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Pressclipping semanal em 19.dez.2022

“A mais grave das faltas é não ter consciência delas”

Einstein

STF declara 'orçamento secreto' inconstitucional


'Orçamento secreto' é como ficaram conhecidas as emendas
parlamentares de relator, cujos critérios de distribuição e
transparência foram questionados no STF.
Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília 19/12/2022 11h16

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira (19), por 6 votos a 5, considerar
inconstitucional o chamado "orçamento secreto".

"Orçamento secreto" é como ficaram conhecidas as emendas parlamentares cuja distribuição de recursos é
definida pelo relator do Orçamento. Essas emendas não têm critérios claros ou transparência e passaram a
ser questionadas no STF.

Em meio ao julgamento sobre o tema no STF, o Congresso chegou a aprovar, na semana passada, um
novo conjunto de regras para as emendas. As regras definiram os montantes a serem distribuídos, mas sem
estabelecer os critérios para a distribuição.

Em novembro de 2021, a relatora do caso no STF, Rosa Weber, suspendeu os repasses de verba do
"orçamento secreto". No mês seguinte, após o Congresso aprovar novas regras, a ministra liberou o
pagamento das emendas.

Agora, no julgamento do tema pelo plenário do Supremo, Rosa Weber votou pela inconstitucionalidade do
"orçamento secreto".

Na sequência do julgamento:

 mais 5 ministros votaram a favor de extinguir o "orçamento secreto" e limitar o uso das
emendas de relator apenas para "correções" no orçamento, sem indicações parlamentares, como era
antes de 2019. Votaram assim, além de Rosa Weber: Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Luis
Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.
 5 ministros votaram entendendo que as emendas de relator podem continuar sendo
distribuídas pelo relator do Orçamento, desde que com critérios mais transparentes. Votaram
desta forma: André Mendonça, Nunes Marques, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar
Mendes. Entre eles, porém, houve divergência quanto a quais medidas adotar para aprimorar o
modelo.

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O julgamento, foi interrompido quando o placar estava 5 a 4 pela inconstitucionalidade e retomado nesta
segunda-feira (19) com o voto de Ricardo Lewandowski, que votou com a relatora e formou maioria de
votos para considerar inconstitucional o "orçamento secreto"

Gilmar Mendes exclui Bolsa Família do teto de


gastos e interfere em tramitação da PEC
Ministro afirmou que os recursos para o aumento do atual Auxílio Brasil podem ser obtidos pela abertura
de um crédito extraordinário por meio de medida provisória

Raquel LandimGabriela Coelhoda CNN 18/12/2022 às 23:58 | Atualizado 19/12/2022 às 06:59

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na noite deste domingo (18)
que os benefícios destinados a garantir uma renda mínima aos brasileiros sejam excluídos do teto de
gastos. Ele também afirmou que os recursos para o aumento do Bolsa Família (atual Auxílio Brasil)
podem ser obtidos pela abertura de um crédito extraordinário por meio de medida provisória.

“A instituição de normas de boa governança fiscal, orçamentária e financeira, entretanto, não pode ser
concebida como um fim em si mesmo. Muito pelo contrário, os recursos financeiros existem para fazer
frente às inúmeras despesas que decorrem dos direitos fundamentais preconizados pela Constituição”, diz
a decisão.

A medida de Gilmar Mendes interfere diretamente na queda de braço entre o governo eleito e o Congresso
para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Estouro, que provoca um aumento das
despesas públicas de cerca de R$ 200 bilhões.

Com o aval do STF para reajustar o Bolsa Família por meio de medida provisória, o governo eleito fica
menos dependente da aprovação da PEC.

“Reputo juridicamente possível que eventual dispêndio adicional de recursos com o objetivo de custear as
despesas referentes à manutenção, no exercício de 2023, do programa Auxílio Brasil (ou eventual
programa social que o suceda) pode ser viabilizado pela via da abertura de crédito extraordinário, devendo
ser ressaltado que tais despesas não se incluem na base de cálculo e nos limites estabelecidos no teto
constitucional de gastos”, diz o documento.

A aprovação da PEC do Estouro está travada na Câmara por conta da disputa entre os partidos por cargos
na futura Esplanada dos Ministérios. Neste domingo pela manhã, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reuniram para tentar resolver o impasse.

O grupo ligado a Lira quer postos no primeiro escalão do governo para garantir os votos, mas Lula resiste.

Na decisão, Gilmar diz ainda que o dinheiro para o custeio de programas de renda básica no país em 2023
deverá vir da diferença entre o total de precatórios pagos e expedidos pelo governo –uma referência a
outra PEC que permitiu o parcelamento dos precatórios, aprovada ainda no governo de Jair Bolsonaro
(PL).

A decisão de Gilmar atende um pedido da Rede Sustentabilidade, protocolado na última sexta-feira (16).
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“Atenção! Grande VITÓRIA! O ministro Gilmar Mendes acabou de acatar um pedido da Rede
Sustentabilidade para tirar do teto de gastos programas de combate à pobreza e à extrema pobreza. Uma
vitória contra a fome e a favor da dignidade de TODOS os brasileiros!”, disse o senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), no Twitter.

Inimigo político de Arthur Lira, o senador Renan Calheiros também comemorou. “O STF acaba de decidir
que a miséria humana não pode ser objeto de chantagem. Excluir do teto de gastos recursos para custear
benefícios sociais de erradicação da pobreza prometidos pelo Presidente. @LulaOficial foi uma grande
decisão do Min. Gilmar Mendes”, postou Calheiros.

Fora da cadeia, Sérgio Cabral deixa vida pública


e quer ser consultor político

Cabral já deixou claro a pessoas próximas saber que uma retomada da carreira política é inviável (Crédito:
Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

17/12/22 - 11h30 - Atualizado em 18/12/22 - 09h16

Quando participou da Farra dos Guardanapos em Paris, em 2009, o então governador do Rio Sérgio
Cabral Filho estava em pleno voo. Com a noitada na capital francesa comemorava, oficialmente, a
Medalha Légion d’Honneur que recebera do governo local. Secretamente, também celebrava, por
antecipação, a escolha do Rio para sediar a Olimpíada de 2016, comprada com propina de US$ 2 milhões
a integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI), segundo o Ministério Público Federal diria anos
depois. A festança foi revelada em 2012, quando vieram a público as imagens dos secretários e
empresários com as cabeças cobertas por panos brancos, no evento em homenagem ao mandatário. Virou
símbolo da Era Cabral, simbolicamente encerrada com sua prisão preventiva em novembro de 2016, que
abriu o período do ex-todo poderoso fluminense na cadeia – fechado agora pela decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) que o tirou do regime fechado – ele vai cumprir domiciliar.

Tanto a orgia de novo rico ao lado de amigos e assessores eufóricos na noite regada a vinho francês como
os seis anos de prisão fechada parecem sinais de que Cabral, com suas 23 condenações e penas de mais de
400 anos de prisão envolvendo corrupção, foi longe demais. Com origens no subúrbio carioca, formado
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em jornalismo, o ex-governador morou, quando criança, no Encantado, bairro modesto da zona norte. É
filho de Sérgio Cabral, escritor, jornalista, pesquisador de música popular, ex-vereador e conselheiro
aposentado do Tribunal de Contas do Município do Rio. Foi o pai que o levou para a política, com cargo
na TurisRio, estatal de turismo, em 1987.

Em seu primeiro mandato, nos anos 90, Cabral Filho dirigia um carro usado. Discreto, evitava polêmicas.
Na briga entre o presidente da Assembleia, José Nader, e o chamado Grupo Ético, mantinha-se neutro. Na
época, era do PSDB. Mas em 1995 foi eleito presidente da Assembleia Legislativa fluminense. Formou
com o primeiro-secretário, Jorge Picciani, e o líder Paulo Melo um trio que adversários consideravam
quase imbatível. O triunvirato influiu em todos os governos fluminenses nos dez anos seguintes, até que
Cabral, após um período no Senado, foi eleito governador, em 2006. Foi quando o grupo chegou
diretamente ao Executivo, que dominaria por outra década. Foi então que Cabral precisou mudar de
lavador de dinheiro. O escritório que fazia o “trabalho” considerou não ter como processar tantos recursos
ilegais. Uma mudança e tanto para quem, na adolescência, sob a ditadura, militou no clandestino Partido
Comunista Brasileiro (PCB), coordenou a campanha do pai e que tinha 29 anos ao ganhar o primeiro
mandato, com o slogan: “Meus valores são outros”.

Os valores levados pelo então jovem Cabral para as campanhas eleitorais na década de 1990 não
perduraram. O ex-cacique do MDB se tornou o símbolo da corrupção revelada pela Operação Lava Jato.
Era o único político de destaque que ainda estava preso em consequência das investigações dos
procuradores do Ministério Público Federal.

Amigo de Lula

Ao assumir o governo do segundo maior Estado do País, Cabral se aproximou do então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), cuja reeleição apoiou no segundo turno. Posteriormente, ligou-se à presidente
Dilma Rousseff. A proximidade de Cabral e Dilma foi explorada em campanhas, discursos, vídeos e fotos
durante a campanha da petista ao Planalto com o bordão “estamos juntos”.

O prestígio de Cabral e sua proximidade do petismo foram tão grandes que chegou a ser cogitado para
concorrer a vice-presidente na chapa encabeçada pelo PT. A partir da explosão dos primeiros casos de
corrupção revelados contra Cabral, porém, Dilma se distanciou. A ex-presidente chegou a divulgar uma
nota para marcar a distância que, segundo ela, havia entre os dois.

“Sérgio Cabral Filho jamais foi aliado da ex-presidente da República. Tanto é verdade que, nas eleições
presidenciais, ele fez campanha para o principal adversário de Dilma nas eleições de 2014: o senador
Aécio Neves (PSDB-MG). Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Sérgio Cabral
orientou seus liderados no PMDB a votarem favoravelmente ao afastamento dela da Presidência da
República”, afirmou a ex-presidente Dilma Rousseff à época em nota.

Envolvido em dezenas de denúncias de corrupção, o ex-governador foi preso em seu apartamento, no


Leblon, na Operação Calicute, em 17 de novembro de 2016. Foi a primeira das 55 operações promovidas
pela versão carioca da Lava Jato. Mais de 550 pessoas foram denunciadas e mais de 300 chegaram a ser
presas.

Seu período na cadeia foi turbulento, com algumas mudanças de prisão, por causa de supostas regalias.
Segundo procuradores, foi Cabral o responsável pela instalação ilegal de uma videoteca na Cadeia José
Frederico Marques, em Benfica, onde estava preso. Uma batida do MP identificou indícios de regalias,
como sinais de compras de comida em restaurantes caros – o problema se repetiria, mesmo com as
mudanças do detento.

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Segundo a Procuradoria da República, o ex-governador ainda tinha influência na máquina fluminense.


Antes da chegada de Cabral, a unidade teria recebido melhorias, incluindo colchões de boa qualidade,
usados, ironicamente, por atletas na Vila Olímpica durante a Olimpíada de 2016 que trouxera para o Rio.
Por causa das regalias, o secretário de Administração Penitenciária, Erir Ribeiro, foi afastado, por ordem
da Justiça, do governo de Luiz Fernando Pezão.

Acorrentado

Cortar regalias de Cabral foi um dos motivos alegados pelo MPF para conseguir a transferência para o
Complexo Médico-Penal de Pinhais, no Paraná, em janeiro de 2018. Sua chegada para o exame de corpo
de delito ao Instituto Médico-Legal de Curitiba, contudo, causou choque e polêmica. O ex-governador foi
retirado da “caçamba” do camburão, acorrentado como um bicho, com algemas nas mãos, pés e ventre,
sob escolta de policiais encapuzados, e exibido às equipes de imprensa. Foi a primeira vez em que um
preso da Lava Jato foi tratado dessa forma, normal segundo a PF, mas considerada por juristas excessiva,
espetaculosa e desnecessária para um detento de perfil não violento. Com a proximidade das câmeras e
microfones, reclamou do tratamento com um dos agentes.

“O senhor está me machucando”, disse, subitamente deixando a expressão de abatimento e encarando o


agente que o segurava pelo cós da calça. “O senhor poderia me largar?”

“Eu não vou largar. O senhor é preso nosso”, respondeu o policial.

