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da reta.
V Araujo
Cursos de Graduação: Ciências da Computação, Estatı́stica,
Engenharia, Fı́sica, Geofı́sica, Quı́mica.
Conteúdo
1 Vetores 2
1.1 Coord. espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Segmentos orientados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Operações 12
2.1 Adição e Mult. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Soma Ponto-Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Equações da Reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 Produto interno 22
3.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2 Ângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.3 Projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1
4 Espaços vetoriais 38
4.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2
Coordenadas cartesianas no espaço
Podemos agora achar as coordenadas de P 0 (x, y) no sistema XOY e definir
−−→ −−→
z = |P 0 P | com sinal positivo ou negativo consoante P 0 P tem sentido igual ou
oposto ao eixo OZ. Obtemos assim P (x, y, z).
plano xy se z = 0;
plano yz se x = 0;
3
plano xz se y = 0.
4
Plano YZ: corresponde aos pontos x = 0
5
6
1.2 Segmentos orientados
Definição de vetor como representação de movimento
Um vetor ~v no plano (ou no espaço, como veremos) representa de todos os
segmentos orientados com a mesma direção, sentido e comprimento. Podemos
intuitivamente pensar num vetor como um deslocamento ou uma translação.
−→
Ou seja, ~v = AB representa o deslocamento de um ponto para outro ponto
−→
na mesma direção, sentido e distância dada pelo comprimento de AB.
7
Coordenadas de um vetor
−→
Dado um vetor ~v = OA e A(x, y), então representamos ~v = (x, y). Em
−−→
geral, se ~v = XY com X = (x1 , y1 ) e Y = (x2 , y2 ), então escrevemos ~v =
(x2 − x1 , y2 − y1 ): as coordenadas são dadas pelas coordenadas da extremidade
menos as da origem do segmento orientado.
8
9
−−→
Em geral, tal como no plano, se ~v = XY é dado por um segmento orientado
com origem X = (x1 , y1 , z1 ) e extremidade Y = (x2 , y2 , z2 ), então escrevemos
~v = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ),
Exemplo
Dados os pontos A(−1, 2, 3) e B(4, −2, 0), determinar o ponto P tal que
−→ −→
AP = 3AB.
Escrevemos P (x, y, z) na relação dada traduzindo em coordenadas
−→
AP = (x − (−1), y − 2, z − 3) = (x + 1, y − 2, z − 3);
−→
3AB = 3(4 − (−1), −2 − 2, 0 − 3) = 3(5, −4, −3) = (15, −12, −9)
−→ −→
e para termos AP = 3AB precisamos que valha
x + 1 = 15 x = 14
y − 2 = −12 ⇐⇒ y = −10 .
z − 3 = −9 z = −6
Paralelismo de vetores
Dois vetores ~u e ~v são paralelos se um deles é múltiplo do outro, ou seja, se
existe t ∈ R tal que ~u = t~v ou ~v = t~u.
Geometricamente isto significa que ~u e ~v têm a mesma direção.
Note que, como podemos sempre escrever ~0 = 0~v para qualquer vetor ~v , então
o vetor nulo é paralelo a qualquer outro vetor!!
10
Exemplo
Determinar a e b de modo que os vetores ~u = (4, 1, −3) e ~v = (6, a, b)
sejam paralelos.
Queremos que exista t número real tal que
portanto
4t = 6, t=a e − 3t = b,
Exemplo
Verificar se os seguintes pontos são colineares:
Comprimento de vetores
Uma vez que os vetores são classes de segmentos orientados, o tamanho ou
comprimento |~v | de um vetor ~v é o mesmo que o comprimento de qualquer seg-
mento orientado que o representa.
11
−→
Portanto, se ~v = AB com origem A(x1 , y1 , z1 ) e extremidade B(x2 , y2 , z2 ),
então
~v = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ) e
p
|~v | = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2 + (z2 − z1 )2 .
