logar do domicilio do delinquente;
2.") ' I do logar da ultima residência do delinquente, isto
é, do logar onde tiver permanecido ao tempo ou pouco antes
<do delicto;
3.°) Aquelle e m que se effectuar a prisão.
11 —

Art." 33.° — Quando diversos factos, constitutivos de uma.


só infracção, são consumados e m logares differentes, é compe-
tente, por prevenção, o foro onde primeiro se iniciar o processo.
§ 1." — Assim também, quando a infracção for commettida
na linha divisória de duas circumscripções territorhes de modo^
a surgir duvida acerca da competência judicial para o caso.
§ 2." — Quando o crime ou a contravenção começar e m ura.
logar e consumar-se e m outro, é competente o foro do logar
onde se consumou.

Art." 34." — O processo pode ser preparado e julgado, e m


foro estranho ao de sua origem ou simplesmente julgado, quando
grave perturbação da ordem publica, ou fundada suspeita de
pressão sobre o Juiz, jurados, e testemunhas, tolher a liberdade
essencial para instrucção e julgamento do alludido processo, ou
quando, pela exaltação dos ânimos, correr perigo a vida do réo.

Art." 35." — O Ministério Publico, ou a parte interessada


verificadas as condições anormaes, pode requerer ao Superior
Tribunal a designação de outro foro.

Art." 36.° — ; , A requisitória do Ministério Publico, ou a


petição da parte interessada deve ser motivada e sempre devida-
mente comprovada.

Art.0 37.° — A requisitória, ou petição, segue no Superior


Tribunal a m e s m a forma dos recursos críminaes.

Art." 38." — Deferido o pedido, o Tribunal designará no*


Accordam, outro foro, preferindo o da comarca mais próxima.
§ único. M e s m o que cessem os motivos que derem causa á
designação de outro foro, depois da resolução do Superior Tri-
bunal, não poderá o processo ser devolvido ao fô~o dc sua.
origem.

Art." 39." — Se o Superior Tribunal regeitar o pedido, não


é vedada a renovação deste, quando se funde e m factos super-
venientes.
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Art,° 40.° — Era processo da competência do Jufy pode


^qualquer das partes requerer que o julgamento seja feito pelo
jury do outro termo:
a) quando, no termo onde o réo é accusado, não se reunir
•o Jury e m duas sessões ordinárias successivas;
b) quando o réo já tiver sido no m e s m o processo, julgado
mais de u m a vez e, e m virtude de provimento da appellação,
tiver de ser submettido a novo julgamento;
c) nos casos do art* 34.°.
§ único. A ordem da substituição dos Tribunaes do Jury
corresponde á da substituição dos Juizes, conforme a lista an-
mual organizada pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça.

LIVRO SEGUNDO
DOS DIVERSOS ACTOS PROCESSUAES

TITULO I
CAPITULO I
De inquérito policial

Art.0 41." — O processo de qualquer acção criminal pode


ser precedido do inquérito policial.
Art." 42." — O inquérito pode ser aberto:
I) Ex-officio, a requerimento do Ministério Publico ou a
requisição do Juiz, nos casos de acção publica ou nos das letras
•a, b e c do n." III do ant:0 2.° e no do art.° 5.°.
II) A requerimento do of fendido ou de quem o representar.
Art." 43." — O inquérito çomprehende:
I) O corpo de delicto-,
II) O s exames-
III) A s buscas;
I V ) A s perguntas ao offensoT e ao of fendido, quando pos-
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V ) A inquiriçãQ das, testemunhas;.


V I ) A identificação do offensor e do otiendido e sempre
-ique fôr possível, a photographação do logar,
Art.0 44.° — Todas as deligencias devem ser tomadas po _
escripto, observando-se o seguinte:
I) Proceder-se-á a exame de corpo de delicto, u m a vez qre
o crime tenha deixado vestígios;
II) Dirigir-se-á a autoridade policial, com toda promptidão,
ao logar do delicto; e, ahi, além do exame do facto supposto
criminoso e de todas as suas circumstancias, tratará com cui-
dado de investigar e colligir os indícios existentes e apprehender
os instrumentos do crime e quaesquer objectos encontrados, la-
vrando-se, de tudo, auto assignado pela autoridade, pelos perito
e, quando possivel, por duas testemunhas;
III) Feito o corpo de delicto, ou sem elle, quando não possa
ter logar, indagará quaes as testemunhas do crime e as fará vir
á sua presença, inquirindo-as, sob promessa de dizer a verdade,
a respeito do facto e de suas circumstancias e de seus autores ou
cúmplices. Estes depoimentos podem ser escriptós e m u m só
auto, assignado pela autoridade, pelo indiciado, quando este
acompanhe o inquérito, e testemunhas.
I V ) Sempre que fôr conveniente, dará buscas com as for-
malidades legaes para apprehensão das armas e instrumentos do
crime e de quaesquer objectos a elle referentes; e, desta dili-
gencia, s»erá lavrado o competente auto, qualquer que seja o re;
sultado delia.
V ) Terminadas as diligencias, autuadas as peças, serão os
autos conclusos á autoridade, que, nelle-, fará u m relatório do
que houver averiguado, e os envia-á ao Ministério Publico por
intermédio do Juiz competente. Neste m e s m o despacho indicará
as testemunhas idóneas que não tenham sido inquiridas e de que
-tiver noticia.
Art.0 45.° — N o s crimes por que não couber acção publica,
o inquérito feito a requerimento da parte ser-lhe-á entregue, in-
dependente de traslado, pagas as custas.
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§ único. Se couber acção publica, a autoridade mandará.


extrahir o traslado, pelo qual se não cobrarão custas, para re-
mettel-o ao Ministério Publico, pela forma do n.° V do art.0 44.°.

Art.0 46.° — O representante do Ministério Publico será


notificado para assistir aos termos do inquérito, quanto aos cri-
mes de acção publica, commettidos na sede do termo.

Art." 47." — Todas as diligencias do inquérito devem ser


feitas no prazo improrogavel de cinco dias, sob pena de multa,
imposta pelo Juiz, á razão de dez mil réis, por dia de excesso.

Art.° 48." — A o indiciado é permittido, e m qualquer termo


do inquérito, acompanhar, reperguntar e contestar as testemu-
nhas, apresentar as provas que tiver de sua innocencia, e reque-
rer, mesmo, as diligencias, ou averiguações, a respeito de factos
verosimeis.
§ único. O indiciado poderá fazer-se acompanhar de pro-
curador ou ser por este representado, não estando foragido.

Art.0. 49.° — N o caso de prisão e m flagrante, é dispensado o


inquérito policial.

Art.0 50.° — Q u a n d o iniciado o inquérito, depois do corpo


de delicto, deposerem duas testemunhas presenciaes, a autori-
dade deverá sustar a indagação e remetter os autos indicando
outras, que completem o numero legal.
§ 1." — Igual procedimento terá a autoridade policial quan-
do, também depois do corpo de delicto, o indiciado, vindo á sua
prese-ça, no auto de perguntas confessar o crime.
§ 2.° — O inquérito não pôde degenerar e m devassa.

Art." 51.° : — A autoridade formadora da culpa poderá ini-


ciar o respectivo proce.so per lhe ter sido apresentada queixa,
ou denuncia, independente do inquérito, m a s immediatamente re-
quisit"rá da autoridade policial todas as medidas convenientes;
e esta cooperará na indagação do crime,, procedendo ás diligen-
cias que forem requisitadas pela m e s m a autoridade formadora
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-da culpa, ou requeridas pelo Ministério Publico, ou pela parte


• queixosa.

Art.0 52.° — Relativamente aos crimes militares a policia


prestará ás autoridades competentes o auxilio que lhe fôr requi-
sitado, quanto á descoberta do crime e do criminoso.

Art.0 53." — Ao chefe de qualquer repartição publica do Es


tado incumbe a averiguação, por inquérito administrativo, dos
crimes de funeção praticados por qualquer subordinado e e m que
tenham de ser ouvidos, somente, os emjp-egados da repartição,
observado o dispositivo no art.0 52.°.

Art.0 54." — Nos inquéritos de que tratam os artigos 51 e


53, feito o devido relatório, serão os autos remettidos ao Minis-
tério Publico, por intermédio da autoridade judiciaria compe-
tente.

CAPITULO II

Da queixa

Art.0 55.° — A queixa, como petição inicial da acção pri-


vada, deve conter:
1 ) 0 n o m e do queixoso ou seu nome com a qualidade de
representante do of fendido;
II) A narração clara do facto delictuoso analysado e m seus
elementos, com as circumstancias que o qualificaram e aggra-
váram;
III) A expressa menção do artigo do Código Penal, e m que
se julga previsto;
I V ) A indicação do nome, profissão, residência do quere-
lado, ou sua individuação, pelos signaes caracteristicos, quando
fôr desconhecido;
V ) A fixação do tempo e a determinação com a maior pre-
cisão possível, do logar e m que se deu o delicto;
16

V I ) A s razões de convicção ou presumpção;


V I I ) O rol das testemunhas;
VIII) A data e assignatura do queixoso.

Art.0 56° — Na petição de queixa pode ser requerida a pri-


são preventiva do querelado, b e m como outras diligencias legaes..

Art.0 57.° — Podem a queixa e a promoção dos acto= ulte-


riores do processo ser feitas por procuração, sendo essencial que
o instrumento de procuração contenha poderes expressos e espe-
ciaes e declare o n o m e do querelado e o delicto que lhe é im-
putado.

Art.° 58.° — A queixa por crime de responsabilidade, além


dos requisitos do art.° 55.°, deve ser instruida c o m documentos,.
que façam acreditar na existência do crime, salvo declaração
concludente da impossibilidade de apresentação de alguma de? •
tas provas.

Art.0 59.° — N ã o será recebida a queixa destituída dos re-


quisitos exigidos por este Código.
§ único. T a m b é m não se receberá a do Ministério Publico,.
nos casos do art.° 5.°, se não vier instruida dos documentos ou
provas pelas quaes se verifique:
a) N o caso de furto, a solicitação escripta e nesta a indica-
ção do gráo de parentesco existente entre o offendido e o bí-
fensor;
b) N o caso de violência carnal, a m e s m a solicitação c a
prova da miserabilidade da pessoa offendida e da sua 'dade.

Art." 60° -— Entende-se por pessoa miserável áquella qu?


estiver impossibilitada de pagar cultas e despesas do processo.
sem privar-se dos recursos pecuniários indispensáveis para as
necessidades ordinárias de subsistência própria e da familia.

Art.0 61.° — A condição de miserabilidade pode provar-se r


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I) Por attestado da autoridade judiciaria do districto da re-


sidência da pessoa offendida;
II) N a impossibilidade de obte- este atte tado, pela decla
ração escripta, com firmas reconhecidas, de duas pessoas idoneas-
residentes no districto.

Art.° 62." — Nos casos de prisão em flagrante por crime


de acção privativa da parte offendida, o Juiz competente, de
posse do respectivo auto, despachará, mandando intimar p parte
ou seu representante legal, para que, no prazo de três dias, que
correrão e.n cartório, apresente a queixa ou solicite a interven-
ção do Ministério Publico, quando esta possa ter logar; caso o
offendido ou seu representante, intimado, deixe de agir, ou não
tenha sido intimado por estar ausente, será, depois dos referidos
três dias, immediatamente relaxada a prisão.
§ único. Se a prisão e m flagrante fôr sustada pela presta-
ção de fiança, o p a z o acima entender-se-á prorogado por mais.
20 dias, depois dos quaes, não tendo agido dentro delles o offen-
dido ou seu representante, cu não tendo sido intimado por au-
sente, ficará levantada a fiança.

Art." 63." — Recebida e autuada a queixa, os autos irão


com vi-ta ao representante do Ministério Publico que poderá
addital-a no prazo de 48 horas.

Art.0 64.° — A queixa deverá mencionar no respectivo rói


o n o m e e residenc'a das testemunhas que. exclusive informan-
tes, serão:
a) e m numero de 2 a 3 e m acções summarissimas;
b) de 3 a 5 nas summarias;
c) de 5 a 8 nas ordinárias.
§ único. Quando houver mais de u m responsável pelo crime
poder-se-ão arrolar mais duas. para cada u m , não computando
o primeiro.
18

CAPITULO III

Da denuncia

Art." 65.° — A denuncia, como petição inicial da acção pu-


blica, deve conter, e não será recebida, se não contiver, os re-
quisitos enumerados no airt.0 55.°, podendo nella ser requerida
a prisão preventiva e outras diligencias legaes.

Art." 66." — A denuncia, u m a vez apresentada, não poderá


ser retirada.
Art.0 67." — Independente do inquérito policial, ella poderá
ser apresentada, desde que o Ministério Publico esteja habilitado
com os esclarecimentos necessários.

Art.0 68.° — Q u a n d o se verificar a prisão e m flagrante, ou


preventiva, a denuncia será apresentada dentro de 4 8 horas, con-
tadas do momento e m que o representante do Ministério Publico
receber o respectivo auto, ou inquérito policial.
§ 1." — E m qualquer outro caso, a denuncia deverá ser dada
dent-o de cinco dias, a contar do immediato aquelle e m que se
recebeu o inquérito ou outra prova de crime, ou e m que se tor-
nar publica a perturbação deste, quando não haja inquérito.
§ 2-" — Se estes prazos forem excedidos, ao representante
do Ministério Publico serão cobrados os autos do inquérito, ou
provas que existirem e m seu poder, sendo-lhe imposta a multa
correspondente a u m terço dos vencimentos de u m mês de effe-
:tivo exercício.
Art." 69.° — Se o crime fôr afiançavel, depois de tornar
effectiva a cobrança, dos autos, ou provas, e de decretar a multa,
o Juiz nomeará ad-lwe quem substitua o representante do M i -
nistério Publico.
§ único. A o funccionario nomeado ad-hoc conceder-se-ão
novos prazos idênticos aos determinados no art." 68." e § 1.".

Art.0 70." — A denuncia por crime de responsabilidade deve


conter também os requisitos do art.° 58.°.
- 19

Art.0 71." — Quanto ao rói de testemunhas da denuncia, ob-


servar-se-á o que dispõem o art." 64.°' e seu §.

CAPITULO IV
Da ordem escripta

Art.0 72/' — A acção criminal relativa a crime inafiança-


vel, no caso do art." 6 ° deste Código será iniciada por ordem
escripta do Juiz ou Tribunal, na qual expor-se-ão os factos c o m
as suas circumstancias.

Art." 7i." — Sendo caso e m que o Ministério Publico haja


recebido inquérito ou outra prova do crime, mandará o Juiz, ou
o Tribunal que qualquer destas peças lhe seja devolvida e. depois
de proceder de accórdo com o § 2." do art." 68.", fará citar o re-
presentante do Ministério Publico para assistir aos termos da
formação da culpa e requerer o que fôr a bem da justiça.

Art." 74." — Se o representante do Ministério Publico não


obedecer á citação, o Juiz nomeará ad-hoc quem o substitua e
levará o facto ao conhecimento do Procurador Geral.

TITULO II
Da citação

Art.u 75." — Recebida a, queixa ou denuncia, ou expedida


a ordem escripta, iniciadora do procedimento ex-officio, eguir-
se-á a citação do réo para se ver processar sob pena de revelia
e das testemunhas para deporem sobre o facto, depois de reali-
zada qualquer diligencia urgente ordenada ex-officio ou a re-
querimento cio autor, como seja corpo de delicto. exame, busca,
apprehensão ou prisão preventiva.
Art." 76." -— A citação se faz:
I) Por despacho, quando o citando estiver nos limites da
Cidade, Villa ou Povoação, sede do Tribunal ou Juízo;

»
20

II) Por ntandador se eíle se achar fora de?tes limites,-mas


sujeito á jurisdicção da autoridade que o expedir;
III) Por precatória, ou rogatória, nos casos e m que o ci-
tando estiver e m logar extranho á jurisdicção da autoridade que
a expedir;
I V ) Por edital será citado nos processos summarios e sum-
marisimos, o réo occulto ou ausente e m parte incerta, ou não
sabida.
§ 1." — A precatória é dirigida pelo Juiz do processo á ou-
tra autoridade judiciaria do Brasil.
§ 2.° — A rogatória é dirigida pelo m e s m o Juiz do processo
á autoridade judiciaria de paiz estrangeiro.
§ 3.° — N o s processos ordinários, se o réo se occultar ou
estiver ausente, proceder-se-á, independente da citação, á for-
mação da culpa.

Art.0 77.° — O mandado deve ser lavrado pelo escrivão do


feito que. e m seguida á data, o subscreverá. Elle será também
rubricado pela autoridade judiciaria e deverá conter:
I) O r d e m expressa ao official de justiça ou serventuário
para que o execute;
II) O n o m e da pessoa que deve ser cidadã, ou os signaes
caracteristicos. se fôr desconhecida;
III) O fim para que;
I V ) O juizo, dia, logar e hora e m que deve comparecer o
citando.

Art.0 78.° — Não haverá precatória:


a) do Superior Tribunal para os Juizes de Direito, Muni-
cipaes e Districtaes do Estado;
b) do Juiz de Direito para os Municipaes e Districtaes da
Comarca;
c) do Municipal para os Districtaes do termo.
§ único. E m tal caso, o mandato será enviado ao Juiz infe-
rior com u m a portaria e m que se determinará seu cumprimento.
Art.° 79.° — A precatória ou rogatória deve conter:
I) O n o m e do Juiz deprecado anteposto ao de deprecante;
II) O logar de onde se expede e para onde é expedida;
III) O requerimento da citação e o despacho, transcriptos
-integralmente;
I V ) A rogativa para a citação;
V ) A indicação do dia e hora das audiências do deprecante. ,

Art.0 80.° — Na citação por precatória ou rogatória,.«dia


do comparecimento deve ser marcado, attendendo-se á distan
cia e á difficuldade da communicação.

Art.° 81.° — A s precatórias e m matéria criminal, terão serr-


-pre o "cumpra-se" com a nota de urgente; assim também os
mandados no caso do § único do art.0 78.°.

Art.0 82.° — A rogatória será remettida, com officio, ao


'Goverho, por intermédio da repartição competente, para ser en-
caminhada pelos meios regulares.

Art.0 83.° — A citação por edital só se fará, mediante des-


pacho do Juiz, quando este verificar, pela certidão do officiíd
de justiça ou serventuário, encarregado de fazer a citação, que
o citando fugiu ou se oceultou ou está e m logar incerto ou não
sabido. T a m b é m será feita por edital a citação quando, termi-
nado o prazo de u m a carta precatória ou rogatória, esta não
fôr devolvida.

Art." 84-" — O edital deverá conter os requisitos dos núme-


ros II, III e I V do art.° 77.°.
§ 1.° — O prazo do edital será de 10 dias se a citação fôr
-para acção summarissima e de 20 para acção summaria.
§ 2.° — Começará o prazo a correr da publicação do editai
.no jornal official do Estado.
§ 3.° — A o s respectivos autos se ajuntará, em qualquer caso,
•copia do edital, certidão da affixação e u m exemplar do jonrú
•em que fôr publicado.
22

Art." 85.° — A citação por despacho ou mandado só pódfr


ser feita de dia, entre o nascer e o pôr do sol, e nunca para au-
diência do m e s m o dia, salvo tratando-se de inquérito policiai.

Art.0 86." — A primeira citação do réo, na acção criminal,


será pessoal, não podendo ser feita na pessoa do seu procurador.

Art." 87." — O réo citado por despacho ou por mandado


deve assignar recibo da contrafé não podendo ou não querendo
fazel-o, conitará isto da certidão da citação.

Art." 88." — O réo que, tendo deixado correr á revelia es


primeiros actos da formação da culpa, comparecer ou fôr preso,
receberá o processo nos termos e m que o encontrar.

Art." 89." — A citação de qualquer autoridade ou funccio-


nario por despacho ou mandado, para se ver processar, será feita
pelo E-crivão respectivo.
§ único. * O comparecimento do citado será requisitado do
chefe de repartição a que elle pertence, salvo se o citado fôr o
próprio chefe ou se 'este se achar e m logar estranho á jurisdicção
do juiz do processo.

Art." 90.'' — A revelia do réo importa para o jui/o a facul-


dade de só c o m a primíeira citação, proseguir e m todos os ter-
mos do processo e julgamento, não podendo este ter logar e m
proce so ordinário, se o réo não estiver presente.

Art." 91." — O réo preso assistirá a todos os termos do pro-


cesso e m 1." instancia.

Art." 92.." — O escrivão ou official que não der exacto cum-


primento a. u m a ordem de citação será suspenso por trinta dias.
além das penas e m que possa incorrer pelos abusos ou violên-
cias praticados nas diligencias.

Art." 93." — () ju.z, ou Tribunal, tomando conhecimento


de qualquer processo crime e m gráo de recurso applicará a pena
de multa de 100$000 ao Juiz deprecado que não tiver devolvido
23

u m a precatória no prazo marcado, com a citação realizada, ou


c o m indicação dos motivos por que deixou de se realizar.

Art." 94." — Poderá ser feita citação pessoal aos maiores


de 16 annos.
§ 1." — O s que tiverem idade inferior serão citados, nas pes-
soas de seus pães, ou tutores que se obrigarão a leval-os a Juizo.
§ 2." — O s pães, ou tutores deverão ser citados conjuncta-
mente com os menores de 21 annos que tiverem mais de 16.

Art." 95." — N ã o poderão ser citados:


I) O s ministros de qualquer religião, emquanto officiarem
ou quaesquer pessoas, emquanto assistirem aos officios;
II) O s noivos dentro de três dias após o casamento;
III) O s cônjuges, pães, filhos e irmãos de u m morto den-
tro de três dias do nojo;
I V ) O s enfermos de doenças graves, dentro de dez dias,
que se poderão prorogar por outros tantos, e m vista de attestado;
V ) O s officiaes e serventuários de justiça no exercício de
seus empregos, dentro do respectivo tribunal, ou audiência;
V I ) O s que acompanharem u m cadáver e emquanto não ter-
minar a ceremonia do enterramento;
V I I ) O s ministros diplomáticos, durante a sua missão, de-
vendo guardar-se, a respeito, o que, nos tratados internacionaes,
estiver convencionado.

TITULO III
CAPITULO I
Da prisão em flagrante

Art." 96." — Salvo caso de flagrante delicto. ninguém pode


ser preso sem mandado escripto da autoridade competente.
Art." 97." — Qualquer autoridade ou pessoa pôde prender
quem fôr encontrado a commetter algu.n crime ou contravenção,
ou em fuga. pe~seguido pelo clamor publico.
24
Z*

Art.0 98.° — O clamor publico verifica-se quando o delin^


quente, fugindo, após a perpetração do crime, ou da contraven-
ção, m e s m o que não seja ou que não possa ser perseguido m a -
terialmente, e m sua fuga, é mostrado e designado pelos gritos-
do povo que o indica como autor, ou cúmplice.

Art.0 99.° — Qualquer pessoa do povo pôde prender e todo


depositorio da força publica é obrigado a tornar effectiva a pri-
são, no caso de flagrante, na forma dos arts. 97 e 98.
Art." 100." — Preso alguém e m flagrante, será immediata-
mente conduzido á presença da primeira autoridade policial ou
judiciaria mais próxima.
Art.0 101." — Esta autoridade interrogará o preso, condu-
etor ou escolta e as testemunhas que o acompanharem, e m a n -
dará lavrar de tudo u m auto circumstanciado de onde constem
todas as informações prestadas sendo as testemunhas sob pro-
messa legal. O auto será assignado pela autoridade, escrivão,.
preso e demais pessoas que prestarem informações.

Art." 102." — N a falta, ou impedimento do escrivão, ser-


virá para lavrar o auto de prisão qualquer pessoa que alli m e s m o
fôr designada pela autoridade, constando, neste caso, do dito
auto, que lhe foi deferida a promessa legal.

Art." 103." — Resultando das informações suspeita contra


c conduzido, a autoridade mandará recolhel-o á prisão, excepto
no caso de se poder livrar solto, ou de ser admittida fiança, e
e'ie a dér, e m acto suece sivo, da qual também se lavrará o res-
pectivo auto.
Art." 104.° — A autoridade que tornar effectiva a prisão e m
flagrante, sendo o juiz competente para processar a acção crimi-
nal, dará nota de culpa ao preso logo que este seja recolhido á
] risão.
§ único. N o caso contrario, remetterá os autos da prisão
ao juiz competente, pondo o preso á sua disposição e indicando-
a pri ão onde este se achar.
25

Art.0 105.° — N e n h u m privilegio isenta o militar de qual-


quer classe, ou o funccionario publico de qualquer categoria, de
ser preso e m flagrante por qualquer pessoa ou autoridade, ob-
servadas as excepções do art.0 20.° da Constituição Federal.

Art.0 106.° — Realizada a prisão e lavrado o auto, no caso


do artigo anterior, o militar será entregue ao respectivo com-
mandante para conservai-o e m prisão, á disposição da autori-
dade processante; e ao funccionario se destinará, no estabeleci-
mento onde tiver de ser recolhido, o compartimento que lhe fôr
devido, conforme a lej.

CAPITULO II
Da prisão preventiva

Art.0 107.° — Fora do flagrante delicto, a prisão, antes da


•culpa formada, é autorizada:
1." -— N o s crimes afiançáveis, quando se apurar no pro-
cesso que o indiciado:
a) é vagabundo, sem profissão licita e domicilio certo; ou
b ) já cumprio pena de prisão por effeito de sentença de
juiz ou tribunal competente.
2.° — N o s inaf iançaveis, e m quanto não prescreverem, qual-
quer que seja a época e m que se verifiquem indícios vehemen-
tes de autoria ou cumplicidade.

Art." 108.° — O requerimento ou a requisição da prisão


preventiva e o despacho que a ordenar serão sempre funda-
mentados.

Art.0 109.° — A falta de mandado do juiz formador da


culpa, na occasião, não inhibirá a autoridade local de ordenar a
prisão do culpado, se para isso receber requisição do m e s m o juiz
ou se fôr notória a expedição do mandado legal, devendo ser
immediatamente levado o facto ao conhecimento da autoridade
judiciaria respectiva.
26

Art.0 110." — O s indícios vehementes a que se refere o n.°


2.° do art.0 107." devem resultar da confissão do réo, de docu-
mentos ou de depoimentos de duas testemunhas.

Art." 111." — Em regra a autoridade judiciaria competente


para decretar a prisão preventiva será a da formação da culpa.
§ l.« — N o s districtos á maior distancia de 36 kilometros
das sedes das comarcas, ou dos termos, poderá a autoridade in-
cumbida de u m inquérito quando occorrer u m dos casos do art.0
110.", requisitar da autoridade judiciaria do districto mais pró-
ximo, que expeça o mandado de prisão.
§ 2." — O Juiz Districtal, n u m prazo nunca superior a 24
horas, resolverá sobre a requisição; e, se decretar a prisão, e
esta se tornar effectiva, dará ao preso a nota constitucional e
remettel-o-á com o processo, ao juiz formador da culpa, o qual
confirmará ou não a dita prisão.
§ 3." — Se o Juiz Districtal não attender á requisição de
prisão poderá a autoridade policial renoval-a perante o Juiz for-
mador da culpa.

Art.° 112." — A requisição da autoridade policial e a peti-


ção da parte, ou do Ministério Publico, sobre prisão preventiva
devem ser instruidas de prova documental ou do auto de con-
fissão, ou dos depoimentos das testemunhas.
§ 1.° — O Juiz deve despachal-a dentro de 24 horas.
§ 2.° — Para instruir a petição ou requisição sobre prisão
preventiva poderão servir de fundamento a confissão do réo e
os depoimentos das testemunhas tomadas perante a autoridade
policial.

Art." 113." — A prisão preventiva pôde ser decretada ex-


officio.

Art.0 114." — Não terá logar a prisão preventiva do indi-


ciado, nos casos do n." 1." do art." 107°, se houver decorrido u m
anno da data do crime.
27

Art.0 115.° — A prisão decretada preventivamente pôde, nos


casos urgentes, ser requisitada, telegraphicamente ou por qual-
quer modo que torne certa a existência delia.

CAPITULO III
Da prisão por effeito de pronuncia ou de
condemnação

Art.0 116.° — Serão presos os réos pronunciados.

