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12.

O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

12. O Magnetismo e a Matéria (baseado no Halliday, 4 a edição)

Ímãs
O ímã representa um papel importante no nosso cotidiano.
Ex.: 1) aplicação doméstica → motores de aparelhos elétricos, TV, vídeo,
campainhas, relés, limitadores de corrente elétrica, medidores de corrente elétrica,
interfones, fones de ouvido, bombas de aquários, celulares, etc.
2) outros lugares → tinta de alguns cheques, cédulas de dinheiro,
secretárias eletrônicas, telefones, etc.
3) Aplicação na indústria e na pesquisa científica.

Começando o estudo
Chapa transparente com limalha de ferro (sobre a chapa) e um
ímã (sob a chapa).
A configuração da limalha de ferro, sugere a existência de dois
polos magnéticos.
Já vimos → que formam polos norte e sul, as linhas de campo
magnético e o problema do monopolo magnético.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 001


12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

“A estrutura magnética mais simples que existe na natureza é o dipolo


magnético. Não existem monopolos magnéticos, isto é, não existem estruturas
magnéticas análogas às cargas elétricas.”
Na natureza, o dipolo magnético fundamental (único responsável pelas
propriedades magnéticas da matéria) → está associado ao elétron.

Os elétrons podem produzir magnetismo de 3 modos diferentes:


1o) O magnetismo de cargas em movimento
Já foi visto.

2o) O magnetismo e o spin


Um elétron isolado pode ser considerado como uma minúscula carga negativa
girando, com um momento angular intrínseco ou spin, S.
Associado ao spin, existe o momento magnético do spin, S.

h
S= = 5,2729 10−35 J .s
4

onde h = 6,63  10-34 J s é a Constante de Planck.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 002


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O momento magnético em termos do magnéton de Bohr (B)

eh
1 B = = 9,27 10−24 J / T (O Magnéton de Bohr)
4 m

e → carga elementar.
m → massa do elétron.
Nestas Unidades (SI): S = 1 B (para um elétron).

S
E B

q−

S
Linhas de campo elétrico Linhas de campo magnético

Obs.: 1) As linhas de campo elétrico são as mesmas de uma carga negativa.


2) As linhas de campo magnético são as de um dipolo magnético.
3) O vetor de momento magnético do spin do elétron (S) é oposto ao vetor de
momento angular do spin (S).

[Cristóvão R M Rincoski] p. 003


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Algumas propriedades dos elétrons:

Propriedade Símbolo Valor


Massa m 9,1094  10-31 kg
Carga −e −1,6022  10-19 C
Momento angular do spin S 5,2729  10-35 J s
Momento magnético do spin S 9,2848  10-24 J/T

Assim como o elétron, um próton pode ser visto como uma carga minúscula em
rotação → com momento angular de spin, S, e momento magnético de spin, S, do
próton

3o) O magnetismo do movimento orbital


Os elétrons ligados aos átomos existem em estados que possuem um momento
angular orbital intrínseco (Lorb) → correspondendo ao movimento de uma órbita.

Estas órbitas podem ser tratadas como minúsculas espiras de corrente →


possuem momento magnético orbital (orb) que pode ser expresso como múltiplo do
magnéton de Bohr.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 004
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Perguntas:
1) Todo sólido contém elétrons; por que todas as coisas não são magnéticas?
2) Por que somente o ferro e outras poucas substâncias magnetizadas podem
atrair pregos?

Existem duas respostas:

1a) Na maioria dos casos, os momentos magnéticos dos elétrons num sólido se
combinam de tal modo que se cancelam (nenhum efeito externo)
Efeitos Magnéticos Externos:
1) Elétrons não emparelhados.
2) Circunstâncias especiais que permitam o alinhamento em grande escala dos
momentos de dipolo magnéticos.
2a) Em certo sentido, todo material é magnético.
Quando falamos popularmente do magnetismo, quase sempre estamos nos
referindo ao ferromagnetismo (a forma forte do magnetismo).

[Cristóvão R M Rincoski] p. 005


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O Momento Angular Orbital e o Magnetismo


Vamos deduzir a relação entre o momento magnético orbital, orb, e o momento
angular orbital, Lorb.

Lorb A → área formada pela órbita do elétron.