Comutatividade da adição
Naturalmente trocando a ordem da operação obtemos o mesmo resultado como
ilustrado na figura, ou seja, temos ~v + ~u = ~u + ~v .
Associatividade da adição
A figura mostra que (~v + ~u) + w
~ = ~v + (~u + w).
~
12
13
Consequência da associatividade da soma
Sabendo que temos associatividade da soma, podemos escrever
(~v + ~u) + w
~ = ~v + (~u + w)
~ = ~v + ~u + w
~
sem haver ambiguidade no resultado.
Observação
Veremos neste curso situações em que a associatividade de certas operações
não faz sentido ou simplesmente não é verdadeira! Portanto, esta propriedade
não é trivial! Nem sua verificação uma perda de tempo!
O mesmo se pode dizer para cada uma das outras propriedades.
14
Adição de vetores em coordenadas
Usando as coordenadas dos vetores ~u = (u1 , u2 , u3 ) e ~v = (v1 , v2 , v3 ) temos
~u + ~v = (u1 + v1 , u2 + v2 , u3 + v3 )
Convenção útil
Convenciona-se que cada ponto P (x, y) no plano ou P (x, y, z) no espaço re-
−→
presenta também o vetor P~ = OP (= (x, y) ou (x, y, z)). Assim podemos verifi-
−→ ~ ~
car que AB = B − A.
15
−→ −→
Se t > 0 e ~v = AB 6= ~0, então t~v = AC onde C é o ponto da reta dada pelos
−→ −→
pontos A, B tal que os segmentos orientados AB e AC têm o mesmo sentido e
d(A, C) = t · d(A, B).
16
O vetor ~v = (v1 , v2 , v3 ) pode ser representado por um segmento orientado
−→
com origem em A, ou seja, existe um ponto B tal que AB tem a mesma direção,
sentido e comprimento que ~v .
Este ponto B é, por definição, a soma A + ~v .
As coordenadas de B são dadas por
(x, y, z) + (v1 , v2 , v3 ) = (x + v1 , y + v2 , z + v3 )
Exemplo
Determine a extremidade do segmento que representa o vetor ~v = (2, −5)
sabendo que sua origem é o ponto A(−1, 3).
Isto é o mesmo que somar A + ~v , portanto
Exemplo
Determinar o simétrico do ponto P (3, 1, −2) em relação ao ponto A(−1, 0, −3).
−→ −→
Queremos achar o ponto B tal que AB = −AP
17
18
Solução
−→
Se o ponto B tem coordenadas (x, y, z), então traduzimos a relação AB =
−→
−AP em
~ −A
B ~ = −(P~ − A)~ ⇐⇒ B ~ −A ~=A ~ − P~ logo
(x, y, z) − (−1, 0, −3) = (−1, 0, −3) − (3, 1, −2)
ou seja
(x, y, z) = (−1, 0, −3) + (−1, 0, −3) − (3, 1, −2)
= (−1, 0, −3) + (−4, −1, −1) = (−5, −1, −4)
Mais ainda, esta equação da reta tem a mesma forma no plano ou no espaço
tridimensional.
Esta equação também se diz “paramétrica” por causa do aparecimento da
variável ou parâmetro t. Em coordenadas no plano, escrevendo P (x, y), A(x0 , y0 )
e B(x1 , y1 ) obtemos
(
x = x0 + t(x1 − x0 )
, t ∈ R.
y = y0 + t(y1 − y0 )
19
Equação paramétrica da reta versus a equação da reta no plano
Podemos facilmente passar da equação paramétrica da reta no plano para a
equação geral que já estudamos:
( (
x = x0 + t(x1 − x0 ) t = xx−x 0
1 −x0
⇐⇒ −y0
y = y0 + t(y1 − y0 ) y − y0 = (x − x0 ) · xy11 −x 0
Exemplo
Ache uma equação paramétrica da reta r que passa pelos pontos A(1, 2)
e B(3, 3) e da reta s que passa pelos pontos C(0, 0) e D(−1, 1). Determine a
posição relativa de r e s e caso exista ache seu ponto de interseção.