Art.0 117.° — Nenhum preso será, sob pretexto de falta de


segurança na cadeia do logar onde deva ser processado, trans-
ferido desta para a de outro termo, antes de definitivamente
pronunciado.

Art.° 118." — Quanto á prisão dos condemnados se obser-


vará o disposto sobre execução de sentença.

CAPITULO IV
Da prisão administrativa

Art.0 119." — A prisão administrativa terá logar:


I) Quando requisitada pelo Juiz competente contra os que
devem ser presos em virtude de sentença civil ;
II) Quando requisitada contra os thesoureiros, recebedores
e collectores remissos ou omissos em fazer entrar nos cofres
públicos os dinheiros a seu cargo;
III) Quando requisitada por cônsules estrangeiros a res-
peito dos súbditos de sua nação que devam ser presos como de-
sertores da respectiva marinha de guerra ou mercante;
IV) Quando fôr requisitada por extradição.
§ 1.° — Para effectuar-se a prisão dos responsáveis fiscaes,
acima declarados, o funccionario administrativo competente de-
precará por officio ás autoridades criminaes para que a man-
dem fazer por seus officiaes, remettendo-lhes a devida certidão.
28

§ 2.° — O s indivíduos presos e m virtude de sentença civif


ficarão á disposição, da respectiva autoridade.
§ 3.0 — A o s cônsules communicar-se-á a ef fectuação da pri-
são dos desertores requisitados; mas, se o desertor fôr de nacio-
nalidade brasileira não terão logar a prisão e entrega pedidas.
§ 4.° — Effectuada a prisão por extradição, conforme os-
tratados e as leis da União, será o criminoso transportado para
a nação ou estado do governo impetrante.

Art.0 120.° — O s que forem presos administrativamente-


terão nas cadeias publicas compartimentos distinctos dos desti-
nados aos presos communs.

CAPITULO V
Da extradição

Art.° 121." — Se o réo que tiver de ser preso fugir, ou esti-


ver e m paiz estrangeiro, poderá dar-se a extradição pelos meios-
diplomaticos, conforme as disposições dos tratados.

Art.0 122.° — Se o réo fugir ou estiver e m algum Estado


da União, poderá, egualmente, ser estraditado, conforme a lei
federal que regula a matéria.

Art.0 123.° — A extradição de criminosos não poderá ser pe-


dida senão pela autoridade competente para ordenar a prisão.

Art.0 124.° — E' defeso ao Estado do Paraná denegar a ex-


tradição de criminosos reclamados, pelas justiças de outros E s -
tados ou do Districto Federal ou da União.

CAPITULO VI
Da ordem de prisão e sua execução

Art.0 125." — Para ser legitima uma ordem de prisão é


necessário:
29

I) Q u e seja dada por u m a autoridade competentes;


II) Q u e seja assignada pelo Juiz ou Presidente do Tribu-
nal que a emittir;
III) Q u e nomeie a pessoa que deve1 ser presa, ou pelo seu
nome, ou pelos signaes característicos que a façam conhecida do
executor da ordem;
I V ) Q u e declare o crime e o valor da fiança, quando fôr
af iançavel;
VJ Q u e seja dirigida a quem fôr competente para dar-lhe
execução.
Art.0 126.° — O mandado de prisão é exequível dentro d o
districto de jurisdicção do Juiz ou Tribunal que o emittir.

Art." 127." — Quando o delinquente estiver fora da circum-


scripção jurisdiccional do Juiz que decretar a prisão, expedir-
se-á precatória ou rogatória par* extradição, se o delinquente
estiver fora- do Estado.

Art.0 128.° —• O official competente para dar execução a


u m a ordem de prisão deverá fazer-se conhecer do réo, apresen-
tando-lhe o mandado e intimando-o para que o acompanhe.
§ único. Se o réo não obedecer e procurar evadir-se, o exe-
cutor terá direito de empregar a força necessária para effectuar
a prisão.
Art.0 129." — O executor de u m a ordem de prisão deve to-
mar ao preso toda e qualquer arma que este comsigo trouxer
e apresental-a ao Juiz que tiver ordenado a prisão.

Art.° 130." — Se o réo resistir com armas á prisão, o exe-


cutor poderá utilizar a^ armas necessárias para repellir efficaz-
mente a opposição.
§ único. Esta m e s m a disposição çomprehende quaesquer
terceiras pessoas que derem auxilio ao executor e os que pren-
derem e m flagrante, b e m como os que ajudarem a resistência
ou quizerem tirar o preso do poder dos executores da prisão.
30

Art." 131.° — A s prisões poderão ser feitas a qualquer hora


d o dia, ou da noite.
Art." 132." — Se o réo se acoitar e m alguma casa, o exe-
cutor intimará o dono ou inquilino delia para que o entregue,
mostra;.dorihe a ordem de prisão e fazendo-se b e m conhecer; se
essas pe soas não obedecerem immediatamente, o executor pro-
cederá do m o d o seguinte;
a) Sendo de dia. entrará á força na casa, arrombando as
portas, sé fôr preciso, para eífectuar a prisão.
b) Se isso acontecer de noite, tomará todas as medidas e
proclamará e m vóz clara e intelligivel, por três-vezes, que a dita
casa se acha incommunicavel; e, apenas passe a noite, arrombará
as porta-, entrará e effecíuará a prisão.
§ 1." — O morador ou outra qualquer pessoa que resistir
á ordem da autoridade ou desobedecel-a ou desacatal-a, será
preso em flagrante delicto de resi tencia, desobediência, ou
desacato.
§ 2.° —• Toda essa diligencia deve ser feita perante duas
testemunhas que assignem o auto que delia deve ser lavrado pelo
executor da ordem da prisão.
§ 3." — Aquelle que na execução de u m mandado de pri-
são preterir as formalidades acima declaradas soffrèrá, disci-
plinarmente a pena de 15 a 30 dias de prisão imposta pela auto-
ridade que ordenar a diligencia, além das mais e m que possa ter
incorrido, conforme o Código Penal.

Art.0 133.° — A autoridade policial ou qualquer executor


de u m a prisão que, munido do competente mandado, fôr ao en-
calço de algum réo, poderá entrar e m outro districto do Estado,
e ahi effectuar a diligencia, prevenindo antes as autoridades
competentes, do logar, as quaes lhe prestarão o auxilio preciso,
•desde que seja legal a requisição.
§ único. Se porém, a communicação previa puder trazer
demora incompatível como o b o m êxito de diligencia, poderá
ser feita immedia.tamente depois que se effectuar a diligencia.
31

Art." 134." — Entender-se-á que a autoridade ou o execu-


tor de u m a ordem de prisão, vae ao encalço de u m réo:
I) Quando tendo-o avistado, o fôr seguindo sem interrup-
ção, embora, depois, o tenha perdido de vista.
II) Quando alguém que deva ser acreditado, informar c o m
circumstancias verosímeis que o réo passara pelo logar, ha pouco
tempo e no m e s m o dia, com tal ou tal direcção.
§ único. Quando, porém, qualquer autoridade judiciaria
ou policial da localidade tiver fundada razão para duvidar da
legitimidade da pessoa que na rsferida diligencia, entrar pelo seu
districto, ou da legalidade do mandado que apresentar, poderá
exigir as provas ou declarações necessárias d'essa legitimidade,
fazendo pôr e m custodia a pessoa que se buscar.

Art." 135." — As autoridades que ordenarem prisões pode


rão requis'tar dos commandantes dos destacamentos e dos cor-
pos de força armada do Estado a força neces ária para b o m re-
sultado da diligencia.
§ único. O commandante do contingente requisitado rece-
berá das referidas autoridades as instrucções necessárias para
agir na diligencia.

Art." 136." — O mandado de prisão será pas. ado em


duplicata.
§ 1." — O executor entregará ao preso, logo depois de effe-
ctuada a prisão, u m do ; dous exemplares com a declaração es-
cripta do dia, hora e logar e m que se effectuou a prisão e exi-
girá que o preso dec are no outro, havel-o recebido.
§ 2." — Recusardo-se o preso a fazer a declaração no m a n -
dado qu e tiver de ficar e m poder dc executor, disto se lavrará
u m auto assignado pelo m e s m o executor e duas testemunhas.
§ 3." — Neste exemplar do mandado o director da cadeia ou
carcereiro pasmará recibo do preso com declaração do dia e hora.

Art.0 137." — Nenhum director de cadeia ou carcereiro re-


ceberá preso algum sem ordem escripta da autoridade.
32

Art." 138." — N a prisão, como indiciado: e m crimes, go-


z a m de privilégios para ser recolhidos ás fortalezas ou ao estado
maior dos quartéis da força publica á disposição da autoridade
judiciaria competente:
I) O s militares, inclusive officiaes dos corpos de força ar-
m a d a do Estado;
II) O s officiaes da Guarda Nacional;
III) O s indivíduos que têm honras militares;
I V ) O s que, pela categoria das funcções publicas que exer-
cerem, tiverem foro privilegiado.
§ único. Qualquer d'elles, só depois de sentença condemna-
toria passada e m julgado, será transferido para a prisão com-
m u m , excepto, quanto aos de que tratam os ns. I, II e III, se a
pena imposta não trouxer a perda do posto ou das honras..

Art.0 139." — A quem fôr preso sem culpa formada, dentro


•de 24 horas, contadas da entrada na prisão, o Juiz, por u m a
nota por elle assignada, fará constar o motivo da prisão, os no-
m e s dos accusadores e das testemunhas, havendo.
§ único. O exemplar do mandado que é entregue ao réo,
pelo executor, na occasião da prisão, equivale a esta nota.

Art.0 140.° — A noite, para o fim da letra b do art.0 132.°


é todo espaço de tempo, decorrido depois do occaso do sol e m
que,, para ver, se precisa da luz artificial, até que delia se possa
prescindir com o surgir do dia.

TITULO IV
Da qualificação

Art.0 141." — Na primeira occasião em que um réo, preso


ou solto, comparecer perante a autoridade judiciaria, far-lhe-á
esta as perguntas seguintes:
I) Seu nome ; .
II) Filiação;
3o

III) Idade;
I V ) Estado civil;
V ) Profissão;
V I ) Nacionalidade;
VII) O logar dc seu nascmento;
VIII) Se sabe ler e escrever.

Art." 142." — Das perguntas e respostas lavrar-se-á um


auto, que se_á assignado pela m e s m a autoridade e pelo réo, ou
por alguém a seu rogo, quando não souber ler, ou não puder
assignar.
§ único. Quando o réo não quizer a signar, será isso de-
clarado no auto, ass:gnando-o duas testemunhas que tenham pre-
senciado a recusa do réo.

TITULO V
Da fiança

Art." 143.° — Consideram-se afiançáveis es crimes cuja


pena, no máximo, não attingir a 4 annos de prisão cellular ou
reclusão por 4 annofi (art. 406 do Cod. Penal), excepto:
a) O s crimes de furto de valor egual ou excedente de du-
zento mil réis (Cod. Penal, art.0 330.", § 4.", Lei federal 628,
de 28 de Outubro de 1899) ;
b) O s de furto de animaes nas fazendas, pastos ou cam-
pos de creação ou cultura (cit. Lei) ;
c) O s de incêndio e inundação de que tratam os artigos 141
e 142 do citado Código (dita Lei) ;
d) O s de contrabando (art. 265 do alludido Código e Lei
fede-al 515, de 3 de Novembro de 1898).
• , § unicc. A tentativa de qualquer dos crimes inafiançaveis
acima enumerados nas alíneas a ) , b ) , c) e d ) , é também
inafiançavel.

Art." 144." — N ã o se concede fiança:


34

I) N o casos do n." 1 do art.0 107.".


II) Aos que houverem quebrado a fiança concedida por
•outro crime de cuja responsabil:dade ainda não estejam livres.

Art." 145." — O s réos que não forem vagabundos se livra-


rão soltos, independente de fiança nos casos e m que o m á x i m o
da pena não exceder de seis mezes de prisão cellular.
§ único. T a m b é m ;e livrarão soltos os menores de 14 an-
nos, qualquer que seja o seu crime.
Art." 146." — Considera-se vagabundo o individuo sem do-
micilio certo n e m profissão ou meio licito de subsistência; con-
sidera-se domicilio certo aquelle onde o individuo tem sua re-
sidência ordinária e permanente.
Art." 147." — A fiança pode ser prestada e m qualquer es-
tado do processo, m e s m o na instancia, superior.
Art." 148.° — A fiança poderá ser prestada por meio de
deposito, e m repartição publica, de dinheiro ou de títulos de
divida publica — estes pelo seu valor mercantil — ou de jóias,
metaes e pedras preciosas — devidamente avaliados; por meio
de hypotheca de immoveis; ou por meio de responsabilização
pessoal de dous fiadores capazes, reconhecidamente abonados
que se obriguem pelo comparecimento do réo durante o pro-
cesso e depois da sentença, sob pena de pagarem o valor da
fiança, multa, se houver, sellos e custas do processo.
Art." 149." — A s testemunha' do auto de fiança não serão
abonatarias desta.
Art." 150." — N o caso de fiança por hypotheca será mister
provar por certidões negativas extrahidas das repartições com-
petentes que o immovel a hvpothecar está livre e desembaraçado
de qualquer ónus e que o hypothecante por qualquer titulo não
é devedor á fazenda publica da União, do Estado, ou do Muni-
cípio.
§ 1.° — N a hypotheca será outorgante devedor a pessoa que
prestar a fiança, ou o oronrio réo e será outorgado a parte
queixosa ou o Ministério Publico, por seu representante.
35

§ 2." — Feita a inscripção hypothecaria, será o traslado-


junto ao proce-so criminal.

Art." 151." — A fiança que não fôr feita por hypotheca


será tomada e m auto pelo Escrivão respectivo e assignada pela
autoridade, pelo fiaaor, pelo afiançado e por testemunhas.
§ único. O auto de fiança será escripto e m livro a este fim
destinado, numerado e rubricado, de onde se extrahirá certidão
para se juntar aos autos.
Art." 152." — A l e m do auto da fiança ou escriptura de
hypotheca, o afiançado, ante de obter contra-mandado, ou m a n -
dado de soltura, as3 gnará nos autos u m r.uto, pelo qual se obri-
gará a comparecer a todos os actos do processo, inclusive o d o
julgamento, independente de citação, menos a inicial, se quando
preso já não tiver sido citado.
§ único. N ã o - e considera prestada a fiança, senão depois
de assignado o auto de que trata este artigo.
Art." 153." — Pela própria autoridade perante a qual fôr
prestada a fiança será determinado o seu valer, attendendo-se
ás condições de tortura do réo de m o d o que a fiança não seja
illusoria prra o rico n e m impossível para o pobre, observada a
seguinte tabeliã a que addicionará a importância da multa, si
houver ,do sello da fiança e das custas do processo:

EXTREMOS PENAS

Minimo Maxime Prisão cellular ou reclusão

20$000 20O$C00 Até 6 meses, se o réo fôr vagabundo


5OÇ0OO 500$000 Entre 6 meses e 1 anno
200$000 2:000$000 ,, 1 ,, e 2 annos
400$000 4:000$000 .. 2 „ e 3 ,.
600$000 6:000$000 „ 3 „ e 4 „
36

Art.0 154.° — Se o Juiz tomar por engano u m a fiança m -


sufficiente, ou se, o fiador soffrer perdas taes que o tornem
pouco idóneo ou seguro, a fiança será reforçada e, para esse fim,
o juiz mandará vir á sua presença o réo sob pena de desobe-
diência.
Art.0 155.° — A o fiador sempre se dará o auxilio necessá-
rio para a prisão do réo :
I) Se o réo quebrar a fiança;
II) Se fugir, depois de ter sido condemnado e antes de prin-
cipiar a cumprir a pena;
III) Se, notificado para apresentar outro fiador, no prazo
de 24 horas, não o fizer.

Art.0 156.° — Este auxilio, u m a vez requerido, terá dado


não só pelos Juizes que tiverem formado a culpa e concedido
a fiança, e que farão expedir o mandado de prisão, m a s também
por quaesquer outras autoridades e m cujos districtos se achar
o réo, sendo-lhes apresentado o dito mandado.

Art." 157.° — A fiança ficará sem effeito e o réo será re-


colhido á prisão:
I) Se elle a não reforçar no caso do art.0 154.°.
II) Se, desistindo da fiança o primeiro fiador, o réo não
apresentar outro no tempo prescripto no n.° III do art.0 155.°.

Art.0 158.° — Nos casos do artigo anterior não se haverá o


fiador por desobrigado, emquanto o réo não fôr effectivamente
preso ou não tiver dado outro fiador.
Art." 159." — Qualquer fiança se julgará quebrada de
direito:
I) Se o réo, sem justa causa, deixar de comparecer aos
actos proces uaes (art." 152.°) ;
II) Se o réo fôr pronunciado ou condemnado por outro
crime commettido depois da fiança.
Art.0 160.° — O quebramento da fiança será julgado ex-
officio ou a requerimento, procedendo-se no caso do n.° II do
37

.artigo anterior, a u m a indagação summarissima sobre a identi-


dade da pessoa do réo, quando a respeito haja alguma duvida.

Art." 161." — São effeitos do quebramento da fiança, de-


pois de julgado:
I) A prisão do réo;
II) Ser julgado á revelia se não e. tiver preso no dia do
julgamento.

Art." 162." — A cobrança dos productos dos quebramentos


de fianças se fará no foro civil, como divida activa da Fazenda
• do Estado.

Art." 163." — O Ministério Publico terá vista dos autos,


depois de concedida a fiança, afim de recorrer de sua concessão
ou do arbitramento, se assim o entender ou para reclamar o que
á justiça publica convier; para isto terá 48 horas.

Art.0 164.° — O deposito de dinheiro, metaes, pedras pre-


ciosas e apólices de divida publica será feito na Capital do Es-
tado — nbi Thesouro, e nos Municípios — nas Agencias Fiscaes.

Art.° 165.° — N ã o sendo as fianças prestadas nas sedes dos


Municípios, o deposito será feito e m Juízo e m auto especial,
lavrado e m seguida ao de fiança, assignado pelo Juiz, deposi-
tante e escrivão, devendo neste case ser removido para a Agen-
cia do respectivo Município, no prazo de 48 horas.

Art.0 166.° — Se a fiança fôr prestada á noite, nas sedes


dos Municípios, ficará o valor d'ella depositado e m m ã o da
autoridade que a tomar, até o dia seguinte, sendo então reco-
lhido á Agencia ou ao Thesouro.

Art. 167." — O deposito será feito mediante guia passada


pelo escrivão do feito, e m cujo verso o Thesoureiro ou Agente
Fiscal passará recibo para ser junto aos autos.

Art." 168." — Quando a fiança fôr concedida por autori-


dade que não a da formação da culpa, no verso do mandado,.
38

se houver logar, será lançada, ou a elle addicionada copia do


termo de fiança e entregue ao m e s m o official encarregado da
sua execução para ser apresentado ao Juiz.

Art." 169." — N a s sentenças condemnatorias por crime


afiançavel sempre se deverá declarar o valor da fiança a que
fica o réo sujeito, se quizer appellar, salvo se a fiança já esti-
ver prestada.

Art." 170.° — Poderá ser alterado o valor da fiança ou


m e s m o ficar ella sem effeito, se o julgamento final alterar a
classificação do delicto.

Art." 171." — A nova classificação, pelo julgamento final,


prevalecerá, .desde logo, seja ou não interposta appellação.

'TITULO VI
CAPITULO I
Do habeas-corpus

Art.0 172." — Dar-se-á habeas-corpus sempre que o indi-


viduo soffrer, ou se achar e m imminente perigo de soffrer, vio-
lencia ou coação, por illegalidade cu abuso de poder (§ 2 2 do
art." 72." da Constituição Federal); excepto:
I) Durante o estado de sitio, nos crimes políticos e quando
o constrangimento consistir e m detenção e m logar não desti-
nado aos réos de crimes communs, ou e m desterro para outros
pontos do território nacional, se taes medidas forem autorizadas
] In Poder Executivo Federal;
II) N o s casos de jurisdicção militar, quando o constrangi-
mento, ou ameaça de constrangimento, se dirigir contra indiví-
duos pertencentes á classe militar da União, ou dos Estados, ou
á classes annexas sujeitas ao regimen militar;
III) N o s casos de prisão administrativa de responsáveis
para c o m a fazenda publica, que se acharem alcançados ou fo-
rem omissos, ou remissos, e m fazer as entradas de dinheiros ou
39

-valores a Seu cargo nos prazos legae-, salvo se o pedido de


habeas-corpus fôr instruido com documentos de quitação ou de
deposito do alcance verificado.

A"t.° 173.° — Não se com/prehendem no n." II do artigo


- antecedente os detidos a titulo de recrutamento por qualquer
autoridade estadoal, nein m e s m o os que forem alistados in-
voluntariamente como praças dos corpos da Força, Publica do
Paraná.

Art." 174." — A s autoridades judiciarias do Estado não po-


dem conceder habeas-corpus:
I) A o s que fô~em presos ou soffrerem ameaça de prisão
- como responsáveis por delictos da alçada da justiça federal;
II) A o s que forem con-trangidos ou soffrerem ameaça de
prisão por parte das autoridades do Estado, e m virtude de extra-
dição solicitada e m forma legal, por autoridade competente.

,Art." 175." — Qualquer pessoa pôde pedir para si ou para


outrem u m a ordem de habeas-corpus.

Ait." 176." — E m favor dos que se acharem presos nas ca-


deias publica:, soffrendo constrangimento illegal, deve o repre-
sentante do Ministério Publico impetrar ordem de habeas-
corpus.
§ 1." — Para e .te fim vis.tara. ao menos u m a vez por se-
mana, a cadeia publica da sua sede, colhendo informações minu-
ciosas e detalhadas, acerca d< s presos e doe motivos das de-
tenções.
§ 2." — () director ou carcereiro não poderá esquivar se
de prestar ao representante do Ministério Publico as informa-
ções que forem pedidas e que poderão ser verbaes ou por es-
cripto.
§ 3." — Aquelle que deixa- de pre tar estas informações
sofír_rá a pena disciplinar de 15 a 30 dias de prisão, decretada
pela autoridade judiciaria, perante, quem servir o representante
do Ministério Publico e em virtude de rjclamação deste.
40

Art." 177." — Independente de petição, qualquer autoridade-


judiciaria competente pode passar u m a ordeoi de habeas-corpus,
ex-officio, todas as vezes que no curso de u m processo chegar
ao teu conhecimento, por prova, documental ou testemunhal, que
algum individuo, official de justiça ou autoridade publica, tem,.
illegalmente, alguém sob sua guarda ou detenção.
Art." 178.° — São autoridades competentes para conceder o
habeas-corpus:
I ) O Superior Tribunal de Justiça, originariamente, ou e m
via de recurso, quando o constrangimento ou ameaça de cons-
trangimento provier de autoridades cujos actos estejam sujeitos
á sua jurisdicção, ou se dirigir contra Juiz ou funccionario do
Estado, ou quando tratar-se de crimes sujeitos á jurisdicção
local, ou ainda no caso de ímminente perigo de consumar-sie a
violência, antes de outro Juiz poder tomar conhecimento da es-
pécie, e m primeira instancia;
II) O Juiz de Direito, dentro de sua respectiva jurisdicção.

Art." 179." — Negada u m a ordem de habeas-corpus pela


autoridade inferior, poderá ser renovado o pedido, sob o m e s m o
fundamento, perante a autoridade superior.
Art." 180." — Perante a m e s m a autoridade poderá repetir-
se mais u m a vez o pedido de habeas-corpus, quando depois da
denegação de u m , supervierem motivos que justifiquem outro.

Art." 181." — O processo de habeas-corpus é isento de paga-


mento de custas e sellos.

CAPITULO II
Do processo de habeas-corpus, seus effeitos

Art." 182.° — A petição de habeas-corpus deve designar r.


I) O nome de quem soffre violência ou coação ou é delia
ameaçado e de quem é delia, causa ou autor;
II) O conteúdo da ordem, por que foi mettido na prisão,
ou declaração explicita de que, sendo requerida, lhe foi denega-
41

•da; e, e m caso de violência ou coação de outra ordem ou sim-


plesmente de ameaça, a narração do mal soffrido ou das razões
pelas quaes se affirma haver ameaça;
III) O s motivos da persuasão da illegalidade ou abuso de
poder.
Art." 183.° Se a petição não contiver alguns destes re-
quisitos, a autoridade judiciaria mandará, antes de tudo, que se
preencha a falta.
Art.8 184." — O constrangimento é illegal ou constitue
abuso de poder, para o effeito do habeas-corpus:
I) Q u a n d o não houver justa causa para elle;
II) Quando o réo estiver na prisão sem ser processado, por
mais tempo do que marca a lei; __
III) Quando o processo estiver evidentemente nullo, não
havendo sentença, proferida por Juiz competente, da qual caiba
recurso ordinário, ou que tenha passado e m julgado;
I V ) Quando a pessoa publica ou particular que ordenar a
violência ou coação, não tiver direito de o fazer;
V ) Quando já tiver cessado o motivo que justificava a vio-
lência ou coação;
V I ) Quando o réo estiver preso por mais de 24 horas sem
nota de culpa.
Art.0 185." — M e s m o depois da pronuncia ou da condemna-
ção, considerar-se-á illegal o constrangimento, se fôr provada a
nullidade do processo criminal:
a) Por u m dos motivos mencionados nos nrs. II, III, IV,
V e V I do art." 348.°, ou
b) Por inconstitucionalidade da lei penal ou da proces-
sual, ou
c) Por preterição do direito de defesa.

Art.0 186.° — A ordem de habeas-corpus deve ser escripta


pelo escrivão, e assignada pelo Juiz ou pelo Presidente do Supe-
rior Tribunal de Justiça.
42

Art.0 187." — Nella se deve, explicitamente, ordenar ao de-


tentor, no caso de prisão, que. em. dia, hora e logar determinados.
venha apre. entar perante o Juiz ou Tribunal, o paciente, e dar-
ás razões do seu procedimento.
Art.0 188." — A o m e s m o tempo, o Juiz ou Tribunal, pelo
seu Presidente, officiará a quem indicado como responsável pelo
constrangimento, exigindo informações ou documentos que jus-
tifiquem o seu acto é determinando o prazo e m que lhe devem
ser presentes as mesmas informações ou documentos.
§1.<> — Este prazo será concedido por horas, quando se tra-
tar de autoridade que estiver na sede do Juizo ;e por dias, pro-
porcionalmente á distancia, quando a autoridade responsável
pelo constrangimento estiver e m outra parte.
§ 2." — Se, decorrido o prazo, não vierem os esclarecimen-
tos exigidos, entender-se-á que a autoridade confessa o cons-
trangimento illegal do paciente.

Art.0 189." — Se pelos documentos que instruírem a peti-


ção se evidenciar logo a illegalidade do constrangimento, o Juiz
ou Tribunal poderá decretar, immediatamente, a cessação do
m e s m o constrangimento, independente de informação e da pre-
sença do paciente e do detentor.

Art.0 190." — Se na execução da ordem para ser apresen-


tado o paciente, ou para ser solto, se der desobediência por não
cumpril-a o carcereiro ou detentor, ol Juiz ou Tribunal, á vi.sta-
da certidão, ou attestação do official da diligencia, mandará pas-
sar ordem de prisão contra o desobediente.

Art.0 191." — O carcereiro ou detentor depois de preso, será


conduzido á presença da autoridade judiciaria; e se ahi se obs-
tinar e m não responder ás perguntas que lhe forem feitas, a res-
peito do paciente, será recolhido á prisão para ser processado.
§ único. Neste caso, dará o Juiz ou Tribunal as providen-
cias necessárias para que o paciente seja tirado da detenção OUJ
livre de constrangimento, por meio de busca, estando e m casa.
43

particular ou por quaesquer outros meios compativeis com a lei,


si estiver na prisão publica, para que se effectue o seu compa-
recimento.
Art.° 192.° — N e n h u m motivo escusará o carcereiro ou de-
tentor de levar o paciente que estiver e m seu poder, perante o
juiz ou Tribunal, salvo:
I) Doença grave do paciente, que impeça o seu transporte.
II) N ã o identidade da pessoa, provada immediata e evi-
dentemente.

