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História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

AULA 02 Assim, o Direito Privado Romano era um direito de criação


A palavra DIREITO é oriunda do latim “directus”, objetivo que significa pretoriana (juízes).
“colocado em linha reta, direto, certeiro, preciso”. O vocábulo vem do
verbo “derigere” ou “dirigere”, que possui sentido de endireitar, dirigir, c) ISRAEL / CRISTIANISMO:
ordenar. Entendendo-se, portanto, tudo aquilo que é conforme à razão, Há época da libertação do povo de Israel na passagem do
à justiça e à equidade. Egito para Canaã que demorou 40 anos, a lei do povo israelita
pode ser encontrada nos livros bíblicos de Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio.
1. O que é DIREITO?
A Lei Mosaica (de Moisés) não é apenas um código que
DIREITO é algo inerente à natureza humana?
regulamentava a vida civil do povo Hebreu ou os sacrifícios que
DIREITO NATURAL: JUSNATURALISMO
deveriam ser oferecidos a Deus, ela também contém um núcleo
Princípios e Normas Jurídicas que regulam a vida social do
que revela a santidade de Deus.
homem, ainda que na ausência de ordenação positivada.
É o ideal universal de justiça, já nascem incorporadas ao homem.  O DIREITO CIVIL  leis acerca da propriedade, do
Ex.: Direito à vida, à liberdade e à reprodução. casamento, e do divórcio;
Faz-se a distinção entre a LEI ETERNA (revelação divina) e a
DIREITO é algo que depende de um ato de autoridade? LEI NATURAL (razão humana)
DIREITO POSITIVO: JUSPOSITIVISMO
É o conjunto de todas as leis que regem a vida social e as 2.2. IDADE MÉDIA
instituições de determinado local e durante certo tempo, visando À a) INÍCIO: ano 476 d.C.: queda do Império Romano
disciplina da convivência social. (Ocidente)
Ex.: Constituição Federal, Lei Ordinária, Lei Complementar. b) FIM: ano 1453 d.C.: queda do Império Romano (Oriente)
POSITIVO NATURAL
DIREITO

Princípios e Normas Jurídicas que (Glosadores - Estudiosos do Direito Humano) (Glosas - Comentários)
regulam a vida social do homem, ainda JUSNATURALISMO O Direito CANÔNICO ou Direito da IGREJA surgiu durante
que na ausência de ordenação
positivada. a Idade Média como dogma (verdade absoluta).
Os Romanos foram conquistados pelos Bárbaros, mas
É o conjunto de todas as leis que regem deixou seu legado, o DIREITO ROMANO CODIFICADO, que passou a
DIREITO

a vida social e as instituições de


determinado local e durante certo JUSPOSITIVISMO ser a fonte primária do direito por toda a Europa Medieval.
tempo, visando À disciplina da Surgiram os “glosadores” (estudiosos do Direito Romano)
convivência social. que produziam as “glosas”, comentários.
DIREITO é o conjunto de Normas impostas pelo Estado, cujo objetivo é A Igreja Católica se consolida como instituição, influenciando
regular o CONVÍVIO SOCIAL. fortemente toda a civilização europeia ao longo da Idade Média.
Desenvolveu-se o DIREITO CANÔNICO ou DIREITO DA IGREJA
CIÊNCIA DO DIREITO pode ser definida como “Estudo Metodológico”
(transformaram a vontade de Deus na vontade da Igreja)
das Normas Jurídicas, com o objetivo de descobrir o significado
Diversas atrocidades foram cometidas em pela Igreja
objetivo das mesmas, e de construir o Sistema Jurídico, bem como
Católica em nome de Deus. Por fim, o último aspecto a ser considerado
estabelecer as suas raízes sociais e históricas.
acerca da Idade Média era o desenvolvimento do ABSOLUTISMO
Dentro desse contexto, encontram-se.
MONÁRQUICO, ou seja, todas as funções de Estado (Legislativo,
 A Filosofia do Direito. Executivo, Judiciário) estavam nas mãos de uma única pessoa,
 A Sociologia do Direito. Monarca (Rei), considerado autoridade divina concebida pela Igreja
 A História do Direito. Católica.
 A Dogmática do Direito.
2.2.1. A IGREJA CATÓLICA:
EQUIDADE: justa justiça. “Tratar os iguais de forma iguais, e os
 Alegava que as fontes das normas eram sobrenaturais, divinas.
desiguais de forma desiguais”.
 Não havia distinção entre Direito, Moral e Religião;
 Estabeleceu o Tribunal da Santa Inquisição para os hereges
2. UM BREVE PANORAMA HISTÓRICO:  (contra os dogmas);
- Em 1750 a.C., existia na Mesopotâmia o Código de Hammurabi, em
 Havia um forte vínculo entre os sacerdotes e a prática do Direito;
que foi a primeira expressão de lei, onde consistia num conjunto de
 Conceito de justiça como divina;
normas que visavam proteger o mais fraco do domínio do mais forte,
 Transformou a vontade de Deus na vontade dos homens;
especialmente as viúvas e os órfãos.

2.1. ANTIGUIDADE CLÁSSICA AULA 03


a) GRÉCIA: inserida na Arte, Literatura e Filosofia. Os gregos 2.3. IDADE MODERNA
estavam focados na RAZÃO HUMANA, Direito Natural. A Idade Moderna se seguiu ao período Medieval e é marcada por três
(Polis: Cidades Estados, regras) movimentos:
(Logos: Razão Humana) 2.3.1. RENASCIMENTO (conhecido também como HUMANISMO)
Na Grécia antiga, o direito era considerado como o resultado da 2.3.1.1. Características:
democracia direta experimentado nas “POLIS” (cidade-Estado), a) Antropocentrismo (homem como centro de tudo);
como fruto da RAZÃO HUMANA (Loggos). Fala-se nessa b) Racionalismo;
perspectiva de DIREITO NATURAL ou LEI NATURAL. c) Valorização da Antiguidade Clássica;
b) ROMA: Forte influência de força e do pragmatismo (voltado pra d) Cientificismo; e) Individualismo.
pratica, palpável), dando a origem para o DIREITO HUMANO  Foi um movimento artístico e filosófico surgido na transição: Do
CODIFICADO, tendo o direito POSITIVO (regulando o Direito Feudalismo para a Idade Moderna;
Privado (25%) - Pretorianos/Juízes - e o Direito Público (75%)  Buscava contestar o “teocentrismo” (único Deus) para valorizar o
havendo ênfase em Direito Público). humanismo;
(Pretorianos: Juízes Romanos da época)  São o berço do movimento, as cidades de Florença, Veneza e
Em Roma, podemos identificar uma distinção/diferença Gênova – todas na Itália, devido a concentração das riquezas
relevante entre o Direito PÚBLICO x PRIVADO (traduzido nos dias acumuladas pela burguesia comercial e pela nobreza no decorrer
atuais), pois tratavam basicamente de questões de DIREITO dos séculos;
PÚBLICO. Exemplo, das 800 leis que havia 25 apenas era do  Espalhou-se para outros países como: Portugal, Espanha,
PRIVADO, e 775 leis eram do PÚBLICO. Holanda, Bélgica e outras regiões europeias;
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2.3.2. REPÚBLICA PROTESTANTE: O antigo regime (absolutismo) foi deposto, sendo necessário
a) Defensor: “Martin Lutero” reestruturar um novo regime. Esse regime foi marcado pela separação
- Houve uma ruptura com a Igreja, nessa época houve uma dos poderes, inspirados por ROUSSEAU e MOSTEQUIEU.
separação do Direito e da religião. A Revolução Francesa imortalizou o lema “LIBERDADE,
- Iria de encontro ao Direito Canônico e as atrocidades IGUALDADE e FRATERNIDADE”.
cometidas pela Igreja Católica, tudo em “Nome de Deus” e Em 1804, Napoleão Bonaparte instituiu um compêndio de
contra os seguintes dogmas: leis, o Código da França, que ficou conhecido como o CÓDIGO
a) Salvação pelas obras; NAPOLEÔNICO, consagrada por vários princípios, dentre os quais
b) Pagamento de indulgências; citamos:
c) Missa em latim, etc. a) Separação entre a Igreja e o Estado;
b) Eliminava a isenção de imposto por nascimento.
 A Reforma Protestante foi um movimento religioso de
c) Matrimônio Civil e Divórcio.
adequação aos novos tempos, ao desenvolvimento do
d) Propriedade Privada.
capitalismo;
 Representou no campo espiritual o que o Renascimento no A partir da REVOLUÇÃO FRANCESA, surge o que ficou
campo cultural, ou seja, o ajustamento de ideias e valores às conhecido como “Estado de Direito” ou “Estado Legislativo”.
transformações socioeconômicas da Europa;
 Assim a Igreja perderia o controle sobre os fiéis não havendo RESUMO AULA 03
mais a necessidade de um representante entre Deus e os
homens; GRÉCIA
 A Reforma Protestante deu origem ao processo histórico ANTIGUIDADE ROMA
chamado Protestantismo; CLÁSSICA ISRAEL
Direito Canônico
 Esse processo histórico facilitou o desenvolvimento do IDADE MÉDIA (Glossadores e
capitalismo, pois o trabalho não foi mais considerado como Glosas)
RENASCIMENTO
algo penoso, como um castigo divino, trabalhar para a
IDADE MODERNA
doutrina protestante faz com que o homem se aproxime mais REPÚBLICA
Martin Lutero
de Deus; PROTESTANTE
Denis Diderot
2.3.3. ILUMINISMO (conhecido também como Século das Luzes) Voltarie
Defendia a liberdade econômica e a não centralização. ILUMINISMO Jean-Jacque
Considerava que apenas a razão aliada ao método científico Rousseau
poderia fornecer as verdades elementares que seriam as bases do Mostequieu
progresso do conhecimento. IDADE
Defensores do Iluminismo: CONTEMPORÂNEA Revolução Francesa
a) Denis Diderot.
b) Voltarie. (“liberdade de expressão”)
c) Jean-Ja quês Rousseau. 2.5. TEORIA PURA DO DIREITO – HANS KELSEN
d) Mostequieu. Proclama a ideologia do “Direito livre de valor”, ou seja, o
Direito deveria ser estudado de forma isenta, analítica e
Foi um influente processo: cultural, social, filosófico e descritiva, sem interferência de qualquer outro ramo do
POLÍTICO. conhecimento humano.
Sem influência da política, da sociologia, da economia, da história, da
2.3.3.1. NOVO SISTEMA POLÍTICO moral, da religião até mesmo da justiça.
a) Poder Legislativo Características:
 Composto por representantes do povo  Trata o Direito como um sistema de normas válidas
 Função: elaborar/ editar leis criadas por atos de seres humanos;
b) Poder Executivo  Limita-se a uma análise estrutural do direito positivo;
 Função: incumbe dar cumprimento às leis. Nesse momento... a ideia de “direito natural”, derivado da
 Ex: políticas públicas; razão ou da vontade divina já havia sido completamente abandonada.
c) Poder Judiciário
 Função: aplicar as leis diante de conflitos individuais;

2.4. IDADE CONTEMPORÂNEA


2.4.1. REVOLUÇÃO FRANCESA
Aprovação dos Direitos do Homem e do Cidadão
Defendia os direitos à Liberdade, Propriedade, Expressão do
Pensamento.
Após a Revolução Francesa, foi possível ter direito a TER
DIREITOS!
O pano de fundo por traz da Revolução Francesa, é
identificado com o crescimento dos Burgos (cidades) e a formação de Pirâmide KELSIANA  É uma representação gráfica do sistema de
uma nova classe, a Burguesia. Composta por: comerciantes, hierarquia de um Estado.
advogados, médicos e banqueiros, que apesar de grandes Nos ajuda a entender a hierarquia existente entre as normas
movimentações econômicas, não usufruíram de liberdade econômica, legais, um sistema em que no topo está a norma maior, que é a
de direitos políticos, de prestígio e de poder. Dessa forma, o poder Constituição Federal, e abaixo dela outras normas, como Leis
estava concentrado nas mãos da monarquia / rei, e o prestígio era Complementares e etc., sempre respeitando a ordem de poder.
privilégio dos amigos da corte (do rei e do clero).
O ILUMINISMO foi a doutrina que inspirou as aspirações da
burguesia ao poder. Todavia o que de fato alavancou a revolução
francesa foi a “fome”.