O episódio teve repercussão entre advogados e mesmo no Judiciário, que viram no episódio violação de
direitos. Houve, porém, quem considerasse justo o tratamento ao preso acusado de chefiar um esquema
que, durante duas décadas, pilhou sistematicamente os cofres estaduais fluminenses.

O tratamento duro prosseguiu em Pinhais. Lá, ele começou seu período na cadeia com quinze dias de
solitária – sem banho de sol, sem comunicação com outros presos, sem acesso a meios de comunicação.
De novo, advogados observaram que nunca um preso da Lava Jato passara por tratamento semelhante.
Depois do período de isolamento, o ex-governador foi transferido para uma cela pequena, com camas de
alvenaria e colchonetes. Dividiu o espaço com outros dois detentos.

Liberdade

Em 10 de dezembro, a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio revogou duas ordens de prisão
contra o ex-governador. Autorizou-o a cumprir prisão domiciliar se não houvesse nenhuma outra ordem
de prisão em vigor contra ele. O atual governador do Rio, Cláudio Castro (PL), chegou a ser informado da
ordem de levar Cabral para a prisão domiciliar. Mas pediu aos agentes que esperassem que dúvidas sobre
a decisão fossem sanadas.

No dia seguinte, o oficial de Justiça Antônio Carlos Gonçalves fez uma pesquisa no Banco Nacional de
Mandados de Prisão e não encontrou outras ordens contra Cabral. Então foi à Unidade Prisional da PM do
Rio, em Niterói, para soltá-lo. Mas era só um defeito no sistema. Ainda havia uma condenação pendente.

Em junho de 2017 o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, condenou Cabral a 14 anos
e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi a primeira condenação do ex-governador
na Lava Jato, por ter recebido propina de uma construtora em troca do contrato com o governo estadual
para terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Essa decisão foi confirmada pelo
Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região em 30 de maio de 2018.

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Na época, o STF considerava que bastava uma condenação em segunda instância (como é o caso do TRF)
para que réus fossem presos, mesmo que ainda tivessem direito a recurso. Em 7 de novembro de 2019, no
entanto, o STF mudou o entendimento – desde então, só o fim da ação justifica a prisão da pessoa
condenada. Apesar da mudança, Cabral não foi libertado porque havia outras ordens de prisão pendentes.

Cabeça grisalha

A pouco mais de um mês de fazer 60 anos, com cabelos grisalhos, Cabral sabe que ficou no passado o
tempo em que viajava várias vezes por ano à Europa – deixando o governo a cargo do vice, Luiz Fernando
Pezão – para se hospedar em hotéis de luxo ou acompanhar eventos como shows do U-2. Também não
voltará a época em que, governador, pretextando necessidade de segurança, usava o helicóptero do Estado
para se deslocar para o trabalho, todo dia. Ia então de carro, sob escolta, do Leblon à Lagoa, onde
embarcava na aeronave para um curto voo até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O barulho dos pousos
e decolagens gerava reclamações de vizinhos.

Nesse helicóptero, Cabral e sua família iam para a casa do então governador em Mangaratiba. Isso quando
Cabral não viajava, sem que ninguém soubesse, para lugares com praias para ricaços, como a ilha de Saint
Barth, no Caribe. O aparelho chegou a voltar ao Rio apenas para pegar o cão Juquinha, que pertencia a
filhos do mandatário. Depois da prisão e dos escândalos, ele perdeu o imóvel, leiloado pela Justiça por R$
6,4 milhões.

A justificativa de Cabral para a vida de milionário era o escritório de advocacia da sua então mulher,
Adriana Ancelmo – Coelho, Ancelmo e Associados. A banca, que foi modesta até sua chegada ao
governo, teve crescimento exponencial durante seu governo, conforme revelou o Estadão. A Justiça
identificou os pagamentos como indício de lavagem de dinheiro. Isso levou a ex-primeira dama à cadeia,
da qual a acusada já saiu, antes de Cabral, de quem se separou.

Segundo fontes próximas, Cabral esperou com tranquilidade a decisão do STF que o libertou. Esse clima
de serenidade foi interrompido pela notícia de que um dos seus cinco filhos, José Eduardo, era alvo de
uma operação contra o comércio ilegal de cigarros. Precisou de atendimento médico, e Zé Cabral, como é
conhecido o jovem de 26 anos, depois de fugir, apresentou-se para ser preso. Depois, foi solto.

Também na cadeia, o pai se recompôs. Faz exercícios, lê muito. Sabe que a política, como conheceu no
Estado do Rio, mudou completamente, e que é agora desimportante no cenário do poder – outro de seus
filhos, Marco, pela segunda vez não conseguiu se eleger deputado. Já deixou claro a pessoas próximas
saber que uma retomada da carreira política é inviável. Acalenta um projeto: quando libertado, tornar-se
consultor político. Um negócio que mesmo pessoas que o conhecem há anos consideram difícil para
quem, na vida pública, teve e perdeu tudo. Talvez não haja quem queira se arriscar publicamente a ter
como conselheiro um ex-governador condenado dezenas de vezes por corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.

Mas seria uma forma de o ex-governador ficar próximo do mundo onde cresceu. “Cabral tem a política no
sangue”, diz um amigo, ex-companheiro de disputas eleitorais. O ex-governador, porém, deve pelo menos
suspeitar que seu voo terminou.

Ameaça de ‘fogo amigo’ pode ser desafio para


Haddad

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Futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, ainda não deixou claro qual a estratégia fiscal para
compensar a alta de quase R$ 200 bilhões em despesas (Crédito: Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

19/12/22 - 08h45 - Atualizado em 19/12/22 - 10h11

Cobrado a deixar claro qual será a estratégia de política fiscal para compensar a alta de quase R$ 200
bilhões em despesas, o futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, prometeu medidas no início de
2023 para fechar o rombo das contas públicas. Mas ainda deu poucos sinais do que pretende fazer para
garantir a sustentabilidade da dívida e a volta de superávits consistentes.

Na primeira semana após a indicação do seu nome para o cargo pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva, Haddad colocou luz em temas que deverão pautar sua atuação no comando da economia no
primeiro ano de governo: reforma tributária, antecipação do projeto de arcabouço fiscal, aumento do
crédito e estímulo à ampliação das Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Haddad acabou, porém, tocando num ponto que economistas já veem como sensível no futuro governo
Lula 3: o risco da reedição de divergências na equipe econômica. “É muito normal em um governo
aparecerem pontos de vista diferentes; quando ministros têm pontos de vista diferentes, o presidente
arbitra. Como Bolsonaro não era dado a governar, Paulo Guedes (ministro da Economia) tocava o governo
como imaginava”, disse Haddad, em entrevista à GloboNews.

Ele admitiu que a recriação dos ministérios do Planejamento e da Indústria e Desenvolvimento pode levar
a divergências entre os ministros das três pastas, mas que “não vê isso no horizonte”. Haverá ainda o
ministério da Gestão, totalizando quatro pastas resultantes do desmembramento do atual “superministério”
da Economia.

O “fogo amigo” marcou a relação dos ex-ministros Antônio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil)
no primeiro mandato de Lula e tomou corpo em outros momentos dos governos do PT. Com Guido
Mantega na Fazenda e Henrique Meirelles no Banco Central, nos governos Lula 1 e Lula 2, foi chumbo
trocado o tempo todo. Mais tarde, no segundo governo Dilma Rousseff, os dois polos de divergência
foram entre os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Fazenda do ‘B’

A nova equipe econômica terá um ministério da Indústria e Comércio “empoderado” por um novo
BNDES bem mais forte, sob o comando de Aloizio Mercadante.

Ele quer montar um time forte na diretoria do banco, que será central na política econômica, por
determinação de Lula. Como mostrou o Estadão, Mercadante poderá levar Nelson Barbosa, a ex-ministra
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Tereza Campello e quer atrair CEOs de empresas e outros nomes de peso, formando a sua própria “equipe
econômica”.

Embora Haddad e Mercadante tenham viés desenvolvimentista e sejam do PT, a movimentação tem
chamado atenção em Brasília de parlamentares, técnicos da área econômica do governo e até mesmo de
aliados de Haddad no partido. Nos bastidores se fala num “Ministério da Fazenda do ‘B'”, como ouviu a
reportagem em círculos distintos em Brasília nos últimos dias. Eles vislumbram que cada grupo deverá
fazer contraponto na definição dos temas econômicos, com arbitragem final de Lula.

Com esse cenário, a posição mais repetida em Brasília entre integrantes da transição é a de que a política
econômica de Lula será de “governo”, e não de um novo “Posto Ipiranga” em referência a Paulo Guedes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Lira anuncia votação da PEC da Transição para a


próxima terça-feira
Ele pediu que Rodrigo Pacheco antecipe a sessão do Congresso para esta sexta-feira para que a Câmara
possa votar a proposta

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Arthur Lira: "Estamos terminando as negociações em torno da PEC"

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou para a próxima terça-feira (20) a votação da PEC
da Transição (PEC 32/22). Ele pediu ao presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, que
convoque sessão para esta sexta-feira (16) para tratar de assuntos orçamentários e lembrou que na
segunda-feira haverá diplomação dos deputados federais eleitos, o que esvaziará o Parlamento. “Fiz um
apelo ao presidente Pacheco para que ele faça o favor de convocar o Congresso para amanhã já que na
segunda-feira será o dia das diplomações”, disse.

Já a PEC da Transição deverá ser analisada no decorrer de terça-feira, de manhã à tarde. “Nós vamos
utilizar o Plenário da Câmara dos Deputados na terça o dia todo com a pauta da PEC da transição”, disse.

Lira também afirmou que a PEC da Transição continua em discussão entre os líderes. “Estamos
terminando as negociações, diferentemente do que tem sido noticiado, para que se tenha o quórum
necessário para enfrentar as votações”, disse. Ele afirmou que o ano legislativo deverá ser encerrado na
próxima quarta-feira com a votação do Orçamento.

O deputado José Guimarães (PT-CE), que lidera as negociações da PEC, afirmou que a base do governo
Jair Bolsonaro precisa aprovar a proposta para “fechar as contas” do atual governo. “É esse governo e a
base desse governo - que fica aqui criticando - quem mais precisa da aprovação desta matéria. Do
contrário, o atual do governo não fechara as contas e, além dos processos, deixará um rombo fiscal de
mais de R$ 20 bilhões”, disse. Ele afirmou que os parlamentares vão conversar com o presidente eleito
para definir quais os pontos inegociáveis do projeto.

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PEC da Transição
A PEC da Transição é a primeira proposta patrocinada pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já
que assegura recursos fora da regra do teto de gastos e prevê o envio ao Congresso de uma nova regra
fiscal, por meio de projeto de lei complementar, até agosto do ano que vem. O objetivo é garantir o
pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família no valor de R$ 600 com adicional de R$ 150 para
crianças até seis anos.

O líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), afirmou que é fundamental a votação da proposta.
“Compreendemos que é necessário concluir mais convergência porque essa PEC é fundamental para o
povo brasileiro. Queremos convencer os demais líderes da importância de aprovação desta emenda
constitucional”, disse.

O líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), também defendeu a negociação da proposta.
“Essa Casa tem buscado o caminho seguro para votar essa matéria que é de fundamental importância para
o povo”, disse. A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) lamentou que a proposta não tenha começado
a ser analisada na sessão de hoje. "Não aprovar a PEC é inviabilizar um programa social imprescindível",
disse.

Reportagem - Carol Siqueira


Edição - Geórgia Moraes

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Giro

Apesar de diplomação, bolsonaristas no Alvorada


ainda acreditam que Lula não tomará posse

Bolsonaro encontra apoiadores que reividicam uma ilegal "intervenção militar" no Alvorada (Crédito:
Adriano Machado/Reuters)

12/12/22 - 22h05 - Atualizado em 13/12/22 - 08h13

Por Victor Borges


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BRASÍLIA (Reuters) – Reunidos em frente ao Palácio da Alvorada, apoiadores do presidente Jair


Bolsonaro inconformados com a derrota do candidato à reeleição ainda alimentam a expectativa de que o
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não tomará posse em 1º de janeiro, a despeito de sua
diplomação nesta segunda-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A diplomação de um presidente eleito é a última etapa formal depois das eleições e antes da posse. No
entanto, para bolsonaristas que questionam os resultados das urnas, e que protestam em frente a quartéis
generais na esperança de que haja o que chamam de “intervenção federal” –o que seria um golpe militar,
já que não há previsão legal para isso–, ainda há chance de reversão do resultado das eleições
presidenciais.