Art.0 193.° — Obedecendo o carcereiro ou detentor, ou


comparecendo o paciente por outra maneira e verificando-se
que, de facto, o paciente soffre constrangimento illegal, ou que
o seu crime é afiançavel, o Juiz ou Tribunal o soltará ou ad-
mittirá a fiança.
Art." 194.° — O paciente poderá apresentar advogado para
deduzir o seu direito e ser-lhe-á nomeado curador, se fôr menor.

Art." 195." — Poderá o Juiz ou Tribunal dispensar o com-


parecimento pessoal do paciente:
a) Se não houver duvida sobre a identidade do paciente e
sobre o facto da ameaça, violência ou coação, por illegalidade
ou abuso de poder;
b) Achando-se o paciente solto ou ausente.

Art." 196." — A s decisões definitivas sobre habeas-corpus


serão escriptas pelo Juiz, e m forma de sentença; pelo Tribunal,.
e m forma de accordam.

Art.0 197.° — A cessação do constrangimento illegal pen


dente o processo de habeas-corpns, não prejudica o julgamento
deste e consequente responsabilidade de q u e m fez ou causou a
violência, coação ou ameaça.

Art.0 198.° — As audiências dos Juizes e sessões do Tribu


enal poderão realizar-se, e m processo de habeas-corpjas, a quai-
squer hora, e m e s m o á noite, quando necessário.
44

Art.0 199.° — O s prazos para informações não se inter-


romperão por quaquer motivo, e poderão começar e terminar
m e s m o á noite.
Art.0 200.° — Quando se julgar improcedente u m pedido
de habeas-corpus, poderão ser desentranhados dos autos, a re-
querimento do autor, mediante recibo, os documentos que ins-
truírem o m e s m o pedido.

Art.0 201.° — Se a prisão fôr consequência de processo civil


que interesse a alguma pessoa, o Juiz ou Tribunal não coltará o
preso, sem mandai" vir essa pessoa e ouvil-a summariamente,
salvo se esta estiver ausente ou se occultar.

Art.0 202.° — O Juiz ou Tribunal que conceder ordem de


habeas-corpus deve propugnar pela effectividade delia, podendo,.
para isto, pedir, directamente ao Presidente do Estado, ou a
qualquer autoridade, o auxilio necessalrio.

Art.0 203." — Qualquer autoridade ou empregado policial


ou official de justiça a quem fôr presente u m a ordem de habeas-
corpus tem obrigação de executal-a, ou coadjuvar sua execução.

Art." 204." — Quando o paciente estiver fora da sede da


autoridade judiciaria competente, poder-se-á solicitar a ordem
de habeas-corpus, ailegando urgência, por despacho telegraphico,
com os requisitos do art." 182." deste Código.

Art.0 205." — Qualquer processo de habeas-corpus deve ser


resolvido e m 48 horas, quando o paciente, impetrante c autori-
dades que tiverem de prestar informações forem encontrados
na sede da autoridade que tiver de tomar conhecimento d'elle, e
também quando estas informações possam ser exigidas e pres-
tadas por via telegraphica.
§ único. E m qualquer outro caso, sel-o-á e m prazo que não
illuda a natureza urgente deste recurso.

Art." 206." — O representante do Ministério Publico será


intimado da apresentação da petição do habeas-corpus e lan-
cará nella a nota de "sciente", podendo acompanhar o pro
cesso e, sem interrompel-a, requerer o que lhe parecer, a b e m
da justiça.
Art.° 207.° — Cessam com a pronuncia os effeitos d o
habeas-corpus.

CAPITULO III
Da apresentação e modo de julgar o habeas-corpus^
perante o Juiz de Direito

Art." 208." — Estando em devida forma a petição de


habeas-corpus, intimado o Promotor (art." 206."), o Juiz con-
cederá a ordem para comparecimento, ou para que cesse imme-
diatamente o constrangimento illegal, salvo se constar evidente-
mente que o paciente não está nos casos do art." 184.°.

Art.0 209." — N o s ca os de concessão para comparecimento


seguir-se-ão as normas dos arts. 186 a 188 e paragraphos.

Art." 210." — Vindo o paciente á presença do Juiz, este o


interrogará sendo as declarações escriptas e m auto que será as-
signado pelo Juiz, pelo paciente e pelo Escrivão.
§ único. O carcereiro ou detentor não deverá assistir ao-
interrogatório do paciente.

Art." 211." — Depões o Juiz pas; ará a ouvir o m e s m o carcerei-


ro ou detentor, sobre os motivos do constrangimento, tomando-se
também por escriptc a sua informação; se recusar-se a respon-
der lavrar-se-á auto circumstanciado desta occurrencia, assigna-
do pelo Juiz, Escrivão e duas testemunhas presenciaes e se re-
metterá ao Ministério Publico pêra ser instaurado o devido
processo.

Art." 212." — Por occasião de ser interrogado o paciente


e de ^e tomarem as informações do carcereiro ou detentor, se
u m , ou outro, quizer offerecer documentos, serão estes recebi-
dos e juntos aos autos do processo.
46

Art." 213." — E m seguida, depois de juntas aos autos as


informações exigidas do. responsável pelo constrangimento, sc-
rão elles conclusos ao. Juiz que logo decidirá, afinal, mandando
•cessar o constrangimento illegal ou julgando que não procede
o pedido.
Art." 214." — D a sentença favorável ao habeas-corpus re
correrá o Juiz de Direito ex-officio para o Superior Tribunal dc
Justiça; da sentença desfavorável pôde recorrer o requerente
ou o paciente dentro de cinco dias. E m qualquer desses casos
serão qs autos immediatamente e sem mais formalidades reme'
tidos á instancia superior.

CAPITULO IV
Da apresentação e modo de julgar o habeas-corpus
no Superior Tribunal de Justiça

Art.° 215." — A petição que se fizer ao Superior Tribunal


será apresentada, e m qualquer dia, ao Presidente; se estiver
•ella formulada com os requisitos do art." 182.", o Presidente a
mandará autoar pelo Secretario, que da apresentação da peti-
ção intimará o Procurador Geral (art.0 206.°).

Art.0 216.° — O Presidente, como relator, a vista dos docu-


mentos ou allegações, fará de tudo minuciosa exposição verbal
e m sessão ordinária ou extraordinária do Tribunal, dentro de
.24 horas depois da apresentação da petição.

Art.0 217.° — Discutida a matéria, decidirá o Tribunal:


a) rejeitando in liminc o pedido, por manifestamente il-
legal ;
b) ou mandando cessar inimediatamente o constrangimento
illegal;
c) ou comparecer o paciente para ser interrogado, c o m ou
ssem informação da autoridade responsável.
§ único. O empate será decisão favorável ao paciente.
47

Art." 218.° — Comparecendo o paciente e o carcereiro ou:


detentor, observar-se-á o disposto nos arts. 210." a 212.".
Art." 219.° — x\o Presidente incumbe fazer o interrogató-
rio do paciente e ouvir o carcereiro ou detentor.
Art.° 220.° — Concluídas estas diligencias, os membros do
Superior Tribunal discutirão a matéria, e, tomados os votos, se
proclamará o resultado da decisão.
Art.0 221.° — A s ordens concedidas pelo Tribunal poderão
ser expedidas por telegranrmaa.
Art.0 222.° — D a decisão do Superior Tribunal haverá re-
curso voluntário para o Supremo Tribunal Federal (Const..
Federal, art.0 61.°).

TITULO VII
Das audiências

Art.0 223.° — Em todos os juizos criminaes haverá uma au-


diência ordinária,, por semana.
Art." 224." — N o Superior Tribunal haverá duas audiên-
cias : emana es. em. acto successivo ás sessões ordinárias, e serão
presididas por u m dos Desembargadoras, por escala, de accórdo
com o Regimento Interno do Tribunal.
Art." 225." — Applicam-se ás audiências criminaes, quanto
a ordem dos trabalhos as disposições do Codico do Processo.
Civil.

TITULO VIII
Das provas

CAPITULO I
Da prova pericial

Art." 226." — Quando se tiver commettido algum delicto'


que deixe vestígios podendo estes ser ocularmente examinados,.
a autoridade, a requerimento da parte, procederá immediata-
48

mente a corpo de delicto, podendo proceder ex-officio nos cri-


m e s de acção, publica.

Art." 227." — Para fazer o exame de corpo de delicto serão


chamadas pelo menos duas pessoas profissionaes e peritas na
matéria de que se tratar, ou na sua falta, pessoas entendidas, e
de b o m senso, nomeadas pela autoridade que presidir ao m e s m o
corpo de delicto, a qual, ao deíerir-lhes a promessa da lei, as en-
carregará de examinar e descrever com verdade e com todas as
m a s circumstancias quanto observarem.

Art." 228." — Havendo no logar médicos, cirurgiões, phar-


maceuticos e outros quaesquer profissionaes e mestres de offi-
cios que pertençam a alguma repartição ou estabelecimento pu-
blico ou por qualquer outro motivo tenham vencimentos da fa-
zenda publica, i erão estes nomeados de preferencia para fazer
os exames de corpo de delicto.

Art." 229." — A's pessoas, que, lsem justa causa, se não


prestarem a servir como peritos será imposta a multa de cin-
coenta mil réis pela autoridade que presidir á diligencia.

Art." 230." — A s pessoas nomeadas serão notificadas, por


carta do escrivão da qual constarão dia, hora e logar e m que
devem fazer o exame.
§ 1." — D e posse da carta de notificação nella os peritos
farão a nota de "sciente", com a data e assignatura. Esta carta
será devolvida para ser junta aos autos.
§ 2." — Se o destinatário não fizer a devolução, entender-
se-á notificado, para o effeito da multa do art." 229.".

Art." 231." — O exame de corpo de delicto poderá ser feito


e m qualquer dia e a qualquer hora do dia ou da noite, e sem>-
pre será o mais proximamente que fôr possível á perpetração
do delicto.

Art." 232." — Quando o exame de corpo de delicto tiver sido


feito a requerimento da parte, nos crimes de acção meramente
privada, serão entregues á dita parte os respectivos autos, pagas
as custas, sem que delles fique traslado.

Art." 233." — Para proceder a corpo de delicto pode a auto-


ridade entrar na ca*sa alheia, mediante as formalidades prescri-
ptas neste Código.
§ único. Estas formalidade-s sempre serão dispensáveis
quando a casa fôr estalagem, hospedaria, taverna, casa de tavo-
lagem ou outra semelhante, emquanto estiver aberta.

Art.° 234° — O auto será lavrado pelo escrivão e rubricado


pela autoridade que o presidir e assignado por esta, peritos e
testemunhas. Delle deverá constar que os peritos prestaram a
promessa usual.

Art." 235." — A autoridade que proceder a corpo de deli-


cto terá a maior cautela nos quesitos que formular e dirigir aos
peritos, devendo ter muito e m consideração as diversas circum-
stancias do facto; não só aquellas cuja existência importar
diversa classificação do delicto, c o m o todas as outras que o
acompanharem e possam provar a existência do m e s m o .

Art." 236." — Se se tratar de factos, para os quaes não hou-


ver regras especiaes de quesitos, a autoridade fará sempre as
perguntas que julgar necessárias, segundo a natureza delles, b e m
como, e m qualquer caso, poderá fazer mais algumas outras, se
assim entender convenientes para descobrimento e esclareci-
mento da verdade, deixando de fazeir as que, pelas circumstan-
cias do caso, entender serem absolutamente inúteis ou excusadas.
§ único. Para isso devem os peritos attender não só á ins-
pecção exterior, mas t a m b é m ás investigações de qualquer outra
ordem relativas ao facto, podendo fazer ao offendido pergun-
tas, que os orientem e esclareçam.

A!rt.° 237." — Os peritos serão minuciosos no exame, fazen-


do , constar com exactidão tudo quanto verificarem do facto e
:suas circumstancias.
50

Art.° 238.° — A autoridade também por sua parte deve ter


muito cuidado e m colligir os instrumentos que encontrar e de
que houver suspeita que hajam servido para a perpetração do
delicto; os quaes, assim como quaesquer outros objectos nas
mesmas circumstancias, serão mencionados no auto. logo após
a declaração dos peritos, e postos e m Juizo para servirem de pro-
vas, como no caso couber.

Art.0 239° — Se as declarações e conclusões dos peritos,


forem contradictorias entre si ou c o m os factos averiguados, ou
se as conclusões não parecerem logicamente deduzidas, a autori-
dade, recebendo os autos conclusos, e m despacho fundamentado.
mandará que os esclareçam, harmonizem; ou rectifiquem.

Art.° 240.° — N ã o podendo obter este resultado, poderá a


m e s m a autoridade mandar proceder a novo exame de corpo de
delicto com peritos differentes.

Art." 241." •— O s peritos poderão requerer ao Juiz que lhes-


sejam prestadas as informações ou esclarecimentos de que care-
cerem.
Art.0 242." — Se a resposta dos peritos estiver dependente
de outras informações ou esclarecimentos, ou se por qualquer
motivo attendivel, o exame não puder concluir-se no m e s m o dia.
poderá ser Cransferido por u m prazo no m á x i m o de cinco dias,.
lavrando-se disto o necessário auto e tomando-se as precauções
indispensáveis para evitar a alteração ou substituição do objecto
sujeito a exame.
Art.° 243.° — Antes de realizar se o exame de corpo de de-
licto não se poderá fazer alteração alguma na pessoa o* obje-
cto do crime, Ioga- e vestigio- delle. incorrendo o transgressor
e m multa de cem a quinhentos mil réis, que lhe será imposta
disciplinarmente pela autoridade encarregada do corpo de d e -
licto e segundo a gravidade do caso e o gráo da malícia.

Art.0 244.° — Se o crime fôr dos que não deixam vestígios.


ou estes tiverem por completo desappajrecido, a autoridade, o u -
51

"Vindo as testemunhas, no inquérito, quando existir, e na forma-


ção da culpa, as interrogará não só acerca do criminoso como
•da existência e natureza de delicto e suas circumstancias.

Art." 245." •— N ã o podem ser peritos:


I) O Presidente do Estado ;
II) O s Vice-Presidentes, quando o substituam1;
III) O s ministros ou sacerdotes de qualquer seita ou re-
.ligião;
I V ) O s magistrados;
V ) O s ascendentes, descendentes, irmãos ou affins no mes-
m o gráo, da autoridade ou do escrivão que servir no processo
• ou do representante do Ministério Publico.

Art." 246." — N a formação dos quesitos sobre lesões corpo-


raes, a autoridade observará as regras seguintes:
I) Se ha offensa physica produzindo dôr ou alguma lesão
no corpo, embora sem derramamento de sangue;
II) Qual o instrumento ou meio que a occasionou;
III) Se por sua natureza ou sede pode ser causa efficiente
-da morte;
I V ) Se a constituição ou estado mórbido anterior do offen-
• dido podem concorrer para tornal-a mortal;
V ) Se das condições personalíssimas do of fendido pôde re-
sultar a morte;
V I ) Se resultou ou pôde resultar mutilação ou amputação,
deformidade, ou privação permanente de órgão ou m e m b r o ;
V I I ) Se resultou ou pôde resultar enfermidade incurável
e que prive, para semjpre, o offendido de poder exercer o seu
trabalho;
VIII) Se produzio incommodo de saúde que inhabilite o pa-
ciente do serviço activo por mais de 30 dias.
§ 1." — Se os peritos no momento de effectuarem o exame
não puderem proferir u m a conclusão positiva acerca do pro-
gnostico, ou da duração da enfermidade, ou impossibilidade do
trabalho, responderão fazendo um 1 calculo aproximado, depen-
52

dente de exame de sanidade, determinando a época e m que po-


derá este realizar-se.
§ 2.° — O s peritos na, resposta ao n." VIII do art.0 2 4 6 °
te-ão e m attenção a natureza do trabalho a que se dedicar o
offendido.
§ 3.» Conforme os indícios ou provas, a autoridade for-
mulará quesito sobre se a lesão foi occasionada por veneno ou
substancia anesthesica, ou por incêndio ou por asphyxia ou por
inundação.

Art.0 247.° — Quanto aos crimes de homicídio:


I) Se houve a morte;
II) Qual o instrumento sou meio que a occasionou;
III) Se foi occasionada por veneno, substancia anesthesica,
incêndio, asphyxia ou inundação;
I V ) Se a lesão corporal, por sua natureza e sede, foi causa
efficiente delia;
V ) Se a constituição e estado mórbido anterior do offen-
dido concorreram para tornar es. a lesão irremediavelmente
mortal;
V I ) Se a morte resultou das condições personalíssimas do
offendido;
Vil) Se a morte resultou, não porque o mal fosse mortal
e sim por ter o offendido de;xado de observar o regimen medico-
hygienico reclamado pelo seu estado.
§ 1." — O s peritos devem notar o logar e m que se encontra
o cadáver e os objectos que o cercam, principalmente as armas
ou instrumentos do crime, pedaços de panno ou papel que tive-
rem servido de bucha, nódoas de sangue e outros vestígios de ter
havido lucta ou violência; se o corpo está nu' ou vestido, e neste
caso a côr, natureza e estado do vestuário, examinando se está
sujo, cortado, rasgado ou manchado; qual a attitude e physio-
nomia do cadáver e a posição de cada parte, relativamente, não
só ás demais partes, como aos objectas que estiverem e m volta.
53

do corpo, trastes ou utensílios; e tudo descreverão com methodo-


e minuciosidade, sem omittir qualquer pormenor.
§ 2.° — Quando seja indispensável trasladar o corpo para
outro logar, os peritos deverão realizar esta operação de modo^
tal que isto não possa alterar o estado do cadáver.

Art." 248." — Nos crimes de infanticídio:


I) Se houve a morte;
II) Quantos dias tinha o recemt-nascido ou se o recem-
nascido tinha mais de sete dias;
III) Se foi occasionada por meios d&ecios e activos;
I V ) Se foi occasionada pela privação dos cuidados necessá-
rios á manutenção da vida e a impedir a morte.
§ 1." — Se, pelo- exame da victima e m e s m o depois da necro-
psia, os peritos não colligirem prova sufficiente para conclusão
positiva sobre o facto do n.° II deste artigo, terá ordenado pela
autoridade o exame da m ã e da dieta victima, se houver conheci-
mento de q u e m ella seja.
§ 2." — Neste caso', as questões relativas á supposta mãe,
que deverão ser resolvidas pelos peritos serão:
I) Se tal mulher teve u m filho;
II) H a quantos dias ella tevse1 o parto;
III) Se a idade presumida do filho combina com a época
do parto.

Art." 249." — Nos crimes de aborto:


I) Se houve provocação de aborto;
II) Se o meio empregado era próprio para produzir o-
aborto;
III) Qual o meio por que essa provocação foi feita;
I V ) Se houve ou nãoi expulsão do fructo da concepção;
V ) Se o aborto era necessário como meio de salvar a vida-
da gestante.

Art." 250.° —• Nos crimes de violência carnal;


I) Se houve defloramento;
54

II) Se houve copula carnal;


III) Se houve violência para fim libidinoso;
I V ) Qual o meio empregado, se força physica, se outros
-meios que privassem.a mulher de suas faculdades psychicas e
assim da possibilidade de resistir e defender-se.
§ l.o — C o m o nos de aborto e parto supposto, os peritos
devem fazer, a sós, o exame, assistindo u m a mulher, de prefe-
rencia a m ã e ou u m a parenta da examinada, e, na ausência de
-uma ou outra, qualquer outra mulher que a m e s m a examinanda
tenha ou leve e m sua companhia.
§ 2." — Neste exames cumpre aos peritos guardar escrupu-
losamente as formas da decência e m todos os seus actos, e não
consentir que assista pessoa alguma alem das indicadas no para-
grapho antecedente, sob pena de prisão por 15 a 30 dias, e con-
forme a gravidade da transgressão.

Art." 251." — As regras dos paragraphos do art." 250." se


observarão nos crimes de morte e lesão corporal, quando a
victima fôr u m a mulher e o exame se estender a todo o corpo.

Art.0 252.° — Nos casos de violência carnal, quando o indi-


ciado fôr preso e m flagrante, ou quando pela proximidade cri
crime se presumir que ainda podem encontrar-se vestígios indi-
cativos d'elle e os peritos pelo exame da offendida não pude-
rem tirar conclusões positivas, poderá ser feito o exame do
m e s m o indiciado, e, neste observar-te-ãioi não só os órgãos
sexuaes com o fim de encontrar ainda vestigios do acto da
copula, como o volume do penis para comparar com a capaci-
dade da vagina. T a m b é m observarão as diversas partes do corpo
para conhecer se existem algumas lesões feitas pela offendida
e m defesa própria.

Art.0 253.° — Se os peritos julgarem necessária a analyse


• chimica e observação microscópica das nódoas quer de sangue,
quer do esperma, encontradas na camisa, roupa de c a m a ou ves-
etidos de ambos, e não puderem effectual-a, entregarão taes ob-
55

jectos á autoridade que presidir o corpo de delicto, para que se


proceda á dita analyse ou observação.

Art.0 254.° — Nos crimes de parto supposto:


I) Se está gravida a mulher ou m ã e ;
II) Se realmente esteve e pario;
III) Se a criança nasceu a termo ou de que idade;
I V ) Se a criança presente é ou parece eelr própria ou alheia.

Art." 255." — Nos crimes de envenenamento:


I) Se houve propinação de veneno interior ou exterior-
mente ;
II) Qual ella seja;
III) Se era de tal qualidade e e m tal dose que causasse a
morte ou pudesse causal-a;
I V ) Se não a podendo causar, produzio ou podia produzir
lesão corporal, e qual seja;
V ) Se não podendo causar n e m a morte n e m a lesão corpo-
ral, produzio ou podia produzir grave incommxxlo de saúde e
qual seja este incommodo.

Art.0 256.° — Quando fallecer alguma pessoa que se sus-


peite ter sido envenenada, o corpo de delicto sempre se comple-
tará pela necropsia, observadas as 'regras prescriptas neste
Código.

Art.0 257.° — Nos crimes de falsidades dos arts. 245." e


seguintes do Código Penal:
I) Se o papel ou escriptura ou outro objecto eme se apre-
senta é verdadeiro ou falso;
II) Se é falsa ou verdadeira a escriptura ou papel ou ob-
jecto apresentado;
III) Se ha alteração no papel ou escriptura ou objecto,
quer no todo, quer nas letras ou caracteres, ou e m qualquer
outra parte;
I V ) Se a letra é de tal pessoa ou de outra pessoa conhecida;.
V ) Se ella se parece com a do réo ou indiciado;
V I ) Se ha indícios de ser o réo ou indiciado, ou outra pes-
soa quem escrevesse1;
V I I ) Quaes são esses indícios á vista do papel, escriptura
ou assignatura ou objecto apresentado.

Art.° 258.° — Nos crimes de destruição ou damno constan-


tes dos arts. 326 e seguintes do alludido Código:
I) Se houve destruição ou inutilização de livros de notas,
registro, assentamento, actas, termos, autos,, actos originaes da
autoridade publica, livro commercial, papel, titulo ou documento
apresentado; ou se houve demolição ou destruição, no todo ou
e m parte, abatimento, inutilização ou damnificação de edifício,
monumento, estatua, ornamento ou objecto apresentado;
II) E m que consiste essa destruição, 'inutilização, demoli-
ção, abatimento, mutilação ou damnificação;
III) C o m que meios se causou;
I V ) Se houve incêndio, arrombamento ou inundação;
V ) Se os objectos destruidos ou damnificados serviram
para distinguir ou separar limite de propriedade immovel, ur-
bana ou rural;
V I ) Se serviram para o curso d'agua de uso publico ou
particular;

Art.° 259.° — Nos crimes de arrombamento:


I) Se ha vestígios de violência a casas ou objectos;
II) Quaes sejam;
III) Qual o m o d o por que foi ou possa ter sido produzido;
I V ) Se houve rompimento de obstáculo ou obstáculos;
V ) Qual era esse obstáculo ou quaes eram esses obstáculos;
V I ) Se se empregou força, instrumento ou apparelho para
vencel-o ou vencel-os;
VII) Qual foi essa força, instrumento ou apparelho.

Art.0 260.° — Nos crimes de incêndio:


I) Se houve incêndio;
57

II) Qual a matéria que o produzio;


III) Qual o m o d o por que foi ou possa ter sido produzido;:
I V ) Qual a natureza do edifício, da construcção ou das cou-
sas incendiadas;
V ) Quaes os effeitos ou resultados do incêndio.

Art." 261." —> Nos crimes de inundação:


T ) Se houve inundação ;
II) Qual o facto- que a occasionou;
III) Qual a natureza te utilidade da cousa inundada;
I V ) Quaes os effeitos ou resultados da inundação.

Art." 262." — Lavrado o auto de corpo de delicto, serão os^


autos conclusos á autoridade que o presidir.

Art." 263.° — Se esta autoridade, examinando as respostas-


dos quesitos, verificar que o factoi não é qualificado criminoso
pela lei penal, julgará improcedente o corpo de delicto, remet-
tendo os autos ao competente juiz de direito ou municipal.

Art." 264." — N o caso contrario, tel-o-á per procedente as-


ssim julgando, e seguirá nos termos do processo, conforme pres-
creve este Código.

Art." 265." — Se fôr necessário, a autoridade mandará que


os mesmos peritos ou outros procedam a qualquer exame com-
plementar.

Art." 266.° — Eni! regra, são considerados exames comple-


mentares do corpo de delicto:
I) O' de sanidade;
II) A verificação do óbito;
III) A necropsia;
I V ) O exame chimico.

Art.° 267." — E m todos esses exames ter-se-á presente o-


auto dei corpo de delicto, se já tiver sido feito, para que seja.
confrontado e rectificado ou ratificado.
58

A-t." 268." — A s regras concernentes aos corpos de delicto


são applicaveis a esses exames.

Art." 269." — O exame de sanidade se fará como comple-


mento necessário do corpo de delicto no caso do § 1.° do art.0
.246.°, ou a requerimento das partes ou por despacho, ex-officio,
do Juiz formador da culpa.
Art." 270.'" — Quando o contrario não seja requerido pela
parte, nos casos e m que o exame se proceda a seu pedido, servi-
rão de peritos no exame de sanidade os miesimos que serviram
no auto de corpo de delicto, salvo se não existirem mais, ou esti-
verem ausentes ou impedidos por moléstia grave.

Art." 271." — Se o exame de corpo de delicto tiver sido


feito por peritos profissionaes, importa que tendo de seir substi-
tuídos, no exame de sanidade; esta substituição se faça por pes-
soas também profissionaes.

Art." 272." — Sobre os quesitos regular-se-á a autoridade


não só pelo que a parte requeira, oomo pelas regras e tabelecidas
pa|"a o corpo de delicto; e fará os que forem requeridos e os que
forem necessários para o descobrimento da verdade.

Art." 273." — O exame de sanidade também pôde ser feito


ou requerido, perante a autoridade que estiver formando ou for-
m o u a culpa, para verificação ch. imbecilidade nativa e de qual-
•quer affecção mental de u m réo ou testemunha.

Art." 274." — A verificação de óbito se fará toda a vez que


alguém venha a fallecer depois de ter soffrido u m a lesão corporal
de qualquer natureza.

Art." 275." — Ella teá logar em virtude de despacho ex-


officio da autoridade ou mediante requerimento de u m a das par-
tes interessadas n i processo.

Art." 276." - Se pelo txame externo os peritos consegui-


rem raconheceT a causa efíiciente da morte, lavrar-se-á o res-
r 59

pectivo auto, do qual deverão constar, minuciosamente, as ra-


zões de seu parecer; no caso contrario, far-se-á necropsia.

Art.° 277.° — T a m b é m se procederá á verificação de óbito


toda a vez que chegue ao conhecimento da autoridade haver al-
g u é m fallecido sem assistência medica, e não houver attestado
formado por facultativo ou, e m sua falta, declaração de duas tes-
temunhas idóneas, por onde se possa verificar a causa da morte.

Art." 278." — O m e s m o exame, será feito por ordem da:


autoridade policial para ve/rificação do óbito de pe soas encon-
tradas nas praças, ruas, estradas ou e m outro qualquer logar,.
e m abandono.

