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Oi Gustavo,

Estive na consulta com o psiquiatra e com o psicólogo e tive o diagnóstico de Transtorno de


ansiedade generalizada. Estarei iniciando o tratamento médico com uso de medicamentos. Estou
relatando isso, para que você tenha uma pequena dimensão do momento que estou passando. Não
está sendo fácil viver assim... Todo dia ao amanhecer, quanto mais eu tento esquecer, mais eu me
lembro das coisas. Sem contar que quando eu recebo um e-mail do programa, orientadora ou aviso
no grupo de WhatsApp sobre o programa, parece que tenho uma pequena crise, pois meu coração
dispara, começo a suar (do nada), a fala fica “apertada”, sem ar... enfim, um “momento” muito
doloroso. Tenho a sensação de ter passado horas, porém, foram alguns poucos minutos até a leitura
do e-mail ou da mensagem. As vezes acho que criei um bloqueio ou sentimento de repulsa sobre o
programa e com minha orientadora. Tenho dúvidas se eu realmente quero continuar (não sei se eu
criei um sentimento de ‘raiva’ – comentei isso na minha sessão de terapia) ou se é algo atrelado ao
momento que estou passando e/ou a doença que eu preciso enfrentar e lidar. Até porque, eu
tinha/tenho esse sonho de fazer parte, ser aprovado e concluir o curso neste mesmo programa de
pós-graduação. Do sonho a gente não desiste né?! Está sendo um processo muito doloroso... Até
mesmo ao escrever este e-mail para você. É algo/sentimento que eu não consigo controlar, que foge
do meu controle, mesmo pensando nas coisas boas da vida, da oportunidade e do futuro (após a
conclusão do curso).
Antes de chegar neste ponto do curso e o motivo pelo qual eu preciso desta carta (não sei
como escrever ou demonstrar em palavras esses sentimentos), preciso comentar a minha
preocupação em desistir da minha orientadora e solicitar a troca.

Um solicitando o trancamento do curso e outro informando a minha orientadora e coorientador a


minha opção em desistir da orientação deles (este um pouco mais informal e delicado, pois eles
ficarão chateados).

Vou destacar alguns pontos para construção dos relatos.