“Posse não vai ter. Lula não vai ser empossado. Lula vai ser preso com sua corja de ladrões. Ele vai ser
preso”, disse o pastor evangélico Cleber Palaui, do Tocantins, que se juntou a um grupo de apoiadores de
Bolsonaro em frente à residência oficial do presidente na tarde desta segunda.

Bolsonaro, que nunca reconheceu explicitamente a derrota para Lula, apesar de ter autorizado seu governo
a realizar a transição, manteve-se praticamente recluso e em silêncio por mais de um mês após as eleições.
Na última sexta-feira, porém, disse em sua primeira aparição a apoiadores após um longo período que o
Brasil está numa “encruzilhada”, e que são eles, os bolsonaristas, quem decidem para onde vão as Forças
Armadas, instando-os a “fazer a coisa certa”.

Ainda que cifrada, a fala de Bolsonaro alimentou temores de que pudesse estimular apoiadores a agir para
impedir a diplomação de Lula nesta segunda, a exemplo do ocorrido com apoiadores do então presidente
dos Estados Unidos Donald Trump no Capitólio, em janeiro de 2021, após a derrota.

Realizada sob intenso esquema de segurança, a diplomação transcorreu sem problemas. Na noite desta
segunda-feira, no entanto, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília após a
ordem de prisão contra um indígena ligado ao grupo e houve confronto.

Horas antes, Bolsonaro havia aparecido nesta segunda em frente ao Alvorada, onde os apoiadores se
encontravam, e posou para fotos com crianças, mas não fez declaração, assim como no dia anterior. O
presidente acompanhou uma reza em que o orador afirmou que os “militares precisam ter inteligência e
não prestar continência a um bandido”, em referência a Lula. Os apoiadores responderam com gritos de:
“Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Alguns cartazes empunhados pelos manifestantes pediam ajuda das Forças Armadas para evitar a posse de
Lula.

Economia

Presidente do BC lança alertas para Haddad

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O principal alerta foi para o risco da volta de uma "massa grande" de crédito subsidiado para a política de
juros e de combate à inflação (Crédito: Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

16/12/22 - 08h15 - Atualizado em 16/12/22 - 08h39

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, lançou nesta quinta-feira, 15, uma série de
alertas para o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente indicado para o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

O principal alerta foi para o risco da volta de uma “massa grande” de crédito subsidiado para a política de
juros e de combate à inflação.

Os recados vêm após a primeira reunião de Haddad com Campos Neto, em que conversaram sobre a
importância de coordenação da condução da política fiscal, pelo Ministério da Fazenda, com a política de
juros do BC. A preocupação com a reedição da política de estímulo ao crédito com taxas subsidiadas,
como foi feito durante o governo Dilma Rousseff, entrou no radar no mercado financeiro depois da
indicação de Mercadante para comandar o BNDES.

O BNDES foi o epicentro dessa política, com empréstimos bilionários concedidos pelo Tesouro Nacional,
que começaram ainda no governo Lula, e que estão sendo devolvidos ao caixa da União desde o governo
Temer. A devolução completa ainda não foi concluída.

Apesar de Mercadante ter negado – em conversa com o presidente da Federação Brasileira dos Bancos
(Febraban), Isaac Sidney, revelada pelo Estadão – que esse caminho será adotado, a desconfiança
continua e segue impactando os ativos financeiros.

Essa deterioração se somou ao risco de mudanças na Lei das Estatais, patrocinada pelas lideranças do
Centrão. Haddad também defendeu foco do futuro governo na política de crédito para o crescimento do
País, mas ponderou que será feita com “responsabilidade fiscal”.

Sem citar diretamente o BNDES ou o governo eleito, os alertas de Campos Neto foram feitos ontem
durante a apresentação do último Relatório Trimestral de Inflação do ano.

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A preocupação com o crédito subsidiado foi também incluída no documento, que traz um panorama
completo do cenário econômico e do balanço de riscos para a inflação. Em um dos trechos, o BC fala que
as projeções para inflação dependem de considerações sobre a evolução das políticas fiscal e “parafiscal”.

O presidente do BC ponderou que, se houver um aumento muito grande do crédito subsidiado, poderá
ocorrer uma reversão desses dois ganhos obtidos nos últimos anos.

Contas públicas

O BC também renovou os alertas para o risco de a piora nas contas públicas e o aumento de gastos
afetarem as expectativas da inflação e levarem o BC a subir novamente os juros. Hoje, a taxa básica, a
Selic, está estacionada em 13,75% ao ano. Ele sinalizou que pode voltar a aumentar os juros caso o
processo de desinflação não aconteça como esperado.

Chamou atenção a informação dada pelo presidente do BC de que, nas suas projeções de inflação para
tomar a decisão sobre juros, levou em consideração um teto de R$ 130 bilhões de alta de gastos em 2023.

O valor é menor do que os R$ 168 bilhões da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que
foi aprovada no Senado e que ainda precisa passar pelo crivo da Câmara. Na prática, a revelação do valor
considerado pelo BC em suas projeções impõe uma espécie de saia-justa para o futuro governo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Artigo

O silêncio de Bolsonaro não é inocente


Esquivar-se de assumir a derrota por meio de uma estratégia de reclusão, contrastante com seu intenso
ativismo digital dos últimos tempos, não soa como um cálculo político racional (Crédito: Marcello Casal
Jr./Agência Brasil)

Alessandra Costa, Deutsche Welle

16/12/22 - 07h56 - Atualizado em 16/12/22 - 11h24

Em pleno processo de transição de governo, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL) diz mais que sua
usual atitude estridente nas redes sociais. Esquivar-se de assumir a derrota por meio de uma estratégia de
reclusão, contrastante com seu intenso ativismo digital dos últimos tempos, não soa como um cálculo
político racional.

Bolsonaro perde mais do que ganha com esse comportamento.

Em suas raras aparições públicas desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, o atual chefe
do Executivo cuidou de ser evasivo o suficiente para não desmobilizar os recentes atos que contestam o
resultado das eleições e atacam a democracia – como o bloqueio das estradas e os movimentos violentos
em Brasília, ocorridos durante a diplomação de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).

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Esse parece ser seu objetivo central até o momento. Nas poucas palavras que proferiu, nenhuma menção
direta ao reconhecimento de sua derrota nas eleições, ao processo de transição de governo e às
expectativas sobre seu desempenho para montar uma oposição articulada.

Enquanto Bolsonaro permanece calado, o processo de transição segue seu rito. E sem poupar críticas e
apontar falhas da administração atual. Lula foi enfático quanto a isso: “nós teremos uma radiografia
perfeita do estrago que foi feito nesse país”, afirmou, durante cerimônia de encerramento dos trabalhos
dos grupos técnicos do gabinete de transição, no último dia 13.

Em meio a discussões sobre o “revogaço” [a anulação de medidas do governo Bolsonaro já no início de


2023] e a PEC da Transição, Bolsonaro não se mostra disposto a romper o silêncio nem mesmo para
defender as escolhas de sua administração, reivindicar créditos de seu governo ou dirigir críticas às
mudanças significativas que o novo governo já sinaliza.

Se o atual presidente não esboça qualquer reação, é difícil presumir que tenha uma atitude proativa e seja
capaz de conduzir a articulação de contraponto ao futuro governo Lula no Congresso. Apoiadores de
Bolsonaro, inclusive dentro do PL, seu partido atual, se mostram reticentes quanto à sua capacidade de
liderar uma oposição articulada.

As questões que emergem dessa estratégia do silêncio geram impactos no ambiente político a partir de
2023, tanto no que se refere à configuração do bloco oposicionista ao novo governo quanto ao futuro do
bolsonarismo.

Diante disso, como será o amanhã de Bolsonaro após a virada do ano de 2022? A chama do bolsonarismo
permanecerá acesa, ecoando um movimento persistente, ou a fragilidade política de seu líder tende a
desmobilizar esses atos?

Perfil político frágil de Bolsonaro

Até o momento, as atitudes do presidente em exercício demonstram incapacidade de ir além do papel de


líder personalista, estando ou não à frente do governo. Esse comportamento tende a reiterar um perfil
político frágil, que vem se desenhando ao longo de sua trajetória política.

Nos 27 anos de mandato como deputado federal, Bolsonaro nunca exerceu cargo de liderança e figurou
como um parlamentar do baixo clero por todo o período. Ao chegar à Presidência da República,
apresentou mais do mesmo: revelou-se um presidente fraco, a despeito de estar inserido em um sistema
que confere amplos poderes institucionais ao chefe do Executivo.

Por não conseguir ocupar a posição de ator pivotal que o cargo de chefe do Executivo lhe confere,
Bolsonaro deixou escapar oportunidades de atuar como uma real liderança política e decretou sua derrota
na sucessão presidencial. Estreou a posição de primeiro presidente da Nova República brasileira que não
alcançou a reeleição. Revelou-se limitado ao papel de governante incidental, nos termos do conceito
desenvolvido pelo cientista político Sérgio Abranches.

Assim como outros exemplos de líderes incidentais pelo mundo afora (Trump é paradigmático nesse
sentido), Bolsonaro tentou simular uma instabilidade eleitoral, questionando a segurança das urnas
eletrônicas já no pleito de 2018, quando precisou concorrer em 2º turno e saiu vitorioso.

Ou seja, chegou ao poder por circunstâncias excepcionais, dado o clima político gerado pelo processo de
impeachment de Dilma Rousseff, e ciente de que permanecer na cadeira de presidente por meio de uma

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reeleição não seria possível sem que fosse forjado um novo ambiente de fatores que induzissem a uma
excepcionalidade.

Os planos de Bolsonaro foram frustrados. A despeito de seu caráter beligerante frente às instituições
democráticas brasileiras, o sistema eleitoral do país se mostra crível e solidificado perante os próprios
eleitores e elites políticas.

Evidentemente, um governo incidental não sai de cena sem deixar marcas. As manifestações de
apoiadores extremistas do presidente em exercício, que transformaram Brasília em palco de violência e
desordem nessa semana, destacam uma faceta ignóbil desse legado.

A estratégia silenciosa de Bolsonaro diante desses eventos ecoa alto. Fica evidenciada a tática de inflamar
o extremismo e impor dificuldades tanto ao processo de transição quanto à posse de um governo eleito
pela via democrática.

Mas não parece vislumbrar o outro lado da moeda. O comportamento do presidente derrotado representa
uma escolha que tem impactos nada triviais em seu futuro político.

Bolsonaro parece desconhecer o uso estratégico que poderia fazer do capital político que conquistou nas
urnas, não apenas quanto à sua expressiva votação, como também no que se refere aos ex-ministros e
apoiadores de seu governo eleitos no último pleito.

Pouca credibilidade como liderança de oposição

Após sua derrota nas urnas, restaram-lhe dois caminhos, que em nada se assemelham a uma escolha
trágica: estabelecer uma perspectiva mais consistente para liderar as oposições ao novo governo,
reconhecendo que democracias requerem um ganhador e um perdedor; ou traçar um caminho de volta às
suas origens, retomando o estilo de liderança radicalizado e direcionado às suas bases mais extremistas,
com discursos estridentes pela via das redes sociais e insuficientes para uma articulação com o Congresso.

Ao que tudo indica, pelo menos até o momento, o futuro político de Bolsonaro tende a se manter limitado
à segunda opção. A escolha por esse perfil de liderança revela uma ambiguidade: ao mesmo tempo em que
impõe arranhões à democracia, expõe ainda mais sua vulnerabilidade como um ator político apto a
articulações viáveis.

É cada vez menos crível sua capacidade de se assumir como uma liderança de oposição. E, se tudo
permanecer assim, o bolsonarismo enfrentará dificuldades para se manter como um movimento
persistente, sucumbindo à própria fragilidade que seu líder tem demonstrado ao longo de sua trajetória
política.______________

Planaltices é uma coluna semanal sobre política brasileira. Os textos são escritos por colaboradores do
grupo de pesquisa PEX (Executives, presidents and cabinet politics), vinculado ao Centro de Estudos
Legislativos (CEL) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenada pela cientista política
e professora da UFMG Magna Inácio, a coluna é publicada simultaneamente pela DW Brasil e repercutida
no blog do PEX.

