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No inicio do cap XXII cujo titulo é: cidadão e o estrangeiro, o autor inicia

abordando as diferenças destes dois títulos empreendidos a diversos cidadãos


ao qual variava de sociedade para sociedade, uma vez que, por exemplo em
Esparta, uma sociedade caracterizada pela hierarquização e pela sua baixa
mobilidade social, ao utilizarmos dos banquetes públicos, quem o não
comparecesse deixava automaticamente de ser cotado dentre os cidadãos já
que cada sociedade exigia a participação de todos os cidadãos nas cerimonias
e festejos de seu culto

Assim, para ser um cidadão era estritamente necessário que o indivíduo


observasse a religião da cidade e que honre aos deuses de sua cidade e
somente assim este individuo poderia se aproximar dos altares e penetrar no
recinto sagrado em que se realizam as assembleias

Já o estrangeiro, não possuía nem direitos políticos em sociedades como


Roma, e não possuía acesso aos cultos e eram aqueles cidadãos aos quais os
deuses não protegiam, já que não possuíam o direito de invoca-los pois os
deuses não aceitavam preces se não dos próprios cidadãos da cidade, sua
entrada nos templos era proibida

A transferência de titulo de estrangeiro para cidadão era possível, no entanto


muito árdua, uma vez que era necessário que o povo votasse pela admissão
do estrangeiro duas vezes num espaçamento de nove dias e que houvessem
pelo menos seis mil votos favoráveis a admissão do indivíduo.

Já no cap XIII o autor apresenta os conceitos de patriotismo e de exilo e em


como esses dois conceitos possuem uma ligação. Desse modo, é dado que a
palavra pátria era tida entre os antigos como terra dos pais, terra pátria por
assim dizer. A pátria era então uma porção de terra santificada onde eram
depositados as ossadas de seus antepassados, era então o círculo da família
contendo seu tumulo e seu lar ao qual habitavam também seus deuses
domésticos ou nacionais.

O patriotismo para os antigos era uma virtude suprema que sobressaia sobre
as demais uma vez que era na pátria que se detinha seu bem, sua segurança,
seu direito, sua fé e seu Deus, ou seja perdendo a pátria se perdia tudo que era
fulcral na vida do cidadão e somente na pátria o cidadão tem sua dignidade
uma vez que nas demais ele era visto como estrangeiro.

Para os antigos a pátria era o bem mais necessário ao cidadão e não havia
castigo pior do que privar um individuo de acessar o solo pátrio, ficando como a
punição para os crimes grandes o exilio. No entanto, o exilio não era apenas a
proibição de acesso a pátria, mas era também o impedimento da pratica do
culto, lhe era vedado o acesso aos templos e nenhum cidadão podia lhe dirigir
a palavra e nem era permitida a ajuda ao exilado uma vez que o homem que
ajuda o exilado tornava-se impuro

Deixando sua pátria para trás o exilado abandonava também seus deuses já
que os mesmos não eram onipresentes e habitavam apenas a sua casa,
perdendo a religião o exilado perdia também seus direitos políticos, não,
possuía mais culto e nem família. Enquanto morto, o mesmo era proibido de
ser enterrado no tumulo de seus antepassados.

O XIV já aborda o espirito municipal e em como duas cidades podem ser


profundamente distintas, por mais próximas que fossem, elas formavam duas
sociedades totalmente diferentes uma vez que os deuses não são os mesmos,
nem os rituais, nem as preces, ficando proibido a participação do culto por
habitantes de cidades vizinhas já que eram considerados estrangeiros. Tais
características, fizeram que por muito tempo fosse proibido qualquer tipo de
relação, mesmo que econômica, entre duas cidades. Era imprescindível que a
cidade possuísse autonomia total, com moeda medidas de peso próprias e
que tivesse um código próprio, visto que cada um possuía sua religião que por
vezes se diferia e cada uma tinha seu senso de justiça ficando proibido
qualquer tipo de igualdade em qualquer dos quesitos entre as cidades

A divisão do território era utilizada comumente as montanhas como linha de


marcação e divisão entre os dois ou mais territórios, mas entre muitas cidades
não havia montanhas para separar, a exemplo de Argos e Esparta, para fazer
esta divisão era imposto diversos limites sagrados avaliando os diferentes
cultos e as barreiras que cada cidade levantava entre o estrangeiro e sua
cidade
Entre as cidades era permitido apenas alianças momentâneas visando algum
proveito, nada muito além disso já que a religião fazia de cada cidade muito
diferente e um objeto heterogêneo entre si, sendo mais fácil uma cidade se
sujeitar a outra do que se unir, porem tal relação era muito problemática pois os
vitoriosos nunca poderiam ser concidadãos dos vencidos, havendo apenas a
opção de destruir a cidade vencida ou lhe deixar sua independência.