Lorb → momento angular orbital do elétron.
orb → momento magnético orbital do elétron.
A r → raio da órbita do elétron.
r
v → velocidade do elétron.
e−
v O elétron é equivalente a uma espira de corrente → o
momento de dipolo magnético de uma espira de corrente:
orb
 orb = i A

onde i → quantidade de carga que passa por qualquer ponto da órbita por unidade
de tempo.
2 r
Como a carga é igual a e o tempo igual ao período, T = , então
v
e
i=
2 r
v

[Cristóvão R M Rincoski] p. 006


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Como a área formada pela “espira de corrente” é A =  r2,


e 1
 orb = ( r 2 ) = e v r
2 r 2
v
O momento angular do elétron é dado como Lorb = m v r
 e 
 orb =− Lorb
2m

A física quântica nos diz que, o memento angular orbital de um elétron, é


quantizado
e h eh
orb = = (que é o Magnéton de Bohr)
2 m 2 4 m

“Um magnéton de Bohr é igual ao momento magnético orbital de um elétron que,


circula numa órbita, com o menor valor permitido (não nulo) do momento angular
orbital.”

A Lei de Gauss do Magnetismo


A Lei de Gauss do magnetismo é uma maneira formal de enunciar a não
existência de monopolos magnéticos.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 007
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O fluxo do campo magnético através de qualquer superfície fechada deve ser zero
 

 B = B  dA = 0 (Lei de Gauss do Magnetismo)

 
 0  E =  0  E  dA = q (Lei de Gauss da Eletricidade)

Nas duas Leis de Gauss:


1) a integral deve ser feita sobre toda a superfície fechada (gaussiana).
2) Na Lei de Gauss do Magnetismo B = 0 T m2 pois não temos o equivalente das
cargas livres, no magnetismo.
3) Não existem “fontes ou sorvedouros” de B.

O Magnetismo da Terra

William Gilbert (ou William Gylberde) (24 de Maio de 1544, Colchester —10 de
Dezembro de 1603, Londres, UK) foi um físico e médico inglês.
Foi médico da Rainha Elizabeth I e do Rei James I, como físico fez pesquisas no campos
do magnetismo e eletricidade.

O principal trabalho de Gilbert foi De Magnete, Magneticisque Corporibus, et de Magno


Magnete Tellure (Sobre os ímãs, os corpos magnéticos e o grande imã terrestre)
publicado em 1600, sobre o magnetismo terrestre.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 008
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Willian Gilbert (1600) → De Magnete ... → primeiro estudo dos fenômenos


magnéticos
“Tinham conhecimento de que a Terra era um ímã gigantesco.”

Para pontos próximos à superfície, podemos representar o


R campo magnético como sendo de um dipolo magnético no
M centro da Terra.

As linhas de campo magnético mostradas aqui, são uma


idealização → na realidade elas são influenciadas por
fenômenos como o vento solar.

Como aproximação de dipolo magnético, o momento de


dipolo magnético da Terra é  8,0  1022 J/T, e faz um ângulo
M de 11,50 com o eixo de rotação da Terra (RR)
R 11,50
A reta MM corta a Terra em dois pontos:
1) o Polo Norte Geomagnético → no noroeste da Groenlândia,
2) o Polo Sul Geomagnético → na Antártica
Obs.: 1) Polo norte geográfico = polo sul magnético,
2) Polo sul geográfico = polo norte magnético.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 009
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Graças às suas aplicações práticas: na navegação, na comunicação e na


prospecção → o campo magnético tem sido amplamente estudado.

Declinação do campo → ângulo entre o polo norte geográfico verdadeiro, na


latitude de 900, e o componente horizontal do campo.
Inclinação do campo → o ângulo entre um plano horizontal e a direção do
campo.
“Em qualquer ponto sobre a superfície da Terra, o campo magnético observado
pode discordar apreciavelmente do campo idealizado do dipolo, tanto em módulo,
como em direção.”

O campo observado em qualquer local da superfície terrestre varia com o tempo


por quantidades mensuráveis sobre um período de anos, e por quantidades
substanciais em períodos de 100 anos.
Ex.: de 1580 a 1820 → a direção da agulha de uma bússola em Londres, variou
de 350.