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b) As Cartas de Doação e os Forais eram, as bases do


CIVIL LAW ordenamento jurídico colonial (emitidas pelos monarcas
• Origem: Roma antiga portugueses).
• Tradição: europeia continental e América Latina c) Com o fracasso da grande maioria das capitanias, tratou a
• Fonte primária do direito = Lei escrita Metrópole de dar à Colônia outra orientação designada como
• Separação de poderes nítida (estanque) e Supremacia da Lei sistema de governadores-gerais.
• Segurança jurídica encontrada nos textos da lei d) Cartas-Régias;
• Controle concentrado de constitucionalidade (Tribunal e) Alvarás;
Constitucional), fora do Poder Judiciário. Suas decisões têm força f) Regimentos dos governadores gerais;
de lei
g) Leis;
COMMON LAW h) Ordenações Reais:
 Ordenações Afonsinas (1.446);
• Origem: Inglaterra (menor influência do direito romano)
 Ordenações Manuelinas (1.521);
• Tradição: anglo-americana
• Fonte primária do direito = costumes, revelado nas decisões  Ordenações Filipinas (1.603);
judiciais (“stare decisis”)
• Sistema de freios e contrapesos (check and balance) e 2.6.2. Direitos Fundamentais no Brasil:
Supremacia da Constituição - EUA  Patrimonialismo  Católicos;
• Segurança jurídica encontrada nos precedentes
• Controle difuso de constitucionalidade (toda e qualquer juiz e  Liberalistas  Protestantes;
tribunal pode controlar a constitucionalidade da lei)
2.6.3. Ideias Liberais no Brasil:
E no Brasil?  As ideias liberais estiveram presentes no Brasil colonial,
• Mentalidade é CIVIL LAW sendo que o mais importante movimento foi a Inconfidência
• Ausência de aceitação cultural à regra do “stare decisis” Mineira, do final do século XVIII.
• Sistema de controle de constitucionalidade misto: Concentrado e  Como decorrência da invasão de Napoleão Bonaparte em
Difuso
Portugal, a Família Real portuguesa fugiu para o Brasil em
• Necessidade do “stare decisis” em decorrência do controle
difuso, sob pena de grave insegurança jurídica 1808;
• Estágio atual: aceitação da eficácia vinculante aos precedentes  Tem início o Brasil Reinado e a criação de várias instituições
do Supremo em controle difuso e, em consideração de um importantes para a formação da sociedade brasileira, como o
sistema mais amplo de precedentes, especialmente a partir da Banco do Brasil, a Biblioteca Nacional, O Jardim Botânico e
entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil.
outros;

2.6. HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL COLONIAL 2.6.4. Direito no Brasil:


O Brasil herda de Portugal uma estrutura político-econômica-  Sob o aspecto jurídico a obra de grande destaque é a obra
jurídica do Brasil colônia, com características principais baseada: de Tomás Antônio Gonzaga, denominada de “Tratado de
 No colonialismo; Direito Natural” dedicada inteiramente ao Marquês de
 No patrimonialismo e Pombal.
 No escravismo;
2.6.5. Surgimento dos Cursos de Direito no Brasil:
Nos primórdios do “descobrimento” e posterior exploração da
 Sob o aspecto jurídico um marco importante foi a
metrópole (Portugal) sobre a colônia (Brasil), vamos identificar algumas
características quanto: Constituição de 1824 e o início das Codificações no Brasil
a) Ao modo de produção: (obs: trazia um capítulo sobre os direitos fundamentais, mas
não eram praticados);
 Semifeudal; concentrada em grandes propriedades
e exploratórias;  Outro aspecto importante para a história do Direito no Brasil
b) A formação social: foi a Criação dos Cursos Jurídicos, em 1827 (Academia de
São Paulo/SP e Academia de Olinda/PE);
 Estamental (castas/ impende a mobilidade social) e
hierarquizada;
c) A estrutura política: 2.7. HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL IMPERIAL
 Burocrática; patrimonialista; sem identidade Primeira ideia que devemos ter é que a história do Brasil
nacional; desvinculada dos anseios da população pode ser dividida em várias etapas, já vimos o período colonial, agora
de origem. iremos abordar sobre o período imperial, entremeado (subdividido) em
 Legitimada pelos donatários, senhores de escravos Primeiro Reinado, Regencial e Segundo Reinado, conforme seguem:
e proprietários de terra “homens bons.”
No Primeiro Reinado:
2.6.1. Concepção Ideológica da Herança Portuguesa:  Em 1820, por causa da chamada Revolução do Porto, D.
João VI voltou para Portugal, deixando seu filho D. Pedro I
a) A cultura transplantada  senhorial, jesuítica, católica,
como Príncipe Regente no Brasil;
absolutista, acrítica, etc;
 Em 1822, D. Pero I proclamou a independência do Brasil,
b) Concepções ideológicas  refletia a contrarreforma e o tornando-se o primeiro Imperador do Brasil (Dia do Fico);
absolutismo elitista;  Durante esse período chamada Primeiro Reinado, D. Pedro I
c) “Revolução cultural” na colônia  foi implementada por enfrentou diversos conflitos e insatisfações contra seu
Marques de Pombal, limitando as ações do clero, governo autoritário e centralizador;
incrementando o poder da burguesia e o letramento  D. Pedro I foi o responsável pela definição dos Poderes
populacional. Legislativo, Executivo e Judiciário e a criação do Poder
Moderador (caráter absolutista);
Primeiras disposições legais  CAPITANIAS HEREDITÁRIAS:
a) As disposições legais desse período eram compostas: D. Pedro I volta para Portugal
 Pela Legislação Eclesiástica;  Após a morte de seu pai, D. João VI, em 1826, houve uma
 Pelas Cartas de Doação e crise de sucessão no trono português;
 Pelos Forais;  D. Pedro I foi aclamado Rei de Portugal, mas logo nomeou
sua filha D. Maria II como herdeira do trono;

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 Ele lutou contra seu irmão D. Miguel na chamada Guerra LEGISLAÇÃO E ESCRAVIDÃO NO BRASIL IMPERIAL:
Civil Portuguesa, a fim de restaurar o trono para sua filha; a) Lei Euzébio de Queirós de 1850 – tratou de reprimir o tráfico
 Na madrugada de 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou em de africanos durante o Império
nome de seu filho D. Pedro de Alcântara (1825-1891), aqui  Sua promulgação é relacionada, sobretudo, às pressões
no Brasil, que tinha à época apenas 5 anos de idade. britânicas sobre o governo brasileiro para extinção da
Escreveu um documento de abdicação; escravidão o país;
 A abdicação de D. Pedro I marcou o fim do Primeiro Reinado b) Lei do Ventre Livre de 1871 – declarava livre todos os filhos
e início do chamado Período Regencial; de mulher escrava no Brasil
 Nesse mesmo dia o Príncipe Imperial, foi aclamado Dom  Esse instrumento significava, na prática, abolição gradual da
Pedro II, Imperador Constitucional de Defensor Perpétuo do escravatura, pois a geração seguinte nascida no país seria
Brasil; completamente livre;
 No entanto, não amenizou as críticas abolicionistas, que
No Período Regencial: determinavam nada menos que a extinção imediata e completa
 Mas, como ele tinha apenas 5 anos, seria necessário da escravidão;
aguardar um pouco mais.  Além disso, a lei determinava que as crianças permanecessem
 Assim, nomearam alguns regentes para governar; o Nesse em poder dos senhores das duas mães, que eram obrigados a
período estouraram algumas revoluções, conflitos em vários criá-los até os 8 anos de idade;
locais... Brasil fica em um estado pavoroso e sem governo.  Após isso, os senhores poderiam entregar o menor ao governo,
Ex: Revoluções como Sabinada, Cabanada, Farroupilha... ou com direito a uma indenização, ou utilizar seus serviços até os
seja, em várias regiões do país, focavam predominantemente 21 anos;
no liberalismo, maior autonomia do Estado; c) Lei Saraiva Cotagipe de 1885 (Lei dos Sexagenários) – previa
 Portanto, em 1840 o Congresso modifica a chamada Lei da a libertação dos escravos e partir dos 60 anos sem
Maioridade, passando para os 14 anos a maioridade – indenização aos senhores, que temiam a obrigação de cuidar
Evento conhecido como “Golpe da Maioridade” e dando fim dos anciãos libertos ou inválidos, e troca de prestação de
ao Período Regencial; serviços
 Estes últimos poderiam deixar a propriedade do senhor, caso
No Segundo Reinado: desejassem;
 Durante esse período o Brasil passou por um breve momento  O projeto também ampliava o fundo de emancipação através
Parlamentarista (Parlamentarismo às avessas); da cobrança de vários impostos aos proprietários, como a taxa
 Ele reinou até 1889, quando foi exilado do Brasil por conta da de matrícula e de transmissão de propriedade escrava;
Proclamação da República;  Estabelecia ainda uma nova matrícula de escravos, que se não
fosse efetuada em um ano, daria liberdade aos mesmo e
Assim, nesse conturbado cenário, o Brasil passa pelo proibia a mudança de província;
Primeiro Reinado, passa pelo Período Regencial e passa pelo Segundo
OUTROS CÓDIGOS NO BRASIL IMPERIAL:
Reinado.
Em 1824 foi outorgada a primeira Constituição brasileira, mas
foi após a abertura da Assembleia Legislativa, em 1826, que foram
Surgem algumas legislações, sendo o que nos interessa aqui
aprovadas leis que fundamentaram o ordenamento jurídico do Império.
na disciplina de I. E. D.
CONSTITUIÇÃO DE 1824  Regimento das Câmaras Municipais (1828);
 Foi baseada no pensamento de Benjamim Constant (jurista –  O Código Criminal (1830);
personalidade pública);  O Código de Processo Criminal (1832);
 Forma de Governo baseado em uma Monarquia Hereditária,  O Ato Adicional (1834);
Constitucional, Representativa e com base em Princípios  A Lei de Interpretação dos Ato Adicional (1840);
Liberais;  O Código Comercial (1850);
 Preconizava a existência de um conselho de Estado; Esses códigos fizeram parte do arranjo jurídico-institucional
 Promovia a organização dos 3 Poderes (Legislativo; ocorrido ao longo das primeiras décadas após a Independência,
Executivo e Judiciário) + o Poder Moderador (exercido pelo constituindo-se um dos aspectos do processo de consolidação do
Imperador); Estado brasileiro.
 Liberal no aspecto político econômico;
2.8. HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL REPÚBLICA
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL IMPERIAL; NOTÍCIA (Gazeta da Tarde – 15 de novembro de 1889)
 Voto era obrigatório e censitário (mapeavam quem podia “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em uma
votar... e somente poderiam votar: nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando
a regime francamente democrático com todas as consequências
 Homens acima de 25 anos e da Liberdade. Foi o exército quem operou esta magna
 Renda acima de 100mil réis (rico); transformação; assim como a de 7 de abril de 31 ele firmou a
 Mulheres, escravos, soldados e índios não tinham esse Monarquia constitucional acabando com o despotismo do
direito; Primeiro Imperador, hoje proclamou, no meio da maior
 Eleição era indireta: tranquilidade e com solenidade realmente impotente, que queria
outra forma e governo”.
LEI SARAIVA DE 1881 – UM TROPEÇO NA HISTÓRIA DA Proclamada a República...
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL  Militares e as oligarquias agrárias disputam o poder
 Instituía o voto direto par todos os cargos eletivos do Império;  Na cidade, as camadas médicas e a burguesia industrial
 Tornou o voto facultativo; nascente querem participação política;
 Proibiu o voto dos analfabetos;  A Igreja Católica é afastada do poder;
 Instituiu o Título de Eleitor pela primeira vez no Brasil;  No campo, vigora a lei dos coronéis;
 Tronou ainda mais criterioso o voto censitário (mínimo de  O Brasil continuou a ser agroexportador;
200mil réis de renda) o que diminuiu drasticamente a  A população continuou sem participação;
quantidade de eleitores;  A República não representava o pensamento de todos que
torcem pela sua instauração;
 O Brasil tornou-se federalista, defendido pelas elites de SP e
MG;