Art." 279." — Neste caso, a identidade do cadáver deve ser"


reconhecida, antes de tudo-, chamando-se, para isto, as pessoas
que residirem mais próximo do local onde fôr encontrado.

Art." 280." — N ã o podendo uer reconhecida a identidade por


esta forma e se não estiver adiantada a putrefacção, far-se-á
u m a exposição do cadáver e m logar apropriado, por espaço de
24 horas; se fôr possível, tirar-se-á a phótographía e a medida
antropometrica do cadáver, como complemento á descripção re-
sultante do exame externo.

Art." 281." — A necropsia dteve ser feita por dous peritos,.


sendo pelo menos u m dos peritos profissional.

Art." 282." — Se o cadáver que deve sor submettido a necro-


psia já lastiver enterrado, far-se-á exhumação observando o se-
guinte :
I) A autoridade, tanto entanto fôr possível, e se não houver
prejuízo para a justiça, fará a diligencia pela manhã e cercar-
se-á não só de pessoal sufficiente para as exeavaçõee como de-
cautelas hygienicas que evitem as consequências de exhalações e
infecções.
II) O adminislirador do cemitério indicará, sob pena de.
desobediência, o logar da sepultura.
60

III) Se o cadáver estiver enterrado e m logar não destinado


a enterramentos e se não houver pessoa que indique a sepul-
tura, ou esse logar, a autoridade, pelos indícios que tiver, pro-
.cederá por si, declarando isso m e s m o nos autos.
I V ) Se não puder haver a necropsia, logo e m seguida á
exhumação, te lavrará disto auto especial, declarando-se, no
miesmo, a razão do adiamento, assim como, ondei fica depositado
o cadáver e as providencias que se houverem tomado para que
não possa o m e s m o ser subtraindo ou substituído; e, neste caso,
a autoridade exigirá sempre dos peritos que examinem o exte-
rior do cadáver e declarem qual o seu aspecto e signaes caracte-
rísticos, tendo os peritos e m vista, nas respostas, os elementos
para a prova de identidade e as lesões visíveis externamente.
Antes de iniciar a necropsia, verificarão os peritos se o cadáver
é o próprio e, idêntico do exhumado e se não houve alteração.

Art." 283." — A necropsia se fará 24 horas pelo menos, de-


pois do fallecimento, salvo se houver signaes de adiantada de-
composição, evidentes, antes de passado esse tempo.

Art." 284." — Deverá a autoridade ter toda cautela na de-


terminação do fim da necropsia e formular os que itos e m vista
do facto e circumstancias, aproveitando, e m tudo que fôr ap-
plicavel, as regras estabelecidas para o auto de corpo de delicto.

Art." 285." — O s peritos poderão requisitar da autoridade


fornecimento de meios, para conhecerem, antes da necropsia, o
logar e m que foi achado o cadáver, a situação e posição e m que
foi encontrado e as vestes que trazia, no momento da morte.
Art." 286." — E m regra, a necropsia, deve consisitir no
exame successivo das três grandes cavidades do tronco: cra-
neana, thoraxica e abdominal.
Art." 287." — O s peritos devem fazer a dissecação por
forma a poderem ser observados os órgãos internos, sem que
tenha sido alterada a direcção da ferida, c o m o fim de, por ella,
avaliar-se a posição do individuo no acto do ferimento, a forma
.e extensão do instrumento do crime e a direcção com que pene-
trou no corpo.

Art." 288.° — M e s m o que encontrem e m u m a das três ca-


vidades alteração sufficiente para explicar a morte, cumpre aos
peritos investigar o estado das outras e si não existem outras
lesões que possam esclarecer determinadas circumstancias que,
por ventura, acompanharam a perpetração do crime.
Art.0 289." — N o que concerne ao exame exterior do cadá-
ver, os peritos o descreverão, no todo e e m cada u m a das suas
partes.
§ 1." — E m relação ao todo, deverão declarar o calculo da
idade, a côr da pelle, o sexo, a estatura, a configuração do
corpo, o estado de nutrição geral, os indícios de moléstias e
anomalias especiaes, taes como, signaes, cicatrizes, tatuagem,
dente da mais ou de menos; b e m assim, os signaes da morte e
estado de putrefacção.
§ 2." — E m relação a cada u m a das partes do corpo, deve-
rão descrever a côr e outros caracteristicos dos pêllos, cibellos
e barba, a côr dos olhos, os corpos extranhos que houver n
aberturas naturaes da cabeça, o estado das filas dos dentes, a
posição e condição da lingua, assim como o que acharem de no-
tável no colio, peito, abdómen, superfície dorsal, anus, partes
genitae e nas articulações ou juntas; outrosim, se acharem
qualqu.r lesão deverão determinar-lhe nãc só a natureza como .
a forma posição, direcção, comprimento, largura e aspecto das
partes rircumstantes. deixando-a intacta, pa f a no exame inte-
rior serem determinadas a profundidade e mais condiõçes in-
ternas.
Art." 290." — O s peritos, depois de aberto o cadáver, des-
creverão o estado interno com toda minucios»idade; lesões in-
ternas ou externas correspondentes, suas causas, qual a posição,
côr e e:tado das visceras nas respectivas cavidades, se ha cor-
pos extranhos, gazes, líquidos ou coágulos; a quantidade e o
peso relativo; cmf im, tudo quanto possa esclarecer o facto.
62

Arte* 291° — Havendo suspeita de envenenamento, os peri-


tos, ao iniciarem a necropsia, especificarão os factos ou signaes
indicativos que os levam a suppor a existência do veneno, e jul-
gando necessário u m exame, proceder-se-á conforme as regras
seguintes:
L a — Abrir-se-ão por ordem successiva todas as cavida-
des esplanchnicas, começando pela, craneana, seguindo pela tho-
raxica e terminando pela abdominal; e serão descriptos generi-
camente, mas exacta e explicitamente, os caracteres e signae-
anatemo-pathologicos encontrados, excepto os phe to.nenos ca-
davéricos e indicarão todos os signaes impróprios do estado
phy iologico natural dos órgãos de cada cavidade.

2* — D e cada u m a delias exttrahir-se-á:


I) D a cavidade craneana a massa encephalica que será re-
colhida e m vaso apropriado;;
II) D a cavidade thoraxica o coração, os pulmões, as pleu-
ras e líquidos, principalmente sangue, sendo recolhidos da mes-
m a forma e m Vasos distinctos do primeiro:
III) D a cavidade abdomi.eál, o estômago atado nas duas
aberturas naturaes, o intestino delgado, igualmente atado nas
extremidades, de forma a não extravassar o conteúdo, o ligado
com a sua vesicula biliar intacta de m o d o a não perder a bílis,
os rins e a bexiga com a urina.

3.' — Tudo será acondicionado segunde as prescripções


da sciencia medica e entregue á autoridade para providenciar
sobre o exame chimico.

Art." 292." — Havendo exhumação se o cadáver estiver


e m estado adiantado de decomposição e os restos orgânicos fo-
rem encontrados com a terra da sepultura e, existindo suspeita
de envenenamento, deve a m e s m a terra ser tomada e separada
e m porção sufficiente, pela ordem seguinte:
I) U m a determinada porção tirada do logar correspon-
dente á cavidade craneana;
*

63

II) Outra porção igual extrahida da parte correspondente


-á cavidade thoraxica;
III) Outra porção idêntica da parte correspondente á ca-
vidade abdominal;
I V ) Ainda outra porção extrahida a u m metro pelo menos
da distancia da sepultura
§ 1." — Estas porções de terra serão guardadas e m vasos
separados e também entregues á autoridade que presidir o acto
e rotulado.-.
§ 2." — A autoridade recebendo os vasos, solicitará do
governo, por intermédio da repartição competente, as providen-
cias necessárias para realizar-se o exame chimico, enviando os
ditos vasos acompanhados de copia authentica do auto de ex-
humação e necropsia, ou desta somente se não tiver logar
áquella.

Art." 293" — Nos casos de tentativa de envenenamento


quando forem aprehendidos líquidos ou substancias suspeitas e
aestmaaos a perpetração de crime, também se poderá requisi-
tar o exame chimico, b e m assim de outras quaesquer destinadas
á perpetração de otttros crimes.

CAPITULO II
Da prova testemunhal e da literal

Art." 294." — São applicaveis ao processo criminal as dis-


posições do Código do Processo Civil relativas á prova teste-
munhal e literal ou documental.

Art." 295." — As pessoas que não podem ser testemunhas


poderão ser ouvidas como simples informantes, sem prestar a
promessa legal.
§ único. A essa informação o juiz da"á o credito que m e -
recer, tendo e m attenção as circumstancias.
64

Art.° 296.° — A s testemunhas da formação de culpa ficam-


obrigadas por espaço de u m anno, a communicar á autoridade
perante a qual depuzeram qualquer mudança de residência.
§ único. O escrivão que tomar o depoimento lembrará á
testemunha o dever prescripto neste artigo e certificará isso
nos autos.
Ait." 297." — A s testemunhas podem ser inquiridas sobre
circumstancias agravantes, attenuantes ou derimentes não men-
cionadas na queixa, denuncia ou portaria inicial.

CAPITULO III
Confissão

Art." 298." — A confissão prova o delicto somente quando:.


a) feita e m juizo competente;
b) espontânea e livre;
c) conforme com as circumstancias provadas do facto.
Art." 299.° — E' vedado aos Juizes ou ás partes, empregar
meios astuciosos para obter do réo a confissão do crime.
Art." 300.° — A confissão é retractavel e m qualquer tempo-
e estado do processo.
Art." 301." — Se a confissão, e m parte, negar facto pro-
vado ou ci-cumstancia provada, deve essa parte da confissão
ser regeitada.
Art." 302." — Quando não seja feita no interrogatório a
confis-ão se tomará nos autos, escripta pelo escrivão e assigna-
da pelo Juiz e pelo confitente ou por duas testemunhas idóneas,.
quando este não puder ou não quizer assignar.

CAPITULO IV
Indícios ou presumpções

Art." 303.° — Bastam indícios ou preiumpções vehemen-


tes para a p_onuncia do réo.
65

Art." 304." — N e n h u m a presumpção, por mais vehemente'


que sela, dará logar á imposição da pena (Cod. Pen., art." 67.°).

TITULO IX
Das buscas e apprehensões

Art." 305." — Além do corpo de delicto, a autoridade pro-


cederá pessoalmente a buscas e apprehensões, fazendo lavrar
circumstanciado auto de tudo quanto obseirvar c o m descripção
do local, indicação cie quaesquer indicio-:, e doe instrumentos do
crime e quaesquer obj ectos suspeitos que forem apprehendidos;.
auto esse que assignará c o m as testemunhas que, e m numero
de duas, peio menos, houver chamado.

Art." 306." — Concedisr-sé-á mandado de btuca:


a) p?; a apprehensão de cousau obtidas por meios cri-
minosos ;
b) prisão de criminosos;
c) exames de vestígios que, a b e m da accusação ou da de-
fesa, completem ou esclareçam o corpo dfe delicto;
d ) apprehensão de cousas relativas ao delicto ou ao de-
linquente, no interesse da accusação ou da defesa;
e) para apprehender instrumentos de falsificação ou con-
trafacção e objectos falsificados ou contrafeitos;
f) paia apprehender provisões de armas e munições des-
tinadas á pratica de algum crime.
Art." 307." — A diligencia pôde ser feita ex-officio ou a
requerimento do Ministério Publico ou de qualquer legitimo in-
teressado.
§ 1." — O requerimento conterá as razões pelas quaes se pre-
sume que no logar indicado devem achar-se vestígios ou obje-
ctos do crime ou do criminoso.
§ 2." — Essas razões devem ba.sear-se e m notoriedade pu-
blica, documentos ou declaração de u m a pessoa idónea, donde
resultem vebementes indicies.
66

Art." 308.° — N o caso de expedição de mandado de busca


ex-officio, se fará previamente ou ainda m e s m o depois de ef-
fectúada a diligencia, se fõr caso urgente, u m auto especial com
declaração de todos os motivos de suspeita que constarem e m
juízo.
Art." 309.° — N o caso de ser o mandado de busca expedido
a requerimento da parte, não deverá conter os nomes, n e m as
declarações das testemunhas, embora o dito mandado tenha sido
passado em virtude do depoimento d'ellas.

Art." 310." — O mandado de busca indicará precisamente


a casa ou logar onde se deve effectuar a diligencia e o fim
desta.

Art." 311." — De noite, conforme o art." 132.", em nenhu-


m a casa se poderá entrar, salvo:
I) N o caso do § único do art.° 233.°;
II) N o caso de incêndio ou inundação;
III) N o caso de imminente ruina;
I V ) N o de ser de dentro pedido soccorro;
A*) N o de ae estar nella commettendo algum crime ou vio-
lência contra alguém.

Art." 312." — No caso, em que o executor munido do com-


petente mandado vá e m seguimento de objectos furtados e es-
tes passem a districto alheio, dentro do Estado, poderá entrar
nelle e effectuar a diligencia, prevenindo antes as autoridades
c mpetenfes do logar, as quaes lhe prestarão o auxilio preciso
sendo legal a requisição.
§ único. E se a communicação prévia puder trazer demora.
incompatível com o b o m êxito da diligencia, o executor proce-
derá como prescripto no § único do art." 133.".

Art." 313." — Entenddr-se-á que o executor de um man-


dado vre e m seguimento de objectos furtados, nos casos do art.''
134.", terde-se e m attenção o disposto no § união do m'esmo
artisro.
Art." 314." — O s officiaes encarregados da execução de
mandado de busca sempre se farão acompanhar, sendo possível..
de duas testemunhas que assistam ao acto e os possam depois
abonar, depondo, se fôr preciso, para justificar os motivos que
determinaram ou tornaram legal a entrada e m u m a casa ou dis-
tricto alheio.

Art." 315." — Antes de entrar na casa, o official deve ler


ao morador o mandado e intimal-o para que abra a porta.

Art." 316." — Não sendo obedecido, o official poderá ar-


rombal-a e entrai-.- á força, e o m e s m o praticará com qualquer
porta interior, armário ou outro objecto, onde se possa, c o m
fundamento, suppor, escondido o que se procura.

Art." 317." — Finda a diligencia fará o executor u m auto


cie tudo quanto tiver acontecido, no qual também descreverá,
minuciosamente, as cousas ou pessoas e logares onde foram
achados e assignarão com testemunhas presenciaes que o mes-
m o executor deve chamar.

Art." 318." — O po: suidor ou occultador de cousas que forem


objecto de busca, será levado debaixo de vara á presença do
Juiz que a ordenou, para ser examinado e processado na forma
da lei.

Art." 319." — Do auto de busca o executor dará copia ás


partes, se o pedirem.

Art." 320." — A's autoridades policiaes assiste mais a com-


petência para dar buscas, com o fim de apprehender armas e
munições de uso prohibido ou destinado a motins ou insurrei-
ções de qualque- natureza, observadas as regras deste titulo, no.
processo da diligencia.

Art." 321." — A s armas e os objectos apprehendidos, se-


rão authenticados pela autoridade apprehensora e, acompanha-
dos dos respectivos autos, serão enviados ao juizo' competente.
68

TITULO X
Do interrogatório

Art." 322.° — O interrogatório do réo será sempre feito


perante duas testemunhas idóneas.

Art.0 323.° — O réo será interrogado pela forma seguinte:


a) qual seu nome, naturalidade e residência;
b) se tem motivo particular a que attribue a queixa ou
denuncia;
c) se é ou não culpado.

Art." 324." — N ã o é permittido ao Juiz accrescentar outras


perguntas ás indicadas no artigo antecedente; ao réo entretanto
será licito expor e allegar quanto lhe fôr conveniente, devendo
ser escriptas todas as suas declarações.
Art.0 325.° — Havendo mais de u m réo, no m e s m o pro-
cesso, a cada u m , se fará separadamente, o interrogatório, ue
forma que u m não ouça a declaração do outro.
Art.0 326.° — Se o interrogado não falar a Kngua portu-
guesa, fôr surdo-mudo ou simplesmente surdo, se observará o
disposto relativamente ás te.-temunhas surdas ou mudas no Ce
digo do Processo Civil.
Art." 327." — A autoridade abster-se-á de empregar insi-
nuações, suggestões, promessas, injurias ou ameaças para obter
as declarações do interrogado que deve estar livre de qualquer
coacção, physica ou moral, adoptando-se eomtudo, as precau-
ções precisas para evitar a fuga.
Art.0 328.° — O interrogado nunca será obrigado a respon-
der precipitadamente, devendo a autoridade conceder-lhe o tem-
po que lhe parecer razoável para recuperar a serenidade que
tenha perdido no curso da narração dos factos ou circumstan-
cias particulares ou de tempos mais remotos.
Art." 329." — A autoridade encaminhará a narração que
fizer o interrogado de forma a seguir-se, quanto possível, a
ordem das datas e dos factos.
69

Art.0 330.° — Recusando-se o interrogado a responder, ou


simulando surdez, demência ou imbecil idade, se a autoridade se
convencer desta simulação pelas suas observações pessoaes, ou
por exame de peritos, observará ao interrogado que u m a tal
attitude não lhe aproveita, n e m obsta ao curso regular do pro-
cesso.

Art." 331." — Existindo no processo, ou achando-se e m


juízo, alguma arma, instrumento, objecta ou documento rela-
tivos ao crime, e a que se refira o interrogado, deverão ser
apresentados para declarar se os conhece.

Art." 332." — Q u a n d o se tratar de crime de falsificação


de escripta ou de assignatura, a autoridade convidará o inter-
rogado a escrever algumas palavras ou phrases e m papel sepa-
rado que será junto ao processo, constando isto do auto do in-
terrogatório.

Art." 333." — Se os objectos de que trata o art.0 331." fo-


rem apresentados pelo interrogado para fazerem culpa a outro
delinquente, ou a favor cbelle, no dito auto de interrogatório .e
fará expressa menção d'elles e se juntará ao processo, sendo
possível, devendo, no caso contrario, ficar e m deposito, e m
cartório.

Art." 334." -- A s respostas do interrogatório quando o in-


terrogado não as quizer ditar, serão redigidas pela autoridade,
con ervando, quanto possível, as expressões nellas usadas.

Art." 335." — Depois de escviptas, serão lidas pelo escri-


vão, se o interrogado não preferir lel-as, podendo coníírmal-as,
rectifical-as ou addital-as, do que se fará menção, sem eomtudo
emendar o que estiver escripto.

Art." 336." — Lavrado o auto, será assignado pela autori-


dade, pelo inte-rogado quando í ouber, puder ou quizer assignar,
pelo interprete, quando houver, e pelas duas testemunhas e peri
.escrivão, sendo cada folha rubricada pela m e s m a autoridade.
70

§ l.o — Se o interrogado não puder ou não souber assi-


gnar fal-o-á, a seu rogo, outrem que não os indicados neste
artigo.
§ 2.° — Se não quizer assignar far-se-á menção disto, no
auto, afinal.

Art.0 337.° — N o auto não serão permittidas entrelinhas,


razuras ou emendas.

Art." 338." — Se o réo, ao ser interrogado, na formação


da culpa, protestar pela sua defesa escripta, paira isto será con-
cedido u m prazo improrogavel de 3 dias dentro dos quaes de-
verá apresental-a e m cartório para ser junta aos autos.
§ único. A defesa poderá vir acompanhada de documento
e o prazo concedido a u m não aproveita a outro co-réo que não
tenista protestado por elle. no momento do interrogatório.

TITULO XI
Da defesa

Art." 339." — Ao réo afiançado ou ao que se pôde livrar


solto, é licito fazer-se representar por procurador e m todos os
termos do processo.

Art." 340.° -— N e n h u m réo será submettido a processo sem


ter defensor, salvo:
a) se fôr revel, ou
b) se elle próprio quizer defender-se e o juiz entender que
elle o pôde.
Art." 341.° — O juiz nomeará, ex-officio ou a requeri-
mento, defensor idóneo para o réo que o não tiver, ou que
não quizer ou não puder nomear. E não ficará o réo tolhido
de e m qualquer phase do processo, ter outros defensores, além
do nomeado.
§ único. O defensor nomeado será curador do réo, se este
fôr civilmente incapaz.
/l

Art." 342." — Se o réo tiver recursos para pagar os ser-


viços do defensor nomeado poderá este entrar e m accórdo com
o réo sobre honorários; não sendo possível o accórdo, serão
os honorários arbitrados pelo juiz, tendo o defensor direito á
acção executiva.

Art." 343.° — Se o réo fôr pobre, applicar-se-ão ao caso


as disposições do Código do Processo Civil relativas á assis-
tência judiciaria, concedida m e s m o ex-officio.
§ único. E m qualquer caso, o defensor nomeado prestará
promessa de b e m cumprir seu dever.

Art." 344." — Sempre que qualquer acto do processo fôr


adiado por culpa do defensor, por conta deste correrão as cus-
tas e despesas do retardamento, sem prejuízo das pena c dis-
ciplinares e m que por ventura incorrer.

Art." 345." — Ao réo ou seu procurador, o escrivão pres-


tará -obre termos do processo as informações que lhe forem
pedidas; os autos, porém, só poderão ser confiados, mediante
carga, ao advogado.

Art." 346." — O preso em caso algum ficará inoommuuica-


vel; ser-lhe-á permittido, sempre, corresponder-se, por escripto
ou verbalmente, com seu procurador ou defensor.
§ único. N o s crimes graves, e emquanto se procede á for-
mação da culpa, poderá o Juiz, quando as circumstancias o exi-
girem, imnôr cemura á correspondência do criminoso.

Art." 347.° — O réo preso assistirá sempre a todos os actos


do processo, sob pena de nullidade; e, se fôr preso depois de
inic.acio o processo e antej de tcrmuiada! a formação Ua cuipei,
t rá direito de requerer a re-inquirição de testemunhas inquiri-
ridas e m sua ausência, não pagando as respectivas custas e m
caso de miserabilidade.
72

TITULO XII
Das excepções

Art." 348." — São admittidas em qualquer processo crimi-


nal as excepções seguintes :
I) D e suspeição;
II) D e incompetência;
III) Da, illegitimidade de pessoa;
I V ) D e litispendencia;
V ) D e cousa julgada;
V I ) D e prescripção.

Art." 349." — O s cases de suspeição ou incompatibilidade


são os determinados na lei de Organização Judiciaria.

Art." 350." — Quando qualquer Juiz ou autoridade crimi-


nal se houver de declarar suspeito fal-o-á por escripto mani-
festando o motivo, sob sua palavra de honra; e immediata-
mente fará passar o processo a quem competir, intimadas as
N
partes.
Art." 351.° — N ã o deverão os juizes e autoridades crimi-
naes dar-se de suspeitos só porque as partes o exijam ou pro-
voquem. O' impedimento de suspeição resulta da própria pessoa*
do Juiz e não do cargo

Art." 352." — São applicaveis aos funccionarios auxiiares


d.. Juiz e autoridades criminaes as disposições dos artigos 350.°
e 351.".
Art." 353." — A excepção de suspeição deverá preceder a
outra qualquer, sob pena de ficar prejudicada, salvo se o m o -
tivo fôr superveniente.

Art.0 354." — Quando alguma das partes pretender recu-


sar o Juiz ou autoridade criminal, deverá declarar-lh'o por es-
cripto, por ella assignado ou por seu procurador, com poderes
especiaes, exhibindo logo, as razões da recusação, instruídas
com documentos comprobatórios. N a falta destes se annexará
73

o rói de testemunhas que não excederão de três, n e m poderão


ser substituídos por outras, salvo o caso de morte.
§ único. Exceptuam-se as suspeições oppostas verbalmente
aos juizes de facto.

Art." 355." — Apresentada a excepção, o Juiz ou autori-


dade recusada, se reconhecer a suspeição, mandará juntal-a aos
autos e fazer-lhe estes conclusos, para declarar-se suspeito e
ser remettido o> processo ao competente substituto.

Art." 356." — Se o Juiz não se reconhecer suspeito, decla-


rará nos autos, dentro de 24 horas, as razões disto, suspenderá
o processo e remettdrá os autos ao juiz competente para decidir
a excepção.

Art." 357." — O juiz da suspeição, sem demora, designará


nos autos, dia, hora e logar para que o excipiente apresente as
suas testemunhas que deverão ser inquiridas dentro de três dias
contados da intimação do despacho de designação. Nas 24 ho-
ras seguintes será a excepção decidida definitivamente.

Art." 358." — Se devido á distancia entre a sede do juiz re-


cusado e a do juiz da suspeição fôr o triduo insufficiente para
a inquirição das testemunhas, será esse prazo prorogado até
perfazer dez dias no máximo.

Art." 359." — Julgada improcedente a suspeição, proseguirá


a causa perante o juiz suspeitado, podendo ser imposta a multa
de quinhentos mil réis á parte suspeitante, quando se verificar
que procedeu maliciosamente.

Art.0 360.° — Q u a n d o a suspeição fôr opposta a qualquer


funccionario auxiliar e ao representante do Ministério Publico,
as declarações e razões de que trata o art." 354." serão directa-
mente apresentadas ao Juiz ou Presidente do Tribunal, confor-
m e a autoridade perante a qual servirem, que, mandando au-
tuar as ditas peças e fazer-lhe- os autos conclusos, ordenará,
por despacho, que o recusado responda dentro de 24 horas; e.
74

com esta resposta ou sem. ella, decorrido o prazo, depois de


cumprido o disposto no art.0 357.", 1." parte, dentro de 24 ho-
ras, julgará procedente ou não, a m e moa recusação.

Art.0 361." — A excepção de suspeição opposta ao Presi-


dente do Jury não suspenderá o processo, quando aquelle não
se reconhecer suspeito.

Art." 362." — A suspeição posta a Desembargadores, caso


não seja por elles reconhecida, será julgada pelo próprio Supe-
rior Tribunal, observando-se o disposto nos arts. 356." e 357.°,
não podendo tomar parte no julgamento os suspeitados.

Art." 363.' — N ã o pasisa e m julgado a decisão que julga


improcedente a excepção e m l.a instancia; pôde a m e s m a ex-
cepção ser renovada e m 2.a instancia, e m razão de appellação
ou de outro qualquer recurso.

Art." 364." — O Juiz ou o Tribunal que conhecer de u m


processo de suspeição será o competente para impor a multa de
que trata, o art." 359.°.

Art." 365." — O s Juizes de Direito ou seus supplentes nas


sedes da comarca conhecerão do processo de suspeição dos
Juizes Municipaes ou seus supplentes e dos Juizes Districtaes
da comarca.

Art." 366." — Admittir-íse-á a excepção de incompetência


e m qualquer estado do processo e instancia se a causa ou o réo,
não fôr sujeito á jurisdicção do Juiz.

Art." 367." — Se o Juiz reconhecer o incompetência m a n -


dará juntar as respectivas allegações aos autos e remettel-os á
autoridade competente para proseguir; e esta ratificará o pro-
cessado, podendo proceder á reinquirição das testemunhas, si
por u m a das partes lhe fôr requerida.

Art." 368." — Se não reconhecer a incompetência, o Juiz


procederá na conformidade do art.° 356.°.
75

Art.0 369.° — São applicaveis á excepção de incompetên-


cia as disposições dos artigos 354.°, 357.°, 359.°, 360.°, 361.°,
363." e 365.°.

Art.° 370." — N a s excepções de incompetência officiará


nos autos o representante do Ministério Publico, conforme a
instancia, e antes de ser julgada afinal.

Art.° 371.° — Será illegitima a pessoa quando não tiver ca-


pacidade para estar e m juizo ou quando não lhe competir a
acção, ou quando fôr falso ou illegitimo o procurador.

Art.0 372." — A excepção de illegitimidade poderá ser op-


posta e m qualquer instancia e estado do processo.

Art.0 373.° — Terá logar a excepção de litispendencia


áchando-se pendente, pelo m e s m o crime, perante o m e s m o juiz
ou perante outro, acção idêntica.

Art.0 374." — Com esta excepção deverá o réo juntar cer-


tidão relativa ao processo anterior pelo m e s m o crime ou se es-
tiver preso, a respectiva nota de culpa, salvo se provar plausi-
velmente que não poude obter.