Até os dias de hoje não existe nenhuma teoria satisfatória para explicar a origem do
magnetismo da Terra:
“é quase certo que ele resulta de espiras de corrente induzidas na camada
líquida e altamente condutora da região mais externa do núcleo da Terra.”

[Cristóvão R M Rincoski] p. 010


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A Lua, que por não ter um núcleo derretido → não apresenta campo magnético.
A maioria dos planetas do nosso sistema solar (ex.: Mercúrio, Júpiter) o Sol e
outras estrelas → possuem campo magnético (“núcleo derretido”)
Ex.: estima-se que estrelas de nêutrons possuem campos magnéticos de
intensidade igual a vários milhões de tesla.

Existe também um campo magnético associado à nossa galáxia  2 pT → mas de


importância, por causa do grande volume que ocupa.

Para distâncias acima da Terra (de alguns raios


Sol terrestres) → o campo de dipolo da Terra se modifica
em grande parte por causa da ação do vento solar
(partículas carregadas que são constantemente
emitidas pelo Sol)
Terra A cauda magnética se estende da Terra até distâncias
da ordem de milhares de diâmetros terrestres.

Paramagnetismo
O paramagnetismo é a forma mais fraca e menos familiar, do magnetismo.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 011


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Na maioria dos átomos e íons → os efeitos magnéticos dos elétrons (incluindo


spins e movimento orbital) anulam-se, de modo que o átomo ou o íon é não-
magnético.
Ex.: válido para gases raros (ex.: neônio) e para íons como o Cu+, que constitui o
cobre comum.

Em outros átomos e íons os efeitos não se anulam → temos um momento de dipolo


magnético, .
Ex.: elementos de transição como o Mn2+, as terras raras como Gd3+ e os
elementos da série dos actinídeos como U4+.

Quando uma amostra contendo N átomos, cada um com um momento de dipolo


magnético , é colocada num campo magnético, os dipolos atômicos elementares
tendem a alinhar-se com este campo → esta tendência de alinhamento é
denominada de paramagnetismo.

1) Se o alinhamento fosse perfeito, o momento magnético resultante seria N .

2) Como temos agitação térmica → o alinhamento não é perfeito


Ex.: considere as duas energias, cinética de translação e a de alinhamento de
dipolo magnético

[Cristóvão R M Rincoski] p. 012


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3kT
Energia cinética média de translação → K =
2
Diferença de energia entre um átomo com momento de dipolo alinhado com o
campo e outro átomo com o momento de dipolo oposto ao campo → UB = 2  B.

3 k T / 2 >> 2  B → mesmo para temperaturas normais e campos intensos.


“O que leva a concluir que: as colisões entre átomos tem um efeito muito
importante de destruição do alinhamento do dipolo.”
O momento magnético da amostra é, então, muito menor que o máximo possível,
N .

Podemos expressar o grau com que se encontra magnetizada uma amostra:


dividindo o momento magnético da amostra, pelo seu volume
 def 
M = (Magnetização)
Vol.
Unidade (M):
a) [M] = [] / [Vol.] → no S. I. → (A m2) / (m3) → A / m.
b) Valor unitário
1 A m2
1A m =
1 m3

[Cristóvão R M Rincoski] p. 013


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Pierre Curie (15 de maio de 1859, Paris −19 de abril de 1906, Paris, França) foi um
físico francês.
Foi pioneiro no estudo da cristalografia, magnetismo, piezeletricidade e radioatividade.
Recebeu o Nobel de Física de 1903, juntamente com a sua mulher Marie Curie:
"em reconhecimento pelos extraordinários serviços que ambos prestaram através da
suas pesquisas conjuntas sobre os fenômenos da radiação descobertos pelo professor
Henri Becquerel".

Pierre Curie (1895) → descobriu, experimentalmente, que a magnetização (M) de


uma amostra paramagnética é diretamente proporcional a B (campo magnético no
qual a amostra está imersa) e inversamente proporcional à temperatura Kelvin (T).

B
M = C  (Lei de Curie)
T 

C → constante de proporcionalidade = constante de Curie.