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REPÚBLICA DA ESPADA (1889 – 1894):  O crime de estupro era diferenciado para “mulheres honestas”
 Foi o período que correspondeu aos dois governos iniciais do e “prostitutas”;
Brasil, constituídos pelos militares, os marechais:  Sobre o adultério: a mulher incorre nesse delito se deitasse
i. Manuel Deodoro da Fonseca; com outro homem. Já em relação aos homens, só seria
ii. Floriano Vieira Peixoto; considerado adultério se ele estivesse mantendo outra mulher;

O GOVERNO PROVISÓRIO (1899 – 1891): Governo Constitucional b) CONSTITUIÇÃO de 1891


de Deodoro  Refletiu o liberalismo e a influência norte-americana;
 Consolidar o novo regime e governar até que houvesse eleições;  O país tornou-se Estados Unidos do Brasil;
 Aprovar uma nova Constituição;  As províncias tornaram-se Estados e ganharam autonomia
 Executar as diversas reformas políticas e administrativas que (constituição, impostos, eleger governador);
constavam do programa republicano;  Voto passou a ser direto, excluindo:
 Marechal dissolveu as assembleias provinciais e as Câmaras i. Analfabetos;
municipais; ii. Mendigos;
 Demitiu e indicou novo presidentes para as províncias; iii. Mulheres;
 Uma elite civil e militar passou a administrar o Brasil; iv. Soldados e
 As negociações políticas envolveram vários partidos republicanos v. Menores de 21 anos;
do RJ e SP, sobretudo.  O mandato do presidente seria de 4 anos;
 Marechal Deodoro passou a enfrentar forte oposição do  A Igreja separou-se do Estado;
Congresso;  Instituiu-se os registros de:
 Em 3 de novembro de 1891, um decreto fechou o Congresso; i. Nascimento;
 Os ferroviários declararam greve ameaçando o abastecimento; ii. Casamento;
 Doente e receando uma guerra, Deodoro renunciou em 23 de iii. Óbito;
novembro de 1891.  O Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente graças a
pressão dos Militares sobre os deputados;
O GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO
 Para conseguir apoio popular, diminuiu preços dos aluguéis dos Outro dispositivo legal dessa época...
operários; c) Código Civil (1916)
 Isentou de impostos a carne e os gêneros de primeira
 Parte Geral  tratava sobre:
necessidade;
i. Dos bens das pessoas;
 Incentivou a industrialização;
ii. Atos jurídicos;
 Passou a fiscalizar a aplicação do erário público;
iii. Fatos jurídicos;
 Isto não foi suficiente para evitar movimentos, então teve que se
impor com força e uso do exército;  Parte Especial  tratava sobre:
i. Direito de Família
O Governo de Rui Barbosa e a crise econômica – POLÍTICA DE ii. Direito das Coisas;
ENCILHAMENTO iii. Direito das Obrigações;
 Rui Barbosa, Ministro da Fazenda, em 1890, criou uma política iv. Direito Sucessões;
de incentivo a criação de empresas industriais e comerciais no
país; 2.8. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS CONTITUIÇÕES DE 1824
 Para fortalecer o crédito Rui Barbosa permitiu que alguns bancos E DE 1891
emitissem papel-moeda para ser emprestado; a) República Federativa  com a nova constituição, o país
 A facilidade de crédito induziu o surgimento e empresas deixava de ser uma monarquia e passava ao novo regime
fantasmas, cujas ações eram negociadas na Bolsa de valores; político;
 A nova política fez aumentar a inflação; b) Três poderes  ao invés de quatro poderes, que incluíam o
 O resultado foi uma enorme crise e falência; poder moderador do imperador, o país agora tinha apenas três
poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário;
Vamos verificar o que efetivamente produziu o Direito nesse
c) Laicidade  Estado e Igreja estavam separados oficialmente, e
período e nesse contexto...
o Brasil passou a não ter religião oficial;
a) CÓDIGO PENAL (1890)
d) Ampliação do direito ao voto  apesar de ainda muito
 Existia uma intenção d reforçar o Código Criminal de 1830
limitado, agora haveria maior participação política, porque a
(estava em desacordo com a nova realidade após a abolição
relação entre voto e renda havia sido rompida;
da escravidão);
 Foi promulgado então o Código de 1890;
 Foi escrito em aproximadamente três meses e por isso sofreu
muitas críticas;
 As penas aplicadas eram variadas e aplicadas pelo art. 46;
 Prisão celular (em células), que contaria com trabalho
obrigatório;
 Banimento que privaria o condenado de seus direitos como
cidadão e que proibia de habitar em território nacional pelo
tempo estipulado em sua pena;
 Reclusão era uma pena que deveria ser cumprida em
fortalezas, praças de guerras, ou estabelecimentos militares ou
prisões agrícolas;
 Suspensão de cargo público era aplicado a funcionários
públicos que cometiam crimes no exercício de suas funções;
 O voto de cabresto e a compra de votos seria punido com
prisão celular;

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História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

AULA 04 a.1.4) Ramelleti (Modernamente)


Associar-se com os outros seres humanos é condição
3. SOCIEDADE e DIREITO
essencial à vida do homem.
O conceito de sociedade apresenta controvérsias devido ao
seu caráter amplo. De fato, o termo é tomado em vários sentidos: "O homem é um ser
Aristóteles
sociável e político"
a) de nação;
b) de fração da sociedade (elite); "O homem não nasceu para
Cícero
viver só"
c) de grupo social.
"Mala Isolamento Fortuito
Para os sociólogos, o termo “sociedade” é empregado como

NATURALISMO
Fortuna" (Acidental: Naufrágio)
sinônimo de “grupo social”, significando qualquer agrupamento de
pessoas em processo de interesse. "Corruptio Perda da razão
Tomás de
Natural" (Alienação mental)
Aquino
3.1. CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE Aperfeiçoametno do
3.1.1. MULTIPLICIDADE DE INDIVÍDUOS: “A reunião de homens "Excellentia indivíduo
para fazer algo em comum”. (Tomás de Aquino) Natural" (Viver em comunhão:
,
mosteiro)

Formação da
3.1.2. INTERAÇÃO: “Ações correlatas de outros dentro de uma

Sociedade
"Associar-se com os outros seres
estrutura bem definida”. Ramalletti humanos é condição essencial à vida
. do homem"
3.1.3. PREVISÃO DE COMPORTAMENTO: a interação por seu
turno pressupõe uma previsão de comportamento ou de reações

CONTRUTUALISTA
dos outros. Thomas "O homem está em guerra, tem
.
Robbes natureza má"
3.1.4. ORGANIZAÇÃO: Em geral toda sociedade se organiza, ou
seja, se arma de meios necessários para obter seus fins, mas pode Jean-Jacque
"O homem é bom-essência do bem"
Rousseau
existir uma sociedade não organizada.
"O homem está em estado de perfeita
John Locke
3.2. FORMAS DE INTERAÇÃO SOCIAL paz e harmonia"
a) COMPETIÇÃO: há uma concorrência, em que as partes
procuram obter o que almejam, visando a exclusão da outra.
b) COOPERAÇÃO: As pessoas estão movidas por um mesmo 3.4. DIREITO e MORAL:
objetivo e valor, por isso elas conjugam.
c) CONFLITO: se faz presente o impasse, ou seja, os interesses MORAL
em jogo não logram uma solução pelo diálogo, e se recorre, • Conjunto de regras que funciona como um guia para “o agir”,
então, à agressão moral ou física, ou buscam a mediação da orienta as ações que seriam corretas e incorretas, sendo mais
justiça. geral e sem especificações.
• “A moral não só orienta a conduta dos indivíduos em sociedade,
“Ubi societas, ibi jus!” (Onde há sociedade, há direito) como também a sociedade utiliza-se das regras morais para julgar
os indivíduos, aprovando ou reprovando suas ações segundo
Não haveria vida coletiva se fosse permitido que cada seus imperativos morais”. Na perspectiva de Dimoulis (apud
indivíduo procedesse de acordo com seus impulsos e desejos ADEILSON).
pessoais, sem respeitar os interesses dos demais.
Esse processo de regulamentação da conduta em sociedade
recebe o nome de “CONTROLE SOCIAL” (meios/instrumentos): (a) da DIREITO
Religião; (b) da Moral; (c) do Direito; (d) das regras do trato social. • Manifesta-se mediante conjunto de normas que definem a
dimensão da conduta humana exigida, que especificam a fórmula
O homem é um ser social! O homem existe e coexiste! do agir. Mínimo de preceitos necessários para o bem-estar social.