Aplicando a fórmula apresentada acima, temos
Exemplo
Ache equação paramétrica da reta r que contém os pontos (1, 2, 3) e (4, 3, 2)
e os pontos de interseção de r com os planos coordenados.
Novamente substituindo na equação obtemos
20
com o plano xy: fazemos z = 0 ou 3 − t = 0 ⇐⇒ t = 3 e substituindo na
equação paramétrica vem (1 + 3 · 3, 2 + 3, 3 − 3) = (10, 5, 0).
com o plano yz: fazemos x = 0 ou 1 + 3t = 0 ⇐⇒ t = −1/3 e substituindo
vem (0, 2 − 1/3, 3 + 1/3) = (0, 5/3, 10/3).
com o plano xz: fazemos y = 0 ou 2 + t = 0 ⇐⇒ t = −2 e substituindo vem
(1 + 3 · (−2), 0, 3 − (−2)) = (−5, 0, 5).
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Equações reduzidas da reta
Podemos também escolher duas coordenadas, digamos y, z, e escrevê-las em
função da terceira, neste caso x:
(
x − x0 y − y0 z − z0 y = y0 + ab (x − x0 )
= = =⇒
a b c z = z0 + ac (x − x0 )
Exemplo
Ache as equações simétricas e reduzidas da reta dada no último exemplo.
Tı́nhamos (x, y, z) = (1, 2, 3) + t(3, 1, −1) logo obtemos
x−1 y−2 z−3
= =
3 1 −1
como equação simétricas e para as reduzidas temos
( (
y = 2 + (x − 1)/3 y = 2 − (z − 3)
ou
z = 3 − (x − 1)/3 x = 1 − 3(z − 3)
e ainda
(
x = 1 + 3(y − 2)
z = 3 − (y − 2)
22
Dados dois vetores ~u, ~v num sistema de coordenadas cartesiano fixado OXY Z
com coordenadas ~u = (u1 , u2 , u3 ) e ~v = (v1 , v2 , v3 ), definimos seu produto
interno (também chamado produto escalar) como o número
~u · ~v = h~u, ~v i = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 .
IMPORTANTE!
O produto interno ~u · ~v NÃO É UM VETOR!
Esta operação tem propriedades geométricas e algébricas muito úteis.
Exemplo
Sabendo que ~u ·~v = −2 e ~u, ~v são unitários, calcule (~u +~v )·~u e (~u +~v )·(2~u)
e ainda (~u + ~v ) · (~u + ~v ).
Aplicando a linearidade e a comutatividade
(~u + ~v ) · ~u = ~u · ~u + ~v · ~u = |~u|2 + ~u · ~v = 1 − 2 = −1.
Novamente usando a linearidade
(~u + ~v ) · (2~u) = 2 (~u + ~v ) · ~u = 2 · (−1) = −2
e também
(~u + ~v ) · (~u + ~v ) = (~u + ~v ) · ~u + (~u + ~v ) · ~v
= −1 + ~u · ~v + ~v · ~v = −1 − 2 + |~v |2 = −2.
23
3.2 Ângulo
Aplicações do produto interno− − −Ângulo entre
vetores
Ângulo entre vetores
Dados vetores ~u e ~v , o ângulo θ entre eles é o ângulo entre os eixos (ou semi-
−→ −−→
retas) gerados por OA = ~u e OB = ~v .
24
Usando as propriedades do produto interno
Agora observe que
Condição de ortogonalidade
Dizemos que dois vetores ~u, ~v são perpendiculares ou ortogonais (ou formam um
ângulo reto entre eles) se ~u · ~v = 0.
Exemplo
Sendo ~u e ~v unitarios, ~u · w
~ = −2 e o ângulo entre ~u e ~v igual a π/3, calcule
~ · ~u e (~u + ~v + w)
(~u + ~v + w) ~ · (2~u) .