Art." 375.° —- A excepção de cousa julgada resulta de sen-


tença anterior, proferida sobre o m e s m o facto principal impu-
tado ao réo, e passada e m julgado.

Art.0 376.° — C o m esta excepção deverá o réo juntar a


certidão da sentença que fôr fundamento da m e s m a excepção.

Art.0 377.° — A prescripção da acção e a da condemnav


ção subordinam-se ás condições e prazos determinados pelo
direito criminal da Republica.

Art.0 378.° — Nas excepções de illegitimidade, litispenden-


cia, cousa julgada e prescripção, seguir-se-á a forma do pro-
cesso das excepções, de suspeição e incompetência, sendo porém
julgadas pelo Juiz do processo ou pelo Superior Tribunal.
76

Art.0 379." — A excepção poderá ser regeitada in limine


se a autoridade verificar que ella não tem fundamento legal. D a
m e s m a forma, se acompanhada dos documentos dos artigos
374." e 376.°, poderá ser julgada procedente a excepção, inde-
pendente do disposto no art.0 357.°.
Art." 380." — A suspeição, a incompetência, a illegitimi-
dade de pessoa, a litispendencia, a cousa julgada e a prescripção
podem ser reconhecidajs "ex-officio".
Art." 381." — Quando qualquer questão prejudicial pender
de solução perante a autoridade civil e não se puder sem esta
solução, dar qualificação legal ao crime, suspender-se-á, a re-
querimento do réo. ou do Ministério Publico, a marcha do
processo crime até a questão sor decidida.

TITULO XIII
Dos prazos

Art." 382." — O prazo ou termo, que consistir em numero


dc horas, correrá de momento a momento; no que consistir e m
numero de dias não será computado o dia e m que se realizar
o acto ou facto de que decorrer o prazo; o mês será contado
de 30 dia.
Art." 383." — Se fôr feriado ou domingo o ultimo dia do
prazo, este terminará no primeiro dia útil seguinte.

Art." 384." — A parte poderá renunciar o prazo fixado e m


seu favor, u m a vez que não haja prejuízo da outra parte.

Art." 385." — Os prazos fixados pelo Código são contínuos


e peremptórios, salvo nofs casos de:
I) Sedição;
II) Peste;
III) Difficuldade de transporte;
I V ) Impedimento do Juiz ou obstáculo opposto pela parte
contraria.
//

Art." 386." — O pedido de restituição de prazo deverá ser


feito dentro cie cinco dias a contar do momento e m que tenha
cessado o .impedimento; depois de ouvida a parte contraria, o
Juiz decidirá.
Art." 387." — N ã o se concederá re tituição de prazo quan-
do estiver consumado o acto cujos effeitos se p-etender pre-
venir.
Art." 388." — A inobservância dos prazos, quando fôr attri-
buicla a grave negligencia do advogado ou do representante do
Ministério Publico, importará contra o culpado u m a multa de
cincoenta a duzentos mil réis.

TITULO XIV
Da sentença e custas

Art." 389." — As sentenças serão escriptas, datadas e assi-


gnadas pelos juizes.
Art.0 390." — A s sentenças serão sempre fundamentadas,
salvo as proferidas e m virtude de decisão do Jury.

Art." 391." — N a s sentenças de condemnação serão indi-


cado- o artigo da lei penal e m que estiver o réo incurso, o gráo
da culpa, a pena e, se a pena fôr de prisão, o logar onde será
cumprida.
§ 1." — A condemnação proferida e m acção summasria tem,
antes de passado e m julgado, entre seus effeitos, os determi-
nados nos nrs. II e III do art." 446.".
§ 2." — O réo, funccionario publico, perderá seus venci-
mentos por inteiro desde o dia e m que pasjsar e m julgado a
sentença condemnatoria; se, e m instancia superior, fôr absol-
vido, 'ter-lhe-á restituída toda, a parte de vencimentos que, de
accórdo com o paragrapho anterior, tiver deixado de receber.
Art." 392." — A s sentenças serão publicadas e m audiência
e, no caso de não estarem presentes as partes á audiência de
publicação, serão estas intimadas da sentença.
78

§ único. Exceptuam-se as sentenças proferidas pelo Jury.


Art." 393." — E m qualquer sentença definitiva sobre o
ponto principal da causa ou incidente entende-se condemnada
nas custas a parte que decair.
Art." 394." — Se a, acção fôr julgada improcedente por
falta de provas, a fazenda publica do Estado do Paraná será
responsável pela metade das custas devidas a funccionarios que
não perceberem vencimentos.
Art." 395." — Quando u m a sentença definitiva, fôr abso-
lutória, pelo reconhecimento de causas que justifiquem ou de-
rimam u m crime, e m acção proposta pelo Ministério Publico,
não haverá custas.
Art." 396." — Quando implicados dous ou mais réos no
m e s m o processo, serão todos solidariamente responsáveis pelo
pagamento total das custas, se forem condemnados, ficando
salvo, aquelle que pague, o direito de haver dos outros, a quota
correspondente.
Art." 397.° — Sendo uns condemnados e outros absolvidos,
as custas serão pagas proporcionalmente.
Art.0 398." — N ã o serão retardados os processos criminaes
pela falta de pagamento de custas.
Art.0 399.° — O s funccionarios e collaboradores da admi-
nistração da justiça, m e s m o que percebam vencimentos dos co-
fres do Estado, poderão usar da acção executiva para cobrar
custas no forma das leis do processo civil.
Art.0 400.° — A s custas serão cotadas, antes da sentença
definitiva na conformidade do respectivo regimento.

TITULO XV
Das nullidades

Art." 401." — Será nullo o processo criminal:


I) Verificado qualquer dos casos do art.0 348.";
II) Preterindo-se acto essencial, ou que este Código exija
sob pena de nullidade;
79

III) Sendo contrária á Constituição a lei penal ou a pro-


cessual.
Art.0 402.° — São actos essenciaes para o effeito do dis-
posto no artigo anterior:

§ 1." — ;'.,., todo e qualquer processo criminal:


a) A petiçãc cie queixa ou denuncia, ou ordem escripta ini-
cial da acção ex-offieso ;
b) O corpo de delicto directo ou indirecto;
c) A primeira citação do réo, salvo o caso do paragrapho
3." do art." 76.° ou sc elle comparecer espontaneamente e m tempo
de se defender;
d) A a-.-.diencia do Ministério Publico nos casos e m que
este Código a exige;
e) A inquirição de testemunhas e m numero legal, sendo
dispensada nos crimes de responsabilidade, quando o facto es-
tiver comprovado por documentos;
f) Occasiãc ( u termo para a defesa, como prescreve este
Código;
g) O interrogatório, se o réo estiver preso;
hl A nomeação de defensor para o réo (art." 341.").

§ 2." — Nos processos de formação da culpa, e preparação


para julgamento:
a) O despacho da pronuncia ou não pronuncia;
b) O recur o necessário quando este despacho seja profe-
rido pelo Juiz Mu-icipal cu quando pelo Juiz de Direito nos
crimes de responsabilidade, ee 'concluir pela improcedência da
acção, ou -em outros casos previstes ne^te Código;
c) O libello;
cl) A entrega ao réo da copia do libello, dos documentos,
se existirem, e cio rol das testemunhas;
e) A notificação do réo ou de sleu procurador para con-
trariar o libello. ' preparar a sua defesa;
f) A s dibgencias requeridas pelas partes, salvo se forem
evidentemente irrelevantes ou protelatorias.
— gtl —

§ 3." — No julgamento perante o Tribunal do Jury:


a) O sorteio dos jurados;
b) A pi"esença delles e m numero legal;
c) O acto do compromisso;
d) A incommunicabilidade;
e) A leitura das principaes peças do processo;
f) O s quesitos ;
g ) A accusação e a defesa;
h ) A s respostas do Jury isentas de erros ou defeitos que
impeçam a regular applicação da lei;
i) Traslado da acta da sessão do julgamento, devidamente
assignada.

Art." 4C3." — N ã o serão attendidas as nullidades, e m favor


daquelle que as tiver occasionado ou das quaes nenhum prejuízo
houver resultado.
Art." 404.° — O s actos nullos ficarão sanado- pelo silencio
das partes, tratando-se de formalidades unicamente do interesse
delias, cuja inobservância não prive o réo do direito de defesa.

Art." 405." — Nenhum acto será declarado nullo sinão


quando não possa ser rectificado ou ratificado.

Art." 406." — A nullidade de u m acto acarretará a dos


actos successivos directamente dependentes d'elle.

Art." 407." — Salvo prova e m contrario, a lei presume que


os actos foram processados regularmente.

Art." 408." — As nullidades provenientes de inconstitucio-


nalidade ou de preterição de actos essenciaes do processo pode-
rão, e m qualquer estado deste, ser pronunciadas a requerimento
ou ex-officio.
Art." 409." — Fora dos casos previstos neste titulo só po-
derá ser decretada u m a nullidade, quando o Superior Tribu-
nal, e m gráo de recurso, decidir unanimlemente que a preteri-
ção de certo acto ou termo do processo pôde ter prejudicado
•o descobrimento da verdade ou a defesa do réo.
81

TITULO XVI
Do conflicto de jurisdicção

Art." 410." — Dá-se OÍ conflicto de jurisdicção:


I) Quando os juizes se consideram igualmente competentes
II) Q u a n d o os juizes, dentre os quaes u m é o competente,
Se declaram incompetentes;
III) Q u a n d o surge controvérsia entre os juizes acerca da
juneção ou disjuncção de processos connexos.

Art." 411." — A o Superior Tribunal cabe derimir os con-


flictos de jurisdicção.

Art.0 412." — A acção do Superior Tribunal será exercida


mediante provocação:
I) D e qualquer dos juizes e m conflicto;
II) D o Ministério Publico;
III) D e qualquer das partes interessadas.

Art." 413." — O s juizes e o Ministério Publico sob a, forma


de representação, e a parte interessada sob a de petição, deverão
dar parte escripta e circumstanciada do conflicto, especificando
os actos que o constituem e juntando logo os documentos com-
probatórios.

Art.0 414." — Sorteado o relator, ordenará este, immediata-


mente, que os juizes sobrestejaim) no andamento dos processos,
se o conflicto fôr positivo.
Art." 415." — O relator mandará dar vista ao Procurador
Geral, com o prazo de 5 dias.

Art." 416." — C o m o parecer deste funccionario, apresen-


tará o feito na primeira sessão, se estiver convenientemente
instruído; no caso contrario, ouvirá, e m prazo razoável, as au-
toridades e m conflicto.
Art." 417." — Findo o prazo para as respostas das autori-
dades, levará o feito á primeira sessão para ser julgado na
forma dos recursos criminaes.
82

Art." 418." — O julgamento, ao m e s m o tempo qu e deri-


mir o conflicto, deverá pronunciar-se sobre a validade ou nulli-
dade dos actos já praticados pela autoridade tida por incom-
petente.

LIVRO TERCEIRO
DAS ACÇÕES CRIMINAES

TITULO I
Das acções summarissimas e do auto de segurança

CAPITULO I
Das acções summarissimas

Art." 419." — São summarissimas as acções relativas aos


crimes e contravenções mencionados no n.° V I do art." 205°
da Lei da Organização Judiciaria.

Art." 420.° — O processo summarissimo obedecerá ás nor-


mas seguintes:
§ l.° — Offerecida á autoridade policial, pelo representante
do Ministério Publico, a denuncia, c o m o rói de testemunhas,
será o réo citado (art." 75.") para se ver processar no dia se-
guinte ao cia citação, si outro não fôr designado.
§ 2." — Nesse dia, se o réo citado não comparecer, far-se-á
a inquirição das testemunhas de accusação, sendo o processo,
e m acto continuo, remettído ao Juiz de Direito ou Municipal,
para julgamento.
§ 3.u — Se o réo comparecer, no dia referido, a autori-
dade lerá e m voz alta as peças da accusação, receberá a de-
fesa., com ou sem rói de testemunhas, e fará a inquirição das
testemunhais da accusação.
§ 4." — N o m e s m o dia ou no immediato verão ouvidas as
testemunhas de defesa e interrogado o réo, juntando-se aos
autos os documentos que elle apresentar.
83

§ 5." — E m seguida será remettido o processo ao Juiz com-


petente para julgar.
§ 6." — O processo será terminado no prazo de, três dias
após a citação, só podendo este prazo ser prorogado por mais
dois dias, si isto fôr indispensável para a realização de buscas,
apprehensões, acareações ou exames de qualquer natureza.
§ 7." — Apresentados os autos ao juiz julgador, mandará
este intimar incontinenti o accusado para dentro de 24 horas
improrogaveis, contadas da intimação, requerer as diligencias
legaes que tiver por convenientes á sua defesa, devendo taes
diligencias ter logar nas 48 horas seguintes e na presença do
accusado.
§ 8." — Feita a intimação do accusado e realizadas as dili-
gencias que elle requerer, seguir-se-á o julgamento.
§ 9." — Se o accusado não fôr encontrado para a intima-
ção referida, § 7.", será intimado por edital (art.0 84.°).
§ 10." — Se após as. 24 horas de que fala oi § 7." ou o prazo
do edital, nada requerei: o accusado, seguir-se-á o julgamento
sem mais delonga.

Art." 421.° — Se tiver havido prisão e m flagrante, ou ou-


tra qualquer diligencia policial, a autoridade remetterá os au-
tos respectivos immediata e directamente ao representante local
do Ministério Publico que, dentro de 24 horas, apresentará á
m e s m a autoridade a denuncia c o m o rói das testemunhas, pro-
cedendo-se na forma do artigo anterior.

Art.0 422." — Se o termo de tomar occupação de que trata


o § 1." do art." 399." do CodigO Penal fôr quebrado, o que im-
portará reincidência, proceder-se-á novamente na forma do art.0
420." deste Código, para cumprimento do art." 400." daquelle.

Art.0 423." — A autoridade policial a quem constar que


existe ro logar de sua jurisdicção, ou a quem fôr apresentado
algum individuo contra o qual haja suspeita verosimil de pre-
tender perturbar a ordem publica ou offender alguma pessoa,
procederá da forma seguinte:
84

§ 1." — Mediante queixa, denuncia, ou "ex-officio", fa-


zendo vir á sua presença o individuo suspeito, ouvindo este, in-
quirirá duas a três testemunhas, podendo outras tantas ser in-
quiridas a requerimento do accusado.
§ 2." — Antes ou depois das inquirições será concedido o
prazo de 24 horas para a defesa, si o accusado o requerer.
§ 3." — Em^ seguida, com a maior brevidade possivel, a au-
toridade decidirá, ou declarando infundadas as suspeitas contra
o accusado ou, ao contrario, determinando que elle asisigne termo
de segurança, no qual se"á declarada a pretenção criminosa de
que ha suspe/ita e contra a qual se exige segurança.

Art." 424.° — Si a gravidade do caso o exigir, a autori-


dade porá a parte queixosa sob guarda, e m quanto não fôr as-
signado o termo.

Art." 425." — O termo será assignado por duas testemu-


nhas, quando o accusado não saiba, não possa ou nãc-; queira
assignar.

CAPITULO II
Das acções summarias

Art.0 426." — São siirwmarias as acções referidas nos nrs. I


e II do art." 205." da Lei de Organização Judiciaria.
§ único. Será também sumimaria a acção por tentativa de
crime que, de accórdo com este artigo, cler logar a acção sum-
maria.

Art." 427." — Cumprida a disposição do art." 75." será na


primeira audiência:
a) Accusada a citação dc réo ;
b) Lida a queixa, denuncia ou ordem do Juiz, com os docu-
mentos que a 'instruírem;
c) Feita a qualificação do réo, si elle comparecer;
d) Assignado o prazo cb três dias para o réo defender-se e
indicar suas provas.
85

§ L ° — C o m a defesa ou sem ella, findo o prazo, o Juiz pro-


cederá e m dias successivos, independente de nova citação do réo,
a inqinrição das testemunhas de accusação e e m seguida, das
testemunhas de defejsa.
§ 2." — Terminada a inquirição e feito o interrogatório do
réo, terão as partes vista dos autos e m cartório pelo prazo im-
prorogavel de 5 dias; prazo esse que começará e terminará ao
m e s m o tempo para autores e réos, qualquer que seja o seu
numero.
§ 3." — Apresentadas as razões finaes ou decorrido o prazo
sem ellas, serão os autos conclusos ao Juiz que no prazo cie cinco
dias. proferirá a decisão.

Art." 428." — Nos processos por crime de injuria ou calu-


mnia havido por qualquer dos meios especificados no art." 316."
do Código Penal, haja ou não distribuição por mais de 15 pes-
soas ou affixação e m logar frequentado, poderá o queixoso pre-
liminarmente requerer a exhibição do' escripto original, e m Juizo,
para verificação de sua autoria, tendo logar, se fôr requerido,
o exame graphico por peritos nomeados pelo juiz.

Art." 429." — No caso do art." 321." do Código Penal re-


quererá a parte por u m a simples petição ao Juiz que o autor do
equivoco calumniojso ou injurioso venha a Juizo no dia que fôr
designado dar as explicações que forem necessárias.

Art." 430.° — O requerente, no caso do artigo anterior,.


deverá juntar o documento e m que estiver, de qualquer forma
expresso o equivoco ou provar sua existência, com testemunhas
até o numero de três.
Art." 431." — N o caso da prova testemunhal, o Juiz inqui-
rirá as testemunhas do requerente, ouvindo e m seguida, as ex-
plicações do autor do equivoco e sobre este somente.
Art.0 432.° — N ã o sendo dadas as explicações ou não sen-
do estas sufficienteis, a juizo do offendido, poderá este pro-
mover a acção pelo crime de injuria ou calumnia a que o equi-
voco der logar.
86

Art.0 433.° — Dadas as explicações, o requerente offendido


declarará e m acto continuo, tomando-se nos autos suas declara-
ções, se as julga ou não satisfactorias. N ã o as julgando taes,
serão expostos os motivos e o réo poderá addir ás suas primei-
ras explicações, ou retractal-as e corrigil-as, no que tiver sido
omisso.

Art.0 434.° — Terminado assim o processado, o Juiz, e m


três dias, julgará por sentença as explicações mandando dar o
original ao requerente, ficando traslado e pagas pelo alludido
autor as custas.

Art.0 435.° — D e tal sentença não haverá recurso algum.


O requerente, porém, poderá servir-se do documento para o que
julgar necessário.

Art.0 436." — Nos processos de calumnia poderá o réo se


propor a provar a verdade do facto imputado, salvo quando o
direito de queixa, resultante delle fôr privativo de determinadas
pessoas (§ único do art." 315." do Código Penal).

Art." 437." — Os actos e factos, classificados como injuria,


pelo dito Código Penal, não poderão ser provados e m juizo,
salvo as restricções do art." 318.°, letras a, b, c, do m e s m o
Código.

TITULO II
Das acções ordinárias

CAPITULO I
Da formação da culpa

Art.0 438.° — Feita a citação do réo (art.0 75°), ou sem


ella (§ 3.° do art.0 76.°), no dia aprazado, proceder-se-á á sua
qualificação, depois do que o Juiz fará ler a queixa, denuncia
ou ordem escripta iniciadora do processo, e passará á inquirição
•das testemunhas que tiverem sido arroladas e citadas.
87

§ 1." — Se a inquirição não se concluir no m e s m o dia, será


adiada, por despacho do Juiz, scientes as partes, notificando-se
as testemunhas eme ainda tenham de depor.
§ 2." — Finda a inquirição fará o Juiz o interrogatório do
réo, sie elle e tiver presente, e mandará eme se juntem aos au-
tos os documentos, justificações e defesa escripta que produzir.
§ 3." — Se o réo pedir prazo para, defesa escripta, proceder-
se-á conforme dispõe o art.0 338.".
§ 4." — C e m a defesa, ou sem ella — se não fôr apresen-
tada, será aberta vi ta dos autos, independente de despacho, ao
Promotor e ao queixoso, si houver, os quaes clarão seus pare-
ceres e m três dias.
§ 5." — Voltando os autos conclusos, o Juiz examinará si
ha alguma irregularidade que posra ser sanada; e, estando re-
gular o processo, pronunciará ou não o delinquente.

Art." 439." — A formação da culpa, nos casos cie réo preso,


concluir-se-á no prazo de dez dias contados da data em que fôr
proposta a acção, excepto quando a affluência dos negócios pú-
blicos, ou outra difficuldade insuperável o obstar, fazendo-se
eomtudo o mais breve que fôr possível.
§ único. Se houver escusa, o escrivão fará constar nos au-
tos os motivos justificados da demora.

Art." 440." — A autoridade superior, quando, por qualquer


modo, haja de tomar conhecimento dos autos, verificando a
omissão da declaração de que fala o § único do artigo anterior,
ou a improcedência dos motivos allegados, imporá ao formador
da culpa a multa de 200$000.

Art." 441." — Se durante a formação da culpa, antes da pro-


nuncia, colherem-se provas contra outros indiciados, additar-se-á
o acto inicial da acção, e, neste caso, poderão ser inquiridas mais
testemunhas, na proporção do art." 64.", § único, depois de ci-
tadas os m e s m o s indiciados.
Art." 442." — Q u a n d o a parte autora e m acção meramente
privada não comparecer para a formação da culpa, ficará cir-
88

•cumducta a citação, salvo a allegação de escusa legitima no dia


designado, ficando addiada a inquirição.
§ único. Se não houver escusa, o escrivão fará constar do
termo de assentada o não comparecimento do autor, bem como
•que o juiz houve a citação por circumducta, condemnando aquelle
nas custas do processo.

CAPITULO II
D a pronuncia

Art." 443." — Se das peças do processo resultarem provas


do crime e indícios vehementes de quem seja o delinquente, o
juiz pronunciará o réo.
§ único. Nesse despacho o juiz mencionando o artigo da lei
penal e m que achar o réo incurso e o effeito da pronuncia, or-
denará a prisão do réo.

Art." 444." — O escrivão competente lançará o nome do réo


no rói dos culpados, transcrevendo, por extracto o despacho da
pronuncia.

Art." 445." — O despacho de pronuncia não obsta a que


proceda contra os co-delinquentes, ou sócios no crime, descober-
tos posteriormente.

Art." 446." — São effeitos da pronuncia:


I) Sujeitar o pronunciado á accusação criminal;
II) Suspendel-o do exercido de todas as funcções publicas;
III) Prival-o, se fôr funccionario publico, da metade dos
-vencimentos, ou soldo, ou subsidio, até o dia e m que fôr defini-
tivamente julgado;
I V ) Ser preso ou conservado e m prisão;
V ) Ter o nome lançado no rói dos culpados;
V I ) Interromper a prescripção da acção (Código Penal,
art." 79.").
89

Art." 447.° — Se do processo não resultarem ao menos in-


dícios vehementes contra o réo, o juiz assim o declarará por
despacho, havendo por improcedente a queixa, denuncia ou pro-
cedimento ex-officio, e mandará que, e m favor do réo, se passe
alvará de soltura que se effectuará incontinente, ,si por tal não
estiver preso.
Art.0 448.° — Se declarar improcedente, por falta de pro-
vas sobre q u e m seja o autor, m a s existindo nos autos a suffi-
ciente sobre o delicto., requisitará da autoridade policial as in-
dagações, que fônem precisas para descobertas do delinquente.

Art." 449." — O despacho de não pronuncia não obstará


novo processo contra o delinquente, e m qualquer tempo, e m -
quanto a acção não prescrever, desde que se colham, posterior-
mente, outras provas.

Art." 450." — O Juiz formador da culpa é competente ; ora


absolver o réo por qualquer das derimentes e justificativas esta-
belecidas na lei penal, devendo para a verificação delias, ser
realizadas, ex-officio ou a requerimento, as investigaçõe -., dili-
gencias e exames que convierem e havendo recurso necessário
da decisão que julgar provada u m a derimente ou justificativa^

CAPITULO III
Dos actos preparatórios para o julgamento
do Tribunal do Jury

Art." 451." — Pronunciado o réo, e decidido o respectivo


recurso, ou não tendo sido este interposto no prazo legal, m a n -
dará io Juiz, por despacho nos autos, eme a parte autora offe-
reça o libello, no prazo de três dias.

Art." 452." — O additamento do libello será offerecido no.


prazo de 48 horas.

Art.0 453." — O Ministério Publico somente será relevado


da obrigação de apresentar o libello, no prazo marcado, e m caso
90

de accumulação de serviço ou de moléstia, concedendo-se-lhe


prorogação por 48 horas.
§ 'único. Se não apresentar o libello no prazo do art." 451.°,
fora dos casos referidos neste artigo ou depois da prorogação
de prazo, o representante do Ministério Publico será responsa-
bilizado e io Juiz nomeará u m ad-hoc para offerecer o libello,
concedendo-lhe novo prazo.

Art." 454." — Se o autor não fôr o Ministério Publico, n e m


a acção tiver sido iniciada por ordem escripta, não vindo o libello
mo prazo do art.° 451.°, far-se-á o lançamento ex-officio, dos
termos ulteriores do processo, absolvendo-se o réo da instancia
si a acção fôr meramente privada.

Art.0 455." — N o s casos de acção publica, o Juiz julgando


por sentença o lançamento, mandará que o Ministério Publico
-venha com o libello (arts. 451." e 453.°).

Art." 456." — O libello deve conter:


I) O nome do réo;
II) A expoísição articulada do facto que constitue o delicto
e das circumstancias que houver;
III) O pedido de condemnação, desiignando-se o gráo da
pena e a lei que a impõe;
I V ) O rói das teitemunhas que depuzerem na formação
da culpa ou de outras, com tanto que não excedam o numero
total de oito;
\ I A data e assignatura do requerimento do Ministério
Publ.co ou do autor particular ou seu procurador.

Art." 457." — N ã o será recebido o libellip; e m que fôr omit-


tido algum destes requisitos, ou e m que o autor apartar-se da
•qualificação do delicto, feita no despacho de pronuncia.

Art." 458." — A rectificação do libello nos casos do artigo


antecedente deve ser feita e m 24 horas; e se o representante
do Mir.istrio Publico não a fizer, ou fizer fora deste prazo, será
responsabilizado, procedendo-se como no § único do art." 453." •
91

se a falta fôr de autor particular será o réo absolvido da instan-


cia, sendo a acção meramente privada.
§ único. N o caso deste artigo e no do art.0 454.°, não ha-
verá absolvição da instancia, si o autor allegar e provar motivo
de força maior.

Art.0 459.° — Ainda que o réo esteja pronunciado em mais


de u m crime, ou haja mais de u m accusador, ou que sejam ac-
cusados dois ou mais réos, não se poderá apresentar mais de u m .
libello.

Art.0 460.° — No additamento do libello do accusador par-


ticular, nos processos e m que couber acção publica, poderá o
Ministério Publico offerecer outras provas, além das indicadas.
pelo m e s m o accusador.

Art." 461." — Recebido pelo juiz io libello, entregar-se-á


cópia delle, dos documentos, si houver, e do rói das testemunhas
ao réo preso, cobrando-se recibo que se juntará aos autos.
§ 1." — Quando o réo1 não puder, ou nãbl souber ler e escre-
ver, o recibo será passado por alguém a seu rogo com teste-
munhas.
§ 2." — Se, sabendo, não quizer passar e assignar, valerá
como recibo u m a declaração de duas testemunhas que tiverem
presenciado a entrega.

Art." 462." — No acto da entrega da copia do libello, será


o réo ou o seu procurador, notificado para offerecer sua contra-
riedade, por eseripto, no prazpi de 3 dias, si quizer; e, si para.
tal fim pedir vista dos autos, ser-lhe-á dada, e m cartório.

Art." 463.° — Não obstará a disposição do artigo ante-


cedente ao offerecimento da contrariedade e m qualquer tempo,
até c m o m e n t o da defesa oral, no juizo competente.
§ único. E m taes casos, o réo ou o seu procurador, que subs-
crever a contrariedade, poderá apresentar no acto do julga-
mento, as telstemunhas que arrolar, independente da diligencia.
de citação.
92

Art." 464." — N a contrariedade que será datada e assignada


pelo réo ou por seu procurador, poder-se-á allegar quaesquer
factos e m que assente a defesa, ou circumstancias que importem
a modificação cia pena ou o pedido de absolvição.