3.3. A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE


Diferenças MORAL x DIREITO
Tem duas correntes que buscam explicar como a sociedade surgiu:
MORAL DIREITO
a) NATURALISTAS:
 Maior número de adeptos; • Autônoma – não submete à • Heterônoma – que se
vontade do outro submete à vontade do outro
 Exerce maior influência na vida do Estado;
• Tem origem nos costumes/ • Tem origem no Estado
 Para os defensores dessa teoria, a sociedade é o produto da valores • Atua no âmbito exterior
conjunção de um simples impulso natural e da cooperação de • Atua, predominantemente, no • Regras escritas
vontade humana. âmbito interior do indivíduo • Agir específico
• Regras costumeiras • Corresponde a um dever
a.1) DEFENSORES: • Diretrizes gerais (todos)
a.1.1) Aristóteles (Sec. III a.C.) • Impõe dever a si mesmo • É um dever ser
“O homem é por natureza um ser sociável e político”. • É um querer espontâneo • Coercibilidade
Características inerentes / essenciais ao homem: a • Incoercibilidade • Sanção prevista
sociabilidade e a politicidade. • Sanção social • Mais enérgica
Afirma que o homem deve ter “vínculos sociais” • Mais branda • Punição legal
.
• Reprovação Social • Bilateralidade
a.1.2) Cícero (Sec. I a.C.) • Unilateralidade • ELEGEM VALORES DE
Afirmou que o homem não nasceu para viver só. • VISA O CONVIVÊNCIA
.
APERFEIÇOAMENTO DO
a.1.3) Tomás de Aquino (Idade Média)
HOMEM
Afirmou que a “vida solitária” fora sociedade é exceção,
que pode ser enquadrado numa das três hipóteses:
1. Mala fortuna (isolamento / Infortúnio)
 Acidental, exemplo, naufrágio

2. Corruptio natural (perda da razão)


 Se distancia dos outros, exemplo, alienação mental

3. Excellentia natural (aperfeiçoamento individual)


 Viver em comunhão com a divindade, exemplo,
mosteiros e retiros espirituais.
6
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

3.5. TEORIA DOS CÍRCULOS  Portanto, a Moral não tem o poder de desempenhar um padrão
absoluto para valorar uma ordem jurídica;
3.5.1. TEORIA DOS CÍRCULOS CONCÊNTRICOS:
Nesse viés, Hans Kelsen (1999), conclui em sua obra a
Segundo o ilustre doutrinador Paulo Nader (2013), a teoria dos independência entre Direito e Moral através da afirmativa:
círculos concêntricos foi desenvolvida por Jeremy Bentham (1748-
1832). “Se a ordem moral não prescreve a obediência à ordem
a) objetivava conceituar que a ordem jurídica estaria totalmente jurídica em todas as circunstâncias e, portanto, existe a
inclusa no campo da Moral. Deste modo, esta teoria seria possibilidade de uma contradição entre a Moral e a
representada por dois círculos concêntricos (um dentro do outro), ordem jurídica, então a exigência de separar o Direito
sendo o menor pertencente ao Direito e o maior a Moral. da Moral e a ciência jurídica da Ética significa que a
b) Nesta teoria, o Direito está totalmente imerso aos princípios validade das normas jurídicas positivas não depende
morais, o qual possui um campo de atuação muito mais amplo. do fato de corresponderem à ordem moral, que, do
ponto de vista de um conhecimento dirigido ao Direito
Sendo ilustrada da seguinte forma: positivo, uma norma jurídica pode ser considerada
como válida ainda que contrarie a ordem moral.”

Dessa forma, a ilustração dessa teoria se daria da seguinte forma:

Não podemos deixar de mencionar sobre a teoria do mínimo


ético, Paulo Nader (2013,p. 42), em sua obra “Introdução ao estudo do
Direito”, desenvolvida por Jellinek:

3.5.2. TEORIA DO MÍNIMO ÉTICO


 Consiste na ideia que o Direito representa o mínimo de preceitos
O doutrinador Paulo Nader (2013), caracteriza esta teoria
morais necessários ao bem-estar da coletividade.
como uma desvinculação do DIREITO e da MORAL, e na visão de
 Para o jurista alemão toda a sociedade converte em Direito aos
Hans Kelsen (1999), os dois sistemas pertencem a esferas
axiomas morais estritamente essenciais à garantia e preservação
independentes, em que o direito está atrelado a norma, e não precisa
de suas instituições. A prevalecer essa concepção o Direito
ser validado por conteúdos morais. O Direito está acima da moral, pois
estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral,
é o único que não faz aconselhamentos e sim, faz uso da coerção para
configurando, assim, a hipótese dos círculos concêntricos.
aplicar suas normas. Diferente da moral e da religião, o Direito não
 Sendo assim, o referido autor, Paulo Nader, a considera
depende de costumes para existir.
complementar à Teoria dos Círculos Concêntricos.
Sendo assim, ao longo do estudo, foi possível identificar as
diferenças entre DIREITO e MORAL.
3.5.3. TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES: Desse modo, pode-se dizer que DIREITO é um conjunto de
De acordo com Claude Du Pasquier citado por Nader (2013): regras dotadas de coerção, impostas pelo Estado e que seu
 a teoria dos círculos secantes é o princípio de que o Direito e descumprimento implica em sanções a quem o praticou.
Moral coexistem, não se separam, pois há um campo de Já a MORAL, é definida pelas relações construídas dentro de
competência comum onde há regras com qualidade jurídica e uma sociedade que não possui caráter punitivo de forma legal, mas
que têm caráter moral. “Toda norma jurídica tem conteúdo moral, que são cumpridas devido a uma construção social sem
mas nem todo conteúdo moral tem conteúdo jurídico.” necessariamente estar presente dentro do ordenamento jurídico.
Dessa forma, os conceitos relacionam-se dentro de três
teorias, intituladas como teoria dos círculos secantes, teoria dos
círculos concêntricos e teoria dos círculos independentes. Tais teorias,
tratam da relação imputada entre DIREITO e MORAL, sendo essas
aplicadas ao cotidiano social vivido na contemporaneidade.
Portanto, pode-se concluir que os preceitos morais na
atualidade influenciariam no ordenamento jurídico baseado na teoria
dos círculos secantes, o qual a Moral influencia na criação de normas e
leis, porém não impõe ao Direito todos os seus mandamentos.
Dessa maneira, a Moral implicaria ao Direito certas
Portanto a teoria de Claude Du Pasquier ou Teoria dos orientações, ou seja, a mesma não se manifesta de forma maior e mais
Círculos Secantes é a que mais se aproxima da concepção real das impositiva ao Direito, assim como não se coloca de forma
relações entre o Direito e a Moral, mostrando que existem normas independente ao mesmo.
jurídicas com conteúdo moral, mas que também existem normas
jurídicas alheias e até mesmo contrárias a moral.

3.5.4. TEORIA DOS CÍRCULOS INDEPENDENTES:


Segundo Hans Kelsen (1999), o Direito é o que está normatizado
e a Moral são os atos que são praticados de acordo com princípios
éticos, ainda que haja aspectos morais que sejam normatizados.
 Considera que, Direito é Direito e Moral é Moral;
 Segundo esse pensamento a validade de uma ordem jurídica
positivada não necessita da concordância ou discordância de
nenhum sistema Moral;

7
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

AULA 05 Primária Lei


4. FONTES DO DIREITO Fontes Analogia
FONTE vem do verbo “fons” que é nascente, manancial. FORMAIS Secundária
.
Costumes
Claude du Pasquier afirma que “Fonte de regra jurídica é o (4º, LINDB)
ponto pelo qual se sai das profundezas da vida social para aparecer à PGD
superfície do direito” Leis
Portanto, Fontes do Direito é o objeto da cultura jurídica que Diretas /
Imediatas Costumes
são os processos ou institutos que apresentam o peso jurídico. Onde o Fontes
direito se origina, nasce. FORMAIS Doutrina
Indiretas /
Mediatas
Históricas

Jurisprudência
Os estudiosos investigam a origem histórica
de institutos jurídicos ou de um sistema. Leis
Jurisprudências
FONTES DO

São os fatos sociais, as próprias forças Estatais


DIREITO

Materiais

sociais criadores do Direito. Constituem Convenções


matéria-prima para a elaboração deste, pois
são os valores sociais que informam o Fontes Tratados Internacionais
conteúdo das normas jurídicas. FORMAIS Analogia
Formais

Costumes
É a lei que é a principal fonte, e as demais são Não Estatais
fontes acessórias. PGD
Equidade

4.1. FONTES MATERIAIS  de onde vem o Direito!


a) Conteúdo, matéria
b) Produção, acontecimentos
c) Das fontes materiais que extraímos o direito
d) Envolvem a causa, origem, cultura do direito
Aspectos ECONÔMICOS, CULTURAIS, SOCIAIS, RELIGIOSOS.

O que preza a sociedade


a) Ordem
b) Liberdade
"Valores" c) Justiça
d) Paz Social
MATERIAIS
FONTES

e) Segurança
f) Moralidade

Interação entre indivíduos


"Relações a) Devate de ideias, interesses
Sociais" b) Conflitos / Diálogos
c) Soluções de Conflitos

a) Influenciados por essas fontes


LEGISLATIVO

materiais
Deputados,
Poder

Senadores, b) Elaboram e apresentam PL


Vereadores (Projetos de Lei)
c) Criação de Normas Legislativas
para solução e prevenção de conflitos
Fontes MATERIAIS:
a) Foco do Estudo
a. Sociologia
b. Filosofia, etc.

4.2. FONTES FORMAIS  exteriorização do direito


a) “Embalagem”
b) Conhecimento / Como se apresenta Diferencie CIVIL LAW e COMMON LAW?
c) Como se revela na sociedade CIVIL LAW: é o sistema jurídico utilizado no Brasil, baseado no Direito
d) Manifestação do direito Romano, que tem como fonte principal do direito e lei, o texto escrito.
COMMON LAW: é o sistema utilizado por países de origem anglo-
saxônica, como EUA e Inglaterra, que se baseia na jurisprudência, em
casos análogos já julgados.

O que é o Direito Consuetudinário?


É quando o juiz utiliza os costumes como fonte formal. Que se faz por
hábitos, costumes, habitual e acostumado. Direito não escrito,
fundamentado no uso, no costume ou na prática.

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História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

AULA 06 a) do Presidente da República  Na esfera federal dispõe


o Presidente do prazo de quinze dias para sancionar ou
5.1. LEI vetar o projeto.,
5.1.1. Formação da Lei – O Processo Legislativo b) Governadores Estaduais e
O processo legislativo é estabelecido pela Constituição c) Prefeitos Municipais.
Federal e se desdobra nas seguintes etapas:
 Apresentação de projeto, 5.1.6. A sanção pode ser
 Exame das comissões, discussão e aprovação, TÁCITA: quando o Presidente deixa esgotar o prazo sem manifestar-
 Revisão do Projeto, se.
 Sanção, EXPRESSA: quando declara a concordância em tempo oportuno.
 Promulgação e Na hipótese de veto, o Congresso Nacional – as duas
 Publicação. Casas reunidas– disporá de trinta dias para a sua
apreciação. Para que o veto seja rejeitado é necessário
5.1.2. Apresentação do Projeto  Iniciativa da lei. o voto da maioria absoluta dos deputados e senadores,
Conforme dispõe o art. 61 da Constituição Federal de 1988, a em escrutínio secreto. Vencido o prazo, sem
iniciativa das leis complementares e ordinárias compete: deliberação, o projeto entrará na ordem do dia da
 a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, sessão seguinte e em regime prioritário.
do Senado Federal ou do Congresso Nacional,
 ao Presidente da República  A iniciativa pelo Presidente da 5.1.7. Promulgação
República pode ocorrer sob duas modalidades distintas.  A lei passa a existir com a promulgação, que ordinariamente
"O Chefe do Executivo pode encaminhar é ato do Chefe do Executivo. Consiste na declaração formal
projeto em regime normal, caso em que o da existência da lei.
andamento será comum aos apresentados por  Rejeitado o veto presidencial, será o projeto encaminhado à
outras fontes; poderá o Presidente solicitar presidência, para efeito de promulgação no prazo de
urgência na apreciação de projetos de sua quarenta e oito horas.
iniciativa, hipótese em que a matéria deverá ser  E não ocorrendo, o ato competirá ao presidente do Senado
examinada pela Câmara dos Deputados em Federal, que disporá de igual prazo. Se este não promulgar a
quarenta e cinco dias e, sucessivamente, pelo lei, o ato deverá ser praticado pelo vice-presidente daquela
Senado Federal em igual prazo. Esgotado este Casa.
sem manifestação, o projeto entrará na ordem
do dia em caráter prioritário, consoante dispõe 5.1.8. Publicação
o § 2o do art. 64 do texto constitucional”.  A publicação é indispensável para que a lei entre em vigor e
a) ao Supremo Tribunal Federal, deverá ser feita por órgão oficial.
b) aos Tribunais Superiores,  O início de vigência pode dar-se com a publicação ou
c) ao Procurador-Geral da República e decorrida a vacatio legis, que é o tempo que medeia entre a
d) aos cidadãos. publicação e o início de vigência.