Pela linearidade, comutatividade e pela relação do produto interno com norma
e ângulo, temos
~ · ~u = ~u · ~u + ~v · ~u + w
(~u + ~v + w) ~ · ~u
π
= |~u|2 + |~u| · |~v | cos + ~u · w
~
3
1 1 1
=1+ −2= −1=− .
2 2 2
Novamente pela linearidade vem que
1
~ · (2~u) = 2 (~u + ~v + w)
(~u + ~v + w) ~ · ~u] = 2 · − = −1.
2
25
Exemplo
Mostre que um vetor ~u = (a, b) é sempre ortogonal a ~v = (−b, a), sejam
quais forem os números reais a, b.
Basta calcular ~u · ~v = (a, b) · (−b, a) = −ab + ba = 0.
Exercı́cio
Verifique geometricamente que ~v pode ser obtido rodando o vetor ~u um ângulo de
π/2 (ou 90o ) no sentido contrário dos ponteiros do relógio.
Exercı́cio
~ = (0, −c, b) e também
Mostre que ~u = (a, b, c) é ortogonal a ~v = (−b, a, 0), a w
aω
~ = (−c, 0, a).
Exemplo
Calcule o ângulo θ entre ~u = (1, 1, 0) e ~v = (0, 1, 0) e verifique que o
ângulo entre ~u e −~v é θ + π/2.
√
Temos |~u| · |~v | cos θ = ~u · ~v = 1, ~v é unitário e |~u| = 2, logo
√ 1 π
1· 2 cos θ = 1 ⇐⇒ cos θ = √ =⇒ θ = .
2 4
26
Aplicações do produto interno− − − Ângulo entre
retas no plano
Ângulo entre eixos (retas orientadas)
Dadas duas retas r, s orientadas (ou seja, dois eixos) com o sentido dos seus
vetores diretores, digamos ~u e ~v respectivamente, o ângulo α entre esses eixos é
o ângulo entre seus vetores diretores que satisfaz
~u · ~v
cos α = .
|~u| · |~v |
27
(Note que 0 ≤ θ ≤ π/2 e se não usarmos módulo no produto interno poderı́amos
ter um cosseno negativo o que daria θ > π/2.)
NOTE a diferença entre o significado do produto interno no numerador
e o produto de comprimentos no numerador, apesar de serem escritos com
uma notação muito parecida! A seta que indica vetor tem a sua utilidade...
Queremos θ o menor ângulo entre as direções das retas, por isso tomamos o
módulo do produto interno, enquanto α é o ângulo entre vetores diretores.
3.3 Projeção
Aplicações do produto interno− − −Projeção
ortogonal
Projeção ortogonal de um vetor sobre outro
O produto interno de dois vetores permite exprimir de forma elegante, em
termos das coordenadas de ~u e ~v (isto é, sem Trigonometria), a projeção ortogonal
de um vetor ~v sobre o vetor não nulo ~u.
Chama-se projeção ortogonal do vetor ~v sobre o vetor não nulo ~u ao vetor ~z,
múltiplo de ~u, tal que ~v − ~z é ortogonal a ~u.
28
Cálculo da projeção ortogonal
Se ~z = t~u é a projeção ortogonal de ~v sobre ~u 6= ~0, então
~v · ~u
(~v − t~u) · ~u = 0 ⇐⇒ t =
~u · ~u
logo a projeção ortogonal de ~v sobre ~u é dada por
~v · ~u
~z = ~u.
~u · ~u
Exemplo
Mostre que se ~u 6= ~0 e ~v é um vetor qualquer, então ~v − ~v ·~
u·~
~
u
u
~u é perpendi-
cular a ~u.