Por fim no cap XV é abordado a questão das relações entre as cidades de


como ocorriam as declarações de guerra, a paz e como as alianças eram
formadas. A religião era pilar máximo nestas sociedades e nas guerras,
acordos de paz e celebração de alianças não eram diferentes, uma vez que
quando em guerra muitas vezes era a pátria e seu território, sendo assim ao
perder a guerra e seu território, automaticamente se perdia de tudo que era
mais fulcral na vida do combatente ficando permitido tudo contra os deuses
inimigos desde injuriar, detestar e agredir os deuses estranhos, não havia
nenhum direito ao estrangeiro e em principal em tempos de guerra não
havendo distinção do que é justo ou injusto. O vencedor poderia escolher os
meio-fins para os vencidos e para suas terras e até mesmo a sua religião e
cultos poderiam ser suprimidos quando não extintos

Os acordos de paz eram feitos a partir de um ato religioso ao qual a marca


dessas uniões eram ambos os povos autorizarem mutualmente a assistir suas
festas sagradas e outras vezes abriam de forma reciproca seus templos,
trocando diversos ritos religiosos

A guerra era travada entre duas cidades era também a guerra entre duas
religiões sem qualquer tipo de piedade enquanto inimigos e enquanto amigos,
sentiam deveres recíprocos de união.

Sobre o livro

 A cidade antiga: estudo sobre o culto, o direito, e as instituições da Grécia e


Roma (1864), escrito enquanto ele era professor de história em Estrasburgo,
se propõe a investigar a relação entre religião, família, direitos de propriedade
no país
A comparação entre fé e lei revela que a família na Grécia e em Roma era
formada pela religião primitiva. Isso levou ao casamento, à paternidade e ao
patriarcado. Estabeleceu a consanguinidade, o direito de propriedade e
herança. Essas instituições centrais foram formadas pela mesma religião que
fundou as famílias. Posteriormente, essa religião formou cidades e as governou
como governava as famílias. Todas as instituições — das leis às cerimônias
religiosas — derivam dessa fonte. Com o tempo, crenças mais antigas do que
a era atual diminuiu a ponto de se tornarem irrelevantes. Então essas
mudanças foram suplantadas por novas instituições com o passar do tempo.
Por sua vez, isso levou a muitas revoluções e convulsões sociais. Analise
critica

Analise critica

Os pontífices eram considerados os únicos juristas capazes de aplicar leis com


base em suas origens religiosas. Por causa disso, eles naturalmente herdaram
o direito de governar. Qualquer um que ouviu a lei de seu pai, que a transmitiu
por incontáveis gerações, entendeu seu poder. Isso ocorre porque o pai de
todos recebeu seu poder de seu pai antes dele. Como cidadãos, eles tinham
que aderir às leis da cidade e respeitá-las. Fazê-lo era essencial para estar
protegido por essas leis e não sofrer nenhuma consequência por quebrá-las.
Se uma pessoa nasceu em um país específico, ela não poderia se tornar
cidadã de nenhum outro país. Além disso, o estado não foi formado para
proteger os escravos – geralmente pessoas capturadas durante a guerra –
porque eles não eram permitidos em nenhum ritual sagrado. A segregação
religiosa é o componente mais importante da ideologia política do autor. Isso
ocorre por meio de uma separação entre responsabilidades cívicas, legais,
governamentais, religiosas e morais. Cada cidade tem o direito de se
autogovernar, não sendo permitida a possibilidade de associação com
nenhuma outra. A maior vantagem desse método de separação é sua
capacidade de exilar os infratores que enfrentam a repressão mais severa em
qualquer cidade - exilados ritualizados da pátria. Os exilados perdem todos os
seus direitos, deveres e laços familiares como punição por quebrar esta regra.

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