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Mercedes Okumura*
Astolfo Araujo*
A rtefatos líticos lascados em formato de energia cinética produzida por meio de algum
ponta são bastante comuns nas Améri- dispositivo (arco ou propulsor de dardos). Por
cas, sendo denominados genericamente “pontas fim, algumas pontas podem ter sido utilizadas
de flecha” ou “pontas de projétil”. Embora sua como furadores, cuja ação se dá por meio
função perfurante seja óbvia, podem ser vários de movimentos circulares acompanhados de
os meios pelos quais a perfuração é produzida: pressão. Em suma, os termos “ponta de flecha”
pressão induzida pela força muscular de quem ou “ponta de projétil” são inadequados, uma
manuseia o artefato, transmitida diretamente vez que pressupõem um determinado meio
de transmissão de energia em detrimento de
outros. Sendo assim, designaremos tais artefatos
como “pontas bifaciais”.
(*) Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, Uma característica importante das pontas
Brasil <okumuram@usp.br><astwolfo@usp.br> bifaciais reside no fato de as mesmas se
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constituírem em artefatos formais, ou seja, do Sul a São Paulo1 (e em alguns casos até Minas
instrumentos cuja manufatura visa à obtenção Gerais, conforme Koole, 2007:40), acabam por
de uma forma específica. No Brasil, um dos serem todos associados à Tradição Umbu2. Inde-
melhores exemplos de produção de pontas bi- pendentemente da adequação dessa Tradição, é
faciais é a denominada Tradição Umbu. Essa provável que tal associação direta esteja oblite-
tradição, distribuída na porção sul e sudeste rando importantes variações regionais e locais,
do país, foi caracterizada justamente pela seja em termos cronológicos, seja espaciais.
presença de pontas bifaciais, apresentando
idades desde 12.700 AP até o período históri-
co (Schmitz et al. 1980; Schmitz 1999; Noelli, Problemas da classificação de vestígios arqueo-
1999-2000). lógicos em tradições
São duas as hipóteses a respeito da origem
da Tradição Umbu; uma delas supõe que a mes- Segundo o PRONAPA (1976:145), tradi-
ma teria se originado a partir da Fase Uruguai, ção é definida como “grupo de elementos ou
já presente no 11º. milênio AP no sudoeste do técnicas que se distribuem com persistência
Rio Grande do Sul (Kern 1981:232-8; Schmitz temporal”.
1984:8-12; 1987). Outra hipótese seria a origem A princípio, tais conceitos de tradição eram
dessa Tradição a partir da Fase Vinitu encontra- totalmente desvinculados de qualquer significa-
da no sudoeste do Paraná (Kern 1981: 215-220; do “etnográfico” (semelhante ao proposto pelo
Schmitz 1984:12-14). Schmitz (1987) chama a Midwestern Taxonomic Method, McKern 1939). As
atenção para o fato de que, apesar do grande pesquisas arqueológicas pioneiras tinham como
número de sítios identificados como represen- objetivo a definição de tradições, o que foi feito
tantes da tradição Umbu, pouquíssimos indica- muitas vezes a partir de um ou dois sítios. Poste-
dores cronológicos têm sido identificados. Isso riormente, as fases e tradições começaram a ser
acabou por gerar controvérsias a respeito de sua comparadas a “unidades autônomas e semiautô-
própria existência, uma vez que tal “tradição” nomas”, ou “tribos” (“fases”), “entidades tribais
abarcaria uma faixa cronológica demasiadamen- ou lingüísticas” e “nações” (“tradições” – Meggers
te extensa, de 11.000 a 500 anos AP. Em áreas e Evans 1985; Schmitz 1991).
onde os sítios associados à Tradição Umbu As críticas à definição e uso do termo “tra-
são abundantes, como o sudeste do Paraná e o dição” foram muitas (p.ex.: Dias 2003:51; Dias
nordeste (e possivelmente o sudoeste) do Rio 2007; Dias e Hoeltz 2010; Hilbert 1994; Milder
Grande do Sul, a cronologia parece ser bastante 1999) e podem ser sintetizadas em alguns aspec-
recuada. Já no planalto do Rio Grande do Sul, tos: 1) definição de tradições baseada em um
em Santa Catarina e no sul de São Paulo, tal elenco pequeno de critérios tipológicos; 2) o uso
tradição parece ser mais recente. de “fósseis-guia” para determinar a associação
A Tradição Umbu coloca um problema de determinado sítio a uma ou outra tradição.