Art." 465." — Designada a reunião do Tribunal do Jury,


ordenará o Juiz competente:
I) A notificação dos réos que tenham de ser julgados e es-
tiverem presos;
II) A citação das testemunhas arroladas no libello e na
contrariedade, salvo quanto ás desta, o disposto no § único do
art." 463.";
Ill) A s demais diligencias que lhe forem requisitadas pelas
partes.

Art." 466." — O escrivão certificará nos autos a expedi-


ção da precatórias para citação de testemunhas, residentes fora
da comarca.
Art." 467." — Juntar-se-ão a cada u m dos processos, cópias
do edital de convocação do Jury, mandados, precatórias de cita-
ção e respectivas certidões.
Art." 468." — O s processos considerar-,se-ão preparados
quanu feitas as di.igrmeias dios artigos antecedentes ainda mes-
m o que não tenham sido encontradas as testemunhas ou devol-
vidas as precatórias.
Art." -,'69." — N ã o será julgado o réo ausente; todavia, a
ausência de um, não obsta o julgamento de co-réos presentes.

Art." 470." — Se o presidente, no,; processos apresentados


para julgamento, no Tribunal cio Jury, achar alguns, que não
sejam da competência do meismo Tribunal, e m despacho nos au-
tos deduzindo as razões da incompetência, e dando instrucções
para o regular andamento do processo, ordenará a remessa para
o juizo competente.
Art." o71." — Se, nos que forem de isua competência, o Juiz
encontrar omissão ou preterição de forma que possa invalidal-
os, mandará rectífical-a, sempre que fôr possivel:
93

I) Ex-officio, sendo o caso de acção publica;


II) A requerimento do autor, cabendo-lhe privativamente
a acção.
Art." 472." — N o s processos que achar regulares, devida-
mente preparados, marcará dia para julgamento.
Art." 473." — A ordem dos julgamentos será determinada:
I) Pela antiguidade da prisão;
II) Pela prioridade da pronuncia, sendo a prisão da m e s m a
data.
Art." 474." — Organizada a lista dos processos segundo a
ordem estabelecida no artigo antecedente, tirar-se-á cópia que
será afixada na porta da casa onde se reunir o Tribunal.

Art.0 475." — A ordem dos julgamentos não poderá ser


alterada, salvo:
I) A requerimento do Promotor, por motivo de interesse
-publico;
II) A requerimento do réo, por motivo de moléstia d'elle,
ou do seu defensor, comprovada por attestado medico.

Art." 476." — N o caso de separação de julgamento, e m pro-


•cesso e m que haja mais de uni réo, julgar-se-á, e m ultimo logar,
na classe a que pertencer, o que der causa á separação.

CAPITULO IV
D o julgamento perante o Jury

Art." 477." — No dia designado para a reunião, publicada a


lista dos processes, aehando-se presentes o Presidente, o escri-
vão, os jurados e o Promotor Publico, principiará a sessão, pelo
toque da campainha.
Art" 478." E m seguida,, o m e s m o Presidente abrirá a
urna que contiver as cédulas com os nomes dos jurados sortea-
dos, e verificando publicamente que se acham todas, ar reco-
lherá na urra.
94

Art.0 479." — O escrivão e m acto continuo, fará a chamada


dos jurados para verificar se estão presentes e m numero legal.

Art.0 480.° — Feita a chamada e averiguado o numero de


jurados, o Presidente tomará conhecimento das escusas dos que
faltarem, relevando da multa ou multando, e m vinte mil réis,
por sessão diária, ios que não comparecerem.

Art.0 481.° — Logo que haja numero legal, o Presidente


annunciará aberta a sessão do Tribunal.

Art." 482.° — Installado o Tribunal, fará o official que ser-


vir de porteiro, ou este, se existir, a chamada das partes e das
testemunhas, relativas aos processos que tenham de ser julgados.

Art." 483." — Não comparecendo o autor, proseguirá o pro-


motor na accusação, si fôr caso de acção publica.
§ único. Se não fôr caso de acção publica e o autor não
comparecer, será o réo absolvido da instancia, salvo motivo de:
força maior previamente alegado e provado.

Art." 484." — O Promotor Publico que deixar de compare-


cer sem escusa legitima de moléstia, incorrerá na multa de
10C$000 e poderá ser responsabilizado.
§ único. Neste caso será substituído por quem fôr nomea-
do ad-hoc pelo Presidente do Tribunal.
Art." 485." — O réo que estiver e m estado de loucura, veri-
ficado por exame de sanidade, não será submettido a julga-
mento, néon ,se proseguirá neste, si a alienação sobrevier, no acto,
e fôr verificada pelo m e s m o exame.
Art." 486." — E m tal emergência se suspenderá a sessão
fazendo constar da respectiva acta o motivo que determinou esta
providencia.
Art." 487.° •— Tendo comparecido as partes, far-se-á a cha-
mada da testemunhas do processo que tiver de ser julgado; as-
quaes serão reiaalhidas incomniunicaveis a logar de onde não
possam ouvir os debates e onde se conservarão até deporem, ou
ainda depois, e até o julgamento se assim convier.
95

Art." 488." — O Presidente, declarando que vae proceder ao


sorteio do conselho de : entença, lerá e m voz alta, as disposições
legaes que tratam das suspeições e incompatibilidades.
Art." 489." — E m seguida far-se-á o sorteio do conselho
que deve ser composto de sete juizes dei facto.
Art." 490." — O s jurados sorteados, m e s m o que não sejam
uspeitos ou impedidos, de accórdo com as disposições legaes,
poderão serrecu,'adieis,fazendo o accusador e o accusado, ou seu
defensor, recusações, sem declaração de motivo, a medida que o
Presidente fôr lendo o n o m e de cada u m e m cada cédula.
Art." 491." — O accusado'ou seu defensor poderá recusar
sete jurados e o accusador outros tantos.
Art." 492." — Se es accusado,; forem dous ou mais poderão
combinar, -entre si, as recusações e, não combinando, ser-lh s-á
permittida a separação do julgamento.
Art." 493." — Se o próprio juiz de facto, ao ser sorteado,
não se declarar str peito ou impedido, nos casos legaes, o accusa-
dor e o accusado poderão dal-o por suspeito ou impedido, com
declaração de, motivo, não, se contando esta recusação entre as
do art." 491.°.
§ único. Sobre essa allegação, o Presidente ouvirá o juiz
de facto; e conforme sua resposta, ou provas apresentadas, de-
cidirá.
Art." 494." — A s cédulas com os nomes dos jurados serão
extrahidas da urna por u m menor de 14 annos.

Art." 495." — O s jurados sorteados que não forem suspei-


tos, recusados, ou impedidos, tomarão logo assento e ficarão in-
communicaveis até ser publicada a sentença.
Art." 496." — Se durante o sorteio esgotar-se a urna e m
virtude de recusações., suspeições, ou impedimentos, o julga-
mento será transferido para a próxima sessão periódica.

Art." 497." — O m e s m o conselho de sentença poderá julgar


mais de u m a causa, no m e s m o dia e sem interrupção de incom-
munieabi idad-e, ri nisso concordarem as partes.
96

Art." 498." — Concluído o .sorteio, ou acceito' o m e s m o con-


selho de sentença, prestarão os jurados que o formarem o se-
guinte compromisso:
"Prometto, pela minha honra, cumprir, fielmente, os deve-
res de Juiz de facto e proferir o m e u voto, segundo a minha
consciência."
§ único. Esta promessa será assiíni feita, pelo primeiro sor-
teado. O s demais, successivamente, dirão: .— "Assim pro-
metto".

Art.0 499° — Lavrado e por todos assignado o auto de com-


pre nrisiso, o Presidente fará o interrogatório do réo pela forma
prescripta neste código.
§ único. Neste acto serão juntos aos autos — quaesquer do-
cumentos ou declarações escriptas que o interrogado offerecer.

Are." 500.° — E m seguida fará o escrivão a leitura das se-


guintes peças do processso:
I) Queixa, denuncia, cu ordem escripta inicial;
II) Corpo de delicto ou qualquer outro auto de prova peri-
cial, se houver;
III) Depoimentos de todas as testemunhas da formação da
culpa;
I V ) Despacho de pronuncia ou não pronuncia e o que fôr
pr ferido e m gráo de recurso que conhrmar a primeira ou re-
formar e segunda;
V ) Outras peças indicadas por qualquer das partes.

Art." 501." — Finda a leitura dos autos, deduzirá o autor a


accusação oral, fundando-se exclusivamente na prova dos autos,
lendo o libello e as disposições legaes >eim que se baseia e abs-
tendo-se, por completo, de qualquer palavra que passa of fender
o accusado, sob pena de ser admoestado, na primeira vez e, na
reincidência, de ser-lhe retirada a, palavra e procjssado como
desobediente.
Art." 502.° — Se não forem dispensados pelas partes e pelos
jurado; os depoimentos das testemunhas de accusação, serão
97

estas introduzidas successivamente, e inquiridas pelo autor era


primeiro logar, e depois pelo réo ou defensor, e pelos juizes de
facto que o quizerem.
§ único. Estes depoimentos poderão! ser tomados por es-
cripto, independente de assentada.

Art." 503." — Em seguida, o defensor do réo, ou este, si


quizer, fará a respectiva defesa.
§ único. Logo depois, si não forem dispensados os depoi-
mentos cla.s testemunhas do réo, proceder-se-á como está pre-
scripto para as de accusação.

Art." 504." — O autor e o defensor do réo, ou este, si qui-


zerem, deduzirão a replica e a treplica, podendo após cada u m
destes actos, ser reinquiridas as testemunhas.

Art." 505." — Depois, proclamando encerrados os debates,


o Presidente perguntará ao Conselho de Sentença se considera
a causa e m estado de .ser julgada, ou precisa de qualquer escla-
recimento.
§ único. Sie, forem pedidos esclarecimentos, o Presidente
os dará, s e m manifestar, de m o d o algum, sua opinião sobre a
causa "de meriti.s".

Art." 506." — Se fôr exigida alguma dTgencia que possa


ser feita incontinente, o Presidente a deferirá, e, quando não-
seja isso possível, declarará ao Conselho os motivos pelos quaes
não se poderá effectuar a miasma diligencia, ssem alguma de-
mora.
§ único. Se depois desta observação o Conselho insistir
para que se torne effectiva a m e s m a diligenca, o julgamento
ficará suspenso, mantida a incoffnmunicabilida.de dos juizes de
facto, até ser satisfeita a exigência.

Art.0 507." — Respondendo o Conselho de Sentença que a


causa está e m estado de ser julgada, logo se passará aos termos
do julgamento.
98

Art.0 508." — Para que se torne effectivo o julgamento pro-


porá o Presidente, por escripto, e m íórma de quesitos, as ques-
tões relativas ao facto criminoso e suas circumstancias.

Art." 509." — O primeiro quesito será :


" O réo F. praticou o facto tal, com tal ou tal cireum-
stancia?"
Art.0 510.° — Se alguma cireumstancia exposta no libello
não fôr absolutamente connexa e inseparável do facto, de m o d o
que este possa existir ou subsistir sem ella, deverá . dividir o
primleiro quesito, a saber:
"I) O réo praticou o facto tal?
"II) O réo praticou o facto mencionado com a cireumstan-
cia tal?"
Art." 511." — Se dos debates resultar o conhecimento de
u m a ou mais circumstancias aggravantes não mencionadas, de-
verá ser proposto também o seguinte quesito: " O réo commet-
teu o facto com tal ou tal cireumstancia aggravante?"

Art." 512." — N o s casos dos dois artigos precedentes os


quesitos serão repetidos tantas vezes quantas as circumstancias
constitutivas e aggravantes de que se tiver revestido o facto.

Art.0 513." — Se o réo allegar na contrariedade, ou no de-


bate, qualquer derimente ou justificativa, deverão propor-se os
quesitos, a respeito, antes dos quesitos das circumstancias aggra-
vantes e logo depois dos quesitos que se referirem ao facto prin-
cipal e circumstancias constitutivas do delicto.

Art." 514." — Se o réo fôr menor de 14 annos, também se


proporá o seguinte quesito:
"() réo ágio com discernimento?"

Art." 515." — Quando a julgamento forem dous ou mais


réos, o juiz proporá sobre cada u m delles e m particular u m a
serie de quesitos; e acerca de cada ponto da accusação proporá
todos os quesitos indispensáveis.
99

Art." 516." — E m qualquer caso será proposto e m ultimo-


logar, o seguinte quesito: "Existem circumstancias attenuantes
a favar do réo? Quaes?"

Art." 517." — Os quesitos deverão ser formuladas em es-


tylo simples e claro e e m proposições bem distinctas, de m o d o
que a cada u m delles seja a, resposta dada sem o menor equivoco
ou amphibologia.

Art." 518." — Propostos os quesitos pelo Presidente: do Tri-


bunal e por elle escriptós, datados e assignadcs, serão lidos, e m
vóz alta, ig e m seguida será o processo entregue ao primeiro juiz
de facto sorteado, que fizer parte do Conselho; è.logo os juizes
de facto se recolherão á sala, de suas conferencias secretas, para
deliberar a sós, a portas fechadas.

Art." 519." — Emquanto não fôr eleito o Presidente do


Conselho, será este interinamente presidido pelo alludido pri-
meiro juiz de facto sorteado.

Art.° 520.° — Um official de justiça, por ordem do Pre-


sidente do Tribunal, será postado á porta da sala das conferen-
cias secretas do Conselho para não consentir que saia algum
juiz de facto, ou que alguém entre ou se communique, por qual-
quer maneira, c o m os juizqs do mesmo! Consterno.

Art." 521.° — Todas as deliberações do Conselho devem ser


tomadas e m 'escrutínio secreto e não se poderá fazer declaração
alguma, no processo, por onde se conheça quaes os juizes ven-
cidos e quaes os vencedores.

Art.0 522.° — As decisões serão assignadas por todos os


juizes de facto.

Art." 523." — Recolhidos os juizes de facto á sala de suas


conferencias, começarão por nomear dentre os seus membros,
e m escrutínio secreto, por maioria absoluta de votos, o Presi-
dente do Conselho.
100

Art.0 524.° — Feita esta nomeação, conferenciarão sobre o


proce iso que estiver submettido a seu exame.

Art." 525." — O Secretario fará a leitura do libello, da con-


trariedade e de qualquer outra peça do processo que o Presidente
do Conselho julgar conveniente, ou algum dos juizes requerer,
e dos quesito, propostos pelo Presidente do Tribunal.

Art." 526." — Finda a leitura, adiuritidas as observações


que cada u m dos membros do Conselho tiver que fazer, ulti-
m a d a a discussão, o Presidente porá a votos, separadamente, e
pela ordem e m que se acharem, os quesitos propostos; para o
que estará sobre a mesa o escrutínio e terão as juizes de farto
u m a porção de pequenos cartões e m que estarão escriptas e m
uns a palavra "sim", em. outnos a palavra "não".

Art." 527." — Começando o Presidente pelo primeiro que-


•ito declarará que vaa pol-o á votação: — Se o réo praticou
tal facto.
§ único. Immediatamente lançará no escrutínio com toda
a cautela, o cartão indicativo do seu voto e o m e s m o farão, e m
seguida, o Secretario e os demais juizes de facto.

Art." 528." — Quando todos tiverem votado, o Presidente


do Conselho tomará o escrutínio e verificada a votação, con-
forme o resultado delia, mandará escrever pelo Secretario a
resposta por u m a das maneiras seguintes:
I) N o caso de ser affirmativa: " O Jury respondeu ao 1.°
quesito — sim, por unanimidade; o réo F. praticou tal facto"
(referindo-*, aos termos do quesito). O u : " O Conselho res-
pondeu ao 1." quesito — sim, por tantos votos; o réo F. pra-
ticou tal facto" (referindo-se aos termos do quesito).
II) N o caso de iser negativa: " O Jury respondeu ao 1.°
quesito — não, por unanimidade de votos; o réo F. não prati-
cou tal facto" (referindo-se aos termos do quesito). O u : " O
Jury repondeu ao 1." ques'to — não, por tantos votos; o réo
F. não praticou tal ficto" (referindo-se aos termos do quesito).
101

Art." 529." — D a m e s m a maneira se procederá a respeito


de cada u m dos outros quesitos, até que, dadas e escriptas todas
as respostas e assignado o auto por todos os juizes, voltem estes
á sala das sessões.
Art." 530." — Para responder ao quesito relativo á existên-
cia cie circumstancias attenuantes, o Presidente do Conselho lerá
os artigos do Código Penal que delias tratarem e depois- porá
á votação: — "Existem circumstancias attenuantes a favor ao
réo? Quaes?"
§• 1." — Se a resposta fôr negativa, deve-se immediata-
mente escrever: — " N ã o existem circumstancias attenuantes a
favor do réo F.".
| 2." Se, porém, fôr affirmativa, não a fará escrever;
mas, irá pondo á votação a existência de cada u m a das circums-
tancias que o Código Penal mencionar e, quando decidir que
existe alguma, o Presidente: do Conselho fará escrever: "Existe
a cireumstancia attenunante tal" (repetir-se-á a expressão do
Código Penal).
§ 3." Se o Conselho reconhecer mais de u m a attenuante
se dirá: "Existem as circumstancias dos paragraphos (taes e
taes) do artigo (tal) do Código Penal, a saber: fe serão repeti-
das as expressões do alludido Código).
§ 4.<> — Se a resposta do Jury a aJguns dos quesitos esti-
ver e m contradicção c o m outra ou outras já proferidas, o juiz,
depois de explicar aos jurados a contradicção, fará votar de no-
vo os queritos a que se refiram as respostas contrachetorias.

Art.0 531.° — Decidido negativamente o primeiro quesito,


serão reputados prejudicados os demais. Asrim também e m re-
lação aos quesitos sobre aggravantes e attenuantes, quando se
tiver decidido pela affirmativa a existência cie cireumstancia que
derima ou justifique o crime.
Art." 532." — Voltando os juize^ de facto á sala das ses-
sões, ahi. o Presidente do Con> elbo lerá as respostas dadas aos
quesitos e as entregará, com o processo, ao Presidente do Tri-
bunal.
102

Art." 533.° — A sentença deverá ser proferida e m segui-


mento ás respostas, e logo depois da leitura d'estas.

Art.0 534." — Devendo pelas respostas ser condemnado o


réo, o Presidente do Tribunal do Jury fixará a pena segundo
as regras estabelecidas na. lei penal.
Art.° 535." — E m seguida, perante o Tribunal, o Pre idente
publicará a sentença que houver lavrado.

Art.0 536.° — Será o réo posto e m liberdade immediata-


mente depois da sentença absolutória:
a) Se fôr de menos de 10 annos de prisão a pena legal do
crime; ou
b) Se a decisão do Jury fôr proferida, por unanimidade de
votos, qualquer que seja o gráo da pena legal.

Art." 537.° — A unanimidade, para o réo ser solto, bastará


que se refira aos quesitos cujas respostas importarem a absol-
vição.
Art.0 538.° —- E m cada processo incluir-se-á o traslado da
acta da sessão do Tribunal do Jury e m que o m e s m o fôr julgado,
bem como as certidões e todos os autos necessários.

Art.0 539.° — D e cada sessão diária do Tribunal do Jury


escreverá o Escrivão no livro próprio u m a acta que será assi-
gnada pelo Presidente e respresentante do Ministério Publico.

Art." 540." — N a acta se escreverá, minuciosamente, tudo


quanto interessar ao julgamento da causa, de que se tratar, de-
vendo ella mencionar:
I) A abertura ou installação da sessão diária com as so-
lenmidades legaes;
II) O numero cl? jurados presentes;
III) A dispensa de qualquer jurado de servir e m u m a ses-
são diária, ou e m mais de uma, ou e m toda a sessão periódica;.
I V ) Chamamento de jurados para supprir a falta de outros;
V ) A apuração das cédulas da urna, havendo sorteio de
supplentes e jurados dispensados de toda sessão periódica, pois
103

que somente devem continuar na urna as cédulas das nomes


dos jurados que devem servir;
A T ) A exclusão dos jurados impedidos ou suspeitos;
V I I ) A notificação dos jurados supplentes que forem sor-
teados, c o m referencia aos mandados expedidos e depois archi-
vados;
VIII) A s multas impostas aos jurados que deixarem de
comiparecer ás sessões ou ..se retirarem ante' de ultimadas, -em
excusa legitima
I X ) Quaes os jurados dispensados da multa, por terem m o -
tivo legitimo, c o m referencia aos officios ou requerimentos ar-
chivados;
X ) A nomeação do defemor feita pelo Presidente ao réo
que o não tiver;
X I ) O s requerimentos feitos pelas partes, relativos ao jul-
gamento da causa e seu deferimento ou indeferimento;
X I I ) A sentença que fôr proferida;
XIII) E m f i m , qualquer cireumstancia que possa interessar
ao direito das partes, nos julgamentos que occorrerem.

CAPITULO V
Disposições c o m m u n s á accusação e ao
julgamento

Art." 541." — Ao Presidente do Tribunal do Jury, além de


outras attribuições decorrentes de disposições da lei da organi-
zação judiciaria e deste Código, compete:
I) Instruir os juizes de facto sobre os seus deveres, dar-
lhes explicações sobre pontos de direito, ou sobre o processo;
II) Regular a policia das sessões, podendo requisitar para
isto, a força necessária, que ficará á sua inteira disposição,
sendo vedada a interferência de outra autoridade, no recinto,
m e s m o sob pretexto de assegurar a crdem, por ventura per-
turbada;
III) Dirigir os debates;
104

I V ) Fazer retirar do Tribunal o réo que, por meio de vio-


lência, ou injurias repetidas, causar tumulto, ou obstar o livre
curso do julgamento, procedendo-se neste caso, ulteriormente á
sua revelia;
V ) Applicar a multa de duzentos a quinhentos mil réis,.
além da responsabilidade criminal, ao jurado presente que, sem
excusa legitima, não quizer tomar parte no Jury ou se abstiver
de pronunciar o seu voto;
V I ) Decidir todas as questões incidentes que versarem so-
bre matéria de direito e de que dependerem as deliberações fi-
naes do Conselho;
V I I ) Suspender a sessão pelo tempo necessário á execu-
ção de diligencias que interessem ao julgamento e eme forem
exigidas;
VIII) Interromper, por minutos, a se:são', para repouso
seu, dos juizes de facto, das testemunhas e partes, depois de seis
horas consecutivas de trabalho, mantida a incommunicabilidade
daqttelles.

Art." 542.° •— O Conselho de Sentença é competente para


decidir as questões cie facto de que dependerem as suas delibera-
ções finaes.

Art." 543." — Será addiado o julgamento, si u m a das par-


tes o requerer e o Conselho de Sentença por ma-oria de votos,
o deliberar, considerando necessária a inquirição ou reinquiri-
ção de alguma testemunha arrolada eme não :e achar presente..

Art." 544." — Se houver documento ou depoimento argui-


do de falsidade, o Presidente do Tribunal, examinando a ques-
deve decidil-a, de plano e verbalmente.

Art." 545." — No caso de entender o Presidente que con-


c rrtin vehemsntes indícios de falsidade, deverá propor, preli-
minarmente, ao Conselho de Sentença a questão de poder ou não
a causa principal ser decidida, sem attençáo ao depoimento ou
documento arguido de falso.
105

Art.0 546° — Se o Conselho decidir afirmativamente esta


questão, o julgamento deverá proseguir e m relação á causa
principal.
Art.0 547.° — Se o Conselho resolver negativamente, ficará
adiado o julgamento principal.
Art.0 548.° — Remetter-se-á ao juiz competente para o pro-
cesso relativo ao crime de falsidade u m a cópia do depoimento,
ou o documento, ficando traslado authentico para ser junto ao
processo principal.
Art.0 549.° — A falta de acta da sessão do Jury sujeitará
• q u e m a occasionar, a ser suspenso do emprego por 30 dias, além
da responsabilidade criminal.
Art.° 550.° — A pena prescripta no artigo anterior será im-
posta pelo Superior Tribunal, quando conhecer do processo, por
meio de recurso de appellação.
Art.0 551.° — Se durante a conferencia dos juizes de facto,
na sala secreta, occorrer, entre elles alguma duvida que não pos-
sam resolver, consultarão, por escripto, ao Presidente do Tri-
bunal do Jury, que resolverá como fôr de direito.
Art.0 552.° — Q u a n d o a resposta de algum quesito fôr de

qualquer m o d o incompleta, obscura ou incoherente, o Presidente


do Tribunal fará voltar o Conselho de Sentença, á sala secreta,
para que a complete, esclareça ou corrija.
Art.0 553.° — N o caso do artigo anterior, limitar-se-á o Con-
selho de Sentença ao que fôr indicado, sem que lhe seja licito
alterar as outras respostas.
Art." 554.° — Qualquer que seja, pelas respostas do Con-
selho, a classificação do delicto, valerá o processo e o julgamento
do Jury, m e s m o prorogando-se a respectiva jurisdicção.

Art." 555." — Installada a sessão do Jury, o Presidente


apresentará todos os processos preparados para julgamento.

Art." 556." — Se depois de se achar funccionando o Tribu-


nal, forem preparados alguns proceessos, poderão estes ser apre-
sentados para julgamento.
- 106

Art." 557." — A presença do Ministério Publico e m todas


as sessões do Tribunal do Jury é indispensável, sob pena de in-
validar-se o julgamento.
Art.0 558.° — Nas acções publicas e m que houver accusa-
dor particular, este falará depois do Promotor, por occasião dos
debates e antes da defesa do réo.

Art." 559." — Se depois de formado o conselho de sen-


tença e antes da publicação desta, adoecer ou fallecer u m dos
juizes de facto, o Presidente fará o sorteio de outros jurados
para substituir o que estiver enfermo ou morrer.

Art.0 560.° — Se qualquer dos casos do artigo anterior oc-


correr com o Presidente do Tribunal, o julgamento ficará sus-
penso ou adiado, até vir o substituto legal.
Art." 561." — O s jurados que comparecerem a u m a sessão
do Tribunal e não Sôrem sorteados para o Conselho de Sen-
tença e não forem impedidos, suspeitos ou recusados, não pode-
rão ausentar-se do recinto, a não ser por momentos, com per-
missão do Presidente, sob pena de multa correspondente aquelle
dia de sessão.
Art." 562." — Se o Presidente verificar que algum ou al-
guns se ausentaram, sem licença, ou que, obtida esta, não vol-
verem ao recinto do Tribunal, interromperá os trabalhos e man-
dará fazer a chamada; verificada a falta, imporá a multa.

Art.0 563." — Dentro de três dias a contar do ultimo da ses-


são do Tribunal do Jury, o Presidente organizará a lista dos
jurados multados e publical-a-á pela imprensa, onde houver, ou
por editaes, convidando os mesmos a justificarem as faltais no
prazo de cinco dias.
Art." 564.° — A justificação só será admittida se versar so-
bre moléstia do jurado, ou moléstia grave de pessoa da familia,
comprovada por attestado medico., ou na, sua falta, pelos depoi-
mentos de duas testemunhas idóneas.
Art.0 565." — Se findo o prazo, sem que se faça a justifica-
ção, ou esta fôr julgada procedente, o Presidente do Jury re-
107

metterá a lista ao respectivo Promotor ou Adjuncto que pro-


moverá, com urgência, a cobrança executiva das multas, reco-
lhendo aos cofres do Estado o que arrecadar.

TITULO III
Das acções por crimes de responsabilidades dos
funccionarios de foro não privilegiado

Art." 566." — O Juiz de Direito processará e julgara, pelo


crime de responsabilidade, os funccionarios públicos que não
tiverem foro privilegiado.
Art." 567." — Iniciada a acção por qualquer dos meios le-
gaes, citar-se-á o réo para responder no prazo de 15 dias, en-
tregando-eeMhe cópia da peça inicial da acção, dos documentos e
do rói das testemunhas, si estiver na comarca, e para compare-
cer á primeira audiência depois de findo o prazo.
§ único. Se o réo estiver fora da comarca, esta citação se
fará por meio de edital, comi prazo de dez dias, observados os
§§ 2° e 4.° do art.0 84.°.
Art.0 568.° — N a primeira audiência será a citação accu-
sada, assignando-se ô prazo de 15 dias referido no artigo ante-
rior, e, depois, proseguir-se-á na forma do art.0 428.".