Alessandra Costa é mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG, jornalista e pesquisadora do PEX
(CEL-UFMG).

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O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.

Greve de pilotos e comissários: Quais os direitos


dos passageiros prejudicados?
As paralisações ocorrerão sempre das 6h às 8h, diariamente e por tempo indeterminado

Estadão Conteúdo

16/12/22 - 20h36 - Atualizado em 17/12/22 - 09h18

Uma greve de pilotos e comissários, aprovada na última quinta-feira, 15, terá início na próxima segunda-
feira, 19. Entre outras demandas, os trabalhadores pedem a recomposição das perdas inflacionárias e um
ganho real nos salários.

As paralisações ocorrerão sempre das 6h às 8h, diariamente e por tempo indeterminado, nos aeroportos de
Congonhas, Guarulhos, Rio-Galeão, Santos Dumont, Viracopos, Porto Alegre, Brasília, Confins e
Fortaleza. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), “em respeito à sociedade e aos usuários
do sistema de transporte aéreo, os aeronautas farão a paralisação somente por duas horas, sendo assim
todas as decolagens iniciarão após às 8h”.

Decolagens com órgãos para transplante, enfermos a bordo e vacinas não serão afetadas, mas é possível
que as paralisações causem atrasos e até mesmo cancelamentos de outros voos.

Quais os direitos dos passageiros do transporte aéreo em meio à greve?

Os passageiros que têm voos marcados a partir da próxima semana devem ficar atentos aos seus direitos.
“Se houver algum tipo de impacto para o passageiro, como atrasos ou cancelamentos dos voos, o que se
aplica é a Resolução N° 400, de 2016, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, explica Marco
Antonio Araújo Junior, sócio do Meu Curso Inteligência Educacional e advogado especialista em Direito
do Consumidor.

A resolução estabelece que as companhias aéreas devem informar imediatamente aos passageiros pelos
meios de comunicação disponíveis que o voo atrasou ou foi cancelado, além de prestar por escrito, se
solicitada pelo passageiro, a informação sobre o motivo do atraso ou cancelamento.

As empresas também devem prestar assistência material aos passageiros que estão no aeroporto, ou seja,
elas são obrigadas a satisfazer certas necessidades desses passageiros, de acordo com o tempo que eles
esperam para embarcar:

Superior a 1 hora: as companhias devem fornecer facilidades de comunicação, como linha telefônica ou
internet;

Superior a 2 horas: alimentação, de acordo com o horário, por meio do fornecimento da própria refeição
ou então por meio de vouchers;

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Superior a 4 horas: hospedagem, somente em caso de pernoite, e traslado de ida e volta do aeroporto até o
local de acomodação.

Caso o passageiro esteja em um aeroporto que fica na cidade em que reside, a hospedagem não será
necessária e a empresa poderá fornecer somente o traslado. Já para Passageiro com Necessidade de
Assistência Especial (PNAE) e seus acompanhantes, a empresa deve fornecer hospedagem
independentemente da exigência de pernoite, salvo se o passageiro e o acompanhante concordarem com a
substituição por acomodação em local que atenda suas necessidades.

Em atrasos superiores a 4 horas e também nos casos de cancelamento, a empresa ainda deve oferecer
alternativas para reacomodação em outros voos, reembolso ou execução do serviço por outra modalidade
de transporte. Os PNAEs têm prioridade na reacomodação.

O que o passageiro deve fazer se a companhia aérea não respeitar seus direitos?

Se a companhia aérea não cumprir o que é exigido, os passageiros podem fazer denúncias aos órgãos
competentes e também entrar na Justiça contra a empresa. “Os passageiros podem fazer uma reclamação
administrativa no Procon e na Anac”, diz Marco Antonio, advogado especialista em Direito do
Consumidor. “E também podem ajuizar uma ação, pedindo indenização pelos danos materiais, por todo o
prejuízo que tiveram com a compra da passagem, com eventual hospedagem, com eventual alimentação”,
afirma.

O advogado recomenda que o passageiro reúna provas de tudo o que ocorreu, através de fotos e filmagens
que provem sua presença no aeroporto, além de guardar as notas fiscais referentes aos seus gastos.

“E, a depender de como a empresa lidou com a situação, é possível também pedir danos morais. Se a
empresa não der resposta, deixar o passageiro esperando horas no aeroporto sem assistência nenhuma ou
agir de forma desrespeitosa, então um eventual dano moral pode até ser arbitrado pelo juiz”, aponta Marco
Antonio.

Por ordem de Moraes, PF faz buscas e mira em


suspeitos de atos antidemocráticos
As diligências são realizadas em sete Estados - Acre, Amazonas, Espírito
Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina -, além
do Distrito Federal

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A ofensiva é aberta três dias após bolsonaristas tentarem invadir a sede da Polícia Federal em Brasília,
além de atearem fogo a carros e ônibus na capital federal (Crédito: @BohnGass/Twitter/Reprodução)

Estadão Conteúdo

15/12/22 - 08h11 - Atualizado em 15/12/22 - 08h55

A Polícia Federal (PF) abriu na manhã desta quinta-feira, 15, uma operação que faz buscas contra pessoas
ligadas a atos antidemocráticos em todo o País, entre eles os bloqueios de estradas promovidos por
apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) nas urnas. Investigadores consideram que trata-se da maior ofensiva já realizada conta
os financiadores dos atos antidemocráticos.

As diligências são realizadas em sete Estados – Acre, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina -, além do Distrito Federal. As ordens foram expedidas pelo
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A ofensiva é aberta três dias após bolsonaristas tentarem invadir a sede da Polícia Federal em Brasília,
além de atearem fogo a carros e ônibus na capital federal. O estopim para a escalada nas ações dos
apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foi a prisão do líder indígena José Acácio Serere Xavante, sob
suspeita de supostos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A medida foi decretada a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com a Polícia Federal, José Acácio Serere Xavante teria realizado atos antidemocráticos em
frente ao Congresso, no Aeroporto de Brasília, no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos
Ministérios e em frente ao hotel onde estão o presidente e o vice-presidente da República eleitos, Lula e
Geraldo Alckmin.

Após os atos considerados antidemocráticos se espalharem pelo País com a derrota de Bolsonaro nas
urnas, o Supremo determinou o desbloqueio de rodovias que foram tomadas pelos apoiadores do
presidente. Além disso, a Corte máxima impôs multa aos veículos identificados como participantes dos
atos – e ainda determinou que as Polícias e Ministério Público investiguem supostos líderes e
financiadores das ações.

As ações levaram à abertura, no Supremo, de uma apuração “em razão da ocorrência, após a proclamação
do resultado das Eleições Gerais de 2022 pelo Tribunal Superior Eleitoral, de diversos atos
antidemocráticos, nos quais grupos de caminhoneiros, insatisfeitos com o resultado do pleito, passaram a
bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, em modus operandi semelhante ao verificado nos
Feriados da Independência de 2021 e 2022”.
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No bojo de tal petição, o relator, ministro Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio de contas
bancárias de dez pessoas e 33 empresas diante da possibilidade de financiamento de ‘atos ilícitos e
antidemocráticos’ que bloquearam rodovias em todo o País após a derrota do presidente Jair Bolsonaro
nas urnas.

Câmara aprova mudança em Lei das Estatais que


libera Mercadante para o BNDES

Projeto que altera Lei das Estatais é aprovado na Câmara e abre caminho para Mercadante no BNDES
(Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

14/12/22 - 07h38 - Atualizado em 14/12/22 - 08h44

A Câmara aprovou na noite desta nesta terça-feira, 13, um projeto de lei que muda a Lei das Estatais e
libera o ex-ministro Aloizio Mercadante para assumir a presidência do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula. A proposta, que inicialmente
apenas alterava regras sobre gastos das empresas públicas com publicidade, foi modificada de última hora
para incluir uma redução no tempo de quarentena para indicados ao comando de estatais que tenham
participado de campanhas eleitorais. O texto, aprovado pelos deputados com 314 votos favoráveis a 66
contrários, segue agora para análise do Senado.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça a indicação de Mercadante para o
BNDES. “Nós estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em
reindustrializar esse País, em inovação tecnológica, na geração e financiamento ao pequeno e médio
empresário para que esse País volte a gerar emprego”, disse o petista, no Centro Cultural Banco do Brasil
(CCBB) de Brasília, sede do governo de transição.

A Lei das Estatais, contudo, pode ser um entrave para a nomeação de Mercadante por ele ter sido o
coordenador do programa econômico de Lula na eleição. A legislação atual sobre as empresas públicas,
em vigor desde 2016, estabelece uma quarentena de 36 meses para alguém que tenha atuado na
organização, estruturação e realização de campanha eleitoral assumir cargo de administrador de empresa

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pública ou sociedade de economia mista ou se tornar membro de conselhos de administração de estatais.


Uma mudança feita nesta terça-feira pela relatora no texto do projeto reduz essa quarentena para 30 dias.

O projeto relatado por Margarete Coelho (PP-PI) é de autoria da deputada Celina Leão (PP-DF). Ambas
são aliadas de primeira hora do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A proposta também aumenta de 0,5% para 2% da receita operacional bruta do exercício anterior o limite
das despesas com publicidade e patrocínio de empresa pública e de sociedade de economia mista. O texto
também estabelece que é vedado, em ano de eleição, reconhecer despesas no primeiro semestre com
publicidade institucional que excedam seis vezes a média mensal dos valores reconhecidos e não
cancelados nos três últimos anos que antecedem ao pleito.

Ao confirmar a indicação de Mercadante para o BNDES, Lula criticou as privatizações. “Nós queremos
dizer ao mundo inteiro: quem quiser vir pra cá venha, tem trabalho, tem projeto de investimento, mas não
venha aqui para comprar nossas empresas públicas porque elas não estão à venda”, afirmou o presidente
eleito. “Ao mercado eu queria dizer algo glorioso, esse mercado que muitas vezes parece invisível, ao
tentarem julgar o que estamos fazendo digam se em algum momento ganharam tanto dinheiro como
ganharam de 2003 a 2008 quando eu presidi esse País”, emendou.

Economia

Tasso sobre mudança na Lei das Estatais: É


retrocesso histórico, uma burrice
Senador disse que é "burrice" o fato de o PT ter apoiado a
iniciativa

Tasso: "É um retrocesso histórico na vida das estatais brasileiras rumo à República das Bananas. Do outro
lado, é uma burrice porque o Aloizio Mercadante, no caso, se foi feito para beneficiá-lo, acho que
prejudicou" (Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

15/12/22 - 07h00 - Atualizado em 15/12/22 - 07h44


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O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) criticou ao Estadão a iniciativa da Câmara de afrouxar na Lei das
Estatais. O tucano, que relatou o texto que originou a lei que dificulta o loteamento político das empresas
públicas, classificou como “burrice” o fato de o PT ter apoiado a iniciativa, declarou que a mudança deixa
a “porta aberta para todo tipo de coisas não republicanas” e reclamou que “é um retrocesso histórico na
vida das estatais brasileiras rumo à República das Bananas”.

A mudança foi aprovada pelo Legislativo poucas horas depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ter confirmado o ex-ministro Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Leia trechos da entrevista:

O que o senhor achou de a Câmara ter aprovado a mudança na Lei das Estatais?

É um retrocesso histórico na vida das estatais brasileiras rumo à República das Bananas. Do outro lado, é
uma burrice porque o Aloizio Mercadante, no caso, se foi feito para beneficiá-lo, acho que prejudicou.
Como o Aloizio é doutor em economia, tem toda a credencial, não tinha mandato, não fazia parte do
diretório do PT, não participava de eleições há muito tempo, ele tinha toda uma narrativa para o conselho
do banco apreciar. Foi um tiro no pé dele.

Quais alterações mais o preocupam?

Tem outra coisa mais séria ainda que é a liberação dos recursos de propaganda das estatais. Essa liberação
é porta aberta para todo tipo de coisas não republicanas.

A medida atendeu a interesses de quem?

Evidentemente que todos os partidos, principalmente os mais fisiológicos, adoram isso. Sempre quiseram
mudar a lei das estatais, foi preciso uma ocasião muito especial para a gente aprovar (em 2016), foi logo
em cima da Lava Jato, a gente tinha todo um clima em que esses partidos se retraíram.