especial aos arqueólogos por conta de duas Em outras palavras, a aplicação do termo “tradi-
características básicas: sua ampla distribuição ção” resultou, por exemplo, no fato corriqueiro
geográfica e, acima de tudo, cronológica. Seria de que todos os sítios líticos que apresentassem
real a permanência de uma mesma “tradição”
que se estende do fim do Pleistoceno até as vés-
peras do período histórico? Tal questionamento (1) Miller Jr. (1972) definiu a Tradição Rio Claro (baseada em
sítios da cidade paulista homônima), onde havia a presença
tem levado à discussão da validade do conceito de pontas de projétil em algumas das fases. Prous (1991:154)
de “Tradição Umbu” em termos classificatórios posteriormente relata que essa tradição teria sido englobada
ou mesmo organizacionais, uma vez que tal tra- dentro da Tradição Umbu. Essa inclusão parece ser bastante
dição é geralmente “definida” unicamente pela controversa, uma vez que nem todas as fases da Tradição Rio
Claro apresentam pontas bifaciais e, portanto, não poderiam
presença de pontas bifaciais. Portanto, sítios teoricamente ser incluídas na Tradição Umbu.
com presença de pontas, existentes em contex- (2) Há exceções, veja Chmyz (1981) para uma discussão sobre
tos que no Brasil se estendem do Rio Grande a Tradição Bituruna.
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pontas bifaciais (o “fóssil-guia”) fossem auto- de total expediência. No entanto, uma rápida
maticamente classificados como pertencentes à revisão bibliográfica aponta claramente para
Tradição Umbu. uma maior ênfase na caracterização e estudo
Passadas mais de três décadas desde as das indústrias líticas formais, seja no Velho
definições iniciais do PRONAPA, tivemos as Mundo, seja no Novo Mundo. Certamente,
críticas subsequentes, as remodelações dos há ainda hoje uma fascinação pelas indústrias
conceitos “pronapianos” visando a uma apro- líticas formais, reminiscente do colecionismo
ximação com a antropologia, uma nova onda e dos gabinetes de curiosidades, uma vez que
de críticas (algumas delas chegando às raias do os artefatos apresentam maior apelo visual
histrionismo) e, finalmente, chegamos à cris- e estético, alem de serem mais facilmente
talização do conceito de “tradição”, simples- reconhecidos. Outro ponto importante é que,
mente porque não há nada para ser colocado tendo em vista as discussões em torno de estilo
no lugar. Após 40 anos de controvérsia, talvez e função (Binford 1977; 1979; Dunnel 1978;
possamos ficar em paz com as tradições, desde Sacket 1985), os artefatos formais são mais
que as entendamos como uma ferramenta facilmente “apreendidos” como significantes e
heurística. Na verdade, talvez a melhor defini- significado de processos de transmissão cultu-
ção de tradição seja a primeva: simplesmente ral. Isso levou à exploração e desenvolvimento
um “grupo de elementos ou técnicas que se de vários sistemas de classificação, resultando
distribuem com persistência temporal”. Por em uma maior disponibilidade de análises
um feliz acaso, a definição primordial se refere estatísticas que podem ser aplicadas de modo
a um grupo, ou seja, um agregado de elementos a caracterizar tais indústrias. Esse é o caso da
passíveis de serem listados, e não a uma classe, Europa e da América do Norte, por exemplo,
o que demandaria uma definição (Dunnell onde a ênfase ocorre na variação formal entre
2006). Assim, as tradições jamais serão defi- “tipos” de artefatos, os quais são geralmente
nidas, apenas descritas. Isso pode ser pouco considerados independentes da tecnologia. Tal
satisfatório de um ponto de vista formal, mas, ênfase foi a marca da abordagem da análise
novamente, serve perfeitamente a propósitos lítica desenvolvida por François Bordes (1950),
heurísticos. e essa perspectiva tem permeado o pensamen-
Não propomos, portanto, a abolição do uso to arqueológico muito além da sua aplicação
do termo “Tradição Umbu”, porém, ressaltamos original nas assembleias do Paleolítico Médio.