5.1.3. Exame pelas comissões técnicas, discussões e AULA 07


aprovação.
6. INTEGRAÇÃO DO DIREITO
 Uma vez apresentado, o projeto tramita por diversas
Processo de preenchimento de lacunas existentes na lei por elementos
comissões parlamentares, às quais se vincula por seu objeto.
que a própria legislação oferece, ou por princípios jurídicos mediante
 Passado pelo crivo das comissões competentes, deverá ir ao
operação lógica e juízo de valor.
plenário para discussão e votação.
 No regime bicameral, como é o nosso, é indispensável a Ciência do Direito
Jurisprudência
aprovação do projeto pelas duas Casas (Câmara dos
Conjunto de decisões reiteradas
Deputados e Senado).

5.1.4. Revisão do projeto. JURISPRUDÊNCIA:


 O projeto pode ser apresentado na Câmara ou no Senado A palavra jurisprudência tem origem (etimologia) nos termos
Federal. juris + prudentia, que remonta aos pronunciamentos do direito (do
 Iniciado na Câmara, o Senado funcionará como Casa justo, do correto) pelos prudentes – jurisconsultos leigos que atuaram
revisora e vice-versa, com a circunstância de que os projetos no Império Romano e foram responsáveis por quebrar o monopólio (na
encaminhados pelo Presidente da República, Supremo interpretação das leis) até então detido pelos sacerdotes.
Tribunal Federal e Tribunais Federais serão apreciados
primeiramente pela Câmara dos Deputados. CONCEITO:
 Se a Casa revisora aprová-lo, deverá ser encaminhado à 1. É o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de
Presidência da República para caráter geral e obrigatório. É, portanto, toda norma geral de
a) sanção, conduta que disciplina as relações de fato incidentes no Direito,
b) promulgação e cuja observância é imposta pelo poder Estatal.
c) publicação; 2. Jurisprudência é o conjunto de decisões judicias reiteradas,
 Se o rejeitar, será arquivado; constantes e harmônicas, resolvendo casos semelhantes, de
 Se apresentar emenda, retornará à Casa de origem para modo a construir uma norma geral aplicável a todos os casos
nova apreciação. similares.
 Não admitida à emenda, o projeto será arquivado. 3. Que tenha identidade de fundamentos lógicos e jurídicos, ou
seja, que a semelhança seja essencial, e se refira ao elemento
5.1.5. Sanção. principal.
 A sanção consiste na aquiescência, na concordância do
Chefe do Executivo com o projeto aprovado pelo Legislativo. Exemplos de Analogia.
 É ato da alçada exclusiva do Poder Executivo: 1. Função de datilógrafo

Todos esses desdobramentos não impedem de haver quem


negue à jurisprudência o status de fonte do direito, pois esta apenas
9
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

revelaria o direito existente. Para os negativistas, o fato de ela não ser b) Costume “Praeter Legem” – É o que se aplica supletivamente,
citada no artigo 4º da indica ser mera forma de interpretação das fontes na hipótese de lacuna da lei. Esta espécie é admitida pela
formais. generalidade das legislações. Em nosso país, o costume
Na divergência Miguel Reale, declara: assume o mesmo caráter, pelo que dispõe o art. 4º da LINDB:
“Se uma regra é, no fundo, a sua interpretação, isto é, aquilo “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
que se diz ser o seu significado, não há como negar à a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Jurisprudência a categoria de fonte do Direito, visto como ao Ex: Cheque pré-datado (pós datado).
juiz é dado armar de obrigatoriedade aquilo que se declara
ser „de direito‟ no caso concreto”. c) Costume “Contra Legem” – é o que se opõe à lei, ou seja, é a
norma que surge em sentido contrário ao da lei, o qual não é
De toda forma, prevalece que a jurisprudência é fonte acolhido de forma expressa pelo sistema positivo. Trata-se da
secundária, não podendo se contrapor à lei! consuetudo abrogatoria ou da desuetudo, que passa a não
Todavia, em tempos de ativismo judicial exacerbado, os aplicar a lei, com fundamento no desuso. Apesar de haver
órgãos de cúpula do Judiciário (no Brasil, em especial o STF) não se divergência doutrinária quanto à sua validade, é pensamento
intimidam em desconsiderar a lei para impor sua visão de mundo predominante que a lei só pode ser revogada por outra.
(normalmente, sob a égide dos princípios constitucionais). Ex: Tínhamos a ação anulatória por defloramento anterior da
mulher, como exemplo do costume contra legem, (art. 178, §1º
ANALOGIA: do C.C. de 1916) que já estava em notório desuso antes da
vigência Constituição Federal de 1988.
A aplicação da analogia legal decorre necessariamente da
existência de lacunas da lei.
VALOR dos Costumes - Para o Direito brasileiro, filiado ao
Quando a Lei não for omissa o juiz realizará a subsunção
sistema continental, a lei é a principal fonte formal, como se pode inferir
(aplicação da lei ao caso concreto);
do disposto no art. 4º LINDB, cujo preceito foi repetido na segunda
 Exemplos de ANALOGIA:
parte do art. 126 do Código de Processo Civil: “... No julgamento da lide
1. Função de datilógrafo - A CLT garante ao datilógrafo 10
caber-lhe aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à
min de descanso, a cada 90 min trabalhados. Por
analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.” Todavia,
analogia, esse direito deverá ser estendido ao digitador;
consuetudinárias, não possuem natureza cogente ou taxativa.
2. Adoção de criança/ adolescente – As regras de adoção
para casais heterossexuais poderão ser aplicadas aos
PROVA dos Costumes - O princípio iura novit curia (os juízes
casais homoafetivos por analogia. Pois há regras de
conhecem o Direito), pelo qual as partes não precisam provar a
adoção para casais heterossexuais (art. 1622 do Código
existência do Direito invocado, não tem aplicação quanto aos
Civil de 2002 – marido/mulher), e na CF/88 (art. 226 §3o -
costumes, em face do que dispõe o art. 337 do Código de Processo
união estável) não proibiu, mas também não permitiu.
Civil: “A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
Portanto, Como em todos os demais casos em que
consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar
houve mudança de valores jurídicos ou culturais, também
o juiz.” Na justiça ou perante órgãos da administração pública, os
no que se refere aos casos que versem sobre a
costumes podem ser provados pelos mais diversos modos:
homossexualidade o Poder Judiciário vem se adiantando
documentos, testemunhas, vistorias etc. Em matéria comercial, porém,
e proclamando a mudança de paradigmas antes do
devem ser provados através de certidões fornecidas pelas juntas
Poder Legislativo.
comerciais, que possuem fichários organizados para esse mister.
 Inclusive há um Projeto de Lei 2285/07,
denominado de Estatuto das Famílias, que se
encontra atualmente na Mesa Diretora da PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
Câmara dos Deputados, propõe que se Há muita divergência na doutrina sobre o que e quais seriam os
assegurem todos os direitos à união “princípios gerais do Direito”.
homoafetiva, dentre eles a guarda e a Sem entrar na controvérsia, podemos afirmar serem os que
convivência com os filhos e a possibilidade de inspiram e dão embasamento à criação de toda e qualquer norma,
adoção conjunta. inclusive e especialmente a Constituição, bem como os valores sociais
3. Trânsito de barcos à motor – Tem norma reguladora, no que afetam o sistema e dirigem sua finalidade.
entanto, barcos à vela não é regulamentado. Portanto tal São exemplos dos princípios gerais do Direito no Brasil: a
norma, por analogia, poderá ser aplicada na navegação justiça, a dignidade do homem, a isonomia, a anterioridade (para fins
de barco à vela. de cobrança de impostos), o sistema republicano etc.
Os princípios gerais do Direito são reduto de onde o intérprete
pode retirar a resposta para o problema da lacuna.
COSTUMES:
Enquanto a lei é um processo intelectual que se baseia em CONCEITO
fatos e expressa a opinião do Estado, o costume é uma prática gerada São postulados que procuram fundamentar todo o sistema
espontaneamente pelas forças sociais e ainda, segundo alguns jurídico, não tendo necessariamente uma correspondência positivada
autores, de forma inconsciente. equivalente. São ideias jurídicas gerais que sustentam, dão base ao
Os costumes jurídicos, consuetudo, não se confundem com ordenamento jurídico e não necessariamente precisam estar escritos
as Regras de Trato Social. Aqueles se caracterizam pela exigibilidade e para serem válidos.
versam sobre interesses básicos dos indivíduos, enquanto as regras do EXEMPLOS – P. G. D.:
trato social não são exigíveis e relacionam-se a questões de menor  Princípio da vinculação ao edital em um concurso público;
profundidade.  Princípio da preservação da família;
 Ninguém pode enriquecer às custas de outrem;
ESPÉCIES de Costumes – se definem pela forma com que o costume  Princípio da onerosidade excessiva dos contratos;
se apresenta em relação à lei. A doutrina distingue as seguintes:
 Princípios da autonomia da vontade. Etc...
a) Costume “Secundum Legem” – a própria lei reconhece e
 Em suma, os PGD são ideias fundamentais e basilares do
admite a força obrigatória do costume.
sistema jurídico, relacionadas a algum ramo do direito.
Ex: No Direito Civil, há o exemplo da obrigação do locatário de
efetuar o pagamento do aluguel no prazo ajustado, e, na falta
de prévio ajuste, segundo o costume local (art. 1.192, inciso II,
do C.C. de 1916 e art. 569, II, do C.C. de 2002)

10
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

Exemplo, todos os cidadãos têm direito à saúde, à educação,


à proteção das relações, de consumo, à licença maternidade, ao
descanso remunerado.

A parte da doutrina brasileira considera que o direito


OBJETIVO e o direito SUBJETIVO são a mesma coisa. No entanto,
alguns autores entendem que o direito OBJETIVO é todo o
ordenamento jurídico vigente no Estado. Enquanto, o direito
POSITIVO é só a parte do ordenamento que foi oficialmente legislada e
oriunda da própria Administração Pública.

7.2. Direito SUBJETIVO


Consiste nas prerrogativas conferidas pelo ordenamento
jurídico aos indivíduos. Assim, sempre que uma previsão do direito
objetivo ocorre de forma concreta, a norma incide sobre os indivíduos
envolvidos e eles passam a ser titulares de direitos.
Possibilidade de agir e exigir aquilo que as normas do direito
atribuem a alguém como própria.

