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Direito e

Religião na
Antiguidade
Simão Fernandes, Turma 4
"O encontro com o divino constitui uma experiência básica e
primordial de vida, que de modo algum pode ser simplesmente
abolido, em prol de um racionalismo estreito e unilateral. O divino
pertence a todos os seres vivos e está presente em uma multiplicidade
de formas e manifestações."

-Carl Jung
O Direito e a religião nos povos sem escrita
“Sabe-se há muito tempo que, até um momento relativamente avançado
da evolução, as regras da moral e do direito não se diferenciavam das
prescrições rituais. Portanto, pode-se dizer que quase todas as grandes
instituições sociais nasceram da religião.”

- DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo. 1974. Companhia Editora Nacional, p. 466

● Para os povos sem escrita, Direito e religião não se distinguem.


Ademais, a justiça faz-se nos templos e por sacerdotes.

● A observância do costume é cumprida, antes de mais, porque


este vem dos deuses e a sua infração é por eles reprovada.
A Mesopotâmia e os primeiros “códigos”
● O poder político e o direito habitam o Palácio e já não mais
o Templo;

● O Rei é tido como “Representante de Deus” e deste advém


a vontade do divino para os homens;

● O cumprimento das normas religiosas associa-se à ordem e


estabilidade das cidades;

● Com os primeiros “códigos” encontramos, não raras vezes,


referências diretas à autoridade das divindades.
O Antigo Egito
“A normatividade sincrética do Egito antigo é indissociável do mito e da
religião, assim como do poder. Mas esta feição assume foros e estilo
muito nítidos e é como que uma marca distinta poderosíssima e irradiante
em toda a civilização em causa. ”

- Paulo Ferreira da Cunha. Revista de História do Direito. Almedina, p. 129

● No Antigo Egito não há uma separação entre o mito e a


realidade normativa;

● Maât: o mito que rege toda uma civilização e o seu Direito;

● Cabe ao Faraó e aos sacerdotes velar pelo cumprimento


desta “ordem”, daí a sua supremacia hierárquica.
O Direito Hebraico
● O direito hebraico é um direito religioso.
● É na Lei de Moisés (Torat Moshé) que encontramos a
revelação dos mandamentos de Deus.

● O direito é imutável; só Deus o pode modificar. Este é


exclusivamente interpretado e adaptado pelos rabinos,
formando, assim a “Lei Oral”.

● Inúmeras são as contribuições do povo Hebraico para o


direito posterior e hodierno.
Direito e Religião na Grécia
● Muitas poucas são as fontes históricas dos direitos gregos;
● A religião e o culto adotam um papel central na vida da
sociedade grega e, por isso, no direito;
● Não raras vezes, eram consultados os deuses para as mais
importantes decisões políticas.

● Crimes que envolviam desrespeito aos deuses ou aos rituais


religiosos eram considerados graves na Grécia Antiga.
O religioso na Monarquia Romana
“Em Roma, verificava-se uma confusão inicial entre religião e Direito. O
Direito começou por estar em estreita relação com a religião e falava no
ius divinum para designar prescrições que pertenciam aos ritos religiosos
de que se ocupavam os antigos sacerdotes, ao mesmo tempo juristas.”

- Paulo Adragão. Lições de História do Direito Romano, Peninsular e Português. Almedina, p. 34

● A presença da religião está intimamente ligada à


formação de Roma com a presença dos deuses
domésticos.

● Cada civitas possuia um Deus próprio que não se


confundia com o de outras.

● O templo estava fortemente associado ao poder e o


Rei é também sacerdote.
Res Divini Juris
“Incluem-se nesta categoria [res divini júris] as coisas de caráter divino
ou religioso, consagradas aos deuses ou por qualquer motivo santificadas.
Podiam ser sub-classificadas em res sacrae, res religiosae e res sanctae.”

- S. Meira. Instituições de Direito Romano

● Res Sacrae – “Os templos, as estátuas dos deuses e outras


dessa natureza.”
● Res Religiosae – “Os túmulos e tudo o que se dedicava aos
mortos.”
● Res Sanctae – “As muralhas e tudo o que se relacionava
com os limites das cidades: as suas portas, as divisões dos
campos agrícolas, sob a proteção dos deuses.”
Direito sagrado e profano: ius e fas
“Desde a sua primeira aparição, este povo [Romanos] traz consigo a
antítese do fas e do jus, que mostra o prestígio dessa separação, como si
desde o princípio quisesse fazer constatar a sua missão jurídica e a sua
força de análise.”

- Rudolf von Jhering. O Esprito do Direito Romano., p. 201

● Fas é o direito religioso, santo ou revelado, e compreende


tanto a religião, como toma uma forma jurídica em carater
religioso;
● Jus é de instituição humana, e, portanto, variável; a sua
força obrigatória reside no acordo geral do povo e a sua
inobservância só prejudica interesses puramente humanos.
A Religião e o Direito Penal e Civil
● Os deuses em Roma remetem-nos para as penas e a sua
expiação ou perdão.
● O religioso não marca o Direito Civil e Privado de forma
tão intensa como o Direito Penal.
● É no seio da família que mais influencia se verifica do
religioso.
O Jurista como sacerdote
“O sagrado no Direito clássico não o é por magia ou por discurso
de legitimação, por remissão para a divindade ou por ritualização.
Postulando que o Direito exige conhecimento de coisas divinas,
além das humanas, vai mais longe ainda: explicitamente liga
Direito e Sagrado, considerando que os cultores do Direito, os
juristas, são sacerdotes da divindade Iustitia. A realização do
direito seria assim a prestação do culto à deusa.”

-Paulo Ferreira da Cunha, Anti-Leviatã – Direito, Política e Sagrado, p.24


O Cristianismo e Roma

● Verifica-se nos três primeiros séculos uma forte


perseguição religiosa aos Cristãos;
● Em 313, Constantino promulga o Édito de Milão;
● Imensas foram as influências do Cristianismo sobre o
Império Romano e o seu Direito;
● Em 380 o Cristianismo torna-se a religião oficial do
Império Romano e em 476 este cai no Ocidente.
Principal Bibliografia
● C.G.JUNG. Psicologia e Religião. Petrópolis. 1978. Editora Vozes
● DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo. 1974. Companhia Editora Nacional
● John Glissen, Introdução Histórica ao Direito, Fundação Calouste Gulbenkian
● Paulo Ferreira da Cunha. Revista de História do Direito. Almedina
● Walter Hugo Dias, Lições de história do direito,
● Paulo Adragão. Lições de História do Direito Romano, Peninsular e Português. Almedina
● Eduardo Vera Cruz Pinto História do Direito da Humanidade. Almedina
● A. Cunha Lobo, Curso de Direito Romano, Edições do Senado Federal
● Paulo Ferreira da Cunha, Anti-Leviatã – Direito, Política e Sagrado
● Fustel de Coulanges, A cidade Antiga
● Justiniano, Codigus Iuris Civilis
● Rodrigo Arnoni, História do Direito, Edições Atlas
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atenção!

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