Basta verificar que o produto interno é 0:
~v · ~u ~v · ~u
~u · ~v − ~u = ~u · ~v − ~u · ~u
~u · ~u ~u · ~u
~v · ~u
= ~u · ~v − ~u · ~u
~u · ~u
= ~u · ~v − ~v · ~u = 0.
29
3.4 Retas
Aplicações do produto interno:direção ortogonal a
uma reta no plano
Direção ortogonal a uma reta no plano
Voltando à equação geral de uma reta
ax + by + c = 0 com a2 + b2 6= 0
observe que se dois pontos A(x1 , y1 ) e B(x2 , y2 ) pertencem a esta reta, então
temos
(
ax1 + by1 + c = 0
=⇒ a(x2 − x1 ) + b(y2 − y1 ) = 0
ax2 + by2 + c = 0
−→
mas isto é o mesmo que (a, b) · AB = 0, ou seja
Direção ortogonal a uma reta no plano
Se uma reta no plano tem equação ax + by + c = 0 com a2 + b2 6= 0, então o vetor
~u = (a, b) tem direção ortogonal à reta.
Exemplo
Determine a reta que passa por (1, 2) e é ortogonal à reta que passa pelos
pontos (1, 1) e (−1, 3).
Primeiro método: achamos a equação geral da reta dada e depois usamos o
resultado anterior. Temos então
( ( (
a+b+c=0 4b + 2c = 0 c = −2b
⇐⇒ ⇐⇒
−a + 3b + c = 0 −a + 3b + c = 0 −a + b = 0
30
Continuação do exemplo
Segundo método: determinamos diretamente o vetor ortogonal à reta dada a
partir de um vetor na direção da reta.
Um vetor na direção da reta pelos pontos (1, 1) e (−1, 3) é ~u = (−1, 3) −
(1, 1) = (−2, 2). Logo, um vetor ortogonal a este, como (−2, −2), vai ter a
direção da reta que queremos construir.
Então a reta pedida passa por (1, 1) e tem direção (−2, −2), ela é dada por
(x, y) = (1, 2) + t(−2, −2), t ∈ R.
NOTA: observe que os vetores obtidos por um e outro método, (1, 1) e (−2, −2),
são paralelos. Portanto as retas obtidas são a mesma reta!
Distância de um ponto a uma reta e distância entre
retas paralelas
Distância entre duas retas paralelas
Dadas duas retas no plano ax + by + c = 0 e a0 x + b0 y + c = 0 paralelas e
não coincidentes, então (a, b) e (a0 , b0 ) são paralelos enquanto (a, b, c) e (a0 , b0 , c0 )
não são paralelos. Podemos então assumir que a segunda reta tem equação geral
ax + by + c0 = 0 com c 6= c0 .
Existe uma reta que é ortogonal a ambas e passa pela origem: a reta com
equação −bx + ay = 0 e que intersecta as duas retas dadas em
( (
ax + by + c = 0 x = a2ac
+b2
⇐⇒ bc
−bx + ay = 0 y = a2 +b2
e em (x0 , y 0 ) = (ac0 , bc0 )/(a2 + b2 ).
Ilustração da situação
31
Distância de um ponto a uma reta no plano
Dados uma reta ax + by + c = 0 e um ponto P (x0 , y0 ) não contido na reta,
então existe única reta que passa por P e é paralela à reta dada, a reta de equação
|c − c0 | |c + ax0 + by0 |
d= √ = √ .
a2 + b 2 a2 + b 2
Exemplo
Calcule a distância entre a reta x = y e o ponto (3, −4).
Aplicando a fórmula obtida acima, como uma equação geral para a reta é
x − y = 0, vem
√
|3 − (−4)| 7 7 2
d= p =√ = .
12 + (−1)2 2 2
32
Ângulo de reta com o eixo das abcissas
Dada uma reta no plano, se nada for dito, sua orientação é “da esquerda para a
direita”, tal como o eixo das abcissas. Entendemos assim o ângulo θ entre uma
reta r no plano e o eixo das abcissas.