7.2.1. Conceito
a) O direito SUBJETIVO é o resultado da incidência de uma norma
jurídica a um fato jurídico.
b) O direito SUBJETIVO é a faculdade de invocar o ordenamento
jurídico em defesa dos próprios interesses. É tudo que os
titulares de direitos podem fazer sem que violem os direitos de
outros.
AULA 08
7.2.2. Esfera do direito SUBJETIVO
7. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO  Licitude;
 Legalidade;
O direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferentes:
 Pretensão;
objetivo e subjetivo. São duas formas distintas e interligadas de relação
 Lide (conflito de interesses qualificado por uma pretensão
com o ordenamento jurídico.
resistida)
Direito Direito é norma de organização Jus Norma
OBJETIVO social. Agendi 7.2.3. Natureza
 Teoria da Vontade.
Direito personalizado, em que a norma está Exemplos, direito de cobrar uma dívida através de ação
Direito perdendo o seu caráter teórico, projeta-se na
judicial, direito de pedir indenização por dano causado por terceiro e/ou
SUBJETIVO relação jurídica concreta, para permitir a conduta
ou estabelecer consequências jurídicas. pela Administração Pública.

Exemplo, quando dizemos “Fulano” tem direito à indenização, 7.2.4. Direito PÚBLICO SUBJETIVO
afirmamos que ele possui direito subjetivo. Chama-se Direito Público Subjetivo a prerrogativa que deve
Portanto, a diferença entre direito OBJETIVO e SUBJETIVO existe ser exigida do próprio Estado. Assim, quando um sujeito é titular de um
pelo fato de que a palavra direito pode significar tanto ordenamento direito, relacionado com direitos que devem ser prestados (garantidos)
jurídico quanto prerrogativas por ele garantidas. aos cidadãos pelo Estado.
Portanto, esse direito é público e subjetivo simultaneamente.
Assim, direito OBJETIVO (ordenamento jurídico) que confere direito
SUBJETIVO (prerrogativas) aos indivíduos. 7.2.5. Exemplos:
Direito OBJETIVO LAW "Lei"  Direito de Ação;
 Direito à Saúde
 Direito à Educação
Direito SUBJETIVO RIGHT "Direito"
 Direito ao Saneamento Básico
 Direito de Liberdade
7.1. Direito OBJETIVO  Direitos Políticos
Não tem titular  POSITIVADO

7.1.1. Conceito
a) O direito OBJETIVO consiste nas previsões gerais e abstratas
presentes no ordenamento jurídico;
b) É todo conjunto de normas e regras vigentes em um Estado,
que devem ser respeitadas pela sociedade, sob pena de
sanções.

7.1.2. Características
É abstrato, pois é previsto de forma generalizada, incidindo
de forma indiscriminada sobre todos os indivíduos e situações
previstas.

7.1.3. Abrangência
Abrange leis, jurisprudências, costumes e quaisquer
outras fontes do direito válidas e permitidas no ordenamento jurídico.

11
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

AULA 09 8. Direito PÚBICO e Direito PRIVADO:


8. DIREITO POSITIVO A primeira divisão que encontramos na história da Ciência do Direito é
a feita pelos Romanos entre Direito Público e Privado, segundo o
Direito Constitucional
critério da utilidade pública ou Particular da relação.
Direito Administrativo
Direito Tributário 8.1. Direito Público:
8.1.1. Conceitos
Direito Financeiro
a) É aquele que regula as relações em que o Estado é parte.
Direito Processual Civil b) Envolve a organização de um Estado, onde são estabelecidas as
Interno
Direito Processual Penal normas de ordem pública.
Direito Penal 8.1.2. Pessoas jurídicas de direito público interno:
PÚBLICO
Direito

Direito Internacional PRIVADO a) a União,


b) os estados,
Direito Seguridade Social
c) o Distrito Federal,
Direito Ambiental d) os territórios,
Externo Direito Internacional Público e) os municípios,
f) as autarquias e
Direito Civil
POSITIVO

g) as demais entidades de caráter público criadas por lei.


PRIVADO
Direito

Direito

Direito Comercial
Direito Empresarial 8.1.3. Pessoas jurídicas de direito público externo:
a) Os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
Direito do Trabalho pelo direito internacional público. (Ver artigo 42 do Código Civil).
(Terceiro gênero)

Direito da Família
Direito MISTO

Direito Profissional 8.1.4. CLASSIFICAÇÃO:

Direito Sindical 8.1.4.1. Direito Público INTERNO:


Direito Agrário 8.1.4.1.1. Direito Constitucional:
É o ramo que estuda os princípios e normas relativos à
Direito Econômico
estrutura fundamental do Estado, e baseia-se na Constituição, é o
ramo mais importante do direito público.
Quanto ao CONTEÚDO
Prevale Interesse GERAL / Direito 8.1.4.1.2. Direito Administrativo:
COLETIVO PÚBLICO Que compreende o estudo dos fenômenos e normas que
Relação ordenam o serviço público e regulamentam as relações entre a
Jurídica
Prevalece Interesse Direito Administração, seus respectivos órgãos, os administradores e seus
PARTICULAR / INDIVIDUAL PRIVADO administrados.
8.1.4.1.3. Direito Tributário:
Quanto à FORMA Que ordena a forma de arrecadação de tributos, bem como o
Direito relacionamento entre o Fisco, entidade estatal que pode ser federal,
Relação de Subordinação
PÚBLICO estadual ou municipal, e o contribuinte.
Relação
Jurídica 8.1.4.1.4. Direito Financeiro:
Direito
Relação de Coordenação Que estuda a estrutura orçamentária dos entes públicos,
PRIVADO
seus princípios, normas e regulamentos. É o direito que disciplina as
finanças públicas.
8.1. DIREITO PÚBLICO
União 8.1.4.1.5. Direito Processual Civil:
Que preordena a forma pela qual alguém pode obter do
Estados Estado, de seu Poder Judiciário, uma prestação jurisdicional, isto é,
uma composição do conflito de interesses mercê de uma decisão
Distrito Federal
judicial.
Direito PÚBLICO
Interno Municípios 8.1.4.1.6. Direito Processual Penal:
(Art. 41, CC) Que promove a jurisdição estatal no âmbito do direito penal,
Territórios
na busca do aperfeiçoamento da punição. Regulamenta também as
Jurídicas
Pessoas

Autarquias atividades de política judiciária e seus auxiliares.


8.1.4.1.7. Direito Penal:
Outras Entidades criadas por Lei
É o conjunto dos preceitos legais, fixados pelo Estado, para
Direito PÚBLICO
definir os crimes e determinar aos seus autores as correspondentes
Externo Os Estados Estrangeiros
(Art. 42, CC) penas e medidas de segurança, é o direito de punir do Estado
(exclusivamente público).
Cuida das relações entre os Estado/Particular; 8.1.4.1.8. Direito Internacional Privado:
Estado/Entes Públicos
Direito Busca disciplinar o conflito de leis no espaço, isto é, entre
PÚBLICO Desigualdade nas relações Jurídicas / Interesse do vários ordenamentos estatais, disciplina a aplicação de norma a ser
Estado é superior. escolhida entre diversos países a um caso concreto.
Ex.: Direito Administrativo

8.1.4.1.9. Direito da Seguridade Social:


8.2. DIREITO PRIVADO
Que estabelece a proteção social aos indivíduos em relação
Cuida das relações entre os particulares a contingências que os impeçam de prover as suas necessidades
Direito básicas e de suas famílias, visando a assegurar os direitos relativos à
PRIVADO Igualdade Jurídica entre os Sujeitos e suas relações
saúde, previdência e assistência social.
Ex.: Direito Civil

12
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

8.1.4.1.10. Direito Ambiental: RESUMINDO


Que regula a proteção do meio ambiente, estabelece as 1. Direito PÚBICO:
normas jurídicas que disciplinam a conduta humana em relação ao
a) É o princípio da soberania.
meio ambiente, com o fim de preservá-lo e protegê-lo.
b) Corresponde à efetividade da força, pela qual as
8.1.4.2. Direito Público EXTERNO: determinações de autoridade são observadas e tornadas de
8.1.4.2.1. Direito Internacional Público: observação incontrastável pelo uso inclusive de sanções, de
É o conjunto de princípios ou regras destinadas a reger um ponto de vista interno. De um ângulo externo, no
direitos e deveres internacionais, tanto dos Estados ou outros confronto das soberanias, corresponde a uma não sujeição a
organismos análogos, quanto aos indivíduos, é o direito dos tratados e determinações de outros centros normativos.
dos acordos internacionais, é o direito das instituições como a ONU, c) É, em síntese, o caráter originário e independente da
OTAN, OEA, ALCA etc. capacidade de determinar, num âmbito definido de atuação,
a relevância ou a irrelevância de qualquer outro centro
8.1.4.2.1.1. Fontes:
normativo que ali atue.
a) Tratados Internacionais;
b) Costume internacional, como prova de uma prática geral
aceita como sendo o direito; 2. Direito PRIVADO:
c) Princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações a) No direito privado vige, supremamente, o princípio da
civilizadas; autonomia privada.
d) As decisões judiciárias; b) Os entes privados gozam dessa capacidade de estabelecer
e) A doutrina; normas conforme seus interesses. Esse princípio está na
f) A equidade; base dos acordos de vontade (como os contratos), mas
g) Atos unilaterais (dos Estados) também dos atos de vontade unilaterais (como a doação).
h) as Decisões proferidas por organizações internacionais c) Também eles, contudo, submetem-se à legalidade. Mas não
à estrita legalidade: se a lei não lhes proíbe nem lhes obriga
8.2. DIREITO PRIVADO: a agir, eles podem agir.
8.2.1. CONCEITO:
Modernamente, há compartimentos amplos no direito
É o que disciplina as relações entre particulares, nas quais
denominados microssistemas ou estatutos, tais como:
predomina, de modo imediato, o interesse de ordem privada, diz
a) o Código de Defesa do Consumidor,
respeito ao interesse da cada um.
b) a Lei do Inquilinato,
8.2.2. CLASSIFICAÇÃO: c) a Lei de Recuperação de Empresas
8.2.2.1. Direito CIVIL
É o direito privado por excelência: Muitos defendem que o microssistema é um terceiro gênero
Regula as relações dos particulares entre si, com fundamento que se coloca ao lado do direito público e do direito privado, que se
na igualdade jurídica (relações jurídicas de coordenação) e na denomina direito social ou coletivo, cujos princípios são
autodeterminação (autonomia privada). concomitantemente de direito privado e de direito público. Trata-se de
Abrange: tema polêmico, ainda em plena efervescência. A questão não é
a) os direitos pessoais (relativos à pessoa considerada em si pacífica!
mesmo);
b) os direitos obrigacionais (tendo em vista o poder de constituir Note a opinião de Paulo Nader (2003:97) a esse respeito:
relações jurídicas e negócios jurídicos); “Entendemos que a admissão de um Direito Misto implicaria,
c) os direitos associativos (relativos à constituição de pessoas praticamente, a supressão do Direito Público e Direito Privado,
jurídicas); de vez que, em todos os ramos do Direito Positivo, há formas
d) os direitos reais (como aqueles pertinentes à posse e à de um e de outro gênero.”
propriedade);
e) os direitos de família (englobando normas sobre casamento De qualquer forma, a possibilidade de reconhecimento de um
e união estável); terceiro gênero, de um direito misto, ao lado do direito público e do
f) os direitos de sucessão (relativos à sucessão mortis causa). direito privado, demonstra a relatividade da distinção e a constante
8.2.2.2. Direito Comercial/ Empresarial: interpenetração de princípios. Exemplos:
Regula a atividade econômica organizada para a produção e a) Direito de família;
circulação de bens e serviços no mercado, disciplina a atividade b) Direito do trabalho;
econômica. c) Direito profissional;
8.2.2.3. Direito do Trabalho: d) Direito sindical;
Disciplina, essencialmente, as relações de emprego, e) Direito econômico;
estabelece medidas protetoras ao trabalho, assegurando condições f) Direito agrário;
dignas de labor.
AULA 10
Distinção: conteúdo e elemento formal:
Ocorre quando há amparo LEGAL.
Unilaterial

"Sujeitar", "Obrigar", "Impor a


Direitos alguém"
POTESTATIVOS - Minha vontade
SUBJETIVO

Lei confere poder


Direito

Somente pode se recusar, se ferir


a lei
Direitos
Fazer
PRETACIONAIS
Ex. Divórcio; Empregado pede demissão. Obs. Mas há limites, não
pode ultrapassar a lei; costumes, boa-fé, paz social, etc.