Acredito ser um ótimo aluno, pois fiquei com 10 em todas as disciplinas. Os créditos já foram
cumpridos. Ainda falta o envio do projeto para o comitê de ética (estou elaborando) e escrevendo a
tese. Nesse meio tempo, estou sendo cobrado pelos orientadores por mais participações no
programa e nas pesquisas. Destaco que não sou bolsista e trabalho 40h semanais em uma escola.
Neste meio tempo, consegui 3 publicações internacionais, uma na Springer, inclusive. Atualmente
estou elaborando mais outros 2 artigos (a pedido da orientadora) + projeto do comitê de ética +
escrevendo um dos cap. da tese. Estou exausto. Mesmo eu achando que estou dando o melhor de
mim, parece não ser o suficiente para eles. Me sinto um inútil. As coisas não caminham. A minha
orientadora pede uma coisa, o meu coorientador pede outra. Fico confuso. O especialista no assunto
é meu coorientador... A orientadora parece não ter muito conhecimento sobre, pois sempre fala que
precisa verificar a abordagem com ele. Entrei no curso com um projeto e tive que modificar a
pedido deles para esse novo tema. O meu coorientador fala que eu preciso me dedicar a tese, já a
orientadora pede artigos e mais artigos (para contar pontos).
Durante o processo seletivo, no momento da entrevista, falei que eu teria afastamento de minhas
atividades (sou professor e tenho esse direito) para me dedicar 100% ao curso, da opção em realizar
parte fora do país, etc., porém, com a pandemia tudo isso foi por água abaixo. Os planos não saíram
conforme planejado. A minha orientadora sempre “joga” isso na minha “cara”. “É Carlos, no
processo seletivo você falou que teria disponibilidade, que iria participar ativamente do curso e
agora você fala que não tempo”. “Temos inclusive o vídeo gravado de sua participação no processo
seletivo falando sobre isso tá”. Confesso que não aguento mais ouvir isso dela. Virou rotina ela
falar isso. Acontece que a pandemia chegou (todos acharam que seria algo passageiro, durando 1 ou
2 meses) e não foi o que aconteceu. A vida de todos mudaram. Eu perdi parentes e amigos e
querendo ou não, é difícil voltar a rotina nessas situações. O meu pedido de afastamento foi
aprovado pela escola, porém, com recentes cortes do governo, ninguém foi liberado (até o
momento). Estamos sem verba e com alguns professores afastado justamente por motivo de saúde.
O momento é delicado.
Na justificativa, poderia ter algo como, diante das exigências (ela quer que eu ministre algumas
aulas/palestras para ela, participe de eventos, escreva artigos, tese e comitê de ética) que o grupo de
pesquisa dela exige, no momento, eu não teria a disponibilidade esperada para colaborar da forma
esperada, por isso, solicito a troca de área e orientador (algo assim.... parece ser vago ainda... teria
que inserir outros elementos para não deixar brechas no pedido ou questionamentos). Essa cobrança
e exigências estão mexendo com o meu psicológico e me prejudicando no meu trabalho, no meu
convívio diário, etc. No final, mencionar algo como que eu gostaria de voltar, se for o caso, ao meu
projeto inicial (do processo seletivo) tendo em vista a minha expedisse na área e sugerir a
orientação do professor XY ou Z ou continuar com o projeto anterior com outro orientador. Que no
momento não disponho de tempo hábil para contribuir da forma como eles querem.

Informações adicionais: O meu processo de afastamento iria sair (sou funcionário público), porém,
temos 4 docentes afastados por motivo de saúde e pelo visto não terá como contratar ninguém para
ficar no meu lugar. Com isso, será quase impossível conseguir o afastamento.

No documento (e-mail) é preciso deixar claro os agradecimentos do tempo dispensado até aqui
(deixar claro tb que não foi em vão, até pq foram feitas publicações) e me desculpar pelas ausências
e pela desistência. Sei que estou sendo fraco, porém, preciso priorizar minha saúde no momento.

O meu coorientador é de fora (México). Ela sempre “joga” na “cara” isso também. Algo do tipo: “É
a primeira vez que estou com um coorientador externo, de fora do país. Não podemos fazer feio”.
Sinto uma sobrecarga, uma responsabilidade que eu não quero assumir. Me sinto culpado por essa
desistência e o que isso poderá causar (o climão entre eles). No caso com o coorientador externo.

Ela também já teve uma aluna que ganhou o prêmio Capes e sempre fala que o próximo seria o
meu. Estava nas minhas mãos. Outra responsabilidade que eu não quero.

Não sei se esse tipo de fala poderia ser caracterizado como assédio.

Durante as disciplinas sempre fui elogiado pelos professores. Inclusive um desses artigos
publicados é em parceria com esses professores que sempre deram os Parabéns!

São estes os principais pontos. Se você considerar que precisa mencionar outros pontos, fique à
vontade para sinalizar. Tudo que for preciso para sensibilizar os professores do colegiado e depois o
e-mail que será enviado aos professores, eu agradeço. Não quero ser rude nas palavras e também
não quero fechar as portas com eles. Sei que vou sofrer com isso, pois existe um corporativismo no
meio acadêmico.

Embora eu saiba da minha capacidade e da minha inteligência, a impotência e a dúvida sobre essas
coisas e situações batem nesse momento fortemente em mim. Estou péssimo comigo mesmo. Estou
sentindo vergonha de falar com meus orientadores e coordenação sobre isso. É uma sensação de
frustração tão grande. Porém, ou é Eu ou Eles.

Agradeço pela ajuda!

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