Art." 569." -— Poder-se-á dispensar a inquirição das teste-


munhas si o delicto estiver provado por documentos.

TITULO IV
Das acções por crime de responsabilidade dos
funccionarios de foro privilegiado

Art." 570." — Têm foro privilegiado:


I) O Preridente do Estado ou Vice-Presidente e m exerci-
d o da Presidência;
II) O s Desembargadores, membros effectivos do Superior
Tribunal;
108

III) O s Juizes de Direito;


I V ) O Procurador Geral do Estado;
V ) O s Secretários d'Estado;
V I ) O Chefe de Policia.

Art." 571." — O Presidente do Estado e os Desembargado-


res serão processados e julgados nos crimes de responsabilida-
de pelo Congresso Legislativo do Estadb. para este fim consti-
tuído e m Tribunal especial.

Art.0 572.° — São de responsabilidade do Presidente do


Estado ou Vice-Presidente e m exercício da Presidência, na for-
m a do art." 50.° da Const. Estadoal, os crimes por elle pratica-
dos contra:
I) A s constituições e leis da União e do Estado;
II) O livre exercício dos poderes públicos;
III) O gozo ou exercício dos direitos políticos e individuaes-
do cidadão;
I V ) A segurança interna do Estado;
V ) A probidade da administração e moralidade do Governo;
V I ) A guarda e applicação legal dos dinheiros públicos.

Art." 573." — A acção contra o Presidente do Estado ou


Desembargadores será provocada:
I) Por queixa ou representação de qualquer do povo;
II) A requerimento de qualquer Deputado ou commissão
ordinária do Congresso.
§ único. O Congresso elegerá, por escrutínio secreto, u m a
commissão especial de três membros, para, no prazo de três
dias. dizer sobre o caso.

Art." 574." — Apresentado o parecer, impresso e distribuí-


do pelos deputados, será annunciada com antecedência de 24
horas, u m a só discussão, podendo cada deputado falar u m a vez.

Art.0 575." — Submettido a votos e vencido por maioria de


deputados presentes que é caso de processo criminal, logo se sus-
penderá a sessão, fazendo o Presidente do Congresso a devida
109

convocação ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça, para


vir presidir os trabalhos do m e s m o Congresso, emquanto func-
cionar como Tribunal de Justiça.
§ L" — Se o Presidente do Superior Tribunal fôr o pro-
ce.-sadio, o Presidente do Congresso convocará o substituto
d'elle, nos termos da, lei.
§ 2." -— Se o processo attingir a todos os membros do S u -
perior Tribunal, o Presidente do Congresso, depois de decidido
que é caso cie- processo criminal, annunciará a eleição de quem
deva presidir o Congresso, con tituido e m Tribunal. A escolha
deverá recair e m u m m e m b r o aposentado do Superior Tribunal
ou e m u m advogado notável pelo seu saber jurídico, e que não
seja deputado estadoal.

Art." 576." — Servirá de escrivão do processo o Secretario


do Superior Tribunal que autuará os papeis e fará os autos con-
clusos.
Art." 577." — Recebidos, se fôr caso de queixas, mandará
o Pre iciente que seja ouvido o querelado ou os querelados, no
prazo de 15 dias, remettendo-lhes cópia da queixa a.lludida e
documentos que a instruírem.

Art." 578." — N ã o sendo caso de queixa, vindo os autos


conclu. es, o Presidente os mandará com vista ao Procurador
Geral para denunciar no prazo de tre dias e, depois de offere-
cida e recebida r denuncia, se estiver c o m as formalidades le-
gaes, mandará ouvir o denunciado, como no artigo anterior.
§ único. Se o funccionario1 a processar fôr o Presidente
cio Estado, ou o Vice-Presidente que estiver e m exercício, os
autos não irão ao Procurador Geral para denuncia. E m tal caso,
o Pre, iciente do Congresso constituído em Tribunal nomeará
cmem sirva ad-hoc e que deverá ser pessoa que tenha os requi-
sitos que a lei exige para a investitura do cargo de Procurador
Geral.

Art." 579." — Terminado o prazo de 15 dias de que trata


o art.0 577.°, o Presidente do Congresso constituído e m Tribu-
11C

nal, mandará citar o réo para se ver processar e designará a


audiência especial para esse fim.
Art.° 580.° •— N o dia designado, depois de accusada nos
autos a citação, quali ficado o réo si comparecer, começará a in-
quirição das testemunhas.
Art." 581.° — Concluida esta diligencia, ou não se reali-
zando, por ser dispensável e m vista da prova documental, o Pre-
sidentes convocará o Congresso para u m a sessão especial.

Art.0 582'.° — Reunido o Congresso, com a presença im-


prescindível do Ministério Publico, e do escrivão do feito, o
Presidente passará a fazer a leitura do relatório escripto e cir-
cumstanciado de tuclo quanto tiver averiguado pelos documentos
ou depoimentos das testemunhas e abrirá discussão • obre o pro-
cesso.
Art." 583." — Cada deputado poderá falar u m a vez a res-
peito, e terminada a discussão, será annunciada a votação sym-
bolica sobre a, queixa, denuncia ou ordem escripta.

Art." 584." — Se fôr julgada procedente, o Presidente ex-


pedirá o decreto de pronuncia do qual serão tiradais duas cópias,
si fôr o Presidente do Estado o querelado ou denunciado, sendo
enviada u m a ao m e s m o e outra ao seu substituto legal.

Art." 585." — Reduzido a auto todo o occorrido na sessão


e m que fôr declarada a procedência da queixa, denuncia ou pro-
cedimento ex-officio, o Presidente, vindo os autos conclusos,
dará vista ao accusador por três dias para offerecer o libello.

Art." 586." — Offerecido o libello, ordenará a citoção do ac-


cusado para contrarial-o e m outros três dias, querendo, e prepa-
rar sua defesa, remettendoi-se-lhe para esse fim cópia do m e s m o
libello e documentos.

Art." 587." — C o m antecedência de 5 d-a , o Presidente an-


nunciará por edital o dia,, hora e lugar da sessão de julgamento,
depois de mandar fazer as diligencias de citação das testemunhas
«do accusador e do accusado.
111

Art." 588." — N o dia designado, aberta a sessão, se fará a


chamada das partes e testemunhas.
Art." 589." — O não comparecimento do accusado o sujei-
tará a julgamento á revelia.
Art." 590." — Presentes ou não o accusado e o accusador,.
se repetirá a chamada dos deputados.
Art." 591." — O s deputados suspeitos ou impedidos deverão
declarar a suspeição ou impedimento, no acto de serem chama-
dos, ou poderão ser recusados por u m ou outro motivo, por
qualquer das partes e neste caso, não tomarão parte no julga-
mento, si o Presidente assim resolver, depois da audiência ver-
bal do recusado e recusante, sobre os motivos da recusação.

Art." 592." E m seguida mandará o Presidente que o es-


crivão faça a leitura das peças principaes do processo e docu-
mentos que as instruírem e, concluída a leitura, dará a palavra
ao accusador qu e lerá o libello e o sustentará.
Art." 593." — Terminada, a accusação, terá a palavra o accu-
íado ou seu defensor que poderá ler a contrariedade e fará a
defesa.
Art.0- 594." Se no libello ou na contrariedade houver
testemunhas arroladas, e as partes quizerem ouvil-as, serão inqui-
ridas e m seguida ás suas allegações e reinquiridas pela parte con-
traria, ou por algum deputado que o requerer.
Art." 595." — Haverá replica e treplica, si as partes qui-
zerem
Art." 596." — Encerrados os debates, retirandose as partes,
seguir-se-á a discussão e m sessão secreta na qual poderão tomar
parte todos os deputados; e finda ella porá o Presidente a votos
os artigos do libello. cada u m por sua vez.
\rt." 597." — Se a decisão fôr affirmativa por maioria ab-
soluta de deputados presentes, o presidente escreverá a sentença
na m e s m a sessão, na presença das partes.
A r t " 598." — D e t o d o ° occorrido se lavrará u m a acta e m
livro especial,' da qual se extrairá traslado para os autos. Ella.
112

,6erá assignada pelo Presidente do Congresso, constituído e m


Tribunal, que assim terminará sua missão e-.pec:al.
Art." 599." — O Congresso não poderá funccionar c o m o
Tribunal sem a presença da metade e mais u m dos deputados.
§ único. Todavia, se na sessão de julgamento a maioria ab-
soluta de apparecer devido ás suspeições e recusações, servirão
apenas os que restarem desimpedidos.
Art.0 6C0." — O s Juizes de Direito, Secretários de Estado,
Chefe cie Policia e Procurador Geral serão processados e julga-
dos, nos crimes de re. ponsabilidade, pelo Superior Tribunal de
Justiça do Estado.
Art." 601." — A queixa ou denuncia, ou deliberação do Tri-
bunal ex-officio será apresentada ao Presidente do m e s m o Tr -
bunal que distribuirá o feito a u m dos Desembargadores por
sorte.
Art." 602." — O Desembargador a quem se fizer a distribui-
ção ordenará que o réo oeja ouvido por •escriptoi no prazo de 15
dias, procedendo-se na forma do art." 567." e seu paragrapho
único.
Art.0 603." — O réo responderá no prazo marcado e diri-
girá sua resposta escripta ao Desembargador relator.
Art. 604." — Residindo o réo fora da sede do Tribunal
deverá registrar no correio, antes de expirar o prazo de 15 dias,
a alludida resposta escripta.
§ 1." — E-^te prazo contar-se-á da data do recebimento da
ordem para a resposta.
§ 2." — O réo que dentro do referido prazo não respon-
der, julgar-se-á ter renunciado o favor da audiência previa.

Art." 605." — C o m a resposta do réo, ou semi ella,, o Desem-


bargador relator, designará dia para formação da culpa, c o m
citação do réo para se ver processar e das testemunhas para de-
porem, -oe o facto delictuoso não estiver verificado por docu-
mentos juntos aos autos.
Art.0 606.° — N o dia designado, com a presença do réo, ou
.á sua revelia, e depois de ser o m e s m o réo qualificado no caso
113

*de comparecimento, se fará a inquirição como nos processos


•communs, perante o dito Desembargador relator, e terminada
ella, quaesquer diligencias requeridas pela accusação e o inter-
rogatório do réo.
Art.° 607.° — Concluídas estas, mandar-se-ão os autos com
vista ao Procurador Geral para dizer no prazo de 48 horas; e,
com o officio d'este, na primeira sessão do Tribunal se fará
o sorteio de dous Desembargadores revisores.
Art." 608.° — E m seguida ao sorteio, o relator passará os
autos ao primeiro revisor que os. terá pelo prazo de u m a sessão
á outra, passando por sua vez, ao segundo, com igual prazo.
Art." 609.° — O segundo revisor, na sessão e m que terminar
o seu prazo, pedirá dia para julgamento, designando o Presi-
dente o primeiro desimbedido.
Art.° 610.° — N a sessão de julgamento, o relator fará lei-
tura de seu relatório escripto, e e m seguida, com os dous revi-
sores, discutirá a causa, resolvendo-se e m acto successivo se o
réo deve, ou não ser pronunciado.
Art.° 611.° — A decisão vencer-se-á por dous votos confor-
m e dos três Desembargadores que tomarem parte no processo,
como relator e revisores.
Art.0 612.° — E m qualquer caso, os actos acima menciona-
dos serão praticados e m sessão publica do Tribunal, podendo a
ella assistir o réo, acompanhado de seu advogado ou sem elle.

Art.0 613.° — A pronuncia, ou não pronuncia, 6erá decre-


tada e m forma de accordam e, depois da primeira, da qual não
haverá recurso, o Desembargador relator mandará dar vista do
processo ao autor, para este, no prazo improrogavel de três dias,
apresentar o libello accusatorio.

Art.0 614.° — Vindo o autor com' o libello e recebido este,


mandar-se-á citar o réo, ou seu procurador, para apresentar a
contrariedade, si quizer no prazo de três dias.

Art.° 615." — Comparecendo o réo, por si, ou por seu pro-


.curador, se lhe dará vista dos autos, e m cartório, para a allu-
114

dida contrariedade, podendo nella indicar testemunhas para


serem inquiridas, na sessão do julgamento final. A ' dita con-
trariedade poderá também juntar qualquer documento.
Art." 616.° — Findo o prazo da contrariedade, o Desembar-
gador relator pedirá ao Presidente que designe dia para o jul-
gamento.
Art.0 617.° — O Presidente fará esta designação attenden-
clo á natureza das diligencias a que se houverem de proceder e
forem requeridas pelas partes, no libello e na contrariedade.
§ único. A designação se fará por despacho nos autos de-
pois da nota do relator pedindo dia para julgamento.

Art.0 618.° •— O s autos assim despachados volverão ao rela-


tor que mandará proceder ás diligencias e notificações neces-
sárias.
Art.0 619.° — Realizadas umas e outras, no dia designado.
achando-se reunido o Tribunal, com a presença do Procurador
Geral, do réo e seu procurador ou, á sua revelia, o Presidente
deverá:
I) Mandar lêr pelo Secretario a queixa ou denuncia, o
libello, a contrariedade e outras peças ao processo, conforme o
Presidente julgar conveniente, ou cuja leitura fôr pedida por
qualquer das partes ou dos membros do Tribunal;
II) Proceder, e m seguida, a inquirição das testemunhas
indicadas no libello e na contrariedade, si as partes não desis-
tirem desta diligencia. Ellas poderão fazer ás testemunhas per-
guntas que entenderem rteCes.: árias e que tenham relação dire-
cta com a causa. i
Art.0 620.° — Terminadas as inquirições seguir-se-á o de-
bate oral, fazendo o autor a accusação e o réo, ou seu procura-
dor, a defesa, podendo haver replica e treplica.
Art.0 621.° — Terminado o debate, a sessão se tornará se-
creta, fazendo o Presidente retirar as partes, testemunhas e es-
pectadores.
Art.0 622.° — Achando-se os membros do Tribunal, a sós
com a presença exclusiva, além delles, do respectivo Secreta-
115

rio, passarão a discutir a matéria, depois do que, será annun-


ciada a votação.
Art.0 623.° — N a discussão e votação tomarão parte todos
os Desembargadores.
Art." 624." — A decisão será tomada por maioria absoluta
de votos e no caso de empate, quer sobre a condeminação, quer
sobre o gráo da pena, predominará a decisão favorável ao réo.
Art." 625." — Se no dia do julgamento não estiverem pre-
sertes todos os Desembargadores, por motivo de licença de al-
g u m , ou por justo impedimento ou se algum allegar e tiver im-
pedimento de funccionar no processo, ou fôr dado de suspeito,
o Presidente providenciará para que seja substituído de forma
a funccionar o Tribunal c o m o iseu numero completo de Juizes,
e podendo, para isto, adiar o julgamento.
Art.0 626.° — A sentença que se proferir será lançada nos
autos por Accordam assignado pelo Presidente e todos os De-
sembargadores.
Art." 627.° — Se por occasião de ser votada a matéria os
votos dos Desembargadores se dispersarem de forma a não ha-
ver maioria de votos para qualquer conclusão, o Presidente
porá e m segunda votação as duas conclusões mais favoráveis
ao réo.
Art.0 628.° — Terminada a votação, o Presidente fará vol-
tarem as partes e os espectadores á sala das sessões e ahi pu-
blicará o resultado.

TITULO V
Da acção por crime commum dos funccionarios
de foro privilegiado

Art." 629." — O Superior Tribunal tem competência para


processar e julgar, no-' crimes communs, os seguintes funccio-
narios públicos:
I) O Presidente do Estado;
II) O s Vice-Presidentes;
116

I N ) O s Desembargadores, membros effectivos do m e s m o


Tribunal;
I V ) O s Juizes de Direito, excluídos os avulsos, aposenta-
do tu em disponibilidade;
V ) O Procurador Geral, os Secretários de E.tado e o Chefe
de Policio;

Art." 630." — Se a pena imposta ao crime c o m m u m , no


gráo máximo, exceder de u m anno cie prisão cellular, com ou
sem multa, o Desembargador a quem fôr o processo distribuído
designará dia para a formação de culpa procedendo-se de ac-
córdo com os arts. 606." a 612.°.

Art." 631." — Se entretanto a pena não exceder de u m anno,.


com cu sem multa, se ob ervará o processo determinado nos ar-
tigos seguintes.
Art." 632." — A peça inicial será apresentada ao Presidente
do Superior Tribunal de Justiça.
Art.0 633." -— Se fôr Lquerito ou documento, o Presidente
mandará autuar pelo. Escrivão e dar vista ao Procurador Geral
para offerecer a denuncia e m cinco dias.

Art." 634." — Apresentada esta ou a queixa, na l.R sessão


ordinária do Tribunal, o Presidente mandará proceder á leitura
d'ella e dos papeis que a instruírem e consultará o Tribunal se
caso de ser recebida.

Art." 635." — Resolvido por maioria de votos dos presen-


tes, pela affirmativa, e lavrado o respectvo accordam, o Pre-
sidente, como relator do feito, ordenará a citação do réo para
se vêr processar, e das testemunha-, que não serão e m numero-
superior a cinco, para deporem sobre o facto delictuoeo, desi-
gnando clia, hora e logar.

Art." 636.° — Neste dia, se o réo comparecer, será qualifi-


cado, e e m seguida allegará o que houver e m sua defesa, poden-
do apresentar testem!unha o Acto continuo começará a inquiri-
ção das testemunhas do autor.
117

Art." 637." — Logo depois desta diligencia, serão citadas


as testemunhas da defesa e o Presidente tomará os depoimen-
tos d'ellas.
Art." 638." — Concluídas as inquirições e outras diligen-
cias requeridas pelas partes, o Presidente designará dia para
julgamento, mandando intimal-as deste despacho.
Art." 639." — N a sessão designada achando-se presentes
Desembargadores e m numero legal, e as partes, começará o jul-
gamento pela leitura do processo, findo o qual serão deduzidas
a accusação e a defesa oraes, podendo haver replica e treplica.
Art.° 640." — Terminados os debates, fazendo retirar as
partes e os espectadores, o Presidente porá a causa em- discus-
são e, depois desta apurará os votos dos Desembargadores.
Art." 641." — Obtido o resultado, será este publicado na pre-
sença das partes e espectadores, quando houver, e lavrado o res-
pectivo accordam.
Art." 642.° — N o s crimes c o m m u n s do Presidente ou Vice-
Pesidente do Estado, e m exercício, não poderá funccionar o Pro-
curador Geral, m a s q u e m fôr nomeado "ad-hoc" pelo Presi-
dente do Superior Tribunal de Justiça.

TITULO VI

CAPITULO I
Dos recursos contra sentenças ou despachos

Art." 643: — Contra decisões que reputarem injustas ou


illegaes poderão as partes usar dos seguintes recursos:
1) Aggravo no auto de processo;
ilj Recurso especial;
III) Appellação;
I V ) Protesto por novo julgamento;
V ) Avocamento de autos ;
V I ) Embargos ao accordam;
V I I ) Revisão.
118

CAPITULO II
Do aggravo no auto do processo

Art.0 644." — Dar-se-á aggravo no auto do processo das


-decisões proferidas pelo Presidente do Tribunal do Jury, quan-
do resolverem as questões incidentes de que trata a art." 541.°,
n.° VI.
Art.0 645.° — Interposto o aggravo, no m e s m o momento
e m que a decisão fôr proferida, o escrivão tomal-o-á e m auto, no
qual se declare a duvida levantada e, resumidamente, as razões
de opposição produzidas pelo aggravante.
Art.0 646." — Deste recurso tomará conhecimento o Supe-
rior Tribunal, quando e si o processo subir a seu conhecimento,
•em grau de appellação.
Art.0 647." — Subindo os autos, o Tribunal antes de discu-
tir e votar sobre a matéria de appellação, discutirá e votará pre-
liminarmente a decisão de que se aggravou.

Art." 648." — T a m b é m o Procurador Geral e m taes casos,


antes de falar sobre a matéria da appellação, deverá dizer so-
bre o aggravo.

Art.0 649.° •— N o julgamento de aggravo se observará o se-


guinte :
I) N ã o sendo provido, proseguir-,se-á no julgamento cia
appellação.
II) Reconhecendo-se que é procedente o aggravo, m a s que
a falta ou nullidade arguida, não se refere a termo essencial do
processo n e m impede o conhecimento e a justa decisão da causa.
dar-se-á provimento, ao aggravo só a b e m da ordem processual,
e julgar-se-á a appellação.
III) Quando a falta ou nullidade interessar á questão prin-
cipal, mandará o Tribunal que, baixando os autos, se proceda á
repetição ou rectificação do acto de que se tratar ou se realizem
as diligencias que entender indispensável para o conhecimento e
•decisão da causa, suspensa entretanto, a sua marcha.
119

I V ) Quando a nullidade fôr insupprivel e influir na de-


cisão, julgar-se-á nullo no todo ou e m parte o processo.

CAPITULO III
D o recurso especial

Art." 650." — Dar-se-á este recurso para o Juiz de Direito,


das decisões dos Juizes Districtaes e autoridades policia-es. salvo
o Chefe de Policia se essas decisões:
I) Julgarem improcedente o corpo de delicto;
II) Determinarem ou não a assignatura do termo de segu-
rança.

Art." 651." — Para os alludidos Juizes de Direito, das de-


cisões dos Juizes Municipaes que:
I) N ã o receberem queixa ou denuncia ou libello;
II) Decidirem pelas derimentes ou justificativas, conforme
o art.0 450.°;
III) Julgarem quebrada a fiança;
I V ) Julgarem excepções;
V ) Dos despachos e m que pronunciarem ou não;
V I ) Julgarem perempta a instancia.

Art.0 652." — Para o Superior Tribunal de Justiça, das de-


cisões do Chefe de Policia que:
I) Julgarem improcedente o corpo de delicto;
II) Negarem ou concederem fiança e das que a arbitrarem.

Art." 653." Para o mesmo Superior Tribunal de Justiça,.


das decisões dos Juizes de Direito que:
I) Julgarem improcedente o corpo de delicto;
II) N ã o receberem queixa ou denuncia ou libello;
III) Negarem ou concederem fiança e das que a arb.trarem;.
I V ) Decidirem, e m l.a instancia, conforme o art." 150.°;.
V ) Julgarem quebrada a fiança;
V I ) Julgarem excepções;
120

VII) Pronunciarem ou não;


VIII) Julgarem perempta a instancia.

Art.0 654.° — O recurso sob números II, III e V do art.°


'651." e n.° I V do art." 653.°, será necessário, interposto pelo
Juiz ex-officio.

Art." 655." —• O s recursos voluntários devem ser interpos-


tos por simples petição no prazo im,prorogavel de cinco dia-,
contados da intimação ou da publicação do despacho, na pre-
sença da, parte vencida ou seu procurador. O Promotor Pu-
blico será também considerado- como parte.

Art.0 656." —• Interposto o recurso juntarão as partes as


suas allegações e documentos que tiverem, no prazo de cinco
dias, cada uma, e o Juiz no de dez fundamentadamente susten-
tará ou reformará a decisão.
Art." 657." — Subirão os autos independente de traslado,
m e s m o que haja mais de u m réo, desde que o recurso seja inter-
posto por todos ou contra todos; no caso contrario, será o tras-
lado extraindo pelo serventuário competente dentro de 15 dia-s
sob pena de responsabilidade.
Art." 658.° — O recurso será expedido para o Juizo Supe-
rior dentro do prazo de 20 dias, contados da interposição do
m e s m o recurso.
Art.0 659.° — A expedição do recurso, quando para autori-
dade com sede e m outra villa ou cidade, deverá ser feita spb re-
gistro pelo correio, remettendo o escrivão o certificado da res-
pectiva agencia ao Secretario do Superior Tribuna! ou ao Es-
crivão do Juiz de Direito que deverá juntar o m e s m o certi-
ficado aos autos, quando tiver de fazel-os conclusos á autoridade
competente.
Art.0 660.° — N ã o ficarão prejudicados os recursos quando
por dolo, erro ou omissão dos empregados do Juizo, ou caso
imprevisto não forem expedidos para a instancia superior den-
tro do prazo estabelecido no art." 668.°, devendo ser promovida
a punição do empregado a quem a falta fôr imputada.
121

§ único. N ã o se computará neste prazo o tempo gasto com-.


a extracção do traslado.

Art." 661." — O s recursos interpostos para. os Juizes de Di-


reito serão por -estes decididos dentro de dez dia . contados do
e m que lhe forem conclusos os respectivos autos, devendo antes
ser ouvido o Ministério Publico e m u m prazo de 48 hora .

Art." 662." — Apresentado o recurso no Superior Tribunal


e lançada nós autos a data do recebimento, irão elles c inclusos-
ao Presidente, que es distribuirá a u m Desembargador na ordeira
da tabeliã que fôr organizada, formando este com os dous De-
sembargadores immediatamente menos antigos, a turma julga-
dora.
§ úrico. Se a distribuição recahir no Desembargador mais
moderno, farão parte da turma o mais antigo e c qu-e se lhe
seguir e m antiguidade.

Art." 663." — O Desembargador a quem fôr o feito distri-


buído como instruetor do processo, mandará dar vista dos au-
tos ao Procurador Geral por cinco dias.

Art." 664." — Voltando os autos ao instruetor, est como


primeiro da turma, depois de os estudar, os passará com a nota
de "vistos" ao segundo e este, com a m e s m a neta ao terceiro,
que, afinal, c o m a. m e s m a nota, os apresentará e m mesa pedindo
dia para julgamento.
§ único. Cada u m terá, para estudar os autos, o prazo que
medeia de u m a .ses ão á outra, prorogavel, até o dobre e m caso
de moléstia ou acctunulo de serviço.
Art." 665." — N o dia designado para julgamento, será sor-
teado o relator dcnsre o; três juizes da turma, o qual, no pri-
meiro dia, fará c relatório oral do feito e exporá seu parecer,
sobre as questões de facto e de direito, abrindo-ee a d.scussão.
§ l.o O Tribunal poderá ordenar as diligencias necessá-
rias para esclarecimento da verdade ou para sanar irregulari-
dades.
122

§ 2." — A s decisões serão tomadas pela maioria dos votos


-da turma julgadora.
Art." 666." — A s disposições dos arts. 662." a 665." não se
applicam ao recurso de decisão sobre habeas corpus (art.0 214.°),
o qual . e processará e m 3.a instancia, de accórdo com os arts.
216." a 222°.

CAPITULO IV
Da appellação

Art.0 667." — Dar-se-á appellação:


I) Para os Juizes de Direito das sentenças proferidas pelos
Juizes Municipaes;
II) Para o Superior Tribunal de Justiça das proferidas
pelo Tribunal do Jury e pelos Juizes de Direito.

Art." 668." — A appellação só procederá nos cacos:


a) de nullidade de processo (arts. 401.° a 409.°;
b) de decisão evidentemente contraria á prova dos autos;
c) de sentença contraria á decisão do Jury;
cl) de erro na applicação da pena.

Art." 669." — A applicação de sentença condemnatoria será


sempre suspensiva; a interposta de sentença absolutória não im-
pedirá que o réo seja solto, nas condições do art.° 536.".
Art." 670." — A appellação do julgamento do Jury, fundada
e m ser a sentença evidentemente contraria á prova dos autos só
é admissível u m a vez.
Art." 671." — A appellação deverá ser interposta dentro de
cinco dias, contados, do da intimação da sentença á parte ven-
cida, ou seu procurador, ou do da publicação, estando presente
a m e s m a parte ou seu procurador.
Art.° 672.° — A appellação subirá nos próprios autos, in-
dependente de traslado, salvo se houver mais de u m réo e a
respeito de outros não tiver ainda a causa sido julgada; ou,
sendo julgada, não tiverem outros appellado. Nestes cas^s, su-
123

birá o traslado que deverá ser extrahido dentro de sessenta dias


sob pena de responsabiliidade.