13
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

9. RELAÇÃO JURÍDICA O Vínculo de Atributividade pode ter por origem o contrato


Das RELAÇÕES JURÍDICAS, decorre o vínculo que o direito ou a lei. É por assim dizer, a concreção da norma jurídica no âmbito do
reconhece entre pessoas atribuindo-lhes PODERES e DEVERES. relacionamento estabelecido entre duas pessoas.

9.1. CONCEITO
LEGITIMADO  Alguém que tem a pretensão amparada por norma
Relação Jurídica é a relação social na qual a norma jurídica jurídica para (a) exigir seu direito, e (b) praticar o ato.
incide, tendo em vista a sua importância para a vida em sociedade, ou
seja, relação jurídica é a relação social entre pessoas, regulada pelo Exigir seu direito
Pretensão amparada
Direito. LEGITIMADO
por norma jurídica
Praticar o ato
Sujeito ATIVO RELAÇÃO Sujeito PASSIVO
• Direito Subjetivo JURÍDICA • Dever Jurídico
10. RESUMO:
Sob outro enfoque, a relação jurídica é o vínculo ou liame
(vínculo; tudo aquilo cujo propósito é ligari uni) entre pessoas ou grupo 10.1. RELAÇÃO JURÍDICA  decorre de uma norma superior aos
de pessoas, regulado por norma jurídica. interesses das duas partes:
Miguel Reale: “Em toda relação, duas ou mais pessoas ficam a) Não é estabelecida arbitrariamente;
ligadas entre si por um laço que lhe atribui, de maneira b) Pode ser Bilateral ou Plurilateral.
proporcional ou objetiva, PODERES para agir e DEVERES
para cumprir”. Animais e Coisas podem ser OBJETO de direito, mas nunca serão
sujeitos de direito, que é um atributo da PESSOA.
Portanto, a relação jurídica se dá entre dois sujeitos de
direito, ocupando posições contrapostas, sendo designado como
10.2. ESPÉCIES de RELAÇÃO JURÍDICA
“partes” (diferente de terceiros, os quais são pessoas alheias à relação
jurídica) – Art. 1º, CC. Um sujeito ATIVO
SIMPLES
9.2. REQUISITOS Um sujeito PASSIVO
1Comportamento Indivíduos
Requisito Mais de uma pessoa no polo
MATERIAL1 PLURILATERAL
Existência de uma Relação Social (ATIVO/PASSIVO)
RELAÇÃO
JURÍDICA 2Ordenamento Jurídico (Moldura) Relativo a classe/grupo de
ESPÉCIES de

Requisito RELATIVA pessoas.


RELAÇÃO
JURÍDICA

FORMAL2 Judicialização da Relação Social Ex.: Classe Estudantil

Representa toda a coletividade


9.3. ELEMENTOS em que Estado cria uma norma
ABSOLUTA
que atinge toda a sociedade
Elementos da Relação Jurídica Ex. Covid / Brumadinho

Elementos Elemento Elemento Estado no Polo ATIVO


PÚBLICA
SUBJETIVO OBJETIVO ABSTRATO (Fiscalizando / Organizando)

SUJEITOS1 OBJETO2 VÍNCULO3 PRIVADA Entre particulares

Sujeito Sujeito 1. Bem Corpóreo Comportamento Obs.: Pode haver relação com o Estado (nas prestações – direitos
SUBJETIVO

Ativo Passivo 2. Bem Incorpóreo do Sujeito sociais)


Direito

Passivo
Relação Jurídica
Titular de um Direito

Titular de um Dever

10.3. CONTEÚDO DA RELAÇÃO JURÍDICA


Relação Jurídica
Obrigacional
Potestativo

Quando constitui um só DIREITO


Subjetivo /

Real
Jurídico

SUBJETIVO e um só DEVER
POTESTATIVO

RELAÇÃO JURÍDICA

JURÍDICO
Direito

SIMPLES
CONTEÚDO da

Cada indivíduo ocupa apenas uma


posição (ATIVO ou PASSIVO)
PRETENSÃO

Quando duas ou mais pessoas


ocupam, simultaneamente, as
COMPLEXA
duas posições.
Sujeito ATIVO ⇆ PASSIVO

Podem ser 1SUJEITOS (ativo / passivo) de uma relação: Pessoas Obs.: Contrato Compra/Venda  Relógio
Físicas, Pessoas Jurídicas, ou Entes de Personalidades Reduzidas /
Despersonalizados. 10.4. CLASSIFICAÇÃO da LEI:
Ex.: Condomínio, Sociedades de Fatos, Nascitura, Massa Falida,
CLASSIFICAÇÃO

Espólios, etc.
2 LEGAL Decorre da norma jurídica / lei;
OBJETO: BEM ou INTERESSE que consiste no Objeto da Relação.
da lei

Ex.: ① Contrato Compra/Venda – Art. 481, CC ; Decorre do contrato


② Exigir de Cessar a Ameaça – Art. 12, CC. CONVENCIONAL
(autonomia da vontade).

3
VÍNCULO: Liame, reconhecido juridicamente, entre os sujeitos. Pode
ocorrer por meio de lei ou acordo de vontades na figura dos contratos.
A inexistência do vínculo acarreta a inexistência da Relação Jurídica. 11.5. PERSONALIDADE JURÍDICA
a) Surge do nascimento com VIDA: Art. 2º, CC
Também chamado de vínculo de Atributividade. b) Fim, encerra-se com a MORTE: Art. 6º, 7º, 8º, CC
No dizer de Miguel Reale: “É o vínculo que confere a cada
um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo 11.6. REGISTRO: Art. 9º e 10º, CC
determinado ou determinável”. 11.7. NOME – Art. 16~19, CC

14
História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Para tanto, recorrerá à doutrina e à jurisprudência e só decidirá por


1. São fontes do Direito: equidade nos casos previstos em lei.
a) A ética, a moral, a religião, a lei e a analogia. De acordo com o art. 4° da LINDB: E o art. 140, Parágrafo único do
b) A lei, a jurisprudência, a sanção, a coação e a coerção. NCPC: O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
c) A política, os costumes, os fatos, os atos normativos e
administrativos. 7. Qual seu entendimento sobre Fontes Materiais do Direito? Cite
d) A lei, os costumes, a analogia, a doutrina e a jurisprudência. exemplos.
FONTES MATERIAIS estão direcionadas aos sociais, econômicos,
2. Sobre as Fontes do Direito, é correto o que se afirmar, EXCETO políticos, filosóficos e históricos que dá o ponta pé na origem ao Direito,
em: criando as normas jurídicas, onde são estudadas pela Sociologia
a) A analogia, interpretação comparativa por aproximação de textos Jurídica e suas especializações. Constituem a matéria prima da
legais, também é considerada fonte do direito. elaboração deste, pois são os valores e as relações sociais que
b) A doutrina, como interpretação legal feita por especialistas, é informam o conteúdo das normas jurídicas.
também entendida como fonte do direito.
c) A lei é a única fonte do Direito, posto que contém comandos 8. Qual seu entendimento sobre Fontes Formais do Direito? Cite
escritos de comportamento. (A lei é considerada a principal fonte exemplos
do direito, mas não é a única) São as formas de manifestação do direito ao sistema jurídico,
d) O costume, como representação de práticas tradicionais de um pertinentes às normas jurídicas. Ex: Constituição Federal, Leis
povo, é fonte do direito. complementares, leis ordinárias, etc.

3. As fontes do Direito Civil são elencadas no artigo 4.º da Lei de 9. Sobre o sistema jurídico brasileiro e suas peculiaridades. É
Introdução ao Código Civil. Sobre o tema Assinale a assertiva vedada a utilização do costume como fonte do direito.
correta. ( ) Certo ( X ) Errado
a) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito". Assim, o 10. O que é DOUTRINA?
intérprete é obrigado a integrar o sistema jurídico, ou seja, diante Conjunto de ideias particulares de autores sobre determinado tema,
da lacuna (a ausência de norma para o caso concreto), ele deve sendo abordados valores literários como base de suas teorias.
sempre encontrar uma solução adequada.
De acordo com o art. 4°,LINDB: Art. 4°. Quando a lei for omissa, 11. Quais são as Fontes do Direito?
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e São as históricas, formais e materiais.
os princípios gerais de direito.
b) A lei tem por objetivo resolver o problema do conflito e da 12. Cite características do Direito e da Moral (05 de cada).
contradição das normas impostas ao caso concreto. Mas, quanto O DIREITO se manifesta mediante conjunto de normas que definem a
à aplicação da lei existe uma hierarquia que coloca como norma dimensão da conduta humana exigida, que especificam a fórmula do
maior a Constituição, dentre as leis complementares e ordinárias, agir. Mínimo de preceitos necessários para o bem-estar social.
os decretos, portarias e demais normatização administrativa Exemplos são as regras escritas, agir específico, corresponde a um
inexiste hierarquia rígida. dever (todos), é um dever-ser, e por fim, a coercibilidade. Enquanto a
c) O artigo 4º da LINDB não estabelece uma hierarquia entre as MORAL é o conjunto de regras que funciona como um guia para o
fontes, pois o juiz poderá valer-se de outras fontes, que não as “agir”, orienta as ações que seriam corretas e incorretas, sendo mais
elencadas. O artigo 4º da LINDB estabelece uma hierarquia entre geral e sem especificações. Exemplos são as regras costumeiras, as
as fontes, devendo-se o juiz utilizar os mecanismos elencados. diretrizes gerais, impõe dever a si mesmo, é um querer espontâneo, e
d) A análise da norma à aplicação ao caso concreto gera, para o a incoercibilidade.
intérprete, um processo metodológico que busca preencher
lacunas. Assim, o uso das fontes do direito constitui a garantia da 13. Qual Sistema Jurídico é adotado no Brasil? E em que se
prestação jurisdicional, ainda que a lei seja omissa. diferencia do outro?
Há duas correntes: a Civil Law e Common Law.
4. São consideradas fontes formais do direito somente a lei e a CIVIL LAW: é o sistema jurídico utilizado no Brasil, baseado no Direito
analogia. Romano, que tem como fonte principal do direito e lei, o texto escrito.
( ) Certo ( X ) Errado COMMON LAW: é o sistema utilizado por países de origem anglo-
São fontes formais do direito: A lei, a analogia, o costume e os saxônica, como EUA e Inglaterra, que se baseia na jurisprudência, em
princípios gerais do direito. casos análogos já julgados.

