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Na Grécia Antiga, teve origem a secularização do direito e a concepção de que as leis

poderiam ser revogadas pelos próprios homens que as elaboraram (assim, formando a
Assembleia Legislativa). Nesse contexto, ocorreu a positivação do direito, afastando a ideia
de que as leis eram apenas reveladas pelos deuses. Influenciando os romanos no ius
gentium, os estóicos pregavam pela cidadania universal. Ao contrário da modernidade, não
havia uma carreira pública de advogado na Grécia Antiga; no entanto, surgiram redatores de
peças judiciais que auxiliavam os cidadãos na defesa de seus interesses. Um conceito de
suma importância para o direito contemporâneo foi a ideia de contratos serem consensuais,
tema amplamente discutido por Aristóteles. Também vale citar que dos gregos herdamos o
conceito de democracia e participação cidadã, que por si só influencia a formação de
sistemas legais democráticos modernos.

O legado do direito romano, especialmente evidenciado no Corpus Iuris Civilis compilado por
Justiniano, exerceu uma profunda influência nas codificações legais modernas. A
preservação das constituições através dos esforços de Justiniano foi crucial para a
transmissão desse conhecimento jurídico ao longo dos séculos.

O Corpus Iuris Civilis, composto por diversas partes, destacou-se pela organização e
sistematização do direito romano. As divisões nele contidas, como o Digesto, influenciaram
diretamente as codificações legais modernas. Cada parte do Corpus abordava áreas
específicas do direito, como o direito de família, direitos reais e sucessão.

A preservação das constituições permitiu que os princípios fundamentais do direito romano,


presentes em cada divisão do Corpus, fossem transmitidos às gerações futuras. Assim, as
codificações legais modernas incorporaram essas influências, moldando o desenvolvimento
do direito civil e privado ao criar ordenamentos jurídicos correspondentes às diversas áreas
do direito, solidificando a importância duradoura do legado de Justiniano e do Corpus Iuris
Civilis.

O direito canônico medieval representa um marco significativo na história do governo, pois


reorganizou a vida jurídica europeia, introduzindo critérios de racionalização e formalização
do direito. Esse período testemunhou a profissionalização do jurista, ligada à burocracia
eclesiástica. Antes da transformação radical liderada por Gregório VII, a jurisdição religiosa,
que englobava sacramento e lei, era comum, vaga e abstrata.

As ações empreendidas por Gregório VII (o Papa), notadamente por meio do Dictatus
Papae, visavam libertar a Igreja do poder secular. Para alcançar esse objetivo, ele
reconheceu a necessidade de organizar um poder político mais eficaz do que o de seus
adversários, ou seja, o Estado. A reforma gregoriana teve como alvo direto a estrutura do
poder político feudal, abolido, por exemplo, o beneficium, que envolvia a nomeação de
vassalos para cargos eclesiásticos ou direitos sobre terras da Igreja.

Na visão de Gregório VII, o rei estava inserido na Igreja, não acima dela. Assim, o monarca
legislava pouco, desempenhando principalmente o papel de árbitro em situações pontuais.
Prevalecia o princípio da personalidade das leis e a força dos costumes locais. A reforma
gregoriana incentivou o estudo do direito para fundamentar a autoridade da igreja. Sua nova
organização deu origem à concepção moderna do Estado, caracterizado por burocracia,
poder legislativo e ambição de universalidade.
Os objetivos de Gregório VII incluíam o estabelecimento de um poder disciplinar
centralizado, o controle sobre uma população dispersa e a promoção do princípio da
superioridade da lei sobre os costumes, influenciando assim a positivação das leis
modernas. No âmbito da jurisdição e do processo, o direito canônico tornou-se dominante,
exercendo influência na disciplina do casamento, contratos e personalidade jurídica. Os
processos passaram a ser documentados e as fases processuais foram organizadas de
maneira clara, algo que se mantêm até hoje.

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