1) A Lei de Curie é observada experimentalmente, desde que B/T não se torne


muito grande.
2) M não pode crescer indefinidamente (como sugere a Lei de Curie) mas tem um
valor máximo
N
M max =
Vol .
[Cristóvão R M Rincoski] p. 014
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Isto corresponde: ao alinhamento completo dos N dipolos contidos no volume Vol.


da amostra.

Diamagnetismo
Um dos fenômenos eletrostáticos mais antigos: pedacinhos de papel
descarregados são “atraídos” por uma barra carregada, ao serem colocados no
campo elétrico não-uniforme próximo da extremidade da barra.
− +
− +
F(−) − + F(+) As moléculas de papel não possuem dipolos elétricos
− + intrínsecos, e podemos explicar esta atração em termos
− +
de momentos de dipolos induzidos, no papel, pela ação
− +
do campo elétrico externo.
− +

Um efeito semelhante ocorre no magnetismo:


1) alguns materiais diamagnéticos, não possuem dipolos magnéticos
intrínsecos (ou seja eles são paramagnéticos).

2) Podemos induzir dipolos magnéticos nestes materiais pela ação de um campo


magnético externo.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 015


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3) Se uma amostra deste material (diamagnético) for colocada num campo


magnético não−uniforme, nas vizinhanças de um dos polos de um ímã forte, uma
força magnética (muito fraca) atuará sobre a amostra → a amostra em vez de ser
atraída, será repelida.

O que caracteriza esta diferença de comportamento?


caso eletrostático → atração
caso magnético → repulsão
R.: 1) dipolos elétricos induzidos apontam no mesmo sentido do campo elétrico
externo.
2) dipolos magnéticos induzidos apontam no sentido oposto do campo
magnético externo.

O diamagnetismo é na verdade, uma manifestação da Lei da Indução de Faraday,


atuando sobre os elétrons atômicos → minúsculas espiras de corrente
(diamagnetismo, descoberto e assim chamado pelo próprio Faraday)

O sentido oposto do momento magnético induzido pode ser visto como uma
consequência da Lei de Lenz.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 016


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Ferromagnetismo
Quando falamos do magnetismo, informalmente, não pensamos nos efeitos
diamagnéticos ou paramagnéticos, relativamente fracos, mas estamos pensando
no ferromagnetismo.
O ferro e outros elementos (ex.: cobalto, níquel, gadolínio, disprósio, ligas destes
e de outros elementos), apresentam uma interação especial → acoplamento de
troca.

Acoplamento de troca → permite o alinhamento dos dipolos magnéticos atômicos,


em rigoroso paralelismo, apesar da agitação térmica → a este fenômeno
chamamos de ferromagnetismo.

Quando a temperatura de um material ferromagnético é elevada acima da de um


certo valor crítico (Temperatura de Curie), o acoplamento de troca desaparece → o
material torna-se apenas paramagnético.
Ex.: ferro TC = 1.043 K ( 7700 C)

O ferromagnetismo não é somente uma propriedade do átomo ou do íon individual,


mas também uma consequência da interação com seus vizinhos na rede cristalina
do sólido.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 017


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Henry Augustus Rowland (27 de novembro de 1848, Honesdale, Pennsylvania − 16
de abril de 1901, Baltimore, USA) foi um físico norte-americano.
Entre 1899 e 1901 serviu como o primeiro presidente da American Physical Society. É
também lembrado, ainda hoje, particularmente pela alta qualidade das redes de difração
que construiu para analisar o espectro solar.
“... During these early years his pastime was the study of magnetism and electricity, his
lack of money for the purchase of insulated wire for electro-magnetic apparatus led him to
the invention of a method of winding naked copper wire, which was later patented by
some one else and made much of. Within six months of his entering the Institute he had
made a delicate balance, a galvanometer, and an electrometer, besides a small induction
coil and several minor pieces. ...”
Biographical Memoir of Henry Augustus Rowland
Para estudarmos a magnetização de um material ferromagnético, é conveniente
dar-lhe a forma de um toróide fino conforme figura abaixo (Anel de Rowland):
i
S
P → bobina primária.
i
S → bobina secundária.
ip
Núcleo de n → número de espiras por unidade de
ferro comprimento do toróide primário.
ip
ip → corrente no primário.
P Linha de B0 → campo magnético no interior da bobina
campo primária.
magnético
[Cristóvão R M Rincoski] p. 018
12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

O dispositivo acima ficou conhecido como: Anel de Rowland.