Exemplo
Ache o declive da reta construı́da no último exemplo.
Obtivemos (x, y) = (1, 2) + t(1, 1), t ∈ R, logo o declive é m = 1/1 = 1.
Se uma reta tem equação y = mx + b com m 6= 0, qual é o declive de uma
reta ortogonal a esta?
33
Podemos reescrever y = mx + b ⇐⇒ −mx + y − b = 0 obtendo a forma de
uma equação geral da reta dada; e portanto (−m, 1) é um vetor ortogonal à reta.
O declive de uma reta ortogonal à reta dada é o declive dado por este vetor
1
(−m, 1), logo é −m = −1/m.
~ = a1~v1 + · · · + an~vn
w
34
Note que se n = 1, então w, ~ ~v1 são linearmente dependentes se, e só se, forem
paralelos.
Portanto ~0 e ~v 6= ~0 são sempre linearmente dependentes.
Exemplo
Dados os vetores ~u = (2, −4), ~v = (−5, 1) e w
~ = (−12, 6), determine a e b
tais que w
~ = a~u + b~v .
A relação dada em coordenadas se escreve como segue
e concluı́mos que a = −1 e b = 2.
Independência linear
Um conjunto de vetores ~v1 , . . . , ~vn diz-se LINEARMENTE INDEPENDENTE
(e abrevia-se L.I.) se não é possı́vel escrever o vetor nulo como combinação linear
não trivial deles, ou seja
Independência Linear
Os vetores ~v1 , . . . , ~vn são L.I. se
a1~v1 + · · · + an~vn = ~0
só acontece se a1 = a2 = · · · = an = 0.
Exemplo
Mostre que vetores no plano são L.I. se, e só se, não forem paralelos.
Primeiro: se ~u, ~v forem paralelos, então um deles é múltiplo do outro; digamos
~u = t~v para t número real. Então, se t = 0, temos ~u = ~0 e portanto para a = 1 e
b = 0 vem
35
e portanto ~u, ~v não são L.I. (são linearmente dependentes).
Já se t 6= 0, então temos
Continuação do exemplo
Segundo: se ~u, ~v não são L.I., então existem números a, b não todos nulos tais
que a~u + b~v = ~0.
Concluı́mos que se ~u, ~v não são paralelos, então ~u, ~v são L.I. e concluı́mos
a prova da afirmação.
36
Como achamos os coeficientes
Geometricamente é o mesmo que achar as coordenadas cartesianas do ponto
P~ = O
~ +w~ no sistema de coordenadas com eixos dados por ~u e ~v .
onde a, b são as incógnitas. Este sistema tem solução única se, e só se
u1 v1
u2 v2 6= 0 ⇐⇒ u1 v2 − v1 u2 6= 0
que é o mesmo que dizer que ~u e ~v não são paralelos (um não é múltiplo do outro).
Exemplo
Pelo resultado anterior, qualquer vetor do plano se exprime como combinação
linear dos vetores ~u = (2, −1) e ~v = (−3, 2).
Se quisermos, por exemplo, escrever o vetor w ~ = (1, 1) como combinação
linear w
~ = s~u + t~v com s, t números reais, devemos ter
37
ou seja
( (
2s − 3t = 1 t=3
⇐⇒
−s + 2t = 1 s=5
portanto w
~ = 5~u + 3~v é a expressão do vetor w
~ como combinação linear de ~u e
~v .
Base de um espaço
O teorema anterior afirma que dois vetores L.I. no plano geram o plano com
combinações lineares únicas.
Isto é resumido dizendo que ~u, ~v formam uma base do conjunto de todos os
vetores do plano.
Exercı́cio
Verificar que~ı = (1, 0) e ~ = (0, 1) formam um base de todos os vetores do plano.
Verificar que ~ı = (1, 0, 0), ~ = (0, 1, 0) e ~k = (0, 0, 1) formam um base de
todos os vetores do espaço.