O projeto foi aprovado logo depois de Lula confirmar Mercadante e, no mesmo dia, o presidente
eleito se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Vê possibilidade de o governo eleito ter
articulado isso?

Não posso dizer. Claro que teve muita articulação para ser feito de maneira tão rápida e de surpresa, tudo
foi não republicano.

Há chance de o Senado barrar a mudança?

Se for seguir pela Câmara, só o PSDB e o Novo votaram contra. Você vê que há uma articulação bem
feita e um interesse maior nisso aí. Por isso que não acredito que foi para o Aloizio, porque eu acho que
ele foi até prejudicado.

Como vê a aliança de Lula com o Centrão?

Isso é uma aliança que está sendo montada e que tem se repetido no Brasil. Quanto mais tiver orçamento
secreto, mais vai se repetir.

E o senhor considera isso ruim?

Ruim não, é péssimo.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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5 questões para entender a Lei das Estatais e por


que é tão polêmica
Projeto de mudança na lei anticorrupção ainda deve passar pelo
Senado e por sanção presidencial. No bojo da alteração estariam
benefícios para congressistas e para o novo governo petista

Projeto foi chamado de "emenda Mercadante" por supostamente beneficiar o político; assessoria nega
(Crédito: Agência Brasil)

Marcelo Almeida

15/12/22 - 10h06 - Atualizado em 15/12/22 - 10h08

A aprovação pela Câmara de projeto que altera a Lei das Estatais para facilitar a nomeação de políticos
para a direção de empresas controladas pelo governo levou a uma reação negativa por parte do mercado e
de entidades de governança.

Embora o projeto ainda precise ser aprovado pelo Senado e pelo presidente para entrar em vigor, ele já
promoveu uma série de críticas e mesmo de reações no mercado, que teme ingerências que provoquem
queda de produtividade em empresas públicas ou de economia mista.

Para entender melhor por que a mudança na Lei das Estatais está gerando tanta polêmica, confira cinco
pontos principais.

O que é a Lei das Estatais?

A Lei das Estatais foi criada em 2016, durante o governo Temer, e é considerada um marco regulatório
para a atuação das estatais. Ela instituiu regras mais específicas sobre compras, licitações e nomeação de
diretores, presidentes e membros do conselho de administração de empresas públicas e de economia mista.
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Um de seus principais pontos veda a indicação de quem tenha atuado em campanhas eleitorais nos últimos
36 meses, além de dispor sobre vários requisitos para a escolha de líderes de instituições públicas, como
prever que sejam cidadãos de reputação ilibada e tenham notório conhecimento, tenham tempo mínimo de
experiência profissional, formação acadêmica compatível e não serem inelegíveis.

Em que contexto foi criada?

Por conta de diversos processos de corrupção e loteamento política em empresas públicas, a lei tornou
mais difícil a nomeação de políticos para cargos de liderança nessas companhias.

A aprovação da Lei das Estatais se deu na esteira dos escândalos do governo Dilma, que afetaram
profundamente as finanças da Petrobras e Eletrobras.

A lei foi proposta por uma comissão do Senado para dispor “sobre o estatuto jurídico da empresa pública,
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios”.

Por que o congresso quer mudar?

A mudança tende a beneficiar o chamado Centrão, já que é uma antiga demanda feita por políticos que
buscam nomeações e aumento de prestígio por meio de empresas públicas, e também o próprio PT, já que
Lula anunciou que Aloizio Mercadante deve ficar à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) em sua gestão. Congressistas e integrantes do mercado entendem que a Lei
em vigor não permite a Mercadante a chefia do BNDES por ter participado da campanha de Lula.

Caso entre em vigor, o projeto aprovado na Câmara reduz o prazo entre atividade política e a tomada de
posse em um alto cargo em empresa controlada pelo governo de 36 meses para 30 dias.

Por que o PT apoia a mudança?

Com a mudança, o governo petista tem mais liberdade para fazer nomeações em empresas controladas
pelo governo e lotear cargos em troca de apoio no Congresso.

Como a mudança beneficia Mercadante?

A mudança foi citada como uma forma de possibilitar que Aloizio Mercadante assuma a liderança do
BNDES. A assessoria do político negou que o caso dele se enquadraria na atual Lei das Estatais,
afirmando que ele não exerceu “qualquer atividade de organização, estruturação ou realização da
campanha”.

Deputados e ex-ministros falam em ‘táticas de


guerrilhas’ e culpam infiltrados por atos em
Brasília
Ao menos oito carros e cinco ônibus foram incendiados nesta segunda-feira, 12, na
capital do país
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 Por Jovem Pan 13/12/2022 12h34

RENATO GUARIBA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ao menos oito carros e cinco ônibus


foram incendiados nesta segunda-feira, 12, em Brasília

Um dia depois da sede da Polícia Federal (PF) em Brasília ser alvo de ataques de manifestantes, que
também incendiaram ao menos oito carros e cinco ônibus e depredaram janelas de um hotel da região,
deputados, senadores e autoridades aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram as redes sociais
para rebater as acusações de que os atos de vandalismo teriam sido cometidos por bolsonaristas. Nesta
terça-feira, 13, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que os ataques foram feitos por
black blocs que “que não existiram durante todo o governo Bolsonaro”. “Eles tem cara de Black Blocs,
jeito de Black Blocs, fúria de Black Blocs, cheiro de Black Blocs e violência dos Black Blocs”, escreveu o
ministro em sua conta no Twitter. Assim como ele, o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, falou em
“táticas de guerrilhas” já antes vistas e questionou: “A quem interessa esse tumulto?”. “Fogo em lixeiras e
veículos. Já vimos esse filme antes. Não fazem parte dos movimentos conservadores”, afirmou, também
compartilhando um vídeo em que os supostos infiltrados pedem a saída do presidente da República.

Ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), o vereador de São Paulo, Fernando Holiday, também
questionou a autoria dos ataques ao afirmar que membros da direita – aliados a Jair Bolsonaro – se
manifestam desde 2015, mas de forma “absolutamente pacífica”. “Ontem, logo ontem, surgem
manifestantes com táticas black blocs? É evidente que tem infiltração. É evidente que tem método”,
afirmou Holiday nas redes sociais. O ex-ministro das Comunicações, Fábio Wajngarten, falou em fatos
lamentáveis em Brasília, pediu uma investigação imediata, mas reconheceu que há muitos ruídos e versões
diferentes. “Infiltrados serão imediatamente desmascarados”, escreveu. Em nota encaminhada ao site da
Jovem Pan, o deputado federal Bibo Nunes (PL/RS) também defendeu a existência de infiltrados nos
movimentos bolsonaristas na capital do Brasil. De acordo com ele, a “guerrilha” ocorrida em Brasília foi
provocada pela esquerda radical. “Manifestações de quem veste verde e amarelo não são frequentadas por
vândalos, mas, sim, por quem acredita na democracia e respeita a Constituição. Bolsonaristas não têm esse
perfil de apoiar a desordem, a violência. […] Nossa força é o patriotismo. A maneira que nos
manifestamos é vestindo verde e amarelo, levando a bandeira do país a tiracolo e expondo nossa opinião
política na companhia das nossas famílias”, exaltou no comunicado, falando em acusações sem
fundamentos.

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Tebet rejeita ministério ‘decorativo’ de Lula


Um mês e meio depois da vitória, Lula e Simone ainda não
conversaram e a ausência da senadora na primeira leva de
ministros anunciados, na semana passada, chamou a atenção

Simone Tebet: pressionada por integrantes do PT a abrir mão da preferência pelo Ministério do
Desenvolvimento Social, que abriga o Bolsa Família, bandeira do governo Lula (Crédito: José Cruz/
Agência Brasil)

Estadão Conteúdo

15/12/22 - 07h40 - Atualizado em 15/12/22 - 08h49

O empenho da senadora Simone Tebet (MDB) no segundo turno da campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva fez o presidente eleito e dirigentes do PT dizerem que ela teria o espaço que quisesse no futuro
governo. Um mês e meio depois da vitória, Lula e Simone ainda não conversaram e a ausência da
senadora na primeira leva de ministros anunciados, na semana passada, chamou a atenção.

Simone é pressionada por integrantes do PT a abrir mão da preferência pelo Ministério do


Desenvolvimento Social, que abriga o Bolsa Família, bandeira do governo Lula. Ela tem indicado, porém,
que não aceitará um “cargo decorativo”.

O PT quer ocupar 12 ministérios em uma Esplanada que pode ter 35 pastas. Entre eles estão Educação e
Desenvolvimento Social. Durante a campanha, Simone afirmou que não condicionou seu apoio a Lula a
um cargo. Agora, ela tem sinalizado à cúpula petista que prefere ficar fora do governo a ocupar um
ministério de menor relevância como “prêmio de consolação”.

Diálogo

A interlocutores de Lula, Simone disse que só faz sentido integrar um governo com o qual não tem
completa afinidade política se for em uma posição onde tenha voz. A situação terá de ser arbitrada pelo
presidente eleito, que decidirá se desagrada ao PT ou se perde Simone no seu futuro governo.

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A perspectiva de não ter a senadora na Esplanada preocupa parte dos petistas, para quem a ausência será
lida como uma desconstrução do arco de aliança que apoiou Lula. Por isso, o nome dela é avaliado para
outras posições.

A aproximação com Simone começou logo após o primeiro turno, quando os dois se reuniram e ela
anunciou apoio ao petista. A participação na campanha não ficou limitada à declaração de voto. Simone se
engajou na campanha e foi um trunfo importante.

A presença da senadora nos atos de campanha foi usada para simbolizar que Lula tinha conquistado uma
frente ampla de apoio. Ela também se tornou uma rara voz crítica na campanha e ativista no
convencimento de indecisos, em eventos com empresários, CEOs, banqueiros e também de eleitores de
classe média do Sudeste.

Após a eleição, Simone foi convidada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para integrar o
governo de transição, quando optou pela participação no grupo técnico de Desenvolvimento Social.

A escolha levou em conta o fato de a área da Educação, preferência da senadora, já possuir uma profusão
de “ministeriáveis”.

A definição sobre a Educação, no entanto, também esbarra na exigência do PT por determinadas áreas do
novo governo. Mais cotada para a pasta e com apoio dos nomes do setor, a governadora do Ceará, Izolda
Cela, era a favorita. O PT, no entanto, resiste e o Ministério pode ficar com o ex-governador Camilo
Santana (PT-CE), senador eleito.

Funil

A demora em definir a posição de Simone estreita as alternativas. Aliados indicam que ela aceitaria ocupar
uma cadeira do time econômico, como o Ministério da Indústria e Comércio, mas não houve sinalização
do novo governo sobre essa possibilidade. Nesta quarta, 14, Lula convidou Josué Gomes, presidente da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para o cargo.

Petistas já sondaram a possibilidade de encaixar Simone em outros ministérios de expressão, como o da


Agricultura ou Meio Ambiente. No caso da Agricultura, apesar da ligação com a área e de ter o berço
político no Mato Grosso do Sul, pesa contra a senadora o fato de ela defender uma agenda de agronegócio
sustentável que, em determinadas discussões, desagrada à maior parte dos representantes do setor.

A pasta do Meio Ambiente, por outro lado, é considerada reservada para a deputada federal eleita Marina
Silva (Rede-SP), com quem Simone tem bom relacionamento. A senadora disse a integrantes do novo
governo que não aceita “atropelar” Marina.

A indicação de Simone esbarra nas negociações partidárias. O MDB, partido de Simone, quer que ela seja
considerada “cota pessoal” de Lula e pleiteia outras duas pastas, para contemplar a bancada da Câmara e
do Senado. Aliados de Lula afirmam que o presidente eleito só começará a falar com ministeriáveis da
“cota” dos partidos após a aprovação da PEC da Transição pela Câmara dos Deputados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Representantes de direita condenam violência e


atribuem atos a infiltrados de esquerda
Por Gazeta do Povo- 13/12/2022 11:08

Manifestantes queimam carros com a bandeira do Brasil e tentam invadir sede da PF em Brasília após
prisão de indígena

Manifestantes queimam carros com a bandeira do Brasil e tentam invadir sede da PF em Brasília após
prisão de indígena| Foto: Reprodução vídeos

Os atos de vandalismo e violência que ocorreram nesta madrugada em Brasília foram criticados por
deputados federais ligados ao presidente Jair Bolsonaro e representantes da direita. Pela internet,
apoiadores do presidente Bolsonaro veiculam imagens e vídeos com manifestantes gritando "Fora
Bolsonaro" e possíveis infiltrados escondendo o rosto com camisetas pretas.