a importância de se averiguar quais seriam as Atualmente, muitos arqueólogos podem não
fronteiras cronológicas e espaciais dessa tradi- compartilhar a ideia primordial de Bordes,
ção, a fim de que não se siga incluindo todos que buscava determinar etnicidade e interação
os sítios que apresentem pontas bifaciais nessa social entre culturas separadas, mas ainda hoje
categoria. Tradições, ou seja qual for o nome forma e técnica são consideradas como entida-
que dermos para esses agregados de fenômenos, des independentes e tecnologia é geralmente
podem ser úteis em termos de transmissão de considerada como relativamente não informa-
informações entre os profissionais e mesmo tiva (Draper 1985). Dessa forma, não se pode
para o público leigo. Podem ser deletérias, ignorar o potencial explanatório dos artefatos
porém, quando se tornam uma caixa-preta. formais, uma vez que essa característica, a
Nesse contexto, cremos que o (ab)uso do termo normatização de gestos e técnicas visando à
“Tradição Umbu” tenha que passar por uma produção de artefatos com formas específicas,
maior reflexão. permite que sejam traçadas relações de intera-
Por que estudar pontas? Artefatos líticos ção cultural.
formais e suas potenciais abordagens estatísticas Conforme Dias (2003:225) ressalta, uma
Binford (1977; 1979) sugeriu que a orga- indústria lítica só pode ser plenamente enten-
nização tecnológica pode ser vista como um dida com a análise de toda a cadeia operatória,
contínuo de casos centralizados na produção e a variação tipológica observada nos artefatos
de ferramentas altamente modificadas e casos formais é apenas a ponta do iceberg (Perlés
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Figura 1: Ponta bifacial exemplificando os pontos a partir dos quais foram tomadas medidas lineares e
também os pontos de referência das análises de morfometria geométrica.
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A análise da forma sempre teve um impor- al. 2007; Buchanan e Collard 2010; Cardillo
tante papel em distintas áreas do conhecimento, 2006; 2009; 2010; Castiñera et al. 2009; 2011;
incluindo biologia, engenharia, entre outras. Franco et al. 2009; Charlin e González-José 2012),
Diferenças na forma podem ser descritas sumaria- porém, permanece inédita no Brasil. Neste artigo,
mente através de objetos familiares, como formas exploramos algumas das potenciais aplicações
geométricas ou letras do alfabeto. Entretanto, deste método na análise da morfologia de pontas
tais descrições são bastante vagas, inacuradas ou bifaciais.
até errôneas, especialmente quando as formas A morfometria quantifica e testa as diferenças
são complexas. Embora abordagens utilizando na forma através do uso de pontos de referência
medidas lineares sejam bastante utilizadas para a (Bookstein 1991), também conhecidos na literatu-
caracterização da morfologia de artefatos formais, ra internacional como “landmarks”. Neste estudo,
sabe-se que parte importante da informação, os pontos de referência utilizados foram cinco
especialmente no que diz respeito à forma (em (indicados na Figura 1): o ápice da ponta (A), a
comparação com o tamanho), é perdida. A fim ponta da aleta (D), o ponto de encontro entre
de tentar resgatar a informação sobre a forma, pescoço e corpo da ponta (I), a lateral do pedún-
incluiu-se uma análise utilizando a morfometria culo (F) e a extremidade do pedúnculo na linha
geométrica. A morfometria geométrica é simples- longitudinal (B). Esses cinco pontos de referência
mente um método quantitativo de se estabelecer foram digitalizados com o software TPSDig2 em
comparações de forma (Zelditch et al. 2004). Em fotografias padronizadas (com a câmera paralela à
outras palavras, a morfometria quantifica a varia- ponta bifacial e com uma escala em cm) em 658
ção e testa as diferenças na forma. A aplicação da pontas de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
morfometria geométrica em dados arqueológicos Rio Grande do Sul. A descrição de cada grupo
tem ganhado adeptos em muitos países como analisado encontra-se na Tabela 2 e a Figura 3
os EUA, Inglaterra e Argentina (Buchanan et apresenta a localização geográfica dos grupos.