Art.0 673.° — A appellação será expedida para a instan-


cia superior no prazo do art.° 658.°, e nas condições dos arts„
659.° e 661.°.
Art.° 674.° — A appellação interpõe-se por simples petição-
e os prazos do artigo anterior começarão a correr da data da in-
timação ás partes do despacho que a deferir.
§ 1." — Interposta a appellação, poderá esta, a aprazimento
das partes, ser arrazoada no Juizo "a q u o " ou na instancia su-
perior. Para a producção destas razões e m qualquer caso, terão
as partes, dez dias, cada u m a , seja singular ou s eja collectiva,
sendo esses prazos accrescidos ao determinado no art." 658.%
caso a appellação seja arrazoada e m 1." instancia.
§ 2." —- Findos estes prazos, o escrivão cobrará os autos,
sejam ou não arrazoados.

Art." 675.° — O Juiz de Direito, como juiz de segunda


instancia, depois de produzidas as razões ou terminado o prazo
d'ellas, ou lhe vindo os autos c o m ellas produzidas no juizo de
instancia inferior, mandará dar vista ao Promotor Publico, por
cinco dias, e depois do parecer deste funccionario, no termo de
10 dias, julgando segundo o allegado e provado, confirmará ou
reformará, fundamentadamente, a sentença appellada.

Art.0 676.° — Apresentados os autos de u m a appellação n o


Superior Tribunal, o Secretario escreverá n elles a data do re-
cebimento e logo os fará conclusos ao Presidente, que os dis-
tribuirá como prescreve o art.0 662.°, formando de accórdo c o m
esse artigo e seu § único a turma julgadora.
§ L° —• Se as parte, já houverem arrazoado na 1." instan-
cia, o instruetor mandará dar logo vista ao Procurador Geral
c o m o prazo de cinco dias.
§ 2.° — Se as partes, porém, não tiverem arrazoado na L *
instancia, o instruetor mandará dar vista dos autos por dez dias.
a cada parte, depois do que irão elles ao Procurador Geral.
124

Art." 677." — C o m o parecer do Procurador Geral, subirão


de novo os autos ao juiz instruetor, procedendo-se quanto ao
mais como nas appell.ações eiveis, tomando-se o julgamento por
maioria de votos da turma julgadora e podendo o Tribunal man-
dar proceder as diligencias que entender convenientes, antes do
julgamento.
§ único. Nesta, como e m qualquer outra decisão o accor-
d a m respectivo será lavrado por u m relator "ad-hoc", nomeado
pelo Presidente, se o relator sorteado fôr vencido.

Art." 678." — O Superior Tribunal quando julgar proce-


dente o recurso de appellação das decisões do Jury, mandará
submetter o réo a novo julgamento.

CAPITULO V
Do protesto por novo julgamento

Art.0 679.° — Tem logar o protesto por novo julgamento:


I) Quando a sentença condemnatoria fôr privativa da liber-
dade por 10 cu mais annos;
II) Quando o fôr por mais de 6 e a decisão do Jury não
houver sido proferida por dous terços, pelo menos, dos votos.

Art.0 680.° — Deverá o protesto ser interposto dentro dos


cinco dias do art.0 670.° e poderá sel-o verbalmente, e m sessão
do Jury ou por simples petição.

Art." 681." — Sendo verbal, deverá ser reduzido a auto e


este assignado pelo recorrente, ou por alguém a seu rogo, si não
souber ou não puder escrever.

Art." 682." — O protesto por novo julgamento prejudicará


outro qualquer recurso que tiver sido interposto.

Art." 683." — O protesto por novo julgamento só pócle ser


interposto u m a v.z na m e s m a acção.
— - 125

C A P I T U L O VI
D o avocamento de autos

Art." 684." — Todo aquelle que tiver interposto recurso es-


pecial ou de appellação, poderá requerer avocamento dos autos,
na forma dos art . 746." á 752." do Código do Processo Civil,
equiparando-se o caso de denegação do recurso esp cia! ao de
denegação do recurso do aggravo.

CAPITULO VII
Dos embargos ao accordam

Art.0 685." — Ao accordam proferido pelo Superior Tribu-


nal de Justiça e m 2.a i; stancia, podem ser oppostos embargos,
m e s m o que versem sobre matéria velha, observando-se no seu
processo e julgamento as disposições e m vigor para o processo
e julgamento de taes embargos e m matéria civil.

§ único. A s sentenças nas causas criminaes cujo processo


e julgamento pertencem originaria e privativamente ao Superior
Tribunal de Justiça, poderão também, da mesma forma, ser
.embargadas.

CAPITULO VIII
Da revisão

Art.° 686." — Os processos findos poderão cer revistos, a


qualquer tempo, e m beneficio dos condemnados, pelo Supremo
Tribunal Federal, para reformar ou confirmar a sentença (art.0
:81.° da Constituição Federal).

Art" 687." — A Li federal regula o processo em taes ca-


sos, podendo o recurso s-er interposto pelo próprio sentenciado,
•por qualquer do povo, ou pelo Procurador Geral.
126

TITULO VIII

CAPITULO I
D a execução das sentenças

Art.0 688.° — A suspensão administrativa e a prisão pre-


ventiva dos indiciados serão computadas na pena judicial.
Art.0 689.° — O condemnado que se achar e m estado de-
loucura, só entrará no cumprimento da pena, quando recuperar'
a integridade psychica.
§ único. Se a enfermidade manifestar-se depois que o con-
demnado estiver cumprindo a pena, ficará suspensa a sua exe-
cução, não se computando o tempo de suspensão ou da conde-
mnação (art.0 68.° do Código Penal).
Art.0 690.° — Logo que a sentença condemnatoria, de cri-
mes de acção publica passar e m julgado, o escrivão autuará cer-
tidão d'ella e fará Os autos conclusos ao Juiz.
§ único. Se este fôr competente para a execução, proce-
derá, desde logo, na forma adiante prescripta para a execução-
das penas; se o não fôr fará remetter ao Juiz executor o sen-
tenciado, acompanhado de. guia e cópia da sentença.

Art.0 691.° — Se a sentença condemnatoria ou confirma—


toria da condemnação fôr do Superior Tribunal, serão os autos
remettidos, para os devidos fins, ao competente juiz exerutor.

Art.0 692.° -— N ã o se tratando de crime de acção publica,


as sobreditas diligencias só terão logar a requerimento das
partes.
Art.0 693° — Recebendo o preso, o Juiz executor remetel-
o-á com a guia respectiva ao director da penitenciaria, ou da
cadeia publica, para ser cumprida a pena.

Art.0 694.° — Se a penitenciaria, ou cadeia publica, fôr si-


tuada e m termo extranho á jurisdicção do Juiz remettente, a.
referida guia será passada e m duplicata, e u m dos exemplares-
remettido ao Juiz executor d'esse termo.
127

Art.0 695.° — A guia deverá conter, especificadamente:


1 ) 0 n o m e do condemnado e a alcunha por eme fôr co-
nhecido ;
II) Naturalidade, filiação, idade, estado e m o d o de vida;
III) Estatura e mais signaes por que possa, physicamente,
se distinguir;
I V ) Teor da sentença;
V ) O dia e m que o sentenciado começou a cumprir a pena
e o em que terminar o cumprimento desta;
VI ) Qualquer declaração particular que as circumstancias
aconselharem.
§ único. Sempre que fôr possível, os requisitos II e III
serão preenchidos pela carteira de identidade dada pela Policia.

Art." 696." — O director da penitenciaria, ou carcereiro da


cadeia passará recibo do réo para ser junto aos autos da exe-
cução e fará o respectivo lançamento no livro próprio.

Art." 697." — O condemnado á pena c o m trabalho não será


obrigado a este emquanto o caso pender de appellação.

Art." 698." — O director da penitenciaria, dez dias, pelo


menos, antes do ultimo dia da pena de prisão, officiará ao Juiz
das execuções communicando qual esse dia exacto. Junta aos
autos e sa communicação, ordenará o Juiz a expedição de alvará
para que. no dia determinado, seja solto o réo.
§ único. O s infractores da disposição deste artigo serão res-
ponsabilizados.
Art." 699." — A pena de prisão disciplinar pelo Código Pe-
nal imposta aos menores de 21 annos, será cumprida e m estabe-
lecimentos industriaes especiaes.
Art.0 700." — N a execução da pena de prisão disciplinar,
imposta por infracção dos deveres de emprego ou dos actos do
processo, attender-se-á ao que dispõe o art.0 120.°.
Art" 701 ° Sobre a execução das penas de suspensão ou
perda de emprego observar-se-á o seguinte:
128

I) O Juiz executor, fazendo autuar a respectiva certidão,


officiará ao superior do réo, communicando a sentença passada
e m julgado.
II) N e caso de su penção do emprego ficará o condemna-
do pr vaco do respectivo exercício, bem como do de outro qual-
quer que tenha, salvo si fôr de eleição popular; no caso de perda
cl= emprego, deixal-o-á immediata e definitivamente. Esta, pena
imp< rtará r. perda de todos os serviços e vantagens (art." 56 do
Cocbgo Penal).

Art." 702." — Passada em julgado a co -.demnação nas penas


dos art." 399.° do Código Penal, a: signará o réo perante a poli-
cia u m termo, no qual se obrigará a temar oceupação honesta,
dentro de 15 dias após o cumprimento da pena de prisão.
§ único. Esse termo será assignado por duas testemunhas,.
quando o condemnado não possa ou não queira as. ignar.

CAPITLLO II
Da multa

Art." 703." — O Juiz executor ordenará que se proceda á


liquidação da multa; depende essa liquidação de requerimento
do offendido nos casos de acção meramente particular.
§ L° — Quando a multa fôr de tantos por cento do valor
de certo objecto, ou damnt.-. ou lucro, e este valor já estiver de-
is; ninado ou fôr conhecido, o Juiz mandará fazer a conta e
por ella ficará liquidada a multa.
§ 2." — Quando, porém, o valor não fôr conhecido, o Juiz
nomeará dois arbitradores, e si éster não forem aceordes, no-
meará u m que desempate, realizando-se a diligencia em 48 bó-
ia-. Feita a liquidação serão os autos remettidos ao -serventuá-
rio competente para fazer a conta, dentro de 24 horas.

Art.0 704." — Intimado o condemnado para, no prazo de


cinco dias, pagar a multa certa da condemnação, ou a liquidada,
se o fizer, será ella, mediante guia. recolhida ao Thezouro oui
129

Agencia Fiscal, ou entregue ao offendido, se a este pertencer ;


se não pagar ou declarar que não tem meios para o fazer, pro-
ceder-se-á á conversão d'ella, e m prisão cellular ou simples,
como no caso couber.
§ 1." — Para esta conversão nomeará o Juiz dois arbitra-
dores que avaliarão, e m 24 horas, quanto poderá o condemnado
ganhar e m cada dia, por seus bens, industria ou trabalho.
§ 2." — Feita a avaliação serão os autos, sem perda de tem-
po, remettidos ao contador ou a quem suas vezes fizer, para nas
24 horas seguintes apresentar a conta do tempo preciso para o
condemnado ganhar a importância da multa. Fará o Juiz, e m
seguida, por despacho, a conversão desta n'aquella, de accórdo
com a m e s m a conta, se estiver exacta. A o contrario, recti-
ficará.
•§ 3 ° — Intimado o condemnado deste- despacho poderá,
ainda nas 48 horas seguintes, pagar a multa; se o não fizer,
será recolhido á prisão e n'ella conservado até prestar fiança
ou cumprir a pena substitutiva, que e m caso algum excederá
de u m anno de prisão cellular.

Art." 705." — Os arbitradores antes de darem os seu- lau-


dos, prestarão o compromisso de bem e fielmente cumprir os
seus deveres, e será processado por crime de desobediência e
immediatamente substituido por outro, o que, sem justa causa,.
se recusar a servir.

ArtJ" 706." — O direito de pagar multa ou prestar fiança


ao pagamento delia, pôde ser exercido pelo condemnado ou por
terceiro, m e m o durante o cumprimento da, pena substitutiva,
deduzindo-se do pagamento a parte correspondente ao tempo já
decorrido.

Art." 707.° — A todo tempo em que o réo satisfizer a im-


portância da multa, ou da parte que lhe faltar para se haver por
cumprida a, sentença, será posto e m liberdade, se por tal não es-
tiver preso.
130

Art." 708." — A fiança será prestada por meio de hypo-


theca ou penhor, devendo o réo effectuar o pagamento nos se-
guintes termos :
a) dentro de u m m ê s nas multas inferiores a 500$000;
b) dentro de três meses nas inferiores a u m conto;
c) dentro de seis míêses nos outros casos.
§ único. Estes termos serão contados da data do despacho
da acceitação da fiança; e esgotados elles, será enviada á Secre-
taria de Fazenda, cópia dos autos para ser a multa inscripta
como divida activa do Estado.

Art." 709." — O Juiz que admittir fiança sem as formalida-


des legaes, incorrerá e m responsabilidade.
§ único. N o m e s m o crime incorrerão os escrivães e conta-
dores que não ob ervarem os prazos dos artigos anteriores; os
arbitradores incorrerão pelo m e s m o motivo, na -multa de cin-
coenta mil réis que será imposta pelo juiz da execução.

Art." 710." — Ninguém poderá ser recolhido á prisão, nem


nella ser conservado a pretexto de multa, emquanto esta não
estiver liquidada.

Art." 711." — O Ministério Publico será sempre ouvido no


processo e ante: do despacho da conversão da multa, e também
no de prestação de fiança, dizendo e m 48 horas.

TITULO VIII

CAPITULO I
Da extincção e suspenção de condemnação

Art." 712." — \ condemnação extingue-se pelas mesmas


causas pelas -snaes se extingue a acção (arts. 17." e 18.") e mais:
I) peio cumprimento da pena;
11) pelo indulto;
131

III) pela rehabilitação;


I V ) pela prova da superveniente acquisição de renda por
parte do condemnado no caso do art." 399.°, combinado com o
art.° 401.° do Código Penal.

Art.0 713." — A condemnação suspende-se:


I) Pelo livramento condicional de que tratam os arts. 50.",
51." e 52." do Código Penal, desde que haja no Estado peniten-
ciaria agrícola;
II) Se o condemnado apresentar fiador idonéo que por
elle se obrigue, no caso do art." 401." do citado Código Penal,
sendo a fiança tomada por termo.

Art." 714." — A sentença que, a requerimento do fiador, no


caso do n." II do artigo supra, julgar quebrada a fiança, tornará
effectiva a condemnação suspensa por virtude delia.

CAPITULO II
D o indulto

Art." 715." — O perdão- e a, co-mmutação da pena podem ser


concedidos por indulto, decretado pelo Poder Executivo, me-
diante petição do condemnado ou de qualquer pessoa.

Art." 716." — A o Procurador Geral, cotao chefe do Minis-


tério Publico e no-interesse da ordem social, incumbe impetrar
indulto e m favor dos condemnados, quando o processo for evi-
dentemente nullo ou a condemnação se fundar e m erro mani-
festo.
Art.0 717." — A petição deve ser acompanhada das peças
principaes do processo e certidão do tempo do cumprimento da
pena e de documentos e informações que ao peticionário con-
vierem.
Art.° 718.° Quando se tratar de preso pobre, todos os
traslados, certidões e informações que forem requisitados por
132

elle para instruir a petição, serão fornecidos com brevidade e


sem dependência de sellos e custas.
Art.0 719.° — Dirigida a petição ao Presidente do Estado,
mandará este que informe sobre ella a autoridade judicial que
proferio a ultima sentença.
§ único. Seja qual fôr a informação, poderá o Presidente
conceder o indulto, que, por sua natureza, é irrevogável.
Art." 720.° — Se a petição fôr remettida ao Superior Tri-
bunal, o Presidente d'este, a distribuirá a u m Desembargador
e depois de discutida a matéria, o Tribunal informará.
§ único. Esta informação Será lançada e m forma dc pare-
cer, pelo Desembargador a quem fôr distribuída a petição, e as-
signada pelos Desembargadores presentes, podendo dar a 3 ra-
zões do seu voto o que se declarar vencido.

Art.0 721." — Se a petição fôr remettida a u m juiz EÍngu'ar,


este prestará a informação no prazo que o Presidente do Estado
determinar e m seu despacho.
Art.0 722.° — Concedido o indulto, o Governo remetterã có-
pia do decreto ao Juiz executor, para que solte o agraciado, ou
faça executar a nova pena, se a graça se limitar a commutação.
Art.0 723." — A s incapacidades pronunciadas pela conde-
mnação cessam e m consequência do perdão.

Art.0 724.° — Pendente recurso de revisão é vedado reque-


rer-se indulto.

CAPITULO III
Da amnistia

Art." 725." — Recebida a communicação da amnistia decre-


tada pelo Congresso Legislativo (n.° 35 do art.0 26.° da Cons-
tituição do Estado), o juiz mandando juntal-a aos autos, decla-
rará, por sentença, extíneta a culpa para todos os effeitos e o
processo e m perpetuo silencio.
133

CAPITULO IV
D a prescripção da condemnação

•° 726.° — A prescripção da condemnação poderá ser


allegada por simples petição assignada pelo condemnado, pelo
Ministério Publico, ou por qualquer pessoa, ou decretada ex-
officio.

Art.0 727.° — Requerida a declaração de prescripção man-


dará o juiz da execução juntar o requerimento aos autos respe
crivos e ouvir a parte contraria ou o Ministério Publico, si não
se tratar de acção particular ou não fôr este o requerente, dan-
do-lhe o prazo de 24 horas, findo o qual, decidirá dentro de -18
horas.

CAPITULO V
D a rehabilitação

Art." 728." — A rehabilitação consiste na reintegração do


condemnado e m todos os direitos que houver perdido por força
da condemnação, quando fôr declarado innocente, pelo Supremo
Tribunal Federal, e m consequência da revisão de processo fin-
do (art." 86." do Código Penal).

DISPOSIÇÕES DIVERSAS
Art." 729." — O Juiz ou Presidente do Tribunal que pro-
ferio a ultima decisão, mandará por simples despacho, cessa-
r e m todos os effeitos da pena, imposta, se, por lei nova, o facto
deixar de ser delictuoso; ou reduzirá a pena imposta se fôr m e -
nos rigorosa a decretada na lei nova (Cod. Penal, art." 3.°).

Art." 730.° — Os autos perdidos de processo criminal que


não seja findo, serão renovados, utílizandoise a autoridade de
134'

todas as peças existentes nos cartórios, observadas as disposi-


ções do Código do Processo Civil.
Art." 731." — N a renovação do processo, sempre os func-
cionarios de justiça que tiverem figurado no processo primitivo.
serão ouvidos como informantes.

Art." 732." — A s causas pendentes ao tempo da execução


deste Código, serão processadas segundo as disposições do
mesmo, ;e a forma do processo que elle estabelece para o caso,
fôr mais favorável ao réo.

Art." 733." — A execução de sentença seguirá as prescri-


pções deste Código, posto que a condemnação haja sido profe-
rida ao tempo das leis anteriores.

Art." 734." •— E m quanto não houver estabelecimentos es-


peciaes, a prbão disciplinar será cumprida na forma da prisão
administrativa.

Art." 735." — Nas discussões que precedem aos julgamen-


I - do Superior Tribunal, só poderá intervir, na forma do art.0
690." do Código do Processo Civil, a parte interessada que se
fizer representar por advogado graduado e m Direito e cujo di-
ploma esteja registrado na Secretaria do Tribunal.
§ único. A s referidas discussões serão tachigraphadas e pu-
blicadas no "Diário Official" do Estado, emquanto se não pu-
blicar u m a revista encarregada desse serviço.

Art." 736." •—• M e s m o sendo annullado o processo da acção


criminal, prevalecem os actos probatórios para ser aproveitados
e m outra acção que ste propuzer, desde que elles tenham sido
processados e m forma legal e perante juiz competente.
§ único. Esta disposição é applicavel á acções criminaes
annulladas antes da vigência deste Código.

Art.0 737 f — O s processos por infracção de posturas terão


caracter administrativo e correrão perante o respectivo Prefeito
Municipal.
135

Art.0 738." — Para os casos omissos são subsidiários deste


Código:
L° — o Código do Processo Civil, no que fôr applicavel;
2." — a legislação anterior;
3.° — a jurisprudência;
4." — a doutrina jurídica.

Art." 739." — Revogam-se as disposições ein contrario.


O Secretario de Estado dos Negócios do Interior, Justiça
e Instrucção Publica, a faça executar.

Palácio da Presidência cio Estado do Paraná, em 23 de Fe-


vereiro de 1920; 32." da Republica.

AFFONSO ALVES DE CAMARGO


Manoel de Oliveira Franco

Publicada na Secretaria do Interior, Justiça e Instrucção


Publica, e m 23 de Fevereiro de 1920.
Í N D I C E
pag.
LIVRO PRIMEIRO
Disposições preliminares 3
Capitulo I — Das acções ex-delicto 3-
Capitulo II — D a acção criminal 3
Capitulo III — D a acção civil 8
Capitulo I V — D o jurisdicção e competência .. 9

LIVRO SEGUNDO
Dos diversos actos processuacs 12
Titulo I
Capitulo I — D o inquérito policial 12
Capitulo II — D a queixa 15
Capitulo III — D a denuncia 18
Capitulo I V — D a ordem escripta 19
Titulo II — D a citação 19
Titulo III
Capitulo I — D a prisão -em flagrante 23
Capitulo II — . D a prisão preventiva 25
Capitulo III — D a prisão por pronuncia ou con-
demnação 27
Capitulo I V — D a prisão administrativa 27
Capitulo V — D a extradição 28
Capitulo V I — D a ordem de pri-ão e sua execução 28
Titulo IV — D a qualificação 32
Titulo V — D a fiança 33
Titulo V I
Capitulo I — D o habeas-corpus 38
Capitulo II — D o processo do habeas-corpus,
seus effeitos 40
Capitulo III — D a apresentação e m o d o de jul-
gar o habeas-corpus perante o Juiz de Direito 45
— II —

pag.
Capitulo IV — D a apresentação e m o d o de jul-
gar o habeas-corpus perante o Superior
Tribunal 46
Titulo VII — Das audiências 47
Titulo VIII — Das provas 47
Capitulo I — D a prova pericial 47
Capitulo II — D a prova testemunhal e da literal 63
Capitulo III — D a confissão 64
Capitulo IV — Das indicações ou presumpções . 64
Titulo I X — Das buscas e apprehensões 65
Titulo X — D o interrogatório 68
Titulo X I — D a defesa 70
Titulo XII — Das excepções 72
Titulo XIII — Dos prazos 76
Titulo X I V — Das sentenças e das custas 77
Titulo X V — Das nullidades 78
Titulo X V I — D o conflicto de jurisdicção 81

LIVRO ERCEIRO
Das acções criminaes 82
Titulo I — Das acções summarissimias e das sum-
marias , , °2
Capitulo I — Das acções summarissimas 82
Capitulo II — Das acções sumularias 84
Titulo II — Das acções ordinárias 86
Capitulo I — D a formação de culpa 86
Capitulo II — D a pronuncia 88
Capitulo III — Dos actos preparatórios do Jury 89
Capitulo IV — D o julgamento do Jury 93
Capitulo V — Disposições communs á accusação
e ao julgamento 103
Titulo III -— Das acções por crimes de responsabili-
dade dos funccionarios do foro não priviiegiado 107
Titulo IV — Das acções por crimes de responsabili-
dade dos funcciícnaries de foro privilegiado .... 107
Í N D I C E
pag-
LIVRO PRIMEIRO
Disposições preliminares 3
Capitulo I — Das acções ex-delicto 3
Capitulo II — D a acção criminal 3
Capitulo 111 — D a acção civil 8
Capitulo I V — D a jurisdicção e competência .. 9

LIVRO SEGUNDO
Dos diversos actos processuais 12
Titulo I
Capitulo I — D o inquérito policial 12
Capítulo II — D a queixa 15
Capitulo III — D a denuncia 18
Capitulo I V — D a ordem escripta 19
Titule II — D a citação 19
Titulo III
Capitulo I — D a prisão e m flagrante 23
Capitulo II — D a prisão preventiva 25
Capitulo III — D a prisão por pronuncia ou con-
demnação 27
Capitulo I V — D a prisão administrativa 27
Capitulo V — D a extradição 28
Capitulo V I — D a ordem dte prisão e sua "execução 28
Titulo IV — D a qualificação 32
Titulo V — D a fiança 33
Titulo V I
Capitulo I — D o habeas-corpus 38
Capitulo II — D o processo do habeas-corpus,
seus effeitos 40
Capitulo III — D a apresentação e m o d o de jul-
gar o habeas-corpus perante o Juiz de Direito 45
— 11 —

pag.
Capitulo IV — D a apresentação e m o d o de jul-
gar o habeas-corpus perante o Superior
Tribunal 46
Titulo VII — Das audiências 47
Titulo VIII — Das provas 47
Capitulo I — D a prova pericial 47
Capitulo II — D a prova testemunhal e da literal 63
Capitulo III — D a confissão 64
Capitulo IV — Das indicações ou presumpções . 64
Titulo I X — Das buscas e apprehensões 65
Titulo X — D o interrogatório 68
Titulo X I — D a defesa 70
Titulo XII — Das excepções 72
Titulo XIII — Dos prazos 76
Titulo X I V — Das sentenças e das custas 77
Titulo X V — Das nullidades . . 78
Titulo X V I — D o conflicto de jurisdicção 81

LIVRO ERCEIRO
Das acções criminaes 82
Titulo I — Das acções summarissimas e das sum-
marias s 82
Capitulo I — Das acções summarissimas 82
Capitulo II — Das acções sumrnarias 84
Titulo II — Das acções ordinárias 86
Capitulo I — D a formação de culpa 86
Capitulo II — D a pronuncia 88
Capitulo III — Dos actos preparatórios do Jury 89
Capitulo IV — D o julgamento do Jury 93
Capitulo V — Disposições communs á accusação
e ao julgamento 103
Titulo III — Das acções por crimes de responsabili-
dade dos funccionarios do foro não priviiegiado 107
Titulo IV — Das acções por crimes de responsabili-
dade dos funccitenarios de foro privilegiado .... 107
— III —

pag-
Titulo V — D a acção por crimes communs de func-
cionarios de foro privilegiado 115
Titulo V I
Capitulo I — Dos recursos contra sentenças ou
despachos •• 117
Capitulo II — D o aggravo no auto do processo . 118
Capitulo III — D o recurso especial 119
Capitulo I V — D a appellação 122
Capitulo V — D o protesto por novo julgamento 124
Capitulo V I — D o avocamento dos autos 125
Capitulo VII — Dos embargos ao accordam . . . 125
Capitulo VIII — D a revisão 125
Titulo VII
Capitulo I — D a execução das sentenças 126
Capitulo II — D a multa 128
Titulo VIII
Capitulo I — D a extincção e suspenção da con-
demnação 130
Capitulo II — D o indulto 131
Capitulo III — D a amnistia 132
Capitulo I V — D a prescripção da condemnação . 133
Capitulo V — D a rehabilitação 133

1V
DISPOSIÇÕES DIVERSAS - >

iQO
III

pag
Titulo V — D a acção por crimes communs de func-
cionarios de foro privilegiado 115
Titulo V I
Capitulo I — Dos recursos contra sentenças ou
despachos •• 117
Capitulo II — D o aggravo no auto do processo . 118
Capitulo III — D o recurso especial 119
Capitulo I V — D a appellação 122
Capitulo V -— D o protesto por novo julgamento 12 1
Capitulo V I -— D o avocamento dos autos 125
Capitulo VII — Dos embargos ao accordam ... 125
Capitulo VIII — D a revisão 125
Titulo VII
Capitulo I — D a execução das sentenças 126
Capitulo II — D a multa 128
Titulo VIII
Capitulo I — D a extincção e suspenção da con-
demnação 130
Capitulo II — D o indulto 131
Capitulo III — D a amnistia 132
Capitulo I V — D a prescripção da condemnação . 133
Capitulo V — D a rehabilitação 133

DISPOSIÇÕES DIVERSAS T.Tl


C 94520 9353 B
BUNDOORA GENERAL
345.816205
L525

Lei n.1916 de fevereiro de 1920 com


as emendas da Lei n.2.012 de 21 de
marco de 1921 : Código do processo
BRN : 780483

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