De acordo com o deputado federal Carlos Jordy (PL/RJ), as atitudes de pessoas que agiram ontem com
violência são diferentes do comportamento registrado há 40 dias nos protestos em frente aos quartéis,
onde "a direita sempre se manifestou pacificamente, sem vandalismo". "A tática terrorista pertence a
blackblocs, MST, MTST e outros movimentos satélites dos comunistas. Infiltrados devem ser investigados
e punidos, esses sim cometem atos antidemocráticos", escreveu o parlamentar.

O jurista Fabrício Rebelo, pesquisador em segurança pública, também estranhou a realização dos atos de
vandalismo no dia da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva. Nas redes sociais, ele lembrou que as
manifestações vinham ocorrendo de forma "absolutamente pacífica" em frente aos quartéis. "Justo no dia
da diplomação, quando alguns petistas aportaram em Brasília, eles, do nada, resolveram radicalizar e
saíram incendiando veículos. Deve ser pura coincidência, claro...", escreveu no Twitter.

"Curiosas as imagens em que os arruaceiros com táticas de 'black blocs' gritam 'fora Bolsonaro' antes de
incendiar veículos em Brasília (inclusive com bandeiras)", complemento Rebelo.

Para o presidente da Associação Brasileira de Juristas Conservadores (Abrajuc), João Daniel Silva, os atos
que ocorreram nesta segunda (12), em Brasília, são atos criminosos. "A liberdade de manifestação não
abarca depredações ao patrimônio público e vilipêndio ao bem privado. Isso é o modus operandi da
esquerda. Estou certo de que esse distúrbio foi provocado por sabotadores infiltrados em meios aos
manifestantes de direita", disse.

O deputado eleito por Goiás, Gustavo Gayer (PL), ressaltou a pacificação das manifestações que ocorrem
há mais de 40 dias. "Eu nunca vi um manifestante de camiseta preta. Daí hoje me aparece uns dez de uma
vez quebrando e ateando fogo em carros. No mínimo muito estranho", disse.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/representantes-direita-condenam-


violencia-atribuem-atos-infiltrados-esquerda/

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Infrações de trânsito: multas podem chegar a


quase R$ 18 mil
A depender do erro cometido, a punição pode impactar significativamente no bolso do condutor. Saiba
mais. 

Por Lucas Machado 16/12/2022

As chamadas Leis de Trânsito são implementadas no objetivo de garantir uma boa circulação de veículos
em ruas e estradas, além de promover a proteção de todos os envolvidos no referido cenário, abarcando
condutores e pedestres. Caso as normas sejam cumpridas, consequentemente o infrator será punido, como
é de se esperar. 

No âmbito das punições que podem ser aplicadas ao condutor, temos o Código de Trânsito Brasileiro
(CTB) que, dentre outros pontos, prevê uma série de penalidades cabíveis mediante a uma infração de
trânsito. Dentre os aparatos punitivos mais conhecidos, estão as multas e os famosos pontos na carteira. 

Nesta linha, o valor da multa bem como o número de pontos que serão acumulados na carteira variam
bastante. Podemos adiantar que, caso o infrator não consiga ou não opte pelo recurso, no mínimo, ele
precisará desembolsar R$ 88,38, além de somar 3 pontos na carteira. 

Contudo, a punição fica mais severa de maneira proporcional à falta cometida, até porque infrações de
trânsito são classificadas em 4 níveis, sendo Leve, Média, Grave e Gravíssima. Isto sem falar no fator
multiplicador que, como o nome já sugere, multiplica o valor da multa. 

Diante desse detalhes, separamos aqui um guia com informações essenciais sobre os tema, esclarecendo a
aplicação de pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e a quantia que deverá ser desembolsada
em casos de multas. 

 Leia também: Nova CNH: por quanto tempo posso usar o documento antigo?

Classificação das infrações de trânsito


Como anteriormente dito, as infrações de trânsito são divididas em quatro níveis de gravidade, logo,
quanto mais grave for a falta cometida pelo condutor, mais severa será a punição como demonstra a tabela
abaixo: 

Gravidade da infração Pontos somados na CNH Valor da multa


Leve 3 pontos  R$ 88,38
Média 4 pontos R$ 130,16
Grave 5 pontos R$ 195,23
Gravíssima  7 pontos R$ 293,27

 Leia também: 15 multas de trânsito que podem SUSPENDER sua CNH

Fator multiplicador
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O chamado fator multiplicador está atrelado às infrações tidas como gravíssimas. Em resumo, ele pode
deixar a multa de trânsito significativamente maior que o seu correspondente valor (R$ 293,27). A quantia
original desembolsada pelo infrator pode ser multiplicada por 2,3, 5, 10, 20 e até 60 vezes. 

Sendo assim, o valor indiscutivelmente ficará bem alto, e por vezes, exorbitante. Confira: 

Fator multiplicador  Valor da multa 


x2 R$ 586,94
x3 R$ 880,41
x5 R$ 1.467,35
x 10 R$ 2.934,70
x 20 R$ 5.869,40
x 60 R$ 17.608,20

 Leia também: Fim das autoescolas para tirar CNH pode virar realidade em 2023

Infrações que geram as multas mais caras do país 


Veja abaixo, alguns exemplos de infrações em que incide o fator multiplicador gerando multas que
representam um verdadeiro prejuízo financeiro: 

Valor da
Infração de trânsito
multa
Conduzir veículo sem estar devidamente habilitado para dirigir na categoria do mesmo
R$ 586,94
(A, B, C, D e E)
Conduzir veículo estando com a CNH cassada ou suspensa R$ 880,41
Dirigir veículo sem estar devidamente habilitado (sem CNH) R$ 880,41
Conduzir o veículo em calçadas, ciclovias e demais locais proibidos R$ 880,41
Dirigir o veículo acima de 50% da velocidade permitida R$ 880,41
Ultrapassar veículos pelo acostamento  R$ 1.467,35
Ultrapassar veículos pela contramão na faixa de pedestres R$ 1.467,35
Se recusar a remover o veículo do local do acidente  R$ 1.467,35
Estar envolvido em acidente e não prestar informações ao B.O R$ 1.467,35
Estar envolvido em acidente e não prestar o devido socorro R$ 1.467,35
Fazer manobras perigosas com o veículo R$ 2.934,70
Promover “rachas” (corrida ilícita) R$ 2.934,70
Disputar corridas de forma ilícita  R$ 2.934,70
Forçar passagem entre veículos  R$ 2.934,70
Dirigir alcoolizado ou sob efeito de outras substâncias psicoativas  R$ 2.934,70
Usar o veículo para bloquear a via e Paralisar o trânsito (sem autorização) R$ 5.869,40
Organizar o bloqueio da circulação da via (sem autorização) R$ 17.608,20

Lucas Machado
Estudante de psicologia, sempre foi apaixonado pela escrita e encontrou no Jornal Contábil a oportunidade
de escrever sobre temas que sempre teve interesse.

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Tribunal espanhol absolve Neymar de acusações


de fraude e corrupção por transferência ao
Barcelona

Neymar comemora após marcar gol na partida entre Brasil e Croácia pelas quartas de final da Copa do
Mundo do Catar (Crédito: 09/12/2022 REUTERS / Lee Smith)

Reuters

13/12/22 - 08h00 - Atualizado em 13/12/22 - 15h42

MADRI (Reuters) – Um tribunal espanhol absolveu nesta terça-feira o atacante Neymar e outros réus em
um caso de fraude e corrupção sobre sua transferência do Santos para o Barcelona em 2013, depois que os
promotores retiraram todas as acusações no julgamento, informou comunicado do tribunal.

A ação foi movida pela empresa de investimentos brasileira DIS, dona de 40% dos direitos de Neymar
quando ele estava no Santos. Ele agora joga pelo Paris Saint-Germain.

A DIS argumentou que não recebeu sua cota devida da transferência porque seu valor real foi subestimado
e pediu uma pena de prisão de cinco anos para Neymar e multa total de 149 milhões de euros para os réus.

Em outubro, o promotor Luis García Cantón pediu ao tribunal de Barcelona que absolvesse todos os réus,
pois “não havia o menor indício de crime”.

(Reportagem de Inti Landauro)

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Fraude

Criptomoedas: "Uma das maiores fraudes


financeiras da história americana", diz
procurador sobre FTX
Bankman-Fried, cofundador da empresa é acusado de
apropriação indevida de bilhões de dólares em fundos de clientes
para uso pessoal
Por Agência O Globo13/12/22 às 21H09 atualizado em 13/12/22 às 21H22

Uma das maiores fraudes financeiras da história americana. Assim classificou o procurador-geral de
Manhattan, Damian Williams, o caso envolvendo o cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried, que foi
preso nas Bahamas na segunda-feira (12). O ex-CEO foi indiciado por oito acusações criminais, incluindo
conspiração e fraude eletrônica, por supostamente desviar bilhões de dólares de fundos de clientes da FTX
para sua empresa de negociação de criptomoedas Alameda Research.

Segundo Williams, o caso envolvendo Bankman-Fried mostra que “você pode cometer fraudes usando
shorts e camisetas sob o sol”. Em coletiva nesta terça-feira sobre as acusações contra Bankman-Fried, o
procurador disse que a investigação do suposto esquema está bem encaminhada.

Williams não abordou, porém, como as autoridades americanas planejam trazer Bankman-Fried de volta
de sua localidade tropical para enfrentar a acusação de oito acusações aberta contra ele na terça-feira no
tribunal federal de Nova York.

O que diz o ex-CEO da FTX


Em sua primeira aparição desde sua prisão na noite de segunda-feira, Bankman-Fried disse a um juiz das
Bahamas em uma acusação na terça-feira que não abriria mão de seu direito a uma audiência de
extradição. Um advogado de defesa disse que Bankman-Fried planejava lutar contra o envio para os EUA.

Bankman-Fried negou ter cometido fraude conscientemente em várias entrevistas. Mark Cohen, advogado
de Nova York do fundador da FTX, disse em um comunicado na terça-feira que seu cliente está
“analisando as acusações com sua equipe jurídica e considerando todas as suas opções legais”.

Embora seu escritório tenha dito que buscará a extradição de Bankman-Fried, o procurador-geral se
recusou a comentar sobre esses esforços.

Processo de extradição pode durar anos


Se Bankman-Fried lutar contra a extradição, pode haver potencial para ele arrastar os processos. Muitas
batalhas de extradição de alto nível duram anos. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi acusado
pelas autoridades dos EUA em 2019 por publicar segredos vazados do governo, mas ainda está lutando
contra a extradição do Reino Unido, principalmente por motivos de saúde mental.

O tratado de extradição EUA-Bahamas tem um requisito semelhante de “dupla criminalidade”, e os


advogados podem analisar os estatutos de forma extremamente precisa para distinguir entre as definições
de crime de duas nações.
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Bruce Zagaris, um advogado de Washington, disse que uma das razões pelas quais as extradições das
Bahamas podem se arrastar é que o país envia apelações finais ao Conselho Privado em Londres. Réus
com dinheiro não hesitam em levar o caso até o fim. “Isso pode levar cinco, seis, sete anos entre todos os
níveis”, disse Zagaris.

Por outro lado, Bankman-Fried pode decidir retornar aos Estados Unidos, disse Michael Zweiback, um
advogado de defesa criminal com atuação em Los Angeles, com experiência em extradição. Segundo ele,
muitos americanos optam por voltar em vez de uma prisão estrangeira. Embora Bankman-Fried estivesse
morando em uma cobertura de luxo nas Bahamas, não há garantia de que ele seria libertado sob fiança
durante o processo de extradição, disse Zweiback.

“Ele pode dispensar a extradição e, claro, será algemado e colocado a bordo de um avião com escolta do
US Marshals Service e levado para La Guardia ou aeroporto JFK e levado direto para o tribunal de
SDNY” disse Zweiback, referindo-se ao tribunal federal de Manhattan. “Ele pode assinar a papelada de
extradição amanhã e estar lá dentro de uma semana.”