Os vetores no exercı́cio acima também se escrevem ~e1 , ~e2 , ~e3 e dizem-se os
vetores da base canônica dos espaços R2 e R3 .
4 Espaços vetoriais
4.1 Definição
A noção de espaço vetorial (opcional)
Um espaço vetorial E é um conjunto, cujos elementos são chamados vetores,
no qual estão definidas duas operações: a adição, que a cada par de vetores u, v ∈
E faz corresponder um novo vetor u + v ∈ E, chamado a soma de u e v, e a
multiplicação por um número real, que a cada número t ∈ R e a cada vetor v ∈ E
faz corresponder um vetor t · v, ou tv, chamado o produto de t por v.
Essas operações devem satisfazer axiomas de espaço vetorial:
• comutatividade e associatividade da soma de vetores;
38
• existência de vetor nulo;
• multiplicação por 1: 1 · v = v.
4.2 Exemplo
Exemplo
Para todo número natural n, o sı́mbolo Rn representa o espaço vetorial euclidi-
ano n-dimensional. Os elementos de Rn são as listas ordenadas u = (x1 , . . . , xn ), v =
(y1 , . . . , yn ) de números reais.
Por definição, a igualdade u = v significa as n igualdades numéricas x1 =
y1 , . . . , xn = yn . Os números xi , i = 1, . . . , n são chamados as coordenadas do
vetor u.
As operações do espaço vetorial Rn são definidas pondo u + v = (x1 +
y1 , . . . , xn + yn ), e tu = (tx1 , . . . , txn ).
Pelo que vimos podemos identificar os vetores na reta, no plano e no espaço
com os espaços vetoriais R, R2 e R3 respectivamente.
4.3 Aplicações
Importância da noção abstrata de espaço vetorial
Muitos conjuntos de objetos que surgem naturamente em todas as áreas de
Matemática e suas aplicações na Fı́sica, Engenharia, Economia, Quı́mica etc sa-
tisfazem os axiomas de espaços vetorial e, portanto, têm todas as suas proprie-
dades.
Vamos mencionar alguns desses exemplos no que segue. Como eles são
espaços vetoriais, tudo o que aprendermos e provarmos sobre operações com
vetores pode ser aplicado diretamente a cada um destes objetos, mesmo que
à primeira vista eles aparentemente nada tenham que ver com os vetores da
geometria analı́tica.
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Abstrações versus aplicações
Por isso a Matemática tem um lugar fundamental no pensamento e nas ações
humanas apoiadas na técnica e na ciência: o conhecimento matemático sobre
uma classe de objetos pode ser transferido imediatamente para todo modelo
matemático aplicado a qualquer outro ramo do conhecimento, bastando que
os objetos desse modelo matemático satisfaçam as mesmas propriedades abstratas
de uma teoria matemática já estudada.
O estudo de teorias matemáticas mais gerais e o aprofundamento do conhe-
cimento sobre as consequências das teorias matemáticas já existentes ou que ve-
nham a ser criadas, é uma das tarefas dos matemáticos.
Mais exemplos
Seja X um conjunto não-vazio qualquer. O sı́mbolo F (X; R) (ou RX ) repre-
senta o conjunto de todas as funções f, g : X → R. Ele se torna um espaço veto-
rial quando se definem a soma f + g de duas funções e o produto t · f do número t
pela função f da maneira natural: (f + g)(x) = f (x) + g(x) e (tf )(x) = t · f (x).
Um exemplo do estudo de espaços vetoriais de funções é o estudo de equações
diferenciais, que é um assunto central na Fı́sica, Quı́mica, Economia e todas as
Engenharias.
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Uma equação diferencial
Considere a equação diferencial
3f 00 (x) + 6f (x) = 0
e toda solução f (x) da relação acima pode ser escrita como combinação linear
destas duas funções
√ √
f (x) = a sin( 2x) + b cos( 2x), a, b ∈ R.
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