O campo magnético efetivo, com o núcleo de ferro presente, é maior que B0, isto é,
o campo B0 = 0 n i p
B = B0 + BM
Onde:
B0 → campo magnético gerado pelo enrolamento toroidal → solenoide encurvado.
BM → campo magnético devido à contribuição do núcleo de ferro → campo
magnético devido à magnetização do núcleo de ferro.
A bobina secundária é utilizada para medir B, ou seja:
BM = B − B0

O campo BM está associado ao alinhamento dos dipolos atômicos, elementares, no


ferro e é proporcional à magnetização (M) do ferro → ao seu momento magnético
por unidade de volume.
BM tem o seu alinhamento máximo → BM,max. que corresponde ao alinhamento
completo dos dipolos atômicos.

Curva de Magnetização → gráfico (para qualquer amostra ferromagnética que


possa tomar a forma de um Anel de Rowland) da razão BM/BM,máx. em função de B0.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 019


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lâmina de aço

BM / BM,máx
aço fundido

ferro fundido

B0

1) A curva de magnetização nos dá o grau de influência que um campo magnético


aplicado exerce sobre o alinhamento dos dipolos magnéticos elementares do
material.
2) Para B0  1  10-3 T → um alinhamento de aproximadamente 70%.
Extrapolando B0  1 T → teríamos um alinhamento de aproximadamente 99,7%.

3) O uso de ferro em eletroímãs aumenta enormemente a intensidade do campo


magnético que pode ser gerado por uma corrente no enrolamento → BM >> B0.
4) Quando B0 é muito grande a presença do ferro não oferece muita vantagem →
efeito de saturação.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 020


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5) No ferromagnetismo fizemos a hipótese de que os dipolos de átomos vizinhos


permanecem ligados num paralelismo rígido:

a) Por que, então, o momento magnético da amostra não alcança seu valor de
saturação para valores muito pequenos (mesmo zero) de B0?
b) Por que cada prego de ferro não é um ímã permanente forte?
R.: considerando uma amostra de material ferromagnético, ex. ferro, que seja na
forma de um monocristal.
Monocristal → o arranjo dos átomos constituintes (ou seja, a sua rede cristalina)
estende-se com regularidade através do volume da amostra.
Este cristal em seu estado normal, não-magnetizado → constituído de domínios
magnéticos.
Domínios magnéticos → nestas regiões do cristal, o alinhamento dos dipolos
atômicos é essencialmente perfeito (100%).
No cristal como um todo, a orientação dos domínios é aleatória → os efeitos
magnéticos dos domínios se cancelam.
As fronteiras dos domínios magnéticos → são locais de campos magnéticos
intensos, mas altamente localizados e não-uniformes.
Fronteiras dos domínios magnéticos → região onde o alinhamento dos dipolos
elementares muda de um sentido num domínio, para outro completamente diferente
noutro domínio.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 021
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Um pedaço de ferro real (ex.: um prego) não é um monocristal, mas um conjunto de


minúsculos cristais orientados aleatoriamente → sólido policristalino.
Magnetizando esta amostra, colocando-a num campo magnético externo, de
intensidade gradualmente crescente, ocorrem dois efeitos que contribuem para a
sua magnetização:
* Aumento do tamanho dos domínios que estejam favoravelmente orientados.
* Um desvio na orientação do conjunto dos dipolos de um domínio, tendendo a
alinhar-se com o sentido do campo.

Magnetismo de Fornalhas Antigas


A argila nas paredes e no chão de uma fornalha antiga, tem comportamento
semelhante ao do ferro porque, a argila contém o óxido de ferro da magnetita e da
hematita.
Ex.: magnetita → pequenos domínios da ordem de 3  10-7 m
hematita → grandes domínios da ordem de 1 mm

Quando a fornalha é aquecida a várias centenas de graus Celsius, os dois tipos de


domínios variam:
1) Magnetita → as fronteiras dos domínios se deslocam de modo que os domínios
mais alinhados com o campo magnético da Terra aumentam e outros reduzem.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 022


12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

2) Hematita → os domínios giram de modo que se alinham com o campo magnético


da Terra.