Novo ataque Russo contra Ucrânia deixa dois


mortos e cinco feridos
Ataque aéreo atingiu prédio residencial. O

Por Esther Vasconcelos 16/12/2022

Hoje, sexta-feira (16) a Rússia fez novos ataques contra várias cidades da Ucrânia, deixando um rastro de
destruição. O ataque provocou cortes de energia de emergência em todo o país e no fornecimento de água
em Kiev.

O governador da região atingida, Valentin Reznichenko informou que o ataque contra um edifício
residencial deixou dois mortos e cinco feridos. O bombardeio aconteceu na cidade natal do presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, Kryvyi Rih.

“A escada foi destruída. Duas pessoas morreram. Pelo menos cinco ficaram feridas, incluindo duas
crianças. Todos estão no hospital” escreveu governador regional Reznichenko no Facebook.

Danos na infraestrutura de energia 


Desde o início de outubro, a Rússia tem lançado mísseis sobre a infraestrutura de energia ucraniana quase
semanalmente. Desta vez os danos na infraestrutura de energia da cidade provocaram interrupções no
abastecimento de água em todos os distritos da capital.

“Outra série de bombardeios em massa contra as infraestruturas de energia. Teremos cortes de energia
elétrica de emergência”, afirmou o ministro da Energia, German Galushenko, no Facebook. 

Os ataques pioram cada vez mais a situação da população Ucrâniana, pois neste momento o país está em
meio a temperaturas congelantes, entre um e três graus abaixo de zero, sem abastecimento de energia se
torna praticamente impossível conseguir sobreviver.

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Os prefeitos de Kharkiv e de Poltava também anunciaram que as cidades estão sem energia elétrica após
os bombardeios. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que o ataque “segue em curso” e pediu
aos moradores da cidade que permaneçam em abrigos.

Oleksandre Mamai pediu à população para desligar “todos os aparelhos elétricos”. O serviço de metrô
também foi suspenso, pois as estações forma usadas de abrigo.

Também ocorreram 8 morte e 23 pessoas ficaram feridas após bombardeios ucranianos na região de
Luhansk, controlada por Moscou no leste da Ucrânia.

Nesta segunda-feira (12), Zelensky declarou que a Ucrânia precisa de aproximadamente “2 bilhões de
metros cúbicos” adicionais de gás para enfrentar o inverno, disse.

A declaração foi feita para os países do G7, após ataques Russos as infraestrutura energética do país nas
últimas semanas. “O terror contra nossas centrais elétricas nos levou a utilizar mais gás do que o previsto.
Por isso, precisamos de uma ajuda adicional neste inverno. Estamos falando de um volume adicional de
cerca de 2 bilhões de metros cúbicos de gás que devem ser comprados”, declarou.

Ataques no ano novo


Nesta quinta-feira 15/12, o presidente ucraniano Zelensky e seus principais comandantes, disseram ao The
Economist, que não existe a possibilidade de haver um cessar fogo, mesmo durante o Natal e o Ano Novo.

O general Valery Zaluzhny e comandante militar geral na Ucrânia, disse esperar uma nova ofensiva russa
no ano novo, e afirma que as forçar russas estão 100% preparadas.

Ele diz que os ataques podem acontecer nas melhor das hipóteses em fevereiro ou março, na pior das
hipóteses no final de janeiro, e que os ataques poderão vir de qualquer lugar.

De acordo com o general, Oleksiy Gromov afirmou só haverá um cessar fogo, quando não existir mais
nenhum único ocupante nas terras Ucranianas.

Esther Vasconcelos
Estudante de nutrição e apaixonada por meios de comunicação, trabalhando atualmente como redatora no
Jornal Contábil.

As mulheres ordenadas padres da Igreja Católica


que enfrentam o Vaticano e ameaça de
excomunhão
A Igreja Católica não permite que mulheres sejam padres. Na verdade, o Vaticano
considera a ordenação de mulheres um crime sério, passível de excomunhão pelo
direito canônico.

Por BBC - 15/12/2022 09h22 Atualizado há uma hora


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Tropeano é uma entre mais de 200 mulheres em todo o mundo que fazem parte do movimento pelas
mulheres padres da Igreja Católica — Foto: ANNE TROPEANO/via BBC

Anne Tropeano está passando suas roupas, preparando-se para o dia atribulado que tem à sua frente.

Ela pega sua alva e sua casula delicadamente bordada - vestimentas usadas pelos padres católicos em todo
o mundo. Em um calendário preso na parede, lê-se a anotação em caneta vermelha: amanhã é o "dia da
ordenação".

Mas ela também está ao telefone contratando um segurança para o serviço em uma igreja de Albuquerque,
no Novo México (Estados Unidos), onde ela mora. Tropeano imagina que pode haver hostilidade.

"É uma questão tensa. Nem todos estão abertos nem mesmo a considerar a possibilidade de que as
mulheres sejam convocadas ao sacerdócio", afirma ela.

Tropeano não está apenas preocupada com o assédio pessoal. Ela conta que, desde que tornou pública sua
esperança de tornar-se padre da Igreja Católica, vem sofrendo "impressionante" assédio online.

Tropeano é uma entre mais de 200 mulheres em todo o mundo que fazem parte do movimento pelas
mulheres padres da Igreja Católica, um grupo que participa de serviços de ordenação não autorizados para
tornar-se padres, em ato que desafia a Igreja Católica Romana.

A Igreja Católica não permite que mulheres sejam padres. Na verdade, o Vaticano considera a ordenação
de mulheres um crime sério, passível de excomunhão pelo direito canônico. Isso significa que as mulheres
que participarem de uma "ordenação" ficam impedidas de receber os sacramentos, incluindo a comunhão,
ou de ter funeral realizado na igreja.

"A excomunhão foi a razão que me impediu de cogitar ser padre por muito tempo", afirma ela. "Eu ia à
missa todos os dias. Eu trabalhava na paróquia, toda a minha vida estava na igreja. Pensar em desistir
daquilo - eu não conseguia nem imaginar."

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Anne Tropeano foi ordenada em Albuquerque, New Mexico, nos EUA — Foto: ANNE TROPEANO/via
BBC

Tropeano é católica devota. Depois de anos em outros trabalhos, incluindo o de gerente de uma banda de
rock, ela sentiu o chamado para o sacerdócio. "Eu podia ouvir, 'você é meu padre, você é padre, eu quero
que você seja padre'."

A única opção em aberto para ela, como mulher, seria servir à igreja em outra função - como freira ou
colaboradora leiga da sua diocese. Ou ela poderia abandonar totalmente o catolicismo em favor de outra
denominação cristã que a recebesse como sacerdote.

Depois de anos de ponderação pessoal, ela percebeu que as limitações das regras do Vaticano não
permitiriam que ela atendesse o seu chamado. "Quando reconheci que este era o próximo passo, a
excomunhão era apenas parte da jornada", segundo ela.

Tropeano e outras mulheres como ela também consideram que sua decisão de serem "ordenadas" é uma
forma de ativismo contra o que elas consideram uma norma sexista da Igreja Católica.

Do Judaísmo Reformista até muitas denominações protestantes, outras religiões estão abertas à ordenação
das mulheres. Mas, para a Igreja Católica, a proibição do acesso das mulheres ao sacerdócio baseia-se,
entre outros argumentos, nos registros bíblicos de que Cristo escolheu 12 homens como seus apóstolos.
Desde então, a Igreja Católica decidiu imitar Cristo.

Mas, para Tropeano, essa regra tem consequências mais amplas.

"Pelos ensinamentos da Igreja, com suas ações de excluir as mulheres da ordenação, ela está ensinando
que as mulheres são inferiores. As mulheres aprendem isso, as crianças aprendem isso, os homens
aprendem isso... e eles vão para o mundo e vivem dessa forma", afirma ela.

Olga Lucía Álvarez Benjumea foi a primeira mulher padre da América Latina — Foto: BBC

Cerimônia em um cruzeiro
O movimento das mulheres padres ganhou visibilidade em 2002, quando um grupo de sete mulheres
participou de um serviço de ordenação não aceito pela Igreja Católica, a bordo de um navio no rio
Danúbio - em águas internacionais, para evitar conflito com qualquer região eclesiástica.

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Houve ainda relatos de "ordenações" secretas anteriores, como a de Ludmila Javorova, na antiga
Checoslováquia. Durante o regime comunista nos anos 1970, ela participou de um serviço conduzido por
um bispo da Igreja Católica.

Atualmente, o movimento de ordenação das mulheres concentra-se principalmente na Europa e nos


Estados Unidos, mas seus defensores já se expandiram para outras partes do mundo.

A colombiana Olga Lucía Álvarez Benjumea foi a primeira mulher padre da América Latina. A região é
um bastião da Igreja e reúne mais de 40% da população católica mundial, de 1,3 bilhão de pessoas.

Sua cerimônia, em 2010, foi realizada em segredo, mas ela afirma que contou com o apoio da hierarquia
católica local. "Houve um bispo... católico romano, cujo nome não dizemos para que ele não tenha
problemas com o Vaticano", ela conta.

"Fiquei com muito medo de que as pessoas de repente começassem a me insultar ou atirar coisas em mim
no altar, nesta sociedade muito conservadora onde vivo", afirma Álvarez. "Mas o apoio que recebi das
pessoas foi uma grande surpresa, que fortaleceu e reforçou minha missão."

Álvarez foi promovida a bispa da Associação de Mulheres Padres Católicas Romanas (ARCWP, na sigla
em inglês), que não é reconhecida pelo Vaticano.

Ela vem de uma família católica muito devota, mas teve o apoio da sua mãe, que já foi freira. O irmão de
Álvarez é padre e deu a ela um cálice de presente, que ela considera uma forma de apoio silencioso.

Álvarez insiste que não há nada nas Escrituras que exclua as mulheres do sacerdócio. "É uma lei humana,
uma lei da Igreja, e uma lei injusta não precisa ser respeitada", segundo ela.

Este sentimento é compartilhado pela Conferência pela Ordenação das Mulheres (WOC, na sigla em
inglês), um grupo que tenta convencer o Vaticano sobre o acesso das mulheres ao sacerdócio, por meio de
convocações ao diálogo e demonstrações.

A diretora-executiva da WOC, Kate McElwee, afirma que seu trabalho favorito é o que eles chamam de
"Ministério da Irritação". São apoiadoras que fazem de tudo, desde soltar fumaça rosa durante o Conclave
até deitar-se no caminho enquanto o papamóvel trafegava pela cidade. Elas já foram detidas pela Polícia
do Vaticano por suas ações.

"Nós caminhamos ao lado dessas mulheres na sua vocação e elas estão esperando que o Vaticano abra
suas portas e, de fato, enfrente seu pecado do sexismo", afirma McElwee. "Mas, enquanto isso, para outras
mulheres, seria impossível esperar. O chamado de Deus é tão alto e claro que elas não têm escolha senão
infringir uma lei injusta."

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A irmã Nathalie Becquart é a primeira mulher a ser nomeada Subsecretária do Sínodo dos Bispos. O cargo
dá a ela direito a voto no Vaticano. — Foto: FRANCESCO PISTILLI/via BBC

'Porta fechada'
A Igreja Católica considera essas ordenações não apenas ilícitas, mas também inválidas.

Depois que veio a público a história das Sete do Danúbio, o então cardeal Joseph Ratzinger (futuro papa
Bento 16) declarou que, como as mulheres não mostraram sinais de arrependimento "pela mais séria
ofensa que cometeram, elas incorreram em excomunhão".

O próprio papa Francisco determinou que as mulheres não devem ser padres. Em 2016, quando
questionado se havia alguma possibilidade de mudança, ele indicou um documento de 1994, do papa João
Paulo 2°, afirmando que a "porta está fechada" para a ordenação das mulheres. Francisco afirma que o
documento "permanece vigente".

A freira francesa Nathalie Becquart trabalha em um escritório na Cidade do Vaticano, com uma fotografia
sua com o papa Francisco atrás dela. Em fevereiro de 2021, ela foi a primeira mulher a ser indicada como
Subsecretária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo do papa.

A irmã Becquart explica de forma simples a posição atual sobre as mulheres padres: "para a Igreja
Católica, neste momento, do ponto de vista oficial, esta questão não está em aberto".

"Não é apenas questão de sentir o chamado para o sacerdócio, é sempre o reconhecimento de que a Igreja
irá chamar você para ser padre", segundo ela. "Por isso, sua decisão ou sentimento pessoal não é
suficiente."