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As análises de morfometria geométrica fo- seu desvio padrão. Valores maiores que 4,0 e
ram feitas com os softwares TPSRegr, TPSSmall, menores que –4,0 foram considerados como
TPSRelw e TPSPLS (Rohlf, s.d.). “outliers” e excluídos. Foram eliminados 11
indivíduos, sendo seis de Rio Claro e cinco de
Reserva. A Tabela 1 (vide Materiais e Métodos)
Resultados apresenta a amostra utilizada para as análises
após a remoção dos indivíduos “outliers”.
A Tabela 3 mostra os resultados da análise de A seguir, fez-se uma análise de Kruskall-
correlação. Os números correspondem àqueles -Wallis (versão não paramétrica da ANOVA para
listados na seção de Materiais e Métodos. Todas amostras independentes, calculada baseando-se
as variáveis apresentaram-se significativamente na soma dos rankings dos grupos combinados).
correlacionadas (p<0,05). Optou-se por selecionar O objetivo foi verificar se a hipótese de que não
aquelas variáveis cuja correlação fosse menor que há diferenças entre os grupos pode ser rejeitada.
0,60 (em negrito) e que representassem algumas Para todas as quatro medidas, foi obtido um
das dimensões de interesse: comprimento do valor de p < 0,000, o que significa que é possível
corpo (2), comprimento do pedúnculo (3), largura rejeitar a hipótese nula de que não há diferen-
do pescoço (5) e espessura do pescoço (7). ças importantes entre as séries.
Ao fim desta seleção, realizou-se a inspeção A Figura 4 mostra os valores de mínimo e
da distribuição normal das variáveis em cada de máximo, os limites de 25% e 75% da amos-
amostra, devido à normalidade ser um pré- tra e a mediana, para o comprimento medial do
-requisito para a aplicação de diversas análises corpo (Figura 4a), o comprimento medial do pe-
estatísticas. Utilizou-se para tanto o “Z-score”, dúnculo (Figura 4b) largura do pescoço (Figura
que consiste no cálculo baseado no valor de 4c) e espessura do pescoço (Figura 4d). Chama
cada variável de cada indivíduo subtraído da a atenção a maior mediana apresentada pelos
média (calculada a partir dos valores de todos espécimes de Rio Claro em relação à medida do
os indivíduos para essa variável) e dividido por comprimento medial do pedúnculo.
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1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 0.97
3 0.58 0.38
4 0.65 0.60 0.48
5 0.68 0.60 0.62 0.70
6 0.46 0.43 0.35 0.23 0.54
7 0.47 0.38 0.5 0.29 0.59 0.76
8 0.42 0.32 0.55 0.29 0.59 0.61 0.84
9 0.55 0.50 0.41 0.27 0.56 0.92 0.85 0.68
10 0.85 0.84 0.45 0.55 0.50 0.21 0.40 0.37 0.36
Tabela 3: Coeficientes de correlação obtidos para as variáveis métricas. Os números referem-se às medidas lineares
descritas no texto.
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% Rio Claro Reserva Taió Urussanga Dalpiaz SA Patrulha Caí Ivoti Gariv
Tabela 4: Porcentagem de classificação correta dos indivíduos e número de indivíduos classificados em cada grupo.
Rio Claro Reserva Taió (SC) Urussanga Dalpiaz SA Patrulha Caí (RS) Ivoti (RS)
(SP) (PR) (SC) (RS) (RS)
Reserva (PR) 0.00
Taió (SC) 0.00 0.00
Urussanga (SC) 0.00 0.12 0.08
Dalpiaz (RS) 0.00 0.00 0.00 0.00
SAPatrulha (RS) 0.00 0.00 0.00 0.07 0.00
Caí (RS) 0.00 0.01 0.07 0.68 0.00 0.02
Ivoti (RS) 0.00 0.00 0.00 0.41 0.00 0.12 0.02
Garivaldino (RS) 0.00 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00 0.00 0.02
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Nas análises de morfometria geométrica, rentes dos demais (p< 0.05), com exceção de
o tamanho do centróide mede a dispersão dos Campos Novos (SC), Ibicuí (RS) e Taió (SC).