Em ambos os casos o resultado é que a argila fica com o campo magnético


alinhado como o da Terra.
Quando a fornalha esfria, os domínios e os campos magnéticos ficam retidos →
magnetismo termorremanente.

Dessa forma os arqueólogos ficam sabendo do campo magnético da Terra quando


a fornalha foi usada pela última vez, e o campo magnético da Terra nesta ocasião.

Medindo BM (cálculos para Bobina de Rowland)

BM = B − B0 (para uma amostra ferromagnética)

B → campo medido (Bobina de Rowland)


B0 → B0 = 0 n ip → calculamos

O núcleo de ferro deve estar inicialmente desmagnetizado.


Bobina Secundária S → resistência Rs, com Ns espiras e área A.
O fluxo B aumenta até o valor B A, num tempo t.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 023
12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

Da Lei de Faraday → valor médio da fem na bobina S:


d B N BA
 s = −Ns =− s
dt t
s N s BA
is = = → corrente induzida
Rs Rs t

(is t ) Rs q Rs
B= = onde q = is t.
Ns A Ns A
q Rs
B=
Ns A

q → quantidade de carga que passa na bobina secundária, S, durante o tempo


t, que o campo magnético no núcleo de ferro está crescendo → ex.: q pode ser
medido usando um galvanômetro balístico ou outro meio.

Histerese
As curvas de magnetização para materiais ferromagnéticos não se superpõem
quando aumentamos e, depois, diminuímos o campo magnético externo, B0.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 024


12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

BM
A falta de superposição → curva de histerese ao lado (bcdeb)
b
c Começa em a, então o campo magnético B0 aumenta até b,
depois diminui até c (B0 = 0T), invertendo o sentido da
corrente no toróide (invertemos B0) até d; reduzimos B0
a B0 novamente até e (B0 = 0T), e invertemos novamente a
corrente até b.

e Histerese → falta de superposição nas inversões de B0.


d
Ciclo de histerese → curva bcdeb.
Pontos c e e → o núcleo de ferro continua magnetizado, mesmo cessando B0,
fenômeno semelhante ao magnetismo permanente (na verdade é magnetismo
permanente, ver a seguir).
A histerese pode ser compreendida através do conceito de domínio magnético →
os movimentos das fronteiras dos domínios e as reorientações destes domínios,
não são totalmente reversíveis (quando invertemos B0).
“Quando o campo magnético aplicado B0 é aumentado, e a seguir, diminuído
até o seu valor original, os domínios não retornam completamente ao estado
original, mas conservam uma certa ‘memória’ do crescimento inicial de B0.”

Esta “memória” dos materiais magnéticos é essencial para o armazenamento


magnético de informação (ex.: antigas fitas de videocassete, discos rígidos de
computadores, etc.).
[Cristóvão R M Rincoski] p. 025
12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

Magnetismo Nuclear: Um Aparte


Os núcleos dos átomos também são dipolos magnéticos → cerca de 1000 vezes
menores do que os associados aos elétrons, de modo que o magnetismo nuclear
não contribui de forma mensurável para as propriedades magnéticas dos sólidos.

Apesar disto, o magnetismo nuclear é vital para nos dar informações sobre as
estruturas internas dos átomos e núcleos, bem como pelas suas aplicações
práticas.
Ex.: Imagens por Ressonância Magnética (IRM ou MRI em inglês), que usa o
momento magnético dos prótons de alguns núcleos do paciente a examinado.
Imagem da seção transversal da cabeça de um paciente,
obtida pela técnica IRM. Ela mostra detalhes que seriam
impossíveis de se obter numa técnica de raios X normal.
Além disso, a IRM não envolve radiações prejudiciais à saúde
do paciente.

http://www.cis.rit.edu/htbooks/mri/
http://www.proimagem.biz/page10.aspx
[Cristóvão R M Rincoski] p. 026
12. O Magnetismo e a Matéria Capítulo 12

Lista de Exercícios Complementar 12

1E) pág. 270


4E) pág. 270
8P) pág. 270
12E) pág. 271
18E) pág. 271
19E) pág. 271
21P) pág. 271
28E) pág. 272
33P) pág. 272
35) pág. 273

[Cristóvão R M Rincoski] p. 027

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