5. Partindo-se do pressuposto de que o significado de uma norma 14. Qual a diferença entre Direito e Ciência do Direito?
jurídica pode ser extraído de sua interpretação, não há como O DIREITO, para Kelsen, é resultado de disputas políticas e de
negar à Jurisprudência a categoria de fonte do direito, afirmação de valores e não pode ser separado das esferas da política e
doutrinariamente classificada como fonte material. da moral. A CIÊNCIA DO DIREITO é que deve ser pura, sendo o seu
( ) Certo ( X ) Errado papel a descrição despida de valores das normas jurídicas que foram
Jurisprudência não é fonte material do direito. produzidas em uma determinada ordem jurídica.
As Fontes materiais são os fatos sociais, as próprias forças sociais Critérios
DIREITO positivo CIÊNCIA DO DIREITO
criadoras do Direito. linguísticos
Constituem a matéria-prima da elaboração deste, pois são os valores Função Prescritiva Descritiva
sociais que informam o conteúdo das normas jurídicas. Objeto Condutas intersubjetivas Direito Positivo
Nível Linguagem objeto Metalinguagem
6. Diante da ausência de legislação, o aplicador do Direito valer- Tipo Técnica Científica
se-á de outras fontes, tais como analogias, costumes e princípios Lógica Deôntica (dever-ser) Alética/clássica (ser)
gerais de direito. Para tanto, recorrerá à doutrina e à Obrigatório (O), Proibido Possível (M) ou
Modais
jurisprudência, sendo-lhe vedado, no entanto, o recurso à (V) ou permitido (P) Necessário (N)
equidade. Valências Válidas ou não válidas Falas ou Verdadeiras
( ) Certo ( X ) Errado Coerência Admite contradições Não admite contradições
Quando a lei for omissa, o aplicador do Direito valer-se-á de outras
fontes, tais como analogias, costumes e princípios gerais de direito.

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História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

15. Quando o absolutismo foi efetivamente deposto? E como se Exercícios AULA 09


estrutura o novo sistema politico? Quais os primeiros 1. A divisão do direito em Direito Público e Direito Privado foi feita:
idealizadores desse novo sistema? a) pelos gregos;
A decadência do absolutismo se iniciou no século XVIII, quando os b) pelos bárbaros;
ideais iluministas surgiram e conquistaram espaço no continente c) pelos romanos;
europeu. Isso porque os iluministas eram radicalmente contrários à d) pelos cristãos.
concentração do poder e propunham a limitação do poder real. O
ILUMINISMO foi a doutrina que inspirou as aspirações da burguesia ao 2. Regula as relações em que o Estado é parte, e estabelece
poder. Todavia o que de fato alavancou a revolução francesa foi a normas de ordem pública. É conceito de:
“fome”. Esse regime foi marcado pela separação dos poderes, a) Direito Público;
inspirados por ROUSSEAU e MOSTEQUIEU. b) Direito Privado;
A Revolução Francesa imortalizou o lema “LIBERDADE, IGUALDADE c) Direito Constitucional;
e FRATERNIDADE”. d) Direito Positivo.

16. Qual a importância do Controle Social e seus instrumentos? 3. São pessoas jurídicas de Direito Público Interno:
Não haveria vida coletiva se fosse permitido que cada indivíduo a) União, Estados Estrangeiros e Municípios;
procedesse de acordo com seus impulsos e desejos pessoais, sem b) União, Estados, DF, territórios, Municípios, Autarquias;
respeitar os interesses dos demais. Esse processo de regulamentação c) União, Estados, DF, Fundações;
da conduta em sociedade recebe o nome de “CONTROLE SOCIAL” d) União, Estados, Municípios.
(meios/instrumentos):
a) da Religião; 4. São pessoas jurídicas de Direito Público Externo:
b) da Moral; a) As Nações Reunidas;
c) do Direito; b) Os territórios;
d) das regras do trato social. c) As Organizações Nacionais;
d) Os Estados Estrangeiros.
17. Quais teorias tentam explicar a origem da Sociedade? Quais
seus defensores e o que pensam? 5. Qual a área do direito em que disciplina as relações entre os
Há duas correntes que buscam explicar a origem da Sociedade. particulares?
A primeira corrente é a NATURALISTA onde há mais adeptos em que a) Direito Internacional;
a sociedade é o produto da conjunção de um simples impulso natural e b) Direito Nacional;
da cooperação de vontade humana. Seus defensores são Aristóteles c) Direito Privado;
que trata o homem por natureza sociável e político; Cícero que afirma d) Direito Público.
que o homem não nasceu para viver só; Thomas de Aquino que trata
a vida solitária, que traz três exceções: Mala Fortuna (isolamento, 6. Qual área do Direito estabelece a proteção social dos indivíduos
fortuito), Corruptio natural (perda da razão) e Excellentia natural em relação à contingências?
(aperfeiçoamento individual); por fim, Ramelletti que associa com os a) Direito Administrativo;
outros seres humanos na condição essencial à vida do homem. b) Direito Civil;
E a segunda corrente é a CONTRUTUALISTA que diz que a c) Direito da Seguridade Social;
sociedade é um produto de um acordo de vontade. Seus defensores d) Direito Tributário.
são Thomas Hobbes onde trata que o homem está em “estado de
guerra”, homem tem natureza má; Jean-Jacque Rosseou já diz o 7. Qual área disciplina a aplicação de normas a ser escolhida entre
contrário, onde o homem tem natureza boa, essência do bem; por fim diversos países a um caso concreto?
John Locke que considera o homem em “estado perfeito de paz e a) Direito Internacional Público;
harmonia”. b) Direito Internacional Privado;
c) Direito Negocial;
d) Direito Nacional Privado.

8. Direito Financeiro é:
a) O direito que disciplina as finanças públicas;
b) Quem estuda os princípios e normas relativas à estrutura
fundamental do Estado;
c) Quem ordena a forma de arrecadações de tributos;
d) Quem compreende o estudo dos fenômenos e normas que
ordem o serviço público.

9. Preceitos legais, fixados pelo Estado, para definir crimes e


determinar aos seus autores as penas e medidas de segurança é:
a) Direito Ambiental;
b) Direito Constitucional;
c) Direito Natural;
d) Direito Penal.

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História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito (IED) 1º Período (2023/1) Por: Leandro Fernandes

Exercícios AULA 10 10. São normas que estão em seu estado ABSTRATO, aguardando
1. É a expressão que coloca em destaque uma das qualidades a existência do caso em concreto para serem aplicadas. Esta
essenciais do Direito Positivo, que é agrupar normas que se definição refere-se ao:
ajustam entre si e formam um todo harmônico e coerente de a) Direito Natural;
preceitos. Essa definição refere-se a: b) Direito Subjetivo;
a) Ordem Jurídica; c) Direito Jurídica;
b) Direito Natural; d) Direito Positivo;
c) Direito Subjetivo; e) Direito Objetivo.
d) Direito Objetivo;
e) Direito Positivo.

OBJETIVO
É o conjunto de normas jurídicas direcionadas e

Direito
2. O vocábulo Direito possui vários significados e a dificuldades impostas a todos pelo Estado. Estas normas vinculam a
conduta humana, são regras cogentes de
do problema de definição estão ligadas a dois motivos básicos: comportamento, determinando como agir ou não agir -
natureza metodológica e tendências filosóficas perante o Direito: "norma agendi".
( X ) Verdadeiro ( ) Falso

3. O termo direito comporta diversos sentidos como:


a) Forma de conhecimento do fenômeno jurídico (ciência do direito);

SUBJETIVO
b) Realização de uma ideia universal e absoluta da justiça (direito
Natural);

Direito
É a opção, a faculdade da pessoa de invocar o direito
c) Conjunto de normas éticas que organizam as relações fundamentais objetivo, ou seja, invocar a norma jurídica a seu favor -
"facultas agendi".
do Estado e da Sociedade Civil (Direito Positivo);
d) Todas as alternativas estão corretas;
e) Faculdade de realizar ou não realizar um dado comportamento na
zona social do permitido (direito subjetivo).

4. É o direito originado na natureza social humana, nos principais Equivale ao direito objetivo, ou seja, quando se faz
POSITIVO
básicos de dignidade do homem. Esta definição refere-se ao: referência ao conjunto de normas jurídicas que regem o
Direito

a) Direito Subjetivo; comportamento humano num determinado tempo e


b) Direito Positivo; espaço está se falando em direito positivo e objetivo.
Assim, quando se faz alusão à norma positiva ou
c) Direito Natural; objetiva trata-se de uma norma coercitiva.
d) Direito Objetivo;
e) Ordem Jurídica.
Diz respeito à ordem pública e social como um todo,
independente de normas materiais, pois emana da
5. São as possibilidades ou poderes de agir que a ordem jurídica moral, da ética e da consciência de um povo, refletindo
NATURAL
Direito

garante aos seus sujeitos. Esta definição refere-se ao: no direito positivo, considerando que o legislador deve
a) Direito Natural; levar em conta o valor social da norma, pois a sua
finalidade é torná-la obrigatória a todas, mas
b) Direito Subjetivo; principalmente àqueles que não respeitam o que é
c) Direito Objetivo; moralmente correto se não houver uma consequência
d) Direito Positivo; séria que os obriguem a fazê-lo.
e) Ordem Jurídica.

6. São características das normas jurídicas:


PÚBLICO
Direito

a) Bilateralidade, Generalidade, Abstratividade, Imperatividade e Regula as relações entre um Estado e outro, a sua
Coercibilidade; organização, seu funcionamento e suas relações com
particulares.
b) Imperatividade, Coercibilidade, Fonte Negocial; Efetividade,
Bilateralidade;
c) Generalidade, Abstratividade; Hierarquia, Processo Legislativo e
Coercibilidade;
d) Coercibilidade, Eficácia, Bilateralidade, Vigência e Generalidade;
e) Processo Legislativo, Coercibilidade, Ciência Autônoma,
PRIVADO
Direito

Imperatividade e Coercibilidade. É um conjunto de normas que regula as relações entre


indivíduos face aos seus interesses particulares.
7. É a ordem jurídica criada em determinado local e tempo, é o
direito criado pelo homem em cada sociedade, em cada Estado,
por meio de processo legislativo competente. Esta definição
refere-se ao:
a) Direito Positivo;
b) Direito Natural;
c) Direito Jurídica;
d) Direito Subjetiva;
e) Ordem Objetiva.

8. São padrões de conduta ou de organização impostos pelo


Estado, para que seja possível a convivência dos homens em
sociedade. Esse é o conceito de regra jurídica.
( X ) Verdadeiro ( ) Falso

9. São instrumentos de Controle Social o Direito, a Religião, as


Regras de Controle Social e a Moral.
( X ) Verdadeiro ( ) Falso
17

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