pontos de referência em torno do baricentro Observando-se a Figura 7, verifica-se que as
da configuração (Zelditch et al. 2004). O pontas de São Paulo são maiores que as do
tamanho do centróide foi computado usando sul, com exceção de dois grupos cuja diferen-
os cinco pontos de referência descritos na ça de tamanho não foi significativa (Campos
seção Materiais e Métodos. Um teste de per- Novos e Ibucuí).
mutação mostrou que após 1000 “randomi- A correlação entre as distâncias euclidianas
zações”, havia diferenças significativas entre e de Procrustes foi de 0.99989, portanto, a
alguns grupos. A Tabela 6 mostra que os dois aproximação tangencial é boa.
grupos de São Paulo (Alice Boer e Ipeúna) são A forma consenso gerada a partir dos dados
semelhantes entre si e significativamente dife- é apresentada na Figura 8.
Ali Ipe Res Tai Cri Cpo Cai Cap Dal Gar Ibi Npe Sin
(SP) (SP) (SP) (PR) (SC) (SC) (SC) (RS) (RS) (RS) (RS) (RS) (RS)
Ipe ns
Res *** **
Tai * ns ns
Cpo ns ns * * ***
Cai ** * ns ns ns *
Sin ** *** ns * ns * ns ns ns ns ** **
Tabela 6: Valores de p a partir do teste de Fisher aplicado ao tamanho do centróide. Valores de p<0.05 = *, p<0.01
= **, p<0.001 = ***, valor não significativo = ns.
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A Figura 9 mostra a Análise de Componen- (porção inferior) e ponta cujo corpo é comprido
tes Principais aplicada às coordenadas de forma. e o pedúnculo bifurcado (porção esquerda).
Verifica-se uma considerável sobreposição dos A partir da matriz dos escores das deforma-
grupos. Também é possível verificar os extremos ções relativas (“Relative Warps Score Matrix”)
de forma dessa amostra. Nesse caso, a forma foi realizada uma análise discriminante. O
consenso observada na Figura 6 estaria locali- gráfico representando as duas funções canônicas
zada no centro do gráfico (coordenadas 0,0). dessa análise discriminante (Figura 10) mostra
É possível verificar que há pontas cujo corpo é que os dois grupos de São Paulo possuem forma
longo e o pedúnculo afilado (formas da porção distinta dos grupos do sul. Também é possível
superior do gráfico), pontas cujo corpo é curto verificar uma associação entre Paraná e Santa
e o pedúnculo afilado (porção direita), pontas Catarina, especialmente entre Reserva (PR) e
cujo corpo é curto e o pedúnculo bifurcado Taió (SC).
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Figura 8: A forma consenso da amostra analisada. Atentar para o fato de apenas metade da ponta estar
representada.
Figura 9: Gráfico dos fatores obtidos a partir da Análise de Componentes Principais e os extremos
de variação de forma.
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devido à enorme diferença que existe entre as em especial: Adriana Schmidt Dias, Adriana
pontas de São Paulo e as demais, o que faz com Pereira dos Santos, Afonso Paseto, Cinira Mülk,
que o sul do Brasil pareça muito homogêneo. Daiza Lacerda, Dária Barreto, Dinan Rogério,
Futuras análises, considerando-se apenas o sul Dione Bandeira, Jefferson Dias, João Böer, João
do Brasil, intentarão explorar a diversidade Messeti, José Donizeti de Souza, Juliano Biten-
dentro dessa região. court Campos, Maria Antonieta Cassab, Marisa
Afonso, Maryzilda Campos, Natália Zanella, Paulo
Jacob, Pedro Ignácio Schmitz, Ricardo Coelho,
Agradecimentos Sérgio Klamt, Silézia Pinto, Teresa Fossari,
Waldomiro Malaguti. Agradecemos também o
Agradecemos a todas as pessoas que contri- apoio financeiro do CNPq (159776/2010-4) e
buíram para o desenvolvimento desta pesquisa, FAPESP (09/54720-9; 2010/06453-9).
OKUMURA, M.; ARAUJO, A. Bifacial points from Southern Brazil: statistical analysis
and cultural implications. R. Museu Arq. Etn., São Paulo, n. 23, p. 111-127, 2013.
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