A irmã Becquart é uma das poucas mulheres que ocupam cargos importantes no pontificado do papa
Francisco. Sua posição a torna a primeira mulher com direito a voto no Vaticano.

Ela acredita que existe uma evolução acontecendo, que permite que mais mulheres assumam cargos de
liderança. Mas esses cargos "não são relacionados à ordenação".

"Acho que precisamos ampliar nossa visão da Igreja. Existem muitas, muitas, muitas formas para que as
mulheres sirvam à Igreja", afirma a irmã Becquart. Mas ela também observa que as mudanças nunca são
fáceis e sempre enfrentam "medos e resistência".

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Anne Tropeano defende a 'expansão do símbolo do padre católico romano para incluir o corpo da mulher'
— Foto: ANNE TROPEANO/via BBC

O que diz a Igreja Católica?


 A doutrina católica, ou sua interpretação legal, indica o sacerdócio como sendo prerrogativa dos
homens, afirmando que "somente homens batizados recebem a ordenação sagrada de forma válida"
(Cânone 1024).
 Uma versão revisada do direito canônico de 2021 (Cânone 1379) criminalizou explicitamente o
fornecimento de ordenações sagradas às mulheres latae sententiae - expressão legal que significa
que a penalidade é incorrida automaticamente, sem necessidade de julgamento.
 O papa Francisco inicialmente pareceu aberto à possibilidade da ordenação de mulheres como
diáconas, que não podem celebrar missas, mas podem realizar funerais, batizar e testemunhar
casamentos.
 Em uma mudança sem precedentes, o papa Francisco pediu a católicos comuns suas opiniões sobre
o futuro da Igreja Católica, em um processo de consulta conhecido como Sínodo sobre a
Sinodalidade, que levou dois anos. E, em uma ação que chegou às manchetes, o Vaticano incluiu
contribuições da Conferência para a Ordenação das Mulheres no website do Sínodo.
 Um recente documento de trabalho indica que o papel das mulheres na Igreja Católica será
importante na agenda quando os bispos se reunirem em Roma no próximo mês de outubro, para
discutir os resultados da consulta.
 A irmã Nathalie Becquart declarou à BBC que, "ao longo do Sínodo sobre a Sinodalidade,
continuaremos a observar e o papa irá verificar qual será o próximo passo."

Uma forma diferente


No silêncio da catedral, Anne Tropeano aproxima-se da nave, de frente para sua bispa e exclama, cheia de
emoção: "aqui estou, estou pronta".

Ela esperou por esse dia por 14 anos. A cerimônia de "ordenação" segue liturgia similar à dos homens que
se tornam padres católicos - incluindo a deposição das mãos e a oração de consagração.

Durante a cerimônia, a bispa Bridget Mary Meehan ergue os braços de Tropeano e a apresenta à
congregação, que a aplaude. A "recém-ordenada" Anne afirma que se sente "abraçada".

Tropeano orgulha-se de ficar à frente de um ministério diferente, com mais participação e menos
hierarquia - e também aberto a grupos tradicionalmente questionados pela Igreja Católica.
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"A ninguém se recusa a comunhão", afirma ela. "Seja você divorciado ou não, nada disso importa. Todos
são bem-vindos, as pessoas LGBTQ são bem-vindas à mesa."

Olga Lucía Álvarez também considera que o sacerdócio feminino é uma oportunidade de redefinir a
relação entre os leigos católicos e seus representantes no altar.

Existe uma oportunidade no estado atual da Igreja Católica, segundo a bispa colombiana, considerando o
declínio do número de vocações e os escândalos de abuso sexual dos clérigos, que prejudicou seriamente a
confiança nos padres.

"Como eles podem afirmar que são os únicos representantes de Deus na Terra? Eles não têm vergonha",
afirma ela sobre a série de alegações de abusos em todo o mundo.

O papa Francisco pediu desculpas às vítimas de abusos sexuais cometidos pelos clérigos e condenou a
"cumplicidade" da Igreja Católica ao ocultar os "graves crimes" cometidos.

The Women's Ordination Conference lobbies to change Vatican rules — Foto: WOMEN'S
ORDINATION CONFERENCE/via BBC

Álvarez considera que o ministério feminino é uma resposta. Com 80 anos de idade, ela se dedica a
orientar mulheres mais jovens que esperam a ordenação.

"É urgente mostrar outra face do sacerdócio", afirma ela. "Não podemos deixar a história se repetir."

O movimento pela ordenação das mulheres pede um debate aberto sobre a proibição. Elas confiam em ter
o apoio dos leigos católicos.

No Brasil, que tem a maior população católica da América Latina, quase oito em cada dez católicos
apoiam as mulheres padres, segundo uma pesquisa do centro norte-americano Pew Research Center,
realizada em 2014. E, segundo a mesma pesquisa, esse índice é de seis em cada dez nos Estados Unidos.

Mas o movimento de ordenação das mulheres ainda não decolou na África, que é a região onde a
população católica mais cresce no planeta.

Quando o assunto é a possibilidade de mudança, Tropeano apela para que o próprio papa inicie o diálogo.
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"Você precisa ter uma audiência com mulheres que sentem o chamado para o sacerdócio", afirma ela.
"Tenham elas sido 'ordenadas' como parte do movimento ou não, você precisa ouvir a nossa experiência e
considerá-la nas suas orações."

A luta pela ordenação das mulheres para o sacerdócio ainda parece ser longa, mas Tropeano acredita que
ela é vital para o futuro da Igreja Católica.

"A Igreja não será capaz de concluir sua missão, a menos que haja participação igualitária", segundo ela.
"No momento, nada é mais importante."

Esta reportagem faz parte do especial BBC 100 Women, que todos os anos destaca 100 mulheres
inspiradoras e influentes ao redor do mundo.

 Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63976853

Mickey Mouse cairá em domínio público em


2024?
Questão deve ser analisada de acordo com a legislação do país em
que se pretende utilizar o personagem
05 Dezembro 2022

 Autores

 Elton Minasse Sócio / São Paulo


 Camilla Franco Souza Dias Advogada / São Paulo
 Yuri C. R. Schramm Advogado / São Paulo

A primeira versão do personagem mais clássico da Disney, Mickey Mouse, trazida a público em 1º de
outubro de 1928 no curta Steamboat Willie, deverá entrar em domínio público nos Estados Unidos em
2024. O que esse evento significa na prática? Para responder à questão, precisamos analisar alguns pontos,
começando pela história da proteção dos direitos de propriedade intelectual nos Estados Unidos e desse
personagem.

Em 1790, ano da promulgação da primeira legislação norte-americana sobre direitos autorais, o prazo de
proteção era de 14 anos contados da elaboração da obra.[1] Diversas alterações legislativas posteriores
estenderam o prazo de proteção, especialmente a partir da década de 1960, conforme o gráfico a seguir:

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A última alteração na legislação norte-americana sobre direitos autorais ocorreu em 1998, com a Sonny
Bono Copyright Term Extension Act, conhecida por muitos como Mickey Mouse Protection Act, dado o
forte apoio da Disney ao projeto.

A lei ampliou o prazo de proteção de uma obra criada em ou após 1º de janeiro de 1978. Como regra
geral, o fim da proteção passou para 70 anos após a morte do autor. No caso de obras anônimas,
pseudônimas ou feitas sob encomenda, o prazo de proteção foi estendido para 95 anos a partir do ano da
primeira publicação ou 120 anos a partir do ano de criação, o que expirar primeiro.

A primeira versão do personagem Mickey Mouse foi criada em coautoria por Walt Disney, falecido em
1966, e Ub Iwerks, morto em 1971. A publicação ocorreu em 1928 e teve seu registro renovado. Dessa
forma, a proteção de direitos de autor termina ao fim de 95 anos, ou seja, em 2023. Assim, a partir de 1º
de janeiro de 2024, qualquer pessoa, em princípio, poderá utilizar essa versão do personagem, sem violar
os direitos autorais da Disney.

No entanto, conforme apontam especialistas na legislação em questão, a utilização pelo público da


primeira versão do personagem não é irrestrita. A Disney mantém a proteção de tal versão do personagem,
bem como de versões mais recentes, como marca registrada. Essa proteção pode ser apresentada para
impedir ou limitar certos usos do personagem, como a venda de mercadorias em que ele seja representado.
Nesse caso, se poderia sugerir que a mercadoria é um produto produzido ou licenciado pela Disney.

Outros personagens da Disney já passaram para o domínio público nos Estados Unidos no início deste
ano, como é o caso do Winnie-The-Pooh (Ursinho Puff), Leitão e Bambi. A perda da exclusividade da
Disney em relação a esses personagens já resultou em produção cinematográfica feita por terceiro, ainda
não publicada.

Considerando ser possível a comparação do personagem principal com o Ursinho Puff, observa-se no
trailer da produção que o contexto no qual ele está inserido, assim como seu semblante em alguns
momentos, distancia a obra das tradicionais produções cinematográficas da Disney, pois está associado ao

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gênero terror. Essa foi uma das estratégias para utilizar o personagem em domínio público sem violar a
marca registrada da Disney.

Mas como funciona a legislação brasileira? Esses e outros personagens em domínio público (nos Estados
Unidos ou em outros países) também estão em domínio público aqui?

No Brasil, os direitos autorais são regulados pela Lei Federal 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais). O art.
41 dessa lei determina que, em geral, os direitos patrimoniais do autor perduram por 70 anos, contados de
1º de janeiro do ano subsequente ao do falecimento do autor. Após esse prazo, a obra cai em domínio
público e é devolvida à coletividade para que todos possam utilizá-la livremente, de modo gratuito,
respeitados apenas a sua integridade e o crédito do autor.

Para que os personagens da Disney em domínio público (assim como quaisquer obras anteriormente
protegidas por direitos de autor na mesma situação) sejam utilizados livre e gratuitamente no Brasil,
alguns pontos devem ser considerados.

Primeiramente, o prazo mínimo de proteção para que uma obra estrangeira seja considerada de domínio
público é de 50 anos contados a partir de 1º janeiro do ano subsequente ao do falecimento do autor da
obra, conforme estabelecido no artigo 7º da Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e
Artísticas, de que o Brasil é signatário e datada de 9 de setembro de 1886. Esse prazo aplica-se ainda que
o país de origem do autor ou da obra estabeleça prazo menor de proteção.

Em segundo lugar, os artigos 7º e 8º da Convenção de Berna estabelecem que a duração da proteção será
regulada pela lei do país em que a proteção for reclamada, não podendo exceder a duração fixada no país
de origem da obra, salvo disposição legal interna em contrário.

De acordo com o texto legal do artigo 2º da Lei de Direitos Autorais, o Brasil se compromete a conferir às
obras estrangeiras a mesma proteção legal atribuída às obras brasileiras, desde que haja reciprocidade, ou
seja, desde que as obras brasileiras sejam protegidas nos países estrangeiros nos termos de suas próprias
leis.

Isso significa que, no Brasil, obras brasileiras e estrangeiras são protegidas pelo mesmo prazo, qual seja,
70 anos contados de 1º de janeiro subsequente ao ano do falecimento do autor.[1]

No caso da primeira versão do personagem Mickey Mouse, portanto, o Brasil confere aos titulares dos
direitos autorais exclusividade na exploração econômica das obras por 70 anos contados de 1º de janeiro
do ano subsequente ao do falecimento do autor.

Como os Estados Unidos conferem o mesmo direito por 95 anos, contados da data da primeira publicação
da obra, isso significa que a primeira versão do personagem Mickey Mouse cairá em domínio público nos
Estados Unidos antes de cair no Brasil. Aqui, por se tratar de obra realizada em coautoria, ela obterá esse
status apenas em 2042 – pois, de acordo com o artigo 42 da Lei de Direitos Autorais, o prazo é contado da
morte do último dos coautores sobreviventes (no caso, Ub Iwerks, falecido em 1971).

Como visto, a entrada de direitos autorais em domínio público deve ser analisada de acordo com a
legislação de cada país. Por isso, cabe àqueles que pretendem fazer uso de ilustrações, obras literárias e
demais obras intelectuais, em caráter livre e gratuito, verificar se essas criações estão em domínio público,
de acordo com a legislação do país em que se pretende utilizá-las.

 [1] BRANCO, Sérgio. O Domínio Público no Direito Autoral Brasileiro, 2011, p. 153.
[1]
1790 Copyright Act
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